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Saudades de casa: 3º Semana integradora Paulinho, 18 anos, estudante, solteiro, procedente de Palmas/TO, mudou-se para Presidente Prudente-SP para cursar a faculdade de medicina, um sonho de seus pais que tanto investiram em seus estudos. Por conta disso, Paulinho sempre foi muito dedicado aos estudos, sendo o primeiro da turma desde a 5º série, sempre abdicando de lazer e atividades esportivas. Com sua entrada na faculdade, se sente obrigado a manter um padrão ainda mais rigoroso de estudos e não poupa esforços para isso. Agora sem a mãe presente, passou também a ter uma alimentação inadequada com lanches e refrigerantes. Sua mãe Sônia, apesar de apoiar sua dedicação aos estudos, também o cobra por este comportamento, pois acredita que isso “é de risco para o coração”, e Paulinho nem sempre está adequadamente alimentado e não tem energia para fazer exercícios. Sua mãe se preocupa, já que ela apresenta sopro cardíaco congênito. O fato é que a mudança de vida e as novas responsabilidades o deixaram agitado e por vezes, em momentos de pressão na faculdade, sente saudades, aperto no peito e o coração acelerado, mas prefere não comentar nada disso com seus pais ou colegas da turma, sente-se envergonhado por sentir essas coisas. Com medo, pensou em procurar um médico, mas se indagou como poderia fazer isso sem preocupar seus pais. Nessas ocasiões, respira fundo e segue em frente, pensando na responsabilidade de corresponder à expectativa dos pais em se formar um bom médico. Certo dia, querendo se sentir incluído ao novo grupo de amigos, aceita o convite de um colega para participar do jogo de futebol com a turma no Ginásio de Esportes da faculdade. Durante o jogo, Paulinho não para de correr e transpira muito. No segundo tempo, se sente mal referindo dor no peito, “batedeira” no coração, cansaço, câimbras e escurecimento da vista. Deita-se na grama e percebe melhora dos sintomas. O socorrista do grupo de assistência (ramal 5000) verifica sua pressão arterial e frequência cardíaca. Constata PA = 160x60 mmHg (VR: 120x80 mmHg) e pulso 160 bpm (VR: 70-80 bpm) rítmico. Sentou-o em um lugar fresco e novamente verificou seus sinais vitais, constatando PA 150x70 mmHg e FC 150 bpm. Foi acionado o serviço de resgate (193), que chegou em alguns minutos. Após ficar deitado, a PA revelou resultado de 140x80 mmHg e FC = 120 bpm, indicando que Paulinho estava melhor e não havia mais diferença significativa entre a PA na posição ortostática e em decúbito dorsal. Assim que ficou em pé sentiu novamente tonturas. Então pergunta: - O que aconteceu comigo? Foi o coração? Será que é grave? - Paulinho, é provável que o intenso esforço físico tenha alterado o mecanismo de controle da sua pressão arterial. Na UPA, foi realizado uma punção venosa, medicado e hidratado e revelou preocupação com o tempo que ficaria ali, pois, não quis comunicar sua família. A enfermeira Sílvia explicou que seria o necessário para que o soro fosse infundido e o medicamento fizesse o efeito esperado. Após 1 hora, sua PA estava em 120x80 mmHg e a FC = 85 bpm. Ao retornar para casa, ligou para os país e contou o ocorrido e resolveu que precisava mudar o seu estilo de vida. Hipótese As cobranças pessoais, sociais e principalmente a de seus pais, aliados a uma vida e histórico sedentário além de um déficit nutritivo que levaram Paulinho a um episódio de alteração cardíaca, possivelmente agravado por um fator genético intrínseco ao seu histórico familiar e mudança abrupta na sua rotina diária de esforço físico. 1. Descrever as camadas do coração, associando-as aos seus respectivos tecidos O coração é um órgão muscular que tem como principal função bombear o sangue para o organismo fazendo isso através de contrações rítmicas, ou seja, nada mais é que um par de bombas musculares dotadas de valvas combinadas. Além disso, é o órgão responsável pela produção do hormônio conhecido como fator nariurético atrial. Assim como os vasos sanguíneos, o coração possui algumas peculiaridades, como as 3 túnicas, que são: endocárdio (interna), miocárdio (média) e pericárdio (externa), sendo essa semelhança originada da gênese embriológica do coração, um “superespecializado” vaso sanguíneo.Outro aspecto a respeito desse órgão muscular que vale a pena destacar é o seu esqueleto fibroso, região central e fibrosa, que serve de apoio para as válvulas cardíacas e é o local de origem e inserção das células musculares do coração. PAREDE DO CORAÇÃO Sabe-se que o coração é constituído por algumas túnicas, também conhecidas como pares do coração. São elas: endocárdio, miocárdio e pericárdio (com seu folheto visceral epicárdio). Endocárdio → O endocárdio é uma estrutura semelhante a camada íntima dos vasos sanguíneos, sendo constituído por endotélio (epitélio pavimentoso simples) que repousa sobre uma camada subendotelial delgada de tecido conjuntivo frouxo (contendo fibras elásticas e colágenas, além de algumas células musculares lisas). Vale lembrar que essa camada subendotelial está conectada com o miocárdio, através de uma camada de tecido conjuntivo, comumente chamada de camada subendocardial que contém veias, nervos e ramos do sistema de condução elétrico do coração, as células de Purkinje. Miocárdio → Dentre as túnicas (paredes) do coração essa é a mais espessa, consistindo em células musculares cardíacas organizadas em camadas, envolvendo as câmaras do coração como uma espiral. Nesse âmbito, percebe-se a importância do esqueleto cardíaco fibroso, pois é justamente nele que grande parte dessas camadas se inserem. Fibras atriais Fibras ventriculares Figura 1: Fibras miocárdicas. Epicárdio → O epicárdio (fina camada de tecido conjuntivo) é o folheto visceral do pericárdio e serve de apoio para uma camada de epitélio pavimentoso simples (mesotélio) que cobre externamente o coração. O tecido adiposo que envolve o coração se acumula nessa camada. Fonte: Departamento de histologia da UFMG. Pericárdio → É a membrana serosa que envolve o coração e a base dos grandes vasos. Constituído por 02 folhetos, o visceral (epicárdio) e o parietal, de forma que o epicárdio recobre o coração e os grandes vasos, enquanto que a lâmina parietal reveste a superfície interna do pericárdio fibroso. Entre esses dois folhetos existe uma pequena quantidade de fluido, que atua facilitando os movimentos do coração. Ainda em tempo, vale lembrar que os dois folhetos descritos acima constituem o pericárdio seroso, mas ainda tem o pericárdio fibroso (formado por um resistente tecido conjuntivo denso modelado, rico em colágeno), porção mais externa dessa camada de revestimento, sendo superiormente contínuo exteriormente com a adventícia dos grandes vasos e inferiormente está aderido ao centro tendíneo do diafragma e a uma pequena área muscular de sua metade esquerda. PERICÁRDIO FIBROSO REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS JUNQUEIRA, L. C.; CARNEIRO, J.; ABRAHAMSOHN, P. Histologia básica: texto e atlas.12. