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ASPECTOS FARMACOLÓGICOS DA DEPRESSAO E A RELAÇÃO COM O SUICÍDIO Depressão – caracterizada como a doença mais incapacitante e de maior comorbidade no mundo – o mal do século. Melancolia -> mente contaminada pela bile negra -> depressão (1680) Mulheres tentam o suicídio 4x a mais que os homens; os homens cometem 3x mais suicídio que as mulheres. Método mais utilizados: 1. Enforcamento, 2. Medicamento (psicotrópicos). Foco: Transtorno Depressivo Maior Depressão (tristeza, desânimo, humor reduzido e redução da autoestima por um período prolongado) X Luto (humor triste deprimido) · PRECONCEITO – pessoa preguiçosa; antipática; mal-humorada; etc. Pessoas isoladas que possuem depressão tem maior probabilidade de cometer suicídio. FATORES que contribuem para o desenvolvimento da depressão são: Estresse; Cobrança exagerada socialmente, financeiramente, profissionalmente e pessoalmente; Falta de perspectiva; Falta de vontade/motivação; Condições negativas; Solidão; etc. Indivíduos que pensam em suicido dão indícios sutis do que estão pensando. Por exemplo “ninguém se importa comigo”, “minha vida não tem sentido”, se desfaz de bens pessoais, não dão mais noticiais como antes, sendo uma maneira de “acostumar” as pessoas a sua volta. SINAIS DE ALERTA DO SUICIDIO Falar ou escrever sobre morte ou suicídio; Isolamento da família e dos amigos; Sentimento de desespero; Sentimento de desamparo; Sentimento de forte raiva ou fúria; Grandes mudanças de humor; Abuso de drogas e/ou álcool; Agir impulsivamente; Perda de interesse na maioria das atividades; Mudanças nos hábitos de comer e dormir; Mal desempenho no trabalho e/ou escola; Culpa excessiva ou vergonha excessiva; Agir continuamente de maneira imprudente. Doença multicausal/multifatorial Ambiente + psicológico + genética CAUSAS – ETIOLOGIA 40% ligado a herança genética 60% fatores externos Fatores psicológicos influenciam FATORES GENÉTICOS Altamente relacionado ao sistema serotoninérgico – serotonina (5-HT) Pequenas alterações que culminam em depressão: gene 5-HTT. É ligado ao cromossomo X FATORES BIOLÓGICOS/FISIOLÓGICOS Tumor e lesão cerebral a depender da área atingida, aparecem sintomas semelhantes da depressão, como exemplo na síntese de mono aminas (controle do humor), também em: hipotireoidismo; disfunções hormonais (excesso de cortisol); doenças associadas: câncer, HIV, doenças crônicas e neurodegenerativas; e relacionadas a idade e no pós-parto FATORES PSICOLÓGICOS Pensamentos negativos; perdas; desilusões; luto prolongado; etc. FATORES AMBIENTAIS Uso de drogas e substâncias químicas; medicamentos; estresse; traumas atuais e de infância; alimentação; poluição; desgaste/cansaço mental; sazonalidade (falta de luz solar). · Luza solar é importante para manter as funções fisiológicas normais SINTOMAS AFETIVOS/CARDINAIS/CLÁSSICOS Tristeza, melancolia, desamparo e desânimo; Choro fácil e/ou frequente; Apatia – “vazio”; Tédio; Irritabilidade e/ou agressividade; Angústia ou ansiedade; Desespero ou desesperança. NEUROVEGETATIVOS Fadiga e cansaço; Insônia ou hipersonia; Perda de interesse; Perda ou aumento do apetite; Redução da libido e da resposta sexual; Anedonia (perda do prazer); Constipação, palidez e/ou pele fria. IDEATIVOS Pessimismo; Ideias de arrependimento e culpa; Ruminações; Ideias de morte e de ruína; Baixa autoestima; Vergonha e autodepreciação; Sentimentos de incapacidade; Ideação, planos ou atos suicidas. COGNITIVOS Redução de concentração e atenção; Déficit secundário de memória; Dificuldade de tomar decisões; Pseudodemência. PSICOMOTROCIDADE Tendência a permanecer na cama; Aumento da latência entre as perguntas e as respostas; Lentificação psicomotora até o estupor (postura); Diminuição ou lentificação da fala até