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e IndIvIdual Prof.ª Etienne Alessandra Hafemann Prof.ª Talita Cristiane Sutter TerapIas ColeTIvas Indaial – 2022 1a Edição Impresso por: Elaboração: Prof.ª Etienne Alessandra Hafemann Prof.ª Talita Cristiane Sutter Copyright © UNIASSELVI 2022 Revisão, Diagramação e Produção: Equipe Desenvolvimento de Conteúdos EdTech Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Ficha catalográfica elaborada pela equipe Conteúdos EdTech UNIASSELVI C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI. Núcleo de Educação a Distância. HAFEMANN, Etienne Alessandra. Terapias Coletivas e Individual. Etienne Alessandra Hafemann; Talita Cristiane Sutter - SC: UNIASSELVI, 2022. 216p. ISBN 978-65-5466-182-9 ISBN Digital 978-65-5466-183-6 “Graduação - EaD”. 1. Terapias Coletivas 2. Terapia Individual 3. Centro Universitário Leonardo da Vinci CDD 616.89 Bibliotecário: João Vivaldo de Souza CRB- 9-1679 Na Unidade 1, abordaremos sobre as Práticas Integrativas e Complementares de Saúde (PICS) e sua inserção no Sistema Único de Saúde (SUS) como política de saúde, seus avanços e desafios. Os principais pilares teóricos da Medicina Tradicional Chinesa (MTC) serão explicados, sendo eles: a teoria do Yin-Yang, a teoria dos Cinco Elementos e a teoria do Qi. Essas teorias são importantes para a compreensão da racionalidade Oriental no seu modo de entender o processo saúde-doença. Além disso, acadêmico, estudaremos as PICS que são utilizadas individualmente, sendo elas: acupuntura, auriculoterapia, moxaterapia e ventosaterapia. Estas práticas são realizadas em todo o Brasil, e há um aumento de interesse profissional e pelas pessoas que apresentam problemas de saúde na busca por essas terapias orientais. Dessa forma, abordaremos, além de suas teorias, sua aplicabilidade em diversos contextos. Destacamos que elas não invalidam, de forma alguma, o conhecimento científico em saúde Ocidental, e sim o complementam. Ao final da Unidade 1, aprenderemos sobre as práticas de dança que possuem inúmeros benefícios para a saúde, além do exercício físico realizado durante os encontros: a Dança Circular e a Biodança. Ambas possuem fundamentação filosófica e elementos simbólicos que são imprescindíveis para a realização dessas PICS. Essa abordagem será explicada detalhadamente na unidade a seguir. Na Unidade 2 abordaremos sobre o Ayurveda, sistema científico de medicina, considerado o mais antigo da humanidade. Seus fundamentos filosóficos e principais conceitos para o diagnóstico e intervenção serão descritos ao longo do texto: a teoria dos três doshas, os seis sabores (ou rasas), a dinacharya (rotina diária) e a abhyanga (massagem ayurvédica). Em seguida, estudaremos sobre o Yoga, prática oriental mente-corpo de origem indiana amplamente difundida no Ocidente na atualidade. Abordaremos brevemente sua origem histórica na Índia ancestral, a chegada do Yoga no Brasil com sua inserção SUS através da Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares de Saúde (PNPICS). Assim como, os fundamentos teóricos e filosóficos das práticas de Yoga, enfatizando o Sistema Clássico de Patanjali, que apresenta uma estrutura de oito passos a serem seguidos pelos praticantes de Yoga para conquistar o desenvolvimento humano através do equilíbrio mente-corpo-espírito. Além disso acadêmico, estudaremos sobre o Tai Chi Chuan, expressão corpo- ral e arte marcial de origem Chinesa, utilizada atualmente como um recurso terapêutico que exercita o corpo e a mente. O processo de desenvolvimento do Tai Chi será abor- APRESENTAÇÃO dado, assim como seus cinco estilos, ou “famílias”, e as principais orientações para a prática. A forma de exercício chinesa denominada Qi Gong também será descrita, am- bas favorecem a circulação do Qi (energia) e promovem diversos benefícios para os seus praticantes. Na Unidade 3, aprenderemos sobre a Bioenergética, uma técnica terapêutica que promove o reencontro com o nosso próprio corpo por intermédio da autodescoberta. De acordo com essa abordagem, os processos energéticos do corpo originam o que acontece na mente e no próprio corpo. Existem estruturas de caráter (padrões tanto psicológicos como musculares) que são classificados em cinco tipos, cada um deles será descrito neste tópico. A prática do Reiki, seus níveis e símbolos também serão descritos na Unidade 3, perpassando pela história da prática e aplicabilidade como PICS. Além disso, aborda- remos sobre as PICS constelações familiares sistêmicas e a terapia comunitária, seus princípios filosóficos e métodos terapêuticos. Por fim, estudaremos sobre a arteterapia, uma forma de expressar a criativi- dade, pensamentos e sentimentos. Mais especificamente na abordagem Junguiana, refletiremos que por intermédio dela, símbolos pessoais podem emergir e auxiliar no processo terapêutico, com pessoas de todas as idades. As linguagens, materiais, utili- dade e indicações da arteterapia serão descritos, sendo recursos para atuação e meio de propiciar que o psiquismo se revele. Bom estudo! Profª. Etienne Alessandra Hafemann Profª. Talita Cristiane Sutter GIO Olá, eu sou a Gio! No livro didático, você encontrará blocos com informações adicionais – muitas vezes essenciais para o seu entendimento acadêmico como um todo. Eu ajudarei você a entender melhor o que são essas informações adicionais e por que você poderá se beneficiar ao fazer a leitura dessas informações durante o estudo do livro. Ela trará informações adicionais e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto estudado em questão. Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material-base da disciplina. A partir de 2021, além de nossos livros estarem com um novo visual – com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura –, prepare-se para uma jornada também digital, em que você pode acompanhar os recursos adicionais disponibilizados através dos QR Codes ao longo deste livro. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com uma nova diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página – o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo. Preocupados com o impacto de ações sobre o meio ambiente, apresentamos também este livro no formato digital. Portanto, acadêmico, agora você tem a possibilidade de estudar com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. Preparamos também um novo layout. 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QR CODE SUMÁRIO UNIDADE 1 — BASES CONCEITUAIS DAS PRÁTICAS INTEGRATIVAS DE SAÚDE E AS DANÇAS TERAPÊUTICAS ......................................1 TÓPICO 1 — PRÁTICAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES DE SAÚDE.......... 3 1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 3 2 HISTÓRICO – O QUE SÃO AS PICS? .................................................................... 3 2.1 POLÍTICA NACIONAL DE PRÁTICAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES ..........5 3 PRÁTICAS INDIVIDUAIS ..................................................................................... 6 3.1 MEDICINA TRADICIONAL CHINESA ..................................................................................6 3.1.1 Teoria Yin-Yang ............................................................................................................9 3.1.2 Teoria dos Cinco Elementos ....................................................................................11 3.1.3 Teoria do Qi .................................................................................................................12 4 ACUPUNTURA ................................................................................................... 14 5 AURICULOTERAPIA ........................................................................................... 18 6 VENTOSATERAPIA ............................................................................................. 21 7 MOXATERAPIA ...................................................................................................24 RESUMO DO TÓPICO 1 ..........................................................................................30 AUTOATIVIDADE ................................................................................................... 31 TÓPICO 2 — DANÇA CIRCULAR ............................................................................33 1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................33 2 HISTÓRIA DA DANÇA CIRCULAR ......................................................................33 3 ELEMENTOS SIMBÓLICOS ................................................................................35 3.1 A RODA E O CENTRO ......................................................................................................... 36 4 O FOCALIZADOR ................................................................................................38 5 A DANÇA CIRCULAR COMO PRÁTICA INTEGRATIVA E COMPLEMENTAR DE SAÚDE ........................................................................................................... 41 5.1 BENEFÍCIOS DA DANÇA CIRCULAR ...............................................................................41 5.2 POSSIBILIDADES E DESAFIOS PARA A DIFUSÃO DA PRÁTICA .............................44 RESUMO DO TÓPICO 2 ..........................................................................................46 AUTOATIVIDADE ................................................................................................... 