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29/09/2023, 20:28 Sociedade anônima https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/07321/index.html# 1/49 Sociedade anônima Prof. Alexandre Ferreira de Assumpção Alves Descrição As sociedades por ações existentes no direito brasileiro: a sociedade anônima e a sociedade em comandita por ações. Propósito A compreensão das disposições legais sobre a constituição, acionistas e o funcionamento da sociedade anônima e comandita por ações é essencial para os profissionais da área de direito societário na orientação dos sócios e das sociedades. Preparação Antes de iniciar os estudos, tenha em mãos a Lei nº 6404, de 1976 (Lei das Sociedades por Ações), a Lei nº 6385/76 e o Código Civil. Objetivos 29/09/2023, 20:28 Sociedade anônima https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/07321/index.html# 2/49 Módulo 1 Sociedade anônima – aspectos gerais Identificar as características da sociedade anônima, constituição e os direitos e obrigações dos acionistas. Módulo 2 Sociedade anônima –valores mobiliários e órgãos sociais Identificar as características dos valores mobiliários e dos órgãos da sociedade anônima. Módulo 3 Sociedade em comandita por ações Reconhecer a legislação aplicável à sociedade em comandita por ações e suas peculiaridades. Introdução Há duas formas de sociedades por ações: sociedade anônima e sociedade em comandita por ações, e o conhecimento das normas pertinentes a elas é de suma importância tanto teórica 29/09/2023, 20:28 Sociedade anônima https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/07321/index.html# 3/49 como prática para o direito empresarial e para a área do direito societário. Neste conteúdo estudaremos as características da sociedade anônima, a formação do seu nome empresarial, as normas de sua constituição. Veremos os direitos e deveres dos acionistas e os principais valores mobiliários emitidos pelas companhias, como as ações, as debêntures, as partes beneficiárias e os bônus de subscrição. Trataremos dos órgãos sociais como a assembleia geral, o conselho de administração e a diretoria e o conselho fiscais. Por fim, estudaremos a sociedade em comandita por ações, identificando a origem e a legislação aplicável à sociedade em comandita por ações e suas peculiaridades em relação às sociedades anônimas. 1 - Sociedade anônima – aspectos gerais Ao �nal deste módulo, você será capaz de identi�car as características da sociedade anônima, constituição e os direitos e obrigações dos acionistas. Origens da sociedade 29/09/2023, 20:28 Sociedade anônima https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/07321/index.html# 4/49 anônima A sociedade anônima ou companhia (termos sinônimos de acordo com o art. 1º da Lei nº 6.404/76) é uma sociedade de capitais, ou seja, a pessoa do sócio não tem importância maior do que o capital nela investido. Comentário A companhia tem uma estrutura mais complexa do que a sociedade limitada ou a sociedade simples, pois existem regras mais detalhadas de convocação e instalação das assembleias, deveres legais para os administradores além do dever de diligência, a possibilidade de emissão de ações sem direito de voto ou com voto restrito, estrutura administrativa fundada em dois órgãos ― conselho de administração e diretoria, demonstrações financeiras, incluindo documentos próprios, entre outras características. A sociedade anônima surgiu no século XVII com as “companhias de comércio” criadas por autorização real para o tráfico de produtos entre a metrópole e as colônias. Tais companhias eram constituídas por alvará ou carta régia que lhes conferiam privilégios no comércio, pois era uma forma de atrair investimentos de particulares para a exploração do objeto social e manter o controle dos negócios pelo Estado. A participação de cada sócio na sociedade era comprovada por títulos de participação que conferiam direitos de “ação” em face da sociedade. A partir do século XIX, com a promulgação do Código Comercial francês em 1807, inicia-se a segunda fase de sua evolução, a da autorização governamental. A sociedade anônima não estava mais sujeita a privilégios comerciais e todo o seu capital poderia ser constituído por subscrição de particulares. É nesta fase que a sociedade anônima passa a ser disciplinada pela legislação brasileira (Código Comercial de 1850, artigo 295), adotando o mesmo regime de autorização por influência do direito francês. Tal regime manteve a sociedade anônima sob o jugo do Estado e, por ser burocrático com exigências adicionais em relação a outros tipos, dificultava que as sociedades se difundissem para realização de atividades econômicas. Atualmente, a sociedade anônima é regulada pela Lei nº 6404, de 1976 (Lei das Sociedades por Ações), com várias alterações posteriores. O Código Civil contempla apenas dois artigos sobre ela: Art. 1088 29/09/2023, 20:28 Sociedade anônima https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/07321/index.html# 5/49 Que repete a redação do artigo 1º da Lei nº 6404, sobre a responsabilidade dos sócios e a divisão do capital em ações. Art. 1089 Que determina a regência supletiva pelas disposições do Código nas omissões da lei especial. Características da sociedade anônima A Lei nº 6.404/76, conhecida como Lei das Sociedades por Ações, ou simplesmente “Lei das S/A”, traz suas características e natureza nos arts. 1º a 4º. Apesar disso, algumas destas características não são privativas desses tipos de sociedades e outras não são relacionadas nesta parte da lei. A principal característica está contida no art. 1º e se refere à responsabilidade dos sócios, que é limitada para todos eles, sem qualquer solidariedade pela integralização do capital, ao contrário do que ocorre na sociedade limitada. Assim, todos os acionistas somente se obrigam a integralizar o preço de emissão (quantia correspondente ao valor necessário para integralização do capital, acrescido facultativamente de um ágio, a critério da companhia) das ações que subscreveram ou adquiriram. Caso ingressem após a integralização do preço de emissão, não haverá obrigação perante a companhia, exceto se subscreverem novas ações ou valores mobiliários conversíveis em ações. O capital social é dividido em ações, tal qual a sociedade em comandita por ações. E em razão da natureza da companhia, é de sociedade empresária qualquer que seja o seu objeto, como preceitua o art. 982, parágrafo único, do Código Civil e, no mesmo sentido, o art. 2º, § 1º, da Lei das S/A. Atenção! O estatuto (documento de constituição da companhia) deverá descrever o objeto de modo preciso e completo (art. 2º, § 2º) e que pode ser 29/09/2023, 20:28 Sociedade anônima https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/07321/index.html# 6/49 objeto da companhia qualquer atividade econômica de fim lucrativo, não contrário à lei, à ordem pública e aos bons costumes. Ao contrário da sociedade limitada, que só pode aumentar seu capital se o anterior estiver integralizado (cf. o art. 1.081 do Código Civil), na sociedade anônima, a partir de realização de 3/4 (três quartos), no mínimo, do capital social, a companhia pode aumentá-lo mediante subscrição pública ou particular de ações (cf. o art. 170). Esta disposição visa facilitar novos investimentos, sem que seja necessário esperar que todos os sócios integralizem o preço de emissão de suas ações. Outro aspecto análogo a esse é a autorização para aumentos futuros de capital que pode ser inserida no estatuto sem necessidade de reformá-lo (cf. o art. 168 da Lei nº 6404, de 1976), previsão inexistente na sociedade limitada. São duas características peculiares das companhias que não se encontram previstas entre os arts. 1º a 4º. Em razão de ser uma sociedade de capitais, o legislador estimula tanto os investimentos de terceiros na companhia, com destaque para a limitação da responsabilidade, bem como os investimentos dela em outras sociedades. Nesse sentido, o art. 2º, § 3º, dispõe que a companhiapode ter por objeto participar de outras sociedades. Ainda que não prevista no estatuto, a participação é facultada como meio de realizar o objeto social, ou para beneficiar-se de incentivos fiscais. A sociedade poderá ter uma simples participação no capital de outras sociedades, ser coligada a ela (cf. art. 243, § 1º) ou ser sua controladora, ainda que a investidora não tenha estabelecimento próprio. Tal situação configura a denominada holding pura, ou seja, a sociedade que tem por objeto controlar outras sociedades sem desenvolver ela própria atividade econômica. A sociedade anônima, ao contrário da limitada, não pode escolher a espécie de nome empresarial a ser adotada. O art. 3º da Lei das S/A (e o art. 1.160 do Código Civil) impõe que a sociedade seja designada por denominação acompanhada das expressões "companhia" ou "sociedade anônima", expressas por extenso ou abreviadamente, mas vedada a utilização da primeira ao final. Tal vedação não se encontra prevista no art. 1.160 do Código Civil, mas se aplica diante do critério da especialidade determinado pelo art. 1.089. Com isso, as disposições da Lei das S/A prevalecem em caso de omissão ou divergência com outra disposição do Código Civil. A indicação do objeto na denominação é facultativa, seja por silêncio 29/09/2023, 20:28 Sociedade anônima https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/07321/index.html# 7/49 eloquente do art. 3º da Lei das S/A ou por disposição expressa do art. 1.160 do mesmo Código. A denominação da sociedade pode ser formada por nome de fantasia ou pelo nome do fundador, acionista, ou pessoa que por qualquer outro modo tenha concorrido para o êxito da empresa. Consta no art. 3º, § 2º, que se a denominação for idêntica ou semelhante a de companhia já existente, assistirá à prejudicada o direito de requerer a modificação, por via administrativa perante a Junta Comercial ou em juízo, e demandar as perdas e danos resultantes. Trata- se de nítida aplicação do princípio da novidade do nome empresarial (cf. o art. 34 da Lei nº 8.934/94 e o art. 1.163 do Código Civil). A última característica presente no Capítulo I da Lei das S/A é a existência de duas espécies de companhia ― aberta e a fechada. O critério distintivo encontra-se no caput do art. 4º, ou seja, conforme os valores mobiliários de sua emissão estejam ou não admitidos à negociação no mercado de valores mobiliários. Sobre valores mobiliários, trataremos no núcleo adiante no módulo. Toda companhia está autorizada a emitir valor mobiliário, já que a ação, único título de emissão obrigatória das companhias, é um valor mobiliário. Contudo, somente os valores mobiliários de emissão de companhia aberta podem ser negociados no mercado de valores mobiliários. A companhia aberta somente poderá ter os valores mobiliários emitidos por ela, captando recursos e terceiros ou de seus próprios acionistas se estiver registrada na Comissão de Valores Mobiliários, autarquia reguladora deste mercado (cf. art. 8º, I, da Lei nº 6.385/76 e art. 4º, § 1º, da Lei das S/A). 