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TRAUMATISMO CRANIOENCEFÁLICO - TCE Definido como todo o trauma que, direta ou indiretamente, acomete o encéfalo ou seus envoltórios crânio-meningeos. A principal causa de TCE são os acidentes automobilísticos, seguidos de quedas, acidentes por arma de fogo e atividades esportivas. - A população comumente afetada são os adultos jovens do sexo masculino, responsáveis por 80% dos casos. - No TCE Fazer ABCDE + MOV corretamente. NÃO tirar nada que estiver encravado no paciente + Levar para o hospital. - A nossa meta no TCE é NÃO fazer lesão secundária (Dissaturação, hipovolemia...) - quem cuida é o neurocirurgião. PIC - O crânio é uma caixa fechada delimitada pela calota craniana. - Dentro da calota craniana há a presença de: 1. Massa encefálica 2. Líquor. 3. Sangue - No TCE, devido à lesão - o encéfalo começa a ter edema + Hematoma PORÉM o crânio delimita o encéfalo, então para que isso ocorre um dos dois deve sair (Sangue ou líquor). - Conforme aumenta o edema Haverá perda de LÍQUOR ou de Tecido hematopoiético. - Logo após o trauma a PIC fica “NORMAL” Isso devido a esse mecanismo regulador (saída de sangue ou líquor) - Porém isso pode levar a lesão secundária (falta de nutrientes a massa encefálica) - Por isso NÃO podemos deixar o paciente hipotenso. Porém chega um ponto que esse edema cresce muito que haverá drenagem de todo esse tecido líquido (sangue e líquor) A partir desse momento é que a PIC sobe de uma vez. - PIC elevada é o mesmo que baixa perfusão cerebral. MIDRIASE E MIOSE - É avaliada por sua simetria e reposta igual á luz. A diferença de mais de 1 mm do diâmetro das pupilas já é considerada anormal. - A constrição da pupila é realizada pelo nervo oculomotor (III par de nervo craniano) - E ele é revestido por vias parassimpáticas (faz miose) O terceiro par de nervo craniano passa abaixo do cerebelo, e quando ocorre edema Esse edema empurra o cerebelo que comprimi o III par de nervo craniano. Como ele faz a miose (Contrair), devido a sua compressão, haverá midríase (dilatação) A miose ocorre ipsilateral a lesão. OBS: Existem alguns casos, em que a lesão seja tão grande do lado esquerdo/direito - que acaba comprimindo o oculomotor do outro lado (Contralateral). ATENDIMENTO No atendimento a vitima com TCE, devemos realizar: - História clínica - Exame físico geral - Avaliação neurológica (Glasgow) - Avaliação de pupila - Tipo e gravidade do acidente - Nível de consciencia - Sinais e sintomas neurológicos - Presença de fratura no RX de crânio. OBS: NÃO pedir TC para paciente instável. RELEXO DE CUSHING Consiste em: Hipertensão Tentando aumentar a Pressão de perfusão cerebral. Bradicardia Alteração respiratória (dispneia) Aumento da pressão intracraniana desregulando o ciclo respiratorio no diencéfalo - repercussões do centro respiratório. O aparecimento dessa tríade me indica o aumento da PIC. AVALIAÇÃO DE FORÇA MUSCULAR - A pesquisa de diminuição de força muscular. - A vítima com paresia ou paralisia de uma das extremidades, isto é, com resposta motora não-simétrica indica lesão intracranianas, indicando até um acidente vascular. ESCALA DE COMA DE GLASGOW Independente do Glasgow, o paciente é considerado com TCE grave se apresentar qualquer das situações seguintes: Assimetria de pupilas Assimetria motora Fratura de crânio com perda de líquor ou exposição do tecido cerebral. Deterioração neurológica (queda de 2 ou mais pontos na escala de Glasgow OU cefaleia intensa OU aumento do diâmetro de uma pupila OU desenvolvimento de paresia assimétrica). Fratura com afundamento craniano. CLASSIFICAÇÃO QUANTO A GRAVIDADE DA LESÃO Escala de Coma de Glasgow: Abertura ocular: - Espontânea 4 pontos - Ao chamado 3 pontos - A dor 2 pontos - Ausente 1 ponto C Resposta verbal: - Orientado 5 pontos - Confuso 4 pontos - Palavras 3 pontos - Sons 2 pontos - Ausente 1 ponto Resposta motora: - Obedece 6 pontos - Localiza dor 5 pontos - Flexão 4 pontos - Flexão anormal 3 pontos - Extensão 2 pontos - Ausente 1 ponto GRAVIDADE Leve ECG 13 a 15 Moderada ECG 9-12 Grave ECG 3-8 As lesões decorrentes do TCE são classificadas em fraturas de crânio e lesões intracranianas. PROVA: Calcular o Glasgow. CLASSIFICAÇÃO QUANTO MORFOLOGIA O traumatismo crânio-encefálico poderá ser: Fraturas de crânio (Externo) Lesões intracranianas (Intracerebral). - Podemos ver essas lesões por meio da TC, a fratura craniana, principalmente pela janela para osso. No caso de uma fratura de calota, por exemplo, pode ser possível identificar uma depressão na cabeça. As principais fraturas são identificadas na calota ou na base de crânio. O diagnóstico dessa condição costuma ser feito através de uma Tomografia de crânio com “janela” para osso. No entanto, a própria inspeção da cabeça do paciente já pode nos dizer muita coisa. FRATURA DE BASE DE CRÂNIO Já a fratura de base de crânio costuma ter sinais mais específicos, como: Sinal do Guaxinim (indicando fratura de base de crânio). Equimose retro-auricular (Sinal de Battle) + Otorragia (saída de líquor pelo ouvido ou nariz). LESÕES INTRACRANIANAS (MORFOLOGIA) A lesão intracraniana poderá ser classificada como: Focais Difusas Lesão axonal é a mais comum (LAD) LESÃO AXONAL DIFUSA (LAD) - Gera vários pontos de hemorragia dentro do parênquima cerebral - Ocorre devido ao estiramento dos neurônios gerado pelo trauma (isso porque substancia negra e branca possuem densidades diferentes). CONCUSSÃO - Gerado pelo trauma do encéfalo que no trauma irá “chacoalhar” dentro da calota craniana Seria a lesão gerada pela batida do encéfalo na calota craniana. - Gera um quadro de déficit neurológico reversível. Quadro clínico: - Nas concussões, o indivíduos pode apresentar breve perda de consciencia (<6 horas) + amnésia retrógada ou anterógrada. Coma > 6 horas: - A TC de crânio exclui a formação de lesões expansivas e hipertensão intracraniana como causa do coma e demonstra alterações clássicas da LAD. A RNM pode demonstrar lesões difusas da substancia branca, quando realizada alguns dias após o trauma. A TC tem baixa sensibilidade - As lesões são melhor evidenciadas na RNM. OBS: Nossa conduta irá se basear no Glasgow do paciente. TRATAMENTO DE TRAUMA CRANIOENCEFÁLICO LEVE (ESCORE NA GCS 13-15) Se o doente estiver assintomático, completamente acordado e alerta, e neurologicamente normal, ele poderá ser observado por algumas horas, reexaminando, e se estiver ainda normal, receber alta com segurança - Tanto paciente como acompanhante serão alertados quanto a presença de sinais de alerta (Sonolência, perda de força, vômitos...). Em condições ideais, o doente recebe alta devendo ficar aos cuidados de um acompanhante que possa ficar junto dele e observá-lo durante as próximas 24 horas. C C OBS: Vômitos em jato é o mesmo que vomito sem náusea precedendo - denota aumento da PIC. Tanto o doente, como seu acompanhante, são orientados de acordo com um protocolo de instruções de manter o doente sob observação cuidadosa e de traze-lo de volta ao serviço de emergência se aparecer: Cefaleia Se houver declínio no estado mental Se houver desenvolvimento de déficits neurológicos focais. Em todos os casos, deser dado ao doente um protocolo de instruções para alta por escrito, que deve ser cuidadosamente revisto pelo doente e/ou acompanhante. GCS 13-15 - Definição O doente encontra-se acordado e pode estar orientado. História: 1. Nível subsequente de consciencia 2. Mecanismo de trauma 3. Hora de ocorrência do trauma 4. Perda de consciencia imediatamente após o trauma 5. Amnésia: retrógrada e anterógrada. 6. Cefaléia: leve, moderada, grave. Após colher a história nós devemos: - Exame geral para excluir lesões sistêmicas - Exames neurológico (sumário) - Radiografia de coluna cervical e perfil toxicológico da urina - A realização de TC de crânio é indicada caso existam critérios de risco moderado ou ALTO para intervenção neurocirúgica. 1) Observar OU Internar no Hospital: TC com alteração Todos os TCE penetrantes História de perda prolongada de consciencia Cefaleia moderada para grave Intoxicação significativa por álcool/drogas Fraturas de crânio Perda de LCR: rinorréia ou otorréia Traumatismo significativos associados. Falta de acompanhante confiável em casa. Escore GCS anormal (<15) Défices neurológicos focais. 