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Herança Multifatorial e Doenças Comuns Participação de mais genes → Herança oligogênica: poucos genes determinam o caráter, sendo que alguns alelos possuem mais influência do que outros → Herança poligênica: a variação é causada por efeitos combinados (aditivos) de múltiplos genes; → Herança multifatorial: vários genes e fatores ambientais que também podem causar variação nas características Classificação do fenótipo → Herança monogênica Características qualitativas (descontínuas) – classes fenotípicas muito bem definidas → Herança multifatorial: Características quantitativas (contínuas) Características semicontínuas (quase contínuas) – nem sempre são de fácil distinção Características quantitativas → Pequeno efeito aditivo dos poligenes; → Fenótipo gradual; → Distribuição contínua (normal) ao nível de população; → Influenciada pelo ambiente → multifatorial A curva normal (curva de Gauss) • Os genes individuais seguem os princípios mendelianos de segregação e distribuição independente, mas agem em conjunto para influenciarem a característica → Apenas um gene envolvido: três opções de genótipos (AA, Aa, aa). A partir do momento que se adiciona mais genes, há mais opções de classes fenotípicas de acordo com genótipos Altura → Exemplo de características quantitativas – cada fator tem um pequeno efeito Fatores genéticos: componente genético extremamente significativo (genes envolvidos em hormônio de crescimento, matriz extracelular, formação de ossos) → herdabilidade elevada Fatores ambientais: nutrição, cuidados médicos, atividade física, etc. → A altura vem sendo estudada desde 1850- 1900; → 2008, Nature Genetics, microarray: 54 SNPs (mutações de base única) → Efeito individual pequeno – 0,4 a 0,8cm (herdabilidade alta) → Genes envolvidos na matriz extracelular (cartilagem e ossos), no desenvolvimento embrionário e no controle do ciclo celular → Explicam menos de 10% da variação em humanos! → Predição da altura à partir de dados genéticos e entender a contribuição de genes relacionados aos distúrbios de crescimento de causa genética. Características semicontínuas → Vários tipos de interações entre genes → Influência ambiental variável → Distribuição descontínua ao nível de população devido ao limiar entre normal e afetado Herança monogênica x Herança multifatorial Herança Multifatorial → Doenças comuns e algumas malformações congênitas: não são causadas por genes únicos/anormalidades cromossômicas; → Interação complexa de fatores genéticos e ambientais → Variantes genéticas e exposições ambientais: desencadeiam, aceleram, exacerbam ou protegem contra a doença Doenças comuns/complexas → Distúrbios comuns que apresentam agregação familiar, mas não são explicados pela herança mendeliana convencional. → A maioria das doenças se manifestam ao nascimento ou início da infância → Mas algumas aparecem apenas em idade avançada – fator ambiental → O conhecimento dos fatores genéticos e dos fatores ambientais que influenciam uma doença multifatorial permitem: • Propor um risco de recorrência para novas gestações • Afastar os fatores ambientais que podem aumentar os riscos nas próximas gestações • Estabelecer métodos de diagnóstico pré- natal • Prevenir as doenças multifatoriais em termos populacionais. → Característica comum da herança multifatorial – doença em uma mesma família → Compartilhamento de genes + mesmas exposições ambientais → Desenvolvimento de doenças ao acaso ou apenas fatores ambientais compartilhados – nem sempre tem genética associada → Doenças/características que não seguem a distribuição em forma de sino – estão presentes ou ausentes Não seguem o padrão esperado das doenças monogênicas; Ex: Lábio leporino e/ou palato fendido isolados, DTN, pé torto e algumas formas de doenças do coração congênitas; → Distribuição de susceptibilidade: indivíduos com poucas chances de desenvolverem a doença e indivíduos mais propensos. → Limiar de susceptibilidade - precisa ser cruzado antes que a doença seja expressa: Fatores genéticos + ambientais variam quantitativamente; Quando os fatores atingem um