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Camila Gondo Galace – Endocrinologia (Janine) COMPLICAÇÕES AGUDAS DA DM ESTADOS HIPERGLICÊMICOS A descompensação metabólica no DM é classificada em 2 grandes síndromes: · Cetoacidose diabética (mais no DM 1, jovens) · Estado hiperglicêmico hiperosmolar (mais no DM 2, idade avançada, outras doenças associadas como hipertensão, dislipidemia, AVC prévio, doença coronariana) Mortalidade elevada, associada com a idade e co-morbidades: - 5% para CAD - 15% para EHH CETOACIDOSE DIABÉTICA É muito comum no início da DM 1, quando o jovem ainda não sabe que é diabético, DM com doença intercorrente, redução ou omissão de insulina (jovens não aceitam o uso de insulina). Características bioquímicas: hiperglicemia, cetose e acidose. O DM 2 não entra (ou é menos comum) em acidose porque ainda há insulina suficiente para levar o excesso de glicose para dentro da célula (mesmo que em pouca quantidade), não estimulando o fígado a iniciar a gliconeogênese. Os casos de DM 2 entram em cetoacidose quando há deficiência total de insulina (esgotamento de 100% das células β). PATOGÊNESE: No DM 1 há uma falência total de células β muito rápida (2 meses). A deficiência total de insulina + aumento dos hormônios contrarreguladores (glucagon, GH, cortisol, adrenalina) fazem com que o fígado entre em gliconeogênese e glicogenólise. Ausência de produção de insulina → a glicose consumida pelos alimentos não chega na célula periférica (musculo esquelético, cardíaco) → a célula manda informação de que necessita de energia → fígado começa a glicogenólise (glicogênio armazenado → liberação) → em algumas horas o glicogênio que estava armazenado é liberado em forma de glicose no sangue → paciente continua sem insulina → hiperglicemia, mas a glicose ainda não chega na célula periférica → o músculo passa a utilizar menos glicose (deixar glicose para órgãos vitais: cérebro, coração e rim) → a glicose ainda não entra na célula periférica → acaba o estoque de glicogênio → o músculo começa a liberar aminoácidos e o tecido adiposo ácidos graxos livres → emagrecimento e fraqueza muscular → a gliconeogênese tenta transformar aminoácidos e ácidos graxos livres em forma de energia → aminoácidos e ácidos graxos devem passar pelo fígado → no fígado, a enzima carnitina-palmitoil-transferase transforma os ácido graxos em corpos cetônicos → corpos cetônicos são liberados na circulação como forma de energia → as células não possuem muitos receptores para corpos cetônicos → é produzida energia, porém também não chega na célula pelo baixo número de receptores → hiperglicemia (alimentação + glicogenólise) + excesso de corpos cetônicos → formação de ácidos QUADRO CLÍNICO - Poliúria, polidipsia (glicosúria) - Fraqueza e letargia (retirada de aminoácido dos músculos) - Náuseas, anorexia, dor abdominal, vômitos, desidratação (na hiperglicemia o organismo tenta eliminar o excesso de glicose pela urina = polidipsia ) - Respiração de Kussmaul (acidose) - Hálito cetônico EXAMES LABORATORIAIS Glicemia: > 250 (até 1000 ou +) mg/dl Gasometria: pH e bicarbonato pH = 7,25-7,30 (baixo, até < 7) pCO₂ (alto) bicarbonato < 18 mEq/l (baixo) Urina tipo I: presença de corpos cetônicos (em cruzes) TRATAMENTO Hidratação: Cuidado com infusão rápida, pode causar edema cerebral e pulmonar (SARA: síndrome da angústia respiratória do adulto). Insulina Intravenosa: Dose inicial de 0,15 u/kg seguido de 0,1 ukg/h (se houver bomba de infusão contínua, se não é feita de hora em hora com avaliação). · Enquanto o paciente não sair da acidose, é necessário continuar dando insulina. · Caso a glicose abaixe muito, é adicionado glicose ao SF. · Não se deve dar bicarbonato porque ele volta ao normal quando faz hidratação do paciente e quando aplica insulina para que leve glicose para a célula. Pode ser dado se pH < 6,9-7. Distúrbios hidroeletrolíticos: Sódio, potássio, cloro e magnésio são perdidos na urina. · A reposição mais importante é a de potássio, porque causa