47 TÓPICO 3 — BIODANÇA .........................................................................................49 1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................49 2 HISTÓRIA DA BIODANÇA ...................................................................................49 3 FUNDAMENTOS FILOSÓFICOS E BENEFÍCIOS DA BIODANÇA ....................... 51 4 LINHAS DE VIVÊNCIA ........................................................................................52 LEITURA COMPLEMENTAR ..................................................................................56 RESUMO DO TÓPICO 3 ..........................................................................................62 AUTOATIVIDADE ...................................................................................................63 REFERÊNCIAS .......................................................................................................65 UNIDADE 2 — PRÁTICAS INTEGRATIVA ORIENTAIS: AYURVEDA, YOGA E TAI CHI CHUAN ................................................................. 73 TÓPICO 1 — AYURVEDA – MEDICINA CLÁSSICA INDIANA ................................... 75 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 75 2 A AYURVEDA E SEU HISTÓRICO ....................................................................... 75 3 OS DOSHAS ....................................................................................................... 79 4 ALIMENTAÇÃO NO AYURVEDA .........................................................................83 5 DINACHARYA – ROTINA AYURVÉDICA ............................................................86 6 MASSAGEM AYURVÉDICA – ABHYANGA ..........................................................88 RESUMO DO TÓPICO 1 ..........................................................................................93 AUTOATIVIDADE ...................................................................................................94 TÓPICO 2 — YOGA ................................................................................................. 97 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 97 2 BREVE HISTÓRIA DO YOGA .............................................................................. 97 3 PRINCIPAIS RAMOS DO YOGA .........................................................................102 3.1 BHAKTI YOGA – O YOGA DA DEVOÇÃO ...................................................................... 102 3.2 KARMA YOGA – O YOGA DA AÇÃO COMUNITÁRIA .................................................. 102 3.3 JÑANA YOGA – O YOGA DO CONHECIMENTO ......................................................... 103 3.4 RAJA YOGA, ASHTANGA YOGA OU YOGA DE PATAÑJALI ................................... 103 3.4.1 O CAMINHO DE OITO PASSOS DO RAJA YOGA DE PATANJALI ................. 104 4 PRÁTICAS DE YOGA NA CONTEMPORANEIDADE – SUS ............................... 110 RESUMO DO TÓPICO 2 ........................................................................................ 114 AUTOATIVIDADE ..................................................................................................115 TÓPICO 3 — TAI CHI CHUAN – MEDICINA CHINESA ...........................................117 1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................117 2 HISTÓRICO E FUNDAMENTOS FILOSÓFICOS DO TAI CHI CHUAN .................117 3 TAI CHI CHUAN NA PRÁTICA ........................................................................... 122 LEITURA COMPLEMENTAR ................................................................................128 RESUMO DO TÓPICO 3 ........................................................................................ 135 AUTOATIVIDADE ................................................................................................. 136 REFERÊNCIAS ..................................................................................................... 139 UNIDADE 3 — TERAPIAS COMPLEMENTARES EM SAÚDE ............................... 147 TÓPICO 1 — BIOENERGÉTICA E REIKI ................................................................149 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................149 2 O DESENVOLVIMENTO DA BIOENERGÉTICA .................................................149 2.1 FUNDAMENTOSBÁSICOS ...............................................................................................152 2.1.1 Energia ........................................................................................................................152 2.1.2 Grounding ................................................................................................................ 153 2.1.3 Estruturas de Caráter ............................................................................................ 155 3 REIKI – BASES HISTÓRICAS ........................................................................... 159 3.1 OS 7 CHAKRAS ................................................................................................................. 162 4 APLICAÇÃO DE REIKI ...................................................................................... 165 RESUMO DO TÓPICO 1 ........................................................................................ 167 AUTOATIVIDADE .................................................................................................168 TÓPICO 2 — CONSTELAÇÕES FAMILIARES SISTÊMICAS E TERAPIA COMUNITÁRIA INTEGRATIVA .........................................................171 1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................171 2 CONSTELAÇÕES FAMILIARES SISTÊMICAS E SUAS ORIGENS .....................171 3 AS LEIS DO AMOR ............................................................................................ 172 4 O MÉTODO TERAPÊUTICO DA CONSTELAÇÃO FAMILIAR ............................ 173 5 A TERAPIA COMUNITÁRIA INTEGRATIVA ...................................................... 176 5.1 OS PILARES DA PRÁTICA ............................................................................................... 180 6 ETAPAS E CONDUÇÃO DO PROCESSO ...........................................................182 6.1 ACOLHIMENTO .................................................................................................................. 183 6.2 ESCOLHA DO TEMA ........................................................................................................ 183 6.3 CONTEXTUALIZAÇÃO .................................................................................................... 183 6.4 PROBLEMATIZAÇÃO ...................................................................................................... 183 6.5 ENCERRAMENTO ............................................................................................................ 184 RESUMO DO TÓPICO 2 ........................................................................................185 AUTOATIVIDADE .................................................................................................186 TÓPICO 3 — ARTETERAPIA ................................................................................189 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................189 2 A ARTETERAPIA E SEU HISTÓRICO ................................................................189 3 O ARTETERAPEUTA ......................................................................................... 193 4 ARTETERAPIA DE ABORDAGEM JUNGUIANA ............................................... 195 5 ARTETERAPIA NA ÁREA DA SAÚDE ............................................................... 196 LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................... 200 RESUMO DO TÓPICO 3 ........................................................................................207 AUTOATIVIDADE ................................................................................................ 208 REFERÊNCIAS ..................................................................................................... 211 1 UNIDADE 1 — BASES CONCEITUAIS DAS PRÁTICAS INTEGRATIVAS DE SAÚDE E AS DANÇAS TERAPÊUTICAS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de: • conhecer o processo de inserção das Práticas Integrativas de Saúde no Sistema Único de Saúde; • refletir sobre o contexto atual das Práticas Integrativas de Saúde; • entender a teoria e aplicabilidade de práticas complementares individuais; • compreender as práticas integrativas que envolvem a dança: dança circular e biodança. A cada tópico desta unidade você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado. TÓPICO 1 – PRÁTICAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES DE SAÚDE TÓPICO 2 – DANÇA CIRCULAR TÓPICO 3 – BIODANÇA Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações. CHAMADA 2 CONFIRA A TRILHA DA UNIDADE 1! Acesse o QR Code abaixo: 3 PRÁTICAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES DE SAÚDE TÓPICO 1 — UNIDADE 1 1 INTRODUÇÃO Prezado acadêmico, no Tópico 1 estudaremos sobre as Práticas Integrativas e Complementares de Saúde (PICS), assim como o processo de inserção delas no Sistema Único de Saúde (SUS). Além disso, abordaremos especificamente sobre PICS que po- dem ser aplicadas individualmente, e são usadas hoje em todo o Brasil. Algumas práticas individuais são de origem ocidental, como a Medicina Tradicional Chinesa e a Acupuntura. Aspectos referentes à aplicabilidade dessas PICS no território brasileiro, a discussão entre a medicina convencional e sua relação com práticas integrativas serão considerados ao longo do texto. Neste tópico, abordaremos a teoria e alguns exemplos de problemas de saúde em que podem ser utilizadas as terapias individuais: acupuntura, auriculoterapia, vento- saterapia, moxaterapia. Lembramos que o conhecimento prático também é imprescin- dível para aqueles que desejarem atuar com tais abordagens. 