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DORT (resumo)

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SP2- LER/DORT 
Definições 
LER 
Representa um grupo de afecções do sistema 
musculoesquelético. São diversas afecções que 
apresentam manifestações clínicas distintas e que 
variam em intensidade. 
DORT 
Representa a sigla para “Distúrbios 
Osteomusculares Relacionados ao Trabalho” e foi 
introduzida para substituir a sigla LER, 
particularmente por duas razões: primeiro porque 
a maioria dos trabalhadores com sintomas no 
sistema musculoesquelético não apresenta 
evidência de lesão em qualquer estrutura; a outra 
razão é que além do esforço repetitivo (sobrecarga 
dinâmica), outros tipos de sobrecargas no trabalho 
podem ser nocivas para o trabalhador como 
sobrecarga estática (uso de contração muscular 
por períodos prolongados para manutenção de 
postura); excesso de força empregada para 
execução de tarefas; uso de instrumentos que 
transmitam vibração excessiva; trabalhos 
executados com posturas inadequadas. 
Os distúrbios osteomusculares ocupacionais mais 
frequentes são as tendinites (particularmente do 
ombro, cotovelo e punho), as lombalgias (dores na 
região lombar) e as mialgias (dores musculares) em 
diversos locais do corpo. 
Os impactos da DORT na vida do trabalhador são 
multifatoriais, envolvendo fatores psicossociais, 
ambientais, condições de trabalho, jornadas 
extensas e cansativas, intervalos de descanso 
reduzidos ou inexistentes, dentre outros fatores. 
Epidemiologia 
No Brasil, as doenças crônicas não transmissíveis 
(DCNT) são responsáveis por 70% das causas de 
óbito da população. A Pesquisa Nacional de Saúde 
(PNS), no ano de 2013, analisou doenças crônicas 
em 146,3 milhões de pessoas, dentre elas, 
3.568.095 relataram ter diagnóstico de LER/DORT. 
Além do Brasil, em outros países como Japão, 
Estados Unidos e países escandinavos, mais de 30% 
das afecções trabalhistas são diagnosticadas como 
LER/DORT, tendo sua principal queixa a dor e 
incapacidade que geram sofrimento ao paciente 
no ambiente de trabalho. É sabido que as 
LER/DORT são um dos principais agravos de saúde, 
relacionado ao auxílio-doença acidentário. Entre 
2011 e 2013, ela se manteve em segundo lugar, o 
primeiro foi para causas externas. 
Os distúrbios osteomusculares de membros 
superiores são os mais comuns, caracterizados 
pelas tendinites e tenossinovites e estima-se que 
afetam 50% a 80% da população economicamente 
ativa. Entre 2007 e 2016, 67.599 casos desse 
agravo foram notificados no SINAN. 
Etiologia 
Quadros clínicos diagnosticados como LER/DORT, 
apesar da heterogeneidade já exposta, guardam 
entre si a semelhança de terem em sua gênese o 
desconhecimento ou a ignorância das ferramentas 
de prevenção cuja utilidade é consolidada. 
Portanto a doença, geralmente, se origina quando 
há exposição prolongada a sobrecarga estática ou 
dinâmica, jornada de trabalho excessiva, 
ininterrupção, técnicas de produção inapropriadas 
ou ergonomia e antropometria inadequadas. Por 
sobrecarga estática, entende-se a realização de 
força excessiva e a sustentação de peso acima da 
capacidade fisiológica do indivíduo. Já a sobrecarga 
dinâmica é bem exemplificada pelos esforços 
repetitivos. 
Fisiopatologia 
O mecanismo pelo qual as LER/DORT se instalam 
tem em comum o fato de se iniciarem pela 
sobrecarga biomecânica do tecido 
musculoesquelético. O evento fisiológico 
secundário varia conforme a estrutura corporal 
acometida. 
Dor 
Decorre do estímulo às terminações nervosas 
contidas nos tecidos acometidos por lesão, alta 
pressão mecânica, isquemia, extremos de 
temperatura e agressão química. Esse estímulo é 
transmitido pelas vias aferentes ao sistema 
nervoso central e nele pode ser interpretado e 
modulado. Quando a causa da dor é um dano 
maciço ou uma inflamação crônica, pode ocorrer 
hiperalgesia periférica, o que justifica o quadro 
progressivo da dor nas LER/DORT 
Isquemia 
O estresse compressivo e tensional exercido 
reciprocamente por tendões, músculos e 
ligamentos oblitera a microvasculatura local e 
induz hipertrofia das camadas média e íntima das 
arteríolas, reduzindo ainda mais o lúmen do vaso. 
Quando isso ocorre com intensidade, duração ou 
frequência suprafisiológica, surgem lesões 
isquêmicas de repercussão variável, podendo ser 
tão simples quanto uma dor local temporária ou 
tão complexa quanto a disfunção grave. 
Dano estrutural 
Cargas excessivas podem causar microrrupturas 
instantâneas de fibras musculares e dano à 
estrutura interna dos tendões. A regeneração 
dessa estrutura envolve a infiltração de vasos e 
nervos que, paradoxalmente, pode degenerá-lo ou 
causar fibrose quando essa agressão é crônica. 
Nos esforços repetitivos, soma-se aos mecanismos 
de dano celular o acúmulo de íons Ca++ no 
sarcoplasma em quantidade tóxica. Na negligência 
dos intervalos, destaca-se que a manutenção da 
contração muscular por períodos prolongados 
induz à permanência da ativação de unidades 
motoras mesmo após a cessação do estímulo 
central. 
Sinais e sintomas 
De forma geral, os sintomas compreendem: dor, 
sensação de peso e fadiga dos membros 
superiores, parestesia, após fadiga e 
impossibilidade de recuperação dos locais 
acometidos, causada por trabalho realizado em 
posição fixa ou com movimentos repetitivos. 
Exame físico 
Durante a consulta médica, é imprescindível a 
realização de um exame físico minucioso, com 
inspeção, palpação e testes especiais para cada 
patologia a ser pesquisada. 
- À inspeção, deve-se verificar a presença de 
edema, coloração, simetria, atrofia, deformidades 
e cicatrizes. 
- À palpação, pesquisar alodínia (dor em 
movimentos que normalmente não causariam 
dor), edema, temperatura e crepitação. 
- Antes de realizar os testes específicos, investigar 
a amplitude de movimento ativa e passiva da 
articulação investigada. 
 
