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DOL UNIDADE 4 - Produção e Sanidade de Aves e Suínos

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Unidade 4 - Suinocultura em prática
Planejamento e instalações
A dinâmica da suinocultura requer medidas que permitam maiores lucros em menor tempo, considerando a concorrência estabelecida no mercado. Assim, a escolha das instalações, que devem ser bem planejadas, influencia, posteriormente, o resultado de produção e é decisiva diante deste. 
Ao médico veterinário profissional, cabe o papel fundamental de instrução, orientando os produtores suinícolas sobre os melhores locais e equipamentos.
Portanto, a análise de fatores, conforme a finalidade que o produtor queira, influencia a escolha dos equipamentos. Condições ambientais, recursos financeiros e até mercado local são pontos influentes, apesar de existirem aspectos importantes para qualquer galpão bem construído que independem do perfil dos animais e da sua modalidade. Desse modo, é possível traçar o melhor planejamento para que as instalações sejam executadas segura e eficientemente.
Antes da escolha de onde será construído o galpão, é importante estar ciente de que, para a obtenção de êxito e maior lucratividade, as condições do mercado fornecedor de insumos e o valor dos produtos determinam um bom momento para iniciar seu funcionamento, portanto, o entendimento e a valorização do mercado importam bastante. Outra medida de planejamento fundamental e influente é a escolha de mão de obra capacitada e que possa executar medidas sanitárias prévias para receber os animais, diminuindo a ocorrência de doenças infecciosas e os riscos de complicações futuras por instalações malfeitas. 
O bem-estar animal, cada vez mais em voga, não deve ser desprezado. As medidas de instalação devem contemplar o contexto de que o animal, para que tenha carne de qualidade, não pode estar em sofrimento – uma vez que é cientificamente comprovado que a ambiência influencia a qualidade da carcaça. Assim, recomenda-se que as instalações sejam feitas considerando, também, as condições e variações climáticas, como temperatura, umidade, velocidade do vento no local e incidência solar. Suínos são animais homeotérmicos, bem como possuem maior sensibilidade térmica e menor capacidade termorregulatória em relação a outras espécies.O aproveitamento das medidas naturais permite menores gastos. Logo, recomenda-se que a escolha contemple vantagens de circulação natural do ar, em que haja menores incidências de barreiras naturais e artificiais. A topografia planificada é considerada ideal, sendo possível a construção em locais de declividade suave (FÁVERO, 2003). Em medidas sanitárias, é importante respeitar a distância entre os galpões (Figura 1) e que as construções sejam em eixo Leste-Oeste, onde o telhado preze pela diminuição de radiação solar e pela sensibilidade térmica dos animais.
AMBIÊNCIA E ESTRESSE TÉRMICO NA SUINOCULTURA
Objetivar questões de ambiência é visar, simultaneamente, à melhoria na produção. Segundo Souza et al. (2010), uma elevada temperatura ambiental é considerada um dos principais responsáveis pelo desconforto fisiológico, assim como a umidade do ar e a radiação solar direta. Características anatômicas, como o percentual de gordura no suíno (que, mesmo sendo geneticamente melhorado, ainda é considerado elevado em relação a outras espécies), podem contribuir para essa sensibilidade.
Há, portanto, uma dificuldade considerável em dissipar o calor, o que está diretamente relacionado ao apetite do animal. Conforme Rodrigues et al. (2010), os suínos têm glândulas sudoríparas consideradas afuncionais, sendo ideal o estímulo à manutenção corporal, o que permite a troca de calor, por intermédio de meios adequados externos. Um dos meios mais indicados é a presença de lâmina d’água em baias, que possibilita essa troca adequando-se à sensibilidade. Ademais, a inclusão dessa lâmina é um dos marcadores ambientais mais eficientes.
Amenizar o clima assim é eficiente para diminuir condições estressantes por temperatura. Sugere-se, também, explorar o sombreamento ambiental, de modo que a utilização das árvores favoreça o clima ameno, influente no aumento de sombra sobre telhados.
Ainda sobre a questão térmica e o tipo de resfriamento, há o sistema de resfriamento adiabático evaporativo e o sistema de resfriamento evaporativo por nebulização. Em relação ao primeiro, ele consiste na passagem do ar pelos alvéolos da placa, evaporando uma parcela da água (CAMPOS et al., 2002).
O alojamento de animais por fase é uma medida que valoriza seu bem-estar. As fases compreendem as etapas: pré-cobrição e gestação, maternidade, creche, crescimento e terminação. Recomenda-se que os machos reprodutores fiquem em baias isoladas, nas quais também se mantenha o posicionamento das fêmeas reprodutoras próximas aos cachaços.
A área de parição destes animais é composta de baias convencionais, ou celas parideiras, sendo necessária a disposição de maior espaço, o que contribui para um maior conforto. A presença de protetores contra esmagamentos é relevante, a fim de prevenir eventuais acidentes. Além disso, a valorização de espaço para priorizar o bem-estar animal e as menores condições de estresse é outro fator de importância.
Na creche, espaço dedicado à presença de leitões desmamados (Figura 2), é indicada a instalação de cortinas nas laterais, possibilitando a adequação da ventilação. Nessa fase, uma melhor ambiência é fundamental, pois resulta em menor frequência de fetos natimortos, favorecimento inicial ao aumento de peso e uma maior eficiência produtiva futura desses animais.
