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Julia Folly - Med 8º semestre Parasitoses intestinais e Doença diarreica aguda Pediatria - Especialidade Parasitoses intestinais Principais: → Helmintos - Nematelmintos: Ascaris lumbricoides (ascaridíase) Ancylostoma duodenale ou Necator americanus (ancilostomíase) Strongyloides stercoralis (estrongiloidíase) Enterobius vermicularis (enterobíase ou oxiuríase) Trichuris trichiura (tricuríase ou tricocefalíase) - Platelmintos: Taenia saginata e Taenia solium (teníase) Hymenolepis nana (himenolepíase) Diphyllobothrium latum (difilobotríase) → Protozoários: Entamoeba histolytica e Entamoeba dispar (amebíase) Balantidium coli (balantidíase) Giardia lamblia (giardíase) Isospora belli (isosporíase) Cryptosporidium sp. (criptosporidiose) Blastocystis hominis (blastocistose) Cyclospora cayetanensis (ciclosporose) Conceitos gerais → Epidemiologia: Desde 2016 o Br saiu da endemia de helmintos, não demandando mais o tratamento empírico e profilático em massa da população; É recomendado o tratamento individualizado → Orientações gerais em casos de surtos: contatar a vigilância epidemiológica, tratar todas as crianças com sintomas (e cuidadores e familiares) e excluir a criança da creche até que as fezes fiquem na fralda ou na criança continente e que a frequência das evacuações não seja superior a duas vezes da frequência normal daquela criança; desinfetar o ambiente com peróxido de hidrogênio → Diagnóstico: exame de amostras fecais, escarro ou lavagem gástrica; pode ser inferido por: avaliação das fezes em microscopia direta (pode ter ovos, partes do verme..; sensibilidade baixa em infestação leve), hemograma, sorologia e testes moleculares Helmintos → Parasitoses mais comuns: Ascaridíase e Oxiuríase 1 Julia Folly - Med 8º semestre Ascaridíase → é o maior dos nematelmintos: fêmeas com 30 a 40 cm, machos com 15 a 30 cm → Infecção e infestação: contaminação por água e alimentos com os ovos; infesta ID, principalmente jejuno e íleo; se prende no lúmen intestinal, postura “em U” - O ovo eclode no intestino delgado, libera a larva, que no ceco atravessa a mucosa e por via linfática ou venosa passa pelo fígado, atinge o átrio direito, artérias pulmonares e se aloja nos alvéolos. Sofre evoluções larvárias, ascende pelas vias aéreas até a faringe, é deglutida e vai se alojar no lúmen do intestino delgado. O ciclo é de 15 a 30 dias até este momento e vai demorar mais 30 a 60 dias para se tornar adulto e a fêmea iniciar a postura de ovos. → Clínica: diarréia, dor abd., distensão abdominal, perda de peso, desnutrição - parênquima hepático: necrose focal e fibrose - pulmão -⚠ S. de Loeffler: **principal ação** - pneumonite larvária, febre, expectoração, dispnéia, eosinofilia periférica - Ação espoliadora: verme consome os macro e micronutrientes -> criança com desnutrição proteico-energética, baixa estatura, comprometimento do DNPM - Migração do ascaris pode causar lesão em várias regiões: apendicite, pancreatite hemorrágica, colestase e colangite, abscesso hepático, asfixia - ⚠ Em casos obstrutivos: pode chegar em AAO -> indicada a passagem de sonda para desobstrução, jejum e hidratação com soro + óleo mineral para facilitar a saída do bolo de áscaris; pode ser usada a pancreatografia endoscópica retrógrada para retirada dos vermes do duodeno; Após a desobstrução pode adm. o anti parasitário, para que o ascaris morra e saia ● GRAVE E LETAL ● ⚠ em obstrução não pode administrar o antiparasitário antes de desobstruir -> vai matar o parasita, que vai liberar uma toxina que pode causar muitos sintomas ● clínica da oclusão: desnutrição, cólicas, distensão abdominal, anorexia, vômitos biliosos, desidratação e diarreia no início; EF: massa palpável periumbilical ou em flancos; início do quadro com ondas de Kussmaul e no final com ausência de ruídos hidroaéreos/ íleo adinâmico ● RX: níveis