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2013. STANDRING, S. Grayʾs Anatomia. A base anatômica da prática clínica. 40° Ed. Rio de Janeiro: Elsevier Editora Ltda, 2010. 2. Descrever histologicamente o músculo liso dos vasos sanguíneos O tecido muscular liso faz parte de todos os vasos sanguíneos, com exceção dos capilares e das vênulas pericíticas. As células musculares lisas localizam-se na túnica média dos vasos, onde se organizam em camadas helicoidais. Cada célula muscular é envolta por uma lâmina basal e por uma quantidade variável de tecido conjuntivo produzido por elas próprias. As células musculares lisas vasculares, principalmente em arteríolas e pequenas artérias, são frequentemente conectadas por junções comunicantes (gap). Disponível em: https://www.goconqr.com/pt/p/13480693 Disponível em: https://www.professorinterativo.com.br/aval_on_line/01_TICs/TIC_08/04_Tecidos_Musculares.html REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS JUNQUEIRA, Luiz Carlos Uchoa. Histologia básica: texto e atlas. 13. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2018. 3. Identificara localização do coração, descrever sua anatomia interna e externa e diferenciar circulação pulmonar e sistêmica. O coração está localizado no tórax. A cavidade torácica por sua vez pode ser dividida em três partes. Duas cavidades pleurais (onde estão os pulmões) e um mediastino (que está entre as cavidades pleurais). O mediastino pode ainda ser superior (região acima do pericárdio, presente da vértebra T1 à T4) e inferior (região logo abaixo do início do pericárdio, presente da vértebra T5 até o músculo diafragma). O mediastino inferior ainda pode ser subdividido em três partes. Anterior (que contém o timo), médio (que contém o coração) e posterior (que contém o esôfago e aorta torácica). CONCEITO! Com isso, podemos então definir que o coração anatomicamente se encontra no mediastino médio da cavidade torácica, voltado de trás para diante, para a esquerda e para baixo. Como correlações anatômicas temos, que o coração está superior ao músculo diafragma, medialmente aos pulmões, posterior ao osso esterno, anterior ao esôfago e inferior à veia cava superior. O pericárdio é um tecido em forma de saco que envolve todo o coração e as raízes dos seus vasos (artéria aorta, veia cava superior, veia cava inferior, tronco pulmonar e veias pulmonares). O pericárdio é considerado um tecido fribrosseroso por possuir duas porções: o pericárdio fibroso (externo), que possui apenas uma camada, e o seroso (interno) que possui duas. As duas camadas do pericárdio seroso são separadas pela cavidade pericárdica, na qual se encontra um líquido lubrificante que faz parte do sistema hidrostático cardíaco que diminui o atrito do coração com os tecidos adjacentes. O coração pode ser dividido em três camadas. O endocárdio, miocárdio e epicárdio. • Endocárdio: é uma lâmina fina presente em toda a superfície interna do órgão e suas valvas podendo ser granular ou liso (granular quando contém trabéculas e liso quando não as tem). • Miocárdio: é a parte muscular da parede do órgão e está entre o endocárdio e o pericárdio. Ele é muito visível no septo interventricular, além de possuírem células especializadas nos ventrículos; essas células, dispostas em orientação perpendicular ao tecido de revestimento, aumentam a força de contração. • Epicárdio: faz parte na verdade do próprio pericárdio, sendo apresentado como a lâmina visceral do pericárdio seroso. O esqueleto fibroso do coração é um arcabouço de tecido fibroso que forma os anéis fibrosos das valvas e o trígonos fibrosos esquerdo e direito, que estão entre a valva da aorta e valva mitral, e valva da aorta e valva tricúspide respectivamente. É nesse esqueleto que as fibras musculares cardíacas se fixam. O esqueleto fibroso tem sua importância, pois mantém os óstios das valvas sempre abertos, impedindo que ocorra uma distensão pelo aumento da pressão dentro do órgão. Fornece também uma inserção fixa para as válvulas das valvas. O coração externo é comumente dividido em ápice, base e mais três faces: esternocostal, diafragmática e pulmonar. A base está constituída dos átrios direito e esquerdo. As veias cavas superior e inferior e as veias pulmonares penetram no coração pela base. É também a porção posterior do coração em posição anatômica. O ápice é contralateral a base e é frequentemente arredondada, formada pela parte ínfero-lateral do ventrículo esquerdo e é onde ocorre o batimento apical (pulsação máxima do coração). • Face esternocostal (anterior): A face esternocostal é formada principalmente pelo ventrículo direito. Nele também se encontram o cone arterial (ou infundíbulo) que se tornará o tronco pulmonar. Face pulmonar (esquerda): Formada principalmente pelo ventrículo esquerdo, ela causa a impressão cardíaca do pulmão esquerdo. • Face pulmonar (direita): Formada principalmente pelo átrio direito. • Face diafragmática (inferior): É formada principalmente pelo ventrículo esquerdo e parcialmente pelo ventrículo direito e repousa, principalmente, sobre o centro tendíneo do diafragma. O coração possui ainda quatro margens: direita, inferior, superior e esquerda. • Margem direita: é uma margem ligeiramente convexa, formada pelo átrio direito e se estende entre a veia cava superior e veia cava inferior. • Margem inferior: quase horizontal, formada pelo ventrículo direito e parte do ventrículo esquerdo. • Margem superior: formada pelos átrios, aurículas direita e esquerda anteriormente. Saem dessa margem a parte ascendente da aorta e o tronco pulmonar e a veia cava superior entra pelo seu lado direito. • Margem esquerda: quase vertical, é formada pelo ventrículo esquerdo e parte da aurícula esquerda. 2. FLUXO SANGUÍNEO ATRAVÉS DO CORAÇÃO O fluxo sanguíneo através do coração é bastante lógico. Ele acontece com o ciclo cardíaco, que consiste em contrações e relaxamentos periódicos do miocárdio atrial e ventricular (tecido muscular cardíaco). A contração do miocárdio é chamada de sístole, enquanto o seu relaxamento é chamado de diástole. Note que sempre que os átrios se contraem, os ventrículos se relaxam, e vice-versa. Vamos traduzir em palavras o fluxo cardíaco do coração: • O átrio direito recebe sangue desoxigenado das veias cavas superior e inferior e do seio coronário • O átrio direito contrai, empurrando sangue através da valva atrioventricular direita até o ventrículo direito. O ventrículo então se contrai, passando o sangue para o tronco pulmonar através da valva pulmonar, até que o sangue chegue aos pulmões. • Nos pulmões o sangue é oxigenado e em seguida se move de volta ao coração, entrando no átrio esquerdo através das veias pulmonares. • O átrio esquerdo se contrai e empurra o sangue para o ventrículo esquerdo através da valva atrioventricular esquerda. • O ventrículo esquerdo empurra o sangue oxigenado através da valva aórtica para a aorta, a partir da qual o sangue é distribuído para todo o corpo. O ciclo cardíaco é controlado involuntariamente por um plexo autonômico nervoso chamado de plexo cardíaco. 