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Resolução de Problemas Lista 02 Soluções dos Exerćıcios de Divisibilidade 1. Prove que se n é ı́mpar (a) n2 − 1 é diviśıvel por 8; Demonstração. Como n é ı́mpar, temos que n = 2q + 1 para algum q ∈ Z. Assim, n2 − 1 = (2q + 1)2 − 1 = 4q2 + 4q + 1− 1 = 4q2 + 4q = 4q(q + 1). Como q e q + 1 são consecutivos, um deles tem que ser par. Logo, n2 − 1 é diviśıvel por 8. (b) n3 − n é diviśıvel por 24; Demonstração. Usaremos o fato que se a, b são primos entre si, então c é diviśıvel por ab se, e somente se, c é diviśıvel por a e por b. Assim, para mostrar que n3 − n é múltiplo de 24, basta mostrar que n3 − n é múltiplo de 3 e de 8, uma vez que 3 e 8 são primos entre si. Observe que n3−n = n(n2− 1). Como n é ı́mpar, segue do exerćıcio anterior que n3 − n é diviśıvel por 8. A divisibilidade por 3 decorre do lema dos restos. De fato, se n ≡ 0 mod 3, n3 − n será múltiplo de 3, claramente. Se n ≡ 1 mod 3, temos que n3 − n será múltiplo de 3, já que 13 − 1 ≡ 0 mod 3. Se n ≡ 2 mod 3, temos que n3 − n será múltiplo de 3, já que 23 − 2 ≡ 0 mod 3, completando assim a prova. (c) n2 + (n+ 2)2 + (n+ 4)2 + 1 é diviśıvel por 12. Demonstração. Novamente, usaremos o fato que se a, b são primos entre si, então c é diviśıvel por ab se, e somente se, c é diviśıvel por a e por b. Assim, para mostrar que a expressão é múltiplo de 12, basta mostrar que 3 e de 4. Vamos primeiro à divisibilidade por 4. Observe que como n é ı́mpar, basta verificar os casos quando n ≡ 1 mod 4 e n ≡ 3 mod 4. Quando n ≡ 1 mod 4 temos que n2 +(n+2)2 +(n+4)2 +1 ≡ 12 +(1+2)2 +(1+4)2 +1 ≡ 36 ≡ 0 mod 4. Do mesmo modo, quando n ≡ 3 mod 4 temos que n2 +(n+2)2 +(n+4)2 +1 ≡ 32 +(3+2)2 +(3+4)2 +1 ≡ 84 ≡ 0 mod 4. Para verificar a divisibilidade por 3, repetimos o argumento usando os restos da divisão por 3. Observe que quando n ≡ 0 mod 3 temos que n2 +(n+2)2 +(n+4)2 +1 ≡ 02 +(0+2)2 +(0+4)2 +1 ≡ 21 ≡ 0 mod 3. Procedendo de modo inteiramente análogo para os casos n ≡ 1 mod 3 e n ≡ 2 mod 3, completamos a prova. 2. Três números primos p, q e r, maiores que 3, formam uma progressão aritmética, ou seja, q = p+ d e r = p+ 2d. Prove que d é diviśıvel por 6.1 Demonstração. Temos que d é par, já que d = q − p, com p e q primos maiores que dois, logo ı́mpares. Basta mostrar que d é diviśıvel por 3. Ora, supondo o contrário, temos que d ≡ 1 mod 3 ou n ≡ 2 mod 3. Analisando o resto de q e r módulo 3 nas tabelas a seguir (em função dos restos de d nas colunas e p nas linhas). Para q temos mod 3 d ≡ 1 d ≡ 2 p ≡ 1 2 0 p ≡ 2 0 1. Para r temos: mod 3 d ≡ 1 d ≡ 2 p ≡ 1 0 1 p ≡ 2 1 0. 1Foi demonstrado em 2004 pelos Matemáticos B. Green e T. Tao que existem progressões aritméticas de tamanho arbitrariamente grande formadas somente por primos. A prova pode ser encontrada em www.arxiv.org. Logo, se d não é diviśıvel por 3, ou q ou r serão diviśıveis por 3, o que é imposśıvel, já que são ambos números primos. 3. Mostre que 311 − 3 é diviśıvel por 112. 4. Um robô possui dois botões, permitindo que a cada momento ele suba a degraus ou desça b degraus de uma escada com infinitos degraus. Sabendo que o robô está no ińıcio da escada, pergunta-se: (a) Se a = 12 e b = 3, é posśıvel que o robô visite todos os degraus após uma sucessão desses movimentos? Demonstração. Se apertamos o botão de subir x vezes e o de descer y vezes, o robô irá subir ou descer 12x − 3b degraus. Note que esse número é sempre múltiplo de 3, não sendo posśıvel para o robô com uma sequência desses movimentos atingir um degrau com número que não é diviśıvel por 3. (b) Mostre que se a e b são primos entre si, o robô consegue visitar todos os degraus. Demonstração. Como a e b são primos entre si, pelo Teorema de Bezout-Bachet, é posśıvel encontrar x e y de modo que ax− by = 1. Assim, o robô pode sair do ńıvel inicial e ir para o degrau 1 apertando- se x vezes o botão de subir e em seguida apertando-se y vezes o botão de descer. Repetindo esse procedimento, o robô pode atingir qualquer degrau. 