29/09/2023, 20:28 Sociedade anônima https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/07321/index.html# 8/49 Dessa forma, a companhia é fechada porque não está autorizada a negociar suas ações neste mercado. Assim, aberta e fechada são termos associados à autorização (aberta) e à carência dela (fechada). Sociedade anônima e sua constituição Confira no vídeo o contexto histórico da criação do tipo societário e suas principais características. Constituição da sociedade anônima A constituição da companhia se dá pelas seguintes etapas: I - Elaboração do projeto de estatuto e sua aprovação, se for o caso, pela CVM. II - Cumprimento das formalidades preliminares ao ato de constituição. 29/09/2023, 20:28 Sociedade anônima https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/07321/index.html# 9/49 O projeto de estatuto deverá satisfazer a todos os requisitos exigidos para os contratos de sociedade em geral (art. 997 do Código Civil) e aos peculiares às companhias, e conterá as normas pelas quais ela se regerá (art. 83). Após a elaboração do projeto, segundo o art. 80, a constituição da companhia depende do cumprimento dos seguintes requisitos preliminares: I Subscrição, pública ou particular, pelo menos por 2 (duas) pessoas naturais ou jurídicas, de todas as ações em que se divide o capital social fixado no estatuto, ressalvada a possibilidade de constituição de subsidiária integral por sociedade brasileira (cf. art. 251); se alguma ação não for subscrita, a companhia não poderá ser constituída. II Realização, como entrada, de 10%, no mínimo, do preço de emissão das ações subscritas em dinheiro, podendo tal percentual ser maior nas companhias em que lei especial exigir realização inicial de parte maior do capital social. III III - Aprovação da constituição em assembleia de subscritores ou por escritura pública. IV - Cumprimento das formalidades complementares para o funcionamento regular da companhia. 29/09/2023, 20:28 Sociedade anônima https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/07321/index.html# 10/49 Depósito, no Banco do Brasil S/A., ou em outro estabelecimento bancário autorizado pela Comissão de Valores Mobiliários, da parte do capital realizado em dinheiro. Cabe, de acordo com o art. 81, ao acionista fundador realizar o depósito no prazo de 5 (cinco) dias contados do recebimento das quantias, em nome de cada subscritor e a favor da sociedade em organização, que só poderá levantá-lo após haver adquirido personalidade jurídica. Enquanto isso não acontecer, a denominação da futura sociedade deverá conter ao final o aditivo “em organização” (art. 91). Caso a companhia não se constitua dentro de 6 (seis) meses da data do depósito, a instituição financeira é obrigada a restituir as quantias depositadas diretamente aos subscritores. Comentário Os requisitos do art. 80 podem ser acrescidos de outros se a companhia se constituir por subscrição pública do capital, ou seja, quando as ações serão negociadas em mercados organizados, dentre eles a Bolsa de Valores, com a obrigatoriedade de contratação de uma instituição financeira para intermediar a oferta e a negociação das ações entre a companhia e os investidores. Em razão do que já foi exposto em relação à CVM, caberá a ela analisar o projeto de constituição da companhia antes mesmo do registro de emissão das ações e da futura subscrição. Nos termos do art. 82 da Lei das S/A, o pedido de registro de emissão será instruído com: O estudo de viabilidade econômica e financeira do empreendimento. O projeto do estatuto social. O prospecto (documento de divulgação de oferta de ações com conteúdo fixado pelo art. 84), i d i d l f d d l 29/09/2023, 20:28 Sociedade anônima https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/07321/index.html# 11/49 A CVM poderá condicionar o registro de emissão a modificações no estatuto ou no prospecto e denegá-lo por inviabilidade ou temeridade do empreendimento, ou inidoneidade dos fundadores. Prevê o art. 86 que, após o fim da subscrição e se todas as ações tiverem sido subscritas, os fundadores convocarão assembleia para promover a avaliação dos bens, se for o caso (cf. art. 8º) e deliberar sobre a constituição da companhia. Entretanto, se a subscrição das ações foi particular, é possível que a companhia seja constituída por escritura pública lavrada por tabelião de notas contendo os requisitos do art. 88, § 2º, desde que tenha havido previamente a conclusão da avaliação de bens e direito que integrarão o capital social. O capital da companhia poderá ser formado com contribuições em dinheiro ou em qualquer espécie de bens suscetíveis de avaliação em dinheiro, não sendo possível a contribuição em prestação de serviços (art. 7º). É preciso também que os bens sejam suscetíveis de alienação, ou seja, não pode haver restrição ou impedimento à transferência de sua propriedade, pois na falta de declaraçãoexpressa em contrário, os bens transferem-se à companhia a título de propriedade. Atenção! A obrigatoriedade de avaliação dos bens aportados na formação do capital, tanto corpóreos quanto incorpóreos, é mais uma característica peculiar da sociedade anônima e deve ser feita antes da formalização da constituição da companhia ou nos casos de aumento do capital mediante emissão de novas ações. Mesmo que todos os subscritores sejam condôminos de um bem com que concorreram para a formação do capital social, a avaliação deve ser feita. Outra forma de constituição da companhia, obrigatória se a subscrição das ações for pública, é mediante a realização de assembleia convocada pelos acionistas fundadores (at. 87). Tal assembleia será instalada se estiverem presentes subscritores que representem, no mínimo, metade do capital social, e, em segunda convocação, com qualquer número. Nela, bem como nas que forem realizadas durante a liquidação, cada ação dá direito a um voto, independentemente de sua espécie ou classe. Os acionistas deverão se manifestar sobre a aprovação do projeto de estatuto, que poderá ser alterado desde que a deliberação seja unânime. organizado e assinado pelos fundadores e pela instituição financeira intermediária. 29/09/2023, 20:28 Sociedade anônima https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/07321/index.html# 12/49 Verificando-se que foram observadas as formalidades legais e não havendo oposição de subscritores que representem mais da metade do capital social, o presidente da assembleia declarará constituída a companhia, procedendo-se à eleição dos administradores e, se for o caso, dos conselheiros fiscais, pois o conselho fiscal pode ou não ser permanente dependo do que estiver disposto no estatuto (cf. art. 161). Após a aprovação da constituição da companhia na assembleia ou por escritura pública, devem ser arquivados na Junta Comercial os documentos referidos no art. 95. Além disso, se a companhia tiver sido constituída por escritura pública, bastará o arquivamento de certidão do instrumento. Após o arquivamento, os mesmos documentos devem ser publicados na forma do art. 289 da Lei das S/A. Os primeiros administradores eleitos na assembleia ou qualificados na escritura pública devem providenciar cumprimento das formalidades complementares à sua constituição e podem ser responsabilizados perante a companhia, solidariamente, pelos prejuízos causados pela demora no cumprimento (art. 99). Sociedade anônima e sua constituição Confira no vídeo as principais regras sobre a constituição da sociedade anônima. 