Valoriza-se, ainda, a presença de pisos ripados, de modo que haja dois terços da baia em piso compacto e o restante de um terço em ripado, facilitando o acesso para beber água, urinar e defecar. Orienta-se a construção de baias que acoplem de quatro a cinco leitegadas (FÁVERO, 2003). Por fim, nas fases de crescimento e terminação, a ventilação e o espaço continuam como fatores de relevância, uma vez que o tamanho dos animais e o grande volume de fezes podem gerar problemas de ambiência.
Muitas granjas aplicam o sistema de ventilação mecânica, no qual esta é pressurizada. Assim, preconiza-se, em todas as fases da criação de suínos, a adoção do sistema all in, all out, ou seja, todos dentro, todos fora. O início e a terminação dos animais devem ser concomitantes a estes, havendo o isolamento para a realização do vazio sanitário.
ABATEDOURO
Considerada a etapa final na cadeia suinícola, o abatedouro precisa ser condizente às fases decisivas, que são, na prática, exigências que devem ser executadas antes e após o abate, ou seja, no processo ante mortem e post mortem do animal.
Medidas de boas práticas de fabricação são imprescindíveis em abatedouros. Já as pocilgas consistem em instalações responsáveis por abrigar os animais recém-chegados, em que ocorre o processo de descanso e dieta hídrica até o momento em que eles serão abatidos. Há, também, a seleção e a pesagem dos animais.
Estima-se que elas estejam afastadas em, no mínimo, 15 metros da área responsável pela insensibilização, com iluminação adequada e rampa, que deve ser antiderrapante e metálica, para transportar os animais de maneira segura. Deve, obrigatoriamente, ter medida de quatro metros de pé-direito, pelo menos. Além de pocilgas de chegada e de seleção, elas são classificadas em "de sequestro" e "de matança". Assim, nas pocilgas de sequestro, a finalidade é realizar exames de inspeção ante mortem nos animais que foram excluídos da matança normal, para análise minuciosa.
As paredes nesses tipos de instalação são feitas de alvenaria, compostas de azulejos com elevada impermeabilidade. Quanto à medida ou critério estabelecido pela Divisão de Inspeção de Produtos de Origem Animal (DIPOA), também chamada de CISPOA, o tamanho mínimo leva, em geral, de três a quatro metros. Como modelo ideal, estabelecem-se portas que sejam vai e vem, acopladas com visores, de tela ou vidro.
A ventilação em abatedouros é fundamental. Devem, portanto, estar presentes janelas que permitam a ventilação natural e estejam com telas, para evitar insetos, ou animais (como roedores)indesejados. Elas precisam, também, possuir uma angulação mínima de 45º. Já profissionais que atuam em salas de matança têm de estar paramentados, adequadamente, com roupa própria, touca protetora, luvas, protetores auriculares e óculos. Todos esses cuidados influenciam a segurança alimentar, visto que a falta de cumprimento das boas práticas demanda riscos e invasão de patógenos, bem como contaminação, comprometendo a integridade do alimento.
Na suinocultura moderna, existem abatedouros móveis (Figura 3), que têm a mesma finalidade. Eles são considerados instalações interconexas e construídas em chapas metálicas, contendo os equipamentos necessários para a execução de abate dos animais. Nesse tipo, há a possibilidade de maior mobilidade, evidentemente, portanto, podem ser itinerantes. Trata-se de um container refrigerado no tamanho de 12,19 metros de comprimento por 2,43 metros de largura e 2,90 metros de altura (WILBERT et al., 2018).
Manejo alimentar
Na produção animal, executar o manejo não envolve somente técnicas de ambiência ou de higienização, mas também, sobretudo, a composição nutricional da alimentação disponibilizada para os animais, de forma que sua eficiência seja máxima. Suínos são monogástricos, e sua alimentação é um fator impactante na produção, pois representa cerca de 70% a 80% no custo desta. Dessa maneira, sabe-se que, quanto ao estudo e a pesquisas na área de nutrição animal, a exigência nutricional em suínos varia de acordo com fatores como a idade, o potencial genético, o peso e a fase produtiva.
Portanto, cabe ao médico veterinário entender a formulação de ração, cuja escolha de nutrientes é decisiva e influente na composição corporal do suíno. Métodos já bastante conhecidos, como o quadrado de Pearson, são considerados eficientes; e atualmente, há softwares muito utilizados para o cálculo preciso da formulação. Em termos básicos, a composição da ração suína envolve, sobretudo, alimentos proteicos e de fontes energéticas, vitaminas, minerais e aditivos específicos. Assim, o entendimento do conteúdo de proteína bruta, aminoácidos, coeficientes de digestibilidade dos nutrientes e valores energéticos é fundamental.
EXPLICANDO: O quadrado de Pearson é um sistema equacional utilizado na formulação de rações, portanto, trata-se de um método manual. Nele, considera-se apenas um determinado nutriente, podendo ser empregados dois alimentos ou duas misturas de alimentos. Ele é útil na determinação de porcentagem na qual cada alimento deve ser misturado.
É pela nutrição e pelo manejo da alimentação e da água que as necessidades de fome e sede devem ser atendidas, assim, não ocorrendo deficiências nutricionais clínicas ou subclínicas, evitando intoxicações e promovendo a melhora de resistência a doenças. Cabe destacar que o excesso de nutrientes na ração é um dos maiores causadores de poluição do ambiente (FÁVERO, 2003).
