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Isadora Pedreira- Problema 02. Módulo XXI 
 
 
O joelho é o maior complexo articular do corpo, formado 
por 4 ossos e 3 articulações e quase todas as pessoas terão 
algum problema em alguma destas articulações, seja por 
desgaste ou por lesão traumática. O joelho é a segunda 
articulação do corpo que mais sofre com lesões, 
perdendo apenas para a articulação do ombro. 
O joelho é a articulação 
intermediária dos membros 
inferiores (MMII), pois encontra-
se entre a articulação do quadril 
e a articulação do tornozelo, e é 
responsável por absorver parte 
dos impactos dos MMII e 
fornecer estabilidade durante a 
macha. As articulações do joelho 
são formadas por quatro ossos: o 
fêmur, a tíbia, a patela e a fíbula. 
Estes ossos se articulam 
formando 3 articulações: 
1. Fêmoro-Tibial: entre o fêmur e a tíbia; 
2. Fêmoro-Patelar ou Patelo-Femoral: entre o 
fêmur e a patela 
3. Tíbio-Fibular Proximal: entre a tíbia e a fíbula 
Cada uma destas articulações é importante para manter 
a estabilidade dos membros inferiores durante a marcha, 
e a articulação fêmoro-tibial é responsável pela absorção 
de impactos e dissipação de energias sobre o joelho, pelo 
fato de ter uma grande área de superfície e possuir os 
meniscos, responsáveis pela absorção de boa parte das 
cargas axiais impostas ao joelho. 
Na articulação fêmoro-tibial temos estruturas 
anatômicas importantíssimas para a manutenção de sua 
estabilidade. Estas estruturas são os ligamentos cruzados 
(anterior e posterior), os ligamentos colaterais (lateral e 
medial) e os meniscos (lateral e medial). Os ligamentos 
cruzados serão o principal elemento de estabilização da 
articulação do joelho. 
• O ligamento cruzado anterior (LCA) é 
responsável por limitar a anteriorização da tíbia 
em relação ao fêmur, a hiperextensão do joelho e 
a rotação interna. 
• O ligamento cruzado posterior (LCP) limita a 
posteriorização da tíbia em relação ao fêmur, a 
hiperflexão do joelho e a rotação externa. Mesmo 
o LCA sendo mais forte e fibroso ele sofre lesões 
com maior frequência, principalmente em 
esportes onde haja excessos de movimentos e 
mudanças de direção. 
 
Para auxiliar na estabilidade do joelho temos também os 
ligamentos colaterais que impedem excessivos 
movimentos em valgo (colateral medial) e varo (colateral 
lateral). Os meniscos são estruturas em forma de meia lua 
e ficam aderidas sobre o “platô tibial”. 
O menisco medial fica apoiado sobre o côndilo tibial 
medial e o menisco lateral fica apoiado sobre o côndilo 
tibial lateral. Anatomicamente eles são diferentes, pois o 
menisco lateral tem o formato de um O e o menisco medial 
tem o formato de um C. A função primária dos meniscos é 
conferir estabilidade para a articulação fêmoro-tibial, 
adaptando o formato reto do “platô tibial” ao formato 
convexo do fêmur. 
Além disso, pelo fato de os meniscos serem compostos 
por fibrocartilagem (mesmo tecido que compõe os discos 
intervertebrais), eles apresentam alta resistência para 
absorver cargas axiais, sendo um importante elemento de 
amortecimentos de impactos sobre o joelho. Os meniscos 
são discos articulares fibrocartilaginosos no interior de 
articulações sinoviais. Outras articulações também 
apresentam discos articulares, são elas: a articulação 
têmporo-
mandibular 
(ATM) no crânio, a 
esterno-
clavicular no 
ombro e a 
fibrocartilagem 
triangular no 
punho. 
A estabilidade 
dinâmica do joelho é feita pelos grupos musculares que o 
atravessam. Na parte anterior do joelho temos a ação do 
músculo quadríceps femoral e na parte posterior do 
joelho temos a ação dos músculos isquiotibiais, 
gastrocnêmio e poplíteo. Estes músculos em conjunto, 
além de movimentarem a articulação do joelho auxiliam 
na estabilidade desta articulação juntamente com os 
ligamentos cruzados, colaterais e com os meniscos. 
 
Articulações do Joelho 
O joelho apresenta 3 articulações, sendo duas sinoviais 
(fêmoro-tibial e fêmoro-patelar) e uma sinartrose (tíbio-
fibular proximal). Abaixo as classificações e os 
movimentos permitidos pelas articulações do joelho. 
1. Articulação Fêmoro-Tibial 
Classificação: Gíglimo (dobradiça) e Trocóide (pivô) 
Isadora Pedreira- Problema 02. Módulo XXI 
Movimentos 
permitidos: Flexão, 
extensão, rotação 
interna e rotação 
externa (as rotações só 
são permitidas com o 
joelho flexionado a pelo 
menos 5º) 
2. Articulação 
Fêmoro-
Patelar 
Classificação: Plana (artrodial) 
Movimentos permitidos: Deslizamento crânio-caudal 
(pra cima e pra baixo) e látero-lateral (de um lado pro 
outro) da face articular da patela sobre a tróclea do 
fêmur 
3. Articulação Tíbio-Fibular Distal 
Classificação: Sindesmose 
 
 
Devem ser considerados os dados de identificação nos 
quais deverão constar, além dos tradicionais, idade, sexo, 
profissão, atividade física principal, de lazer ou 
profissional, esporte preferido e posição em que o 
pratica. O lado acometido e o lado dominante também 
fazem parte desse preâmbulo da ficha clínica. Muitas das 
doenças do joelho são relacionadas com a idade: 
epifisites, osteocondrite dissecante, lesões meniscais 
traumáticas e degenerativas, osteonecrose, doença 
femoropatelar, síndromes periarticulares ou 
instabilidades. Ainda sabemos que as lesões traumáticas 
graves são específicas para cada fase da vida. Assim, na 
criança, ocorrem descolamentos epifisários; no adulto, 
lesões ligamentares; e no idoso, fraturas. 
O exame clínico do joelho começa com rápidas respostas 
a quatro perguntas fundamentais. O QUE que representa 
a queixa principal do paciente, como dor, falseios, 
torção, queda etc. O QUANDO vai mostrar o tempo de 
queixa. O COMO relata o mecanismo de um trauma ou a 
atividade que desencadeia a queixa principal. ONDE 
relata a atividade que estava sendo vivida no momento 
do aparecimento da queixa principal. 
• No traumatismo: sua descrição minuciosa em 
detalhes. 
o Queda com impacto direto sobre o 
joelho sugere traumatismo ósseo. 
o Torção deve ser descrita, lembrando 
que ela se faz sempre no pé de apoio, 
com o corpo girando sobre o joelho, 
estando o membro inferior apoiado. 
Esse mecanismo é o mais comum da 
lesão intrínseca: se com esse mecanismo 
o paciente sentir um estalido no joelho 
que inchou com derrame 
imediatamente, estaremos certamente 
diante de um caso de lesão do ligamento 
cruzado anterior (LCA); o estalido é 
comum em 80% das lesões do LCA e o 
derrame que se seguiu de imediato é 
característico de hemartrose, diferente 
do tardio, que sugere sinovite reacional. 
• Os primeiros socorros devem ser lembrados e 
registrados; a aplicação imediata de calor pode 
determinar grande hemartrose ou 
derramamento de sangue exagerado nas partes 
moles adjacentes. A retirada da carga e a 
imobilização bem como o seu tempo são 
importantes. 
• A movimentação articular após o traumatismo 
deve diferenciar os bloqueios. O “desbloqueio” 
espontâneo pode sugerir a redução de luxação 
da patela e, dependendo do movimento 
realizado, “desbloqueio” meniscal ou de um 
corpo livre de fratura osteocondral. A sensação 
imediata de instabilidade ou falseio pode sugerir 
grave lesão ligamentar. 
• Nas queixas decorrentes de traumatismo agudo, 
a história deve ser pesquisada desde o primeiro 
episódio e em todos os seus detalhes. O tempo 
decorrido entre ele e o início da sintomatologia 
deve ser definido, bem como os tratamentos já 
realizados e seus resultados. 
 
Sintomas comuns nas doenças do Joelho 
Dor 
Sua localização no joelho (alta ou baixa, anterior medial 
ou lateral, posterior medial ou lateral), sua periodicidade 
(diurna ou noturna) e sua relação com as atividades 
profissional, recreacional ou esportiva são importantes 
parâmetros que devem ser analisados. A dor intermitente 
que piora aos esforços e à atividade é uma característica 
das afecções intrínsecas, bem como aquela quese faz 
presente em determinada posição, como a dor do joelho 
fletido (sinal do cinema), que é característica da 
síndrome femoropatelar ou da plica patológica, ou a dor 
do joelho hiperfletido, característica da lesão do corno 
posterior do menisco medial. 
Nas lesões ligamentares periféricas, os pontos dolorosos 
palpáveis geralmente sugerem o local da lesão, mas, em 
doença crônica, o local da dor nem sempre corresponde 
à localização anatômica da estrutura lesada; assim, lesão 
antiga de menisco externo pode ser confundida com 
plica patológica ou com afecção femoropatelar. O 
fenômeno coxitis knee – dor referida no joelho por 
problemas do quadril – é o maior exemplo dessa situação. 
 
