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ua1-História da Semiótica

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SEMIÓTICA
Cláudia Renata 
Pereira de Campos
André Corrêa da Silva 
de Araujo
Catalogação na publicação: Poliana Sanchez de Araujo – CRB 10/2094
C198s Campos, Cláudia Renata Pereira de.
 Semiótica / Cláudia Renata Pereira de Campos, André
 Corrêa da Silva de Araujo. – Porto Alegre : SAGAH, 2017. 
 134 p. : il. ; 22,5 cm.
 ISBN 978-85-9502-074-0
 1. Semiótica. I. Araujo, André Corrêa da Silva. II.
 Título. 
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História da semiótica
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
 n Reconhecer a origem terminológica da palavra semiótica.
 n Identifi car o processo epistemológico da semiótica.
 n Especifi car as correntes do século XX da semiótica.
Introdução
A semiótica é a ciência geral dos signos. As reflexões sobre o signo e 
a significação vêm desde a Antiguidade, mas você sabia que a sistema-
tização dessas reflexões enquanto ciência ocorreu somente no século 
XX? A denominação dessa ciência está ligada à origem grega.
Neste texto, você vai conhecer a história terminológica e epistemoló-
gica da semiótica. A história terminológica apresenta a origem etimo-
lógica da palavra “semiótica” e de outras denominações que surgiram 
dessa mesma origem. Já a história epistemológica aborda o processo 
de reflexão sobre essa ciência, iniciando com Platão, a partir do diálogo 
platônico Crátilo, e indo até o século XX, com diferentes intelectuais.
História terminológica
A Semiótica teve várias denominações ao longo da história da fi losofi a, des-
dobrando-se em diferentes formas de abordagem. A etimologia da palavra 
Semiótica remete ao grego Semeîon – “signo”, e sêma – “sinal” ou “signo”. A 
base morfológica das diversas denominações propostas historicamente para 
defi nir a área de estudo do signo, no entanto, provém de Semio, a transliteração 
latinizada do grego Semeîon, acrescida dos radicais parentes sema(t) e saman 
(NÖTH, 1995).
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Diversas outras denominações antecessoras e rivais da Semiótica, como 
semântica, semasiologia, sematologia, semologia e semiologia, seguiram ca-
minhos distintos, com estudos mais específicos. A semântica e a semasiologia, 
por exemplo, tornaram-se áreas dos estudos da linguística. Já a sematologia e 
a semologia tiveram o uso restrito a alguns autores que abordaram o fenômeno 
na história da semiótica. 
A semiologia foi a principal rival terminológica da Semiótica. O termo 
havia surgido em meados do século XVII, com o filósofo alemão Johannes 
Schulteus, cuja obra Semeiologia Metaphysiké apresentava uma doutrina 
geral do signo e do significado. No entanto, somente no século XX o termo 
semiologia foi relacionado à tradição semiótica, a partir da teoria proposta 
por Ferdinand de Saussure, seguidas por Louis Hjelmslev e Roland Barthes. 
Devido a esses intelectuais, a semiologia passa a ser usada principalmente 
em países românicos, enquanto o termo semiótica foi preterido pelos autores 
alemães e anglófonos. 
Para distinguir a Semiótica da Semiologia, alguns semioticistas elaboraram 
conceitos que as diferenciam. A Semiótica é abordada como uma ciência mais 
ampla dos signos, incluindo os signos dos animais e da natureza; e a Semiologia 
se referiria apenas à teoria dos signos humanos, portanto culturais, com foco 
textual (NÖTH, 1995, p. 23). Uma distinção mais coerente foi proposta por 
Hjelmslev e seguida por Greimas. Os autores definiram a semiótica como 
um sistema de signos hierárquico relacionados à linguagem, como a língua, 
o código de trânsito, a arte, a música, ou a literatura (NÖTH, 1995). Já a 
semiologia é entendida como a teoria geral, ou seja, a metassemiótica desses 
sistemas (metalíngua).
