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Julia Folly - Med 8º semestre Insuficiência hepática crônica agudizada Clínica Médica Conceitos gerais Cirrose = estágio final e irreversível de toda doença hepática crônica ● processo difuso, com fibrose e nódulos regenerativos ● Cirrose descompensada: ascite, sangramento de varizes, encefalopatia, icterícia -> consequências da hipertensão portal e insuficiência hepática - pacientes são geralmente assintomáticos até o episódio de descompensação → principais causas: hepatite C, doença hepática alcoólica e esteato-hepatite não alcoólica (obesidade); outras: hepatite B, colangites, dçs metabólicas como hemocromatose, Dç de Wilson, hepatite autoimune → Fisiopatologia: fisiologicamente, as células estreladas/ de Ito/ perissinusoidais, que ficam no espaço de Disse (entre hepatócitos e células sinusoidais), são quiescentes e atuam no armazenamento de Vit A; Em resposta à inflamação hepática ocorre ativação dessas células, que atuam produzindo matriz extracelular, com colágeno, e perdem seus depósitos de vit A -> sinusóides perdem fenestrações, dificultando a troca de componentes entre plasma e hepatócitos -> Hipertensão portal, estado circulatório hiperdinâmico e insuficiência hepática → Complicações: varizes e ascite (pela hipertensão portal), icterícia (IH), encefalopatia hepática (por ambos os distúrbios), Peritonite bacteriana espontânea (complicação da ascite) e S. hepatorrenal (IR) ● a presença de qualquer uma dessas indica que a cirrose está na fase de Cirrose Descompensada CHC: carcinoma hepatocelular -> pode predispor às descompensações e vice versa ● Hipertensão portal ocorre por: resistência ao fluxo porta com vasoconstrição ativa dos sinusóides + aumento do influxo venoso porta; consequências: → Hiperesplenismo: sequestro de plaquetas e outros elementos figurados do sangue → Obstrução do fluxo venoso que drena para a porta -> Veia gástrica esquerda revertendo em colaterais portossistêmicas -> varizes → Aumento da produção de NO para vasodilatação esplâncnica -> vasodilatação sistêmica -> redução da pressão sistêmica -> ativação compensatória do SRAA na tentativa de aumento da pressão -> retenção de sódio e água -> estado hiperdinâmico, que piora ainda mais a hipertensão portal → hiponatremia hipervolêmica (dilucional) -> Na < 130 -> correlação commal prognóstico e maior chance de encefalopatia ● Varizes gastroesofágicas hemorrágicas 1 Julia Folly - Med 8º semestre ocorrem quando a pressão venosa hepática é de de 10 a 12 mmHg; presente em 50% dos pacientes com cirrose recém-diagnosticada → O estado hiperdinâmico causa aumento da pressão nessas varizes, que podem complicar com hemorragia varicosa **OBS: a existência de varizes esofágicas mas assintomáticas/ não hemorrágicas -> não é descompensação!! pode estar presente em até 40% dos quadros de cirrose compensada ● Ascite e S. hepatorrenal Ascite: secundária à hipertensão sinusoidal e retenção de sódio → causa aumento do tônus vascular pós sinusoidal, piorando a hipertensão portal → também só ocorre em pressões venosas hepáticas > 12 mmHg → o ciclo (produção de NO -> vasodilatação -> retenção de sódio e água -> aumento da pressão)→ mantém a ativação do SRAA, cursando com vasoconstrição renal -> S. hepatorrenal → Ascite é não responsiva aos diuréticos ● S. hepatorrenal tipo 1: lesão renal aguda, < 2 semanas ● S. hepatorrenal tipo 2: evolução > 2 semanas -> ascite mais pronunciada ● Peritonite bacteriana espontânea Ocorre infecção do líquido ascítico, que antes estava estéril, sem que tenha algum foco de infecção abdominal -> paciente não tem abscessos, pancreatite aguda ou colecistite, por ex → ocorre principalmente por migração bacteriana, advinda do intestino, pelos linfonodos mesentéricos, facilitada pela redução da resposta imune desses pacientes → Infecções por gram-negativas (E. coli e K. pneumoniae são mais comuns) têm maior chance de causar disfunção renal → prognóstico: mortalidade de 70% em 1 ano → Clínica é inespecífica, mas cursa com piora da função renal + encefalopatia hepática; geralmente com febre, dor abdominal difusa/ hipersensibilidade abdominal, alteração do estado mental, diarréia, íleo paralítico e hipotensão → Paracentese diagnóstica: critério diagnóstico é a contagem de polimorfonucleares ≥ 250/mm → Peritonite bacteriana secundária: PMN ≥ 250/mm3 e cultura positiva para vários germes ou anaeróbico. Outros achados no líquido ascítico: ● Glicose < 50 mg/dL ● Concentração de proteínas > 1g/dL ● LDH elevado ● Fosfatase alcalina > 240 U/L ● Antígeno carcinoembrionário (CEA) > 5ng/mL → Tto com cefalosporina 3ª geração -> Ce�riaxona IV 2mg, 1x/dia por 5 dias → Pode cursar com sepse! 