Estalo Ou Estalido 
O estalido que ocorre na torção aguda, presente em mais 
de 90% dos casos de lesão do LCA, ou aquele que aparece 
ao se estender o joelho fletido e doloroso está presente na 
história da plica sinovial patológica. O menisco discoide, 
Isadora Pedreira- Problema 02. Módulo XXI 
muitas vezes, provoca estalidos na flexoextensão, sem 
sintomas dolorosos. O estalo pode ser audível ou 
simplesmente uma sensação referida. Geralmente, na 
doença crônica, ele é acompanhado de sensação 
confortante de algo que se acomoda e até faz desaparecer 
a dor, como ocorre em casos com plica sinovial 
patológica. 
 
Falseio 
Sintoma comum em um sem-número de doenças do 
joelho, como as lesões meniscais, os corpos livres 
articulares, a plica sinovial ou as instabilidades 
femoropatelares; entretanto, o típico falseio 
desacompanhado de dor mas seguido de derrame tardio, 
altamente incapacitante, é o da instabilidade ligamentar. 
Ele surge algum tempo após traumatismo agudo bem 
definido com todas as características de lesão ligamentar 
e está presente no simples andar ou em uma atividade 
específica. Pode ocorrer no plano, em paradas bruscas, 
ao giro, ao drible, na mudança brusca de direção ou ao 
entrar ou sair de um automóvel. 
O falseio na atividade atlética merece um tipo de conduta 
diferente daquela na atividade de vida diária, pois esse 
pode tornar-se perigoso e de risco. Na luxação 
recidivante da patela, as informações sobre o número de 
episódios ocorridos, a especificação da idade do 
paciente quando do primeiro episódio, a bilateralidade 
da queixa e os sintomas que se seguiram após o falseio, 
bem como as medidas terapêuticas já tomadas, são 
detalhes importantes e fundamentais na determinação 
da conduta a ser adotada. A dor que acompanha o falseio 
sugere algum tipo de pinçamento articular, associado a 
eventual instabilidade, lesão meniscal, interposição de 
um corpo livre ou mesmo de alguma alteração 
femoropatelar aguda. 
 
Travamento 
Deve ser diferenciado do falseio que é momentâneo, 
rápido e instantâneo, voltando imediatamente à situação 
anterior. O travamento é mais demorado e muitas vezes 
leva alguns segundos para se desfazer. Deve ser 
diferenciado do pseudotravamento por contração 
espontânea e involuntária muscular, desencadeada pela 
dor de pinçamento momentâneo, geralmente comum às 
afecções dolorosas do joelho. 
 
Derrame 
Quando presente logo após traumatismo sugere 
hemartrose e caracteriza lesão grave, diferente do 
derrame que aparece tardiamente, resultado de sinovite 
reacional que acompanha muitas das doenças 
intrínsecas do joelho. O derrame pode estar associado 
aos sintomas de falseio ou travamento, pois é 
consequência do processo irritativo mecânico, comum a 
muitas doenças do joelho. O derrame de origem insidiosa, 
crônico e sem história de problema mecânico sugere 
doença sinovial pura, como na doença reumática. 
Outros Aspectos na anamnese aplicados ao joelho 
Antecedentes 
Nessa fase final do interrogatório, deve ser feita 
investigação dos antecedentes mórbidos. No estudo da 
doença femoropatelar, é muito importante obtermos 
esses dados, pois a luxação recidivante pode ser uma 
doença familiar. 
 
Outras Queixas 
Eventuais queixas em outras localizações devem ser 
pesquisadas. A doença do quadril pode, muitas vezes, 
levar a sintomas para o lado do joelho, caracterizando a 
coxitis knee. Contratura em adução da coxa poderá 
determinar o aparecimento do valgismo do joelho, bem 
como as operações sobre o quadril, particularmente as 
artrodeses; e as próteses que alteram a mecânica do 
membro inferior podem, com o tempo, determinar o 
aparecimento de alterações no joelho. A bilateralidade 
da doença e os sintomas sobre o joelho oposto devem ser 
considerados, pois podem influir na escolha do 
tratamento. 
 
Operações Anteriores 
É importante serem relacionadas, se possível com 
detalhes. Meniscectomia prévia pode ser a causa de 
processo degenerativo artrósico com ou sem desvio 
angular, ou ser o fator importante no desenvolvimento 
sintomático de instabilidade ligamentar já existente e 
negligenciada. O joelho é uma articulação sensível. Diz 
Jack Hughston que o joelho só aceita uma operação, e 
sabemos quão difícil é corrigir uma operação malfeita. 
 
Exame Clínico 
O exame ortopédico divide-se basicamente em três 
etapas: inspeção (estática e dinâmica), palpação e testes 
específicos. 
 
Inspeção 
Paciente em pé 
A inspeção estática inicia-se com a observação do 
paciente em pé, em posição anatômica de frente e perfil, 
e em seguida andando de frente e de costas para o 
examinador. O alinhamento deve ser observado desde a 
cabeça até os pés. 
Na inspeção de frente 
observamos o 
alinhamento dos 
membros inferiores no 
mesmo plano (varo ou 
valgo) ou em dois 
(desvios torcionais), 
alinhamento patelar, 
ângulo “Q”, presença 
de edema, derrame, 
equimoses, atrofias musculares (principalmente do 
Isadora Pedreira- Problema 02. Módulo XXI 
quadríceps, vasto medial oblíquo, gastrocnêmio e tríceps 
sural), alterações dinâmicas nas diferentes fases da 
marcha e presença de deformidades, como, por exemplo, 
o aumento de volume da tuberosidade anterior da tíbia 
decorrente da doença de Osgood-Schlatter. 
O aparecimento 
de deformidade 
laterolateral 
(thrust ou 
flambagem) 
durante a fase de 
apoio da marcha 
pode caracterizar 
afecção 
degenerativa 
artrítica com erosão cartilaginosa e 
desvio em varo do joelho, ou falência 
ligamentar periférica associada à 
lesão do LCA. 
O recurvatum e as limitações da 
extensão do joelho já aparecem nessa 
fase do exame e podem significar 
desde bloqueio articular ou até 
posição em consequência de 
deformidade em flexão do quadril. 
A claudicação é detectada na marcha, e o 
estudo do tempo de apoio na marcha 
separa a decorrente de afecções do 
quadril da do joelho. O sinal de 
Trendelenburg é visível nesse momento 
do exame. 
O estudo do alinhamento patelar deve ser 
iniciado traçando-
se uma linha 
imaginária 
conectando o 
centro da patela à 
espinha ilíaca 
anterossuperior e 
outra em direção da 
inserção do tendão 
patelar na 
tuberosidade 
anterior da tíbia 
(TAT). A medida 
dessa angulação, 
denominada 
ângulo “Q”, é de no máximo 20o , a partir de 20 graus esse 
ângulo é considerado aumentado. 
 
Paciente sentado 
Nessa posição, observa-se a altura da 
patela. Sua posição normal é na frente 
dos côndilos femorais, em 
continuidade com o ligamento 
patelar, com o qual se integra em um 
só braço do aparelho extensor. Se 
estiver alta, ela forma uma angulação 
com o ligamento patelar, 
decompondo a alavanca do 
quadríceps em três braços: o músculo 
quadríceps da coxa, a própria patela 
e o tendão patelar. Ainda se observam o alinhamento do 
tendão patelar e sua inserção na TAT. Nesse momento, 
pede-se ao paciente que estenda o joelho, quando se 
verifica que a patela se movimenta sobre uma linha 
imaginária reta em toda a amplitude. 
Com o paciente deitado e o joelho fletido a 30o, pode-se 
detectar mais facilmente a presença da patela em 
“baioneta”, causadora de possível instabilidade patelar; 
nessescasos, o desvio lateral do tendão patelar, levado 
pela lateralização da TAT, torna-se evidente. Nessa 
posição, mede-se o ângulo “Q” com maior fidelidade, pois 
a patela está colocada totalmente no sulco intercondilar. 
Ainda durante movimento ativo de extensão, o 
examinador verifica a rotação do fêmur e da perna, 
permitindo-se também surpreender tríplice 
deformidade decorrente da anteversão dos colos 
femorais ou torção tibial externa ou interna já verificada 
no exame da marcha. 
O movimento de flexoextensão do joelho permite ao 
examinador sentir o deslizamento da patela no sulco 
troclear e analisar a presença de crepitação (inicial, 
terminal e superior) e eventuais estalidos articulares. A 
crepitação femoropatelar inicial espelhará o contato 
total da cartilagem articular da patela com a tróclea; a 
terminal, a extremidade superior da tróclea com a 
inferior da patela; e a superior, o fundo de saco do 
quadríceps. A crepitação pode ser classificada em leve, 
moderada e grave. 
Essa manobra é 
sentida quando o 
examinador coloca 
sua mão espalmada 
sobre a patela no 
movimento, e pode ser 
sensibilizada quando 
pressiona a patela 
contra a tróclea 
femoral. 
 
