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Existem 4 pilares na ética médica: ● Beneficiência ● Não maleficiência ● Justiça ● Autonomia Parto A gestante tem direito à um acompanhante de sua escolha no trabalho de parto e pós-parto. Sigilo médico Preocupação comum quando se trata de adolescentes, IST’s e gravidez. O médico deve assegurar o direito da paciente ao sigilo médico. O médico deve respeitar o sigilo, não devendo expor informações da paciente, exceto em situações de: ● Autorização expressa da paciente (p. ex CID no atestado médico que deve ser assinado pela paciente) ● Dever legal (doenças de notificação compulsória - notificar o SINAN) ● Risco a terceiros (p. ex. paciente HIV e não conta ao parceiro). Consulta com adolescentes Assegurar o sigilo médico, salvo se a situação representar risco para a menor. Devemos lembrar que não é necessário autorização dos responsáveis para início de método contraceptivo hormonal. Declaração de óbito (DO) ● Óbito fetal: emitir DO se feto >20 semanas ou peso > 500 gramas ou estatura > 25 cm. Se for menor que o citado, a emissão é facultativa, conforme o desejo da família ● Óbito neonatal: em caso de nascido vivo, independente da idade gestacional, peso e tempo de vida, é obrigatória emissão da DO. Câncer de mama A mulher que passou por mastectomia parcial ou radical tem direito à cirurgia plástica reconstrutora das mamas. Direito à laqueadura (esterilização cirúrgica) [Alterações 2023] A mulher deve ter pelo menos 21 anos OU dois filhos vivos. É necessário registro expresso da manifestação de vontade em documento escrito e firmado, após explicações de riscos, efeitos, dificuldade de reversão e demais opções contraceptivas reversíveis existentes com ao menos 60 dias de antecedência. Não existe mais necessidade da autorização do cônjuge. É feita notificação ao SUS. O desejo de laqueadura com formulário assinado NÃO INDICA parto cesáreo apenas para sua realização. A indicação é obstétrica e caso seja realizado por via vaginal, a esterilização deverá ser feita em um outro momento. Não pode ser feita esterilização com histerectomia ou ooforectomia. ABORTAMENTO LEGAL Consiste na interrupção da gestação prevista em lei. Pode ser feito até a 20-22ª semana de gestação em fetos com menos de 500g. O médico não tem a obrigação de realizar o procedimento (objeção de consciência), devendo encaminhar a paciente para outro profissional que o faça. Em pacientes menores de 18 anos, tem que ter o consentimento dela e dos responsáveis legais. Em caso de divergência, deve-se acionar o poder público. Em paciente considerada incapaz, o responsável legal deve consentir. Quando indicada a curetagem, devemos oferecer a paciente o direito de ser acompanhada por alguém (mãe, pai ou acompanhante de sua escolha), para se sentir mais segura e melhor assistida. CASOS PREVISTOS EM LEI ● Gestação resultante de estupro (aborto sentimental) ○ Necessita de assinatura do termo de consentimento informado ○ Não necessita do Boletim de Ocorrência ou autorização judicial, é baseado no relato da vítima ○ Em <14 anos, qualquer gestação é considerada resultado de abuso sexual ● Risco de vida materno ○ Necessita de termo de consentimento e laudo de dois médicos ○ Não necessita de autorização judicial ○ Não se pune o aborto praticado por médico se não houver outro meio de salvar a vida da gestante ○ Ex: cardiopatias graves. ● Anencefalia ○ Necessita de termo de consentimento informado + laudo de dois médicos + duas fotos da ultrassonografia sagital e transversal Ética na Ginecologia e Obstetrícia ○ Não necessita de autorização judicial ○ Pode ser feito em qualquer período da gestação Obs: malformações fetais e trissomias com chance de sobrevida não tem embasamento legal para interromper a gestação. ABUSO SEXUAL Pelo código penal brasileiro, se refere à qualquer ato libidinoso não consentido. Na maioria dos casos, ocorre dentro do núcleo familiar e o agressor é conhecido pela vítima. Ocorre independente de classe social, sendo as mulheres menores de 20 anos as que mais sofrem violência doméstica. ATENDIMENTO À VÍTIMA DE VIOLÊNCIA SEXUAL A paciente deve ser avaliada em ambiente seguro e tranquilo e o médico deve ouvir o relato, sem julgamentos. O ideal é a avaliação por uma equipe multidisciplinar, com médicos, psicólogos, enfermeiros e assistentes sociais. A anamnese deve ser detalhada, mas respeitando a quantidade de informações que a paciente quer fornecer. Importante ser feita uma vez só, para a paciente não precisar ficar repetindo a história várias vezes. No exame físico, deve-se avaliar a genitália, a procura de lacerações ou sangramentos e se possível, coletar esperma da vagina e fixar em papel- filtro para anexar em prontuário. Não é um exame pericial, é apenas para avaliar possíveis lesões que devem ser tratadas imediatamente. São solicitados exames: b-hCG, testes rápidos de hepatite B e C, sífilis e HIV ou se estes não disponíveis, solicita-se anti-HIV, VDRL, HbsAg e anti-HCV. Os exames servem para excluir gestação ou infecções prévias, o que mudaria a conduta. Contracepção A contracepção de emergência é feita independente da fase do ciclo menstrual em até 5 dias, com levonorgestrel 1,5 mg em dose única. Em caso de gestação, suspeita ou confirmada, devemos considerar o desejo da mulher em interromper ou não a gestação. Profilaxias ● Sífilis: penicilina benzatina 2.400.000 UI IM, dose única ● Clamídia: azitromicina 1g VO, dose única ● Gonorreia: ceftriaxona 250-500 mg VO, dose única ● Tricomoníase: metronidazol 2g VO, dose única (interfere com profilaxia antirretroviral) ● HIV: tenofovir + lamivudina + dolutegravir por 28 dias, com início em até 72h do evento ● Hepatite B: imunoglobulina + vacinação, para pacientes não vacinadas ou com esquema desconhecido. Pacientes vacinadas não necessitam de profilaxia e pacientes com esquema incompleto devem ter sua vacinação completada. O atendimento à vítima deve ser feito em até 72h para o sucesso das profilaxias. Em caso de agressão crônica, repetidas vezes, a profilaxia não é indicada pois o risco de infecção já estabelecida é muito alta. Notificação Por fim, deve-se fazer a notificação do caso ao SINAN e em pacientes menores de 18 anos, notificar o conselho tutelar. EXEMPLOS ● Ato libidinoso em menor de 14 anos ou com deficiência mental: sempre é considerado estupro, com direito de abortamento legal. Deve ser comunicado aos pais, notificado ao Conselho Tutelar e à Vara da Infância e Juventude. ● Violência sexual em ambiente doméstico familiar: se insere na Lei Maria da Penha. Nesses casos, é feito inquérito policial e o caso é encaminhado ao Ministério Público. Não precisa de autorização para fazer denúncia. ● Estupro durante a gestação: é fator de risco para saúde da mulher e do feto, aumentando a possibilidade de complicações obstetricas, abortamento e baixo peso fetal.
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