Quando for avaliado sob a perspectiva das fases de crescimento, o manejo alimentar corresponde, de modo essencial, a três tipos de sistemas de alimentação: à vontade, controlada por tempo e com restrição.
· Sistema de alimentação à vontade: Há o fornecimento de ração de acordo com o apetite do animal; visualiza-se o maior aproveitamento de tecido magro concomitante ao maior ganho de peso;
· Alimentação controlada: Corresponde ao fornecimento por certo período, em que há o fornecimento cronometrado de ração à vontade;
· Alimentação restrita: Há a restrição de um ou mais nutrientes, que serão fornecidos em proporção suficiente para promover o máximo ganho de peso.
Os alimentos energéticos são compostos, essencialmente, de matéria seca, na qual 90% de sua composição atua como fonte energética para o animal. Seus principais exemplos são açúcar, gordura bovina e de aves, melaço em pó e raiz de mandioca. O milho (Zea mays) é a principal fonte de alimentação energética, porém limitado quanto ao fornecimento de aminoácidos essenciais ao suíno, como a lisina e o triptofano. Por exemplo, o milho dente-de-cavalo é o cultivar mais utilizado para alimentação animal, sendo o Brasil um de seus principais produtores (Gráfico 1). É importante o processo de retirada da água dos grãos, tendo em vista o desenvolvimento de fungos no milho armazenado, como a ocorrência de micotoxinas.
Já o sorgo (Sorghum vulgare) é similar ao milho em teor nutricional, e a mandioca (Manihot esculenta sp.) também se assemelha ao que o milho fornece, acrescentando valores altos em carboidratos.
Os alimentos fibrosos podem possuir alta ou baixa concentração energética. Quanto aos de alta concentração, eles correspondem, principalmente, aos que têm energia metabolizável acima de 2.600 kcal/kg, como o farelo de arroz integral, a aveia integral moída, o farelo de coco e/ou de amendoim. Já os de baixa concentração são o farelo de girassol, o farelo de algodão e o farelo de feno moído, por exemplo.
Os alimentos proteicos podem ser aqueles que possuam alto teor energético – como a levedura seca, o glúten de milho e o farelo de soja – e proteína bruta representada em torno de 36%. Há, ainda, alimentos que têm exclusivo teor em minerais, como os que são fontes de cálcio, fósforo e sódio. Os mais comuns são o calcário calcítico, as farinhas de ossos calcinadas, a farinha de ostras e o sal comum. A farinha de carne e ossos e a de peixe são alimentos que apresentam alto teor de minerais.
Na suinocultura, para a maioria das fases, a formulação adequada (Tabela 1) é obtida por meio da combinação dos alimentos energéticos, fornecedores de proteína, com os proteicos, que apresentam alto teor de energia. Matrizes em gestação recebem níveis nutricionais amplos e diferenciados, bem como na ração própria ao período de lactação. A pesagem de cada ingrediente com o uso de balanças é, portanto, indispensável. Para suínos machos reprodutores, há uma necessidade maior de ração composta de maior teor proteico, tendo em vista que o crescimento deles será maior.
Durante a fase adulta, a composição de rações mais energéticas evita o sobrepeso. A mantença é mais visualizada em machos, portanto, prioriza-se a obtenção de massa magra desses animais. Em amplo modo, o consumo total de rações por fase produtiva de suínos corresponde à porcentagem próxima a 11% na gestação, 6% em lactação, 13% nos leitões em creche e 70% em suínos de fase de crescimento e de terminação. Desta maneira, assume-se que há maior importância nessas duas etapas.
Apesar de ser considerado um alto investimento, há tecnologia precisa proporcionada pelo analisador de aminoácidos. A suinocultura moderna dispõe de mecanismos como o equipamento near infrared spectrometry (NIRS), isto é, refletância no infravermelho próximo, cujo funcionamento é baseado na absorção de energia monocromática infravermelha por ligações químicas. Ele é considerado um aparelho de precisão rápida, que torna a formulação mais precisa em termos de conteúdo de aminoácido total (ROSTAGNO et al., 2007).
Principais enfermidades de suínos
Haja vista a importância da suinocultura para alimentação, é imprescindível ao médico veterinário conhecer as doenças que acometem estes animais. Algumas não oferecem risco somente ao suíno, como também às pessoas, seja por contato direto ou por meio da alimentação. Dessa forma, as doenças podem prejudicar severamente a saúde e comprometer o sucesso da suinocultura.
Dentre as zoonoses, podemos citar a leptospirose, a qual se estabelece como perfil infeccioso e consiste em bactérias com formato longo, fino e em espiral, presentes na maioria das espécies de mamíferos. Há mais de 260 sorotipos conhecidos, em geral, chamados de sorovares. A Leptospira interrogans manifesta-se nos suínos em caráter principal de comprometimento reprodutivo, como abortos, mumificação fetal, nascimento de leitões fracos ou natimortos. Os sorovares comumente encontrados são L. pomona, L. icterohaemorrhagiae, L. tarassovi, L. bratislava, L. canicola, L. grippotyphosa e L. Muenchen.
