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DOENÇAS DO ESTOMAGO ANATOMIA MACROSCOPIA MICROSCOPIA ANOMALIAS CONGÊNITAS 1) ATRESIAS Decorrentes ou NÃO da recanalização do lúmen gástrico. É rara e a área de atresia pode se localizar em: - Antro; ou - Piloro Clínica: - Presença de polidramnio materno - Vômitos NÃO bilosos desde o nascimento Exames radiológicos: - Distensão gasosa do estomago e opacidade do restante do abdome. Tratamento: - Ressecção gástrica da porção com atresia. 2) ESTENOSE HIPERTRÓFICA DO PILORO É a mais comum das malformações gástricas ocorrendo em cerca de 2 para cada 1000 nascidos vivos. Em decorrência da hipertrofia + Edema da musculatura do piloro Desenvolve-se uma síndrome de obstrução ao esvaziamento gástrico. Etiologia desconhecida Incidência maior em: - Membros de uma mesma família - Sexo masculino OBS: Metade dos casos acometem o primogênito. Sintomas: - Ocorrem a partir da 3ª semana de vida - Vômitos de intensidade crescente, muitas vezes em jato e em geral após as refeições. Exame físico: - É possível palpar uma massa na região epigástrica (sinal da oliva). Diagnóstico: - Rx simples de abdome apresenta grande quantidade de ar na cavidade gástrica. Tratamento: - Reposição hídrica adequada - Correção de distúrbios eletrolíticos e nutricionais antes da correção cirúrgica. - Correção cirúrgica com (piloromiotomia). GASTRITE Presença de uma inflamação aguda ou crônica da mucosa gástrica. GASTRITE AGUDA 1. Por H. pylori: - Adquirido por via oral O H. pylori penetra na camada de muco e se multiplica em contato intimo com as células epiteliais do estômago. - Esta fase aguda é de curta duração - A resposta imune é incapaz de eliminar a bactéria e a infecção, após 3-4 semanas, ocorre um gradual aumento de células inflamatórias crônicas. Sintomas: - Pode ser assintomático OU apresentar sintomas. - Dor epigástrica - Pirose - Náuseas - Vômitos - Halitose - Cefaleia - Astenia Os sintomas tendem a permanecer por duas semanas. 2. Supurativa ou flegmonosa: - Rara - Caracteriza-se por infecção bacteriana da muscular da mucosa e submucosa com infiltração celular. - Na maioria dos casos, causada por bacilo gram positivo (estreptococo). - O quadro costuma se instalar como complicação de doença sistêmica ou septicemia. - Quando causada por agentes formadores de gás é chamada de gastrite enfisematosa. Diagnóstico em geral é feita através de: - LE; ou - Achado de necropsia. Achados laboratoriais: - Leucocitose com desvio a esquerda. Tratamento: - Antibióticoterapia - Drenagem endoscópica - Cirurgia de parede gástrica. 3. Hemorrágica ou erosiva: Secundária ao uso de: - Álcool - AINH - CTC Situações clínicas como: - Trauma - Cx extensa - Queimadura - Septicemia -Insuficiência respiratória -Insuficiência hepática -Insuficiência renal As lesões agudas da mucosa ou úlceras de estresse se iniciam nas primeiras horas e acometem as regiões proximais do estomago. Complicação: Hemorragia Digestiva Alta Atualmente, pacientes internados em UTIs e que apresentam alto risco para o desenvolvimento de lesões agudas da mucosa gástrica devem receber tratamento profilático com: - Inibidores da bomba de prótons - Antagonistas dos receptores H2 - Antiácidos Eles irão reduzir a frequência de sangramento digestivo visível em pacientes internados em UTIs. (Mucosa com gastrite aguda, evidenciando edema e congestão vascular na lâmina própria. Ampliação: 200X). GASTRITE CRÔNICA 1. Associado ao H. Pylori: - Considerado o principal agente etiológico (>95%) das gastrites crônicas. - O ANTRO é a região primeiramente acometida Podendo, as vezes predominar o comprometimento do corpo, ou mesmo, de todo o órgão. - A gastrite crônica do corpo gástrico associada a atrofia acentuada eleva em 3 a 4x o risco de carcinoma do tipo intestinal. Sequencia da infecção: 1) H. Pylori 2) Gastrite crônica 3) Atrofia glandular 4) Metaplasia intestinal Tratamento: - Controverso o benefício da erradicação do HP. - Promove a remissão da gastrite ativa e reduz a incidência/recorrência da doença ulcerosa. - Há duvidas sobre a regressão da atrofia gástrica e da metaplasia intestinal - lesões consideradas como condições pré- neoplásicas. 