29/09/2023, 20:28 Sociedade anônima https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/07321/index.html# 13/49 Os acionistas – deveres e características Denomina-se acionista o sócio das sociedades por ações. A prova de sua qualidade depende do registro da propriedade das ações, não se admitindo ação ao portador por ser um título nominativo (cf. o núcleo conceitual 3). O acionista tem deveres que decorrem da lei ou do estatuto. Um dos principais deveres do acionista é o de integralizar o preço de emissão das ações (art. 106). Caso ele não efetue o pagamento pontualmente, ficará de pleno direito constituído em mora e será considerado remisso, podendo ser cobrado pela companhia em ação de execução ou mesmo ter suas ações vendidas em bolsa de valores (cf. art. 107). Outro dever importante diz respeito ao exercício do direito de voto, que deve sempre ser exercido no interesse da companhia (art. 115). Caso tal dever não seja observado, o acionista responderá pelo voto abusivo, ou seja, o voto exercido com o fim de causar dano à companhia ou a outros acionistas, ou de obter, para si ou para outrem, vantagem a que não faz jus e de que resulte, ou possa resultar, prejuízo para a companhia ou para outros acionistas. Atenção! O descumprimento, tanto de deveres legais quanto estatutários, pode acarretar a suspensão do exercício dos direitos do acionista pela assembleia, cessando a suspensão logo que cumprida a obrigação (art. 120). A Lei das S/A impõe deveres especiais para o acionista controlador, definido no art. 116, caput, como a pessoa, natural ou jurídica, ou o grupo de pessoas vinculadas por acordo de voto, ou sob controle comum, que: 1 29/09/2023, 20:28 Sociedade anônima https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/07321/index.html# 14/49 É titular de direitos de sócio que lhe assegurem, de modo permanente, a maioria dos votos nas deliberações da assembleia geral e o poder de eleger a maioria dos administradores da companhia. 2 Usa efetivamente seu poder para dirigir as atividades sociais e orientar o funcionamento dos órgãos da companhia. Percebe-se que o conceito agrega tanto a titularidade de direitos de sócio (propriedade ou direitos reais sobre as ações) quanto o uso efetivo do poder de controle. Logo, somente será considerado controlador e estará sujeito aos deveres impostos pela Lei das S/A se os dois requisitos anteriormente expostos forem verificados. O acionista controlador deve usar o poder com o fim de fazer a companhia realizar o seu objeto e cumprir sua função social, e tem deveres e responsabilidades para com os demais acionistas da empresa, os que nela trabalham e para com a comunidade em que atua, cujos direitos e interesses deve lealmente respeitar e atender (art. 116, parágrafo único). Caso ele seja pessoa natural e exerça a administração da companhia, também terá os deveres impostos aos administradores (cf. arts. 153 a 157). Atenção! 29/09/2023, 20:28 Sociedade anônima https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/07321/index.html# 15/49 Em caso de dano aos acionistas, à companhia ou a terceiros, o acionista controlador responderá pelos atos praticados com abuso de poder enumerados, exemplificativamente, no art. 117, § 1º, da Lei das S/A. Em relação à pessoa jurídica de direito público controladora das empresas públicas e sociedades de economia mista, aplicam-se os arts. 14 e 15 da Lei nº 13.303/2016. Os direitos do acionista também podem decorrer da lei ou do estatuto. O art. 109 elenca os direitos essenciais, isto é, aqueles que nem o estatuto social nem a assembleia geral poderão privar o acionista do seu exercício. São eles: I. Participar dos lucros sociais, que recebem o nome de “dividendo”, sendo aprovados pela assembleia geral ordinária (art. 132, II) e pagos à conta dos elementos do patrimônio previstos no art. 201. A Lei das S/A instituiu o dividendo obrigatório no art. 202, mas permite, em casos especiais, que a companhia não os distribua ou faça abaixo o mínimo legal (cf. art. 202, §§ 3º e 4º). II. Participar do acervo da companhia, em caso de liquidação. Este é um direito eventual e que depende da dissolução da sociedade (condição suspensiva) e do pagamento prévio dos credores da companhia. O art. 215 da Lei das S/A prevê que os rateios entre os acionistas sejam feitos depois de pagos todos os credores. III. Fiscalizar, na forma prevista nesta Lei, a gestão dos negócios sociais. Os acionistas poderão fiscalizar os administradores seja individualmente seja coletivamente. É possível que o estatuto preveja o funcionamento permanente do conselho fiscal (art. 161), órgão que tem competência privativa para fiscalizar, por qualquer de seus membros, os atos dos administradores e verificar o cumprimento dos seus deveres legais e estatutários (cf. art. 163, I). IV. Direito de preferência para a subscrição de ações, partes beneficiárias conversíveis em ações, debêntures conversíveis em ações e bônus de subscrição. Além do direito de preferência nos aumentos de capital, os acionistas também possuem tal direito quando a companhia negociar títulos conversíveis em ações ou que assegurem o direito de subscrição de ações, como os bônus (cf. núcleo temático 3). V. Direito de retirar-se da sociedade nos casos previstos na Lei das S/A. A companhia deverá proceder ao reembolso das ações ao acionista somente nas hipótesesprevistas (cf. arts 136-A, 137, 223, § 4º, 252, §§ 1º e 2º, 256, § 2º, 264, § 3º e 270, parágrafo único). O reembolso é uma operação em que a companhia negocia 29/09/2023, 20:28 Sociedade anônima https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/07321/index.html# 16/49 com suas próprias ações, pagando aos acionistas dissidentes de deliberação da assembleia geral o valor de suas ações (art. 45). Nas companhias, não há um direito de retirada imotivado como nas sociedades simples. Isso não significa que o acionista será obrigado a permanecer na companhia. Ao contrário, ele poderá a qualquer tempo se desligar dela, porém ficará sujeito à disponibilidade do mercado acionário para negociar suas ações. Com isso, o capital da sociedade não fica exposto a eventual redução ou comprometimento quando o acionista quiser se retirar por vontade imotivada ou fora dos casos previstos na lei. Também para proteger os acionistas minoritários, o art. 109, § 2º, dispõe que “Os meios, processos ou ações que a lei confere ao acionista para assegurar os seus direitos não podem ser elididos pelo estatuto ou pela assembleia geral”. Assim, por exemplo, o estatuto não poderá proibir que o acionista demande a companhia para ver cumprido um direito essencial. Sociedade anônima e seu contexto histórico Confira no vídeo detalhes sobre os direitos e deveres dos acionistas. Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 29/09/2023, 20:28 Sociedade anônima https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/07321/index.html# 17/49 Acerca das características da Sociedade Anônima, marque a alternativa correta: Parabéns! A alternativa E está correta. Dentre os diversos traços distintivos entre a sociedade anônima e a sociedade limitada, ao contrário da limitada, não pode escolher a espécie de nome empresarial a ser adotada, conforme dispõe o art. 3º da Lei das S/A. Questão 2 Acerca dos direitos essenciais do acionista, analise as afirmativas abaixo. I- O acionista tem direito de fiscalizar a gestão dos negócios sociais apenas por meio do conselho fiscal. II- O acionista tem direito de participar do acervo da companhia, em caso de eventual liquidação. III- O acionista tem direito de retirar-se da sociedade por meio do reembolso de suas ações com ou sem motivo justo. Está(ão) correta(s) a(s) afirmativa(s) A É obrigação solidária dos sócios integralizarem o capital social. B O capital social é dividido por cotas. C Só pode aumentar seu capital se o anterior estiver integralizado. D As sociedades anônimas só admitem a espécie de companhia aberta. E A sociedade anônima não pode escolher a espécie de nome empresarial a ser adotada. 29/09/2023, 20:28 Sociedade anônima https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/07321/index.html# 18/49 Parabéns! A alternativa D está correta. De acordo com o art. 109, da Lei nº 6.404/76, "nem o estatuto social nem a assembleia geral poderão privar o acionista dos direitos de: [...] II - participar do acervo da companhia, em caso de liquidação”. 2 - Sociedade anônima – valores mobiliários e órgãos sociais Ao �nal deste módulo, você será capaz de identi�car as características dos valores mobiliários e dos órgãos da sociedade anônima. A I, II e III. B I e III. C II e III. D II. E I. 29/09/2023, 20:28 Sociedade anônima https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/07321/index.html# 19/49 Valores mobiliários – Panorama Confira no vídeo o que são valores mobiliários. São considerados valores mobiliários os títulos, incluindo contratos de investimento coletivo, ofertados publicamente por pessoas autorizadas a realizar sua emissão e negociação, desde que tais documentos gerem direito de participação no empreendimento (como as ações que atribuem direitos de participação na companhia como sócio), de parceria ou de remuneração, inclusive resultante de prestação de serviços, cujos rendimentos advêm do esforço do empreendedor ou de terceiros. Comentário Não há uma enumeração exaustiva dos títulos ou contratos que sejam valores mobiliários, apenas uma exemplificação contida no artigo 2º da Lei nº 6385/76, que inclui no inciso I as ações, debêntures e os bônus de subscrição. A mesma lei disciplina o mercado de valores mobiliários, sua emissão e distribuição, institui o órgão regulador e fiscalizador (a Comissão de Valores Mobiliários - CVM), dispõe sobre os agentes que nele atuam e dá outras determinações. A emissão de valores mobiliários não é uma atividade privativa das sociedades anônimas, embora ela esteja autorizada a emitir títulos que se incluem na enumeração legal. Compete à CVM expedir normas para a emissão e distribuição de valores mobiliários no mercado por ela regulado. Nestes atos administrativos, o órgão poderá autorizar outros tipos de sociedades a emitir os valores mobiliários que mencionar, podendo exigir que os emissores se constituam sob a forma de sociedade anônima (confira o artigo 3º da Lei nº 6.385/76). 