hidroaéreos, sombra radioluscente em “feixe de charuto”/ “efeito redemoinho” ● USG: visualização do verme: “sinal do olho de boi”/ “sinal de dupla sonda” ● Tto cirúrgico: em caso de AAO com sangramento retal e toxemia ou paciente não responsivo ao tto inicial 2 Julia Folly - Med 8º semestre Oxiuríase/ Enterobíase → o macho tem menos de 5 mm de comprimento e a fêmea perto de 10 mm; a proliferação dos ovos da fêmea é feita no ânus → Clínica:muito prurido na região anal, facilitando a transmissão fecal-oral; pode cursar com vulvovaginite, que se não tratada, evolui com cistite; outros sintomas associados: náusea, cólica abdominal, tenesmo e puxo (dor antes e durante a evacuação) ● prurido é principalmente a noite, podendo causar insônia e distúrbio do DNPM → Diagnóstico: 1) procurar os vermes na região perianal duas a três horas após o indivíduo infectado estar dormindo; 2) tocar a pele perianal com fita adesiva transparente para coletar possíveis ovos de E. vermicularis ao redor do ânus na primeira hora da manhã, para observação em microscopia direta. O método da fita deve ser conduzido em três manhãs consecutivas logo após a pessoa infectada acordar e antes de fazer qualquer higiene; 3) devido ao prurido anal pode-se analisar amostras obtidas sob as unhas por microscopia. ⚠OVOS E VERMES NAS FEZES SÃO ESCASSOS: AMOSTRA DE FEZES PODE DAR FALSO NEGATIVO! 3 Julia Folly - Med 8º semestre Protozooses Giardíase: é muito mais comum; cursa com Síndrome disabsortiva: fica na frente das células intestinais (barreira mecânica), achatando as microvilosidades e impedindo a absorção de nutrientes -> impacta muito na estatura da criança; também age causando inflamação das vilosidades e lesão dos enterócitos - síndrome de má absorção muito semelhante à doença celíaca, que inclui diarréia crônica esteatorreica ou constipação, perda de peso, parada de crescimento, desnutrição proteico-energética, má absorção secundária de lactose, enteropatia perdedora de proteínas, edema, hipoproteinemia, deficiência de ferro, zinco, vitamina B12, ácido fólico, vitaminas A e E. → Diagnóstico por ELISA ou PCR em exame de amostra de fezes; microscopia direta tem baixa sensibilidade Amebíase: maioria dos casos é assintomática; quando sintomática: cursa com diarreia com sangue (>10/dia), cólicas abdominais, colite disentérica e tenesmo; alta mortalidade quando ocorre necrose e 4 Julia Folly - Med 8º semestre perfuração profunda da mucosa intestinal, mais comum em imunossuprimidos -> quadro fulminante, febre alta, toxemia, choque hipovolêmico, peritonite, diarréia com odor de ovo podre - diagnóstico: exame parasitológico de fezes + ELISA ou PCR Novas drogas: Doença Diarreica Aguda → Quadro autolimitado, de 7-14 dias; > 14 dias = diarréia prolongada → Definições: ● > 3 evacuações amolecidas ou líquidas nas últimas 24h ou mais frequente do que o habitual (não se enquadram nessa definição: lactentes!!) ● Perda nas evacuações > ganhos na alimentação→ desidratação; Desequilíbrio entre a absorção e a secreção de líquidos e eletrólitos ● Pode ter vômitos, febre e dor abdominal ● 2ª causa de morte e 1ª das principais causas de desnutrição em < de 5 anos → Podem ser infecciosas ou não: ● virais: Rotavírus, adenovírus entérico, norovírus ● bactérias: E. coli, Salmonella, Shigella, Campylobacter jejuni, vibrio cholerae, yersinia ● parasitas: giardia, lamblia, cryptosporidium, isospora, entamoeba histolytica ● causas não infecciosas: alergias, intolerâncias, erros alimentares e medicamentos Rotavírus → precisa de pouca carga viral para causar a doença → Vacina faz parte do calendário vacinal: alto risco de óbito para crianças desnutridas, além de comorbidades, como geração de intolerância à proteína do leite ● monovalente 2 doses ou pentavalente 3 doses ● via oral ● 1ª dose: até 3 meses e 15 dias; 2ª dose: até 8 meses incompletos→ se não tomar a 1ª dose, não pode tomar a