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Apesar de não desempenharem funções vitais no ser humano, os pelos exercem um papel psicológico de extrema importância, haja vista a frequência de queixas relacionadas com seus excessos ou reduções na clínica dermatológica diária, sempre que escapam das normas social, cultural e/ou esteticamente aceitas. Estima-se que o couro cabeludo tenha cerca de 100.000 a 150.000 fios de cabelo e que o crescimento deles se faça em torno de 10 mm por mês. Os folículos pilosos passam por transformações cíclicas ao longo de toda a vida divididas em três fases principais: anágena, catágena e telógena. ANÁGENA: Fase de crescimento; determina o comprimento final do pelo em um local. A matriz dos pelos na fase anágena apresenta células epiteliais em crescimento acelerado e é extremamente sensível a medicamentos, fatores do crescimento, hormônios, estresse e problemas imunológicos e físicos. A destruição das células-tronco epiteliais resulta em perda permanente dos pelos. Os pelos anágenos possuem extremidades proximais pigmentadas maleáveis. Aproximadamente 85 a 99% dos pelos se encontram nessa fase, com alguma variação individual. TELÓGENA: Período de quiescência relativa, antes da queda. Os pelos telógenos têm forma de clava e extremidade proximal redonda e despigmentada. Aproximadamente 1 a 15% dos pelos se encontram nessa fase em qualquer dado momento. CATÁGENA: É fase de apoptose entre a fase telógena e a anágena. Apenas cerca de 1% dos pelos se encontra nessa fase. EXÓGENA: Processo ativo de queda da haste capilar. O diagnóstico das doenças das hastes e do couro cabeludo torna-se cada vez mais apurado. Além do exame clínico e laboratorial prévios, a tricoscopia (termo empregado à dermatoscopia do couro cabeludo e das hastes) tornou-se uma ferramenta muito importante na rotina de avaliação desses pacientes, tanto para o diagnóstico, quanto para acompanhamento. Outras ferramentas, como microscopia polarizada, microscopia de varredura, técnicas de fluorescência e de imunofluorescência, testes genéticos e análise química da haste, podem auxiliar em casos específicos. Classificação • Alopecias difusas não cicatriciais: o Eflúvio telógeno o Eflúvio associado a endocrinopatias (hipo/hipertireoidismo, hipopituitarismo, hipoparatireoidismo e diabetes descompensado) o Doenças metabólicas e nutricionais (desnutrição, deficiência de ferro e zinco, homocistinúria) o Colagenoses (lúpus eritematoso sistêmico – LES –, dermatomiosite etc.) o Medicamentosas (tálio, ácido valproico, antagonistas tireoidianos, anticoagulantes, citostáticos, hipervitaminose A, retinoides, ácido bórico, lítio, betabloqueadores, clofibrato, estatinas, sunitinibe etc.) o Tóxicas o Androgenética o Congênitas e outras • Alopecias difusas cicatriciais: o Radiações ionizantes (doses elevadas) o Queimaduras extensas o Medicações quimioterápicas (bussulfano, docetaxel, cisplatina/etoposídeo) e outras • Alopecias circunscritas não cicatriciais: o Areata o Traumática o Sífilis secundária o Lúpus discoide e outras colagenoses sistêmicas o Herpes-zóster o Foliculites o Fármacos o Tração o Desnutrição e outras • Alopecias circunscritas cicatriciais: o Esclerodermia o Lúpus discoide tardio o Colagenoses localizadas o Quérion o Tinea por M. audouinii e T. schoenleinii o Foliculite decalvante o Penfigoide cicatricial o Neoplasias o Foliculite dissecante e outras. Dermatologia: Alopecia Areata Igor Mecenas Diagnóstico O exame físico de um paciente com alopecia é, sem dúvida, a etapa mais importante da abordagem deste paciente. A avaliação dos pelos de todo o couro cabeludo, bem como do corpo deve ser sempre realizada. Cor, brilho, textura e comprimento são dados semióticos importantes. A avaliação das unhas é fundamental, principalmente frente à frequente associação de onicopatias e alopecias inflamatórias. Teste de tração É um teste simples para avaliar a atividade e gravidade da queda dos cabelos. Para realização do teste, o paciente deve permanecer 5 dias sem lavar ou pentear os cabelo. Devido à dificuldade de adesão, padronizam-se 24 h sem enxágue em alguns ambulatórios. Com uma pega usando o 1o, 2o e 3o quirodáctilos, deve-se fazer pequena tração de uma mecha com aproximadamente 60 fios de cabelos. O teste deve ser realizado nas diferentes regiões do couro