29/09/2023, 20:28 Sociedade anônima https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/07321/index.html# 20/49 A CVM é uma entidade autárquica em regime especial, integrante da administração pública indireta da União, vinculada ao Ministério da Fazenda, com personalidade jurídica de direito público e patrimônio próprios, dotada de autoridade administrativa independente, ausência de subordinação hierárquica, mandato fixo e estabilidade de seus dirigentes, e autonomia financeira e orçamentária (art. 5º da Lei nº 6385/76). Ações – características Confira no vídeo que são ações e suas espécies. A ação tem natureza jurídica de valor mobiliário, mas é também uma fração do capital social das sociedades por ações e um título de participação que atribui a seu proprietário a condição de acionista, termo específico para designar o sócio titular de ação. O estatuto deve fixar o número das ações em que se divide o capital social e as ações, conforme a natureza dos direitos ou vantagens que confiram a seus titulares, que são: Ações ordinárias Ações preferenciais Ações de fruição 29/09/2023, 20:28 Sociedade anônima https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/07321/index.html# 21/49 Vamos ver as características de cada tipo de ação? Ações ordinárias São aquelas que não oferecem qualquer tipo de vantagem de cunho patrimonial ou político aos acionistas, apenas os direitos básicos previstos em lei e outros porventura outorgados pelo estatuto. Em contrapartida, as ações ordinárias têm assegurado o direito de voto nas deliberações sociais (cf. o art. 110 da Lei nº 6404, de 1976). É possível que o estatuto de companhia fechada preveja a criação de mais de uma classe de ações ordinárias, em função de: A alteração do estatuto na parte em que regula a diversidade de classes, se não for expressamente prevista e regulada, requererá a concordância de todos os titulares das ações atingidas. As ações de cada classe conferirão iguais direitos aos seus titulares (cf. art. 109, § 1º). Conversibilidade em ações preferenciais. Exigência de nacionalidade brasileira do acionista. Direito de voto separado para o preenchimento de determinados cargos de órgãos administrativos. Atribuição de voto plural (mais de 1 voto por ação até o limite de 10, de acordo com o art. 110-A). 29/09/2023, 20:28 Sociedade anônima https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/07321/index.html# 22/49 Ações preferenciais Essas ações têm asseguradas por lei alguma vantagem em relação às ações ordinárias, que deve ser regulada pelo estatuto. O estatuto pode pulverizar estas vantagens entre os acionistas titulares desta espécie de ação por meio da divisão em classes, conferindo, por exemplo, a uma delas vantagem patrimonial e a outra vantagem política, por isso tanto as ações preferenciais de companhia aberta quanto fechada podem ser divididas em classes. Sobre a relação das vantagens patrimoniais e políticas que podem ser conferidas às ações preferenciais,leia os arts. 17 e 18 da Lei das S/A. Em compensação às vantagens conferidas às ações preferenciais, o estatuto pode deixar de conferir certos direitos não essenciais a seus acionistas, como o direito de voto, ou conferi-lo com restrições, regulando minuciosamente tal ponto (cf. art. 111). Se a companhia optar por não atribuir o pleno direito de voto a suas ações preferenciais, o total de ações preferenciais nessa condição (sem direito a voto, ou sujeitas a restrição no exercício desse direito) não pode ultrapassar 50% (cinquenta por cento) do total das ações emitidas. Ações de fruição São muito raras, pois sua emissão se dá em substituição às ações que foram integralmente amortizadas e, ainda assim, se forem autorizadas pela assembleia geral ou pelo estatuto. Amortização é o pagamento antecipado (antes da liquidação da companhia) das importâncias devidas aos acionistas, que deixam de ter tal status se a amortização abranger todo o valor da ação. Como forma de manter o vínculo societário com estes acionistas, podem ser emitidas ações de fruição no lugar daquelas que foram canceladas por efeito da amortização (cf. o artigo 44, § 5º, da Lei das S/A).Como forma de manter o vínculo societário com estes acionistas, podem ser emitidas ações de fruição no lugar daquelas que foram canceladas por efeito da amortização (cf. o artigo 44, § 5º, da Lei das S/A). As ações devem ter uma única forma, isto é, nominativa. Por ação nominativa entende-se aquela emitida em favor de pessoa cujo nome conste no registro do emitente. Até 1990 as ações poderiam ser emitidas ao portador ou ser endossáveis (transferidas por endosso em preto com registro na companhia), sendo que as primeiras sequer tinham registro para efeito de propriedade ou de transferência, mas 29/09/2023, 20:28 Sociedade anônima https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/07321/index.html# 23/49 foram abolidas naquele ano pela Lei nº 8.021, que alterou a redação do art. 20 da Lei das S/A. Para efeito de registro da ação, existem duas possibilidades ― ser emitido, ou não, um certificado representativo para a ação ou grupo de ações. No primeiro caso, a ação é denominada “documental” (com certificado) e a propriedade dela presume-se pela inscrição do nome do acionista no livro de "Registro de Ações Nominativas". Para que não seja emitido certificado é preciso autorização estatutária, que pode se aplicar a todas as ações ou apenas a uma ou mais classes delas; tais ações são denominadas “escriturais” (cf. os arts 20, 31 e 34). Atenção! As ações escriturais não são registradas nos livros da companhia, mas sim mantidas em contas de depósito, em nome de seus titulares, na instituição escolhida. Somente as instituições financeiras autorizadas pela Comissão de Valores Mobiliários podem manter serviços de escrituração de ações. A propriedade da ação escritural presume-se pelo registro na conta de depósito das ações, aberta em nome do acionista nos livros da instituição depositária. Nos mesmos livros em que é registrada a propriedade das ações, documentais ou escriturais, são averbados os ônus que recaem sobre as ações, tais como o penhor, usufruto, o fideicomisso, a alienação fiduciária em garantia e quaisquer cláusulas ou ônus que agravarem a ação (cf. arts. 39 e 40). A transferência das ações nominativas documentais por ato intervivos (exemplo: compra e venda, doação) também está sujeita a registro para ser eficaz em relação à companhia e a terceiros e se realiza mediante termo lavrado no livro de "Transferência de Ações Nominativas", datado e assinado pelo cedente e pelo cessionário, ou seus legítimos representantes. Na situação de a transferência ter se operado por transmissão causa mortis ou ato judicial, também deverá ser feita a averbação no livro de "Registro de Ações Nominativas", à vista de documento hábil, que ficará em poder da companhia. Em se tratando de ação escritural, a transferência também necessita de registro, que se opera pelo lançamento efetuado pela instituição depositária em seus livros, a débito da conta de ações do alienante e a crédito da conta de ações do adquirente, à vista de ordem escrita do alienante, ou de autorização ou ordem judicial, em documento hábil que ficará em poder da instituição. Ao contrário da quota, que pode ter sua cessão restrita ou vedada pelo contrato ou por lei, ação é um título de livre negociação. No entanto, 29/09/2023, 20:28 Sociedade anônima https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/07321/index.html# 24/49 existem algumas regras importantes que restringem sua transmissão, das quais se destacam as seguintes: Para as companhias abertas As ações somente poderão ser negociadas depois de realizados (pagos) 30% (trinta por cento) do preço de emissão, sob pena de nulidade (art. 29). Para as companhias fechadas O estatuto pode impor limitações à circulação das ações, contanto que regule minuciosamente tais limitações e não impeça a negociação, nem sujeite o acionista ao arbítrio dos órgãos de administração da companhia ou da maioria dos acionistas (art. 36). Debêntures Neste vídeo, confira a diferença entre as debêntures dos bônus de subscrição. Qualidade de sócio? A debênture é um valor mobiliário que não atribui a qualidade de sócio ao seu titular, chamado debenturista, nem lhe confere um direito de subscrever ações futuramente, característica dos bônus de subscrição. A emissão, e negociação, de uma debênture tem como objetivo a obtenção de recursos pela companhia dos seus acionistas ou de terceiros investidores por meio da realização de empréstimos (mútuo feneratício). A Lei das S/A trata do instituto nos arts. 52 a 71. 