1. Gastrite crônica autoimune (gastrite tipo A): - Acomete corpo e fundo gástricos, raramente atingindo o antro. - Caracteriza-se por uma atrofia seletiva, parcial ou completa, das glândulas gástricas ocorrendo uma substituição das células superficiais normais por mucosa tipo intestinal (metaplasia). - A atrofia das glândulas gástricas se associa com hipo ou acloridria. Quadro clínico: - Assintomática do ponto de vista Gastrointestinal - Advindos sintomas hematológicos ou neurológicos. - Em decorrência da acloridria há uma maior susceptibilidade a infecções entéricas. Diagnóstico: - Histopatológico. - Em geral, por ser assintomática NÃO requer tratamento. Se houver presença de anemia perniciosa deve-se fazer a reposição de vitamina B12. Completa atrofia glandular, podendo haver zonas de mucosa que não apresentam glândulas, a mucosa passa a ser uma camada bastante fina. ÚLCERA PÉPTICA Era considerada uma doença crônica, de etiologia desconhecida, com surtos de recidiva e períodos de acalmia. A identificação e o isolamento do H, Pylori há pouco mais de 2 décadas, representam significativo avanço na compressão, diagnóstico e tratamento da doença. Atualmente, obtém-se a cura na maioria do pacientes. No Brasil, estima-se que 10% da população têm, tiveram ou terão úlcera. Observa-se que a prevalência da doença esteja diminuindo, possivelmente em decorrência dos tratamentos de erradicação do HP e da melhora nas condições higienodietéticas da população, fatores que contribuem para reduzir a contaminação. CONCEITO - Constituem soluções de continuidade da mucosa GI secundárias ao efeito corrosivo do HCL e da pepsina, - Esse efeito corrosivo estende-se através da muscular da mucosa, atingindo a camada submucosa, e mesmo, a muscular própria. - Lesões mais SUPERFICIAIS são definifas como erosões, NÃO atingem a camada submucosa, e portanto, NÃO deixam cicatrizes. - Podem se desenvolver em qualquer porção do TGI exposta a secreção cloridropeptica em concentração e duração suficientes. EPIDEMIOLOGIA - A prevalência é variável nas diferentes regiões do mundo. - Úlcera duodenal É a forma predominante de doença ulcerosa péptica, sendo 5X mais frequente que a úlcera gástrica. - A localização mais frequente da ulcera do estomago é na região do antro. - Acometendo mais indivíduos entre 50-70 anos de idade. - É mais comum no sexo masculino. ÚLCERA PÉPTICA O sangramento é a complicação mais frequente da doença ulcerosa péptica Ocorrendo em torno de 15 a 20% dos casos. Representa a causa mais comum de HDA, responsável por aproximadamente 50% dos casos. As perfurações são complicações ainda mais graves, observadas em ate 5% dos pacientes e responsáveis por 2/3 das mortes por úlcera péptica. ETIOLOGIA E FISIOPATOLOGIA Doença de origem multifatorial Fatores ambientais desempenham papel importante na eclosão da úlcera nos indivíduos geneticamente predispostos, e entre eles, a infecção pelo H. Pylori é fundamental. O aumento dos fatores agressivos e a diminuição dos fatores de defesa e reparaçãocriam condições para lesão da mucosa. Síndrome de Zollinger-Ellison: tumor geralmente localizado no pâncreas ou no duodeno que produz quantidades excessivas do hormônio gastrina, que estimula a secreção de ácido e enzimas no estômago, causando úlceras pépticas (PROVA) CAUSAS DE ÚLCERA PÉPTICA H. pylori AINH Salicilatos Neoplasias Sindromes hiperssecreoras: - Gastrinoma - Síndrome carcinoide - Desordens mieloproliferativas Drogas Radioterapia Doenças granulomatosa: - Doenças de Crohn - Sarcoidose - Sífilis - Tuberculose Infecções: - CMV - Herpes simples QUADRO CLÍNICO Os sintomas referidos pelos pacientes são muito