O fim da disputa entre os dois termos no campo científico entre os dois 
termos ocorreu oficialmente pela Associação Internacional de Semiótica que, 
em 1969, definiu o uso da denominação Semiótica como termo geral para 
o campo de investigação nas tradições da semiologia e da semiótica geral 
(NÖTH, 1995).
História epistemológica
A epistemologia, como área da Filosofi a, é responsável pelo estudo do conhe-
cimento e das formas de conhecer. Ao estabelecer uma processualidade nos 
estudos sobre o Signo, constrói não só uma história da Semiótica, pois aponta 
para um panorama das formas de conhecimento e das estratégias utilizadas 
para conhecer nos diferentes períodos. 
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A Filosofia, conhecida como Ciência Mãe, vai respaldar as proposições 
dos diferentes pensadores durante a antiguidade. Platão, Aristóteles e Santo 
Agostinho destacam-se neste período, pois o pensamento dos três filósofos 
vai construir as bases do que hoje denominamos Ocidente. 
O pensamento de Santo Agostinho vai promover uma aproximação entre 
Filosofia e Teologia, abrindo espaço para os escolásticos que marcarão o 
período Medieval e Renascentista. A presença de Deus – Teocentrismo – no 
conhecimento e na vida será a marca dos quase dez séculos de Idade Média. 
No final do período ocorrerá o ressurgimento do humanismo e a inserção de 
uma abordagem mais lógica.
Esse movimento nas formas de conhecer e viver possibilitará o surgimento 
das duas formas de conhecer que levarão ao surgimento e centralidade da 
ciência: o racionalismo e o empirismo. O desenvolvimento dessas epistemes 
e o apogeu iluminista possibilitarão a estruturação já no século XX da Se-
miótica como ciência, o que marca igualmente a ideia de uma especialização 
do conhecimento.
Semiótica avant la lettre
O processo de formação da ciência geral dos signos iniciou com alguns 
pensadores do período greco-romano, que desenvolveram uma Semiótica 
avant la lettre (à frente da letra) estudando os signos, a signifi cação e a 
comunicação.
Platão (427-347) investigou os signos a partir de vários aspectos, apontando 
que o signo apresentava elementos verbais e de significação. O modelo pla-
tônico do signo foi definido em três componentes: o nome (noma, nómos), a 
noção ou ideia (eîdos, lógos, dianóema) e a coisa (prágma, ousía). No diálogo 
Crátilo, Platão (2001) investigou a relação entre esses três componentes, a fim 
de apontar se a relação ocorria de forma natural, ou a partir das convenções 
sociais. 
O diálogo Crátilo, de Platão (2001), é o texto básico da filosofia helênica sobre a lingua-
gem. Nele, Crátilo, Sócrates e Hermógenes, discípulo de Sócrates, discutem questões 
linguísticas e filosóficas que tiveram grande influência na história do pensamento 
linguístico ocidental.
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Aristóteles (383-322) propôs uma nova abordagem na questão do signo. 
Em seus estudos, o filósofo elaborou uma teoria dos signos a partir da lógica 
e da retórica, definindo o signo a partir de um modelo igualmente triádico: o 
convencional (symbolon), as afecções da alma (phathémata) e o retrato das 
coisas (prágmata). Também restringiu o signo ao sentido verbal, utilizando 
a indução para o processo de significação desses signos.
No entanto, foram os filósofos estoicos (300 a.C. – 200 d.C.) que criaram 
a teoria da significação, utilizando o modelo triádico, mais elaborada da an-
tiguidade. Consideraram que o signo é composto por três componentes: “[...] 
semaínon, que é o significante, a entidade percebida como signo; semainómenon, 
ou lékton, que corresponde à significação, ou significado; tygchánon, o evento 
ou o objeto ao qual o signo se refere [...]” (NÖTH, 1995, p.29-30). Referem-se 
ao semaínon e ao tygchánon como entidades e não como nomes, ou palavras, 
porque as consideram materiais, enquanto identificam o lékton como imaterial. 