O acometimento nos suínos se dá por meio da ingestão de contaminados, como água e alimentos. É consideradauma doença rara nos leitões em lactação e infecta apenas animais individuais. A excreção por via urinária de roedores, como os ratos, também é uma potencial fonte de contaminação. Além da via oral, a pele ferida – por meio da conjuntiva – e a mucosa são suscetíveis à exposição.
Apesar de a infecção manifestar-se também em caráter subclínico, é fundamental sua erradicação, em razão do seu caráter zoonótico. Existem fatores contribuintes para a ocorrência desta bactéria, cuja entrada pode ser mais facilitada, como a introdução de marrãs e varões infectados e a exposição da granja a fontes diretas de contaminação.
O diagnóstico se dá, laboratorialmente, pela coleta sanguínea de animais sintomáticos, que se repete duas a três semanas depois, havendo interpretação sorológica. Ele ocorre, também, por meio de cultura bacteriana, apesar da dificuldade por requerer um período mais longo. Já o controle se dá pela intervenção nos fatores contribuintes, higienização e uso de água potável, bem como pelo monitoramento da presença de roedores. Ademais, a antibioticoterapia pode ser utilizada.
Além da leptospirose, outra doença comum, possivelmente presente no meio suinícola e considerada uma zoonose é a salmonelose. Assim como as aves, os suínos são suscetíveis a vários subtipos de Salmonella, entre os principais, estão o Typhimurium e o Choleraesuis.
Nessa doença, há a manifestação clínica, mas é mais comum aos suínos a subclínica. A principal via de infecção é a oral – em geral, a transmissão se dá por contaminantes pelas fezes. Dessa forma, o ciclo é fecal-oral, no qual os humanos podem se infectar por meio da alimentação, ou da manipulação de suínos infectados. Apesar da infecção subclínica, o animal é um dos principais transmissores, o que faz com que seja uma importante doença a ser combatida. Já as principais manifestações clínicas são as entéricas, disenteria e, quando forem generalizadas, septicemia e/ou morte súbita.
Outra enfermidade ocasionada pela ingesta de animais contaminados e que, portanto, se trata de uma zoonose é a cisticercose. Ela ocorre, principalmente, pela ingesta de carne crua ou malpassada, cuja causa é o parasita Cysticercus cellulosae, pela Taenia solium.
Para os suínos, a cisticercose não tem potencialidade fatal, porém, para os humanos, pode ser letal. O ser humano é considerado o hospedeiro definitivo para T. solium, e a instalação parasitária ocorre em seu intestino. Já o suíno é o hospedeiro intermediário, assim, o humano ingere proglotes que contêm os ovos. Ao chegarem ao intestino, os ovos são rompidos e transformados em larvas, que migram para tecidos musculares, fechando o ciclo, por serem envolvidas em uma cápsula adventícia localizada no tecido conjuntivo intermuscular.
Estas três enfermidades oferecem riscos tanto ao ser humano quanto ao suíno, sendo de caráter sanitário sua importância, pois a transmissibilidade pela alimentação, isto é, pelo produto final do suinocultor, pode gerar severos danos econômicos. Ademais, têm grande relevância a parvovirose suína, a colibacilose e a pneumonia enzoótica, porém, há outras enfermidades importantes, presentes nos galpões, de possível ocorrência.
CITANDO: “O Parvovírus Suíno (PVS ou do inglês PPV – Porcine Parvovirus) tem distribuição mundial e é considerado uma das principais doenças infecciosas causadoras de problemas reprodutivos em suínos. [...] Os parvovírus têm como alvo células em alta atividade mitótica, o que os faz preferir tecidos linfoides no adulto e tecidos embrionários ou fetais em uma fêmea prenhe” (RUIZ et al., 2017, p. 8).
DOENÇA DE AUJESZKY Também chamada de pseudoraiva, a doença de Aujeszky (DA) é ocasionada por um herpesvírus, sendo o acometimento do sistema nervoso central uma de suas principais características. Em 1902, o médico veterinário húngaro Aladar Aujeszky foi o primeiro pesquisador que demonstrou que tal enfermidade não se tratava da doença de raiva; e ela foi reconhecida em torno de 1913 nos Estados Unidos. Ela tem alta expressividade na suinocultura, acometendo, sobretudo, suínos jovens. A porcentagem de ocorrência em leitões de até dez dias de vida pode chegar a, aproximadamente, 94%.
Seu agente etiológico é o herpesvírus suíno (ou porcino) tipo 1, também denominado vírus da doença de Aujeszky (VDA), pertencente à família Herpesviridae, de subfamília Alphaherpesvirinae e gênero Varicellovirus. O VDA possui como material genético o ácido desoxirribonucleico (DNA), sendo envelopado. Ele é considerado um vírus muito resistente, pois há maior estabilidade, mesmo com mudanças térmicas e variações de pH. Existem maiores chances de sobrevivência e resistência quando for estabelecido em temperaturas baixas, com a presença de coloides, e caso a umidade relativa do ar seja baixa. Já na presença de radiações ultravioleta, pH ácido e enzimas proteolíticas, sua sobrevivência torna-se baixa.
A ocorrência da DA é, inicialmente, por contato direto com doentes, sobretudo, por via nasal entre animais ou por aerossóis. Há, assim, a replicação nas células de mucosas, em que o vírus migra até os pulmões do animal, podendo ocorrer ali a fase virêmica. Ao atingir os gânglios linfáticos, é possível que ele chegue ao sistema nervoso central, atingindo, também, os nervos glossofaríngeos e estruturas como o bulbo raquidiano.