discretos, atípicos ou ausentes. Quando presente, pode ocorrer: - Dor (pouco intensa) em queimação, localizado no epigástrio e circunscrita. - Essa dor se mantem por semanas de forma rítmica e periódica (períodos de acalmia e períodos sintomáticos). - Pode haver pirose devido a associação com DRGE. NÃO há sensibilidade ou especificidade suficiente na anamnese ou exame físico para a confirmação diagnóstico. A confirmação deve ser realizada através de exames específicos. DIAGNÓSTICO E EXAMES COMPLEMENTARES Endoscopia Digestiva Alta: - Exame de eleição para o diagnóstico das lesões ulcerosas. - Estabelece diagnóstico da úlcera + determina sua natureza e permite a definição da etiologia Isso porque a EDA permite a retirada de fragmentos de biópsias nas bordas das lesões para exame histopatológico para pesquisa de H. Pylori. - Classificação da úlcera conforme sua fase evolutiva pela classificação de Sakita: A Ativa H Em cicatrização S Cicatrizada Rx radiológico contrastada: - Método útil para diagnóstico da doença ulcerosa, PORÉM, é menos preciso e pouco utilizado como o advento da EDA. - Fica indicada apenas nos casos em que a EDA NÃO está disponível ou quando há indicação de cirurgia. TRATAMENTO Tem como objetivo: - Alívio dos sintomas - Cicatrização das lesões - Prevenção de recidivas e complicações. Deve-se cicatrizar a úlcera e erradicar a bactéria, quando presente, para se evitar as recidivas. Alimentação e dieta alguns alimentos aumentam ou estimulam a produção de HCL e outras são irritantes a mucosa gástrica. Cessação do tabagismo, pois o cigarro pode alterar o tempo de cicatrização da úlcera. Medicações as medicações que promovem a cicatrização da ulcera agem por 2 mecanismos: 1. Fortalecendo os componentes que mantem a integridade da mucosa gastroduodenal (muc, bicarbonato). 2. Pró-secretores e diminuindo as ações cloridropeptica (antissecretores são os mais utilizados). Pró secretores: - Anti-ácidos - Sucralfato Antissecretores: - Bloqueadores do receptor H2 da histamina - Inibidores da bomba de prótons. Proporciona a cicatrização da lesão em 70% dos casos após 2 semanas de uso e de 92- 100% dos casos após 4 semanas de uso do medicamento OBS: H. Pylori é reconhecido atualmente como uma bactéria potencialmente carcinogênica. Erradicação do HP, as evidencias atuais demonstram a importancia da erradicação do HP na prevenção de recidiva da doença ulcerosa. Os esquemas tríplices são os mais indicados. Atualmente o esquema considerado de primeira linha associa: 1. 1 tipo de IBP 2. Claritromicina 500 mg 3. Amoxacilina 1000 mg ou Metronidazol 500 mg - Esquema realizado 2 vezes ao dia por um período de 14 dias. Baixa adesão (grande número de comprimidos) 8 comprimidos por dia: - 4 pela manhã - 4 pela noite. Efeitos colaterais: - Náuseas - Vômitos - Gosto metálico - Vaginite. PÓLIPOS GÁSTRICOS São tumores mucosos ou epiteliais benignos, circunscritos que podem ser sésseis, pedunculados ou semipedunculados. Estão presentes em 1 a 2% da população geral. É mais frequente acima dos 50 anos e são representados principalmente pelos pólipos hiperplásicos e adenomatosos. O potencial de malignidade pode ser avaliado pelo subtipo macroscópico (Yamada) e tamanho do pólipo. PÓLIPOS HIPERPLÁSICOS Representam mais de 85% dos pólipos gástricos benignos. Em geral são múltiplos, sésseis ou penduculados, com tamanho variando entre 5 e 15 mm. Acomete principalmente o antro gástrico. É mais comum em adultos, especialmente na 7ª década de vida. Habitualmente, são assintomáticos, podendo raramente se manifestar com: - Dispepsia - Dor abdominal - Sangramento gastrointestinal. CONDIÇÕES ASSOCIADAS A DESENVOLVIMENTO DE PÓLIPOS GÁSTRICOS HIPERPLÁSICOS 1. Gastrite crônica pelo H. pylori 2. Gastropatia química ou reativa 3. Gastrite atrófica autoimune 4. Estomago pós-antrectomia 5. Pós-terapia laser (watermelon) 6. Pós-transplante de órgãos sólidos. PÓLIPOS ADENOMATOSOS