2 Julia Folly - Med 8º semestre ● Encefalopatia → Redução do metabolismo hepático -> acúmulo de amônia -> lesão de astrócitos e células de sustentação + suprarregulação de receptores benzodiazepínicos -> aumento da produção de neuroesteróides -> depressão cortical e encefalopatia hepática → Clínica: confusão mental, alterações de personalidade, dificuldade de concentração, sonolência excessiva, desorientação, tremores nas mãos, problemas de coordenação e coma; graus: ● Grau I: alteração sono-vigília e esquecimento ● Grau II: confusão, comportamento bizarro e desorientação ● Grau III: letargia e desorientação profunda ● Grau IV: coma → É comum terem asterix/flapping e e hálito hepático/ de odor adocicado → Complicações pulmonares se manifestam com dispnéia franca, baqueteamento digital, cianose e aranhas vasculares; pode ter síncope e dor torácica → Complicações cardíacas: B2 hiperfonética e hipertrofia de VD → Tto: Lactulona, Atb e tratamento da cirrose ● Icterícia Acúmulo de BD não excretada pelo fígado -> acúmulo de BI ● Complicações cardiopulmonares Estado hiperdinâmico -> IC de alto débito -> cardiomiopatia cirrótica Vasodilatação sistêmica -> vasodilatação pulmonar -> hipoxemia arterial -> S. hepatopulmonar → Os capilares pulmonares normais têm 8 μm de diâmetro, e os eritrócitos (ligeiramente menos que 8 μm) passam através deles, uma célula de cada vez, facilitando, assim, a oxigenação. Na síndrome hepatopulmonar, os capilares pulmonares estão dilatados até 500 μm -> um grande número de eritrócitos não é oxigenado, causando o equivalente de um desvio (shunt) direita-esquerda. → Substâncias hepáticas para vasoconstrição podem causar Hipertensão portopulmonar -> hipertensão pulmonar reversível -> proliferação endotelial, trombose in situ e obliteração dos vasos, com o tempo -> hipertensão pulmonar irreversível ● Score - Child-pugh 3 Julia Folly - Med 8º semestre Diagnóstico → EF: ● Geral: atrofia muscular ● pele e anexos: angiomas aracneiformes, eritema palmar, queda dos pêlos de tórax e abdome, petéquias e equimoses ● tórax/ cardiopulmonar: ginecomastia, B2 hiperfonética ● abdome: ascite, lobo hepático direito pequeno, geralmente < 7 cm, à percussão e lobo esquerdo nodular e palpável, esplenomegalia, cabeça de medusa/ circulação colateral abdominal ● S. reprodutor: atrofia testicular ● Membros: cianose periférica, baqueteamento digital ● neuropsicomotor: asterix, sinais de EH (graus) → Exames laboratoriais: ● plaquetas < 150 mil (hiperesplenismo) ● alteração da função hepática: aumento de BD/BT; redução da albumina sérica ● lesão hepática: aumento de ALT, AST ● alteração da coagulação: aumento do TP e TTPA (tromboplastina parcial ativada) ● aumento de amônia sérica ● aumento de creatinina sérica ● hiponatremia e hiperpotassemia → Exames de imagem: ● USG de abdome: redução do tamanho do fígado, bordas nodulares, esplenomegalia ● Elastografia hepática, pelo USG: aumento da rigidez hepática ● biópsia hepática: apenas se os resultados demandarem maior investigação/ diagnóstico incerto ● EDA: avaliar sangramento varicoso Tratamento 4 Julia Folly - Med 8º semestre BB não seletivos: propranolol -> profilaxia de hemorragia varicosa futura ● Profilaxia primária de sangramento: BB não seletivo + Ligadura elástica ● Tto de hemorragia varicosa: Expansão volêmica, Terlipressina, Ligadura elástica (ou balão deSengstaken-blakemore) ● Profilaxia secundária de sangramento: BB não seletivo fazer EDA em 4-6 semanas após alta ● Tto EH: lactulose + Metronidazol: 500 mg de 8/8 hrs ● Profilaxia de PBE: Norfloxacina 400 mg 12/12 h por 7 dias ● Ascite > 5L: paracentese de alívio; repor albumina 10g/ L retirado 5 Julia Folly - Med 8º semestre 6 Julia Folly - Med 8º semestre Perguntas norteadoras 1. Qual a diferença entre cirrose hepática compensada e descompensada? descompensada: sinais de ascite, EH, icterícia ou hemorragia varicosa 2. Qual definição de cirrose hepática descompensada? Cirrose sintomática 7 Julia Folly - Med 8º semestre 3. Quais as manifestações clínicas da cirrose hepática? Quais são os achados no exame físico? Justifique cada um deles. 4. Como é realizado o diagnóstico de cirrose hepática? USG de abdome, observando a fibrose hepática 5. Quais exames laboratoriais devem ser solicitados nestes pacientes para complementar a avaliação clinica? 6. Quais as principais etiologias de cirrose hepática? Cite pelo menos cinco causas. 7. Quais as complicações da cirrose hepática? 8. Defina encefalopatia hepática? 9. Defina hipertensão portal e quais manifestações clínicas estão relacionadas. 10. Defina insuficiência hepática e quais manifestações clínicas estão relacionadas. 11. Qual a classificação funcional usada nos pacientes portadores de cirrose hepática? Como deve ser interpretada. 12. Qual a definição de ascite? 13. Quais abordagens devem ser realizadas no exame físico da ascite? 14. Qual exame é fundamental para auxiliar no diagnostico etiologico da ascite? 15. Qual a definição de GASA (gradiente albumina soro- ascite) e qual a sua importância no diagnóstico da ascite. 16. O que é peritonite bacteriana espontânea (PBE)? Como fazer o diagnóstico pelo liquido ascítico? 17. Qual o tratamento medicamentoso da PBE? 18. Defina varizes esofagianas e como são formadas no paciente cirrotico? 8
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