problemas cardíacos. Mesmo quando a quantidade de potássio é normal ele é reposto, porque na hidratação o potássio volta para dentro das células, diminuindo sua concentração no sangue. · A reposição de sódio geralmente não é feita porque já está contido no SF. · Magnésio e cloro são repostos de acordo com a necessidade. Tratamento da doença precipitante: Infecção (principal causa de descompensação: cistite e pneumonia), diarreia. ESTADO HIPERGLICÊMICO HIPEROSMOLAR Características básicas: hiperglicemia e hiperosmolaridade. QUADRO CLÍNICO Desidratação e sintomas GI (o organismo tenta diluir a glicose e eliminar o excesso pela poliúria, causando distúrbios hidroeletrolíticos). Anormalidades neurológicas: convulsões, reflexos plantares extensores, afasia, déficits hemissensoriais ou motores e/ou agravamento preexistente. EXAMES LABORATORIAIS Glicemia: > 600 mg/dl Osmolaridade: > 320 mOsm/l 2 (Na⁺ + K⁺) + glicose/18 TRATAMENTO Hidratação: Mesma forma que na CAD. · Cuidado com pacientes idosos porque podem ter uma doença cardiovascular (IC) e o edema por infusão rápida pode acentuar o quadro. Insulina: A dose de ataque é a mesma da CAD, depois varia de acordo com a evolução do tratamento. Reposição de potássio e outros íons se necessário. Tratamento da doença precipitante: Infarto, infecções, angina, AVC. Diferenças entre EHH e CAD EHHNC CAD + desidratado - desidratado frequentemente comatoso 10% comatosos sem hiperventilação com ventilação sinais neurológicos comuns > 40 anos < 40 anos osmolaridade alta DM 2 DM 1 cetonúria ausente cetonúria presente HIPOGLICEMIA É uma síndrome clínica em que baixos níveis de glicose plasmática resultam em neuroglicopenia. - Não há um valor número estipulado • Mesmo a glicemia não estando tão baixa, o paciente pode ter sintomas neuroglipênicos porque estão acostumados com uma alta glicemia. TRÍADE DE WHIPPLE (hipoglicemia verdadeira): Níveis glicêmicos < 45 mg/dl + sintomas de hipoglicemia + melhora desses sintomas após uso de glicose · O valor serve para orientar na investigação de um insulinoma (Tumor no pâncreas produtor de insulina). Causas: jejum prolongado, reacional. INSULINA E HORMÔNIOS CONTRA-REGULADORES INSULINA: suprime a produção de glicose ao inibir a glicogenólise e a gliconeogênese, estimula a captação de glicose no músculo, fígado e gordura. GLUCAGON, ADRENALINA, CORTISOL E GH: antagonizam o efeito da insulina, ou seja, aumentam quando a insulina diminui. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Glicemia = 80 após período de jejum diminui a produção de insulina, a glicose continua diminuindo. Glicose = 65-70 ocorre liberação de glucagon e adrenalina. · Sintomas adrenérgicos: sudorese, taquicardia, tremores, palidez, palpitação, sensação de fome, náusea. Persistência do jejum e diminuição da glicose. Glicose = 60 ocorre liberação de GH Glicose < 60 ocorre liberação de cortisol Glicose < 50 falta glicose no SNC · Disfunções cognitivas: tontura, cefaleia, fraqueza, parestesia, distúrbios visuais (diplopia), dilatação pupilar, confusão mental, distúrbios de conduta GRAVE: convulsão (diferente da tônico-clônica, pois o endurecimento dos membros, não é flácido, é tônico/rígido), torpor, coma, hemiplegia, dilatação pupilar, postura de descorticação. SEQUELAS NEUROLÓGICAS: 8 minutos em hipoglicemia (varia). TRATAMENTO Paciente consciente com sintomas de hipoglicemia: Fontes de açúcar prontas para serem absorvidas (frutas, sucos principalmente de laranja – frutose, coca-cola – sacarose) Paciente inconsciente: - Procurar serviço de emergência. - Glicose endovenosa ou glucagon (não é utilizado no Brasil) Em crise convulsiva é difícil obter acesso venoso, então fazer ampola de glicose na língua até diminuir a crise, para posteriormente obter acesso venoso. Correção da causa subjacente: Jejum prolongado, reacional, ausência de alimentação, alterações renais/hepáticas (insuficiência renal/hepática: diminui a metabolização da insulina).
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