Os epicuristas (300 a.C.), em oposição aos estoicos, desenvolveram um 
modelo diádico do signo, em que tratam apenas do significante (semaínon) e 
o objeto referido (tygchánon), definindo o signo como um fato perceptivo que 
representa algo não perceptível. O modelo segue uma epistemologia materia-
lista. A maior contribuição dos epicuristas foi a zoossemiótica, estudos sobre a 
linguagem animal, a partir das suas formas primitivas de comunicação à base 
de sinais. Essa linha não pressupõe combinações lógicas, porque se utiliza de 
pistas para interpretação dos signos.
No século II, iniciaram os primeiros passos da semiótica médica, com os 
estudos dos sinais ou sintomas desenvolvidos por Galeano Pérgamo (139-199), a 
partir do diagnóstico e o prognóstico. No século XVIII, a medicina médica vai 
ser ampliada para três níveis de investigação, a anamnéstica (história médica 
do paciente), a diagnóstica (sintomas da doença) e a prognóstica (predições 
e projeções da doença).
O apogeu da semiótica antiga aconteceu na obra de Aurélio Agostinho de 
Hipona (354-430), conhecido como Santo Agostinho e considerado o fundador 
da Semiótica. Suas ideias sobre a semiótica foram abordadas nos tratados De 
Magistro (389), De Doctrina Christina (397) e Principia (c.a. 384). Não descon-
siderou a teoria epicurista, mas seguiu mais os princípios estoicos sobre a semió-
tica, afirmando a interferência mental no processo de semiose. Também propôs 
distinguir os signos naturais dos convencionais. Os signos naturais significam 
involuntariamente algo. Um exemplo é a fumaça que se mostra sinal de fogo. 
Os convencionais são criados pelos homens, como as palavras e a lei. Agostinho 
deu continuidade dos estudos dos signos semióticos verbais e não verbais. Seus 
estudos projetaram a abordagem escolástica que marcaria a Idade Média.
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Semiose é o processo entre o significante e o significado, de Saussure; e a operação 
recíproca entre a forma da expressão e a do conteúdo, de Hjelmslev (GREIMAS; COURTÉS, 
2016). É sinônimo de função de Semiótica.
Semiótica no campo da Escolástica
A Semiótica na Idade Média desenvolveu-se no campo da escolástica (teologia 
e fi losofi a) e do trivium das artes liberais (gramática, retórica e dialética – 
lógica). Na semiótica medieval, as pesquisas sobre as doutrinas do realismo 
e do nominalismo foram signifi cativas. A primeira premissa corresponde as 
suposições e a segunda aos modos de signifi cação. Tanto uma quanto a outra, 
estavam voltadas para existência de universais. Foi nesse período que surgiu a 
distinção entre denotação e conotação, além da teoria da representação, com 
estudos voltados para semiótica de signos, símbolos e imagens.
Na Idade Média e mesmo na Renascença, eram utilizados vários modelos 
de semiótica para a interpretação de signos humanos, animais e naturais. Na 
Idade Média, eram calcados nos sentidos exegéticos, enquanto na Renascença 
baseavam-se nas assinaturas das coisas. O sentido exegético baseia-se na 
hermenêutica bíblica que busca quatro níveis diferentes de explicação do 
mesmo texto, apresentados no nível literal ou histórico – tal como é; tropoló-
gico – refere-se à vida do homem; alegórico – propósito de Deus e da Igreja; 
e o anagógico – os mistérios celestes. 
A doutrina das assinaturas das coisas foi apresentada pelo médico suíço 
Paracelso (1493-1541), que apresentou um sistema de códigos para interpreta-
ção de todos os signos naturais. No sistema, Deus não está só como autor das 
mensagens. O homem, archaeus – o princípio interior do desenvolvimento – e 
astros também os produzem (NÖTH, 1995).