certo nível, a característica aparece; Alelos predispõem, mas só quando o limiar é ultrapassado (ambiente) é que a característica aparece. → O limiar genotípico é variável → Número variável de genes: Poligenes de efeito aditivo Poucos genes, mas de efeito importante → Variável entre doenças distintas. → O limiar de susceptibilidade pode variar entre os sexos → Menor limiar = mais suscetível → limiar situado mais centralmente na curva → menos genes para expressar a doença → Maior limiar = menos suscetível → limiar mais distante na curva → mais genes para expressar a doença • Manifesta-se logo após o nascimento • Estreitamento e obstrução do piloro → vômitos crônicos, constipação, perda de peso e desequilíbrio eletrolítico • Prevalência: mais comum em homens do que em mulheres → dois limiares de distribuição, dependente do sexo (limiar mais baixo para homens e limiar mais alto para mulheres) → Risco genético é estimado em mais de 97%, com herdabilidade de 81% → Fatores de risco: Variantes genéticas Idade paterna Uso de ácido valpróico Idade materna, exposição materna a toxinas e poluentes, desnutrição e alimentação na infância, baixo peso ao nascimento → em estudo, embora já sejam considerados como fatores de risco → Uso de vitaminas e vacinação, dentre outros, não tem impacto significativo. → Diagnóstico clínico → Modelo de copo: Parte genética (variantes comuns): alelos comuns na nossa população – a bolinha é menor (pouco peso no copo) Variantes raras: papel mais importante Fatores ambientais → Para desenvolver o autismo, deve cruzar o limiar (borda do copo) → No autismo o tamanho do copo é diferente para meninos e para meninas, como é mais comum em meninos, o copo é menor Risco de recorrência → O risco de recorrência é impreciso: Número de genes que contribuem para a doença é geralmente desconhecido A constituição alélica precisa dos pais não é conhecida A extensão dos efeitos ambientais pode variar substancialmente → Riscos empíricos: baseados em observação direta de dados: Ex: Defeitos de tubo neural são observados em ~2-3% dos irmãos de probandos com esse defeito → risco de recorrência para genitores que já tiveram um filho com esse defeito é de 2-3% - porém os estudos foram feitos em populações diferentes → Riscos empíricos de recorrência são específicos para cada doença multifatorial! → Fatores de risco variam entre as doenças → O risco pode mudar substancialmente de uma população para outra → frequências gênicas e fatores ambientais podem diferir entre as populações → Pode ser diferente para os dois sexos 1. O risco de recorrência é maior se mais de um membro da família é afetado → Ex: RR para irmão de probando com defeito no septo ventricular = 3%; para dois irmãos afetados, RR = 10%. → O risco de recorrência para doenças monogênicas é o mesmo, a despeito do número de irmãos afetados. 2. Se a expressão da doença no probando for mais severa, risco de recorrência é maior → Expressão mais severa = porção extrema da distribuição de susceptibilidade. Os seus parentes, então, têm um risco maior de herdarem os genes da doença → Para crianças com fissura de lábio unilateral, o risco de recorrência para prole é 2,5%, para crianças que nascem com a fissura bilateral o risco é maior, 5,6% 3. O risco de recorrência é maior se o probando for do sexo menos comumente afetado → Indivíduo afetado do sexo menos susceptível está geralmente na posição mais extrema da distribuição desusceptibilidade 4. O risco de recorrência para a doença geralmente diminui rapidamente em parentes mais distantes → Reflete o fato de que vários genes e fatores ambientais precisam se combinar para produzirem a característica → Quanto mais distante for o parentesco, além de diluir a genética, dilui também o ambiente → Risco de recorrência para doenças monogênicas diminui em 50% a cada grau de parentesco 5. Se a prevalência da doença na população é f, o risco da prole e de irmãos do probando é de aproximadamente √f → Características monogênicas – os RR são independentes da prevalência na população 6. A incidência de características multifatoriais é maior na prole de casamentos entre