Além dessa via, sua ocorrência pode ser pela genito-nasal, sobretudo em machos por contato com fêmeas acometidas, durante a fase de estimulação. São possíveis, ainda, a via transplacentária, no período de gestação, e a transmissibilidade pelo leite. Caso aconteça antes do trigésimo dia de gestação, há a possibilidade de morte embrionária (SOBESTIANSKY et al., 1999). A contaminação pode ocorrer pela ingesta de água, pela ração e por contato direto – ou seja, manipulação de animal infectado, resquícios em caminhão de transporte, matadouro, ou contato com qualquer material infectado.
O período de infecção é dividido em fases, como a aguda, que pode estender-se em até duas semanas, com alta transmissibilidade, e a latente, quando há sobrevivência, permanecendo no suíno até sua morte. Existe a possibilidade de reativação do vírus, meses ou anos após a infecção. Devido ao tropismo das cepas, suas manifestações clínicas são, comumente, relacionadas às vias nervosas e respiratórias do animal. Há, ainda, a combinação da manifestação dessas duas vias.
O surto é mais evidente nos leitões, portanto, é perceptível e impactante a mortalidade inicial que o vírus pode promover. Após esse intenso período, repetem-se os surtos, mas em menor gravidade. Em leitões de quatro dias, ocorrem evidentes quadros de hipertermia, depressão e apatia, expressiva inapetência e salivação espumosa. Já nos animais mais velhos, a manifestação nervosa é mais perceptível, com decúbito, ranger de dentes, opistótono e variados movimentos de pedalagem, bem como episódios de excitação e dispneia. Animais de cria e recria têm alta manifestação clínica, havendo abatimento, constipação e sintomas respiratórios. Porcas em lactação apresentam agalaxia e transtornos relacionados ao puerpério, além de manifestações de sintomas nervosos.
O diagnóstico da DA pode ser feito pela avaliação clínica dos animais, sendo definitivo em avaliação laboratorial – por meio de achados apresentados pela necrópsia, como a congestão das meninges, o aumento do volume do líquido cefalorraquidiano, focos de necrose em órgãos, por exemplo, fígado e suprarrenais, além de lesões no miocárdio. Há, assim, a identificação viral presente em tecidos, por meio de lesões microscópicas no sistema nervoso central, e a determinação de anticorpos no soro.
Atualmente, ainda não existe um tratamento específico para DA, assim, restam poucas alternativas mediante sua perigosa ocorrência. Na identificação do seu surgimento, é sugerida a eliminação total do plantel, ou a administração de quimioterápicos, o que se considera uma medida expansiva. Já o controle é realizado pelo sacrifício dos animais, com desinfecção e vazio sanitário da granja. Conforme Sobestiansky et al. (1998), avacinação ainda não é considerada efetiva nessa doença.
BRUCELOSE SUÍNA Considerada uma enfermidade frequente em vários países, a brucelose suína é uma antropozoonose, afetando bovinos, suínos, caprinos, cães, bem como seres humanos. Essa doença tem origem bacteriana e, na suinocultura, causa problemas e transtornos reprodutivos nos animais acometidos, como aborto, endometrite em fêmeas, perda de libido e infertilidade em machos. Seu agente etiológico é a bactéria Brucella suis, além da B. abortus, considerada menos patogênica. Segundo Sobestiansky et al. (1999), a brucelose é responsável por sérias perdas econômicas em granjas com altos índices de prevalência.
Ela é considerada uma importante zoonose, devido à alta ocorrência nos indivíduos que trabalham em matadouros e frigoríficos. Sendo assim, com frequência, relata-se na literatura científica a ocorrência dessa enfermidade, principalmente em abatedouros clandestinos. Suínos são infectados por meio do contato com água, da ração e do solo contaminado. Além disso, há a transmissão por secreções presentes entre os animais, como no processo de cobertura de leitoas por cachaços infectados.
A sintomatologia clínica, como mencionada, é manifestada nos suínos, sobretudo, por seu sistema reprodutivo – nas fêmeas, há abortos e ciclos irregulares. Existe a presença de esterilidade e aborto repentino, o que aumenta a suspeita desta enfermidade, motivando a ocorrência de testes sorológicos para obter o diagnóstico e eliminar os animais positivados. Há, também, forte ocorrência de descarga vulvar com secreção purulenta, ou com sangue; e, em leitões, é frequente a paralisia de membros posteriores e claudicação.
O diagnóstico é realizado laboratorialmente, por cultura ou pela técnica de polymerase chain reaction (PCR). Já a sorologia é feita em casos de infecções frequentes. Como medida de controle e prevenção, sugere-se, prontamente, que haja o despovoamento da granja, pois os tratamentos realizados com antibioticoterapia não são considerados eficazes, portanto, o abate de todo o plantel é a medida mais efetiva de erradicação. Os animais de reposição devem ser testados em um período de até 60 dias. A título de prevenção posterior, é recomendada a testagem de todo o plantel adquirido, fazendo a prova sorológica em machos e fêmeas a cada três meses.