cabeludo: frontal, centroparietal, parietal direita e esquerda, vértex e occipital. O exame com o dermatoscópio ou microscópio óptico dos fios desprendidos pode ser de útil, uma vez que se considera normal somente o desprendimento de fios telógenos. Geralmente o teste é positivo quando mais de 10% dos fios tracionados desprendem-se, ou mais de 6 fios, em cada tração. Deve-se repetir o exame com a mesma metodologia a cada visita do paciente, para não haver viés de contagem. Tricograma É um método microscópico para avaliação das hastes e do ciclo folicular, quantificando o percentual de folículos nas diferentes fases de crescimento. O cabelo não deve ser lavado por 5 dias para a realização do exame. Utiliza-se uma pinça reta ou porta-agulha para coletar os fios. Em média, 40 a 60 fios devem ser tracionados e analisados no microscópio ou dermatoscópio para estabelecimento dos percentuais. O exame deve ser realizado nas regiões parietal e occipital para efeitos de comparação. Está bem indicado no diagnóstico diferencial e acompanhamento das alopecias difusas não cicatriciais, principalmente eflúvio telógeno agudo e alopecia androgenética (AAG). Considera-se alterado quando mais de 25% dos fios são telógenos. Tipicamente, o fio telógeno caracteriza-se pelo bulbo globoso com pouca ou nenhuma melanina em seu interior, caracterizando a chamada clava, ou formato de cotonete. A bainha radicular externa forma o saco epitelial que envolve a clava. Os fios catágenos são raramente observados, por isso no tricograma costumam-se incluir os catágenos na contagem dos fios telógenos. O fio anágeno caracteriza-se pelo formato de taca ou em tip de golfe, com coloração escura pela alta concentração de melanócitos no seu interior. A bainha radicular interna é visível desde a matriz até sua parte mais distal com a ajuda do pigmento que cora essa bainha (anagen dye); a visualização torna-se mais fácil Tricoscopia Ferramenta fácil de utilizar que aumenta acurácia diagnóstica em relação à inspeção clínica e possibilita melhor compreensão das diferentes causas de alopecia, bem como acompanhamento e mecanismos patogênicos. Histopatologia De extrema importância para confirmação diagnóstica das alopecias cicatriciais, é usada em casos complexos de alopecias não cicatriciais, nos quais o exame clínico e a tricoscopia não foram suficientes para o estabelecimento do diagnóstico. Preconiza-se realizar biopsia do couro cabeludo com punch 4 mm e enviar o material para corte horizontal (transversal), padrão-ouro para o diagnóstico das alopecias. Se possível, remover dois fragmentos e enviar um para corte transversal e outro, longitudinal. Alopecia Areata A alopecia areata (AA) caracteriza-se mais frequentemente por perda rápida e completa de pelos em uma ou mais áreas do couro cabeludo (envolvido em 90% dos casos) e, ocasionalmente, de outras regiões pilosas (barba, supercílio, púbis etc.). Embora, na maioria dos casos, haja repilação espontânea em alguns meses, outras vezes o processo progride com surgimento de novas lesões, que, por confluência, podem atingir todo o couro cabeludo (alopecia total) ou todo o corpo (alopecia universal). Embora o índice de recorrência seja alto, o prognóstico é variável, tendo como fatores agravantes o início antes da puberdade, atopia, distrofias ungueais, história familial de alopecia areata, concomitância com outras doenças autoimunes, variante ofiásica e desenvolvimento de alopecia total ou universal. Variantes clínicas • Alopécia areata (AA): uma ou várias áreas deperda de cabelos. • AA total (AAT): perda total dos pelos terminais do couro cabeludo. • AA universal (AAU): perda total de todos os pelos terminais do corpo e couro cabeludo. • Ofiásica: que se inicia na região occipital e avança bilateralmente para as regiões parietais; • Ofiásica inversa ou “sisaihpo” (“ophiasis” escrito ao contrário): um tipo muito raro de acometimeto da área frontoparietotemporal; • Difusa: em que não há formação de placas alopécicas, mas encontram-se pelos em pontos de exclamação entre os cabelos normais. Epidemiologia A prevalência de alopecia areata nos Estados Unidos é de aproximadamente 0,1% a 0,2% da população. O risco médio de desenvolver alopecia areata ao longo da vida é estimado em 1,7%. Em geral, um em cada cinco pacientes com alopecia areata relata outro