Síndrome do túnel do carpo 
(STC) 
A síndrome do túnel do carpo é definida como uma 
compressão do nervo mediano na junção do 
antebraço distal com o punho. 
Acomete a região do nervo mediano, portanto a 
dormência ou formigamento são entre o primeiro, 
segundo terceiro quirodáctilos e lado radial do 4º 
quirodáctilo. 
A Síndrome do Túnel do Carpo (STC) é de longe a 
mais prevalente dentre as mononeuropatias 
compressivas dos nervos periféricos dos membros 
superiores. 
Epidemiologia 
A STC acomete muito mais mulheres do que 
homens, na proporção média de 9:1 (devido a 
dupla jornada da mulher), sendo que a incidência é 
maior na perimenopausa, enquanto que os 
homens costumam ser acometidos mais 
precocemente, talvez em decorrência do início de 
suas atividades profissionais se dar ainda em faixas 
etárias menores. 
A STC provavelmente afeta de 0,2 a 2% da 
população trabalhadora e de sua faixa etária, 
dependendo da definição de cada caso. 
Etiologia 
Até há pouco tempo se admitia que a grande 
maioria dos casos fosse de causa idiopática, mas, 
nos dias atuais, foram identificadas mais de 15 
causas, entre as quais o diabetes, o 
hipotireoidismo, a amiloidose, a artrite 
reumatoide, acromegalia, tenosinovites e até 
mesmo estados fisiológicos como a gravidez. 
Outras causas, como variações anatômicas como a 
do músculo palmar reverso, dos corpos musculares 
dos tendões flexores anomalamente longos, que 
invadem o túnel do carpo, além da persistência da 
artéria mediana em virtude de sua não involução, 
e de crescimentos tumorais benignos e, não 
necessariamente malignos. 
 