CIRCOVIROSE SUÍNA A circovirose (Figura 4) trata-se de uma enfermidade de caráter altamente contagioso, diagnosticada em meados de 1990, no Canadá. No Brasil, sua primeira ocorrência foi relatada nos anos 2000 (BORGES, 2007). Ela é ocasionada por um vírus da família Circoviridae, considerado um dos menores vírus que acometem animais domésticos. Já foram descritos o Circovírus suíno tipo 1 (PCV1), o Circovírus suíno tipo 2 (PCV2) e o Circovírus suíno tipo 3 (PCV3).
A doença promove o enfraquecimento do sistema imunológico dos animais e permite que outras enfermidades sejam instaladas no seu organismo, agravando ainda mais o quadro do doente. A predileção é por animais muito jovens, como os suínos, logo após o desmame, atingindo-os na sexta semana de vida, aproximadamente. Suas primeiras manifestações clínicas são retardo de crescimento, icterícia e anemia, as quais podem, em sua progressão, evoluir para o quadro fatal.
Devido a posteriores ataques de bactérias oportunistas, os suínos acometidos ficam cronicamente doentes, portanto, podem desenvolver quadros de dermatites, distúrbios relacionados ao sistema reprodutivo (por exemplo, os abortos), pneumonias e doenças do sistema nervoso (como a meningoencefalite e as manifestações de tremores). O acometimento frequente em filhotes tornou esta doença conhecida como síndrome da refugagem ou síndrome multissistêmica do definhamento suíno (SMDS).
O diagnóstico é realizado por detecção, a partir de técnicas moleculares, como PCR. Embora não seja uma ferramenta precisa para fechar o diagnóstico, a sorologia torna-se uma medida de controle, permitindo monitorar o rebanho. A vacinação não impede a ocorrência da doença, devido à sua atualização ainda ser muito necessária. Apesar disso, há cinco vacinas comerciais circulantes no País, que variam de acordo com os subtipos dessa enfermidade – três delas são contra PCV2a, uma contra PCV2b e uma contra PCV2a e PCV2b. Ademais, medidas de biossegurança são fundamentais para o controle da doença. Já na ocorrência desta, medidas de terapia de suporte, como suplementação e antibióticos bactericidas, podem ser utilizadas.
PESTE SUÍNA CLÁSSICA Conhecida como febre suína ou cólera dos porcos, a peste suína clássica (PSC) é uma doença altamente infecciosa e contagiosa, que afeta tanto os animais selvagens quanto os domésticos (Figura 5). Não é considerada zoonose nem oferece risco ao ser humano, porém, ao suíno, é fatal.
O vírus da peste suína clássica (VPSC) é pertencente à família Flaviviridae, do gênero Pestivirus e de genoma ácido ribonucleico (RNA). Os pestivírus são providos de uma fita simples de RNA e três, ou quatro, proteínas estruturais, com estrutura envelopada de constituição glicoproteica, a qual os torna sensíveis aos solventes lipídicos, como a acetona e o éter. Sua sensibilidade ocorre, também, devido a variantes na temperatura, sendo sensíveis ao congelamento e descongelamento. Eles podem ter como principais hospedeiros os ruminantes e suínos.
A doença caracteriza-se pela manifestação em forma aguda, por via oronasal, e causa um período de incubação que se estende entre sete e dez dias, no qual o vírus ataca células endoteliais, macrófagos e células epiteliais específicas.
Nela, há quadro hemorrágico, o qual ocasiona elevada mortalidade e morbidade. Além dele, os principais sinais clínicos são febre muito alta, podendo atingir 41º, leucopenia severa e petéquias características em mucosas, baço, pulmões e rins. Ocorrem, ainda, quadros com manifestação de necrose em tonsilas, eritemas, depressão e conjuntivite. Nos animais que chegarem a uma melhor estabilidade, com recuperação transitória, há, depois, outro quadro de febre e o desenvolvimento de lesões que envolvam o trato gastrointestinal, manifestando-se em frequentes diarreias e infecções crônicas.
O diagnóstico da PSC é baseado em técnicas laboratoriais, como imunofluorescência, teste de enzyme linked immunonosorbent assay (ELISA) ou de reverse transcription polymerase chain reaction (RT-PCR). Pode, também, ser realizado pelo isolamento do vírus, por meio de cultivo celular, provido pelo sangue, ou de suspensão de órgãos do sistema linfoide do animal, no qual há a identificação viral com o uso de anticorpos específicos.
Devido à grande elevação da taxa de mortalidade, o controle da PSC se dá por meio da eliminação dos animais infectados, sendo imprescindível realizar as medidas de biossegurança. No ano de 2020, no mês de maio, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) publicou a Instrução Normativa n. 10/2020, a qual autoriza o uso da vacina contra a PSC nos 11 estados da zona não livre da doença.
FEBRE AFTOSA Considerada muito contagiosa na pecuária, a febre aftosa atinge, sobretudo, bovinos, mas o acometimento de suínos é bastante frequente, sendo, portanto, uma doença de relevância na suinocultura. Em linhas gerais, essa enfermidade acomete espécies de cascos fendidos (Figura 6). O vírus é pertencente à família Picornaviridae, do gênero Aphthovirus, no qual existem mais de 60 cepas, classificadas em sete sorotipos.