mutismo; Negativismo. PSICÓTICOS Ideias delirantes de conteúdo negativo; Delírio de culpa, ruína ou miséria; Delírio hipocondríaco e/ou de negação de órgãos; Delírios de inexistência; Alucinações geralmente auditivas com conteúdos depressivos. CRITÉRIOS DE DIAGNÓSTICO - DSM-5 Presença de pelo menos 5 sintomas, sendo presente na maior parte do dia por pelo menos duas semanas 1. Baixa do humor (tristeza, desânimo); 2. Anedonia, perda do prazer; 3. Aumento ou diminuição do sono; 4. Aumento ou diminuição do apetite ou peso; 5. Aumento ou diminuição das atividades; 6. Falta de energia; 7. Falta de concentração; 8. Baixa autoestima; 9. Sentimento de culpa; 10. Ideia de morte, doença ou suicídio. 50% dos pacientes diagnosticados com depressão são diagnosticados erroneamente. CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO DE DIAGNÓSTICO A doença não se deve ao efeito de uma substância ou problema médico de ordem geral; Não é parte de um episódio misto; Não é explicada por uma situação real de perda. FERRAMENTAS DE DIAGNÓSTICO DE DEPRESSÃO MAIOR Inventário de Beck para depressão, Escala de Hamilton para avaliação da depressão e Escala de Zung para autoavaliação da depressão. FISIOPATOLOGIA Com a depressão, há redução regional no volume cerebral; morte de neurônio; redução da glia; alterações na sinalização celular; redução da neuroplasticidade; redução da sinaptogênese (novas comunicações). HIPÓTESES PARA A CAUSA DA DEPRESSÃO MONOAMINÉRGICA – redução de noradrenalina (alerta; concentração; energia), serotonina (impulso; obsessão; compulsão; memória) e dopamina - mais específico (recompensa; prazer; motivação) GLUTAMATÉRGICA – excesso de liberação de glutamato (excitatório) e de ativação do receptor NMDA -> contribui para morte celular EIXO HPA – ativação exacerbada do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal. Receptores de glicocorticoides no hipotálamo ficam dessensibilizados, não reagem, aumentando a produção de cortisol NEUROINFLAMAÇÃO – citocina (causam inflamação) BDNF (Fator Neurotrófico derivado do Cérebro), substância importante na neuroplasticidade – redução. NEROANATOMIA DA DEPRESSÃO Estudos de Neuroimagens (redução da substância cinzenta – corpos neurais) - alterações no fluxo sanguíneo; alternações no metabolismo da glicose Relação com os sintomas Amigdala – medo Hipocampo – humor e memória Hipotálamo – ritmo circadiano Estriado – recompensa FARMACOLOGIA DA DEPRESSÃO *depende da sintomatologia* A DOSAGEM É FUNDAMENTAL Refratários (20%): não respondem ao nenhum tipo de medicamentos Primeiros tratamentos: ópio, cocaína, álcool e anfetamina. Levam de 3 a 4 semanas para iniciar os efeitos; se após 8 semanas não forem efetivos, fazer substituição; casos graves: eletroconvulsoterapia (terapêutica que utiliza eletrodos, onde através de impulsos eletromagnéticos, os neurotransmissores deficientes passam a responder mais) CLASSES -> INIBIDORES DA MONOAMINOXÍDASE (IMAOs) 1ª geração; mais antigos e menos usados · Inibição irreversível da MAO-A e B (não seletivos) Fenelzina; Tranilcipromina · Inibição reversível da MAO-A Mociobemida (fora de uso) · Inibição irreversível da MAO-B Selegilina (Doença de Parkinson) Causam um aumento rápido e persistente no conteúdo cerebral de 5-HT, NA, DA. Indicados para: depressões atípicas; depressões refratárias; fase depressiva do Transtorno Bipolar; distimia; Fobia Social Grave. Efeitos colaterais: ganho de peso, desejo de carboidrato; edema, câimbra; disfunção sexual; retenção urinária, boca seca, constipação intestinal; desorientação, cefaleia; hipotensão ortostática; hipoglicemia. Interações medicamentosas: tiramina (Alimentos a serem evitados durante a terapia com IMAP e por 2 semanas após a suspensão da medicação: queijos e carnes maturadas; extrato de carne; chucrute; molho