familiar acometido. [UptoDate] Crianças e adultos podem desenvolver AA e ocorre em taxas similares em homens e mulheres. A média de idade no diagnóstico é de 32 anos para homens e 36 anos para mulheres. Etiopatogenia Muitos fatores etiológicos estão associados ao desenvolvimento da AA, dentre eles agentes infecciosos, vacinação, fatores hormonais e genéticos, porém a exata causa ainda permanece desconhecida. A teoria mais aceita na literatura é a autoimune. Várias observações suportam esta hipótese, como a presença de células inflamatórias lesionais, autoanticorpo folículo-específico no sangue dos pacientes, a resposta aos tratamentos com imunossupressores e a associação com doenças autoimunes. Queratinócitos de folículos pilosos anágenos normais geralmente não apresentam expressão dos antígenos do MHC I e II, sugerindo que o bulbo folicular humano seja um local de privilégio imune. Na alopecia areata, antígenos leucocitários humanos (HLA-A, -B, -C, - DR) tornam-se expressos pelo folículo piloso, permitindo uma interação dos linfócitos T citotóxicos com as células da matriz do pelo. O infiltrado inflamatório peri e intrabulbar é composto predominantemente por linfócitos T CD4+e CD8+, o que denota a perda do privilégio imunológico folicular. A inflamação mantém os folículos pilosos em estado anágeno distrófico, forçando-os a passar precocemente à fase telógena ou, em alguns casos crônicos, perpetuam na fase telógena. Alguns trabalhos evidenciam alterações do sistema nervoso periférico no nível da papila dérmica e bulbo, em que quantidades de neuropeptídios, como a substância P e o peptídio regulador da calcitonina, moduladores de resposta inflamatória, estariam alteradas. O estresse emocional tem sido responsabilizado como desencadeador em grande proporção de pacientes, apesar de alguns trabalhos serem conflitantes com essa teoria. A associação de outras doenças com a AA é muito comum. A doença tireoidiana autoimune é a anormalidade mais comumente associada, e acomete entre 8 e 28% dos pacientes com AA. Entretanto, os anticorpos antitireoidianos parecem não estar correlacionados com a gravidade da doença. O vitiligo associa-se entre 3 e 8% dos casos, comparado a 1% da população americana. A atopia é duas vezes mais comum nos pacientes com a AA. Outras doenças e distúrbios genéticos estão associados à AA como: síndrome de Down, doença de Addison, síndrome poliglandular autoimune autossômica recessiva, anemia perniciosa, psoríase, lúpus, síndrome de Sjögren, dentre outras. Alterações psiquiátricas são descritas na AA, especialmente ansiedade e alteração do humor. Quadro Clínico As placas de AA podem se estabilizar, e frequentemente ocorre repilação espontânea ao longo de vários meses; novas placas podem surgir enquanto outras se resolvem. Muitas vezes, quando ocorre repilação, os pelos nascem despigmentados (poliose). • Alopécia frequentemente bem demarcada com pele de aspecto normal com presença de orifícios foliculares. • Pelos em “ponto de exclamação”. Pelos caracteristicamente curtos e quebradiços (extremidade distal mais larga que a proximal); encontrados nos limites das áreas com perda de cabelos. Podem ser mais bem visualizados por tricoscopia. • AA difusa no couro cabeludo (não circunscrita) tem aspecto de rarefação dos cabelos, o que pode ser difícil de diferenciar do eflúvio telógeno ou da perda dos cabelos causada por doença tireoidiana. Prurido e tricodinia (hipersensibilidade do couro cabeludo) podem acompanhar o quadro. Clinicamente, placas alopécicas, geralmente circulares, podem ser observadas com pele lisa e desnuda ou com pelos velus. Eritema, coloração amarelada, ou leve descamação da área alopécica podem raramente ser observados. Na periferia das placas, pelos aparentemente normais são facilmente destacáveis ao teste da tração. Unhas Pequenas depressões (“metal martelado”) na lâmina dorsal da unha. Depressões cupuliformes (pittings) são as alterações ungueais mais comumente associadas. Outras anormalidades ungueais podem ser encontradas, como: traquioníquia, linhas de Beau, onicorrexe, coiloníquia, espessamento ou afinamento das unhas, onicomadese, leuconiquia puntata ou transversa e pontos vermelhos na lúnula. As alterações ungueais são encontradas em 7 a 66% dos casos. Olhos Achados oftalmológicos, como opacidade assintomática