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DOENÇAS MICROBIANAS DO SISTEMA RESPIRATÓRIO FARINGITE Conceito: São infecções/inflamações, origem viral ou bacteriano, que afetam a parede posterior da orofaringe. Em geral, o quadro afeta a toda a orofaringe, denominando-se faringoamigdalite. Frequentemente afeta a mucosa do palato. Normalmente causada por vírus, mas também pode ser decorrente de bactérias Faringite viral: Inicio gradual, que se acompanha de febre baixa, mal-estar e anorexia (falta de apetite). A dor de garganta costuma ser moderada, podendo estar presente desde o início do processo ou, mais comum, aparecer um ou dois dias após os outros sintomas Normalmente as faringites virais são acompanhadas de outros sinais de infecção respiratória alta, como tosse, espirros, constipação nasal, conjuntivite e rouquidão Faringite bacteriana: Inicio súbito, calafrios, dor de garganta intensa, dor ao engolir, cefaléia (dor de cabeça), doe abdominal, orofaringe hiperemiada com placas de pus, petéquias no palato mole e adenite cervical (íngua dolorosa). Em adultos a tríade formada por febre acima de 37,8ºC, existência de placas de pus e adenite cervical anterior é a mais sugestiva de faringite bacteriana Diferença entre faringite viral e faringite bacteriana: Epidemiologia: Pico de incidência: 5 e 15 anos Incomum em < 3 anos Portadores assintomáticos: 12% entre 5-18 anos, 4% entre < anos Padrão sazonal: maior frequencia no final do outono, inverno e início primavera Etiologia – bactérias: Streptococcus pyogenes, β-hemolítico do grupo A (é o principal agente), Enterococcus spp, Streptococcus dysgalacitae, Staphylococcus aureus, Moraxela catharrhalis, Mycoplasma pneumoniae, Fusobacterium necrophorum, Neisseria gonorrhoeae, Corynebacterium diphtheriae Etiologia – vírus: Epstein-Barr vírus, Adenovírus, Rinovírus, Influenza, Parainfluenza, Coronavírus, Coxsackievírus (nesses casos, é comum observar a presença de aftas no palato. Curiosamente, a febre aftosa do gado bovino é transmitida por Coxsackievírus) Complicações: Diagnóstico: Diagnóstico – SWAB: Coleta do material com boa visualização orofaringe. Swab vigoroso de ambas amígdalas e parede posterior da orofaringe. O Swab não deve tocar a língua ou mucosa oral na entrada e saída da boca MONONUCLEOSE A mononucleose infecciosa, também conhecida como doença do beijo. É uma doença contagiosa causada por um vírus da família do Herpes, chamado vírus Epstein-Barr Transmissão: O vírus Epstein-Barr é transmitido de humano para humano através da saliva. Por este motivo ganhou a alcunha de “doença do beijo” A mononucleose também pode ser transmitida pela tosse, espirro, objetos, como copos e talheres, ou qualquer outro modo no qual haja contato com a saliva de uma pessoa contaminada Um indivíduo infectado pelo Epstein-Barr costuma manter-se com o vírus na sua orofaringe, em média, por 6 meses após a resolução dos sintomas, podendo contaminar pessoas com quem mantenha algum contato íntimo, principalmente se prolongado Transmissão: saliva, transfusão sanguínea ou outro órgão, mucosa da boca, mucosa da garganta Sintomas: Falta de apetite, dor de garganta, mal-estar, pús, dor de cabeça, febre (39,5ºC) tarde e início da noite, vômito, náuseas e calafrios, dor muscular Aumento do baço, chamado de esplenomegalia. Quando ocorre, é necessário manter repouso, devido ao risco de ruptura do mesmo O acometimento do fígado não é incomum, podendo levar a um quadro de hepatite com icterícia em até 20% dos casos Outras complicações descritas, porém menos comuns, são a síndrome de Guillain-Barré e a paralisia facial Diferença entre mononucleose e faringite bacteriana: Em geral, as faringites ou amigdalites provocadas pelo EBV não causam pus n amigdalas. Esse sinal costuma ser típico das amigdalites bacterianas Alguns pacientes com mononucleose podem desenvolver uma amigdalite purulenta, muitas vezes com o aspecto que parece um manto de pus recobrindo as amígdalas. Nesses casos, é difícil distinguir sem exames complementares se a origem da amigdalite é bacteriana ou é mononucleose Diagnóstico: Quadro clínico e é confirmado por análises de sangue. No hemograma da mononucleose um achado é o aumente do número de leucócitos (leucocitose), causado pela maior produção de linfócitos (linfocitose) Quando o fígado é acometido, pode haver elevação das enzimas hepáticas, chamadas TGO e TGP O diagnóstico definitivo, porém, é feito