3. ÁTRIO DIREITO O átrio direito forma a margem direita do coração e recebe sangue venoso da veia cava superior (VCS), veia cava inferior (VCI) e seio coronário. A aurícula direita, que tem formato de uma orelha, é uma bolsa muscular cônica que se projeta do átrio direito como uma câmara adicional, aumenta a capacidade do átrio e se superpõe à parte ascendente da aorta. O interior do átrio direito apresenta: • Uma parte posterior lisa, com paredes finas (o seio das veias cavas), onde se abrem as veias cavas (VCS e VCI) e o seio coronário, que trazem sangue pouco oxigenado para o coração. • Uma parede anterior muscular, rugosa, que é formada pelos músculos pectíneos. • Um óstio AV direito, através do qual o átrio direito transfere para o ventrículo direito o sangue pouco oxigenado que recebeu. As partes lisa e áspera da parede atrial são separadas externamente por um sulco vertical superficial, o sulco terminal, e internamente por uma crista vertical, denominada crista terminal. A VCS se abre na parte superior do átrio direito no nível da 3ª cartilagem costal direita. A VCI se abre na parte inferior do átrio direito quase alinhada com a VCS, no nível aproximado da 5ª cartilagem costal. O óstio do seio coronário, um tronco venoso curto que recebe a maioria das veias cardíacas, situa-se entre o óstio AV direito e o óstio da VCI. O triângulo de Koch é uma área triangular da parede septal. Usualmente a parte septal do nodo atrioventricular se localiza nesta região, assim como a porção inicial do feixe de His. É uma região delimitada pelo óstio do seio coronário, o tendão da veia cava inferior (ou tendão de Todaro) e a inserção da válvula septal da valva tricúspide. O septo interatrial que separa os átrios tem uma depressão oval, do tamanho da impressão digital de um polegar, a fossa oval, que é um remanescente do forame oval e sua valva no feto. O sangue da veia cava superior (VCS) é direcionado para o óstio atrioventricular direito, enquanto o sangue da veia cava inferior(VCI) é direcionado para a fossa oval, como era antes do nascimento. 4. VENTRÍCULO DIREITO O ventrículo direito forma grande parte da face esternocostal do coração, uma pequena parte da face diafragmática e quase toda a margem inferior do coração. Afila-se superiormente e forma um cone arterial chamado infundíbulo, que conduz ao tronco pulmonar. No ventrículo direito existem elevações musculares irregulares, as trabéculas cárneas, em sua face interna. Uma crista muscular espessa, a crista supraventricular, separa a parede muscular rugosa na parte de entrada da câmara da parede lisa do cone arterial, ou parte de saída. A parte de entrada do ventrículo recebe sangue do átrio direito através do óstio AV direito (tricúspide), localizado posteriormente ao corpo do esterno no nível do 4º e 5º espaços intercostais. O óstio AV direito é circundado por um dos anéis fibrosos do esqueleto fibroso do coração. O anel fibroso mantém o calibre do óstio constante (suficientemente grande para permitir a passagem das pontas de três dedos), resistindo à dilatação que poderia resultar da passagem de sangue através dele com pressões variadas. A valva atrioventricular direita (tricúspide) protege o óstio AV direito. As bases das válvulas estão fixadas ao anel fibroso ao redor do óstio. Como o anel fibroso mantém o calibre do óstio, as válvulas fixadas se tocam da mesma forma a cada batimento cardíaco. As cordas tendíneas fixam-se às margens livres e às superfícies ventriculares das válvulas anterior, posterior e septal, de forma semelhante à fixação das cordas em um paraquedas. As cordas tendíneas originam-se dos ápices dos músculos papilares, que são projeções musculares cônicas com bases fixadas à parede ventricular. Os músculos papilares começam a se contrair antes da contração do ventrículo direito, tensionando as cordas tendíneas e aproximando as válvulas. Como as cordas estão fixadas a faces adjacentes de duas válvulas, elas evitam a separação das válvulas e sua inversão quando é aplicada tensão às cordas tendíneas e mantida durante toda a contração ventricular (sístole) – isto é, impede o prolapso (entrada no átrio direito) das válvulas da valva atrioventricular direita quando a pressão ventricular aumenta. Assim, a regurgitação (fluxo retrógrado) de sangue do ventrículo direito para o átrio direito durante a sístole ventricular é impedida pelas válvulas. Três músculos papilares no ventrículo direito correspondem às válvulas da valva atrioventricular direita: • O músculo papilar anterior, o maior e mais proeminente, origina-se da parede anterior do ventrículo direito; suas cordas tendíneas se fixam nas válvulas anterior e posterior da valva atrioventricular direita. • O músculo papilar posterior, menor do que o músculo anterior, pode ter várias partes; origina-se da parede inferior do ventrículo direito, e suas cordas tendíneas se fixam nas válvulas posterior e septal da valva atrioventricular direita. • O músculo papilar septal origina-se do septo interventricular e suas cordas tendíneas se fixam às válvulas anterior e septal da valva atrioventricular direita. O septo interventricular (SIV), composto por duas partes, a muscular e a membranácea, é uma divisória oblíqua forte entre os ventrículos direito e esquerdo, formando parte das paredes de cada um. A trabécula septomarginal (banda moderadora) é um feixe muscular curvo que atravessa o ventrículo direito da parte inferior do SIV até a base do músculo papilar anterior. Essa trabécula é importante porque conduz parte do ramo direito do fascículo AV, uma parte do complexo estimulante do coração até o músculo papilar anterior. Este “atalho” através da câmara parece reduzir o tempo de condução, permitindo a contração coordenada do músculo papilar anterior. 5. ÁTRIO ESQUERDO O átrio esquerdo forma a maior parte da base do coração. Os pares de veias pulmonares direita e esquerda, avalvulares, entram no átrio de paredes finas. Possui uma porção de paredes lisas a partir da incorporação do desenvolvimento de uma porção das veias pulmonares e um apêndice auricular que é sulcado pelos músculos pectinados e que era o átrio esquerdo primitivo. aurícula esquerda muscular, de formato tubular e sua parede trabeculada com músculos pectíneos, forma a parte superior da margem esquerda do coração e cavalga a raiz do tronco pulmonar. Uma depressão semilunar no septo interatrial indica o assoalho da fossa oval; a crista adjacente é a valva do forame oval. O interior do átrio esquerdo apresenta: • Uma parte maior com paredes lisas e uma aurícula muscular menor, contendo músculos pectíneos. • Quatro veias pulmonares (duas superiores e duas inferiores) que entram em sua parede posterior lisa. • Uma parede ligeiramente mais espessa do que a do átrio direito. • Um septo interatrial que se inclina posteriormente e para a direita • Um óstio atrioventricular esquerdo através do qual o átrio esquerdo transfere o sangue rico em oxigênio que recebe das veias pulmonares para o ventrículo esquerdo. 