do cristalino e mudanças no fundo de olho, ocorrem em 51% e 41% dos pacientes com alopecia areata, respectivamente. Diagnóstico Além do exame físico, tricograma e/ou tricoscopia: SOROLOGIA: FAN (para descartar LES); reagina plasmática rápida (RPR) (para descartar sífilis secundária). EXAME DIRETO COM KOH: Para afastar tinea capitis. DERMATOPATOLOGIA: As lesões agudas apresentam infiltrados mononucleares de células T e de macrófagos peribulbar, perivascular e na bainha externa da raiz; distrofia folicular com pigmentação anormal e degeneração da matriz. É possível haver aumento no número de folículos na fase catágena/telógena. Tratamento Poucas terapias para AA foram avaliadas em estudos controlados randomizados. A falta de evidência de métodos terapêuticos gera um desafio para o dermatologista no momento de escolher o melhor tratamento. A conduta terapêutica deve ser individualizada, considerando-se a faixa etária e a extensão da doença. O tratamento pode ser tópico, intralesional ou sistêmico. Em algumas modalidades, o mecanismo de ação ainda não está bem elucidado. Terapia Tópica Corticosteroides tópicos Corticosteroides de alta a altíssima potência como a betametasona e o clobetasol são usados diariamente, com ou sem oclusão, isoladamente ou associados ao minoxidil. Um estudo com aplicação de propionato de clobetasol a 0,05% sob oclusão em AA total e universal, Tosti et al. (1999) mostraram que quase 30% dos pacientes apresentaram repilação completa e 20% tiveram benefício a longo prazo no lado tratado. Foliculite pode ser observado em 10% dos pacientes tratados com creme de clobetasol. Telangiectasia e atrofia raramente são observados. O índice de recidiva vai de 37 a 63% com a suspensão do tratamento e até mesmo com a continuação do mesmo. Antralina Mecanismo de ação é desconhecido, mas estudos em animais evidenciaram diminuição da expressão de TNF- α e TNF-β na área tratada. É usada na forma de creme, em concentrações que variam de 0,5 a 1%, como terapia de curto contato diário. O tempo de exposição pode começar com 5 min, aumentando gradualmente 5 a 10 min por semana, até atingir 1 h ou até que apareça uma leve irritação, que é necessária para que a antralina seja efetiva. Se não houver resposta em 3 meses, o tratamento deve ser descontinuado. Reações adversas incluem irritação intensa, foliculite, linfadenopatia regional, manchas na pele, nos cabelos e nas roupas. A área tratada deve ser protegida do sol. É uma boa opção para crianças. Minoxidil Geralmente utilizado em associação a outras terapias tópicas ou sistêmicas. É utilizado em solução hidroalcoólica a 5%, 2 vezes/dia. Com mecanismo de ação ainda não totalmente comprovado, pareceatuar na síntese do DNA folicular, estimulando o crescimento de pelos por meio do prolongamento da fase anágena, promover vasodilatação e aumento da espessura do bulbo capilar, angiogênese e há relatos de algum efeito imunossupressor. Eventualmente pode ser observada hipertricose a distância que é reversível com a suspensão do medicamento. Solução de fenol a 88% Imediatamente neutralizada com álcool, em aplicações de 14/14 dias pelo médico. Inibidores da calcineurina Os imunomoduladores (pimecrolimo e tacrolimo) podem ser utilizados na terapia da alopecia dos supercílios e das sobrancelhas, em outras regiões não oferece bons resultados pois a substância tem alto peso molecular e não consegue atingir o infiltrado inflamatório no bulbo. Imunoterapia tópica É o tratamento de escolha para os casos crônicos com mais de 50% do couro cabeludo acometido. O exato mecanismo de ação ainda é desconhecido, porém trabalhos demonstram um efeito imunomodulador que consiste em apoptose de linfócitos perifoliculares, competição antigênica e mudança da relação de linfócitos CD4/CD8 (4:1 nas áreas não tratadas a 1:1 nos pacientes responsivos a difenilciclopropenona – difenciprona, DPCP). As medicações mais utilizadas são o éster dibutílico do ácido esquárico (SADBE), a DPCP e o dinitroclorobenzeno (DNCB), sendo este último não mais utilizado, por ter se mostrado mutagênico em testes de laboratório. No Brasil eventualmente está disponível a difenciprona. Após 2 semanas da sensibilização com solução a 2% em acetona, inicia-se a terapia semanal com a menor concentração capaz de produzir um eczema leve, testando inicialmente