Muitos dos escolásticos, como Roger Bacon (1215-1294) e Jean Poinsot 
(1589-1644), voltaram-se para o estudo da teoria geral dos signos. Bacon 
escreveu o tratado De Signis, no qual trata especificamente dos signos, bus-
cando classificar todos os tipos de signo existentes. Por seu lado, Jean Poinsot 
escreveu o Tractatus de Signis (1632) em que apresentou os estudos do signo a 
partir do campo da lógica, definindo os instrumentos utilizados para cognição 
e para falar dos signos (NÖTH, 1995). A perspectiva da lógica do autor será 
importante para os estudos desenvolvidos a partir do século XVI.
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Semiótica no campo do Racionalismo, Empirismo e 
Iluminismo
No século XVI e XVIII, a Semiótica desenvolveu-se no campo das três correntes 
fi losófi cas, o Racionalismo francês, Empirismo inglês e o Iluminismo alemão. 
No Racionalismo francês, René Descartes desenvolveu sua teoria das ideias, 
propondo que o signo parte de três elementos mentais: as ideias adventícias, 
que chegam à mente a partir dos sentidos; as ideias fictícias, produzidas pela 
imaginação; e as ideias inatas que existem por si só na mente e não precisam 
da experiência para se realizar. Em sua teoria, o signo não tem caráter referen-
cial, porque não precisa existir a partir do contato com o mundo real. Dessa 
maneira, é a ideia da coisa que representa e da coisa representada.
Na episteme do empirismo inglês, as ideias semióticas apareceram nas obras 
de John Locke (1632-1704), Thomas Hobbes (1588-1639), George Berkeley (1685-
1753) e David Hume (1711-1776). Locke, considerado o principal pensador sobre a 
história da Semiótica, a partir de seus estudos definiu os signos como instrumentos 
de conhecimento e distinguiu-os em duas classes, das ideias e das palavras. As 
ideias são elaboradas a partir das sensações (experiências), seguida de reflexão. As 
ideias complexas são construídas pela operação mental (pensamento), relacionadas 
com as ideias simples (NÖTH, 1995). Esse estudo foi abordado em An Essay on 
Human Understanding, de 1960 (Ensaio sobre o entendimento humano) quando 
utiliza o termo Semiótica (JAPIASSÚ; MARCONDES, 2006). 
No período do pré-iluminismo, Giambattista Vico (1668-1774) contribuiu 
para os estudos de semiótica, em sua obra Scienza Nuova, de 1875, abordando 
o estudo dos mitos, metáforas, língua e evolução dos signos da humanidade. 
Nessa última premissa, observou três etapas no desenvolvimento dos signos 
da humanidade: era divina, era heroica e era dos homens.
O iluminista Etienne de Condillac (1715-1780) aprofundou os estudos sobre 
a origem da linguagem, a partir dos signos aplicados na cognição humana. Na 
obra Essai sur l’origine des connaissances humaines (ensaio sobre a origem 
da consciência humana), apresenta a semiose como um processo genético que 
inicia em níveis primitivos, como a sensação, e vai até níveis mais complexos 
como a reflexão. A partir disso, classificou três tipos de signos, os causais ou 
acidentais, os naturais e os convencionais.
O enciclopedista Diderot (1713-1784), nas obras Lettres sur les aveugles 
(1749) e Lettre sur les sourds et muets (1751), evidenciou os estudos genéticos 
de semiose humana, estabelecendo onde há diferença entre comunicação verbal 
e não verbal. A Semiótica do Iluminismo teve ainda os dois expoentes alemães: 
Christian Wolff (1679-1754) e Heinrich Lambert (1728-1777).
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Wolff em sua obra Philosophia Prima (1720), no capítulo De Signo, apre-
senta a definição e tipologia de signo. Lambert publicou o primeiro tratado 
da teoria do signo, denominada Signo (1746), em que distinguiu quatro tiposde signos, os naturais, os arbitrários, as meras imitações e as representações.