2 HISTÓRICO – O QUE SÃO AS PICS? São consideradas PICS os tratamentos terapêuticos que se baseiam em uma visão abrangente do ser humano e do processo saúde-doença, elas podem prevenir ou tratar enfermidades, assim como serem utilizadas como cuidado paliativo para algumas doenças crônicas (BRASIL, 2020a). Conforme podemos observar na própria nomenclatura, essas práticas são complementares, e não substituem os tratamentos convencionais. A integralidade da atenção em saúde, como um dos princípios do SUS, corrobora com a visão global que as PICS têm sobre o indivíduo, considerando a sua singularidade. Essa abordagem contribui para a ampliação do protagonismo do usuário e sua corresponsabilização pelo seu estado de saúde (BRASIL, 2015). Tais sistemas e recursos envolvem abordagens que buscam estimular os mecanismos naturais de prevenção de agravos e recuperação da saúde por meio de tecnologias eficazes e seguras, com ênfase na escuta acolhedora, no desenvolvimento do vínculo terapêutico e na integração do ser humano com o meio ambiente e a sociedade (BRASIL, 2006a). 4 AS PICS se enquadram no que a Organização Mundial de Saúde (OMS) chama de medicina tradicional e medicina complementar alternativa (MT/MCA). A MT e a MCA foram incentivadas pela OMS já nos anos 1970, por intermédio do “Programa de Medicina Tradicional, que possibilitou a criação do documento “Estratégias da OMS para a Medicina Tradicional para 2002-2005”. Esse documento se propôs a respaldar os países de modo a: • integrar a MT/MCA nos sistemas nacionais de saúde, desenvolvendo e implementan- do políticas e programas nacionais; • promover a segurança, eficácia e qualidade da MT/MCA, ampliando a base de conhecimento sobre essas medicinas e fomentando a orientação sobre pautas normativas e de controle de qualidade; • aumentar a disponibilidade e acessibilidade da MT/MCA, com ênfase ao acesso pelas populações pobres; e • fomentar o uso racional da MT/MCA tanto pelos provedores quanto pelos consumi-dores (OMS, 2002). Conforme dados de 2020, no Brasil já existiam 9.350 estabelecimentos de saúde ofertando 56% dos atendimentos individuais e coletivos de PICS nos municípios, a maioria deles, 8.239 mil, são na Atenção Básica em saúde. A distribuição dos serviços por nível de complexidade ocorre da seguinte forma: Atenção Básica 78%; Média 18%; Alta 4% (BRASIL, 2020a). O que corrobora com a recomendação da OMS aos seus Estados, para que haja políticas voltadas à integração ou inserção de MT e MTC aos sistemas oficiais de saúde, principalmente na Atenção Primária (BRASIL, 2012). Contudo, no Brasil, o caminho percorrido para que as PICS fossem reconhecidas desta forma iniciou bem antes de 2020. O Quadro 1 destaca alguns marcos desse trajeto. Quadro 1 – Histórico das PICS no Brasil Meados dos anos 1970 Início do debate sobre as PICS após a declaração de Alma Ata. 1986 8ª Conferência Nacional de Saúde valida ainda mais o debate, sendo um espaço legítimo de visibilidade das demandas e necessidades da população por uma nova cultura de saúde. 1996 10ª Conferência Nacional de Saúde que, em seu relatório final, aprovou a "incorporação ao SUS, em todo o País, de práticas de saúde como a fitoterapia, acupuntura e homeopatia, contemplando as terapias alternativas e práticas populares". 1999 Inclusão das consultas médicas em homeopatia e acupuntura na tabela de procedimentos do SIA/SUS (Portaria nº 1230/GM de outubro de 1999). 2000 11ª Conferência Nacional de Saúde que recomenda "incorporar na atenção básica: Rede PSF e PACS práticas não convencionais de terapêutica como acupuntura e homeopatia; 5 Fonte: adaptado de Brasil (2020a); Brasil (2018); Brasil (2006b); Brasil (2017) 2006 As PICS foram institucionalizadas no Sistema Único de Saúde (SUS) por intermédio da Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC), aprovada por meio de Portaria GM/MS no 971, de 3 de maio de 2006, aprovando cinco práticas. 2013 Aprovação da Portaria nº 2.761/GM/MS, que institui a Política Nacional de Educação Popular em Saúde no âmbito do Sistema Único de Saúde (PNEPS-SUS). 2014 Aprovação da Portaria nº 2.446/GM/MS, que redefine a Política Nacional de Promoção da Saúde (PNPS) que tem como um dos objetivos específicos: valorizar os saberes populares e tradicionais e as práticas integrativas e complementares. 2017 A PNPIC foi ampliada em 14 outras práticas a partir da publicação da Portaria GM nº 849/2017. A seguir, descreveremos sobre as PNPIC e sua contribuição para a aplicabilida- de das PICS no SUS. 2.1 POLÍTICA NACIONAL DE PRÁTICAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES Sabemos da importância da obtenção da PNPIC para a consolidação das práticas nos territórios, porém, mesmo com as conquistas, ainda podemos avançar. Consideramos ela uma política sempre em construção. A PNPIC é transversal em suas ações no SUS, e está presente em todos os níveis de atenção, prioritariamente na Atenção Primária à Saúde (APS). Dentre os seus objetivos, se propõe a contribuir com o aumento da resolubilidade do Sistema e ampliação do acesso às PICS, garantindo qualidade, eficácia, eficiência e segurança no uso (BRASIL, 2020b, p. 3). Em 2018, foi lançado o manual de implantação de serviços de práticas integrativas e complementares no SUS, com o objetivo de sugerir aos gestores um modelo de plano de implantação das PICS, e que também descreve os passos de cadastramento nos serviços. Acesse em: http://189.28.128.100/dab/docs/portaldab/ publicacoes/manual_implantacao_servicos_pics.pdf. DICA 6 Foram duas portarias aprovadas, que hoje totalizam 19 PICS a serem disponibi- lizadas no SUS: • A Portaria GM/MS nº 971/2006 contempla diretrizes e responsabilidades institucionais para oferta de serviços e produtos de: homeopatia, medicina tradicional chinesa/ acupuntura, plantas medicinais e fitoterapia, além de constituir observatórios de medicina antroposófica e termalismo social/crenoterapia (BRASIL, 2006c). • A portaria GM/MS nº 849/2017, aprova outras práticas: Arteterapia, Ayurveda, Biodan- ça, dança circular, Meditação, Musicoterapia, Naturopatia, Osteopatia, Quiropraxia, Reflexoterapia, Reiki, Shantala, Terapia Comunitária Integrativa e Yoga (BRASIL, 2017). Em 2021 a PNPIC completou 15 anos de criação. No link a seguir, você tem acesso a lista de experiências no SUS com as PICS registradas na plataforma do Banco de Práticas e Soluções em Saúde e Ambiente – IdeiaSUS. Acesse em: http://observapics.fiocruz.br/conheca-as-129- experiencias-com-pics-registradas-no-ideiasus/. DICA Muitos avanços foram conquistados nessa trajetória desde a criação das PICS, mas muitos desafios ainda estão presentes. O acesso aos usuários para essa variedade de práticas legitimadas pelo SUS, dependem de investimentos para a formação de profissionais para a atuação na rede. Identificar o potencial na equipe e ampliar a oferta das práticas é imprescindível para a disseminação das PICS na saúde pública. 3 PRÁTICAS INDIVIDUAIS Vários tipos de PICS somente podem ser utilizadas em grupo, como a dança circular, que depende de mais participantes para formar uma roda. A seguir, descreveremos PICS que não necessitam de um grupo para sua aplicação, ou, em alguns casos, que podem ser aplicadas somente de forma individual. 3.1 MEDICINA TRADICIONAL CHINESA Não se sabe ao certo quando a Medicina Tradicional Chinesa (MTC) foi desenvolvida ao longo da história. Contudo, evidências arqueológicas demonstram que a maioria das técnicas oriundas dessa abordagem surgiram no Oriente há milhares de anos, alguns exemplos de técnicas são: moxaterapia, fitoterapia chinesa e a acupuntura. Todas essas práticas têm fundamento nessa teoria de saúde milenar, com pilares definidos, sendo eles: 7 • A teoria do Yin-Yang. • A teoria dos Cinco Elementos. • A teoria do Qi (MACIOCIA, 2017). A partir do conhecimento desses pilares, o especialista consegue realizar o diagnóstico, tratando o indivíduo em sua totalidade e não visando somente a parte doente ou a doença em si, como é evidenciado na Medicina Ocidental. É importante ressaltar que não temos a pretensão de abordar esses conceitos de forma a serem profundamente discutidos neste tópico, pois isso não seria possível em um primeiro debate, mas sim desvelar a base de seus conhecimentos para que você possa compreender o suficiente da teoria geral para refletir sobre o modo de racionalização da MTC. No Brasil, a Regulamentação para o exercício profissional da acupuntura foi aprovada através do Projeto de Lei nº 5983/2019 em todo território nacional. Este documento especifica quem pode exercer a profissão, além de outras diretrizes. Acesse em: https://bit.ly/3rBepG5. IMPORTANTE Atualmente, muitas categorias profissionais da área da saúde, além da medi- cina, já se manifestaram a favor dessa prática respaldando seus profissionais, como: Conselho Federal de Enfermagem, Conselho Federal de Farmácia, Conselho Federal de Fisioterapia, Conselho Federal de Psicologia, entre outras. Dessa forma, para atuar com a acupuntura, o profissional de saúde necessita realizar uma especialização – nível de pós-graduação – na área, e estar ativo em seu Conselho Regional. A partir do conhecimento das teorias e da relação dela com o que o indivíduo traz como demanda clínica, é que o especialista determinará o diagnóstico energético. Depois desta etapa, as práticas terapêuticas são escolhidas e aplicadas, de forma indi- vidual ou conjunta, a depender do caso. Além disso, como destacamos, a MTC considera o ser em sua integralidade. Nesse caso, a relação das teorias acontece também através da anamnese que o especialista utiliza na consulta clínica para compreender o caso em sua totalidade. Tratar é aplicar as técnicas apropriadas (...)O diagnóstico pas- sa pela tomada dos pulsos, detalhada e sutil; pela palpação do abdômen ou de outras partes do corpo; pelo exame da pupi- la, da tez, da língua, da vascularização superficial, das atitudes, do jeito de andar. Questionamos sobre o que entra e sai do cor- po, sobre os movimentos orgânicos, as sensações internas, so- bre os sentimentos e as disposições interiores. Inspecionamos o ambiente físico e moral do paciente” (DE LA VALLÉE, 2019, p. 19). 