concentrações de 0,01%. Ácido esquárico é uma alternativa para pacientes que desenvolvam reação alérgica incontrolável a DPCP. Em geral, ocorre repilação 3 meses após o início do tratamento, que deve ser interrompido se não houver resposta em 6 meses. O índice de sucesso varia de 50 a 60%, com recidiva de 62% em 2 anos. Fatores prognósticos negativos incluem extensão da doença, alterações ungueais e duração prolongada da AA antes da terapia. Reações adversas incluem eczemas agudos intensos, linfadenopatia cervical, edema facial e do couro cabeludo, urticária de contato, sintomas gripais, reações tipo eritema multiforme e distúrbios pigmentares. Terapia Intralesional Os corticosteroides intralesionais são a terapia de primeira escolha para o tratamento de lesões localizadas (até 50% de acometimento do couro cabeludo). O acetonido de triancinolona (corticoide sintético injetável mais usado no mundo) tende a ser utilizado com intervalo de 2 a 4 semanas. A concentração classicamente utilizada no couro cabeludo é de 5 a 8 mg/mL e na sobrancelha ou face, de 2,5 mg/mL diluído em solução salina ou em lidocaína sem vasoconstritor, não devendo exceder 20 mg de triancinolona na dose total, por aplicação. No entanto, estudo recente demonstrou que a concentração de 2,5 mg/mL, quando utilizada no couro cabeludo, é tão eficaz quanto 10 mg/mL, além de apresentar menor incidência de efeitos adversos locais. Aplica-se 0,05 a 0,1 mL a cada 1 cm em múltiplas injeções intradérmicas. Efeitos adversos incluem atrofia e telangiectasias no local de aplicação e síndrome de Cushing, se altas doses forem usadas repetidamente. No Brasil, o AcT disponível está restrito ao uso intraocular e a forma mais difundida passou a ser o hexacetonido de triancinolona (HT). Terapia Sistêmica O uso de corticosteroides sistêmicos tem indicação limitada pela grande recorrência após sua interrupção, além dos potenciais efeitos colaterais da corticoterapia sistêmica prolongada. Um método alternativo seria o uso da corticoterapia intramuscular (associação de dipropionato/acetato de betametasona e fosfato dissódico de betametasona ou mesmo a triancinolona 40 mg/dose) a cada 4 semanas. Este tipo de terapia parece diminuir os efeitos colaterais dos corticosteroides, porém a recorrência também é alta com interrupção da terapia. Pulsoterapia, utilizando-se prednisona ou prednisolona 1 mg/kg/dia, 2 dias seguidos por semana, pode ser utilizada em casos extensos ou de evolução rápida; esta última opção tem apresentado bons resultados. O método PUVA (psoraleno tópico ou sistêmico, com irradiação de raios UVA local ou geral) não apresentou resposta superior à repilação espontânea em dois estudos retrospectivos. A ciclosporina, na dose de 6 mg/kg/dia, também tem indicação excepcional, em função de seus efeitos colaterais e da recorrência após interrupção. O seu uso tópico não parece ser eficaz. A sulfassalazina mostrou-se eficaz em aproximadamente 25% dos pacientes com uma taxa de recorrência maior de 45% e efeitos colaterais maiores que 35%. A dose inicial oral é de 500 mg 2 vezes/dia durante 30 dias, 1 g 2 vezes/dia durante mais 30 dias e depois 1,5 g 2 vezes/dia durante 4 meses. Se não houver resposta, deve ser tentada uma dose de 4 g/dia durante mais 3 meses. Terapias biológicas, como o etanercepte, adalimumabe e infliximabe não demonstraram eficácia na AA. Alguns relatos mostram, inclusive, piora da AA com o uso de inibidores do TNF-α ou ainda desenvolvimento da AA em pacientes tratados com biológicos para outras enfermidades. Estudos utilizando inibidores da enzima Janus Kinase (JAK) mostram resultados promissores. Tofacitinibe e ruxolitinibe são as principais medicações estudadas com resultados animadores. Dose, segurança e a possibilidade de seu uso por via tópica ainda estão sendo avaliadas. O alto custo das medicações pode ser impeditivo. Na maioria das vezes, o suporte psicológico pode ser oferecido pelo dermatologista, sendo necessário o apoio de um psicoterapeuta em alguns casos. Pode ser necessário o uso de órtese, temporária ou permanente, ou a aceitação do estado alopécico. Referências: BOLOGNIA – Dermatologia 3. Ed. AZULAY – Dermatologia 7. Ed. WOLFF – Dermatologia de Fitzpatrick 8. Ed. SBD – Consenso sobre tratamento da alopecia areata
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