Em situações que envolvem trabalho manual em 
determinadas atividades profissionais, alguns 
fatores de risco merecem ser citados. Convém 
lembrar que, em medicina ocupacional, fator de 
risco não significa causa, apenas uma possibilidade 
de ser uma concausa. 
Pontos importantes relacionados aos fatores de 
risco: 
- Existem evidências razoáveis de que o uso regular 
e prolongado de ferramentas portáteis com 
dispositivos que produzem vibrações, mais do que 
dobram o risco de se ter a STC. 
- Também existem fortes evidências de riscos iguais 
ou maiores do que flexões e extensões do punho 
prolongadas e repetitivas, principalmente quando 
aliadasà forte empunhadura (segurar com muita 
força a raquete de tênis). 
- Não existem elementos de prova de que o mouse 
e o teclado do computador sejam causas de STC. 
Outras pesquisas, no mesmo sentido, também 
provaram que não há relação de causa e feito. 
Estudos são necessários para determinar com 
precisão a intensidade, a velocidade e o tempo de 
uso destes elementos, implicados na gênese da 
STC. 
Fisiopatologia 
O aumento de pressão no interior do túnel do 
carpo provoca, de início, dificuldade no retorno 
venoso do nervo mediano, pois as vênulas são 
muito mais suscetíveis à compressão do que as 
artérias. O obstáculo à circulação venosa já 
ocasiona uma diminuição da velocidade de 
perfusão arterial, por hipertensão retrógrada, 
fazendo com que se instale uma anóxia (ausência 
de oxigênio) intrafascicular. 
Nas fases mais avançadas da síndrome, ocorre 
também obstrução arteriolar e degeneração da 
bainha de mielina, que podem causar degeneração 
das fibras nervosas e fibrose intraneural. 
Muito antes de ocorrer a fibrose intraneural, já 
ocorre dificuldade na transmissão do estímulo 
nervoso, cuja velocidade diminui sensivelmente. A 
anóxia inicial do nervo causa dor, que pode 
diminuir nas fases mais avançadas, quando 
predominam os sintomas sensitivos, tipo 
parestesia e hipoestesia, e motores, tipo paresia. 
Dessa forma, ocorre um bloqueio temporário da 
condução das fibras mielinizadas do nervo 
mediano, causando parestesia e desconforto na 
mão. Se a elevação da pressão no túnel do carpo 
persistir, é possível ocorrer isquemia no nervo 
mediano, resultando em parestesia, dor e 
comprometimento na estrutura de mielina do 
nervo supracitado. 
Esta compressão pode ocorrer tanto pelo aumento 
do volume do continente ou pela diminuição do 
volume do conteúdo das estruturas contidas no 
interior do túnel. 
Sinais e sintomas 
- Dor surda, desconforto na mão, antebraço e 
braço. 
- Parestesias na mão. 
- Fraqueza ou “falta de jeito na mão”. 
- Pele seca, inchaço, ou alterações da cor das mãos. 
- Ocorrência de qualquer das condições acima na 
distribuição do nervo mediano. 
- Aparecimento (provocação) dos sintomas 
durante o sono; 
- Provocação dos sintomas pela posição da mão e 
braços levantados. 
- Aparecimento dos sintomas por movimentos 
repetitivos da mão e dos punhos. 
- Atenuação dos sintomas por mudança na postura 
da mão ou sacudimento do punho. 
As manifestações clínicas surgem, em geral, 
lentamente, ao longo de alguns meses ou anos, 
mas podem surgir quase que subitamente em 
decorrência de traumatismos ou de doenças de 
aparecimento súbito, como a trombose da artéria 
mediana. Apesar de ser uma síndrome 
característica da mulher mais idosa, pode, como já 
assinalamos, surgir no decorrer de uma gravidez, 
às vezes com sintomas muito intensos. Nesses 
casos, a STC decorre, geralmente, do edema 
generalizado que acontece neste estado fisiológico 
da mulher grávida. Na maioria dos casos, costuma 
ter remissão espontânea depois do parto, embora, 
às vezes, possa ser persistente. 
Diagnóstico 
Classicamente, a STC se caracteriza por alterações 
sensitivas e motoras na distribuição do nervo 
mediano das mãos, associada a claras evidências 
de um retardo da condução nervosa através do 
nervo mediano. O diagnóstico da síndrome do 
túnel do carpo é eminentemente clínico. As 
queixas iniciais referidas pelo paciente são o 
formigamento e a dormência no território do nervo 
mediano, além de sensações de choque e 
agulhadas. A dor pode, eventualmente, estar 
presente nesta fase. 
O examinador deve estar atento às nuanças na 
forma de apresentação clínica que, embora típica, 
na maioria dos casos pode, no entanto, ser 
polimorfa. A utilização extenuante e vigorosa da 
mão tende a agravar os sintomas, geralmente 
várias horas após a atividade laboral ou outra 
qualquer, fato este relevante no diagnóstico. Os 
sintomas resultam da lesão da bainha de mielina e 
se manifestam como latências e velocidade de 
condução retardada na eletroneuromiografia. O 
eletrodiagnóstico se fundamenta nesta diminuição 
do estímulo elétrico através do túnel carpal e exige 
comparação com uma condução no túnel 
homolateral. 
A dor e a parestesia irradiam para o território 
sensitivo do nervo mediano, que compreende o 
polegar, os dedos indicador, médio e a metade 
radial do anular; com muita frequência, o paciente 
refere que o dedo médio está “inchado” ou 
“engrossado”. Os sintomas sensitivos ocorrem 
mais à noite, durante o sono, acordando o 
paciente, que movimenta a mão no ar ou deixa-a 
pendente, em busca de alívio. Não são 
infrequentes as referências de queda de objetos da 
mão, que se deve tanto à perda da força do 
polegar, como à diminuição da sensibilidade no 
território do nervo mediano, sinais que devem ser 
procurados pelo examinador. 
O exame objetivo pode mostrar a atrofia da 
musculatura da eminência tênar, particularmente 
do oponente do polegar, que é o mais superficial. 
Mais frequente que a atrofia é a paresia (perda da 
força), às vezes já referida pelo paciente, que pode 
existir antes mesmo que a atrofia não seja evidente 
e que pode ser comprovada pelo teste específico 
de avaliação da força do abdutor curto (o 
examinador opõe o seu polegar ao do paciente, 
estando as palmas das mãos frente a frente). 
O exame físico do punho é complementado pelos 
testes chamados de “irritativos”. O sinal de Tinel é 
pesquisado pela percussão do nervo mediano no 
nível ou logo acima da borda proximal do 
ligamento transverso do carpo, que coincide com a 
prega flexora do punho. 
 