2) Alta do Hospital O doente NÃO apresenta nenhum dos critérios para internação. Discutir a necessidade de retorno caso apareça qualquer problema e entregue um “protocolo de instruções”. Marque um retorno ao ambulatório. INDICAÇÕES DE TC NO TRAUMA CRANIENCEFÁLICO LEVE A TC de crânio é necessária em doentes portadores de trauma craniencefálico leve (EX: Perda de consciencia testemunhada OU desorientação testemunhada em doente com escore na GCS de 13 a 15) e em qualquer um dos seguintes casos: Alto risco para intervenção neurocirúrgica: - Escore na GCS menor do que 15 até duas horas após o trauma. - Suspeita de fratura exposta OU cm afundamento. - Qualquer sinal de fratura de base de crânio (EX: Hemotímpano, olhos de guaxinim ou rinorreia de LCR, sinal de Battle). - Paciente acima de 65 anos - qualquer trauma fazer TC. Risco moderado para lesão cerebral na TC. - Perda de consciencia (mais do que 5 minutos). - Amnésia para fatos anteriores ao impacto (mais do que 30 minutos). - Mecanismo perigoso (EX: Atropelamento de pedreste por veículo automotor, ejeção do ocupante de dentro do veículo automotor, queda de altura maior do que 1 metro ou 5 degraus). PROTOCOLO DE INSTRUÇÕES PARA ALTA DO DOENTE COM TRAUMA CRANIOENCEFÁLICO LEVE Não encontramos evidências que indicam que o seu trauma craniencefálico foi grave. Entretanto, novos sintomas, e complicações inesperadas podem desenvolver-se horas ou mesmo dias após o trauma. As primeiras 24 horas são as mais cruciais e você deve permanecer junto com um acompanhante confiável, pelo menos durante este periodo. Se qualquer um dos seguintes sinais se desenvolver, entre em contato com o seu médico ou retorne ao hospital: 1. Sonolencia ou dificuldade crescente de acordar o doente. 2. Náusea ou vomito 3. Convulsoes OU espasmo 4. Sangramento OU drenagem de líquidos aquoso do nariz OU do ouvido 5. Dor de cabeça forte 6. Fraqueza OU perda da sensibilidade nos braços OU nas pernas. 7. Confusão OU comportamento estranho. 8. Uma pupila (parte preta dos olhos) maior do que a outra/ Movimentos estranhos dos olhos/ Visão dupla OU outros distúrbios visuais. 9. Pulso muito lento OU muito rápido, OU padrão respiratório incomum. Se houver inchaço no local do trauma, aplique uma bolsa de gelo, tendo certeza de que exista um pano ou uma toalha entre a bolsa de gelo e a pele. Se o inchaço aumentar muito, apesar da aplicação da bolsa de gelo, entre em contato telefônico conosco ou retorne ao hospital. Você pode comer e beber normalmente se desejar. Entretanto você NÃO deve beber álcool por pelo menos 3 dias após o trauma. Não use qualquer sedativo ou analgésico mais forte do que acetaminofeno por, pelo menos, 24 horas. Não use medicamentos que contenham aspirina. Se você tiver qualquer dúvida , ou em caso de emergência, podemos ser localizados pelo telefone (número do telefone ). TCE MODERADO - Corresponde ao Glasgow de 9-12 - Nesse caso devemos sempre pedir avaliação do neuro. - Corresponde a aproximadamente 15% dos doentes com TCE. - São pacientes ainda capazes de obedecer ordens simples, mas em geral estão confusos ou sonolentos e podem apresentar déficit neurológico focal como hemiparesia. - 10 a 20% pioram e entram em coma Por isso é crítico utilizar o exame neurológico seriado para tratar estes doentes. - Na admissão do serviço de emergência - antes da avaliação neurológica - obtém-se a história + assegura a estabilidade cardiopulmonar. - TC de crânio é realizada + Neurocirurgião é contatado. - Admissão na UTI + Observação rigorosa do paciente e frequente reavaliação neurológica nas primeiras 12 a 24 horas. OBS: Pacientes alcoolizados sempre pedir tomografia Isso porque seu Glasgow fica falseado. TRATAMENTO DE TRAUMA CRANIOENCEFÁLICO MODERADO (ESCORE NA GCS 9-12) Exame inicial) - O mesmo que para trauma cranioencefálico leve, mais exames rotineiros de sangue. - A TC de crânio é realizada em todos os casos. - Admitir em hospital que dispõem de tratamento neurocirúrgico definitivo. Depois da internação) - Avaliações neurológicas frequentes - Seguimento com TC se as condições piorarem OU preferivelmente antes da alta. 1. Se o doente melhorar (90% dos casos): - Alta quando adequado - Seguimento ambulatorial. 