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Natalia Quintino Dias Prevenção Níveis de prevenção Prevenção primária: ação tomada para remover causas e fatores de risco de um problema individual ou populacional antes do desenvolvimento de uma condição clínica (Ex: imunização, orientação de atividade física). Prevenção secundária: ação realizada para detectar um problema de saúde em estágio inicial, muitas vezes em estágio subclínico, no indivíduo ou na população, facilitando o diagnóstico definitivo, o tratamento e reduzindo ou prevenindo sua disseminação e os efeitos de longo prazo. Prevenção terciária: ação implementada para reduzir em um indivíduo ou população os prejuízos funcionais consequentes de um problema agudo ou crônico, incluindo reabilitação (Ex: reabilitar paciente pós-infarto) Prevenção quaternária: é a detecção de indivíduos em risco de intervenções, diagnósticas e/ou terapêuticas, excessivas para protegê-los de novas intervenções médicas inapropriadas e sugerir alternativas eticamente aceitáveis. A prevenção de doenças compreende 3 categorias: Manutenção de baixo risco (para manter as pessoas com baixo risco) Redução de risco Detecção precoce (estratégias para a detecção precoce são o diagnóstico precoce e o rastreamento). Diagnóstico precoce: ações destinadas a identificar a doença em estágio inicial a partir de sintomas e/ou sinais clínicos - no menor estágio de desenvolvimento da doença. Rastreamento no adulto É um tipo de prevenção secundária. Realização de testes ou exames diagnósticos em populações ou pessoas assintomáticas, com a finalidade de diagnóstico precoce (prevenção secundária) ou de identificação e controle de riscos. É realizado um teste confirmatório (com maior especificidade para a doença em questão) é necessário depois de um rastreamento positivo, para que se possa estabelecer um diagnóstico definitivo. • Por exemplo, uma mamografia sugestiva de neoplasia deve ser seguida de uma biópsia e confirmação diagnóstica por anatomopatologia. Rastreamento oportunístico Quando a pessoa procura o serviço de saúde por algum outro motivo e o profissional de saúde aproveita o momento para rastrear alguma doença ou fator de risco. Programas de rastreamentos organizados São aqueles nos quais se detém maior controle das ações e informações no tocante ao rastreamento. São sistematizados e voltados para a detecção precoce de uma determinada doença, condição ou risco, oferecidos à população assintomática em geral e realizados por instituições de saúde de abrangência populacional. É importante que os programas estruturados ofereçam o rastreamento das condições que comprovadamente tenham evidência e grau de recomendação favorável para a intervenção e que garantam aos pacientes o tratamento para a condição rastreada. 4 aspetos importantes Acesso: direito assegurado do cidadão a uma atenção à saúde de qualidade. Não precisa de requisição de um profissional médico para a realização do teste ou procedimento de rastreamento. Agilidade: o participante não precisa entrar na rotina assistencial dos serviços de atendimento à saúde (de APS) para a realização do rastreamento nem para o recebimento do resultado, a não ser que seja necessário. Melhores evidências: o rastreamento enquanto programa deve ser oferecido à população somente quando comprovado que seus benefícios superam amplamente os riscos e danos, dessa forma, permitindo detecção precoce e tratamento de certas doenças. Informação: o participante deve receber orientação quanto ao significado, riscos e benefícios do rastreamento, bem como sobre as peculiaridades e rotinas do programa e dos procedimentos. Critérios para um programa de rastreamento 1. A doença deve representar um importante problema de saúde pública que seja relevante para a população, levando em consideração os conceitos de magnitude (dimensão coletiva e epidemiológica do problema), transcendência (impacto da doença na comunidade) e Natalia Quintino Dias vulnerabilidade (capacidade e probabilidade da evitação da doença); 2. A história natural da doença ou do problema clínico deve ser bem conhecida; 3. Deve existir estágio pré-clínico (assintomático) bem definido, durante o qual a doença possa ser diagnosticada; 4. O benefício da detecção e do tratamento precoce com o rastreamento deve ser maior do que se a condição fosse tratada no momento habitual de diagnóstico; 5. Os exames que detectam a condição clínica no estágio assintomático devem estar disponíveis, aceitáveis e confiáveis; 6. O custo do rastreamento e tratamento de uma condição clínica deve ser razoável e compatível com o orçamento destinado ao sistema de saúde como um todo; 7. O rastreamento deve ser um processo contínuo e sistemático. Recomendação Graus de recomendação Natalia Quintino Dias Tipo de rastreamento Idade e periodicidade Método Grau de recomendação Uso de estatinas – prevenção primária de doenças cardiovasculares em adultos Aos adultos sem história de DCV, ou seja, DAC sintomática