No século XIX, a Semiótica vai estar voltada para a noções básicas de sím-
bolo e imagem. Hegel (1770-1831) foi um dos principais filósofos que definiu as 
fronteiras semióticas, abordando a diferença entre signos e símbolos. Definindo 
o signo como representação de alguma coisa e o símbolo a manifestação de algo. 
Os debates desde o racionalismo até o século XIX prepararam as bases para a 
estruturação da Semiótica como ciência, o que vai ocorrer no século XX.
As correntes da Semiótica no século XX
O aprofundamento das abordagens racionalistas, empiristas e, principalmente, 
o projeto Iluminista de sistematização e organização do conhecimento vai 
levar, por um lado, à especialização e ao surgimento de diferentes ciências 
e, por outro, à fragmentação do conhecimento. Não será diferente com os 
estudos sobre o signo. 
Nesse contexto, no século XX, quase que simultaneamente, surgem dis-
tintas correntes de estudo de Semiótica. Nos EUA, numa tradição ligada ao 
empirismo, os estudos serão propostos pelo filósofo e lógico Charles Sanders 
Peirce (1839-1914). Na França, com viés racionalista, o linguista Ferdinand 
Saussure (1857-1915) iniciará uma corrente pensando a partir das estruturas da 
linguagem. Na União Soviética, os filólogos Potiebniá (1835-1891) e Viesselovski 
(SANTAELLA, 1983) proporão uma perspectiva mais culturalista. Essas serão as 
matrizes que desencadearão as principais vertentes de estudo contemporâneos.
 A Semiótica peirceana estuda os signos associado à lógica. Com isso, 
tem o intuito de classificá-los e descrevê-los. Considera que tudo no mundo 
é signo, o ser homem, as suas ações, suas ideias e os objetos. Possui uma 
visão pragmática, ou seja, considera válido somente o conhecimento que tem 
aplicabilidade social.
Pragmática é o estudo da linguagem a partir de uma concepção filosófica, valorizando 
a prática mais que a teoria, levando em conta as consequências e efeitos dessa ação.
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A Semiologia saussureana investiga todos os sistemas de signos, a partir do 
contexto social, sendo a Linguística uma vertente. Parte da análise da lingua-
gem natural para os outros sistemas de significação, com enfoque estruturalista. 
O sistema proposto por Saussure desvincula a língua e a linguagem, buscando 
a constituição de um modelo geral para o estudo de todas as linguagens.
Estruturalismo é uma das principais correntes de pensamento do século XX, que busca 
extrair a estrutura do sistema a partir da análise das relações em todos os sentidos.
Um dos desdobramentos dessa proposição será a Semiótica discursiva, 
ou greimasiana. Os estudos voltam-se para o discurso, com base na estrutura 
narrativa que se manifesta em todos os tipos de texto. Nesta perspectiva, todas 
as manifestações do homem são consideradas textos e discursos.
A Semiótica da Cultura, ou Russa, teve como percursores Aleksandr Po-
tiebniá e Aleksandr Viesselovski. No entanto, de fato, vai se estruturar teori-
camente na escola de Tártau-Moscou com a criação da disciplina Semiótica 
da Cultura, pois é quando vai se constituir como um método, investigando 
as relações entre o sistema de signos a partir do contexto cultural. A cultura 
é vista como uma linguagem verbal e a comunicação desta como semiose 
(SCHNAIDERMAN, 1979). 
Considerações finais
As proposições e desdobramentos, ao longo do processo histórico da termino-
logia e da epistemologia semiótica, favoreceram a sua constituição enquanto 
ciência. Isso ocorreu devido ao acúmulo de formulações e descobertas sobre 
os signos e a signifi cação, a partir de diferentes pensadores que utilizaram 
o conhecimento de seu tempo a fi m de compreender e explicar o fenômeno. 