Os principais sintomas manifestam-se em formato de lesões de classificação vesicular, as quais, nos primeiros dias, rompem e podem possibilitar a perda do casco do animal, devido ao seu caráter erosivo. Há presença de úlceras (Figura 7) na região da boca, do focinho e das tetas, na área interdigital e na faixa coronária. A apresentação clínica se dá, também, em quadros de febre alta, sialorreia e até morte súbita.
O diagnóstico da doença é realizado por meio de exames laboratoriais, representados, principalmente, por sorologia de anticorpos e PCR. O diagnóstico diferencial de outras patologias relacionadas às lesões vesicularesé necessário. Recomenda-se, portanto, a eliminação dos animais infectados.
DOENÇA DE GLASSER Haemophilus parasuis é o agente etiológico desta enfermidade, a qual causa grandes prejuízos econômicos na indústria suína. Por ser difícil controlar tanto o agente quanto as coinfecções, é imprescindível usar tratamentos estratégicos e programas vacinais, conjugados com boas práticas de manejo.
O H. parasuis tende a se multiplicar por diferentes fatores, como temperatura ambiente instável, ventilação inadequada nos galpões, desmame precoce etc. (ARAGON et al., 2012).
A patogenia da DG ainda não está totalmente esclarecida. Segundo Bouchet et al. (2009) as etapas de colonização bacteriana no trato respiratório são adesão das bactérias as células epiteliais do sistema respiratório superior, indução de apoptose celular e liberação de citoquininas. [...] A infecção sistêmica inicia-se nos pulmões e as bactérias espalham-se pelo corpo, através das vias aéreas inferiores alcançando os demais órgãos. [...] Na fase aguda os sinais são perceptíveis, caracterizados por febre alta (41,5ºC), apatia, artrite e claudicação. Quando a bactéria atinge o cérebro observam-se sinais nervosos como decúbito lateral, incoordenação motora, movimentos de pedalagem e tremores. [...] A amostra biológica selecionada para isolamento do H. parasuis deve ser mantido em refrigeração e as análises laboratoriais realizadas até 24 horas (CEZAR et al., 2019, p. 17 e 19).
A vacinação esquematizada é uma importante ferramenta; nela, recomenda-se vacinar as matrizes para reposição a partir dos 150 dias de vida e 15 dias depois da primeira aplicação. Já os leitões devem ser vacinados no desmame e 15 dias após a primeira dose. Orienta-se que as porcas sejam vacinadas, sobretudo, quando a doença estiver ocorrendo em idade precoce.
RINITE ATRÓFICA Uma das principais enfermidades encontradas em granjas é a rinite atrófica (Figura 8), caracterizada pelo acometimento do trato respiratório superior e pelas conchas nasais atrofiadas.
Ocorre, também, por meio dela, o acometimento do desempenho produtivo, o que ocasiona perdas econômicas para o suinocultor. Os agentes etiológicos dessa doença são bactérias gram-negativas, pertencentes às espécies Pasteurella multocida e Bordetella bronchiseptica.
A transmissão considerada primária da rinite atrófica ocorre por contato, de suíno para suíno, ou por meio de aerossóis, via aerógena. Há, portanto, a produção de toxina dermonecrótica (TDN+), que se adere à mucosa nasal e promove a perda parcial dos ossos das conchas nasais, em um período correspondente a duas a três semanas após a infecção.
Assim, essa deformação das estruturas nasais possibilita a modificação do fluxo de ar inspirado por meio das fossas nasais – uma das barreiras utilizadas para a proteção imunológica do animal. Ocorrem o desvio do focinho para um dos lados e/ou seu encurtamento, com a formação de pregas na pele que o recobre, bem como, em casos mais graves, o sangramento nasal intermitente (SOBESTIANSKY et al., 1999). Desse modo, provoca o aumento da mortalidade, eleva os custos com tratamentos e vacinações, bem como permite que carcaças em abatedouros sejam condenadas.
O diagnóstico é realizado por meio da clínica, sendo definitivo via anatomopatológica e microbiológica. Há o exame das conchas nasais, em que se faz o corte transversal do focinho, entre o primeiro e o segundo dente pré-molar, sendo necessária a experiência por quem executa o processo – pode-se utilizar uma serra afiada ou do tipo elétrica. O recolhimento do material da cavidade nasal de leitões vivos deve ser feito com suabes. Para análise histológica, precisa-se do recolhimento das amígdalas dos leitões necropsiados.
O controle se dá por meio da vacinação em esquemas. Neste tipo de doença, não há necessidade de eliminação total do rebanho, assim, pode-se seguir a metodologia em que se eliminam filhotes e animais jovens, permanecendo no plantel os reprodutores, os quais recebem, durante duas semanas, medicações e vacinação. Já os leitões que nascerem devem ser medicados, continuamente, até o período de desmame. Além disso, recomenda-se que seja obrigatória a execução de vazio sanitário.
Controle sanitário e biossegurança
O investimento em medidas que promovam a saúde e a qualidade de vida é essencial na criação de animais de produção. Na suinocultura, não é diferente, portanto, investir em genética, manejo, nutrição e sanidade são algumas das principais medidas para a prosperidade de um empreendedorismo suinícola. Assim, há medidas nessa área de importância maior, as quais são necessárias ao conhecimento do médico veterinário.
Assim como há medidas de controle que influenciam a qualidade do produto, existem medidas de biossegurança, as quais são um conjunto de normas, procedimentos e vigências, destinados à promoção da saúde animal, impedindo a entrada de agentes infecciosos, como vírus, bactérias, parasitas e fungos.