de soja; chope; vinho tinto); simpatomiméticos e estimulantes (anfetaminas e derivados, buspirona, medicamentos anorexígenos, efedrina e pseudoefedrina, isopraterenol). -> ANTIDEPRESSIVO TRICÍCLICOS (ADTs) Inibição da recaptação de neurotransmissores (noradrenalina/NET e serotonina/SERT) 1ª geração Desmame: deve-se diminuir em 10-15% da dose a cada 1-2 semanas · Inibição de recaptação não seletiva – inibe a recaptação da serotonina e noradrenalina Imipramina;Clomipramina; Amitriptilina; Doxepina; Trimipramina · Inibição de recaptação de noradrenalina Nortriptilina; Maprotilina; Protriptilina; Desipramina Indicado para: Depressão; Síndrome do Pânico; enxaqueca, enurese; dor neuropática. Efeitos colaterais: disfunção sexual (perda de libido); tremor; boca seca; visão com acuidade diminuída; constipação; retenção urinária; hipotensão postural; dificuldade de concentração e aprendizagem; aumento sutil do risco de morte súbita cardíaca; mania/hipomania; foto toxicidade; bloqueio da condução cardíaca; Síndrome da interrupção; ganho de peso ponderal; convulsões; sedação/sonolência; efeitos anticolinérgicos. Interações medicamentosas: CYP 450; IMAO. -> INIBIDORES SELETIVOS DA RECAPTAÇÃO DE SEROTONINA (ISRSs) 2ª geração Fluoxetina (1/2 vida maior/fica no organismo por mais tempo); Paroxetina; Sertralina; Citalopram; Escitalopram; Fluvoxamina · Inibição da recaptação de serotonina e noradrenalina Venlafaxina; Duloxetina Indicado para: Depressão; TOC; Ansiedade; Síndrome do Pânico; Distúrbios alimentares (anorexia e bulimia); Transtorno de estresse pós-traumático. Efeitos colaterais: efeitos cardíacos, ganho de peso, convulsão e efeitos anticolinérgicos em menor quantidade; sedação; maiores efeitos sexuais (principalmente Citalopam e Paroxetina); efeitos no trato gastrointestinal; agitação, ansiedade, transtorno do sono, tremor; cefaleia; fototoxicidade. Interações medicamentosas: com medicamentos que dependem do metabolismo hepático; IMAO; com Varfarina. *Síndrome Serotoninérgica: dor abdominal, diarreia, sudorese, febre, taquicardia, elevação da pressão arterial, confusão mental, mioclonias, aumento da atividade motora, irritabilidade, hostilidade e alteração de humor, pode ocorrer choque cardiovascular ou morte. -> OUTROS ANTIDEPRESSIVOS (Atípicos) · Inibição da recaptação de serotonina – FRACO Trazodona; Nefazodona Efeitos colaterais: maior sedação; hipotensão; insuficiência hepática Interações medicamentosas: inibe a CYP 3A3/3A4; potencializa os efeitos de outros depressores do SNC (álcool); drogas pró-serotonninérgicas; anti-hipertensivos. · Inibição da recaptação da dopamina e noradrenalina em menor grau Bupropiona Efeitos colaterais: agitação, insônia; supressão do apetite; sintomas psicóticos; aumento da DA; convulsão; reação anafilática. Interações medicamentosas: agonistas dopaminérgicos; Carbamazepina; valproato de sódico Vantagens: não causa disfunção sexual; não causa efeitos cardiovasculares Desvantagens: risco de convulsão; necessidade de 2 doses ao dia · Antagonista de receptores da serotonina e alfa 2 Mirtazapina (indicado para depressão refratária) Efeitos colaterais: sedação; aumento de peso · Inibição da recaptação da serotonina e noradrenalina e inibição da MAO (fraco) Hipérico perforato/erva-de-São-João (fitoterápico) e Venlafaxina Efeitos colaterais (<5% dos pacientes): gastrointestinais; reação alérgicas; fadiga; tontura; ansiedade; fotossensibilidade TODOS ESSES FÁRMACOS AUMENTAM A QUANTIDADE DE DOPAMINA, SEROTONINA E NORADRENALINA. CRITÉRIOS PARA A ESCOLHA ADEQUADA DO FÁRMACO: 1. Resposta ou tolerância do paciente 2. Gravidade dos sintomas 3. Presença de doenças ou problemas físicos 4. Idade. Em idosos evitar anticolinérgicos e sedativos; em crianças usar apenas inibidores de seletivos da