6. VENTRÍCULO ESQUERDO O ventrículo esquerdo forma o ápice do coração, quase toda sua face esquerda (pulmonar) e margem esquerda e a maior parte da face diafragmática. Como a pressão arterial é muito maior na circulação sistêmica do que na circulação pulmonar, o ventrículo esquerdo (VE) trabalha mais do que o ventrículo direito (VD). Consequentemente, o VE tem quase o dobro da espessura do VD. Suas paredes são revestidas por trabéculas cárneas que são mais finas e mais numerosas do que as do ventrículo direito. O VE contém apenas dois músculos papilares, anterior e posterior, que se ligam aos dois folhetos da válvula atrioventricular esquerda (ou mitral) por meio das cordas tendíneas. A valva atrioventricular esquerda (mitral ou bicúspide) tem duas válvulas, anterior e posterior. A valva atrioventricular esquerda está localizada posteriormente ao esterno, no nível da 4a cartilagem costal. Cada uma de suas válvulas recebe cordas tendíneas de mais de um músculo papilar. Esses músculos e suas cordas sustentam a valva atrioventricular esquerda, permitindo que as válvulas resistam à pressão gerada durante contrações (bombeamento) do ventrículo esquerdo. As cordas tendíneas tornam-se tensas logo antes e durante a sístole, impedindo que as válvulas sejam empurradas para o átrio esquerdo. A corrente sanguínea sofre duas mudanças de trajeto perpendiculares durante sua passagem pelo ventrículo que, juntas, resultam em mudança de direção de 180°. Essa inversão de fluxo ocorre ao redor da válvula anterior da valva atrioventricular esquerda. A valva da aorta, situada entre o ventrículo esquerdo e a parte ascendente da aorta, é posicionada obliquamente. Está localizada posteriormente ao lado esquerdo, do esterno, no nível do 3º espaço intercostal. Existem dilatações na parede da aorta abaixo de cada cúspide: os seios da aorta. A artéria coronária direita se origina no seio aórtico direito, enquanto a artéria coronária esquerda se origina no seio aórtico esquerdo. Circulação do Sangue Existem basicamente dois tipos de circulação sanguínea: a pulmonar e a sistêmica. Na circulação pulmonar, o sangue rico em gás carbônico passa do átrio direito para o ventrículo direito e é em seguida impulsionado para o tronco pulmonar e artérias pulmonares até a rede de capilares dos pulmões. Na circulação sistêmica o sangue rico em oxigênio sai dos pulmões pelas veias pulmonares e chega ao átrio esquerdo dirigindo-se ao ventrículo direito que o encaminha para a artéria aorta e desta para o restante do corpo. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS MOORE: Keith L. Anatomia orientada para a clínica. 7 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2014. NETTER, Frank H. Atlas de anatomia humana: 6. Ed. Philadelphia: Elsevier, 2014. Murphy JG, Lloyd MA. Mayo Clinic Cardiology: Concise Textbook. 4th ed. New York: Mayo Clinic Scientific Press and Oxford University Press, 2013. 4. Citar as fontes energéticas para o músculo estriado esquelético e cardíaco.Esquematizar as principais vias metabólicas para o músculo estriado esquelético. O músculo é o principal transdutor (máquina) bioquímico que converte a energia potencial (química) em energia cinética (mecânica). O músculo, maior tecido individualizado do corpo humano, constitui pouco menos de 25% da massa corporal ao nascimento, mais de 40% no adulto jovem e pouco menos de 30% no adulto idoso. Tanto o músculo esquelético quanto o cardíaco exibem aparência estriada ao exame microscópico; o músculo liso não é estriado. Embora o músculo esquelético esteja sob controle nervoso voluntário, o controle dos músculos cardíaco e liso é involuntário. Fontes de energia para o trabalho muscular A quantidade de ATP disponível em músculos esqueléticos só é capaz de sustentar 1 a 2 segundos de contração intensa. Um reservatório adicional de energia é constituído por creatina fosfato, presente em concentrações 3 a 5 vezes maiores do que as de ATP. A creatina fosfato é produzida nos períodos de repouso, por fosforilação de creatina à custa de ATP, catalisada pela creatina quinase. A reação é prontamente reversível e, durante a atividade muscular, processa-se no sentido da regeneração de ATP, para sustentar a contração. A creatina fosfato resulta da transferência de um grupo fosfato do ATP para a creatina. Du rante a contração, a reação processase no sentido oposto. A creatina fosfato decompõese em creatinina, que é excret ada na urina. A creatina é sintetizada a partir de arginina, glicina e Sadenosilmetionina. A creatina fosfato, lenta e espontaneamente, é convertida a creatinina, que não tem nenhum destino metabólico, sendo liberada na circulação e eliminada na urina. Como a quantidade excretada por dia em um indivíduo hígido é constante, por ser proporcional à massa muscular, a dosagem de creatinina na urina constitui um indicador sensível da função renal. ATP e creatina fosfato constituem o suprimento imediato de energia para o trabalho muscular, suficiente para esforços máximos e pouco duradouros, de 5 a 8 segundos. Trata-se de um processo estritamente anaeróbio, fornecendo a maior parte da energia para o desempenho de atividades como corrida de 100 m rasos, natação por 25 m, levantamento de peso, saque no tênis, salto em altura, chute no futebol etc. A continuidade do trabalho muscular exigirá energia derivada de outras fontes. O próximo suprimento é a glicose, proveniente da circulação e do glicogênio muscular. No exercício, a entrada do açúcar nas células musculares é promovida pela proteína quinase dependente de AMP (AMPK) e a degradação do glicogênio, estimulada pela mesma liberação de Ca2+ que desencadeia a contração, e ainda por adrenalina e AMP, que têm seus níveis aumentados. A glicose 6¬fosfato resultante de fosforilação da glicose sanguínea e da degradação do glicogênio é metabolizada pela glicólise, que também está ativada (Seção 20.2), produzindo ATP para sustentar a contração muscular. A via glicolítica é inicialmente anaeróbia, com produção de lactato, já que a reserva muscular de oxigênio (ligado à mioglobina) é pequena e a oferta de oxigênio pela circulação não aumenta de forma imediata e proporcional à demanda muscular de ATP. De fato, quando um músculo passa do repouso para o exercício intenso, o aporte de oxigênio aumenta 25 vezes, enquanto a quantidade de ATP hidrolisado chega a ser 120 vezes maior. Nenhum outro tecido apresenta variações tão grandes e abruptas no gasto de ATP. A degradação anaeróbia da glicose constitui uma alternativa imediata para a hipóxia relativa no início de um esforço extenuante, mas não pode continuar indefinidamente, sendo capaz de sustentar exercícios intensos com duração de 1 a 2 min. É a fonte principal de energia para corridas de 200, 400 ou 1.000 m rasos, natação de 100 a 200 m, corridas intermitentes (arrancadas) no futebol etc. À medida que os sistemas respiratório e circulatório são ativados e o suprimento de oxigênio cresce, a contribuição da glicólise anaeróbia para o fornecimento de energia para a contração vai sendo substituída pela oxidação aeróbia, completa, da glicose. Paralelamente, o fornecimento de ácidos graxos para o sistema muscular aumenta, em virtude da ação da adrenalina sobre o tecido adiposo. A oxidação dos ácidos graxos assume importância crescente, à medida que a atividade física se prolonga e a reserva de glicogênio diminui. Acima de 2 a 3 min de esforço vigoroso, o trabalho muscular contínuo é feito, principalmente, à custa de ATP obtido por oxidação aeróbia dos substratos disponíveis (Figura 22.9). Incluem-¬se aqui, as corridas de 1.500 m ou mais, ciclismo e esqui competitivos, maratona etc. Fontes de energia para o trabalho muscular. O gráfico mostra o desempenho dos sistemas geradores de energia, expresso em porcentagem do total de energia que cada sistema é capaz de produzir, durante exercícios extenuantes. A curva de glicólise anaeróbia refere-se à degradação de glicose a lactato e a de oxidação aeróbia, à oxidação total de glicose e ácidos graxos. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS MARZZOCO, Anita; TORRES, Bayardo Baptista. Bioquímica básica / 4° Ed. 2015 5. Diferenciar a produção de energia aeróbica da anaeróbica. O princípio geral da bioenergética é que moléculas precursoras, geralmente pequenas, podem ser transformadas através do anabolismo que forma blocos maiores de macromoléculas. Por outro lado, moléculas grandes como proteínas, carboidratos e lipídeos podem ser degradados pelo catabolismo e gerar energia e produtos finais de reação (que são, em geral, moléculas pequenas). Em relação a glicose, temos como principais fontes o glicogênio, que é a reserva de glicose no nosso organismo e através dos alimentos. O glicogênio nada mais é do que um polímero de glicose com aproximadamente 55.000 moléculas de glicose ligadas entre si que se apresentam em formato de grânulos e estão armazenadas nos nossos músculos, fígado e rins. A degradação do glicogênio ocorre através de enzimas desramificadoras, que tornam a molécula linear; da gligogênio fosforilase, que transforma glicose em glicose-1-fosfato; e a fosfoglicomutase, que transforma glicose1-fosfato em glicose-6-fosfato. Essa degradação geralmente é necessária quando o indivíduo está praticando exercícios e a intensidade e duração desse exercício irá determinar qual fonte energética será utilizada e de que forma. No catabolismo aeróbico dos carboidratos ocorre a degradação da glicose na presença de oxigênio, produzindo CO2, H2O e energia. No catabolismo anaeróbio dos carboidratos ocorre a degradação da glicose na ausência de oxigênio, produzindo ácido láctico e pouca energia. 2. Catabolismo Anaeróbico Glicólise - A glicólise ocorre em 10 etapas, sendo as 5 primeiras componentes da fase preparatória Etapa 1: a glicose é fosforilada no grupo hidroxil ligado ao C-6, sendo transformada em glicose-6-fosfato. Consumo de 1 ATP; Etapa 2: a glicose-6-fosfato formada é convertida a frutose-6-fosfato; Etapa 3: a frutose-6-fosfato é fosforilada em C-1 para formar a frutose, 1,6-bifosfato. Consumo de 1 ATP; Etapa 4: a frutose-1,6-bifosfato é dividida em duas moléculas com 3 carbonos, a dihidroxiacetona-fofato e o gliceraldeído-3-fosfato; Etapa 5: a di-hidroxiacetona-fosfato é isomerizada a uma segunda molécula de gliceraldeído-3-fosfato. Etapa 6: cada molécula de gliceraldeído-3-fosfato é oxidada e fosforilada por fosfato inorgânico para formar 1,3-bifosfoglicerato. Produção de 2 NADH a partir de 2 NAD+. ; Etapa 7: a 1,3-bifosfoglicerato vai ser transformada em 3-fosfoglicerato com a produção de 1 ATP. Produção de 2 ATP somando as duas moléculas. Etapa 8: ocorre a mudança na posição do fosfato e a 3-fosfoglicerato é transformada em 2-fosfoglicerato; Etapa 9: a enzima enolase vai transformar o 2-fosfoglicerato em fosfoenolpiruvato; Etapa 10: o fosfoenolpiruvato é transformado em piruvato com a geração de 2 ATP. Grande parte da energia gerada é conservada pela fosforilação acoplada de quatromoléculas de ADP a ATP. O rendimento total para cada molécula de glicose são quatro moléculas de ATP, mas o rendimento líquido é de apenas duas dessas quatro moléculas já que duas moléculas de ATP foram consumidas na fase preparatória. A fase preparatória ou de “débito” consome 2 ATPs, gerando 2 ADP. Na fase seguinte ocorre a produção de 4 ATP, 2 NADH e piruvato. Para que a glicólise permaneça acontecendo no processo de anaerobiose o organismo realiza a fermentação láctica, na qual o piruvato é transformado em lactato pela enzima lactato desidrogenase com o objetivo de recuperar o NAD+ necessário para o processo descrito. 3. Catabolismo Aeróbico Os piruvatos produzidos na degradação da glicose são transportados para dentro da mitocôndria e lá são transformados em Acetil-CoA, gerando gás carbônico. O AcetilCoA vai entrar no ciclo de Krebs e vai possibilitar a geração de mais 2 ATP. No ciclo de Krebs também serão geradas outras moléculas energéticas que vão levar elétrons para a cadeia transportadora de elétrons da mitocôndria e, assim, inicia-se o processo de geração de energia através da glicose de forma aeróbica, com a produção de 32-34 ATP por glicose, sendo um processo muito mais vantajoso. Sendo o processo aeróbico muito mais vantajoso, por que o corpo não se preocupa apenas em realizá-lo e deixa para lá a desvantagem do processo anaeróbico? Porque muitas vezes nós não temos oxigênio suficiente disponível para esse processo funcionar, como ocorre por exemplo, em exercícios muito intensos e de curta duração. Por outro lado, em exercícios mais longos, o corpo tem mais oxigênio disponível, podendo realizar o processo aeróbico e captar mais energia na degradação glicolítica. Sendo assim, cada processo tem a sua importância a depender da atividade realizada. Degradação de ácidos graxos: ativação, transporte e oxidação Para ser oxidado, o ácido graxo é primeiramente convertido em uma forma ativada, uma acil CoA. Esta etapa prévia é catalisada pela acil CoA sintetase, associada à face citosólica da membrana externa da mitocôndria: Nesta reação, forma se uma ligação tioéster entre o grupo carboxila do ácido graxo e o grupo SH da coenzima A (HSCoA), produzindo uma acil CoA. As acil CoAs, como a acetil CoA, são compostos ricos em energia. Sua ligação tioéster é formada à custa da energia derivada de uma ligação anidrido fosfórico, por clivagem do ATP em adenosina monofosfato (AMP) e pirofosfato (HP2O73– ou PPi). O pirofosfato é hidrolisado a dois fosfatos inorgânicos (2 HPO42–ou 2 Pi) em uma reação irreversível, o que torna o processo de ativação do ácido graxo a acil CoA igualmente irreversível.1. 2. 3. 