2. Se o doente piorar (10% dos casos): - Se o doente NÃO obedece ordens simples, repita a TC e trate de acordo com o protocolo de trauma cranioencefálico grave. ARMADILHA Doentes portadores de trauma cranioencefálico moderado podem apresentar piora rápida com hipoventilação OU uma perda sutil de sua habilidade em proteger a via aérea, como consequência do declínio do estado mental. A analgesia com narcóticos deve ser utilizada com precaução. Evitar a hipercapnia utilizando a monitorização constante do estado respiratório e da habilidade do doente para manter a via aérea permeável. A intubação urgente pode tornar-se necessária sob tais circunstâncias. TCE GRAVE - Corresponde ao Glasgow de 3-8 - Aproximadamente 10% dos doentes vítimas de lesão cerebral que são tratados na sala de emergência apresentam lesão cerebral GRAVE. - Embora esta definição inclua um amplo espectro de lesões cerebrais, ela identifica os doentes que apresentam o maior risco de sofrerem morbidade e mortalidade significativas. - NÃO retarde a transferência do doente para realizar uma TC. TRATAMENTO DE TRAUMA CRANIOENCEFÁLICO GRAVE (ESCORE NA GCS 8-3) Definição: O doente NÃO é capaz de obedecer ordens simples por alteração da consciencia (escore GCS 3-8). Avaliação e tratamento: - ABCDEs - Avaliação primária e reanimação - Avaliação secundária e história AMPLA - Admissão em hospital que dispõe de tratamento neurocirúrgico definitivo. - Agentes terapêuticos (habitualmente administrados após consulta ao neurocirurgião): Manitol Hiperventilação moderada (PCO2 32-35 mmHg). Solução salina hipertônica - Reavaliação neurológica: GCS (Abertura ocular + Resposta motora + Resposta verbal). Reação pupilar a luz Exame neurológico focal - Realização de uma TC de crânio. EXAME NEUROLÓGICO - Exame neurológico direcionado: Tão logo tenha sido estabilizado o estado cardiopulmonar do doente, realiza-se um exame neurológico rápido e direcionado. Esse exame consiste primariamente em avaliar: 1. Escala de Coma de Glasgow 2. Resposta pupilarao estímulo luminoso 3. Ocorrência de déficit neurológico localizado. E importante reconhecer a presença de fatores de confusão na avaliação do doente portador de trauma craniencefálico, incluindo a utilização de drogas, álcool e substâncias intoxicantes bem como outras lesões associadas. PROCEDIMENTOS DIAGNÓSTICOS - Uma TC de urgência deve ser realizada logo que possível após a normalização hemodinâmica. - Deve ser repetida sempre que houver mudança no estado clínico do doente e rotineiramente durante as 24 horas após o trauma naqueles com contusão ou hematoma à TC inicial. TRATAMENTO CIRURGICO O tratamento cirúrgico pode ser necessário para lesões de: Couro cabeludo Fraturas com afundamento de crânio Lesões intracranianas de massa Ferimentos cerebrais penetrantes. LESÕES DE COURO CABELUDO É importante limpar + inspecionar a ferida cuidadosamente antes da sutura. As causas mais comuns de infecção de feridas do couro cabeludo são devidos a limpeza e desbridamento inadequados. As perdas sanguíneas oriundas de ferimentos de couro cabeludo podem ser abundantes, especialmente em crianças Estabilizamos isso por meio da compressão direta. O sangramento de couro cabeludo geralmente pode ser controlado aplicando-se pressão direta, e cauterizando e ou ligando-se os vasos maiores Podem então ser aplicados suturas, clipes OU grampeadores apropriados. Deve-se inspecionar cuidadosamente a ferida, sob visão direta, à procura de sinais de fratura ou de corpos estranhos. A presença de vazamento de LCR indica que existe laceração da dura-máter associada. O neurocirurgião deve ser consultado em TODOS os casos com fratura exposta OU afundamento. Não raramente uma coleção de sangue subgaleal pode ser interpretada como uma fratura de crânio Em tais casos, a presença de fratura pode ser confirmada ou excluída por uma radiografia simples da região e/ou uma TC. TRATAMENTO PRÉ- HOSPITALAR 1) Corrija os problemas que ameaçam a vida. Mantenha a permeabilidade dos VA, a respiração e a circulação. Administre oxigênio (conforme protocolo local). 2) Suporte de lesão cervical associado ao acidente e adote os procedimentos apropriados. 3) Controle das hemorragias 4) Cubra e proteja os ferimentos abertos 5) Mantenha a vítima em repouso 6) Esteja atento para a ocorrência de convulsão (Isso porque convulsão provoca lesão neuronal). 7) Monitore o estado de consciencia, a respiração e a circulação. 8) Previna ou trate o choque 9) Esteja atento para ocorrência de vomito. OBS: - NÃO remova objetos transfixados na cabeça. - NÃO permita a ingestão de líquidos ou alimentos. - NÃO contenha o sangramento ou saída de líquor pelo nariz ou ouvidos.
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