segunda!! Norovírus → comum ter incidência em surtos epidêmicos de gastroenterites → ↓ dose infectante + ↑ nível de excreção viral + excreção prolongada após recuperação clínica (~ 2 semanas) → Transmissão: água e alimento ou pessoa a pessoa via fecal-oral → Crianças <5 anos (+ comum), adolescentes e adultos. E. coli → Vários subtipos patogênicos, com maior correlação com tipos de acometimento ● E. coli enterotoxigênica: diarréia do viajante, diarreia do lactente -> diarreia secretora Entamoeba - Amebíase → pode evoluir com diarreia crônica, com disabsorção 5 Julia Folly - Med 8º semestre Fisiopatologia e Quadro Clínico → Principais barreiras de proteção digestória: pH ácido, flora bacteriana, peristaltismo, mucinas, fatores antimicrobianos e sistema imune entérico ● O ALEITAMENTOMATERNO POTENCIALIZA ESSA BARREIRA! → 4 principais mecanismos fisiopatológicos, após a adesão do microrganismo na superfície celular e produção de enterotoxina, citotoxina ou lesão da mucosa (mecanismos podem se sobrepor e ocorrerem simultaneamente também): 1. Osmótico: dano na mucosa (lesão de células apicais vilosas, onde ficam as lactases, com substituição por células imaturas e baixa atividade da lactase), com destruição da lactase -> lactose acumulada/ não digerida atua como mecanismo osmótico ao puxar água para a luz intestinal; favorece a aglomeração de bactérias, que acabam fazendo a digestão desse conteúdo, com fermentação -> inflamação, fezes líquidas e em grande quantidade, de cheiro ácido, gases e dor abdominal e diarréia explosiva com assadura na criança Principal mecanismo nos casos virais Tem grande perda de eletrólitos; pode ter febre alta em 50% dos casos; 90% dos casos tem vômito associado 2. Secretor: SEM LESÃO DE MUCOSA; enterotoxinas do microorganismo adentram nas células e agem no retículo endoplasmático liso, aumentando o AMPc, que abre os canais de cloro dos enterócitos, com liberação de sódio, cloro e água na luz intestinal; cursa com diarréia aquosa e volumosa, sem sangue e sem leucócitos, por não tem lesão de mucosa; como a ação é pela enterotoxina, a diarréia termina ao acabarem as toxinas; comum na cólera e na infecção por E. coli Poucos sintomas sistêmicos: febre, dores no corpo; tem vômito, que cursa com a desidratação 3. Inflamatório - disenteria: LESÃO DE MUCOSA E SUBMUCOSA, tendo a inflamação, que pode ser só local ou sistêmica; a inflamação libera substâncias vasoativas e forma exsudato; Diarréia muco-sanguinolenta, febre, calafrios, mal-estar e dor abdominal em cólica 4. Alteração da motilidade Diagnóstico → Diagnóstico sindrômico: anamnese e EF -> avaliar desidratação e desnutrição → não precisa mudar a alimentação da criança nesses casos (a não ser que seja uma alimentação não saudável, com muitos industrializados, açúcar, etc) -> o mais importante é manter a alimentação, pra não desnutrir → Criança <1 ano: palpar o pulso braquial como pulso central; palpar também pulso periférico 6 Julia Folly - Med 8º semestre → Anamnese: duração da diarreia, característica das fezes, nº de evacuações, vômitos (nº/dia), febre, diurese (volume, cor, quanto tempo faz desde a última vez), uso de medicamentos, sede, apetite, tipo e quantidade de líquidos e alimentos consumidos, doenças prévias, estado geral, sintomas gerais, uso prévio de atb, contato com alimentos de origem duvidosa ou pessoas com o mesmo quadro ● Plano A - sem desidratação → Criança pode ter atendimento ambulatorial em casa, apenas com orientações: - hidratação: beber soro toda vez que tiver um episódio de diarréia - pode ser o caseiro mesmo, com reposição de água e eletrólitos - < 2 anos: 50-100 mL após cada diarréia; > 2 anos - 10: 100-200 mL; >10 anos: o quanto aceitar; nos intervalos: água; evitar bebidas açucaradas, chá matte; soro de reidratação oferecido pelo SUS: pode ser administrado, mas como tem bastante sódio, oferecer água nos intervalos; Soro