Palpação 
Ainda com o paciente sentado, realizamos a palpação dos 
tendões da pata de ganso. Na presença de tendinite, há 
Isadora Pedreira- Problema 02. Módulo XXI 
dor local à flexão resistida, sensibilizada com a rotação 
externa da perna. Palpamos a região posterior do joelho 
para verificar a presença de cistos, dos quais o mais 
comum é o que representa o espessamento da bolsa 
comum do gastrocnêmio e semimembranáceo, 
conhecido como cisto de Baker. Durante a análise da 
região posterior do joelho, merece atenção também a 
palpação da região da fabela e das cabeças lateral e 
medial do gastrocnêmio. Nessa posição sentada é 
observada a movimentação do joelho, pelo menos até 90o. 
A amplitude completa de movimentos é pesquisada com 
o paciente deitado na maca, quando o examinador 
passivamente estende e flete o joelho nos seus limites. No 
caso de limitação da movimentação articular, é 
importante atentar para o ponto de bloqueio chamado de 
end point, que pode ser mole ou duro. Duro quando é 
rígido, em um momento fixo do movimento, como se fosse 
travamento mecânico, ou mole quando esse ponto de 
bloqueio pode ser deslocado para mais ou para menos 
quando os movimentos são forçados pelo examinador. 
Não é raro o bloqueio articular provocado por retração 
ou espasmo do músculo quadríceps, que deve ser 
investigado pela palpação e pela movimentação passiva 
do joelho com o quadril fletido e estendido, nesses para 
afastar a lesão isolada do reto anterior, biarticular. 
No exame com o paciente sentado ainda é verificada a 
tonicidade dos músculos adutores da coxa, 
particularmente nos idosos com desvios axiais do joelho; 
muitas vezes o varismo é acompanhado de nítida 
diminuição da massa muscular desse grupo, facilmente 
detectável de maneira comparativa. A palpação desse 
grupo muscular é feita de maneira comparativa testando 
sua tonicidade quando solicitados à contração para 
comprimir a mão fechada do examinador colocada entre 
os joelhos (sinal de Nicholas) (comunicação pessoal). As 
interlinhas articulares são palpadas com o paciente 
sentado, para verificar dor, estalidos à flexoextensão e 
para a análise da consistência de possíveis cistos locais, 
como os que ocorrem preferencialmente sobre o menisco 
lateral, bem visíveis na hiperextensão do joelho. 
 
Paciente deitado 
Com o paciente deitado em posição supina, verificamos o 
tônus de toda a musculatura da coxa e da perna, em 
especial do quadríceps, cuja atrofia deve estar sempre 
presente nas afecções intrínsecas do joelho e, assim, 
atesta a veracidade das queixas. Observamos os 
contornos musculares da bolsa subquadricipital que, 
desaparecidos pelo aumento de volume da bolsa 
subquadricipital com líquido em seu interior, 
caracterizam o derrame articular. 
A retração da musculatura isquiotibial é avaliada com o 
paciente em posição supina, os quadris a 90º, os joelhos 
também em 90º, quando o examinador estende 
gradualmente o joelho até encontrar resistência ao 
movimento. Nesse ponto, mede-se o ângulo do joelho que 
pode avaliar o grau de retração dessa musculatura, que é 
considerada com boa flexibilidade quando a extensão 
total do joelho for obtida sem resistência. 
A retração do quadríceps é analisada com o paciente 
deitado em posição pronada (DDV), quando os joelhos 
são lentamente fletidos até que se encontre resistência. 
Nesse momento, o paciente bascula a pelve. Nesse ângulo, 
mensura-se a retração. O paciente com boa flexibilidade 
consegue tocar livremente o calcanhar junto à região 
glútea. A retração do tríceps sural é verificada pela 
dorsiflexão passiva do pé com o joelho fletido e estendido 
(o solear é biarticular), bem como pela flexão passiva 
testa-se a elasticidade dos músculos intrínsecos do pé. 
Pacientes corredores de longa distância desenvolvem, 
com frequência, quadro de dor junto à região lateral do 
epicôndilo femoral, devido ao movimento de fricção ou 
atrito da banda iliotibial sobre o epicôndilo femoral 
lateral. Essa 
doença, 
denominada 
síndrome da 
banda 
iliotibial, é 
marcada 
também pela retração e atrito da banda iliotibial ao 
deslizar sobre o côndilo femoral externo. 
Para estudo da retração da banda iliotibial utilizamos o 
teste descrito por Ober. Nesse teste, o paciente deita-se 
em decúbito lateral sobre o lado não lesado. O 
examinador estabiliza a pelve com uma das mãos e com a 
outra controla o membro a ser examinado. O quadril é 
inicialmente abduzido e estendido e em seguida faz-se 
sua adução. A retração da banda iliotibial é demonstrada 
se o quadril permanecer passivamente abduzido. 
Após a análise da elasticidade muscular, iniciamos a 
palpação da articulação femoropatelar junto às facetas e 
extremidades superior e inferior da patela, tuberosidade 
anterior da tíbia e bursas supra e infrapatelares. A 
identificação de pontos e espessamentos dolorosos nas 
porções medial ou lateral da patela pode corresponder à 
presença de plicas sinoviais. 
A dor localizada nos polos proximal e distal da patela 
representa processos inflamatórios do tendão 
quadricipital e do tendão patelar, respectivamente, e é 
característica das tendinites ou entesites locais. A 
palpação do polo distal da patela deve ser feita com uma 
das mãos, enquanto a outra comprime a parte superior da 
patela para basculá-la para expor seu polo distal. 
A patela bipartida também pode ser dolorosa, detectável 
à palpação. Passo importante é a palpação das 
superfícies articulares da patela, que pode ser feita com o 
paciente em decúbito ventral e o joelho em extensão, 
quando o examinador desloca a patela lateralmente com 
os quatro dedos da mão e palpa a superfície articular com 
o polegar; com essa manobra, torna-se fácil o acesso à 
faceta articular lateral. A palpação da faceta medial é 
mais difícil pela dificuldade de se medializar a patela. 
Isadora Pedreira- Problema 02. Módulo XXI 
Uma vez realizada a palpação da patela, prosseguimos 
com sua compressão sobre o sulco femoral, com o joelho 
em extensão, e em flexão de 25º -30º . Nesse teste, 
denominado teste da compressão patelar (patellar 
compression test), a dor e a crepitação refletem 
condromalacia, artrose ou instabilidade femoropatelar. 
Se com uma das mãos comprimimos a patela para 
deslocá-la para baixo e pedirmos para o paciente 
contrair o quadríceps, se houver comprometimento da 
cartilagem articular de revestimento, condromalacia ou 
lesão condral, o paciente referirá muita dor. 
A mobilização lateral e medial da patela em extensão e em 
30º de flexão permite avaliar o grau de tensionamento 
exercido pelos retináculos medial e lateral, 
respectivamente. Esse teste é denominado teste da 
inclinaçãopatelar (passive patellar tilt test). 
Quando a patela apresenta grau de mobilidade lateral 
maior que o normal, detecta-se luxação ou subluxação 
patelar. Esse teste pode ser acompanhado de sensação de 
apreensão por parte do paciente, que tenta impedir que o 
examinador “tire sua patela do lugar”; é o sinal da 
apreensão descrito por Smille e que caracteriza a luxação 
recidivante da patela. 
 
Paciente deitado em decúbito ventral 
Finalizando o exame, com o paciente deitado em posição 
pronada, avaliamos a anteversão do colo femoral, 
medindo o grau de rotação interna do quadril. O aumento 
excessivo da rotação interna com diminuição 
proporcional da rotação externa caracteriza a 
anteversão do colo femoral. A anteversão dos colos, pela 
torção interna do fêmur e externa da tíbia, determina 
aumento do ângulo “Q”, que pode levar à instabilidade 
femoropatelar. Ainda nessa posição, em decúbito 
ventral, consegue-se palpar a superfície articular da 
patela. Para isso, basta basculá-la para levá-la 
lateralmente. 
 
Testes específicos 
Testes meniscais 
Teste de McMurray 
Descrito para a identificação das lesões dos cornos 
posteriores dos meniscos. Com o paciente deitado em 
posição supina, os quadris a 90º e os joelhos em flexão 
máxima, o examinador ao lado do joelho a ser examinado 
palpa as interlinhas articulares com uma das mãos e, com 
a outra, segura o pé do paciente, provocando movimentos 
de rotação interna e externa da perna, alternadamente. A 
presença de dor, com ou sem estalidos, junto à interlinha 
articular medial após rotação externa, pode caracterizar 
lesão do menisco medial. Quando se realiza rotação 
interna com sintomatologia junto à interlinha articular 
lateral, pode-se estar diante de uma lesão do menisco 
lateral. 
Teste de Appley 
Pode ser considerado uma modificação do teste de 
McMurray. Realizado com o paciente deitado em posição 
pronada, inicia-se a flexão do joelho com o quadril em 
extensão, aplica-se compressão axial junto ao pé e 
rotação externa da perna até o ponto da angulação em 
que o paciente refira dor. A manobra é repetida com a 
rotação da perna oposta e realizada novamente 
aplicando força de distração em vez de compressão. 
As lesões meniscais são caracterizadas pela presença de 
dor ou estalidos junto às interlinhas articulares durante a 
fase de compressão de teste, para o menisco medial em 
rotação externa da perna e para o lateral em rotação 
interna. A contraprova da positividade do teste faz-se 
quando se repete a manobra aplicando força de 
distração, quando a dor desaparece ou diminui de 
intensidade. O teste de Appley pode tornar-se de valor 
duvidoso quando se examina um joelho edemaciado ou 
com doença femoropatelar, devido à pressão exercida no 
joelho pela mesa de exame. 
 