4. A membrana interna da mitocôndria é impermeável a acil CoA, mas os grupos acila podem ser introduzidos na mitocôndria, quando ligados à carnitina. Este composto, sintetizado a partir de aminoácidos, é amplamente distribuído nos tecidos animais e vegetais, sendo especialmente abundante em músculos. A ligação reversível do grupo acila à carnitina é catalisada pela carnitina acil transferase (Figura 16.1 a). Existem duas isoformas da enzima, denominadas I e II, que se localizam na membrana externa e no interior da mitocôndria, respectivamente. O sistema utilizado para o transporte de grupos acila consta de quatro etapas (Figura 16.1 b): (1) na membrana externa, a carnitina acil transferase I transfere o grupo acila da coenzima A para a carnitina; (2) a acil carnitina resultante é transportada através da membrana interna pela acil carnitina/carnitina translocase; (3) na matriz mitocondrial, a carnitina acil transferase II doa o grupo acila da acil carnitina para uma coenzima A da matriz mitocondrial, liberando carnitina; (4) a carnitina retorna ao citosol pela mesma translocase. Deste modo, o grupo acila dos ácidos graxos atinge o interior da mitocôndria, onde ocorre a sua oxidação. A acilCoA presente na matriz mitocondrial é oxidada por uma via denominada β oxidação, porque promove a oxidação do carbono β do ácido graxo, ou ciclo de Lynen (Figura 16.2). Esta via consta de uma série cíclica de quatro reações, ao final das quais a acilCoA é encurtada de dois carbonos, que são liberados sob a forma de acetilCoA, com produção de FADH2 e NADH. As quatro reações e as enzimas que as catalisam são: ● Oxidação da acilCoA a uma enoilCoA (acilCoA βinsaturada) de configuração trans, à custa da conversão de ● FAD a FADH2, a única reação irreversível da via — acilCoA desidrogenase Hidratação da dupla ligação trans, produzindo o isômero L de uma βhidroxiacilCoA — enoilCoA hidratase ● Oxidação do grupo hidroxila a carbonila, resultando uma βcetoacilCoA e NADH — βhidroxiacil CoA desidrogenase ● Cisão da βcetoacilCoA por reação com uma molécula de coenzima A (HSCoA), com formação de acetilCoA e de uma acilCoA com dois carbonos a menos; esta acilCoA refaz o ciclo várias vezes, até ser totalmente convertida a acetilCoA — tiolase. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Alberts. Fundamentos da biologia celular. 2011. MARZZOCO, Anita; TORRES, Bayardo Baptista. Bioquímica básica. 3. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2007. Nelson DL, M. Cox M. Princípios de bioquímica de Lehninger. 2014. 6. Conceituar L-carnetina e identificar sua ação no metabolismo. Os suplementos alimentares vêm sendo usados há anos por atletas e praticantes de atividade física como recurso ergogênico com a finalidade de melhorar a performance. Um desses suplementos é a L-carnitina, uma substância utilizada principalmente para acelerar o metabolismo. A L-carnitina é uma amina quaternária formada a partir de dois aminoácidos essenciais, lisina e metionina, comumente utilizada como termogênico atuando no processo de beta-oxidação, assim aumentando a queima de gordura durante a prática de exercícios físicos. Os prováveis efeitos termogênicos e na queima de gordura da L-carnitina apoiam-se no fato de que, após a lipólise a mesma atua como uma coadjuvante na transferência dos ácidos graxos do citosol para a matriz mitocondrial, facilitando a oxidação, gerando energia e aumentando a capacidade de execução dos exercícios físicos de alta intensidade. Pelo fato de consumir menos oxigênio em atividade de menor intensidade, o organismo utiliza menos gordura como fonte de energia, já os exercícios de maior intensidade, aumentam o consumo de oxigênio, queimando mais calorias e prolongando o tempo de execução durante o treino, capacitando o esportista, para que ele consiga um treino com maior intensidade e melhor desempenho. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANDRADE, P. N. de, NOGUEIRA NETO, L. L. H., & PANELI, C. de C. (2020). EFEITOS DA SUPLEMENTAÇÃO DE L-CARNITINA ASSOCIADA À PRÁTICA DE EXERCÍCIOS FÍSICOS . ANAIS DO FÓRUM DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DO UNIFUNEC, 9(9) 7. Definir punção venosa, citar suas finalidades, indicações e contradições e descrever seus procedimentos. O procedimento de punção venosa periférica (PVP) destaca-se como o mais frequente nos ambientes de cuidados prestados pela enfermagem e consiste na introdução de um cateter no interior de uma veia. A PVP tem como finalidade condutas diagnósticas (coleta de exames laboratoriais) e terapêuticas (infusão de medicamentos e outras soluções por via intravenosa). Por meio de novos dispositivos e tecnologias adjuvantes, a terapia intravenosa é utilizada há mais de 350 anos e tem expandido seus limites em números e em possibilidades terapêuticas. Objetivo: Instalar cateter em trajeto venoso periférico para manutenção de uma via de acesso para retirada de amostras de sangue, introdução de medicamentos, monitorização da PVC, transfusão de sangue e derivados, hidratação e correção de distúrbios eletrolíticos, introdução de nutrientes, introdução de contraste e drenagem de líquidos. Complicações: Choque: palidez, lipotimia, ansiedade, tremores e sudorese, podendo ser pirogênico (introdução de solução contaminada), anafilático (hipersensibilidade a droga), periférico (aplicação rápida e dosagem elevada). Embolia: em geralde prognóstico fatal, podendo ser: gasosa (introdução de ar na corrente sanguínea), oleosa (introdução de medicamentos oleosos) e sanguínea (mobilização de trombos). Flebites e Tromboflebites: processo inflamatório das veias, tornando a área dolorosa e hiperemiada. Esclerose da veia: devido a injeções frequentes no mesmo local e introdução de soluções hipertônicas (Ex: glicose 50%). Infiltrações medicamentosas: devido ao extravasamento de medicamento fora do interior da veia. Abscessos: são processos infecciosos, devido à falta de assepsia e introdução de substâncias irritantes fora da veia. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS DE OLIVEIRA, Andrey Maciel; DANSKI, Mitzy Tannia Reichembach; PEDROLO, Edivane. PUNÇÃO VENOSA PERIFÉRICA GUIADA POR ULTRASSONOGRAFIA: PREVALÊNCIA DE SUCESSO E FATORES ASSOCIADOS. Cogitare Enfermagem, [S.l.], v. 22, n. 3, sep. 2017. ISSN 2176-9133. BRAGA, L.M., et al. Adaptação transcultural da Infiltration Scale para o português. Acta Paul Enferm. 2016a; 29(1):93-9. BRAGA, L.M., et al. Tradução e adaptação da Phebitis Scale para a população portuguesa. Revista de Enfermagem Referência. Série IV, nº11, out./nov./dez. 2016b. FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA. Protocolo de Manuseio de Insumos e materiais Médicos. Departamento de Enfermagem- DENF PORTO VELHO, RO MAIO, 2013. HARADA, M.J.C.S.; PEDREIRA, M.L.G. Terapia intravenosa e infusões. São Caetano do Sul: Yendis, 2011. 