29/09/2023, 20:28 Sociedade anônima https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/07321/index.html# 25/49 A quantia total mutuada (a ser emprestada à companhia) é dividida em títulos e cada um corresponde a uma debênture, que assegura aos debenturistas direito de crédito contra a emissora e outros direitos estabelecidos na escritura de emissão, documento no qual constam as condições de emissão, lançamento, amortização, resgate e vencimento (cf. art 52). A competência para autorizar a emissão de debêntures, em regra, é da assembleia geral (art. 122, IV). Entretanto, nas companhias abertas, o conselho de administração (órgão obrigatório da administração) pode deliberar sobre a emissão de debêntures não conversíveis em ações, salvo disposição estatutária em contrário (art. 59, § 1º). Além disso, em qualquer companhia, a assembleia geral pode delegar ao conselho de administração a deliberação sobre a época e as condições de vencimento, amortização ou resgate; a época e as condições do pagamento dos juros, da participação nos lucros e do prêmio de reembolso, se houver; o modo de subscrição ou colocação, e o tipo das debêntures, e sobre a oportunidade da emissão (art. 59, § 4º). A companhia poderá efetuar mais de uma emissão de debêntures e cada emissão pode ser dividida em séries. As debêntures da mesma série conferirão a seus titulares os mesmos direitos, tal como as ações da mesma classe (cf. arts. 53 e 109, § 1º). Tal qual as ações, as debêntures são títulos nominativos, podendo ser documental (com emissão de certificado) ou escritural. A elas se aplicam as regras quanto ao registro para efeito de aquisição de propriedade, transferência e averbação de ônus e outros. A época do vencimento da debênture deverá constar da escritura de emissão — documento obrigatório contendo os direitos conferidos pelas debêntures, suas garantias e demais cláusulas ou condições (art. 61). A 29/09/2023, 20:28 Sociedade anônima https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/07321/index.html# 26/49 companhia pode estipular amortizações parciais de cada série, criar fundos de amortização e reservar-se ao direito de resgate antecipado, parcial ou total, dos títulos da mesma série. Também é possível que a escritura de emissão estipule que o vencimento somente ocorra noscasos de inadimplência da obrigação de pagar juros e dissolução da companhia, ou de outras condições previstas no título. Dessa forma, enquanto não se verificar alguma das condições estabelecidas, a debênture não será resgatada. Comentário A debênture poderá assegurar ao seu titular o pagamento de juros, fixos ou variáveis, participação no lucro da companhia e prêmio de reembolso. Também é possível conter cláusula de conversibilidade em ações da companhia emissora, nas condições constantes da escritura de emissão. Os acionistas terão direito de preferência para subscrever a emissão de debêntures com cláusula de conversibilidade em ações. O art. 58 da Lei das S/A prevê que a companhia poderá emitir até 4 espécies de debêntures, observado o que dispuser a escritura de emissão e a igualdade de direitos entre debenturistas da mesma série. São elas: a) com garantia real, b) com garantia flutuante, c) debênture simples ou quirografária ou d) subordinada aos demais credores da companhia. Em 2020, a Lei nº 14.112 alterou a Lei nº 11.101/2005 e extinguiu as classes de créditos com privilégio especial e privilégio geral, dispondo em seu art. 83, § 6º, que os créditos com privilégio especial ou geral em outras normas integrarão a classe dos créditos quirografários. Com isso, foi atingida a debênture com garantia flutuante, pois ela, nos termos do art. 58, § 1º, assegurava privilégio geral sobre o ativo da companhia. Com a modificação legislativa, o crédito deixou de ser privilegiado e passou a ser quirografário. Portanto, atualmente, são 3 as espécies de debêntures. Debênture com garantia real Possui bens móveis e/ou imóveis vinculados a seu pagamento, que devem ser descritos na escritura de emissão. Debênture simples Constitui crédito quirografário. Debênture subordinada 29/09/2023, 20:28 Sociedade anônima https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/07321/index.html# 27/49 Prefere na ordem de pagamento aos acionistas no ativo remanescente, se houver; em caso de liquidação da companhia. A companhia poderá negociar ou não as debêntures no mercado de valores mobiliários. No primeiro caso, a escritura de emissão de debêntures deverá indicar o agente fiduciário, que é o representante legal dos debenturistas perante a companhia emissora (cf. arts. 66 a 70). Atenção! As debêntures simples e subordinadas são as que oferecem mais riscos em caso de impontualidade da companhia, sobretudo em caso de falência, e por isso devem oferecer vantagens como melhor remuneração ou prazos de resgate ou vencimento menores. Dentre os vários deveres que a lei impõe a essa figura, destacam-se os seguintes: Proteger os direitos e interesses dos debenturistas, empregando no exercício da função o cuidado e a diligência que todo homem ativo e probo costuma empregar na administração de seus próprios bens. Elaborar relatório e colocá-lo anualmente à disposição dos debenturistas, dentro de 4 (quatro) meses do encerramento do exercício social da companhia, informando os fatos relevantes ocorridos durante o exercício, relativos à execução das obrigações assumidas pela companhia, aos bens garantidores das debêntures e à constituição e aplicação do fundo de amortização, se houver; do relatório constará, ainda, declaração do agente sobre sua aptidão para continuar no exercício da função. Notificar os debenturistas, no prazo máximo de 60 (sessenta) dias, de qualquer inadimplemento, pela companhia, de obrigações assumidas na escritura da emissão. Os titulares de debêntures da mesma emissão ou série podem se reunir em assembleia especial, a fim de deliberar sobre matéria de interesse da comunhão dos debenturistas. Nas deliberações da assembleia, a cada debênture caberá um voto. Comentário A assembleia dos debenturistas pode ser convocada pelo agente fiduciário, pela companhia emissora, por debenturistas que representem 29/09/2023, 20:28 Sociedade anônima https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/07321/index.html# 28/49 10% (dez por cento), no mínimo, dos títulos em circulação, e pela Comissão de Valores Mobiliários, caso as debêntures tenham sido negociadas no mercado. O agente fiduciário deverá comparecer à assembleia e prestar aos debenturistas as informações que lhe forem solicitadas (cf. art. 71). Para aprovação das deliberações, a escritura de emissão estabelecerá a maioria necessária, que não será inferior à metade das debêntures em circulação, para aprovar modificação em suas condições. Bônus de subscrição São valores mobiliários de emissão exclusiva de sociedades anônimas de capital autorizado. Trata-se de uma companhia que tem em seu estatuto uma cláusula que autoriza, até certo limite em valor do capital ou em número de ações, o aumento do capital sem necessidade de reforma do estatuto (cf. art 168 da Lei das S/A). Atenção! As companhias sem capital autorizado precisam aprovar alteração estatutária para aumentar o patrimônio, em razão de ser o capital fixo a regra geral no direito societário. O mesmo procedimento deve adotar a companhia de capital autorizado quando a autorização estiver esgotada. A companhia poderá emitir, dentro do limite de aumento de capital autorizado no estatuto, os bônus de subscrição. É uma forma de a companhia captar investimentos com a negociação destes títulos no mercado de valores mobiliários ou em oferta privada sem admitir, imediatamente, novos acionistas. Alternativamente à alienação dos bônus, é possível que a companhia os atribua, como vantagem adicional, aos subscritos de emissões de suas ações ou debêntures. Os atuais acionistas têm direito de preferência para subscrever os bônus (cf. os arts. 75 e 77 da Lei nº 6404, de 1976). Os bônus de subscrição conferirão aos seus titulares, nas condições constantes do certificado, se emitido, direito de subscrever ações do capital social, que será exercido mediante apresentação do título à companhia e pagamento do preço de emissão das ações. Portanto, há uma promessa da companhia de emitir as novas ações no futuro, devendo ser indicado previamente ao comprador o número, a espécie e a classe das ações que poderão ser subscritas, o preço de emissão ou os critérios para sua determinação, bem como a época em que o direito 29/09/2023, 20:28 Sociedade anônima https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/07321/index.html# 29/49 de subscrição poderá ser exercido e a data do término do prazo para esse exercício. Órgãos da sociedade anônima Confira no vídeo o que é uma assembleia geral e quais são as suas principais características. O órgão deliberativo das companhias é a assembleia geral, formada pelos acionistas ou por seus procuradores constituídos a menos de 1 (um) ano, conforme o art. 126. A assembleia geral tem poderes para decidir todos os negócios relativos ao objeto da companhia, inclusive aprovar a reforma do estatuto, a extinção da companhia por fusão com outra ou incorporação de outra, e tomar as resoluções que julgar convenientes à sua defesa e desenvolvimento (art. 121). O art. 122 elenca as matérias de competência privativa da assembleia, que podem ser ampliadas pelo estatuto, desde que não invada a competência de outros órgãos. Por exemplo, não pode o estatuto determinar que a representação judicial ou extrajudicial da companhia seja feita por ela, pois tal prerrogativa é privativa do(s) diretor(es), de acordo com o art. 138, § 1º. Conforme o art. 139, as atribuições e poderes conferidos por lei aos órgãos de administração não podem ser outorgados a outro órgão, criado por lei ou pelo estatuto. A assembleia pode ser de dois tipos: Ordinária 29/09/2023, 20:28 Sociedade anônima https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/07321/index.html# 30/49 Realizada uma vez por ano, nos primeiros quatro meses seguintes ao encerramento do exercício social. Extraordinária Sem época prevista para ocorrer, desde que haja necessidade de sua convocação (arts. 131 e 132). Para a validade das deliberações assembleares,é preciso haver tanto a convocação quanto a instalação regular, como determina o art. 121. Em caso de desrespeito, é possível anular a deliberação no prazo de 2 anos (cf. art. 286). Assim, é muito importante saber: O art. 123 elenca as pessoas que podem convocar a assembleia. São elas: Originariamente, ao conselho de administração, se houver, ou aos diretores, observado o disposto no estatuto. Subsidiariamente, o conselho fiscal (art. 163, V). Qualquer acionista, quando os administradores retardarem, por mais de 60 (sessenta) dias, a convocação nos casos previstos em lei ou no estatuto. Quem pode convocar a assembleia. Quais as formalidades de convocação. Qual o quórum de instalação. Qual o quórum de deliberação. 