Teste de Steinmann 
Com o paciente sentado sobre a mesa, com os joelhos 
fletidos a 90o e pendentes, faz-se 
rotação externa e interna da perna, 
segurando pelo pé. A presença de dor 
ou estalido junto à interlinha articular 
é sinal de lesão do menisco 
correspondente. 
Todos esses testes que dependem da 
rotação da tíbia para ser realizados 
podem apresentar limitações. A 
Isadora Pedreira- Problema 02. Módulo XXI 
presença de lesão do ligamento colateral também pode 
provocar o mesmo quadro de dor que, no entanto, 
diminui com o passar dos dias. 
 
Sinal de Smillie 
A palpação das interlinhas articulares também é 
importante na avaliação das lesões meniscais. As lesões 
do corno posterior do menisco medial frequentemente 
causam dor junto à interlinha medial, ao contrário das 
afecções patelares que podem causar dor nas regiões 
anterior e medial. As lesões do menisco lateral, por sua 
vez, podem causar dor junto às regiões anterior e lateral 
do joelho. A dor à palpação da interlinha correspondente 
é o sinal de Smillie para a lesão meniscal. 
 
Marcha de pato 
Com o paciente agachado no chão, pedimos que ele dê 
alguns passos. Na lesão do corno posterior do menisco 
medial, há dor que impede o paciente de executar o 
movimento (Figura 12.26). 
 
Testes de função ligamentar 
Teste de Lachman 
(teste de Richey) 
Com o paciente 
posicionado em 
decúbito dorsal 
horizontal (DDH) 
e com o joelho 
fletido a 30º, o 
examinador 
segura com uma das mãos a região supracondilar do 
fêmur e, com a outra, a região superior da tíbia e provoca 
movimento antagônico com cada uma das mãos, uma 
para a frente e a outra para atrás, a fim de fazer o 
deslizamento de uma superfície articular sobre a outra. 
Quando a tíbia se desloca para a frente, o sinal é positivo 
para lesão do ligamento cruzado anterior (LCA), e 
quando se desloca para trás, para lesão do ligamento 
cruzado posterior (LCP). 
 
Teste da gaveta anterior 
Usado para detectar 
lesão do ligamento 
cruzado anterior e, 
eventualmente, a 
associação com 
eventual componente 
periférico. Ele é 
pesquisado com o 
paciente na mesa de 
exame em DDH, com o 
joelho em 80º de flexão. O examinador apoia o pé do 
paciente e, com ambas as mãos colocadas na região 
posterior do terço superior da tíbia do paciente, traciona-
a para a frente provocando deslizamento anterior da 
perna sobre a coxa. Nesse movimento, movimento da 
gaveta, usando os dois polegares sobre o rebordo tibial 
medial e lateral o examinador mensura o avanço anterior 
da tíbia nos dois lados, sensibilizando o sinal da gaveta 
como predominantemente medial ou lateral. 
O teste da gaveta anterior deve ser pesquisado nas três 
rotações da perna (interna, neutra e externa) e, para 
mantê-las na posição, o examinador pode sentar sobre o 
pé do paciente, estabilizando, dessa forma, a tíbia e a 
rotação. 
A instabilidade rotatória anteromedial é demonstrada 
quando a pesquisa do sinal da gaveta anterior com a tíbia 
rodada externamente determina anteriorização da 
perna maior do lado medial. Da mesma forma, com a tíbia 
em rotação neutra, pode-se observar quando um 
deslocamento anterior da tíbia é igual em ambos os lados, 
o que caracteriza instabilidades anteromedial e 
anterolateral combinadas; se, todavia, nessa mesma 
posição, o lado lateral se anterioriza mais, tratar-se-á de 
instabilidade anterolateral isolada. 
A sensibilidade desse teste permite detectar, junto com a 
lesão do LCA, as eventuais lesões periféricas 
coexistentes. A pesquisa do teste da gaveta anterior em 
rotação interna máxima é negativa para a lesão do LCA, 
só se positivando quando há lesão do LCP. Muitas vezes, o 
teste da gaveta anterior pode estar bloqueado pela 
presença de lesão meniscal em “alça de balde” 
interposta. Outra situação que merece cuidado por parte 
do examinador é na presença de lesão do LCP, quando a 
tíbia poderá estar posteriorizada; nesse caso, a redução 
dessa posteriorização poderá ser confundida com o sinal 
da gaveta anterior positivo. 
 
Teste da gaveta posterior 
Verifica a integridade do LCP, sendo pesquisado em 
rotação neutra da perna com o paciente posicionado da 
mesma forma que para o teste da gaveta anterior, com o 
joelho em 80º ou 90º de flexão, e o examinador apoiando 
o pé do paciente. Nessa posição, o examinador empurra 
para trás a perna e, com ambas as polpas digitais 
colocadas sobre o rebordo anterior dos planaltos tibiais, 
sente os movimentos posteriores dos dois lados, medial e 
lateral. Se o lado lateral da perna se posterioriza 
isoladamente, trata-se de instabilidade posterolateral, 
mas, se o faz de ambos os lados, o teste é positivo para 
lesão do LCP. A contraprova necessária é a 
posteriorização da perna quando em rotação interna, 
característica da lesão do LCP, a qual pode ser 
reconhecida também quando o paciente se posiciona 
para a pesquisa do teste e verifica-se posteriorização 
espontânea da tíbia (comparada ao lado oposto). A partir 
Isadora Pedreira- Problema 02. Módulo XXI 
dessa mesma posição, pede-se ao paciente que realizecontração ativa do quadríceps, quando se observa 
redução da posteriorização da tíbia pela ação do 
quadríceps (quadriceps active test). 
 
Teste da gaveta posterolateral 
Pesquisado da mesma maneira que o teste da gaveta 
posterior. Possibilita a verificação de deslizamento 
posterior do tipo rotatório, do côndilo tibial lateral 
acompanhado da cabeça da fíbula. Esse descolamento 
posterior é neutralizado quando se colocam o pé e a 
perna em rotação interna forçada. 
 
Teste de Jerk (teste do ressalto) 
Esse teste é usado para as lesões do LCA. Em sua pesquisa, 
reproduz-se a subluxação anterior da extremidade 
superior da tíbia que se reduz imediatamente pela força 
de tração do trato iliotibial que puxa a tíbia para trás. O 
teste de Jerk (teste de Hughston) é pesquisado com o 
paciente deitado em DDH, com seu membro inferior 
colocado em 45º de flexão do quadril e 90º de flexão do 
joelho. O examinador, com uma das mãos, segura o pé ou 
a perna em rotação interna e, com a outra, pressiona o 
terço superior externo da perna para a frente, fazendo 
discreto valgo do joelho; nessa posição, o joelho estende-
se lenta e progressivamente até o momento em que se 
nota ressalto articular repentino, que é subluxação 
anterolateral do joelho, o qual se mantém subluxado até 
sua extensão total. 
 
Teste do pivot-shift (teste de Mclntoch) 
Pesquisa-se a partir da posição final do teste de Jerk, com 
o joelho estendido e a tíbia subluxada anteriormente. 
Nessa posição, inicia-se lentamente a flexão quando, em 
torno dos 30º a 50º, será percebida redução repentina da 
subluxação anterior. É positivo na lesão do LCA. 
Teste do pivot-shift reverso (teste de Jakob) 
O joelho é fletido com uma força de abdução aplicada à 
tíbia em rotação externa, estando o quadril em rotação 
interna. Nessa posição, se houver instabilidade 
posterolateral, a tíbia se deslocará para trás sobre o 
côndilo femoral lateral, com subluxação, que é reduzida 
na extensão do joelho. 
 
Teste de rotação externa-recurvado (RRE) 
Pesquisado com o paciente em posição supina na mesa de 
exame. O examinador toma primeiro um dos pés e depois 
o outro, pelo hálux, e eleva ambos os pés em posição de 
hiperextensão do joelho, e cada joelho é observado 
quanto ao grau de recurvado, de rotação externa da 
perna e aparente tíbia vara. No RRE positivo, a tíbia está 
rodada externamente com aparente subluxação 
posterior do rebordo tibial lateral em relação ao côndilo 
femoral lateral, característico da instabilidade 
posterolateral. 
 
 
Hiperextensão ou recurvado 
Pesquisado com o paciente deitado. Levantando-se seu 
membro inferior pelo pé, verificamos o recurvado, o qual 
é medido em graus e sempre de maneira comparativa. 
Posteriorização passiva da tíbia a 90º (90º sag test – teste 
de Godfrey) 
Teste utilizado para a análise da integridade do LCP, é 
realizado mantendo-se o quadril em 90º , com o joelho 
também em 90º. O examinador mantém a perna nessa 
posição para o relaxamento do quadríceps. Caso haja 
lesão do LCP, a tíbia subluxa posteriormente, criando- -se 
um degrau junto ao planalto tibial medial. 
 