8 Sobre a avaliação do pulso, não existe uma regra de do que pode ser um “pulso” normal para um indivíduo e patológico para outro. É importante que o profissional determine o padrão do pulso, considerando a anamnese e os seus conhecimentos que se correlacionam com o quadro em estudo. Mann (1971) ressalta que é normal para algumas pessoas se sentirem com energia e ter agilidade, o que se refletirá na qualidade da artéria, perceptível na tomada do pulso. Dessa forma, o pulso trará mais dados sobre o estado de saúde do paciente, auxiliando no diagnostico energético e plano de tratamento com a acupuntura. “Seja qual for a sua origem, física, fisiológica ou mental, as doenças revelam-se através do pulso, desde que provoquem efeitos fisiológicos” (MANN, 1971, p. 104). Os efeitos fisiológicos alteram o processo orgânico de funcionamento do corpo. Assim, qualquer alteração no organismo irá refletir através do pulso. Se tratando da mudança de padrão de pulso conforme o clima, Mann (1971, p. 106), esclarece que: • Os pulsos tornam-se mais profundos no inverso e em casos de doenças relacionadas ao frio ou a processos de enrijecimento. • Os pulsos tornam-se mais superficiais no verão e em casos de doenças ligadas a estados febris. Assim, o especialista necessita ter um vasto conhecimento em medicina chi- nesa, considerando todos os fundamentos que estão envolvidos nessa racionalidade de saúde para atuar com qualidade e trazer resolubilidade para o problema do paciente. Cada aspecto clínico é avaliado minuciosamente antes de escolher a técnica adequada. Por exemplo, a tomada de pulso da MTC é feita de forma manual, e para realizar a análise do aspecto da língua, há um arcabouço teórico que o especialista necessita compreen- der para poder avaliar da maneira correta. Um livro que trata especificamente do assunto é o “Diagnóstico pela língua na medicina chinesa”, de Giovanni Maciocia (2013), sendo que este é um dos mais preciosos métodos na medicina chinesa. DICA Outra categoria de sentidos bastante abrangente utilizada na MTC é a de “Shen”: É o mais sutil e não substancial tipo de Qi ... Acredito que 'Mente' é uma tradução mais precisa para Shen; o que no Ocidente chamaríamos de 'espírito', trata-se do complexo de todos os cinco aspectos mentais e espirituais do ser humano, isto é, Alma Etérea (HUN), Alma Corpórea (PO), Inteligência (YI), Força de Vontade (ZHI) e Mente (SHEN) (MACIOCIA, 1996, p. 201). 9 O Shen, (espírito/mente) pré-natal é derivado dos pais e o Shen pós-natal derivado e manifestado pela essência (Jing) e pela energia (Qi). Enquanto o sangue (Xue) do coração (Xin) e Yin do coração fornecem moradia para o Shen, visto que na concepção da MTC, a consciência não reside tanto no cérebro, mas sim no coração. Shen é, portanto, totalmente associado à concepção, à organização inata e adquirida no meio do desenvolvimento, a própria transformação de um ser particular, ele é ao mesmo tempo o aspecto mais sutil daquilo que anima, colore a consciência individual e determina todos os níveis de surgimento desse indivíduo, até os mais concretos (EYSSALET, 2003, p. 82). O Shen vitaliza o corpo e a consciência e fornece a força da personalidade. Esta concepção implica na existência material do Shen, que é diferente do pensamento ocidental de espírito. Na MTC, Shen é uma parte integral do corpo e não um aspecto separado dele (ROSS, 2019). A partir desse texto introdutório sobre a MTC, a seguir, abordaremos sobre os pilares teóricos dessa medicina milenar. 3.1.1 Teoria Yin-Yang Conceituar o Yin-Yang é imprescindível, e essa teoria é possivelmente uma das mais importantes da MTC. São duas qualidades opostas, porém complementares: “cada objeto ou fenômeno poderia ser ele próprio ou seu contrário. Além disso, Yin contém a semente de Yang, de forma que o primeiro pode transformar-se no segundo, e vice- versa” (MACIOCIA, 2017, p. 3). Figura 1 – Símbolo yin-yang Fonte: https://bit.ly/3UarhA3. Acesso em: 21 jun. 2022. 10 O círculo exterior representa o próprio universo, o infinito, o todo energético, do qual tudo e todos fazemos parte. As duas esferas dentro do símbolo representam a união dos opostos, sendo que a li- nha ondulada no interior indica o equilíbrio constante entre as forças contrárias. O círculo branco pequeno no lado preto significa que o Yin possui o Yang e o círculo pequeno preto no lado branco, significa que o Yang possui o Yin (BUCHO, 2016, p. 2). Para exemplificar melhor, pensemos que após a noite vem o dia, que depois do verão chega o inverno, e essas mudanças são ciclos da vida que atingem a todos os seres (MACIOCIA, 2017). Yin e Yang representam esse ciclo. Ilustram essas contínuas mudanças, os ritmos da existência. Yin é o polo negativo, passivo, profundo, feminino. A noite e o inverno são Yin. Yang representa o polo positivo, ativo, superficial, masculino. O dia e o verão são yang. Esses conceitos não são estáticos. Representam dois polos de uma mesma energia. Yin está sempre se tornando Yang, e Yang se tornando Yin (JAHARA-PRADIPTO, 1986, p. 16). Eles se configuram como expressões do Qi (energia vital). Estudaremos sobre o Qi ainda neste tópico. Importante ressaltarmos que os conceitos de polo negativo e positivo não tem a ver com o bem e o mau, ou o que é bom ou ruim. Ambos são essenciais, e é importante manter um equilíbrio entre as energias. Dessa forma, podemos dizer que uma pessoa é mais Yin, em um estado mais fisicamente passivo ou mais Yang fisicamente ativo, entre outras características que podem ser consideradas (JAHARA-PRADIPTO, 1986). O antagonismo de Yin-Yang estende-se a todos os fenômenos e objetos do universo, isto é, a tudo que pode ser perceptível pelo ser humano. Assim: Yang: positivo, forte, dinâmico, quente, claro, leve, homem. Yin: negativo, fraco, estático, frio, obscuro, pesado, mulher. A MTC incorporou o princípio Yin-Yang para explicar a fisiologia e patologia humana, considerando o corpo um todo organizado, composto de duas partes, porém opostas. Os órgãos vitais são Yin, enquanto suas funções são Yang. Por exemplo, o coração, como estrutura anatômica é Yin, enquanto os batimentos e a circulação do sague são Yang; a massa muscular é Yin e a força muscular é Yang, assim por diante (PAI, 2005, p. 71). As doenças para a MTC são resultantes de uma desordem nas nossas trocas e ritmos Yin-Yang (DE LA VALLÉE, 2019). O estado normal seria o equilíbrio, porém, existem quatro quadros possíveis de desequilíbrio entre Yin-Yang: Predomínio de Yin. Predomínio de Yang. Fraqueza de Yin. Fraqueza de Yang (MACIOCIA, 2017, p. 7). 11 Pela racionalização da teoria do Yin-Yang, o especialista irá identificar as manifestações clínicas de um possível desequilíbrio entre essas duas energias, e por intermédio de estratégias de tratamento, aplicar as técnicas da MTC para equilibrá-las. As estratégias se resumem em quatro: Tonificar Yang. Tonificar Yin. Eliminar Yang em excesso. Eliminar Yin em excesso (MACIOCIA, 2017, p. 7). O especialista pode, por exemplo, utilizar pontos de acupuntura para eliminar acessos de Yang em determinado local do corpo, ou utilizar a moxabustão para tonificar o Yin, a dependerde cada caso, como afirma Ross (2019, p. 27), “de modo geral, se o corpo está saudável e forte, o Yin e o Yang estão em equilíbrio”. 3.1.2 Teoria dos Cinco Elementos Na visão desta teoria, o mundo natural é constituído por cinco elementos: madeira, fogo, terra, metal e água. Cada um destes elementos tem suas próprias características individuais e simbolizam também as cinco direções diferentes de movimentos dos fenômenos naturais (MACIOCIA, 2017). Os antigos chineses, observando os fenômenos da natureza e seu comportamento, identificaram a madeira, o fogo, a terra, o metal e a água como os “Cinco Elementos da Natureza”, básicos para a existência da vida no planeta. Verificaram também que entre esses “Cinco Elementos da Natureza” existia uma íntima relação, dinâmica e interdependente: a madeira, quando queima, transforma-se em cinza, misturando-se com a terra. Dentro desta, há depósito de metal que, por sua vez, submetido a altas temperaturas, torna-se líquido. A água, que é parte desse líquido, faz a árvore crescer e esta fornece a madeira para ser queimada, e assim por diante, de forma infinita e cíclica (PAI, 2005, p. 73). As teorias de Yin-Yang e dos Cinco Elementos representam um salto histórico da medicina – a visão da doença como algo causado por espíritos malévolos deu lugar a uma visão naturalista das doenças como algo associado ao estilo de vida (MACIOCIA, 2017, p. 16). ATENÇÃO Esses elementos representam o as energias do Yin-Yang, que, como vimos, se manifestam nos ciclos de transformação da natureza. Dessa forma, órgãos estão relacionados aos cinco elementos, por intermédio de um sistema de analogia e dedução. 