29/09/2023, 20:28 Sociedade anônima https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/07321/index.html# 31/49 Acionistas que representem 5%, no mínimo, do capital social, quando os administradores não atenderem, no prazo de oito dias, a pedido de convocação que apresentarem, devidamente fundamentado, com indicação das matérias a serem tratadas. Acionistas que representem 5%, no mínimo, do capital votante, ou 5%, no mínimo, dos acionistas sem direito a voto, quando os administradores não atenderem, no prazo de oito dias, a pedido de convocação de assembleia para instalação do conselho fiscal. As formalidades de convocação constam no art. 124. Consistem na publicação de anúncios de convocação (mínimo de 3) contendo, além do local, data e hora da assembleia, a ordem do dia, e, no caso de reforma do estatuto, a indicação da matéria com antecedência mínima. De acordo com o art. 289, os anúncios deverão ser publicados em jornal de grande circulação e editado na localidade sede da companhia de forma resumida e com divulgação simultânea da íntegra dos documentos na página do mesmo jornal na internet. O jornal deverá providenciar certificação digital da autenticidade dos documentos mantidos na página própria emitida por autoridade certificadora credenciada no âmbito da infraestrutura de Chaves Públicas Brasileiras (ICP-Brasil). Ressalta-se que a companhia fechada que tiver receita bruta anual de até R$ 78.000.000,00 (setenta e oito milhões de reais) poderá realizar as publicações de forma eletrônica (art. 294). Deve ser observada a antecedência mínima para primeira convocação, na companhia fechada, de 8 dias, no mínimo, contado o prazo da publicação do primeiro anúncio. Não se realizando a assembleia, será publicado novo anúncio, de segunda convocação, com antecedência mínima de 5 dias. Já para a companhia aberta a antecedência é maior 21 dias, para a primeira convocação, e 8 dias para a segunda. 29/09/2023, 20:28 Sociedade anônima https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/07321/index.html# 32/49 O art. 124, § 2º admite a realização de assembleias digitais (híbrida ou totalmente digital), tanto para companhias abertas e fechadas. Também é possível o voto a distância em assembleias presenciais, como prevê o art. 121, parágrafo único. Há casos em que as regras acima são flexibilizadas, como nas companhias fechadas. O acionista que representar 5%, ou mais, do capital social, será convocado por telegrama ou carta registrada, expedidos com a antecedência prevista para os anúncios, desde que o tenha solicitado, por escrito, à companhia, com a indicação do endereço completo e do prazo de vigência do pedido, não superior a 2 exercícios sociais, e renovável. Todavia, essa convocação particular não dispensa a publicação dos anúncios (art. 124, § 3º). Prevê o art. 124, § 4º, que, independentemente das formalidades legais, será considerada regular a assembleia geral a que comparecerem todos os acionistas. Atenção! A assembleia somente poderá deliberar sobre a ordem do dia se for atingido o quórum de instalação. Regra geral, este quórum está relacionado à presença de acionistas que representem, no mínimo, 1/4 (um quarto) do total de votos conferidos pelas ações com direito a voto e, em segunda convocação, a instalação se dá com qualquer número de presentes. A assembleia geral extraordinária que tiver por objeto a reforma do estatuto tem quórum especial de instalação apenas na primeira convocação — é necessária a presença de acionistas que representem, no mínimo, 2/3 (dois terços) do total de votos conferidos pelas ações com direito a voto (art. 135). Cabe observar o direito dos acionistas preferenciais cujas ações não tenham direito a voto de comparecer à assembleia geral e discutir a matéria submetida à deliberação. Por isso, não lhes pode ser negado o acesso à assembleia nem a vedação de manifestação. Na sociedade anônima, em regra, adota-se o quórum de maioria simples, ou seja, maioria dos votos dos acionistas presentes na assembleia (art. 129). Dispõe o art. 129, § 2º, que, no caso de empate, se o estatuto não estabelecer procedimento de arbitragem e não contiver norma diversa, nova assembleia será convocada, com intervalo mínimo de 2 (dois) meses, para votar a deliberação; se permanecer o empate e os acionistas não concordarem em cometer a decisão a um terceiro, caberá ao Poder Judiciário decidir, no interesse da companhia. Para a aprovação das matérias previstas nos arts. 136, 136-A e 221, é preciso ser atingido o quórum qualificado — metade, no mínimo, do total 29/09/2023, 20:28 Sociedade anônima https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/07321/index.html# 33/49 de votos conferidos pelas ações com direito a voto, se maior quórum não for exigido pelo estatuto da companhia cujas ações não estejam admitidas à negociação em bolsa ou no mercado de balcão para deliberação. Outros órgãos da sociedade anônima Conselho de administração e diretoria Dispõe o art. 138 da Lei das S/A que a administração da companhia competirá, conforme dispuser o estatuto, ao conselho de administração e à diretoria, ou somente à diretoria, sendo os administradores sempre pessoas naturais (art. 146). A disposição estatutária deverá se coadunar com os arts. 138, § 2º, da Lei das S/A e com os arts. 7º e 13 da Lei nº 13.303/2016, que tratam das empresas públicas e sociedade de economia mista. Nestas entidades, bem como nas companhias abertas e de capital autorizado, é obrigatório o funcionamento do conselho de administração. Portanto, nestas companhias haverá dois órgãos — a diretoria e o conselho de administração; nas demais, é facultativo o funcionamento do conselho de administração. O conselho de administração é órgão de deliberação colegiada, sendo composto por, no mínimo, 3 membros, eleitos pela assembleia geral e por ela destituíveis a qualquer tempo (art. 140). Cabe ao estatuto fixar o número de conselheiros de modo fixo ou variável, observado apenas o mínimo legal. Nas empresas públicas e sociedade de economia mista deve ser observado o número mínimo de 7 e o número máximo de 11 membros (art. 13, I, da Lei nº 13.303/2016). Atenção! O prazo de gestão de cada conselheiro não poderá ser superior a 3 anos, permitida a reeleição. Nas empresas públicas e sociedade de economia mista o prazo é menor (não superior a 2 anos) e deve ser unificado com o dos diretores, sendo permitidas, no máximo, 3 reconduções consecutivas (art. 13, VI). 29/09/2023, 20:28 Sociedade anônima https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/07321/index.html# 34/49 O art. 140, § 1º, prevê que o estatuto poderá permitir a participação no conselho de representantes dos empregados, escolhidos pelo voto destes, em eleição direta, organizada pela empresa, em conjunto com as entidades sindicais que os representam (art. 140, § 1º). Na eleição para o conselho de administração pode ser adotado o sistema do voto múltiplo, que consiste em atribuir a cada ação o número de votos correspondente ao número de cargos a serem preenchidos, reconhecido ao acionista o direito de cumular os votos em um só candidato ou distribuí-los entre vários. (cf. art. 141 da Lei das S/A). O art. 142 elenca as matérias de competência privativado conselho de administração: I - Fixar a orientação geral dos negócios da companhia. II - Eleger e destituir os diretores da companhia e fixar-lhes as atribuições, observado o que a respeito dispuser o estatuto. III - Fiscalizar a gestão dos diretores, examinar, a qualquer tempo, os livros e papéis da companhia, solicitar informações sobre contratos celebrados ou em via de celebração, e quaisquer outros atos. IV - Convocar a assembleia geral quando julgar conveniente e, obrigatoriamente, a assembleia geral ordinária. 29/09/2023, 20:28 Sociedade anônima https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/07321/index.html# 35/49 A diretoria é órgão obrigatório em toda companhia, competindo a qualquer diretor a sua representação da companhia e a prática dos atos necessários ao seu funcionamento regular, mas o estatuto pode estabelecer a atuação conjuntiva ou colegiada. Além disso, é lícito aos diretores constituir mandatários da companhia, nos limites de suas atribuições e poderes, devendo ser especificados no instrumento os atos ou operações que poderão praticar e a duração do mandato, que, no caso de mandado judicial, poderá ser por prazo indeterminado (art. 144). V - Manifestar-se sobre o relatório da administração e as contas da diretoria. VI - Manifestar-se previamente sobre atos ou contratos, quando o estatuto assim o exigir. VII - Deliberar, quando autorizado pelo estatuto, sobre a emissão de ações ou de bônus de subscrição. VIII - Autorizar, se o estatuto não dispuser em contrário, a alienação de bens do ativo não circulante, a constituição de ônus reais e a prestação de garantias a obrigações de terceiros. IX - Escolher e destituir os auditores independentes, se houver. 