O paciente refere, categoricamente, uma sensação 
de choque elétrico ou formigamento no local da 
percussão, irradiada no território sensitivo do 
nervo mediano. 
O teste de Phalen, considerado patognomônico, é 
pesquisado pela flexão acentuada não forçada do 
punho (frequentemente opondo os dorsos das 
duas mãos em frente ao tronco), e desencadeia os 
sintomas sensitivos característicos da síndrome, 
semelhantes aos que o paciente refere, devendo 
ficar nesta posição citada por aproximadamente 60 
segundos. 
 
Exames complementares 
Eletroneuromiografia 
Quando o diagnóstico clínico é duvidoso, a 
eletroneuromiografia pode esclarecê-lo. É o 
melhor método para a confirmação do diagnóstico 
clínico e é importante para o diagnóstico 
diferencial com outras doenças, como as 
mielopatias cervicais espondiloartrósicas ou não, e 
neuropatias de outros nervos. Desde que haja 
comprometimento substancial das fibras nervosas, 
o exame da velocidade de condução sensitiva e 
motora (VCS e VCM) pode mostrá-las diminuídas 
ao nível do túnel do carpo, confirmando tanto o 
envolvimento do nervo mediano como a topografia 
da lesão. 
O aparelho de eletroneuromiografia e o 
examinador devem ter alto nível de excelência. 
A eletroneuromiografia permite o 
acompanhamento evolutivo pré-operatório, mas 
não é o ideal para avaliação de quadros pós-
cirúrgicos. 
Quando o diagnóstico clínico de STC é duvidoso, a 
eletromiografia pode ajudar, desde que haja 
comprometimento substancial das fibras nervosas; 
a eletromiografia positiva confirma a suspeita 
clínica de STC, mas, se negativa, não a afasta. 
 