Teste da abdução (valgo) 
É muito importante nesse teste que o paciente esteja 
totalmente relaxado, com o quadril em 0º de extensão, e a 
coxa, totalmente apoiada sobre a mesa de exame. Quando 
se faz a manobra de abdução da perna provocando valgo 
do joelho, a abertura da interlinha articular, patológica, 
poderá ser detectada pela palpação digital. A 
positividade desse teste em hiperextensão pode 
significar lesão do LCP, e em 0º e em 30º, lesão periférica 
medial. A lesão do LCA associada determina maior 
abertura da interlinha articular. A instabilidade 
associada à lesão do ligamento colateral medial pode ser 
classificada em três tipos, leve, moderada e grave, e 
caracterizada de acordo com o grau de abertura da 
interlinha articular. As aberturas entre 0 e 5mm 
representam as instabilidades leves; as aberturas entre 5 
e l0mm, as instabilidades moderadas; e aquelas maiores 
que l0mm caracterizam as instabilidades graves. Esse 
teste deve ser praticado em hiperextensão, 0º de 
extensão e 5º de flexão do joelho. 
 
Teste da adução (varo) 
Pesquisado de forma análoga ao teste anterior em 
hiperextensão, em 0o e em 30o de flexão do joelho. O 
examinador, segurando com uma das mãos o pé ou o 
tornozelo e com a outra apoiada na face medial do joelho 
sobre o côndilo femoral medial, força a adução da perna 
e do pé e avalia a abertura da interlinha articular. Esse 
teste também poderá ser classificado, como no anterior, 
em leve, moderado e grave. Deve-se notar que, na maioria 
das vezes, esse teste, quando pesquisado em 30º, aparece 
com + de positividade, fisiológica para o joelho valgo 
normal do homem. 
Os testes de função ligamentar espelham um estado de 
frouxidão articular que, correlacionado com a história, 
determina o diagnóstico de instabilidade ligamentar, 
portanto, nada mais do que a representação clínica de 
frouxidão sintomática. 
 
Isadora Pedreira- Problema 02. Módulo XXI 
Artrose do joelho 
A definição da osteoartrite é ainda um grande desafio. 
Substanciais diferenças na prevalência e incidência 
dessa doença podem ocorrer, se para sua definição forem 
utilizadas apenas alterações radiográficas, sintomas ou 
uma combinação de ambos. Com base nas atuais 
evidências, a osteoartrite – artrose ou osteoartrose – é, 
geralmente, uma doença progressiva nas articulações 
sinoviais que representa a falha no reparo de danos 
articulares resultantes de estresses que podem ter 
iniciado por anormalidades em qualquer dos tecidos 
articulares, incluindo cartilagem articular, osso 
subcondral, ligamentos, meniscos (quando presentes), 
músculos periarticulares, nervos periféricos ou sinóvia. 
Isso, por fim, resulta no colapso da cartilagem e do osso, 
causando sintomas de dor, rigidez e incapacidade 
funcional. As definições radiológicas utilizam-se de 
classificações com base na presença de osteófitos, 
diminuição do espaço articular ou combinação de ambos. 
 
Epidemiologia 
A osteoartrite é a forma mais comum de doença articular. 
A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que 10% 
da população mundial acima de 60 anos apresenta 
graves problemas clínicos decorrentes da osteoartrite. A 
prevalência da doença como um todo é muito 
correlacionada com a idade. Independentemente de 
como ela é definida, é incomum em adultos abaixo de 40 
anos e de grande prevalência em indivíduos acima de 60 
anos. Nas mulheres, especialmente após os 50 anos, a 
osteoartrite é mais prevalente do que nos homens e tem 
distribuição mais difusa. A população brasileira de 
indivíduos acima de 60 anos está aumentando muito. 
Haverá, portanto, grande aumento do número de casos de 
osteoartrite, considerando que sua prevalência tem 
relação direta com o aumento da idade da população. 
 
Etiologia 
A osteoartrite pode ser dividida em primária (idiopática) 
ou secundária. A forma idiopática pode ser classificada 
em localizada ou generalizada (quando acomete três ou 
mais articulações). É possível dividir a osteoartrite 
idiopática do joelho em compartimento medial, 
compartimento lateral e compartimento patelofemoral. 
 
Quadro clínico 
A dor na artrose primária é do tipo mecânica. Essa dor 
inicia logo pela manhã devido à imobilidade do período 
noturno, apresenta momentos de melhora durante o dia e 
torna-se pior à tarde, devido aos esforços. É a dor 
relacionada ao movimento. Apresenta início insidioso e 
incapacidade progressiva. No início da patologia, os 
sintomas estão relacionados à prática de esforço físico e, 
com a evolução, a dor aparece mesmo em repouso. É 
frequente a presença de crepitação e derrame de 
repetição. O aumento da idade piora o quadro clínico das 
artroses primária e secundária. Em 1986, o American 
College of Rheumatology estabeleceu uma lista decritérios diagnósticos para a osteoartrite dos joelhos. 
Esses critérios são os mais usados atualmente para 
definir um paciente como portador de osteoartrite e 
possuem boa reprodutibilidade. 
 
Critérios radiológicos 
Em 1957, Kellgren e Lawrence propuseram uma 
classificação radiológica da osteoartrite baseados nas 
seguintes características radiológicas, consideradas 
evidências da doença: 
• Formação de osteófitos nas margens da articulação ou, no 
caso dos joelhos, nas espinhas tibiais. 
• Ossículos periarticulares. 
• Estreitamento da cartilagem articular em associação com 
esclerose do osso subcondral. 
• Pequenas áreas pseudocísticas com paredes escleróticas 
geralmente situadas no osso subcondral. 
• Forma alterada das margens ósseas. 
• Os autores, então, classificaram a osteoartrite em cinco 
graus: 
• Grau 0: nenhuma 
• Grau 1: duvidosa 
• Grau 2: mínima 
• Grau 3: moderada 
• Grau 4: grave 
• Portanto, o grau 0 indica ausência de alterações 
radiográficas de osteoartrite, e o grau 2 indica que a doença 
está presente, com acometimento mínimo. Em 1968, 
Ahlback elaborou uma classificação radiológica que, 
depois, foi modificada por Keyes e colaboradores. 
Isadora Pedreira- Problema 02. Módulo XXI 
 
As radiografias simples 
são os principais exames 
de imagem utilizados 
para diagnóstico da 
artrose e para o 
planejamento cirúrgico. 
As radiografias devem 
ser realizadas em 
anteroposterior com 
apoio monopodal, perfil 
em 30º e incidência de 
Rosenberg. Na 
incidência de Rosenberg, 
o joelho está em 45º de flexão (com carga) e sua face 
anterior apoiada no chassi; os raios têm incidência 
posteroanterior, inclinação podal de 10º e estão 
afastados em um metro do chassi. A radiografia 
panorâmica dos membros inferiores também é de 
fundamental importância para a avaliação correta dos 
eixos anatômico e mecânico dos membros inferiores. 
Sabe-se que o mau alinhamento do membro inferior é 
grande fator de risco para progressão da doença, sendo 
que o alinhamento em varo aumenta o risco de artrose no 
compartimento medial e o alinhamento em valgo no 
compartimento lateral. 
Diagnóstico funcional 
O ortopedista não deve basear sua conduta considerando 
apenas o diagnóstico radiológico, pois a correlação entre 
a alteração radiográfica e a sintomatologia é fraca. É 
necessário um diagnóstico mais preciso sobre a 
verdadeira capacidade funcional do paciente e o 
impacto que a doença está causando sobre sua qualidade 
de vida. O diagnóstico funcional é feito por meio de 
questionários de dor, função e qualidade de vida, além de 
testes de desempenho. Uma maneira simples de objetivar 
o tamanho da dor do paciente é aplicando a escala visual 
da dor. Para avaliação da qualidade de vida, existem 
alguns questionários que podem ser usados, como o SF-
36. Pode-se avaliar a função com questionários de função 
reportada, como WOMAC, KSS, KOOS, Lequesne, ou 
ainda com testes de desempenho, destacando-se os testes 
de “caminhada de seis minutos”, “sentar e levantar”, 
“sentar, caminhar e voltar a sentar”. Assim, é possível ter 
maior percepção sobre a extensão da limitação gerada 
pela doença, além da definição mais precisa dos alvos 
terapêuticos, ou seja, alterações que permitem 
intervenção, sejam elas não farmacológicas, 
farmacológicas ou cirúrgicas. 
 