através da sorologia, com a pesquisa de anticorpos. O mais comum e simples é um exame chamado monoteste PNEUMONIA A pneumonia infecciosa define-se como uma condensação inflamatória aguda dos alvéolos e/ou infiltração do tecido intersticial pulmonar que resulta da ação de células inflamatórias em resposta à agressão de um determinado agente microbiano É comum na infância. Motivo frequente de ida aos serviços de urgência, a maioria não necessita de internamento e devem ser orientadas no ambulatório. Em pediatria a etiologia viral é a mais frequente (80-85%) A utilização de antibióticos deve ser criteriosa (o uso indiscriminado agrava as resistências aos antimicrobianos) e só esta indicada na suspeita de infecção bacteriana Fisiopatologia: · Obstrução de VAS: diminui o transporte mucociliar · Edema pulmonar: diminui fagocitose e aumenta a aspiração · Imunodeficiência: diminui a fagocitose · Inconsciência/etilismo: aumenta a aspiração e diminui a fagocitose · Infecções virais: aumenta a aderência a mucosa e diminui o transporte mucociliar e a fagocitose Classificação: · Local de aquisição: comunitária ou hospitalar · Tempo de evolução: aguda, sub-aguda e crônica · Tipo de comprometimento: lobar, infiltrado intersticial, broncopneumonia, abcesso ou derrame pleural · Provável agente causal: infeccioso ou não infeccioso Agentes etiológicos: Bacterianas: Streptococcus pneumoniae, Staphylococcus aureus, Klebsiella pneumoniae, Haemophylus influenzae, Legionella, Chlamydia, Mycobacterium, Actynomices, Rickettsias Virais: Influenza, Parainfluenza, Vírus Sincicial Respiratório (VSR), Adenovírus, Citomegalovírus (CMV), Coronavírus, Hantavírus Fúngicas: Paracoccidioides brasiliensis, Histoplasma capsulatum, Coccidioides immitis, Cryptococcus neoformans, Candida albicans, Aspergillus spp, Pneumocystis spp, Fechifomicetos spp Pneumonias bacterianas agudas: Adulto imunocompetente, origem na comunidade Patógenos mais comuns: · Ambulatorial (quadros leves): Streptococcus pneumoniae, Mycoplasma pneumoniae, Chlamydia pneumoniae, Vírus respiratórios, Haemophylus influenzae · Internado (não em UTI): Streptococcus pneumoniae, Mycoplasma pneumoniae, Chlamydia pneumoniae, Vírus respiratórios, Haemophylus influenzae, Legionella sp. · Internados em UTI (quadros graves): Streptococcus pneumoniae, Bacilos Gram-negativos, Haemophylus. Influenzae, Legionella sp., Staphylococcus aureus Sinais e sintomas: Diagnóstico: Cultura de escarro e bacterioscopia ao Gram, para identificar a bactéria causadora, hemocultura, reação em cadeia de polimerase (PCR) liquido pleural, imunifluorescencia indireta (IFI) vírus respiratório (secreções), PCR vírus respiratórios (secreções), serologia vírus respiratórios (sangue), IFI Chlamydia (secreções, sangue), Serologia Mycoplasma (sangue), PCR Bordetela (secreções) Exames complementares: raio X de tórax e hemograma SÍNDROMES RESPIRATÓRIAS AGUDAS O que é um coronavírus? Os primeiros coronavírus humanos foram inicialmente identificados em meados da década de 1960. Os coronavírus são uma grande família de vírus encontrados em animais (porcos, camelos, morcegos, gatos) e humanos Alguns desses vírus atravessam a barreira interespécies, infectando as pessoas, podendo causar doenças que pode variar desde ao resfriado comum ou doença mais grave, como a Síndrome Respiratória do Oriente Médio (MERS) e a Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS) Epidemiologia: SARS-CoV se originou de morcegos, destacando sua capacidade zoonótica. No entanto, o SARS-CoV pode infectar humanos e animais, incluído macacos, cães, gatos e roedores Já a MERS (síndrome respiratóriado oriente médio) acredita-se que o vetor é o morcego, que contaminou o camelo e os humanos. A contaminação pode ser entre os animais, dos animais ao homem e entre os seres humanos Sintomatologia do MERS-Cov: Temperatura > 38ºC, tosse, vomito, diarreia e complicações como pneumonia severa e falência renal Prevenção: lavagem das mãos, uso de máscara e cozimento dos alimentos Não existe vacina, no entanto são utilizados alguns retrovirais. Os grupos de risco são variáveis. Quadro clínico da doença COVID-19: Presença de febre subjetiva ou confirmada, tosse, dificuldade para respirar, problemas gastrointestinais (diarréia). Nos casos graves pode surgir pneumonia, síndrome respiratória aguda grave, falência renal e óbito O espectro clínico da COVID-19 pode variar de simples infecção respiratória até