12 No diagrama que representa os cinco elementos existe um órgão (zang) Yin e uma víscera (Fu) Yang para cada elemento. Cada par de órgãos é representado pelo elemento em questão: • Madeira: o fígado e a vesícula biliar. • Fogo: o coração e o intestino delgado. • Terra: o estômago e o baço-pâncreas. • Metal: o intestino grosso e o pulmão. • Água: o rim e a bexiga (PAI, 2005, p. 75). Dessa forma, “a interação de Yin e Yang gera as cinco fases (...). A teoria das cinco fases ou dos cinco movimentos postula que todos os fenômenos naturais correspondem a uma de cinco faixas associativas: Madeira, Fogo, Terra, Metal e Água” (LUZ, 2012, p. 110-111). Para saber mais sobre a teoria dos cinco elementos, assista ao vídeo: “Os cinco Elementos da Medicina Tradicional Chinesa”. Acesse em: https://www.youtube.com/watch?v=HM8dBzmND6k. DICA A teoria dos cinco elementos possui sua origem na observação da natureza e em todo o processo que ela se constitui, assim foi compreendida e comparada às influências desses fenômenos naturais com a restauração do equilíbrio energético da pessoa com problemas de saúde. 3.1.3 Teoria do Qi O Qi (ou Chi), pode ser conceituado em português pela expressão “sopro vital”, sendo que na literatura chinesa ele é muito relacionado ao vento, respiração, ao ar e ao vapor (LUZ, 2012). Outros autores também denominam o Qi como “energia vital”, sendo a força que produz a vida. “Se enumerarmos as necessidades da vida: alimento, abrigo, vestimenta, água e ar; faltará alguma coisa? Sim, o Qi, algo tão básico para a vida que frequentemente nos esquecemos dele” (TOHEI, 2000, p. 9). Essa “energia” percorre pelos “meridianos”, que são canais por onde o fluxo energético circula pelo corpo. Há, inclusive, mapas que demonstram os meridianos existentes no corpo humano segundo a MTC. A energia vital (Qi) flui através dos doze meridianos em vinte e quatro horas, na seguinte ordem: Pulmões, intestino grosso, estômago, baço, coração, intestino delgado, bexiga, rins, circulação-sexo (pericárdio), 13 triplo aquecimento (triplo aquecedor), vesícula e fígado. É este fluxo de energia que conserva o homem vivo. Quando cessa, sobrevém a morte (...). Não existe prova científica absoluta da existência de Qi. Na linguagem característica dos antigos, para expressar o seu ponto de vista, Qi teve origem na ação simultânea do céu e da terra, cujo resultado foi a criação do homem, - a dádiva dos céus gerada no útero da terra” (MANN, 1971, p. 45-46) Quando um ponto do corpo está dolorido, pode ser indicação de um bloqueio da circulação de energia, que poderá estar em excesso ou em deficiência no organismo (ANDRADE, 2009). Existem técnicas para normalizar o fluxo de Qi através dos meridia- nos, como a acupuntura e a prática do Qi Gong (exercícios que procuram melhorar a circulação de Qi no corpo). O Qi Gong é o resultado de alguns milhares de anos de experiência do homem no desenvolvimento do uso da energia vital para vários propósitos definidos. Os antigos mestres desenvolveram a arte da energia para curar doenças, promover a saúde, a longevidade, melhorar as habilidades de luta, expandir a mente, alcançar níveis diferentes da consciência e atingir a espiritualidade. Essas artes de cultivo da energia desenvolveram-se separadamente, apesar de, às vezes, terem influenciado umas às outras e serem conhecidas por nomes diferentes. Porém, todas elas tinham em comum a prática de exercitar os fluxos de energia: o chi ou qi. Desde a década de 1950, essas artes ficaram conhecidas como Qi Gong, a arte da energia (LIVRAMENTO; FRANCO; LIVRAMENTO, 2010, p. 82). Faça você mesmo uma rotina de antigos exercícios chineses de Qi-Gong, através do vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=Z2n4WfwIXnk DICA Assim, podemos afirmar que a MTC busca normalizar a circulação do Qi no corpo para que não haja desequilíbrios energéticos. Esse equilíbrio perpassa pela teoria Yin e Yang, que, conforme estudamos anteriormente, são duas energias opostas. O Qi que circunda pelos meridianos necessita estar equiparado de acordo com o Yin e Yang, em quantidade aceitável para fluir sem bloqueios e na direção certa (CENTRO DE ESTUDOS DE TERAPIAS NATURAIS, 2022). As energias de Yin e Yang circulam pelo corpo sem parar. Com o estudo do estado dessas energias nos 12 meridianos, poderemos determinar a origem da doença e se há energia em demasia ou em deficiência. Dessa forma, a localização dos distúrbios é possível. Com os conhecimentos acerca dos locais onde podemos incitar a alteração de energia entre os diferentes meridianos, poderemos equilibrar novamente o Yin e Yang (NEI JING apud WANG, 2001). 14 A citação supracitada é advinda do livro, “Os Princípios de Medicina Interna do Imperador Amarelo”, considerado um livro clássico Oriental e o primeiro a citar a técnica da acupuntura. Ele traz o relato das conversas do Imperador com o seu ministro, e desvela a filosofia oriental em que se baseia a acupuntura, como o Yin e Yang. IMPORTANTE A seguir, descreveremos algumas das técnicas mais utilizadas para equilibrar o fluxo de Qi pelo corpo: acupuntura, auriculoterapia, ventosaterapia e moxaterapia. Ressaltamos que elas têm como base as teorias da MTC citadas anteriormente 4 ACUPUNTURA A palavra "acupuntura" vem do latim, acus significa agulha e punctura se refere à punção. É uma técnica que utiliza agulhas finas e específicas para este fim a serem introduzidas em pontos distribuídos no corpo humano. Além das agulhas, esses pontos também podem ser estimulados por ventosas ou moxas, conforme estudaremos a seguir. A Figura 2 ilustra alguns objetos para comparação de espessuras. Um palito tem 3mm, a agulha de injeção, no centro da imagem, tem 0,70mm e uma agulha de acupuntura tem apenas 0,25mm, ou seja, referente a dois fios de cabelo humano. Ressaltamos que as agulhas não podem ser reaproveitáveis, dessa forma, após o uso, o descarte deve ser realizado em coletores específicos para serviços de saúde, sendo recolhidos por empresas de coleta e transporte de resíduos perfurocortantes. Figura 2 – Espessura da agulha de acupuntura Fonte:as autoras 15 Existem divergências sobre o período de origem e desenvolvimento da acupun- tura na história, porém, dados arqueológicos apontaram que pode ser originária da China entre 8.000 e 3.000 a.C. (LIANG, 2001). É considerada uma das terapias mais antigas do mundo. Há indícios da sua prática na época da Idade da Pedra (aproximadamente 4500 a.c.), quando as “agulhas” eram feitas de pedra polida, e muitas vezes utilizadas com a terapia através do calor (moxa), aquecendo as pedras e colocando-as em locais doloridos do corpo (WEN, 2014). Os chineses, ao longo de milhares de anos, descreveram cerca de 1.000 pontos de acupuntura, dos quais 361 (clássicos) foram classificados em catorze grupos principais. Todos os pontos que pertencem a um desses grupos são ligados na superfície do corpo por uma linha imaginária denominada meridiano. (...) Os pontos de acupuntura ao longo desses meridianos estão relacionados com o órgão mencionado, mas não necessariamente da mesma maneira que a medicina ocidental (PAI, 2005, p. 57-58). O objetivo da acupuntura é tratar o indivíduo em sua integralidade, partindo do pressuposto da MTC de tratar a pessoa doente e não a doença. Os pontos são escolhidos pelo acupunturista de acordo com o diagnóstico realizado com base nos fundamentos da MTC, anamnese, sinais e sintomas do indivíduo. Ela estimula a circulação de Qi (energia) e Xue (sangue) pelo organismo buscando o equilíbrio do corpo. No Ocidente, os acupontos (pontos de acupuntura) receberam numerações para facilitar a aprendizagem. Na tradicional medicina chinesa, mestres antigos ensinavam ser a doença uma alteração das funções do corpo ou desgaste deste, provocado por fatores externos, como frio, calor, umidade, fatores emocionais, nutricionais ou envelhecimento. Por meio da acupuntura seria possível a recuperação da saúde (PAI, 2005, p. 5). Ao numerarmos os pontos de acupuntura, perdemos uma riqueza de informações quando os termos chineses são esquecidos. Por exemplo, “o Zan-san-li” (três milhas da perna), tratado com acupuntura, faz aumentar a energia o suficiente para caminhar mais três milhas de distância. Entretanto, no ocidente ele foi designado como “E-36”, que significa “trigésimo sexto acuponto do Canal de Energia do Estômago”. As informações dos termos chineses poderiam ser interpretadas e usadas no tratamento (INADA, 2006). INTERESSANTE O ponto IG20 é muito utilizado para obstrução nasal. A Figura 6 demonstra esse ponto sendo utilizado bilateralmente das narinas, para alívio dos sintomas de sinusite. 