5. Encontre o resto que deixa (a) 2001 · 2002 · 2003 · 2004 + 20052 quando é dividido por 7; Demonstração. Vamos usar o lema dos restos. 2001 quando dividido por 7 deixa resto 6; Assim, 2002 é diviśıvel por 7 e 2005 deixa resto 3 quando dividido por 7. Logo, 20052 deixa resto 2, já que 32 deixa resto 2 quando dividido por 7. (b) 2100 quando é dividido por 3; Demonstração. 22 resto 1 quando dividido por 3. Logo, 2100 = (22)50 deixa resto 1 quando dividido por 3. (c) ( 1237156 + 34 )28 quando é dividido por 111. 6. Encontrar o último d́ıgito dos números (a) 19892005; (b) 777777 + 250; (c) 1 + 22 + 32 + · · ·+ 20052. 7. Verifique que 111 . . . 1︸ ︷︷ ︸ 2012 uns = 222 . . . 2︸ ︷︷ ︸ 1006 dois +(333 . . . 3︸ ︷︷ ︸ 1006 três )2. Demonstração. Observe que 111 . . . 1︸ ︷︷ ︸ 2012 uns = 102012 − 1 9 e que 222 . . . 2︸ ︷︷ ︸ 1006 dois = 2× ( 101006 − 1 ) 9 e (333 . . . 3︸ ︷︷ ︸ 1006 três )2 = 9× (101006 − 1 9 )2 . Portanto, basta verificar que 102012 − 1 9 = 2× 10 1006 − 1 9 + 9× (101006 − 1 9 )2 , De fato, cancelando 9 em ambos os lados 102012 − 1 = 2× (101006 − 1) + (101006 − 1)2, como queŕıamos demonstrar. 8. Demonstre que o número 1 000 . . . 00︸ ︷︷ ︸ 2012 zeros 1 é composto. Demonstração. Para termos uma idéia da prova deste fato, vamos provar que 1001 é composto. Ora, temos que 1001 = 11× 91. Do mesmo modo, 100001 = 11 × 9091 e que 10000001 = 11 × 909091. Assim, depois dessa análise inicial, fica bem claro que nosso candidato para divisor do número pedido é o 11; Podemos verificar sem maiores dificuldades que 1 000 . . . 00︸ ︷︷ ︸ 2012 zeros 1 = 11× 9090 . . . 90︸ ︷︷ ︸ 1005 vezes 91. 9. Considere o polinômio p(n) = amn m+am−1n m−1+ · · ·+a0 de grau m ≥ 1 com coeficientes inteiros e n ∈ N. Prove que p(n) é um número composto para infinitos valores de n.2 10. Prove que se (x0, y0) é uma solução da equação diofantina linear ax−by = 1, então a área do triângulo cujos vértices são (0, 0), (b, a) e (x0, y0) é 1/2. 11. Ao entrar numa sala, João se depara com 100 interruptores e 100 lâmpadas, numerados de 1 a 100. O interruptor n acende somente a lâmpada n, para cada valor de n = 1, 2, . . . , 100. De ińıcio, todas as 100 lâmpadas estão apagadas. João aperta todos os interruptores múltiplos de 2. A seguir, aperta todos os múltiplos de 3, e assim sucessivamente, até o único inter- ruptor múltiplo de 100. Ao final deste procedimento, pergunta-se: (a) Quais lâmpadas estão apagadas? Demonstração. Dado um número natural n = pα11 · · · p αk k , com p ′ is primos e α′is ≥ 0, sabemos que o número de divisores de n é d(n) = Πki=1(αi + 1). Para responder essa pergunta, basta analisar quantos divisores cada número de 1 a 100 possui. Na verdade, basta verificar a paridade da quantidade de divisores de cada número, já que se d(n) for par, a lâmpada n ficará acesa. Da expressão acima, é claro que d(n) é ı́mpar se, e somente se, αi é par, para cada valor de i. Assim, d(n) é ı́mpar se, e somente se, n é um quadrado. Logo, as lâmpadas que ficarão apagadas são aquelas que têm número que é um quadrado perfeito. (b) Quantas lâmpadas acenderam exatamente 4 vezes? Demonstração. Basta contar quantas lâmpadas tem 8 ou 9 diviso- res. Fazendo a contagem usando a expressão em produto de primos, obtemos a lista: 24, 30, 36, 40, 42, 54, 56, 66, 70, 78, 88 e 100. (c) Qual é o número da lâmpada que mais acendeu? Demonstração. Essa lâmpada corresponde aos números que tem mais divisores. O problema está mal-formulado, já que temos cinco números com exatamente 12 divisores: 60, 72, 84, 90 e 96. 2Sugestão: Use o fato de que existe a ∈ N tal que α = |p(a)| > 1 e mostre que α divide a p(αk + a), para todo k ∈ Z.