8. Definir o termo congênito e discutir os fatores genéticos e ambientais relacionados. Um distúrbio congênito é aquele presente ao nascimento e que pode ou não ter uma base genética. A definição para o termo Malformação Congênita (MC), segundo a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), compreende qualquer defeito na constituição de algum órgão ou conjunto de órgãos que determine uma anomalia morfológica estrutural ou funcional, presente ao nascimento ou não, causado por fatores genéticos, ambientais ou mistos. Podem ser classificadas como isoladas ou associadas, físicas ou mentais, simples ou múltiplas e de maior ou menor importância clínica. Define-se como agente teratogênico qualquer substância, organismo, agente físico ou estado de deficiência que, estando presente durante a vida embrionária ou fetal, produz uma alteração na estrutura ou função da descendência. Certos agentes teratogênicos podem não atuar diretamente sobre o embrião, mas atingi-lo de forma indireta por intermédio de alterações produzidas na mãe ou na placenta durante as primeiras semanas da gravidez, quando órgãos e os sistemas estão se estabelecendo. A teratologia (estudo dos teratógenos), ocupa-se de todos os tipos de anomalias e malformações. A taxa de malformações congênita é muito difícil de precisar, devido a um amplo leque de malformações. O comprometimento para a vida do indivíduo decorrente das malformações é muito variável, sendo desde as simples e leves, que não impõem nenhuma restrição á vida normal e que facilmente podem ser corrigidas, até aquelas que impõem sérias limitações á vida normal ou mesmo são incompatíveis com ela. Quando uma malformação ocasiona uma deformidade muito severa, fala-se em “monstruosidade” termo derivado de teratologia (do grego, teratos = monstro). Não se deve pensar, contudo, que somente no período em que ocorre a organogênese o embrião pode ser afetado por agentes teratogênicos. Alterações no desenvolvimento normal também podem ocorrer nos últimos dois trimestres da gestação, como a contaminação pela Toxoplasmose, que se mostra gravidade neste período. São fatores ambientais teratogênicos, agentes infecciosos, como, o vírus (Rubéola), bactérias e protozoários, atribui malformações nos olhos (catarata e microftalmia), do ouvido interno (surdez congênita), do coração (defeitos dos septos atrial e ventricular), dos dentes, retardamento mental e outros. Fatores como radiações e agentes químicos, que causam “mutações” no código genético. Certas drogas como, corticóides, nicotina, álcool, LSD (ácido dietilamida lisérgico), causam anencefalia, meningocele, hidrocefalia, fendas labial e palatina, entre outras malformações corpóreas. Os antibióticos, assim como os anticoagulantes e hormônios, também trazem malformações, algumas vezes “aberrações”, produzindo quadros como, hemorragias fetais, diminuição do crescimento dos ossos e no caso dos hormônios, a masculinização e pseudo-hermafroditismo. É lógico que a incidência varia com a droga e a dosagem usada. Por isso é de suma importância o acompanhamento médico, como o exame pré-natal, durante a gravidez, para que no caso de uma teratologia, a mãe e o feto possam ser tratados, não ocasionando risco de morte para ambos. Já os fatores genéticos podem ser os fatores de transcrição, cujo são responsáveis pela transcrição da futura fita de DNA ao se ligar no DNA das células eucarióticas. Nesse sentido, alterações ocorridas nesses fatores afetam todo o indivíduo que posteriormente virá a ser formado, assim, é importante destacar os principais: Genes GATA: Fatores de transcrição do tipo dedos-de-zinco, com dois domínios: dedos C (de ligação com o DNA) e dedos N (regulação da ligação); 6 genes pertencentes à família GATA altamente expressos em diversos tecidos e divididos em: • GATA1, GATA2 e GATA 3: Altamente expressos nas linhagens hematopoiéticas e apresentam um papel essencial na diferenciação dos eritrócitos, na proliferação das células-tronco hematopoiéticas e no desenvolvimento de linfócitos T; Altamente expressos no desenvolvimento do cérebro, medula espinal e orelha interna. GATA 4, GATA 5 e GATA6: Altamente expressos durante o desenvolvimento de tecidos de origem mesodérmica e endodérmica, especialmente coração, intestinos e gônadas. Genes Homeobox (Genes HOX): 39 genes subdivididos em 13 grupos, dentro de 4 clusters (A, B, C e D) presentes em 4 cromossomos (7, 17, 12 e 2, respectivamente). Codificam fatores de transcrição do tipo homeodomínio e são altamente expressos no desenvolvimento dos eixos anteriores e posteriores do embrião; Dentro de cada cluster, os HOX1 e HOX2 são expressos nos estágios iniciais e em regiões anteriores do embrião; Os outros são expressos sequencialmente, sendo os HOX9-HOX13 essenciais no desenvolvimento dos membros inferiores; Esses genes também estão expressos durante a diferenciação de células mieloides e o HOXA9 já foi associado ao desenvolvimento de leucemias. Genes TBX (T-Box): São importantes durante o desenvolvimento dos três folhetos germinativos e na organogênese, com expressão intensa durante o desenvolvimento cardíaco e dos arcos faríngeos; Fatores de transcrição que regulam a morfogênese em estágios iniciais do desenvolvimento; 17 genes identificados – T-domínio; Anormalidades em genes T-Box levam a diversas anormalidades anatômicas. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Thompson & Thompson genética médica. 8. ed. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2016 FONTOURA, Fabíola Chaves; CARDOSO, Maria Vera Lúcia Moreira Leitão. Associação das malformações congênitas com variáveis neonatais e maternas em unidades neonatais numa cidade do Nordeste brasileiro. Texto contexto - enferm, Florianópolis , v. 23, n. 4, p. 907-914, Dec. 2014 . SCHULER-FACCINI, Lavínia et al. Avaliação de teratógenos potenciais na população brasileira. Ciênc. saúde coletiva, São Paulo , v. 7, n. 1, p. 65-71, 2002 . 9. Explicar o protocolo de atendimento ao adolescente e as situações de quebra de sigilo. The health care provider who sees adolescents must be willing to take a developmentally-appropriate psychosocial history. While a fellow at Los Angeles Children’s Hospital, Dr. Cohen refined a system for organizing the psychosocial history that was developed in 1972 by Dr. Harvey Berman of Seattle. The system has been used successfully around the world, in the adolescent health care field. This method structures questions so as to facilitate communication and to create a sympathetic, confidential, respectful environment where youth may be able to attain adequate health care. The approachis known as the acronym HEADSS (Home, Education/employment, peer group Activities, Drugs, Sexuallity, and Suicide/depression). Preparing for the Interview The note a health care provider strikes at the outset of the assessment interview may affect the entire outcome. Parents, family members, or other adults should not be present during the HEADSS assessment unless the adolescent specifically gives permission, or asks for it. Confidentiality It is not reasonable to expect an adolescent to discuss sensitive and personal information unless confidentiality can be assured. All adolescents and families, including caregivers (most