caseiro: 200 mL de água, 1 medida rasa de sal e 2 rasas de açúcar; - Soro de reidratação oral (SRO) hiposmolar: reduz a chance de hipernatremia, mais comum nos soros antigos oferecidos pelo SUS (hiperosmolar) - Orientar higiene das mãos, para não disseminar a doença - Administração de zinco, por 10 dias - diminui a duração da diarreia, interrompendo o ciclo mais precocemente; tem também papel na imunidade, diminui a incidência de novos episódio nos próximos 2-3 meses e favorece a reintegração da mucosa; Dose: lactentes < 2 meses: 10 mg/dia; > 2 meses: 20 mg/dia - Reconhecer sinais de desidratação, para retorno ao atendimento médico - Evitar bebidas açucaradas, energéticos, etc: são hiperosmolares!! “SRO padrão” = padrão antigo ● Plano B - desidratação leve a moderada → desidratação com perda de peso em 5-10% → INTERNAR → Pode iniciar a hidratação via oralmesmo, por ser fisiologicamente mais adequado; soro de reidratação oral; se não aceitar via oral: passar sonda nasogástrica, que é ainda melhor que EV - hidratação: 50-100 mL/Kg, em até 3-4h - manter medidas de higiene e cuidado com sinais de piora da desidratação -> avaliar urina, fontanelas, mucosas e pulsos -> se piora do quadro, criança vomitando muito, etc -> Plano C; se melhora do quadro e saída do quadro de desidratação -> Plano A - Vômito persistente: soro de reidratação por sonda nasogástrica 20 mL/Kg/h, por 4-6h - Hidratação venosa: apenas se vômito intratável, falha na TRO (oral e nasogástrica), diarreia profusa, íleo paralítico, irritabilidade, sonolência ou não melhora após 24 de TRO - Não alimentar durante a reidratação (exceção: aleitamento materno) - Ondansetrona/ Vonau: administrar se vômitos persistentes: 6m - 2a: 2 mg; 2-10 anos: 4mg; >10 anos: 8 mg→ diminui o risco de admissão hospitalar, mas administrar com muito cuidado: tem efeito sedativo, podendo atrapalhar a TRO - Zinco: < 2 meses: 10 mg/dia/10 dias; > 2 meses: 20 mg/dia/10dias → Outros: probióticos podem reduzir o tempo de diarreia em até 1 dia; antiperistálticos (loperamida) não são recomendados, aumentando gravidade e complicações; Racecadotrila é anti secretora sem causar antiperistaltismo, podendo ser benéfica na redução da diarreia; Atb quase nunca são indicados 7 Julia Folly - Med 8º semestre (é doença autolimitada!! evitar gerar seleção de resistência bacteriana): adm APENAS de acordo com o padrão de sensibilidade das cepas patogênicas testadas, em caso de disenteria, imunodeprimidos e lactentes < 4 meses ● Plano C - desidratação grave e choque hipovolêmico → Se entrar em choque o ritmo cardíaco é em assistolia -> muito importante identificar esses casos antes da piora, porque não tem como chocar, sendo viável a reversão apenas antes disso!! tem que pegar acesso venoso e hidratar intensamente! ● Hidratação EV: - menores de 1 ano: 30mL/Kg/ 1h na 1ª etapa e 70mL/Kg em 5h na 2ª etapa; - Acima de 1 ano: 30 mL/Kg em 30 min na 1ª etapa e 70mL/Kg em 2,5h; - RN e <5 anos com cardiopatia grave: 10 mL/Kg na 1ª etapa e adequada de acordo com a melhora na 2ª etapa ● Hidratação VO: introduz quando a criança começar a conseguir ingerir o soro, o que ocorre 2-3h após o início da EV; mas manter a EV!! Medidas para redução da incidência e da morbi-letalidade 1. AM - exclusivo até os 6 meses e complementado até os 2 anos 2. Vacina - rotavírus e sarampo (pode reduzir a incidência e gravidade) 3. Oferta de água tratada, saneamento básico 4. educação sanitária: lavagem das mãos 5. Segurança alimentar Exames laboratoriais → na maioria dos casos não são necessários: quadro autolimitado e não grave; em quadros mais graves solicitar: - hmg completo: avaliar anemia e padrão leucocitário - ionograma, creatinina e ureia: distúrbio hidroeletrolítico e disfunção renal - pH fecal, leucócitos, hemácias, sangue oculto, coprocultura, ELISA e pesquisa de toxina para Clostridium - pH < 5,5 indica intolerância a