recaptação de serotonina (sertralina e fluoxetina) 5. Sintomas associados 6. Gravidez 7. Aleitamento 8. Comorbidades psiquiátricas 9. Uso concomitante de outras drogas 10. Preço DEPRESSÃO ASSOCIADA A OUTRAS DOENÇAS DOENÇAS CRÔNICAS - Doenças cardiovasculares: hipertensão arterial (aumento da noradrenalina), aterosclerose, infarto agudo do miocárdio (ataque do coração), angina, arritmia etc. - Doenças autoimunes: artrite reumatoide, lúpus, espondilite anquilosante, diabetes mellitus - Fibromialgia - Nevralgia do trigêmeo - Enxaqueca - Câncer DOENÇAS NEURODEGENERETIVAS - Parkinson: doença que mais se confunde com a depressão no momento do diagnóstico; desenvolve a depressão refratária - Alzheimer - Esclerose múltipla - Esclerose Lateral Amiotrófica - Doença de Huntington - Algumas Epilepsias DOENÇAS NEUROPSIQUIÁTRICAS - Ansiedade generalizada - Transtorno Obsessivo Compulsivo - Transtorno de Estresse Pós-Traumático - Transtorno do Pânico - Fobias - Burnout - Transtorno Bipolar – fase depressiva - Esquizofrenia - Transtornos alimentares: anorexia e bulimia - Transtorno de Personalidade Borderline, histrionismo, antissociais e esquizoides DEPRESSÃO EM IDOSOS Envelhecimento é um forte fator, pois não mais desempenham atividades como antes Mudança cerebral abrupta Não se vê mais como algo a acrescentar para a sociedade Idosos cada vez mais tem cometido suicídio DEPRESSÃO PÓS-PARTO Atinge 15% das mães Estado depressivo que necessita medicação Ocorre logo após o parto e pode durar até 2 anos Algumas mulheres apresentam fatores de risco para o desenvolvimento da depressão DEPRESSÃO EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES 1 a 2% das crianças e 3 a 8% dos adolescentes Mais comum em classe econômica mais baixa e países subdesenvolvidos Relação com traumas, abusos e bullying SUICÍDIO Epidemia silenciosa Ato intencional de tirar a própria vida, para fugir dos problemas 1970 – Efeito Werther Deve-se interromper o sofrimento Sintomas comuns: vergonha, medo, culpa, falta de perspectiva, humor disfórico (inutilidade), desesperança e a perda da autoestima Sinais de alarme: isolamento social; perda de interesse – se desvincula aos poucos dos bens; descuido com a aparência; apatia; envolvimento com situações de perigo; ódio, raiva e vingança Jovens e idosos que mais cometem suicídio Maior risco de suicídio nas pessoas adictas de álcool e drogas Doenças que culminam o suicídio: 1. Transtorno Bipolar; 2. Transtorno Depressivo Maior 9/10 tem algum distúrbio mental 3/10 buscam auxílio, porém não obtém sucesso 8/10 são homens Multicausal: fatores psicológicos, psiquiátricos, econômicos, religiosos e culturais 800 mil mortes por ano; 1 a cada 40s (OMS, 2017). Brasil 32 mortes por dia Países do Leste Europeu é a região com maior número de suicídio Idosos a cada 4 tentativa – 1 morre Métodos mais utilizados: 1. enforcamento, 2. medicamentos, 3. armas de fogo, 4. pesticidas, 5. objetos cortantes e quedas Sentimento dos 3 “Is” - Intolerável - Inescapável - Interminável 4 “Ds” de alerta - Depressão - Desespero - Desesperança - Desamparo FATORES DE RISCO Ausência de vínculos, solitários, desempregados, obesos FATORES PROTETORES Vínculos sociais: relacionamentos, trabalhos, casa, estrutura familiar, MITOS Quem diz que vai se matar, não se mata Não procuram ajuda Pessoas saudáveis não cometem suicídio Quem sobrevive não tenta suicídio de novo Tentativas de suicídio estão ligadas à classe social Nem todo plano leva ao suicídio Profissional da saúde, deve: identificar sinais de alerta; informar a população; reduzir acesso a meios de execução; tratamentos adequados; hospitalização quando necessário. Ouvir, perguntar diretamente sobre o suicídio, mostrar empatia e intervir quando necessário.
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