uma pneumonia grave. Pode-se esperar uma variedade de anormalidades nas radiografias de tórax, mais infiltrados pulmonares bilaterais parecem ser comuns (semelhante ao observado em outros tipos de pneumonia viral) COVID-19 – Transmissão direta: Acredita-se que a transmissão, ocorre pela via respiratória, de pessoa em pessoa, quando em contatos próximos (cerca de um metro e oitenta cm). A transmissão de pessoa a pessoa ocorre principalmente através de gotículas respiratórias, produzidas quando uma pessoa infectada tosse ou espirra, semelhante à forma como a influenza e outros patógenos respiratórios são transmitidos A transmissão de pessoa para pessoa foi descrita em ambiente hospitalar e familiar. Normalmente, como a maioria dos vírus respiratórios, as pessoas são consideradas mais contagiosas quando apresentam sintomas. Com 2019-nCoV, no entanto, ocorreu a transmissão de pessoa infectada assintomática (infecção inaparente ou subclínica) para um contato próximo COVID-19: Transmissão Indireta: Não esta claro se uma pessoa pode adquirir infecção pelo COVID-19 ao tocar, com as mãos, uma superfície ou um objeto contaminado com o vírus e, em seguida, tocar os olhos, boca ou nariz. Não há estudos em relação ao tempo de sobrevida do vírus COVID-19 em superfícies Porém, uma análise de 22 estudos revelam que os demais coronavírus humanos, como o coronavírus da Síndrome Respiratória Aguda Grave (SAARS), o coronavírus da Síndrome Respiratória do Oriente Médio (MERS) ou o coronavírus humano endêmico (HCoV), podem persistir em superfícies inanimadas como metal, vidro ou plástico por até 9 dias A desinfecção da superfície com hipoclorito de sódio a 0,1% ou álcool a 70% reduz significativamente a infectividade do coronavírus em 1 minuto de tempo de exposição. Espera-se um efeito semelhante contra o 2019-nCoV Em que situação se considera um caso suspeito de coranavírus no brasil? Situação 1: febre E pelo menos um sinal ou sintoma respiratório (tosse, dificuldade para respirar) E histórico de contato próximo de caso suspeito para o coronavírus nos últimos 14 dias anteriores ao aparecimento dos sinais ou sintomas; OU Situação 2: febre E pelo menos um sinal ou sintoma respiratório (tosse, dificuldade para respirar) E histórico de contato próximo de caso suspeito para o coronavírus nos últimos 14 dias anteriores ao aparecimento dos sinais ou sintomas; OU Situação 3: febre OU pelo menos um sinal ou sintoma respiratório (tosse, dificuldade para respirar) E contato próximo de caso confirmado de coronavírus em laboratório, nos últimos 14 dias anteriores ai aparecimento dos sinais ou sintomas Diagnóstico: O diagnóstico inicial é clinico , ou seja, o médico analisará os sinais e sintomas de um quadro gripal, por intermédio do exame físico do doente As pessoas com quadro gripal que passaram por um serviço de saúde terão o histórico de viagem questionado (se viajou para o exterior ou teve contato próximo com pessoas que viajaram) Adicionalmente, será coletada uma amostra da orofaringe (boca e nariz), com uma espécie de cotonete (Swab) ou através da própria secreção, como catarro, que será encaminhada para os laboratórios de referencia, os quais identificarão o material genético do vírus Podemos utilizar dois tipos de teste para diagnóstico de SARS-Cov, testes que detectam o vírus ou testes que detectam a resposta imunitária e a potencial imunidade. Os teste que detectam vírus são: reação em cadeia da polimerase da transcrição reversa (RT-PCR) e testes de antígenos. Já os testes que detectam a resposta imunitária e a potencial imunidade são: testes de anticorpos Complicações da COVID-19: Síndrome respiratória Aguda Grave, coinfecção (fungos e bactérias), edema pulomonar, falência de múltiplos órgãos, sepse, falência renal, óbito A maioria dos pacientes apresenta doença leve. Aproximadamente 20% dos casos evoluem para doença grave. Doenças graves são mais prováveis de ocorrer em pessoas idosas ou com problemas de saúde subjacentes (comorbidades) Resumo – Coronavírus: Formas de contágio: pelo ar ou contato pessoal com secreções contaminadas (saliva e catarro) Sintomas: febre e tosse, dificuldade para respirar – pode causar pneumonia e até morte Como evitar: usar lenço descartável, evitar contato com quem sofre de infecções respiratórias, lavar as mãos frequentemente, usar álcool gel para limpar a superfície dos móveis e objetos, evitar contato com animais selvagens ou doentes