Fisiopatologia 
Fatores de risco, como gênero, idade, trauma, uso 
excessivo, genética e obesidade contribuem para iniciar 
o processo de lesão nos diferentes componentes da 
articulação. Os processos bioquímicos causadores da 
osteoartrite envolvendo a cartilagem, o osso e a sinóvia 
podem agir em conjunto e destruir esses mesmos três 
componentes. Já é bem estabelecido que a cartilagem, o 
osso e a sinóvia são os três principais tecidos atingidos 
pelos mecanismos patológicos da osteoartrite. A 
cartilagem recebe mais atenção no estudo da osteoartrite 
devido à grosseira destruição encontrada em espécimens 
patológicos e estudos de imagem e também por conta da 
imensa quantidade de processos biológicos nela 
ativados. Eventos chave que ocorrem na cartilagem 
incluem o desbalanço metabólico e o surgimento de 
sinalizadores de degradação, estimulados por cascatas 
de citocinas, e a produção de mediadores inflamatórios. 
Diversos estudos têm focado o papel do osso subcondral 
na patogênese da osteoartrite. Apesar de grosseiras nos 
estágios finais, com a formação de osteófitos e 
deformidades, as mudanças ósseas ocorrem cedo no 
curso da doença. Em estudos radiográficos, o aumento do 
turnover do osso subcondral ocorreu até cinco anos antes 
do aparecimento de alterações radiográficas. A sinovite 
ocorre mesmo nos estágios iniciais da osteoartrite e pode 
ser subclínica. Estudos artroscópicos demonstram 
alterações na sinóvia em até 50% dos pacientes com a 
doença, muitos dos quais não apresentavam sinais 
clínicos de sinovite. Técnicas mais novas utilizando RM 
de alta resolução têm demonstrado que a inflamação 
sinovial é mais comum do que se imaginava. A 
comunidade internacional ainda se encontra muito 
dividida quanto ao exato mecanismo da doença. Trata-se 
de patologia complexa resultante de uma interação de 
diversas causas e fatores. Considerar o problema como 
puramente mecânico ou puramente inflamatório parece 
uma tentativa de simplificar algo que não é simples. 
Tendinite patelar 
Também conhecida como “joelho do saltador”, costuma 
acometer a inserção proximal do ligamento da patela no 
polo inferior da patela. 
Isadora Pedreira- Problema 02. Módulo XXI 
Etiologia 
É uma causa frequente de dor anterior no joelho em 
atletas que praticam vôlei, basquete, futebol, corridas de 
longas distâncias e tênis. Geralmente, é ocasionada por 
excesso ou inadequação de treinamento. Alguns autores 
consideram os desvios angulares e rotacionais dos 
membros inferiores como fatores predisponentes. 
Fisiopatologia 
De acordo com o conceito clássico, a tendinite ocorre por 
sobrecarga crônica sobre o tendão. As fibras tendinosas 
anteriores são as mais solicitadas por sobrecarga em 
função de seu comprimento e sua disposição anatômica, 
mas, na maioria dos casos, a tendinite acomete as fibras 
mais posteriores do tendão. Estudos recentes mostram 
que as fibras posteriores sofrem sobrecarga apenas em 
determinado grau de flexão, mas podem sofrer 
compressão exercida pelo polo inferior da patela. 
A investigação histopatológica da tendinite crônica 
evidencia uma área de microlesões na face posterior do 
tendão, com degeneração tecidual e neovascularização, 
sem a presença de células inflamatórias. Diante disso, a 
denominação mais adequada seria tendinose, não 
tendinite. 
História clínica e exame físico 
O paciente, inicialmente, queixa-se de dor anterior que 
se manifesta ou piora após algum tempo de atividade 
física. O início da dor é insidioso e coincide com o 
aumento da intensidade dessa atividade. Com a piora do 
quadro, a dor pode ocorrer durante as atividades de vida 
diária ou ser constante. Correlacionando a manifestação 
da dor e a atividade física, Blazina e colaboradores 
dividiram a sintomatologia em cinco estágios: 
o Estágio I. Dor somente após atividade intensa, sem 
comprometer a performance. 
o Estágio II. Dor no início e após atividades 
esportivas, mas ainda é possível manter nível 
satisfatório. 
o Estágio III. Dor durante atividade esportiva, com 
aumento da dificuldade em manter nível 
satisfatório. 
o Estágio IV. Dor durante atividade esportiva, 
incapaz de manter a performance e o nível 
satisfatório. 
o Estágio V. Dor durante atividades diárias, incapaz 
de praticar esportes. 
Ao exame do joelho, observa-se dor e discreto 
intumescimento na região proximal do ligamento 
patelar, junto ao polo inferior da patela. 
Exames por imagem 
A ultrassonografia e a RM geralmente mostram a lesão no 
interior do tendão, mas não conseguemprecisar o grau de 
ruptura das fibras tendíneas. Achados positivos nem 
sempre estão relacionados à clínica, pois podem ser 
observados em pacientes assintomáticos. 
Osteonecrose idiopática do joelho 
As epífises do joelho adulto podem ser acometidas por 
lesões dolorosas que surgem espontaneamente, mas com 
menor frequência que as do quadril. As lesões epifisárias 
podem ser divididas em duas categorias: a osteonecrose 
secundária ou necrose avascular e um grupo de lesões 
que cursam com edema do osso medular. Nessa última 
categoria, estão incluídas entidades diferentes que 
podem evoluir para colapso articular, como a 
osteonecrose espontânea, e condições que costumam 
apresentar bom prognóstico e resolução espontânea com 
o tratamento conservador. 
 
Osteonecrose secundária 
Aspectos clínicos 
O joelho é a terceira articulação mais envolvida pela 
osteonecrose secundária, depois do quadril e do ombro. 
Sua manifestação ocorre entre a quarta e a quinta década 
de vida, mas depende principalmente da doença de base 
ou dos fatores predisponentes. É secundária aos mesmos 
fatores de risco do quadril, embora a associação com 
fraturas complexas ou luxação seja rara. As condições 
predisponentes incluem uso de corticoide, alcoolismo, 
hiperuricemia, distúrbios do tecido conjuntivo (lúpus), 
hemoglobinopatias, infecção por HIV, entre outras. Áreas 
de isquemia podem estar presentes nas epífises de ambos 
os côndilos femorais ou platôs tibiais, mas são mais 
frequentes nas metáfises e diáfises. Em geral, 
permanecem clinicamente ocultas por longo tempo, 
sobretudo as da metáfise e diáfise, que, às vezes, regridem 
com o tempo. Na forma epifisária, os sintomas surgem de 
forma tardia e gradual, podendo indicar que o osso 
subcondral está em iminência de fratura. 
 
Patogênese 
À semelhança do quadril, é provável que a necrose se 
desenvolva em resposta ao infarto vascular da medula 
óssea. Os mecanismos do infarto vascular incluem 
trombose intravascular ou embolismo, alterações 
intrínsecas dos vasos ou compressão extravascular 
causada pelo aumento da pressão em um compartimento 
ósseo rígido. 
 
Aspectos de imagem 
Radiografias 
As áreas de infarto são escleróticas e circundadas por um 
anel serpiginoso de osso esclerótico. Pode ocorrer 
discreta reação periosteal na metáfise. Os sinais 
clássicos da osteonecrose secundária epifisária 
avançada, que aparecem geralmente no início dos 
sintomas, são depressão com perda da esfericidade e 
sinal em crescente (área radioluscente subjacente à placa 
subcondral). Nos estágios tardios, a deformidade 
epifisária pode causar artrose secundária e torna-se 
Isadora Pedreira- Problema 02. Módulo XXI 
difícil distingui-la da deformidade causada pela artrose 
primária. 
 
Cintilografia 
A sensitividade do Tc-99 limita-se à fase pré-colapso, 
antes do aparecimento dos sintomas. No estágio pós-
colapso, sua baixa especificidade é de pouco auxílio. 
Ressonância magnética 
Em T1, as observações mais comuns são lesões 
geográficas de intensidade de sinal variado circundadas 
por anel de baixa intensidade de sinal (interface reativa 
entre medula viável e não viável). Quando evolui para 
necrose epifisária e colapso progressivo, aparece edema 
medular ao redor do infarto, borrando seus limites, e 
fratura do osso subcondral com depressão da sua placa. 
Lesões que envolvem um terço ou metade do côndilo no 
plano coronal, ou o terço médio ou posterior no plano 
sagital, apresentam maior risco de colapso. 
 
Osteonecrose espontânea – fratura por insuficiência do 
osso subcondral 
A osteonecrose espontânea, descrita por Ahlback em 
1968, é muito diferente da osteonecrose secundária em 
seus aspectos clínicos e, sobretudo, de imagem de RM. 
 
Aspectos clínicos 
Ocorre com mais frequência após a sexta década de vida 
e em mulheres (3:1), sem relação com doença sistêmica ou 
metabólica ou com agentes terapêuticos. A obesidade 
favorece seu aparecimento. Acomete, em geral, um joelho 
e, de preferência, a área de carga do côndilo femoral 
medial (90% dos casos). Seu aparecimento é súbito, 
fazendo o paciente lembrar exatamente o momento em 
que teve início. A dor é intensa, incapacitante e 
persistente, não melhorando com o repouso. 
 
Aspectos das imagens 
Radiografia 
As radiografias iniciais apresentam alterações em 
apenas 10 a 43% dos casos. As alterações observadas 
podem servir para estadiamento da lesão, que parece 
ocorrer em cascata, gerando colapso articular. As lesões 
que atingem 40 a 50% do côndilo ou têm área maior que 5 
cm2 evoluem rapidamente para artrose. 
o Estágio I. Raio X normal. 
o Estágio II. Achatamento leve ou depressão focal 
tênue da placa de osso subcondral sem 
estreitamento articular. 
o Estágio III. Colapso epifisário focal, consistindo 
de depressão franca da placa de osso subcondral 
ou sinal em crescente radioluscente subcondral, 
algumas vezes envolvida por área de discreta 
esclerose no osso subcondral. 
o Estágio IV. Igual ao estágio III, com evidente halo 
esclerótico periférico. 
o Estágio V. Deformidade epifisária, progredindo 
com o tempo e resultando em artrose. 
 
Cintilografia 
Mostra captação aumentada no osso subcondral, mas é 
totalmente inespecífica. 
 