commonly a parent or both parents), should be told about confidentiality at the beginning of the interview. Each health care provider must determine the nature of his/her own confidentiality statement. Belief Systems As a health care provider, your own set of beliefs, based on your knowledge, experience, and level of tolerance in dealing with particular situations, will set the standard in providing developmentally-appropriate health care to youth and their families. Health care providers interfacing with youth may be confronted with difficult situations where this particular belief system may be “tested”, if not challenged. Particular examples relate to health risk-taking behaviors; 80% of adolescents in North America are deemed to be physically and psychologically healthy, and the rate of chronic illness is quoted in the literature as up to 10%. When a health care provider is confronted with a particularly challenging situation that causes him/her to be in a ‘dilemma’, i.e. a youth is seeking options counselling due to unwanted pregnancy, it is suggested that the health care provider consult with a colleague or refer the youth for developmentally-appropriate care. Starting The Interview 1. Introduction: Set the stage by introducing yourself to the youth and parents. 2. Understanding of Confidentiality: Ask either the parents or the youth to explain their understanding of confidentiality or confidential health care. 3. Confidentiality Statement: After the youth and family have given you their views (from step 2), acknowledge their responses and add your views accordingly (confidentiality statement), based on the particular situation. O protocolo HEEADSSS é utilizado em vários países e mostra-se excelente para alunos de graduação superior, podendo ser modificado na dependência das necessidades de cada serviço, ou pesquisa. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Contemporary Pediatrics,, Getting into Adolescent Heads (July 1988), by John M. Goldenring, MD, MPH, & Eric Cohen, MD 10.Relacionar fato social e ação social à escolha de Paulinho pela medicina baseado nos pensadores Weber e Durkheim. A Ação Social é um conceito que Weber estabelece para as sociedades humanas e a essa ação só existe quando o indivíduo estabelece uma comunicação com os outros. Tomemos o ato de escrever como exemplo. Escrever uma carta certamente é uma ação social, pois ao fazê-lo o agente tem esperança que a carta vai ser lida por alguém. Sua ação só terá significado enquanto envolver outra pessoa. No entanto, escrever uma poesia, na medida em que ela envolve apenas a satisfação ou a expressão das sensações do poeta, não é uma ação social. Na visão de Weber, a função do sociólogo é compreender o sentido das ações sociais, e fazê-lo é encontrar os nexos causais que as determinam. Assim, o objeto da Sociologia é uma realidade infinita e para analisá-la é preciso construir tipos ideais, que não existem de fato, mas que norteiam a referida análise. Os tipos ideais servem como modelos e a partir deles a citada infinidade pode ser resumida em quatro ações fundamentais, a saber: 1. Ação social racional com relação a fins, na qual a ação é estritamente racional. Toma-se um fim e este é, então, racionalmente buscado. Há a escolha dos melhores meios para se realizar um fim. 2. Ação social racional com relação a valores, na qual não é o fim que orienta a ação, mas o valor, seja este ético, religioso, político ou estético. 3. Ação social afetiva, em que a conduta é movida por sentimentos, tais como orgulho, vingança, loucura, paixão, inveja, medo, etc... 4. Ação social tradicional, que tem como fonte motivadora os costumes ou hábitos arraigados. Observamos que as duas últimas são irracionais. É fato social, segundo Durkheim, toda maneira de agir, fixa ou não, suscetível de exercer sobre o indivíduo uma coerção exterior; ou, ainda, que é geral ao conjunto de uma sociedade dada e, ao mesmo tempo, possui existência própria, independente das manifestações individuais que possa ter. Vale salientar que não se trata de um exercício de erudição acadêmica, mas uma construção reflexiva que ajuda a circunscrever as instâncias de socialização numa perspectiva relacional, tendo como eixo central a participação do sujeito social em seu processo educativo. Mais do que isso: ajuda a pensar essas instâncias em suas dimensões econômica, moral, estética e política, responsáveis pela formação de um habitus, sistema de disposições, tal como pensando por Pierre Bourdieu. Considera-se que o processo de socialização das formações atuais é um espaço plural de múltiplas referências identitárias. Ou seja, a contemporaneidade caracteriza-se por oferecer um ambiente social em que o indivíduo encontra condições de forjar um sistema de referências que mescle as influências familiar, escolar e midiática (entre outras), um sistema de esquemas coerente, no entanto híbrido e fragmentado. Embora se saiba que, no contexto atual, cada uma das instâncias formadoras desenvolve campos específicos de atuação, lógicas e valores éticos e morais distintos, considera-se ainda que são os próprios indivíduos quem tecem as redes de sentido que os unificam em suas experiências de socialização. É o indivíduo que tem a capacidade de articular as múltiplas referências que lhe são propostas ao longo de sua trajetória. É o sujeito a unidade social na qual se podem efetivar diferentes sentidos de ações, ações essas derivadas de suas múltiplas esferas de existência. No sujeito cruzam-se e interagem sentidos particulares e diferentes. Ele não é apenas o único portador efetivo de sentidos, mas a única sede possível de relações entre eles. Nessa perspectiva, observa-se que a escolha de Paulinho por cursar medicina foi resultante dessa interação social com seu meio, há uma grande ação da sociedade na determinação do caráter de um indivíduo. Segundo as óticas durkheimiana e weberiana, Paulo fez sua escolha, em certa medida, orientado no outrem, o que nos permite determinar que o convívio com outras pessoas acabou por afetá-lo de maneira coercitiva, ou não. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS SETTON, Maria da Graça Jacintho. A socialização como fato social total: notas introdutórias sobre a teoria do habitus. Rev. Bras. Educ., Rio de Janeiro , v. 14, n. 41, p. 296-307, Aug. 2009. Disponível em <http://www.sociologia.seed.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php? conteudo=559>. Acesso em 26 Outubro. 2020. 11. Definir saúde segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). A Organização Mundial da Saúde (OMS), em 1946, definiu saúde como um estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não apenas como a ausência de doença ou enfermidade. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Disponível em < https://saudebrasil.saude.gov.br/eu-quero-me-exercitar-mais/o-que-significa-ter-saude>. Acesso em 26 Outubro. 2020.
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