Representam cerca de 10% dos pólipos gástricos e são classificados histologicamente em: 1. Adenomas tubulares 2. Vilosos 3. Tubulovilosos Podem ser sésseis e pedunculados Normalmente são únicos ou pouco numerosos. Ocorrem mais frequentemente no antro gástrico. O tipo mais comum é o pólipo adenomatoso tubular. O risco de degeneração maligna é maior nos adenomas vilosos ou tubulovilosos (60%) - especialmente nos pólipos com diâmetro >2cm. - Como a estatística é irregular nós optamos por retirar TODOS os pólipos. TRATAMENTO DOS PÓLIPOS GÁSTRICOS O tratamento consiste na retirada por via endoscópica e analise histológica do material. Quando, devido a grande quantidade de pólipos a remoção de todos NÃO for possível, deverá ser realizada a POLIPECTOMIA dos pólipos maiores + Biopiar o maior número possível das lesões menores para o estudo histopatológico. CÂNCER GÁSTRICO EPIDEMIOLOGIA O subtipo adenocarcinoma corresponde a 95% de todos os tumores gástricas malignas. É a segunda causa de óbito por câncer do mundo. A diminuição na incidência de câncer de estomago tem sito observado em vários países, inclusive no Brasil Isso pode ser explicado por reduções nas taxas de prevalência de fatores de risco. FATORES ASSOCIADOS AO DESENVOLVIMENTO DO ADENOCARCINOMA GÁSTRICO H. pylori Dieta Fumo Refluxo biliar (estomago operado) Gastrite autoimune Hereditariedade Hipocloridria Gastrite, atrofia e metaplasia intestinal Miscelânea. CLASSIFICAÇÃO MICROSCÓPICA (LAUREN) Intestinal: - Mucosa semelhante a do intestino delgado - Localiza-se com mais frequência no antro - NÃO está associado a grupos sanguíneos. - É mais frequentes em homens de idade avançada. - Predomina em populações de alto risco . - Está relacionado com a presença de gastrite crônica com atrofia, metaplasia intestinal e displasia epitelial antecedendo o aparecimento do câncer. Difusa: - Menos frequente - Localização principal é o fundo gástrico - Acomete pacientes mais jovens - Pode estar associado ao grupo sanguíneo A. - Presença de células pouco diferenciadas em anel de sinete. - Sem predileção por sexo - PIOR PROGNÓSTICO CLASSIFICAÇÃO MACROSCÓPICA (BARRMANN) Classificação macroscópica (Borrmann): - Tipo I Polipóide - Tipo II Ulcerado - Tipo III Ulcerado e infiltrante - Tipo IV Infiltração neoplásica difusa EX: Tipo IV na classificação macroscópica de Barrmann:MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Inicialmente: - Queixas vagas e inespecíficas. Fase avançada: - Perda de peso - Desconforto abdominal - Plenitude pós prandial - Dor epigástrica Fase metastática: - Dor óssea - Sintomas hepáticos - Sintomas pulmonares - Sintomas neurológicos EXAME FÍSICO Pode ser encontrado nos pacientes com câncer gástrico: Caquexia Icterícia Massas abdominais palpáveis Ascite Edema de MMII. Linfonodos supraclavicular esquerdo (Virchow) Nódulos ou empastamento do fundo de saco de Douglas ao toque retal (sinal de Blumer). Aumento do volume do ovário (tumor de Krukenberg). DIAGNÓSTICO Precoce: somente é possível em programas de rastreamento na população (Japão e Coreia) OU Acidental. Doença avançada: Exames laboratoriais (anemia, sangue oculto nas fezes, hipoproteinemia, alteração de função hepática). - Estudo contrastado - Endoscopia digestiva alta (Com biópsia). Estadiamento: Realizamos o estadiamento com os seguintes exames: - TC de tórax e abdome. - Ultrassom endoscópico. Seguimento: - Marcadores tumorais: CEA, AFP, CA19- 19. - Acompanhar a evolução da doença MAS NÃO é DIAGNÓSTICO. TRATAMENTO Cirurgia: Resultado relacionado ao estágio da doença. - No momento do diagnóstico, 50% dos tumores são irressecáveis. - Ressecção endoscópica (tumores superficial). - Gastrectomia com linfadenectomia. Quimioterapia: adjuvante (pacientes de alto risco para recaída) // Paliativa (metástases). Radioterapia: concomitante a quimioterapia Alivio da dor ou sangramento.
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