Ressonância magnética 
O edema medular mostra intensidade baixa de sinal em 
T1 e intermediária ou alta em T2, intensificando-se após 
injeção de contraste. Ele é mal delimitado e não é 
circundado por um anel. O achado mais específico da 
osteonecrose espontânea é área focal de intensidade de 
sinal baixa em T2, adjacente à placa de osso subcondral. 
Áreas mais espessas que 4 mm e mais longas que 14 mm ou 
com superfície maior que 3 cm2 são patognomônicas. O 
exame microscópico da área necrótica revela debri 
celular e osso trabecular espessado e colapsado, arranjo 
irregular de calo de fratura, cartilagem reativa e tecido de 
granulação. Achados frequentes, mas inespecíficos, são 
achatamento da placa de osso subcondral (na área de 
carga) e linhas de fratura no osso subcondral, acima da 
placa (78%). Existem casos nos quais não se forma área de 
necrose abaixo da linha de fratura. Essas situações, em 
geral, evoluem bem com tratamento conservador, pois, 
provavelmente, são formas mais benignas da condição. É 
frequente a associação com lesão meniscal, em particular 
as radiais do corno posterior com extrusão maior de 3 
mm, e com meniscectomia. Alguns autores consideram a 
osteonecrose secundária à artroscopia como uma 
terceira forma dessa patologia. 
 
 
Isadora Pedreira- Problema 02. Módulo XXI 
Patogênese 
Atualmente, a hipótese mais aceita para o surgimento da 
osteonecrose espontânea é a microtraumática. O 
impacto repetido ou o estresse na placa epifisária e rede 
trabecular subjacente podem produzir microfraturas do 
osso trabecular, ainda mais se estiver fraco por 
osteopenia. O acúmulo das microfraturas e a falha no 
processo de reparação podem causar destruição do osso 
subcondral e, finalmente, ao colapso da placa sucondral. 
Essa hipótese é sustentada pelas evidências clínicas, de 
imagens de RM (já descritas) e histológicas. A histologia 
mostra área limitada de necrose subcondral, interposta 
entre a fratura subcondral (linha de fratura com calo 
associado, cartilagem reativa e tecido de granulação 
paralelo à superfície articular) e a placa de osso 
subcondral, o que sugere que a fratura foi o evento inicial. 
Dessa forma, o nome mais apropriado seria “fratura por 
insuficiência do osso subcondral”, não osteonecrose 
espontânea. 
 
Luxação do joelho 
O joelho é uma articulação que realiza basicamente a 
flexoextensão e uma discreta rotação para “travá-lo” e 
“destravá-lo” durante a execução deste movimento. Esta 
é uma das articulações do esqueleto apendicular mais 
estáveis já que possui um vigoroso complexo ligamentar, 
formado pelos ligamentos cruzado anterior,cruzado 
posterior, colateral medial e colateral lateral. 
Pela sua estabilidade intrínseca, a luxação do joelho só 
ocorre após traumas de alta energia, exemplificados nos 
acidentes automobilísticos ou queda de grandes alturas, 
e sempre cursa com ruptura de pelo menos três 
ligamentos (os dois cruzados e pelo menos um colateral). 
A incidência de luxação do joelho (considerada uma 
entidade rara) é subestimada, já que em até 50% dos casos 
há redução espontânea logo após o acidente, 
apresentando-se apenas com a rotura poliligamentar. 
A luxação anterior é o tipo mais comum (FIGURA 6), 
causada por trauma de hiperextensão, quando o fêmur 
desloca-se posteriormente a tíbia anteriormente. Outros 
tipos são: luxação posterior (FIGURA 6), a segunda mais 
comum; lateral, medial e rotatória. 
A lesão neurovascular é muito frequente!! A lesão da 
artéria poplítea (FIGURA 6) é encontrada em 35-45% dos 
casos, predispondo à isquemia da perna, com risco de 
amputação. 
A lesão do nervo fibular comum (FIGURA 6) ocorre em 25-
35% dos casos, podendo levar à síndrome do “pé caído”. 
São relativamente comuns as fraturas associadas, 
geralmente as do platô tibial. A apresentação clínica é de 
um paciente com dor e grande tumefação do joelho 
(hemartrose), além de impotência funcional da 
articulação e instabilidade em valgo e varo. O diagnóstico 
é firmado pelas radiografias em AP e perfil (FIGURA 6). 
O tratamento preconizado, a princípio, é a redução 
fechada por manipulação, sob analgesia opioide 
(FIGURA 6), possível na maioria dos casos, tracionando-
se a perna e empurrando anteriormente o fêmur (na 
luxação anterior) ou a tíbia (na luxação posterior). Em 
alguns casos, a redução fechada só é possível no centro 
cirúrgico sob anestesia geral ou regional. No tipo 
combinado posterolateral de luxação, a redução deve ser 
cruenta (aberta). 
 Após a redução, radiografia de controle deve ser feita e o 
status vascular imediatamente avaliado: sinais de 
isquemia indicam cirurgia de reparo vascular, realizada 
em caráter emergencial (ideal: em até seis horas, caso 
contrário, há grande risco de amputação!). 
Mesmo sem sinais isquêmicos, uma arteriografia pós-
redução é rotineira, pois há casos de trombose 
progressiva com amputação tardia. O joelho reduzido 
deve ser imobilizado em semiflexão numa órtese 
funcional de joelho (figura seguinte) por seis semanas 
(nas quais o paciente andará com muletas). A rigidez do 
joelho é uma complicação frequente. 
O reparo dos ligamentos costuma ser realizado, se 
necessário, após três semanas do trauma e após avaliação 
da lesão por uma RM. 
 
Lesões ligamentares 
O joelho é uma articulação de flexoextensão que possui 
quatro ligamentos estabilizadores e dois meniscos. 
As lesões ligamentares são classificadas em: 
• Grau I (estiramento sem rotura ou instabilidade), 
• Grau II (rotura parcial, com instabilidade 
parcial) e 
Isadora Pedreira- Problema 02. Módulo XXI 
• Grau III (rotura completa com instabilidade 
total). 
As lesões grau I (entorses do joelho) são tratadas sempre 
conservadoramente e o prognóstico é excelente, 
enquanto as lesões grau II ou III podem trazer 
instabilidade ao joelho e devem ser abordadas de forma 
individualizada. 
 
Lesão do Ligamento Cruzado Anterior (LCA) 
O Ligamento Colateral Medial (LCM) e o Ligamento 
Cruzado Anterior (LCA) são os responsáveis pela maior 
parte das lesões ligamentares do joelho, podendo 
inclusive serem lesados ao mesmo tempo. 
O LCA é o principal estabilizador do joelho contra a 
translação anterior da tíbia sob o fêmur e contra a 
rotação externa do fêmur sobre a tíbia, tendo também 
importante contribuição (juntamente com o LCM) na 
estabilização contra o estresse em valgo (angulação do 
joelho com o tornozelo voltado para fora). 
Fatores de risco 
Os indivíduos predispostos à lesão e à rotura do LCA são 
os participantes de esportes de impacto com o pé no solo, 
que exigem rotações e súbitas mudanças de direção no 
movimento. Os principais são: futebol, basquetebol, 
handebol, voleibol, ginástica olímpica, esqui, lutas e o 
tênis. As mulheres, devido a pequenas alterações 
anatômicas em relação aos homens, possuem um risco 8-
10 vezes maior de lesão do LCA. 
Mecanismos 
O mecanismo mais comum de lesão é um movimento 
súbito de rotação externa do fêmur com o pé fixado no 
chão. Outros mecanismos possíveis são: trauma de 
hiperextensão ou de estresse valgo do joelho (lesão 
combinada com o LCM). 
Quadro Clínico 
Logo após o trauma, o paciente se apresenta com edema 
articular e dor, agravada pela deambulação. 
É frequente o relato de um estalo durante o movimento 
que causou a lesão. Em 50-75% dos casos, o joelho 
apresenta hemartrose, que pode ser puncionada para 
alívio da dor importante por distensão capsular. 
Tipicamente, nos dias ou semanas subsequentes, a dor e o 
edema melhoram, quando então o paciente volta a 
deambular normalmente e executar suas atividades do 
cotidiano. 
Neste momento, o indivíduo percebe uma sensação de 
instabilidade do joelho, que “parece que vai sair do 
lugar”. A dor durante a deambulação pode reaparecer. 
Diagnóstico 
Após a fase aguda, pode ser confirmado clinicamente 
somente nas lesões grau II ou III (rotura parcial ou 
completa), através de manobras clássicas. 
A RM não é um exame obrigatório, sendo indicado apenas 
na dúvida diagnóstica e na suspeita de lesões 
ligamentares associadas. 
 
✓ Teste da gaveta anterior: Com o paciente em 
decúbito dorsal, joelho flexionado em torno de 
80° e o pé tocando a mesa de exame, o 
examinador segura na panturrilha, tracionando 
a perna anteriormente. O teste é positivo quando 
há uma translação anterior > 5 mm (Grau II: 5-10 
mm, Grau III: > 10 mm). 
✓ Teste de Lachman: Com o paciente em decúbito 
dorsal, joelho levemente flexionado, em torno de 
20°, o examinador segura com uma das mãos na 
coxa e a outra na panturrilha, tracionando a 
perna anteriormente e o fêmur posteriormente. 
O teste é positivo quando há uma translação 
anterior > 5 mm (Grau II: 5-10 mm, Grau III: > 10 
mm). É o melhor teste para a lesão aguda. 
✓ Pivot shift test: Com o paciente em decúbito 
dorsal e o paciente com o joelho estendido, o 
examinador faz uma rotação interna da tíbia 
segurando no pé, em seguida flexionando 
vagarosamente o joelho. No teste positivo, 
observasse um estalo quando o joelho é 
flexionado em torno de 30° (redução súbita da 
subluxação). 
 