Exames laboratoriais 
Exames bioquímicos restringem-se quase sempre à 
glicemia de jejum, glicose pós-prandial e curva 
glicêmica, além da dosagem de hormônios 
tireoidianos, visto que tanto o diabetes como o 
hipotireoidismo são causas de neuropatia 
periférica, e fazem parte do espectro etiológico da 
STC. O tratamento adequado e o controle destas 
doenças é altamente efetivo na remissão e até o 
desaparecimento dos sintomas. 
Diagnóstico diferencial 
 
Tratamento 
O tratamento da STC clássica, sem doença 
sistêmica, massa no punho, deformidade óssea 
maior ou infecção, deve ser iniciado se a 
sintomatologia interferir nas atividades diárias 
do(a) paciente. O tratamento deve ser 
individualizado para cada tipo de paciente. 
Inicialmente, recomenda-se tratamento 
conservador com órteses para o punho em posição 
neutra, modificação da posturadas mãos durante 
atividades diárias, como digitar com o uso de 
suporte para o punho, correção dos distúrbios 
hormonais, remoção de constrições e medicações 
anti-inflamatórias não hormonais. 
Em relação à infiltração de cortisona no túnel do 
carpo, ela pode ser indicada nos casos leves em 
que não há perda da sensibilidade, atrofia tênar e 
fraqueza. 
O índice de melhora como tratamento conservador 
é relativamente baixo, estando entre 30 e 50% de 
remissão dos sintomas. 
O tratamento cirúrgico deve ser reservado para 
casos crônicos, com sintomatologia exacerbada, 
com atrofia tênar intensa, com alterações miélicas 
motoras à eletroneuromiografia e após tratamento 
conservador ineficaz. Nesses casos, o tratamento 
cirúrgico para pessoas com síndrome do túnel do 
carpo é significativamente melhor que o 
conservador. 
 
 
 
 
Tendinopatias 
Tendinopatia é um termo utilizado na prática 
clínica, enquanto tendinite é um termo relacionado 
a um diagnóstico histológico, em que há presença 
de células inflamatórias nos tendões acometidos. A 
tenossinovite está relacionada ao acometimento 
histológico do tendão e da bainha sinovial que o 
envolve. 
As tendinopatias mais comuns em trabalhadores 
são a tenossinovite estenosante dos flexores (dedo 
em gatilho) e tenossinovite de De Quervain. 
 