16 Figura 3 – Aplicação de acupuntura para desobstrução nasal Fonte: as autoras O Quadro 2 descreve os mecanismos de ação da acupuntura: Quadro 2 – Mecanismos de ação da acupuntura Fonte: WEN (2014, p. 17-18) Altera a circulação sanguínea A partir da estimulação de certos pontos, pode-se alterar a dinâmica da circulação regional proveniente de microdilatações. Outros pontos promovem o relaxamento muscular, sanando o espasmo, diminuindo a inflamação e a dor. Libera hormônios O estímulo de certos pontos promove a liberação de hormônios, como o cortisol e as endorfinas, promovendo analgesia. Aumenta a resistência à doença A acupuntura ajuda a aumentar a resistência do hospedeiro. Quando há agressão externa, alguns sistemas orgânicos são prejudicados. Há uma regulação interna para oferecer resistência à doença. A acupuntura exacerba esses mecanismos para que, em menos tempo, o equilíbrio e a saúde sejam restabelecidos. Regula e normaliza as funções orgânicas As diversas funções no homem são inter-relacionadas. Se há algum distúrbio alternando esse inter-relacionamento, ocorre a manifestação de sintomas e a doença se estabelece. A acupuntura pode dinamizar e restabelecer os relacionamentos anteriores e apressar a recuperação. Promove o metabolismo O metabolismo é fundamental na manutenção da vida. Em certas condições de doença, há alteração do metabolismo dos diversos órgãos, com consequente prostração e deficiência do organismo. A acupuntura permite a recuperação desse metabolismo, importante no processo de cura. A acupuntura pode ser aplicada de forma sistêmica e microssistêmica, podendo as agulhas serem inseridas em pontos ao longo do corpo, com duração em média de 28 min e em tratamentos que possuem duração de até 10 sessões, conforme cada caso. No caso da acupuntura microssistêmica, ela torna-se mais comum na prática ambulatorial, 17 geralmente procurada por queixas de dores crônicas. Nesses casos, as agulhas são inseridas em pontos de reflexo das funções do corpo humano. Muitos acupunturistas utilizam da craniopuntura de Yamamoto, a acupuntura do Mestre Tung e Método Balance de Richard Tan. Esses métodos ampliam o conhecimento do acupunturista, permitindo obter ainda mais recursos para atuar na qualidade de vida do paciente. No município de Campinas, com a implantação da prática da técnica da Cra- niopuntura de Yamamoto, observou-se uma redução de 12,5% nos primeiros 8 meses e de 20% após 1 ano da emissão de receitas de anti-inflamatórios (BRASIL, 2009), com uso da acupuntura na prática clínica, principalmente envolvendo os casos de dores são surpreendentes, pois, geralmente, o paciente relata melhora considerável da dor com o uso dessa técnica. A acupuntura denominada Craniopuntura de Yamamoto se refere à aplicação da técnica no couro cabeludo, correspondente ao córtex cerebral. Ela não apresen- ta efeitos colaterais e diminui o consumo de medicamentos (YAMAMOTO; YAMAMOTO, 1998). Silva et al., (2011, p. 290) realizaram um estudo envolvendo a craniopuntura de Yamamoto e constataram que ela foi efetiva no “alívio da dor, na amplitude de movi- mento, qualidade de vida e funcionalidade de paciente com osteoartrite de joelho”. Além dos quadros de dores, a acupuntura também é uma técnica reconhecida e aliada na intervenção de problemas emocionais. No estudo de Silva (2010), foi aplicada a acupuntura para o transtorno de ansiedade. Neste caso, essa prática também demonstrou ser efetiva, diminuindo os sintomas e melhorando a qualidade de vida da paciente. O Do-in, que é a massagem com os dedos em pontos de acupuntura, também pode ser utilizado, inclusive no autocuidado. Cançado (1993) desenvolveu o primeiro livro de primeiros socorros voltados para a técnica do Do-In, que consiste na acupressão nos pontos de acupuntura com os dedos, na busca terapêutica através do processo do autocuidado. “Quando o primeiro homem massageou o próprio pé na tentativa de aliviar a dor, a idéia do Do-in já estava formada” (CANÇADO, 1993, p. 13). Assim, ao logo da história o homem pôde perceber que, além da prática lhe causar algum conforto, também era terapêutica, principalmente nos quadros que envolviam dores. No Do-In, os pontos relacionados recebem a massagem indutiva energética, e, para obter-se maior aproveitamento dessa técnica, é importante colocar o corpo numa condição de relaxamento (CANÇADO, 1993). Essa técnica da MTC, não possui contra indicações, exceto para pessoas que estejam com a integridade da pele prejudicada no local da prática. Qualquer indivíduo pode realizar a massagem nos pontos de acupuntura, esse conhecimento é muito útil em casos que ocorrerem situações de algum desconfor- to físico ou dores e não ter acesso a nenhum atendimento de saúde por perto, como em viagens. 18 A técnica de tratamento com o Do-in, segundo Cançado (1993, p. 26), consiste: a) Em caso de distúrbios causados pelo excesso de energia é preciso sedar o ponto. Para isso, pressionar profundamente e continuamente o ponto indicado durante um a cinco minutos. b) Em caso de deficiência, é preciso tonificar o ponto, pressionan- do-o repetidamente em intervalos de um segundo durante cinco minutos. Dessa forma, podemos inferir nos sintomas que são frequentes como enxaque- cas, ansiedade,cólicas, congestão nasal, constipação, dores na coluna, entre outros. 5 AURICULOTERAPIA Outra técnica muito utilizada, principalmente por não ser invasiva e ter mais fácil aceitação é a auriculoterapia, ou a acupuntura auricular. A auriculoterapia faz parte da MTC, assim como a acupuntura. Sua base é a utilização de punção no pavilhão auricular, relacionando-o com os diversos órgãos e regiões do corpo. Por volta de 1950, o médico francês Paul Nogier deu importante contribuição para o uso terapêutico do pavilhão auricular. Com estudos que partiram dos pontos auriculares chineses e da criação de novos métodos de mapeamento e estimulação dos pontos, Nogier estabeleceu a relação do pavilhão auricular com a figura de um feto na posição invertida e batizou sua descoberta de auriculoterapia (NEVES, 2018, p. 8). A figura do feto invertido é a base para a localização dos pontos auriculares, estabelecendo os pontos reativos de determinada região do corpo e que se situam no reflexo da imagem de um bebê invertido. Nessa projeção, a cabeça está localizada na altura do lóbulo da orelha e os pés na região superior do pavilhão da orelha, mais aproximado da fossa triangular. Segundo Senna, Silva e Bertan (2012, p. 27) “pontos auriculares são zonas específicas distribuídas na superfície do pavilhão auditivo (...) Essas zonas refletem fielmente a atividade funcional de todo o nosso corpo”. Os pontos são estimulados com diferentes tipos de materiais, podemos utilizar agulhas de acupuntura que permanecem por alguns minutos, agulhas semipermanen- tes, ou até mesmo sementes (vacaria ou mostarda), esferas (douradas, prateadas ou de cristais), que são fixadas no ponto com micropore, e podem permanecer por uma sema- na realizando o efeito terapêutico em um prazo mais longo. No caso de aplicação com o uso das sementes, é importante estar atento a sinais de mudança de coloração na área ou queixas de dor, neste caso é importante orientar a retirada dos pontos da orelha. As sementes, por serem materiais orgânicos, possuem maior risco de causar algum proble- ma na terapêutica. O especialista necessita estar atento e avaliando cada caso. 19 Figura 4 – Auriculoterapia com agulha Fonte: as autoras A princípio, os benefícios da auriculoterapia baseiam-se na facilidade de acesso aos acupontos, na possibilidade da prática clínica não invasiva, nas alterações auriculares de interesse diagnóstico, na produção de estímulos bioenergéticos auriculares (mesmo fora do consultório) e nos seus resultados já comprovados (SENNA; SILVA; BERTAN, 2012, p. 26). Mesmo com os mapas definindo os pontos de maneira objetiva, o diagnóstico em auriculoterapia perpassa por uma inspeção minuciosa da orelha, avaliando se há manchas, escamações, aumento da vascularização em determinados locais, entre outros sinais. Esse exame visual é realizado antes de tocar a orelha, para que os sinais não sejam alterados pela palpação. Nem sempre há alterações aparentes, porém é importante atentar-se a elas. Após esse exame inicial, a apalpação é realizada em diferentes pontos para revelar os pontos que são reagentes à dor, e possivelmente necessitam dos estímulos da auriculoterapia (NEVES, 2018). Figura 5 – Tratamento de auriculoterapia com esferas Fonte: as autoras 20 Na Figura 5, observamos que não há muitos sinais evidentes de alterações au- riculares, a não ser alguns vasos aparentes na região superior da orelha. Essa imagem é importante para ilustrar que, se o paciente possui alargadores ou piercings, não impede, de forma alguma, o tratamento, o que acontece, principalmente no uso de alargadores, é a perda de pontos que poderiam ser estimulados caso houvesse necessidade, como a região dos olhos que é perdida no caso do uso de alargadores. Contam lendas que os piratas utilizavam brincos de ouro no lóbulo da orelha, no ponto do olho, a fim de melhorar sua acuidade visual quando utilizavam lunetas para mirar o horizonte. INTERESSANTE O quadro a seguir demonstra as possíveis alterações auriculares e seu diagnóstico. Quadro 3 – Alterações e diagnóstico em auriculoterapia Fonte: Neves (2018, p. 28) Alteração Diagnóstico Manchas vermelhas Disfunções agudas Manchas brancas Disfunções crônicas Vasos vermelhos Disfunções recentes Vasos azulados Disfunções antigas Escamações Disfunções crônicas Nódulos Disfunções crônicas e provavelmente degenerativas Existem alguns riscos na auriculoterapia, como a fadiga ocular, que acontece quando são realizadas muitas sessões, neste caso a orelha pode apresentar algum sinal negativo (como pequenas lesões), por isso, é importante manter um tempo de repou- so durante as sessões para evitar esse processo. Além disso, pode ocorrer uma infla- mação na cartilagem, expressados por pequenos nódulos que doem e tem coloração vermelha nos locais de aplicação, neste caso é contraindicada a estimulação desses pontos. Quando são utilizadas agulhas semipermanentes, também é importante nos atentarmos a sinais de infecção, caso o paciente não mantenha uma boa higiene no local (NEVES, 2018). 