Esse investimento em medidas de controle e biossegurança se torna obrigatório em granjas, por conta da:
Ainda que seja um termo bastante similar à biossegurança, a biosseguridade diverge, na medida em que se refere a ações, planos e normas, que promovam o impedimento invasivo de agentes infecciosos em granjas.
Como medida inicial, ocorre a execução de um levantamento prévio para estabelecer planos de biossegurança e medidas sanitárias a serem tomadas, as quais, idealmente, devam ser determinadas antes da construção dos galpões. Investigar a ocorrência de enfermidades presentes, ou que estejam nas zonas próximas, pode ser uma medida preventiva. Assim, medidas como a análise de isolamento, posicionando o sistema de produção isolado de aglomerados de pessoas e animais, evitam propagações futuras. Explorar o uso de barreiras naturais vegetais é considerado vantajoso, nesse sentido, sugere-se utilizar espécies como eucaliptos, plantadas em finalidade de formação de quebra-vento.
Ademais, a localização da granja é relevante, assim, recomenda-se a distância mínima em proximidades de 500 metros de qualquer criação, bem como prevenir a ocorrência de vetores externos, como roedores, moscas, aves, animais selvagens, cães e gatos. Haja vista esse fator, sugere-se que medidas de acesso tenham contínuas inspeções, atentando-se ao trânsito de pessoas indevidas nos galpões. Indica-se, portanto, a instalação de placas sinalizadoras da localização da granja para orientação prévia.
Os equipamentos utilizados na rotina nos galpões precisam ser continuamente limpos, sobretudo os que oferecem contato direto com as áreas onde os animais estejam e em uso por eles, como os bebedouros e comedouros. O transporte de rações e insumos deve, também, seguir padrões seguros, sendo realizado por caminhões específicos, nos quais os silos utilizados devem estar e ser sempre limpos. Técnicos suinícolas e profissionais presentes nos galpões têm de ser orientados a tomar banho previamente ao acesso, bem como a usar roupas específicas.
A introdução dos animais nas granjas deve ser realizada de forma cautelosa. Assim, é muito importante que o produtor suinícola adquira animais que sejam provenientes de granjas certificadas – com a certificação Granja de Reprodutores Suídeos Certificada (GRSC), gerada pela Secretaria de Defesa Agropecuária, do MAPA. Tal comprovação garante um plantel livre de doenças, como Aujeszky, PSC, brucelose e tuberculose, e define, em certificação opcional, que os animais não tenham enfermidades, como rinite atrófica progressiva, pneumonia micoplásmica etc.
Portanto, é relevante a instalação de quarentenários, um ambiente onde é realizada a quarentena dos animais, permitindo o vazio sanitário entre os lotes e proporcionando um maior período de adaptabilidade ao novo sistema de manejo.
A adoção de programas de vacinação influencia a ocorrência, ou não, de algumas enfermidades, assim como determina o sucesso do plantel. Portanto, sugere-se que seja adotado um programa mínimo de aplicação das vacinas preventivas, que respeite as instruções oficializadas pelo MAPA. Doençascomo PSC e DA têm vacinas liberadas mediante autorização do órgão oficial de defesa sanitária.
Para o correto funcionamento de um sistema de produção, é necessário que medidas protocoladas sejam entendidas pelos funcionários do estabelecimento, de maneira que eles compreendam o nível de importância de sua execução, a fim de que o sucesso e os objetivos sejam alcançados. Assim, treinamentos explicativos para a equipe técnica são primordiais para a divulgação da correta execução.
O médico veterinário precisa enfatizar ao proprietário e aos seus funcionários que não subestimem a importância da biossegurança, demonstrando que a eficácia provém do entendimento dos protocolos a serem seguidos, para que, assim, a qualidade de seu produto seja máxima. Estar atento a estas medidas é valorizar a saúde dos animais e, sobretudo, a saúde pública.
SINTETIZANDO
Entender a suinocultura como um mercado abrangente é conhecer os assuntos-base para seu funcionamento. O mercado suinícola é considerado um dos mais expansivos no País, sendo uma boa aposta de investimento em todo o território nacional.
Por isso, estudamos o contexto que envolve a parte prática e dinâmica da suinocultura em geral. Foram abordados os principais conceitos de instalações e sua influência na saúde e no bem-estar dos suínos, pois elas podem afetar, diretamente, as condições físicas deles. Aprendemos, também, que o conceito de ambiência e estresse térmico é de ampla importância para esses animais, devido às suas características anatômicas e de maior sensibilidade.
Nesse contexto, estudamos tanto o manejo alimentar dos suínos quanto a importância do conhecimento dos principais nutrientes fornecidos e elaborados em formulações de rações. Entender, de forma expansiva, esse manejo é estar preparado para atender às necessidades primárias desses animais, o que assegura maiores possibilidades de sucesso na produção.
Abordamos as principais enfermidades presentes nas rotinas nas granjas, o que é um importante material para a manutenção da saúde dos animais e da saúde pública, haja vista que algumas são classificadas como zoonoses. Nesse contexto, aprendemos a importância de medidas de controle e da biossegurança para a prevenção de doenças, a fim de melhorar a qualidade de vida dos animais e da carcaça produzida, validando, assim, o trabalho do médico veterinário.

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