Tenossinovite estenosante de 
DeQuervain 
A tenossinovite de De Quervain (TDQ) é a 
tendinopatia mais comum da mão e do punho em 
trabalhadoras que realizam trabalhos repetitivos, 
causando dificuldades nas atividades de vida 
diárias. A dor no lado radial do pulso, que é o 
principal sintoma, piora com abdução do polegar, 
com a ação de preensão da mão e com o desvio 
ulnar do punho. Esta é causada pelo deslizamento 
resistido dos tendões abdutor longo do polegar 
(ALP) e extensor curto do polegar (ECP) no canal 
fibro-ósseo do primeiro compartimento extensor 
do punho. 
Vários nomes foram dados a esta doença, como 
tendinite estenosante, tenossinovite estenosante, 
tenovaginite estilóide e tendovaginite 
estenosante. Todos esses termos estão apenas 
denotando inflamação do tendão, enquanto que a 
tenossinovite de De Quervain significa uma doença 
degenerativa do primeiro compartimento dorsal 
do punho. 
Epidemiologia 
A tenossinovite de De Quervain (TDQ) é uma causa 
comum de dor no pulso em adultos ativos entre 30 
e 50 anos de idade, afetando predominantemente 
a mão dominante. Na literatura revista a 
percentagem de afetação da mão dominante varia 
entre os 52%-73%, sendo também possível esta 
tendinopatia ocorrer bilateralmente. É 6 a 10 vezes 
mais prevalente em mulheres do que em homens. 
É o distúrbio tendinoso mais comum da mão e 
punho em trabalhadoras que realizam trabalhos 
repetitivos. 
A incidência é maior em certas profissões como: 
donas de casa, empregadas de limpeza, costureiras 
e pianistas. É a tendinopatia do punho mais comum 
em atletas, frequentemente em desportos como o 
voleibol, golf e desportos de raquete e de remo. É 
associada também a algumas patologias como a 
Diabetes Mellitus e a Artrite Reumatoide. 
Etiopatogênese 
A etiologia da TDQ não é bem conhecida. 
A designação de tenossinovite é também um 
pouco inapropriada, já que o principal marcador 
histológico da doença é o acúmulo de 
mucopolissacarídeos na bainha tendinosa, 
indicando processo degenerativo em curso. De 
modo mais preciso, a camada reticular externa da 
bainha é histologicamente normal, ao passo que a 
camada interna demonstra degeneração mixoide 
ou mucinosa (colágeno desorganizado e aumento 
da matriz celular) e a camada central exibe 
proliferação vascular e macrófagos. No entanto, 
estudos recentes demonstraram que fatores 
inflamatórios e a infiltração celular por macrófagos 
também estão presentes na TDQ. 
A principal alteração estrutural na TDQ é o 
espessamento degenerativo do retináculo 
extensor que cobre o primeiro compartimento 
extensor, às vezes combinado com o 
adelgaçamento secundário do tendão dentro do 
compartimento e espessamento do tendão fora do 
compartimento. Casos graves têm sido associados 
a um extenso espessamento do retináculo três a 
quatro vezes maior que o normal. 
Este espessamento é devido principalmente a uma 
combinação de movimentos repetitivos que 
envolvem pronação e supinação do antebraço, 
desvio ulnar e radial do punho e abdução e/ou 
extensão do polegar. 
Além disso, parece que dois fatores anatômicos 
estão muitas vezes implicados na etiologia desta 
tendinopatia. 
1- O primeiro está relacionado com a anatomia do 
tendão ALP, apresentando muitas vezes tendões 
acessórios que ocupam mais espaço do que o 
esperado na lâmina do primeiro compartimento 
extensor. 
2- O segundo corresponde às características 
morfológicas deste compartimento, que muitas 
das vezes, tem um septo medial que o separa em 
dois e, portanto, reduz o espaço. 
Estas duas características anatômicas propiciam 
um aumento do atrito e promovem a inflamação 
dentro deste túnel. 
Sinais e sintomas 
Indivíduos com TDQ frequentemente relatam um 
início gradual de dor ou sensibilidade no estilóide 
radial que pode ser acompanhada de inchaço. 
Achados adicionais no exame físico podem incluir 
diminuição da amplitude de movimento de 
abdução e extensão na primeira articulação 
carpometacarpiana, dor com ativação isométrica 
dos tendões e crepitação dos tendões que se 
deslocam através da bainha extensora espessada. 
Essa dor, que às vezes pode ser muito intensa, 
manifesta-se principalmente durante os 
movimentos de abdução ativa do polegar e do 
punho, ou na adução passiva e ativa do polegar e 
do punho. Além disso, a dor piora com a ação de 
preensão da mão e desvio ulnar do punho, 
tornando-se difíceis e dolorosos os movimentos 
que implicam segurar em algo. Outra característica 
desta tendinopatia presente no exame físico é o 
fato de que ao movimentar o polegar existe uma 
sensação de movimento intermitente em 
“disparo”. 
Diagnóstico 
O diagnóstico inicial da TDQ é geralmente feito 
com base nos sintomas clínicos, em combinação 
com o exame físico. O teste mais utilizado para o 
diagnóstico é o teste de Finkelstein. 
 