21 Um estudo envolvendo essa técnica demonstrou que ela é eficaz envolvendo quadro de estresse psicológico e sintomas de depressão e ansiedade durante a pandemia da COVID-19, sendo aplicada em profissionais de enfermagem. Nesse estudo, Oliveira et al. (2021, p. 7) concluíram que em apenas uma sessão de auriculoterapia tiveram diminuições significativas no “nível de estresse e na pontuação das medianas de ansiedade e depressão dos profissionais de enfermagem que atuaram na linha de frente de enfrentamento à pandemia do coronavírus”. Na dor cervical crônica, a prática pode ser realizada como tratamento com- plementar, sendo um método eficaz para alívio da dor (SANT'ANNA et al., 2021). Res- saltamos que, além do exame visual e de palpação da orelha, é imprescindível que a anamnese seja realizada para avaliar a queixa da pessoa em tratamento. Assim como, os pontos auriculares se baseiam na mesma base teórica da MTC para definir os pontos mais eficazes para cada caso. 6 VENTOSATERAPIA O tratamento com ventosas é bastante antigo, assim como as outras práticas citadas, ele iniciou em países orientais e difundiu-se para o ocidente ao longo do tempo. Consiste em aplicar, por intermédio de pistolas de sucção de ar, copos de ventosas de plástico em diversas partes do corpo. Também é realizada a prática com ventosas de vidro, que necessitam que o oxigênio do “copo” de ventosa seja retirado por intermédio do calor, e, logo após, inserido no corpo da pessoa em tratamento. As Figuras 6 e 7 demonstram a utilização desses materiais, porém, ressaltamos que existem outros tipos atualmente no mercado, como as de silicone. Figura 6 – Utilização de ventosas de plástico Fonte: as autoras 22 A ventosaterapia promove a limpeza do corpo, ela age na troca de gases, purificando o corpo, podemos dizer que ela elimina a toxidade que afeta o organismo. Esse tipo de tratamento também é muito utilizado para aliviar tensões e proporcionar relaxamento físico. Na MTC, ela é principalmente um meio de diagnóstico clínico, pois através dos aspectos e características das manchas, o especialista consegue definir o padrão de desequilíbrio provocado por algumas doenças. Essa prática é indicada como foco terapêutico para desintoxicar o organismo, além de auxiliar no equilíbrio energético, aliviando os sintomas emocionais. Tem como objetivo ocasionar um vácuo e fazer uma sucção da pele gerando uma pressão negativa, para estimular a circulação sanguínea, liberar as toxinas existentes no sangue. Também atua limpando o sangue, o que faz com que aumente a resistência do organismo às doenças, melhor respiração da pele. A ventosa drena as áreas de congestão e liberta o corpo do excesso de energianegativa (AMARO et al., 2015 apud RIBEIRO et al., 2019). Após a sessão de ventosaterapia, é muito comum permanecerem algumas marcas por algum tempo, a área tratada pode inclusive ficar arroxeada, e quando isso acontece, é a demonstração de que há estagnações no corpo e/ ou pontos de tensão no corpo, ocasionados pelo estresse físico e apresentando desconforto muscular. Cabe ao especialista avaliar o nível e interpretar os sinais, conforme o quadro de comprometimento do paciente, para intervir com segurança. Nos casos em que há estagnação de energia nesses locais, a aplicação da téc- nica correta de ventosaterapia promoverá a movimentação e liberação da energia blo- queada. Com a circulação ativada, o fluxo de sangue favorece a nutrição dos múscu- los, aliviando as tensões, dores musculares e articulares. O tempo de aplicação é muito importante, sendo o especialista capaz de avaliar e intervir sem desconforto e riscos. Figura 7 – Marcas de ventosaterapia Fonte: as autoras 23 As ventosas de vidro são bastante utilizadas, e seu diferencial é a presença de calor no interior do copo, resultante da chama do fogo que deve ser inserida dentro dele antes de aplicar no corpo da pessoa. Essa técnica somente deverá ser realizada por pessoas habilitadas, pois há o risco de provocar queimaduras no paciente. Outra prática muito utilizada é a ventosa “deslizante”, neste caso, o terapeuta desliza a ventosa pelo corpo, ainda em sucção, o que promove o relaxamento muscular. Figura 8 – Utilização de ventosa de vidro Fonte: as autoras A Aplicação de ventosas fixas antes ou durante a sessão de acupuntura é uma terapêutica que pode ser aliada na sessão com outras técnicas da Medicina Tradicional Chinesa, sendo eficaz para o alívio da dor muscular, desbloqueio dos pontos energéti- cos, na restauração do fluxo de energia e na melhora da circulação sanguínea. Figura 9 – Aplicação de ventosaterapia com acupuntura Fonte: as autoras 24 O local, a intensidade da sucção e a duração das ventosas no corpo são ava- liadas pelo especialista com base nos sintomas e queixas do indivíduo, desenvolvendo um protocolo de atendimento para cada caso. 7 MOXATERAPIA A moxaterapia (podemos encontrar a moxaterapia descrita tanto com a palavra moxabustão quanto moxibustão) é utilizada nos pontos de acupuntura, mas, ao invés de agulhas, é o calor proveniente da queima da erva chamada Artemísia (Artemísia Vulgaris) que estimula os pontos. A moxabustão é um método terapêutico que visa utilizar determi- nadas substâncias ou ervas para aquecer pontos de acupuntura ou áreas do corpo a serem tratadas. O calor resultante deste processo produz estímulos que regularizam as funções fisiológicas, por inter- médio dos meridianos. A matéria prima mais utilizada para se fazer a moxa é a folha da planta Artemísia vulgaris, que possui propriedade antiinflamatória, cicatrizante, dispersa o frio e a umidade, regula a circulação e a energia. Existem várias técnicas para a utilização da moxabustão, desde a aplicação de cones acesos colocados direta- mente sobre os pontos ou áreas selecionadas, até bastões de moxa de vários tamanhos que são posicionados sobre a região a ser trata- da, sem tocá-la (YAMAMURA, 2001 apud WEGNER et al., 2013). Ela pode ser utilizada, inclusive, em conjunto com a acupuntura, como demonstra a Figura 10. Figura 10 – Aplicação de moxa com acupuntura Fonte: as autoras 25 É costumeiramente utilizada em pontos onde há deficiência de Yang, pois o calor estimula essa energia, equilibrando o corpo. Vários tipos de materiais são utilizados na moxaterapia, desde bastões mais finos, chamadas Mogussá-ko, como ilustra a figura a seguir, como bastões mais grossos e até mesmo caixas de madeiras, denominadas “berços para moxa”, que são colocadas sobre o corpo da pessoa em tratamento com a erva para que o calor permaneça nos pontos por mais tempo. Essa variedade de materiais pode ser observada na Figura 11. Figura 11 – Materiais utilizados na moxaterapia Fonte: as autoras A aplicação do “martelo” com moxa é demonstrada na Figura 12. Figura 12 – Utilização do martelo de moxa Fonte: as autoras 26 É preciso ter cuidado com o tempo e a proximidade do bastão de Artemísia junto à pele do indivíduo em tratamento, pois pode provocar queimaduras quando utilizada indevidamente. Outro aspecto a ser considerado é a observação da cinza quente prove- niente da queima, que deve ser sempre descartada em ambiente propício, pois também pode causar lesão se entrar em contato com a pele. Cada vez mais as PICS estão ganhando adesão dos usuários e profissionais frente a sua eficácia e benefícios. Muitos municípios no Brasil através da PNPICS im- plantaram as práticas integrativas, aproximando com diversos serviços ofertados para a população, como é o caso das UBS, aplicação das PICS na Visita Domiciliar, Ambulató- rios, Hospitais, Programas de Extensão com Universidades entre outros espaços. A seguir, abordaremos alguns exemplos de boas práticas na aplicação das PICS na saúde pública realizada nos municípios do Brasil. No Nordeste a prática da auriculoterapia foi implantada como PICS para ser realizada durante a visita domiciliar. Este trabalho amplia o acesso da população, principalmente no caso dos idosos vulneráveis ou pessoas acamadas, que possuem dificuldades na locomoção até a UBS. Observamos no início da implementação da Auriculoterapia, as mudanças na qualidade de vida dos Idosos, ajudando a tratar muitos problemas emocionais e físicos relacionadas ao envelhecimento, como a ansiedade, sintomas de depressão, equilibra o sono, o humor, fortalece o organismo, melhora o convívio social, entre outros (FIOCRUZ, 2021, p. 1). A iniciativa de incluir uma PICS como oferta ao cuidado do idoso durante a visita domiciliar, agrega benefícios além do cuidado à saúde, já que o idoso recebe o profissional na sua casa e possibilita, assim, o estabelecimento de vínculo, visto que o idoso, geralmente, reduz o seu convívio social conforme o avanço da idade. A auriculoterapia é uma prática considerada versátil, pois pode ser aplicada em qualquer lugar, por não apresentar riscos ao usuário. Em um Programa de Extensão de uma Universidade, essa prática foi inclusa também na visita domiciliar da população inscrita na UBS, beneficiando, inclusive, as pessoas cadeirantes. Os acadêmicos da área da saúde foram capacitados para atuar com essa PICS e puderam aplicá-la durante a prática de estágio. É um tratamento que promove imunidade e melhora o emocional em questões como ansiedade, nervosismo e depressão. Para os estudantes envolvidos também são vários os benefícios, entre os quais, o aprendizado prático da aplicação de técnicas de terapias complementares e a compreensão da humanização em saúde pública (SABELA, 2017, s. p.). 