29/09/2023, 20:28 Sociedade anônima https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/07321/index.html# 36/49 A diretoria é composta por 1 ou mais membros, eleitos e destituíveis a qualquer tempo pelo conselho de administração ou, se inexistente, pela assembleia geral. Nas empresas públicas e sociedades de economia mista o número mínimo é de 3 diretores, conforme o art. 13, II, da Lei nº 13.303/2016. O prazo de gestão segue a mesma regra para os membros do conselho de administração, ou seja, não será superior a 3 anos, permitida a reeleição. Relembrando Nas empresas públicas e sociedades de economia mista, o prazo de gestão é unificado e menor. Os membros do conselho de administração, até o máximo de 1/3 (um terço), poderão ser eleitos para cargos de diretores (art. 143, § 1º). Contudo, é vedada, nas companhias abertas, a acumulação do cargo de presidente do conselho de administração com o cargo de diretor- presidente (art. 138, § 3º). Conselho �scal Na sociedade anônima, este órgão tem uma peculiaridade em relação a outros órgãos sociais — deve estar previsto no estatuto, mas seu funcionamento pode não ser permanente (art. 161). Nas empresas públicas e sociedades de economia mista o órgão é permanente (art. 13, IV, da Lei nº 13.303/16). A função do conselho fiscal está associada ao controle da atuação dos administradores, pois ao órgão cumpre fiscalizar permanentemente a gestão da sociedade e o exame de livros e documentos contábeis com parecer. Com isso, o conselho fiscal alerta e ajuda os sócios na detecção de eventuais irregularidades e no acompanhamento da 29/09/2023, 20:28 Sociedade anônima https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/07321/index.html# 37/49 situação financeira e patrimonial da sociedade, mas não pode aplicar punição aos administradores, pois entraria na competência da assembleia geral ou do conselho de administração, em relação aos diretores. Quando o funcionamento não for permanente, a instalação do conselho fiscal ocorre a pedido de acionistas que representem, no mínimo, 0,1 (um décimo) das ações com direito a voto, ou 5% das ações sem direito a voto. Cada período de seu funcionamento terminará na primeira assembleia geral ordinária após a sua instalação. Nesta assembleia o conselho pode ter seu funcionamento mantido ou não. Se for mantido, o mandato é sempre até a próxima AGO (art. 161, §§ 2º e 6º). Nas empresas públicas e sociedade de economia mista, o prazo de gestão não pode ser superior a 2 anos, permitidas 2 reconduções consecutivas (art. 13, VIII, da Lei nº 13.303/16). Comentário O conselho fiscal é composto de, no mínimo, 3 (três) e, no máximo, 5 (cinco) membros, e suplentes em igual número, acionistas ou não, eleitos pela assembleia geral. No caso de empresas públicas e sociedades de economia mista, em razão do controle estatal, o Conselho fiscal contará com pelo menos 1 (um) membro indicado pelo ente controlador, que deverá ser servidor público com vínculo permanente com a administração pública (art. 26, § 2º, da Lei nº 13.303/2016). O art. 161, § 4º, estabelece a composição do conselho fiscal, que deverá assegurar a representação dos acionistas minoritários, com ou sem direito a voto. Os titulares de ações preferenciais sem direito a voto, ou com voto restrito, terão direito de eleger, em votação separada, 1 membro e respectivo suplente; igual direito terão os acionistas minoritários, desde que representem, em conjunto, 10% ou mais das ações com direito a voto. Os demais acionistas com direito a voto poderão eleger os membros efetivos e suplentes que, em qualquer caso, serão em número igual ao dos eleitos pelos dois grupos anteriores mais 1 (elegerão 3 membros). Atenção! A função de membro do conselho fiscal é indelegável e somente podem ser eleitas pessoas naturais, residentes no país, diplomadas em curso de nível universitário, ou que tenham exercido por prazo mínimo de 3 anos cargo de administrador de empresa ou de conselheiro fiscal (art. 162). No caso de empresa pública e sociedade de economia mista, os requisitos estão previstos no art. 26, § 1º, da Lei nº 13.303/201. 29/09/2023, 20:28 Sociedade anônima https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/07321/index.html# 38/49 O art. 163 descreve as atribuições privativas do conselho fiscal, sendo que algumas delas podem ser desempenhadas individualmente, como: Fiscalizar os atos dos administradores e verificar o cumprimento dos seus deveres legais e estatutários. Denunciar aos órgãos de administração e, se estes não tomarem as providências necessárias para a proteção dos interesses da companhia, à assembleia geral, os erros, fraudes ou crimes que descobrirem, e sugerir providências úteis à companhia. Há atribuições que dependem de atuação colegiada, como: Opinar sobre o relatório anual da administração. Opinar sobre as propostas dos órgãos da administração, a serem submetidas à assembleia geral, relativas à modificação do capital social, emissão de debêntures ou bônus de subscrição, planos de investimento ou orçamentos de capital, distribuição de dividendos, transformação, incorporação, fusão ou cisão. Analisar, ao menos trimestralmente, o balancete e demais demonstrações financeiras elaboradas periodicamente pela companhia. Examinar e opinar sobre as demonstrações financeiras do exercício social. Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 O presidente do conselho de administração de uma companhia aberta convocou os acionistas para a assembleia geral ordinária. Foram publicados três anúncios para a primeira convocação, sendo o primeiro com quinze dias de antecedência da data marcada. Considerando estes dados, assinale a única alternativa correta. 29/09/2023, 20:28 Sociedade anônima https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/07321/index.html# 39/49 Parabéns! A alternativa C está correta. Com base no art. 124, § 1º, II, da Lei nº 6.404/76, a publicação do primeiro anúncio ocorreu com menos de 21 dias de antecedência, logo são falsas as alternativas B e D. As alternativas A e E são falsas por apresentarem justificativas equivocadas para a irregularidade da convocação. Questão 2 Você compreendeu que nas sociedades de economiamista e nas empresas públicas que adotarem o tipo de sociedade anônima a composição do conselho de administração é diferente das demais companhias quanto à quantidade mínima de membros. Sobre este tema, assinale a única alternativa correta. A A convocação para a assembleia geral ordinária não foi regular porque não respeitou o mínimo de trinta dias de antecedência da publicação do primeiro anúncio. B A convocação para a assembleia geral ordinária foi regular porque respeitou o mínimo de quinze dias de antecedência da publicação do primeiro anúncio. C A convocação para a assembleia geral ordinária não foi regular porque não respeitou o mínimo de vinte e um dias de antecedência da publicação do primeiro anúncio. D A convocação para a assembleia geral ordinária foi regular, tendo sido realizada pelo presidente do conselho de administração e com publicação prévia de três anúncios. E A convocação para a assembleia geral ordinária não foi regular porque não respeitou o mínimo de cinco publicações do anúncio de convocação. 29/09/2023, 20:28 Sociedade anônima https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/07321/index.html# 40/49 Parabéns! A alternativa A está correta. Com base no art. 13, I, da Lei nº 13.303/2016 (mínimo de 7 membros), e no art. 140, caput, da Lei nº 6.404/76 (mínimo de 3 membros). As demais alternativas são falsas. A Nas companhias em geral, o mínimo de membros do conselho de administração é de três, enquanto nas sociedades de economia mista e empresas públicas o mínimo é de sete. B Nas companhias em geral, o mínimo de membros do conselho de administração é de quatro, enquanto nas sociedades de economia mista e empresas públicas o mínimo é de cinco. C Nas companhias em geral, o mínimo de membros do conselho de administração é de dois, enquanto nas sociedades de economia mista e empresas públicas o mínimo é de três. D Nas companhias em geral, o mínimo de membros do conselho de administração é de sete, enquanto nas sociedades de economia mista e empresas públicas o mínimo é de onze. E Nas companhias em geral, o mínimo de membros do conselho de administração é de cinco, enquanto nas sociedades de economia mista e empresas públicas o mínimo é de quinze. 29/09/2023, 20:28 Sociedade anônima https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/07321/index.html# 41/49 3 - Sociedade em comandita por ações Ao �nal deste módulo, você será capaz de reconhecer a legislação aplicável à sociedade em comandita por ações e suas peculiaridades. Origem e legislação da sociedade em comandita por ações Contexto histórico-legal Confira no vídeo o contexto histórico e a disciplina legal da sociedade em comandita por ações. Em todas as legislações anteriores, e na atual, a sociedade em comandita por ações sempre esteve atrelada à sociedade anônima, determinando a legislação à aplicação subsidiária e, no que couber, das 29/09/2023, 20:28 Sociedade anônima https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/07321/index.html# 42/49 disposições deste tipo. Nesse sentido dispunha o art. 280 da Lei nº 6.404/76: “A sociedade em comandita por ações [...] reger-se-á pelas normas relativas às companhias ou sociedades anônimas, sem prejuízo das modificações constantes deste capítulo”. Em razão dessa disposição, não haveria necessidade de regramento no Código Civil para a sociedade em comandita por ações, mas o legislador, ainda assim, dedicou a ele um capítulo próprio (Capítulo VI, arts. 1.090 a 1.092). No art. 1.090 é repetida a redação do art. 280, porém com referência ao capítulo do Código: “A sociedade em comandita [...] regendo-se pelas normas relativas à sociedade anônima, sem prejuízo das modificações constantes deste capítulo [...].” As disposições do Código Civil são bastante semelhantes com as da Lei das S/A (arts. 280 a 283), com alterações pontuais, com exceção do art. 284, sem correspondência no Código. Em razão da disposição contida no art. 2º, § 1º, da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro (Decreto-lei nº 4.657/42), a lei posterior revoga tacitamente a anterior quando com ela for incompatível. Essa é a hipótese que ocorre, pois o Código Civil, Lei nº 10.406/2002, é posterior à Lei nº 6.404/76 e trata da sociedade em comandita por ações, reproduzindo