parentes do que no casamento entre pessoas não aparentadas → Consequente aumento de probabilidade Efeitos dos genes e do ambiente → Família: compartilhamento de genes e ambientes Características semelhantes refletem os fatores genéticos e ambientais comuns; → Determinação da influência relativa do fatores genéticos e ambientais: Melhor entendimento da etiologia da doença Auxiliar no planejamento das estratégias de saúde pública → Monozigóticos são geneticamente iguais, já os dizigóticos não, aconteceu uma dupla fecundação, como se fossem apenas irmãos mas na mesma gestação → Gêmeos MZ: geneticamente idênticos = qualquer diferença entre eles é decorrente de efeitos ambientais Esses gêmeos devem se assemelhar muito em características fortemente influenciadas por genes → Gêmeos DZ: diferenças ambientais devem ser semelhantes aquelas dos gêmeos MZ, mas suas diferenças genéticas são tão grandes quanto aquelas entre irmãos → Estudos de comparações entre gêmeos MZ e DZ: Taxa de concordância: quando ambos os membros de um par compartilham uma característica - Concordantes/discordantes Coeficiente de correlação intraclasse: características quantitativas - Valor estatístico entre -1,0 e 1,0 que mede o grau de homogeneidade de uma característica de uma amostra de indivíduos. → Condição exclusivamente genética: taxa de concordância geralmente de 100% em gêmeos MZ e muito menor nos DZ; → Condição multifatorial: taxa de concordância é maior em MZ, mas raramente tão alta quanto 100% (improvável que os gêmeos compartilhem um ambiente idêntico); → Condição exclusivamente ambiental: taxa de concordância em MZ e DZ aproximadamente iguais (genética não importa) Taxas de concordância para doenças contagiosas são bastante semelhantes em gêmeos MZ e DZ → Herdabilidade: porcentagem da variação populacional de uma característica que é devida aos genes → Características amplamente determinadas por genes vão resultar em uma estimativa de herdabilidade que se aproxima de 1,0 (100%) → Os valores são específicos para a população na qual ela foi estimada Correlação entre populações para a amplitude geral da estimativa da herdabilidade na maioria das características Doenças de etiologia complexa → Em geral são doenças ditas comuns porque ocorrem com uma frequência mínima de 1/1000 indivíduos na população; → Resultam da interação de fatores genéticos, fatores epigenéticos e fatores não genéticos (ambientais) • Coágulo formado no sistema venoso do cérebro e causa uma oclusão nas veias cerebrais • Afeta adultos jovens • Rara <1:100.000, com alta taxa de mortalidade (5-30%) • Três fatores aumentam o risco: interação gene-gene + influência ambiental • Teste genético indicado para mulheres com história familiar de trombose • Alelo mutante do Fator V de Leiden: substituição de arginina por glutamina na posição 506 Frequência 2,5% em caucasoides; Heterozigotos: 5% da população; • Altera o sítio de clivagem para degradação → mais estável, exercer a função mais longamente (efeito pró- coagulante) • Mutação no gene da protrombina: mudança de G para A na posição 20210 na região 3 ́UTR (faz com que o RNAm não seja degradado) Heterozigotos: 2,4% população caucasiana • Maior nível de RNAm no citoplasma = elevados níveis da proteína → maior efeito pró-coagulante → o risco de formar o coagulo • Ambiente: uso de contraceptivos orais, contendo estrogênio sintético Aumenta os níveis de muitos fatores de coagulação no sangue; Risco de 14-22x maior para trombose. • Heterozigoto Fator V + contraceptivo: maior risco • Homozigoto protrombina + contraceptivo: 30-150x mais risco • Outras associações: Trombose arterial placentária → possuir uma das mutações e/ou mutação do gene MTHFR aumenta o risco em 5x Trombose venosa profunda das extremidades inferiores: 1:1000, mortalidade principalmente devido ao embolismo pulmonar (até 10%) - Fatores ambientais: trauma, cirurgias (principalmente ortopédicas), doenças malignas, períodos prolongados de imobilidade, uso de contraceptivos orais e idade avançada • Infância ou adolescência - infiltração de células T no pâncreas e destruição autoimune das células β pancreáticas que produzem insulina • 10% dos casos de diabetes • Agregação familiar • Risco aumentado: pais afetados ou irmãos de indivíduos afetados Risco em irmão de probando: aprox. 