carboidratos; presença de leucócitos fecais indica inflamação e invasão de mucosa intestinal 8 Julia Folly - Med 8º semestre Caso Clínico 1 Menina, 9 meses Há 1 dia a criança iniciou evacuações líquidas, explosivas, 6 x ao dia, vomitou 2x em 24 hs e febre de até 37,5oC, 2 picos. Mãe notou que a criança chora antes de evacuar. Mãe está oferecendo soro caseiro, água, suco de frutas, mas notou ↓ da diurese. Aceitação da alimentação sólida está irregular. Ant neonatais, pessoais, alimentaçãopregressa, vacinação e moradia: sem intercorrências ao nascimento. Desmamou há 6m e iniciou creche há 3 meses. Vac em dia, casa com saneamento básico e água encanada. Ao exame físico: REG, descorada, eupneica, febril (38oC), fontanela 1x1 cm um pouco deprimida, olhos fundos, com brilho mas sem lágrimas, saliva ↓ e espessa, ausculta pulmonar e cardíaca normais, abdome globoso, timpânico, RHA ↑, sem visceromegalias. Pulso braquial presente e bem palpável. Sinal da prega desaparece lentamente. Períneo com hiperemia importante. Fralda seca. Análises → desidratação moderada, vulvovaginite (?) → HD: diarreia aguda, desidratação moderada → Etiologia: provavelmente infecciosa - quadro bem delimitado, febre -> diarreia osmótica: cólica, urina ácida, lesão na área de saída, indicando diarreia explosiva → Conduta: hidratação oral, com soro de reidratação oral, 100mL/ Kg em 4h -> 50mL/15min; orientar medidas de higiene, manter alimentação normal e zinco 5 mL por 10-14 dias Caso Clínico 2 Menino, 3 anos. HMA: Avó refere que desde a madrugada a criança iniciou evacuações líquidas, amareladas, mal cheirosas, grande quantidade, sem sangue ou muco, cerca de 10 x e febre até 39oC (2x). Vomitou 3x e não percebeu diurese. Criança estava no litoral de São Paulo e comeu na praia. Avó ofereceu Coca-Cola batida com garfo e biscoito de Maisena. Ao exame físico: Chegou à emergência em MEG, prostrado, hipoativo, mal responde verbalmente, olhos muito encovados e sem brilho, saliva muito ↓ e espessa, prega cutânea desaparece após 2 seg. Ausculta cardíaca: 2 BRNF, FC 140 bpm, abdome mais flácido, timpânico, doloroso difusamente, pulsos femurais ↓ e radiais não palpáveis, TEC > 5”. PA = 80 x 60 mmHg. Restante do exame físico sem alterações. Peso atual 13,500 kg (peso anterior 15kg) Análises → desidratação grave - internar e hidratar EV 9 Julia Folly - Med 8º semestre → 70+ 2x(idade da criança em anos) -> indica a PAS mínima da criança, que indica que não está com choque descompensado - pode estar compensando, ainda sendo uma urgência, mas menos grave!! A PAD também tende a aumentar, pela vasoconstrição periférica, ainda mantendo a compensação do choque (obs: PAS mais distante da PAD indicaria um choque distributivo/ séptico, pela vasodilatação) → HD: diarreía aguda e desidratação grave; etiologia provavelmente infecciosa, mecanismo secretor → conduta: acesso, 30 mL/Kh/ 30min Caso Clínico 3 Menina, 1 ano Há 1 dia iniciou com diarreia, fezes SL, explosivas, cerca de 3 episódios, associada à 1 pico febril de 37,8oC. Mãe nega vômitos, mas notou ↓ de apetite. Notou diurese clara. Ofereceu água de coco, água, SM, frutas e alimentação habitual da casa. Sem antecedentes importantes. Em AM + frutas e comida da casa (A + F + legumes + proteína) Ao exame físico: BEG, corada, eupneica, afebril, fontanela não palpável, olhos com brilho e lágrimas, saliva fluida, ausculta pulmonar e cardíaca normais, abdome globoso, timpânico, RHA ↑, sem visceromegalias. Pulso braquial presente e bem palpável. Sinal da prega desaparece em < 2 seg. Períneo com hiperemia discreta. Fralda com diurese clara. Peso atual 9,500kg; há 1 sem: 9,600kg Análises → diarréia aguda, sem desidratação → tto ambulatorial e hidratação via oral, 100-200mL após cada episódio de evacuação; administração de zinco 5 mL → Aleitamento materno impedindo uma piora do quadro 10
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