as características que estavam na Lei das S/A. Atenção! Não é possível a coexistência de normas sobre o mesmo tipo societário em leis distintas, tratando do mesmo tema (ex.: responsabilidade dos sócios, administração, nome empresarial), por isso houve revogação tácita. Nota-se que o art. 1.190 determinou a aplicação da Lei das S/A à comandita por ações, “sem prejuízo das modificações deste capítulo”, ou seja, os arts. 280 a 283 estão tacitamente revogados pelo Código Civil, já que seu conteúdo passou a ser regulado por este diploma. Características da sociedade em comandita por ações Seus elementos 29/09/2023, 20:28 Sociedade anônima https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/07321/index.html# 43/49 Confira no vídeo as principais características da sociedade em comandita por ações. A principal característica da sociedade em comandita simples é a existência de duas categorias de sócios, com responsabilidades distintas pelas obrigações sociais, veja: Acionista não administrador É aquele cuja responsabilidade pelas obrigações sociais é idêntica à do acionista da sociedade anônima, ou seja, limitada e não solidária pelo preço de emissão das ações subscritas ou adquiridas. Acionista administrador É aquele denominado diretor, que responde subsidiária e ilimitadamente pelas obrigações da sociedade (art. 1.091, caput). Ao contrário da sociedade em comandita simples, na sociedade em comandita por ações a responsabilidade ilimitada não está atrelada a uma categoria de sócio (comanditado) e sim ao exercício da administração da sociedade e apenas durante o tempo de duração dela, que é por tempo indeterminado (art. 1.091, § 2º). Além da responsabilidade dos sócios, o Código Civil apresenta outras características da sociedade, a maior parte associada à administração. São elas: O capital social é dividido em ações, tal qual a sociedade anônima. Por esta razão, a sociedade é denominada “comandita por ações”, sendo sempre uma sociedade empresária independentemente do objeto (art. 982, parágrafo único, do Código Civil). O nome empresarial pode ser da espécie firma ou denominação, de acordo com o caput do art. 1.090. Em complemento, o art. 1.161 do Código Civil determina a obrigatoriedade da expressão “comandita por ações” e a dispensa da indicação do objeto no 29/09/2023, 20:28 Sociedade anônima https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/07321/index.html# 44/49 nome empresarial. Em observância ao art. 1.157, a firma somente poderá ser integrada pelo nome patronímico do sócio de responsabilidade ilimitada, ou seja, o acionista diretor. Caso haja mais de um, qualquer deles pode integrar a firma. Em razão da existência de acionistas com responsabilidade limitada – aqueles que não são diretores, é obrigatório o aditivo & Companhia ou sua forma abreviada & Cia. Exemplos: Torres & Cia, Comandita por Ações ou Torres, Cunha & Cia, Comandita por Ações. A administração da sociedade somente pode ser atribuída a acionista, pois dela decorre a responsabilidade ilimitada e subsidiária; sendo mais de um diretor, há solidariedade entre eles (art. 1.091, § 1º). Os diretores não podem ser designados em ato separado, devendo a nomeação ser feita no estatuto (ato constitutivo da sociedade). Diferentemente da sociedade anônima, há um quórum qualificado de deliberação para a destituição dos diretores, ou seja, no mínimo dois terços do capital social (art. 1.091, § 2º). O diretor destituído e aquele que se exonerou do cargo continua, durante dois anos, responsável ilimitada e subsidiariamente pelas obrigações contraídas sob sua administração (art. 1.091, § 3º). Também em razão da responsabilidade ilimitada dos diretores,a assembleia geral não pode, sem o consentimento deles, mudar o objeto essencial da sociedade, prorrogar-lhe o prazo de duração, aumentar ou diminuir o capital social, criar debêntures ou partes beneficiárias (art. 1.092). Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 Ao estudar a disciplina legal da sociedade em comandita por ações, você verificou que nem todos os artigos da Lei das S/A do capítulo próprio da sociedade em comandita por ações foram reproduzidos no Código Civil. Acerca do art. 284, cujo conteúdo permanece apenas na Lei das S/A, assinale a única alternativa que indica instituto das sociedades anônimas que não se aplica à sociedade em comandita por ações. 29/09/2023, 20:28 Sociedade anônima https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/07321/index.html# 45/49 Parabéns! A alternativa D está correta. Alternativa fundamentada no art. 284 da Lei nº 6.404/76, que ainda está em vigor em razão de não ser reproduzido ou ter seu conteúdo previsto nas disposições do Código Civil sobre a sociedade em comandita por ações. As demais alternativas são falsas por estarem em desacordo com esse dispositivo. Questão 2 Ao estudar a introdução da sociedade em comandita por ações no direito brasileiro, você aprendeu que, originariamente, o capital social era dividido em ações apenas para representar a contribuição dos sócios comanditários. A participação dos sócios comanditados era dividida em quotas, sem prejuízo da possibilidade de eles adquirirem ou subscreverem ações. Tal dualidade, quotas para os comanditados e ações para os comanditários, foi encerrada com A Ações preferenciais B Conselho fiscal C Acordo de acionistas D Voto plural E Debênture A o Decreto-lei nº 2.627/1940. B a Lei nº 6.404/76. 29/09/2023, 20:28 Sociedade anônima https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/07321/index.html# 46/49 Parabéns! A alternativa A está correta. Somente com o Decreto-lei nº 2.627/40 que todo o capital passou a ser dividido em ações. As demais alternativas são falsas por indicarem diplomas legais que não alteraram a sistemática anterior quanto à divisão do capital da sociedade em comandita por ações. Considerações �nais Você aprendeu as características da sociedade anônima, com destaque para a ausência de solidariedade dos acionistas pela integralização do capital e a natureza de sociedade empresária qualquer que seja seu objeto. Viu ainda as regras de formação da denominação (nome empresarial) e o critério de distinção entre companhia aberta e fechada. Na sequência, analisou o processo de constituição, com as formalidades preliminares, a subscrição pública e a particular do capital, a constituição propriamente dita e as formalidades complementares. Você obteve noções básicas sobre os valores mobiliários, a competência da Comissão de Valores Mobiliário para regular este mercado e as principais disposições legais sobre as ações, as debêntures e os bônus de subscrição. Além disso, compreendeu a estrutura organizacional das companhias, composta pela assembleia geral, diretoria e conselho fiscal e, quando exigível, o conselho de administração. C o Código Comercial de 1850. D o Código Civil de 1916. E o Código Civil de 2002. 29/09/2023, 20:28 Sociedade anônima https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/07321/index.html# 47/49 Você também pôde verificar que as sociedades em comandita por ações seguem as disposições aplicáveis às companhias, com poucas peculiaridades, sendo a maioria relacionada à administração da sociedade. Destaca-se a responsabilidade ilimitada dos acionistas diretores enquanto estiverem no cargo, sua nomeação sem limite de tempo e o poder de vetar a aprovação de certas deliberações pela assembleia geral. Podcast Ouça um resumo sobre a sociedade anônima e suas características, sobre valores mobiliários e sua constituição, direitos e obrigações dos acionistas, bem como legislação aplicável à sociedade em comandita por ações. Explore + Confira as indicações que separamos especialmente para você! Para saber mais sobre a composição da denominação da sociedade anônima e sobre os critérios para verificação de identidade ou semelhança entre denominações, leia as Seções III e IV do Capítulo I, Título II (Da Execução dos Serviços de Registro Público de Empresas) da Instrução Normativa DREI nº 81, em vigor desde 1° de julho de 2020. Confira as regras fixadas pela CVM para as companhias abertas. A CVM disciplina atualmente a matéria na Resolução nº 81, de 29 de março de 2022. 29/09/2023, 20:28 Sociedade anônima https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/07321/index.html# 48/49 Referências ALMEIDA, A. P. Manual das Sociedades Comerciais: Direito de Empresa. 22. ed. São Paulo: Saraiva, 2018. BERTOLDI, M. M.; RIBEIRO, M. C. P. Curso avançado de Direito Comercial. 11. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2020. BORBA. J. E. T. Direito Societário. 19. ed. São Paulo: Atlas, 2022. CAMPINHO, S. Curso de Direito Comercial: Sociedade anônima. 6. ed. São Paulo: Saraiva, 2022. COELHO, F. U. Novo manual de Direito Comercial. 31. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2020. GONÇALVES NETO, A. A. Manual das companhias ou sociedades anônimas. 2. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2010. NEGRÃO, R. Curso de Direito Comercial e de Empresa. v. 1 - Teoria Geral da Empresa e Direito Societário. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2019. TEIXEIRA, T. Direito empresarial sistematizado. 8. ed. São Paulo: Saraiva, 2019. TOMAZETTE, M. Curso de Direito Empresarial. v. 1 - Teoria Geral e Direito Societário. 11. ed. São Paulo: Saraiva, 2020. Material para download Clique no botão abaixo para fazer o download do conteúdo completo em formato PDF. Download material O que você achou do conteúdo? javascript:CriaPDF() 29/09/2023, 20:28 Sociedade anônima https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/07321/index.html# 49/49 Relatar problema
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