7% (0,3 na população geral); • Concordância: gêmeos monozigóticos: 40%, dizigóticos: 5% • Evidências genéticas: 20-50 genes que podem aumentar a susceptibilidade. • Associação com HLA (antígenos leucocitários humanos): HLA-DR3 e/ou DR4: 95% dos pacientes (50% na população geral) HLA-DQ: substituição do ácido aspártico, pos. 57 em homozigose. Altera a capacidade de ligação e apresentação de peptídeos as células T → risco 100x • Gene da insulina Mutação diminui a expressão do gene no timo fetal, reduzindo a tolerância imunológica à insulina e células Produtoras de insulina no pâncreas • Evidências ambientais: Concordância de menos de 50% em monozigóticos, Variação sazonal na incidência, Incidência aumentada em crianças com rubéola congênita. • Fatores ambientais: Infecções virais específicas e Exposições prematuras a albumina bovina • 2% dos recém-nascidos, risco de recorrência: 1-5% • Isoladas (multifatoriais) ou associadas a outras doenças; • Fatores ambientais: Talidomida → focomelia (encurtamento dos membros) Ácido retinóico → coração, ouvidos, SNC Rubéola → coração • Cardiopatias congênitas: ~4-8:1000 nascimentos – Recorrência em famílias: crianças afetadas não necessariamente apresentam o mesmo defeito anatômico, mas lesões que são semelhantes quanto aos mecanismos de desenvolvimento Defeitos do tubo neural • Apresentações clínicas: anencefalia, encefalocele occipital e espinha bífida • Maioria: defeitos isolados de causa desconhecida • Pequena proporção com causas específicas conhecidas: bridas amnióticas, alguns defeitos monogênicos com expressão pleiotrópica, distúrbios cromossômicos e alguns teratógenos • Agregação familiar • Riscos: parentes de primeiro grau 4%, segundo grau 1%, herdabilidade ~0,6 • Deficiência de ácido fólico: risco é inversamente relacionado com níveis sorológicos durante a gestação Percentual mínimo de 200μg/L; • Variante genética: Mutação na enzima 5,10- metilenotetraidrofolato redutase (MTHFR – C677T e A1298C) → forma menos estável Reciclagem do tetraidrofolato e interfere na metilação da homocisteína para metionina; Alelo mutante comum: 5-15% de homozigotos, risco de 2-4x • Estudos atuais não encontraram evidências científicas suficientes para indicar o teste genético MTHFR Variante não tem “força” suficiente (condição multifatorial) para alterar a conduta médica. Tanto para a relação com trombose, quanto pra relação ácido fólico/defeito de tubo neural • Suplementação de ácido fólico de rotina aumentará adequadamenteas concentrações de eritrócitos e folato sérico, independentemente de a mulher ter ou não um polimorfismo. • Causa mais comum de demência senil e pré-senil • Perda progressiva de memória, perturbação emocional e perda de habilidades intelectuais • Emaranhados neurofibrilares neurotóxicos e placas senis de fibras amiloides; • Risco para parentes de 1º grau: 3-4x, taxas de concordância de 30-80% MZ, 10-40% DZ, herdabilidade: 0,4-0,8 Esporádico 97% dos casos Multifatorial Idade: após os 60 anos Fatores de risco: - Estilo de vida - Genes APOE e TREM2 Hereditário 3-10% dos casos Idade: 30-60 anos Herança autossômica dominante 50% chance de herdar Genes APP (cromossomo 21), PSEN1 e PSEN2 → Doença multifatorial: forma mais comum, com início após 60-65 anos de idade → Polimorfismo no gene APOE: Apolipoproteína E – constituinte das placas amiloides; Alelos comuns: E2, E3 e E4 – substituições de arginina por resíduos diferentes de cisteína na proteína. Frequência do E4: significativamente aumentada em pacientes com Alzheimer Homozigotos E4E4: risco 12x, com início mais precoce. Homens: 35% chance de desenvolver a doença, mulheres: 50% • Outros fatores genéticos, polimorfismos no DNA mitocondrial e fatores ambientais; • Associação entre E4 e doença neurodegenerativa após trauma cranioencefálico: o trauma cerebral (fator ambiental) pode interagir com o alelo na patogênese da doença.
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