ou AVCi. Recomendado: uso de estatinas em dose baixa à moderada para a prevenção de eventos e mortalidade cardiovasculares, desde que os critérios estejam presentes: - Idade: 40-75 anos; - Ter 1 ou + fatores de risco de DCV (dislipidemia, diabetes, hipertensão ou tabagismo); - Ter um risco calculado de 10 anos para um evento cardiovascular de 10% ou +. * * Inclui rastreamento universal de lipídeos em adultos de 40 a 75 anos. Avaliação de risco cardiovascular através da escala de Framingham. B Não é recomendada a prevenção medicamentosa com estatinas para pacientes de baixo e médio risco para prevenção primária. Dislipidemia Adultos ≥ 40 anos a cada 5 anos. Solicitar colesterol total, HDL e triglicerídieos. A HAS Em adultos ≥ 18 anos, repetir a cada 2 anos. Aferir PA em toda consulta. Aferir PA. A DM2 Adultos entre 40-70 anos com IMC ≥ 25 a cada 3 anos. Se adultos < 40 anos ou com IMC < 25 considerar rastreamento ou reduzir intervalo de rastreamento se paciente tiver pelo menos 1 fator de alto risco para desenvolver DM (história de DM2 ou DMG, síndrome do ovário policístico). Glicemia de jejum, teste de tolerância oral à glicose ou Hemoglobina Glicosada (HbA1C). Para diagnóstico, repetir o mesmo exame. B Diabetes gestacional Em gestantes, a partir da 24ª semana. < 20 semanas: glicemia de jejum; > 24 semanas: TOTG. B Tabagismo Todos os adultos, incluindo gestantes, rastreio e intervenção. Perguntar em todas as consultas. A Uso de álcool Rastreio e intervenção em todos os adultos, incluindo gestantes. Perguntar sobre o uso arriscado de álcool. Pode utilizar o CAGE e/ou AUDIT. A Obesidade Adultos. Cálculo do IMC. A Rastreamento de câncer - Colo do útero: Entre 25-64 anos – após início da relação sexual, anual OU a cada 3 anos se os últimos dois consecutivos sem alterações. - Mama: entre 50-74 anos, bianual; pelo INCA: de 50-69 anos, bianual. Se alto risco: a partir de 40 anos. - Cólon e reto: Entre 50-75 anos a cada 2 anos. Se ≥ 40 anos e 2 ou mais parentes de 1º grau com câncer colorretal em qualquer idade, ou 1 parente de 1º grau com câncer de cólon ou pólipos adenomatosos antes dos 60: solicite colonoscopia a cada 5 anos até os 75 anos. - Papanicolau – citologia oncótica. - Mamografia. - Pesquisa de sangue oculto nas fezes, pode realizar colonoscopia e sigmoidoscopia (realizado também se sangue oculto +). A B A Natalia Quintino Dias - Pulmão: Triagem anual, em adultos de 50-80 anos, com história de tabagismo de 20 maços-ano, que fumam ou pararam de fumar há 15 anos. - Próstata: Não oferecer o rastreamento, porém se o paciente solicitar, pode ser realizado (em 55-69 anos) a cada 2-4 anos. - Radiografia de tórax ou TC de baixa dosagem. - PSA ou toque retal. - D HIV Para 15-64 anos e todas as gestantes, anual para pacientesde alto risco e a cada 3-5 anos para os demais. Em < 15 anos ou > 65 anos em risco também devem ser rastreados. Teste rápido ou exame de laboratório. A Hepatite B Pacientes de alto risco para infecção (comportamento sexual), e gestantes na primeira consulta e no 3ª trimestre. Teste rápido ou laboratorial de HBsAg. A/B Hepatite C Pacientes de risco para infecção (uso atual ou passado de drogas injetáveis, exposição sexual de risco). O intervalo varia de acordo com o comportamento da pessoa. Anti-HCV (teste rápido ou laboratorial). B Sífilis Pacientes em risco para sífilis e todas as gestantes (1º e 3º trimestre). Anual para alto risco (HIV, homens que fazem sexo com homens, usuários de drogas), variando de acordo com os comportamentos sexuais. Teste treponêmico (teste rápido) ou não-treponêmico (VDRL). Para diagnóstico, realiza-se os dois. A IST - Clamídia e Gonorreia em todas as mulheres ≤ 24 anos e as com > 24 anos que tenham fatores de risco (história prévia de IST, múltiplos parceiros sexuais, sexo desprotegido, uso de drogas injetáveis). Repetir se o paciente tem um comportamento sexual de risco. Sswab endocervical e uretral ou em amostras de urina. B Crianças - Teste do pezinho: a partir do 3º dia de vida até o 5º ou 7º dia. Podendo ser realizado até o 30º dia de vida. Rastreia as doenças: Fenilcetonúria (quantidade de fenilalanina); Hipotireoidismo congênito (detecção dos níveis de T4 e TSH); Anemia falciforme e outras hemoglobinopatias (variantes da hemoglobina); Fibrose cística (nível de tripsina imunorreativa); Hiperplasia adrenal congênita (quantificação da 17-hidroxiprogesterona); Deficiência de biotinidase (quantificação da atividade enzimática); - Triagem auditiva: antes do 1º mês de vida. - Triagem visual: avalia catarata congênita, retinoblastoma. Realizar antes da alta da maternidade, com 2, 5, 9 e 12 meses de vida. - Avaliação de estrabismo e da acuidade visual: a partir dos 3 anos. - Coleta de sangue por punção do calcanhar. - EOA ou BERA. - Pesquisa do reflexo vermelho com oftalmoscópio. - Realiza-se 2 testes (de Hirschberg e de cobertura alternada). - Teste de Snellen e outras para não alfabetizados. A
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