27 As PICS necessitam ser amplamente difundidas na formação do profissional de saúde, sendo inclusas no currículo dos Cursos e viabilizadas nos Projetos de Extensão que aproximam a Universidade, o campo de estágio e a comunidade. Cada país possui uma variedade própria de práticas de saúde – quer sejam próprias da cultura local ou importadas de outras tradições – reconhecidas com base nos aspectos socioculturais e diferentes graus de integração com a medicina convencional de cada país (BRASIL, 2020c, p. 6). A Prefeitura do Rio de Janeiro implantou várias PICS na saúde pública, estimulando o acesso da população com essas práticas terapêuticas. A estruturação e o fortalecimento da atenção em Práticas Integrativas e Complementares (PIC) na rede de atenção da cidade do Rio de Janeiro é um dos principais objetivos da Área Técnica de Práticas e Complementares da Secretaria Municipal de Saúde. A intenção é estimular o usode mecanismos naturais de prevenção de agravos e recuperação da saúde por meio de tecnologias eficazes e seguras, com ênfase na escuta acolhedora, no desenvolvimento do vínculo terapêutico e na integração do ser humano com o meio ambiente e a sociedade (PREFEITURA DO RIO DE JANEIRO, 2022). Os serviços ofertados para a população envolvendo as PICS no município do Rio de Janeiro são: • Homeopatia ◦ assistência médica realizada por médicos homeopatas, distribuídos em unidades de saúde (nível ambulatorial) cobrindo as 10 Áreas de Planejamento (APs) da rede municipal; ◦ ações de educação permanente envolvendo capacitação dos homeopatas e dos oficiais e acadêmicos bolsistas da farmácia homeopática; ◦ assistência farmacêutica: farmácia de homeopatia na Prefeitura do Rio, implantada na Policlínica Hélio Pellegrino (Praça da Bandeira) com o objetivo de prestar assistência farmacêutica em homeopatia na rede municipal e garantir a qualidade do medicamento oferecido aos usuários. ◦ ações de Divulgação da Homeopatia: dirigido a profissionais de saúde da rede e eventos externos (PREFEITURA DO RIO DE JANEIRO, 2022). • Plantas Medicinais / Fitoterapia ◦ cultivo de espécies medicinais no horto da Fazenda Modelo com o objetivo de fornecer matéria-prima vegetal para a produção de fitoterápicos, implantação de hortas e para a realização de oficinas de cultivo, promoção de saúde e geração de renda em unidades de saúde; ◦ produção de cremes fitoterápicos pela Farmácia de Manipulação de Fitoterápicos do município do Rio de Janeiro; ◦ prescrição de fitoterápicos industrializados e dos cremes fitoterápicos nas unida- des de saúde por profissional de saúde habilitado; 28 ◦ assistência farmacêutica nas unidades de saúde a partir da dispensação aos usuários dos fitoterápicos industrializados e dos cremes fitoterápicos nas unidades de saúde; ◦ educação permanente dos profissionais de saúde através da apresentação dos fitoterápicos disponíveis para a prescrição; ◦ ações de promoção de saúde e geração de renda a partir das plantas medicinais, oferta do curso básico de cultivo e oficinas com plantas medicinais voltadas para profissionais das unidades de saúde e para a comunidade (PREFEITURA DO RIO DE JANEIRO, 2022). As ações com as Plantas Medicinais na Atenção Básica à Saúde do município do Rio de Janeiro com a Rede de Saúde Ambiental promoveram um Projeto denominado Viva Rio Saúde, ofertando através de cartilhas e capacitações desenvolver espaços de “aprendizagem contínua nos territórios, com atividades de promoção de saúde, aulas e oficinas de jardinagem, horticultura e plantas medicinais, fortalecendo o trabalho em rede e as parcerias institucionais” (PREFEITURA DO RIO DE JANEIRO, 2015, p. 9). Vantagens no uso de plantas medicinais: • valorização e resgate da cultura popular; • fácil acesso às plantas pela população; • possibilidade de preparo caseiro; • baixo custo (PREFEITURA DO RIO DE JANEIRO, 2015, p. 12). É necessário considerar que se deve ter cuidado e atenção tanto no preparo como no consumo da terapêutica utilizada com as plantas medicinais. É imprescindível ter atenção nas seguintes orientações (PREFEITURA DO RIO DE JANEIRO, 2015): • Existem plantas que, mesmo sendo conhecidas como medicinais, são tóxicas. • Os Fitoterápicos são medicamentos, portanto, devem ser mantidos fora do alcance das crianças. • O Armazene as plantas secas em local arejado, sem incidência de luz e umidade. • Os Remédios caseiros são indicados em sintomas comuns e de pouca intensidade. Se não houver melhoras, procure sua equipe de saúde. Quanto à segurança na administração da medicação fitoterápica, as seguintes informações devem ser consideradas (PREFEITURA DO RIO DE JANEIRO, 2015, p. 13): 1. Procure sempre orientação do profissional de saúde para obter um diagnóstico correto; 2. Informe ao profissional de saúde sobre todos os medicamentos, plantas medicinais e fitoterápicos que estiver usando; 29 3. Nunca substitua seu medicamento por plantas medicinais ou produtos fitoterápicos sem consultar previamente um profissional de saúde; 4. Em gestantes e mães em fase de amamentação não é recomen- dado o uso de plantas medicinais. 5. Apenas são seguras e eficazes na dosagem e forma recomendada; 6. Esteja seguro de ter entendido as informações dadas pelo médico sobre o uso e preparo das plantas medicinais. Mesmo sendo uma terapia natural, é importante salientar que podem ocorrer efeitos adversos, caso as recomendações do profissional de saúde não forem seguidas. Verifique sempre, ao adquirir plantas e chás medicinais: • a data de validade do produto; o rótulo com o nome científico da planta; procedência ou laboratório; nome do responsável técnico. • não adquirir se estiver com aparência de mofado ou coloração alterada, se tiver com a presença de insetos ou com a embalagem violada. • verificar se a parte utilizada da planta, cascas, flores, folhas, raiz, confere com o que está na embalagem (PREFEITURA DO RIO DE JANEIRO, 2015). As orientações chamam atenção também para a coleta de folhas de árvores que estão situadas perto de estradas, esgotos, áreas agrícolas tratadas com agrotóxicos, pois essas plantas não são recomendáveis para o uso de chás, sendo descartadas para o uso terapêutico (PREFEITURA DO RIO DE JANEIRO, 2015). Intervenções que se referem à Medicina Tradicional Chinesa, Acupuntura e Práticas Corporais: • assistência com acupuntura: realizada por profissionais acupunturistas, distribuídos em unidades de saúde (nível ambulatorial primário e secundário); • auriculoterapia: oferecida em várias unidades, inclusive como recurso complementar aos usuários em tratamento de tabagismo, sobrepeso e obesidade; • reflexologia podal: como prevenção e promoção ao pé diabético; • atividade física: os exercícios orientais auxiliam a necessária movimentação da energia pelo corpo, são suaves e relaxantes, estratégias para prevenção e promoção de saúde (PREFEITURA DO RIO DE JANEIRO, 2022). Na cidade do Rio de Janeiro, foram implantadas 88 UBS com a oferta das PICS na rede municipal, contribuindo dessa forma, para a saúde integral da população do município (PREFEITURA DO RIO DE JANEIRO, 2022). 30 Neste tópico, você aprendeu: • São consideradas PICS os tratamentos terapêuticos que se baseiam em uma visão abrangente do ser humano e do processo saúde-doença, elas podem prevenir ou tratar enfermidades, assim como serem utilizadas como cuidado paliativo para algumas doenças crônicas. • As PICS se enquadram no que a Organização Mundial de Saúde (OMS) chama de medicina tradicional e medicina complementar alternativa (MT/MCA). • A aprovação na PNPIC aconteceu em 2006, e em 2017 mais 14 práticas foram integradas a essa política. • A MTC é um conhecimento milenar que tem como pilares definidores: a teoria do Yin-Yang. a teoria dos Cinco Elementos e a teoria do Qi. • Meridianos são canais invisíveis por onde circulam os fluxos de Qi. • A acupuntura é uma técnica que utiliza agulhas finas e específicas para este fim a serem introduzidas em pontos distribuídos no corpo humano, mapeados pelos chineses a milhares de anos. • A auriculoterapia faz parte da MTC e sua base é a utilização de punção de agulhas, esferas ou sementes no pavilhão auricular, relacionando-o com os diversos órgãos e regiões do corpo. • O objetivo da ventosaterapia é ocasionar um vácuo e fazer uma sucção da pele gerando uma pressão negativa, para estimular a circulação sanguínea, liberar as toxinas existentes no sangue. • A moxabustão é um método terapêutico que visa utilizar determinadas substâncias ou ervas para aquecer pontos de acupuntura ou áreas do corpo a serem tratadas. O calor resultante deste processo produz estímulos que regularizam as funções fisiológicas,
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