Esses estudos, desde Platão até o século XIX, possibilitaram uma especiali-
zação do conhecimento a partir de um objeto bem defi nido, o signo, levando 
à constituição de uma ciência, a Semiótica. Essa defi nição vai possibilitar o 
desdobramento em diferentes correntes a partir do século XX, com destaque 
para a Semiótica peirceana, a Semiologia de Saussure e a Semiótica Russa.
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1. A etimologia da palavra semiótica 
remete ao grego semeîon - 
“_______”, e sêma - “______” ou 
“______”. Assinale a alternativa 
que preenche corretamente 
os espaços em branco:
a) signo - sinal - signo
b) semio - sema(t) - saman
c) semântica - semasiologia 
- sematologia
d) sematologia - semologia 
- semeologia
e) século XX - semiologia - semiótica
2. Assinale a alternativa correta que 
apresenta os principais filósofos 
que iniciaram os estudos sobre 
semiótica no período avant la lettre:
a) Paracelso, Roger Bacon 
e Jean Poinsot.
b) Platão, Aristóteles, Galeano de 
Pérgamo e Santo Agostinho.
c) Descartes, Locke, Hobbes, 
Berkeley, Hume, Vico, Condillac, 
Diderot, Wolff, Lambert e Hegel.
d) Aleksandr Potiebniá e 
Aleksandr Viesselovski.
e) Charles Peirce e Ferdinand 
de Saussure.
3. Podemos afirmar que o modelo 
triádico dos estoicos foi o mais 
elaborado da Antiguidade, 
pois distinguiu o signo em 
três componentes:
a) O nome (noma, nómos), a noção 
ou ideia (eîdos, lógos, dianóema) 
e a coisa (prágma, ousía).
b) O convencional (symbolon), as 
afecções da alma (phathémata) e 
o retrato das coisas (prágmata).
c) Semaínon (o significante), 
semainómenon ou lékton (a 
significação) e o tygchánon (o 
objeto ao qual o signo se refere).
d) Significante (semaínon) e o 
objeto referido (tygchánon).
e) Anamnéstica (história médica 
do paciente), a diagnóstica 
(sintomas da doença) e a 
prognóstica (predições e 
projeções da doença).
4. Foi considerado o principal pensador 
da semiótica na perspectiva do 
Empirismo inglês porque definiu 
os signos como instrumentos de 
conhecimento e distinguiu-os 
em duas classes – as ideias e as 
palavras. Assinale a alternativa 
que apresenta esse pensador:
a) Giambattista Vico
b) Etienne de Condillac
c) René Descartes
d) John Locke
e) Denis Diderot
5. Marque a alternativa que apresenta 
as correntes de estudo da semiótica 
que surgiram no século XX:
a) Semântica, semasiologia, 
sematologia, semologia 
e semiologia.
b) Anamnéstica, diagnóstica 
e prognóstica.
c) De Magistro, De Doctrina 
Christina e Principia.
d) Racionalismo francês, Empirismo 
inglês e o Iluminismo alemão.
e) Semiótica peirceana, semiologia 
saussureana, semiótica discursiva 
e semiótica da cultura.
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GREIMAS, A. J.; COURTÉS, J. Dicionário de semiótica. 2. ed. São Paulo: Contexto, 2016.
JAPIASSÚ, H.; MARCONDES, D. Dicionário básico de filosofia. Rio de Janeiro: Zahar, 2006.
NÖTH, W. Panorama da semiótica: de Platão à Peirce. São Paulo: Annablume, 1995.
PLATÃO. Diálogos. 3. ed. Belém: UFPA, 2001. v. 6.
SANTAELLA, L. O que é semiótica. São Paulo: Brasiliense, 1983.
SCHNAIDERMAN, B. Semiótica russa. São Paulo: Perspectiva, 1979.
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esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual 
da Instituição, você encontra a obra na íntegra.
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