 
Este teste é positivo quando provoca uma dor 
excruciante sobre a ponta do estiloide radial. Uma 
grande desvantagem deste método é que o teste 
pode provocar dor em indivíduos saudáveis, sendo 
por isso a ecografia um recurso muito útil para 
confirmar e avaliar o grau da tendinopatia. 
Diagnóstico ecográfico 
A ecografia demonstrou ser um meio rápido, 
barato, eficiente e dinâmico de visualizar 
detalhadamente as estruturas de tecido mole do 
punho e da mão. 
A imagem ecográfica tem o benefício de ser 
dinâmica desempenhando um papel importante na 
avaliação da extensão das lesões parciais dos 
tendões e também pode confirmar o diagnóstico 
de entidades, como a TDQ. Fraturas, esporões 
ósseos e características da artrite reumatoide têm 
aparência característica na ecografia, enquanto 
entidades como dedo em gatilho e lesão do 
ligamento colateral ulnar também podem ser 
diagnosticadas. 
Na TDQ espera-se que as radiografias sejam 
normais e do ponto de vista ecográfico, os achados 
típicos da tenossinovite são o espessamento e a 
hipoecogenicidade da bainha sinovial à volta dos 
tendões. A ecografia pode também demonstrar 
hipertrofia do retináculo que cobre o primeiro 
compartimento dorsal do punho, hipertrofia e 
aparência heterôgena dos tendões e alterações 
inflamatórias adjacentes, como o derrame. 
Diagnóstico diferencial 
Para fazer o diagnóstico correto de TDQ, deve-se 
excluir algumas causas de dor no lado radial do 
punho e antebraço. Deve-se, então, considerar a 
presença de osteoartrite na primeira articulação 
carpometacarpiana, rizartrose, um problema no 
nervo radial superficial (nevralgia/síndrome de 
Wartenberg) e a síndrome de interseção. 
Tratamento 
Há várias opções de tratamento disponíveis para a 
TDQ, que incluem desde tratamentos 
conservadores a tratamentos cirúrgicos. É 
consensual iniciar o tratamento com um 
tratamento conservador, que passa pelouso de 
uma tala de imobilização do punho e do polegar 
(durante 3-8 semanas, 24h por dia), uso 
concomitante de AINE’s (normalmente é prescrito 
por 2 semanas) e realização de programas de 
reabilitação músculo-tendinoso. 
Mais tarde, se não houver resultados animadores, 
serão oferecidas injeções de corticosteroides. 
Finalmente, como último recurso, podemos 
recorrer ao tratamento cirúrgico, mas sem garantir 
uma cura rápida. 
Além destas, outras modalidades terapêuticas 
adicionais podem ser consideradas, incluindo 
ultrassons, terapia com exercícios e cinesioterapia 
(A cinesioterapia é o uso do movimento ou 
exercício como forma de tratamento, a fim de 
proporcionar ao paciente um melhor e mais eficaz 
trabalho de prevenção, cura e reabilitação). 
As instruções para o paciente podem ser dadas em 
3 níveis: ao nível das atividades, ao nível da função 
(força, amplitude de movimento, movimentos 
repetitivos) e ao nível da dor. 
 
O tratamento cirúrgico é reservado para a forma 
mais grave da TDQ, ou seja, aqueles pacientes em 
que as medidas conservadoras falharam ou os 
sintomas persistem há mais de 9 meses. 
 
 
Atenção à saúde do 
trabalhador 
Diferentemente do que ocorre com doenças não 
ocupacionais, as doenças relacionadas ao trabalho 
têm implicações legais que atingem a vida dos 
pacientes. O seu reconhecimento é regido por 
normas e legislação, conforme a finalidade. 
A Portaria n.º 777, do Ministério da Saúde, de 28 
de abril de 2004, tornou de notificação 
compulsória vários agravos relacionados ao 
trabalho, entre os quais os de LER/Dort, cujo 
protocolo é este que se apresenta. Neste caso, não 
há implicações diretas para o paciente, pois a 
finalidade é a notificação para prevenção de novos 
casos de agravamento dos já existentes e 
organização de serviços e especialidades 
necessárias, por meio de intervenções nas áreas de 
assistência, vigilância e planejamento. 
Para os segurados do Seguro Acidente de Trabalho 
(SAT), além da notificação aos sistemas de 
informações de saúde, é necessário notificar os 
casos à Previdência Social. Neste caso, há 
consequências diretas para o paciente, pois – a 
partir do reconhecimento de uma doença 
ocupacional pela Previdência Social e da 
incapacidade para o trabalho – ocorre a concessão 
de auxílio-doença por acidente de trabalho para os 
trabalhadores com necessidade de afastamentos 
por mais de 15 dias. A concessão de auxílio-doença 
por acidente de trabalho implica manutenção do 
recolhimento do fundo de garantia durante o 
afastamento do trabalho e estabilidade durante 
um ano após o retorno ao serviço.

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