 
Isadora Pedreira- Problema 02. Módulo XXI 
Tratamento 
O tratamento da fase aguda é feito com um conjunto de 
medidas sob a sigla PRICE: 
✓ Proteção (muletas), 
✓ Repouso relativo da articulação, 
✓ Ice (crioterapia, 20min, quatro vezes ao dia), 
✓ Compressão (com bandagem em torno do 
joelho), 
✓ Elevação do membro. 
Estas medidas são voltadas para a redução do edema e da 
dor e devem ser mantidas por um mínimo de três dias 
(média de 1-2 semanas). Alguns pacientes preferem 
associar um AINE. 
A abordagem definitiva atual da lesão do LCA em 
pacientes jovens e ativos favorece o tratamento 
cirúrgico, uma vez que a terapia conservadora para esses 
pacientes aumenta o risco em longo prazo de lesão de 
menisco e osteoartrite, além do fato de muitos pacientes 
referirem a sensação incômoda da instabilidade e 
episódios de dor no joelho após atividades esportivas. 
De uma forma geral, a cirurgia é indicada para 
(1) indivíduos que apresentam sensação de 
instabilidade significativa no joelho 
(geralmente associada ao teste da gaveta 
anterior grau III); ou 
(2) qualquer pessoa que pretende realizar 
atividade esportiva ou recreacional que 
demanda o joelho. 
A cirurgia deve ser feita após três semanas do trauma, 
quando já houve redução total da inflamação aguda. 
O procedimento é a reconstrução do LCA, já que o simples 
reparo do ligamento traz resultados precários. É 
realizado por via artroscópica,ressecando-se todo o 
ligamento, que então é reconstruído utilizando-se o terço 
mediano do ligamento patelar, o tendão do músculo 
semitendinoso e gracil. 
No pós-operatório, o paciente andará com muletas por 1-
3 semanas. A fisioterapia com exercícios para a 
musculatura estabilizadora do joelho é fundamental. 
Atividades como natação e ciclismo são recomendadas. 
Os esportes de impacto (futebol etc.) só serão permitidos 
após seis meses. 
 
Lesão do Ligamento Cruzado Posterior (LCP) 
É muito mais rara que a lesão do LCA e requer um trauma 
de mais alta energia. 
O Ligamento Cruzado Posterior (LCP) é o principal 
estabilizador do joelho contra a translação posterior da 
tíbia sob o fêmur. 
 
 
Mecanismos 
O mecanismo mais comum de lesão e rotura do LCP é um 
acidente automobilístico com o joelho da vítima 
flexionado colide com o painel do carro dashboard 
injury. 
Outro mecanismo é a hiperflexão forçada do joelho. Nos 
traumas de alta energia, outras estruturas podem ser 
lesadas ou rompidas em conjunto, como o complexo 
musculoligamentar posterolateral. 
 
Quadro Clínico 
É semelhante ao descrito para a lesão do LCA, embora 
com menor risco de hemartrose. 
 
Diagnóstico 
Após a fase aguda, nas lesões grau II ou III, pode ser 
firmado pelo: 
• Teste da gaveta posterior: mesma posição do 
teste da gaveta anterior (descrito para a lesão do 
LCA), só que a manobra é invertida, já que o 
examinador empurra o joelho posteriormente. 
A evolução a longo prazo da lesão isolada do LCP costuma 
ser benigna, pois o grau de instabilidade costuma ser 
menor que o da lesão do LCA. Neste caso, apenas a terapia 
conservadora é indicada. 
 
Tratamento 
A cirurgia reconstrutora (de técnica mais difícil que a do 
LCA.) é necessária nos casos de instabilidade 
significativa, geralmente com lesão associada do 
complexo posterolateral ou dos meniscos. 
 
Lesão do Ligamento Colateral Medial (LCM) 
O Ligamento Colateral Medial (LCM), segundo a maioria 
dos autores, é o ligamento mais comumente lesado do 
joelho. O LCM é o principal ligamento estabilizador 
contra o estresse em valgo do joelho. 
 
Mecanismos 
O mecanismo é um trauma direto na face lateral do 
joelho, aumentando subitamente sua angulação em valgo, 
evento comum no futebol. Na maioria das vezes, a lesão 
ligamentar é do grau I ou II (não há rotura completa). 
A lesão do LCM pode vir associada a outras lesões, sendo 
comum a dupla LCA + LCM e a tríade LCA + LCM + 
menisco medial. Logo após o trauma, o paciente sente dor 
Isadora Pedreira- Problema 02. Módulo XXI 
na face medial do joelho, porém consegue continuar a 
atividade esportiva, embora 1-2 dias depois a dor 
aumenta e o joelho torna-se edemaciado. 
 
Diagnóstico 
Ao exame, há dor à digitopressão da face medial do joelho 
e 
• Teste do estresse em valgo, realizado com o 
joelho em ligeira flexão (de 30°) será positivo, 
agravando a dor. Por este teste, a lesão também 
pode ser graduada: no grau I, há apenas dor; no 
grau II, há uma ligeira angulação; no grau III 
(rotura completa) há uma angulação 
proeminente, com intervalo > 1 cm. 
 
Tratamento 
A abordagem quase sempre é a terapia conservadora 
(PRICE). Nas lesões grau II ou III, o paciente deve usar um 
BRACE de joelho (reforçado medialmente) por 4-6 
semanas. O reparo cirúrgico é indicado em raros casos de 
lesão grau III associada à lesão do LCA e/ou menisco 
medial. 
 
Lesão do Ligamento Colateral Lateral (LCL) 
Dos quatro ligamentos estabilizadores do joelho, o 
Ligamento Colateral Lateral (LCL) é o menos lesado. O 
LCL estabiliza o joelho contra o estresse em varo e 
também participa do complexo musculoligamentar 
posterolateral, evitando extremos da rotação interna do 
fêmur sobre a tíbia e de hiperextensão. 
 
Mecanismo 
Por isso, o LCL costuma ser lesado em conjunto com o 
complexo 
posterolateral, através 
de trauma em estresse 
varo ou rotacionais em 
hiperextensão. 
 
Diagnóstico 
Após a fase aguda, o 
paciente apresenta 
sinais de instabilidade e, 
ao exame clínico, possui 
o teste do estresse em varo positivo. 
 
Tratamento 
Nos joelhos instáveis (lesões grau II ou III), a abordagem 
recomendada é o tratamento cirúrgico, com reparo do 
complexo posterolateral, que deve ser executado de 
preferência em até duas semanas após o trauma. 
 
Lesão meniscais 
Os meniscos são coxins fibrocartilaginosos bicôncavos, 
semilunares, em forma de “C”, interpostos entre o fêmur 
e o platô tibial. 
Eles possuem três funções básicas: 
(1) aumentar a área de contato periférico dos côndilos 
femorais (arredondados) sobre os côndilos tibiais 
(planos); sem o menisco, o côndilo femoral concentra 
toda a sua carga em um só ponto, no meio do côndilo tibial 
(ao invés de distribuí-la uniformemente), levando a um 
estresse excessivo sobre a cartilagem articular, fazendo-
a mais propensa a desenvolver osteoartrite; 
(2) funcionar como amortecedores de impacto; 
(3) ajudar na troca e renovação do líquido sinovial do 
joelho. 
 
Mecanismos 
O mecanismo típico de lesão meniscal ocorre em 
atividades esportivas com o pé no solo, após súbitos 
movimentos de torsão do joelho fletido, provocando 
forças de compressão localizada em um segmento 
meniscal. 
O menisco mais lesado é o menisco medial (75% dos 
casos), por ser menos móvel (intimamente ligado à 
cápsula articular posterior) e pela maior frequência do 
seu mecanismo de trauma: súbita rotação interna do 
fêmur sobre a tíbia com o joelho flexionado e o pé fixado 
no chão. Os esportes típicos são o futebol, o basquetebol e 
o esqui. 
Já uma súbita rotação externa do fêmur sobre a tíbia com 
o joelho fletido pode produzir lesão do menisco lateral 
(bem menos frequente, pois este menisco é uma estrutura 
mais móvel, acompanhando a rotação do côndilo 
femoral...). 
A lesão meniscal pode ocorrer em associação com a lesão 
ligamentar, especialmente a do LCA. Na verdade, a lesão 
prévia deste ligamento coloca mais estresse sobre os 
meniscos, predispondo à sua rotura. Pode ocorrer a 
Isadora Pedreira- Problema 02. Módulo XXI 
chamada “tríade infeliz” (lesão do menisco medial + LCA 
+ LCM). A lesão aguda do LCA também pode ocorrer em 
conjunto com a lesão do menisco lateral, pois ambas 
compartilham de um mecanismo semelhante de lesão. 
 
Epidemiologia 
A lesão meniscal é mais comum em homens jovens, que 
realizam atividades esportivas, embora também possa 
ocorrer em idosos, após traumas banais, como se levantar 
de uma posição agachada (lesão degenerativa). 
Quando um menisco é lesado, surge um “rasgo” que pode 
ser longitudinal (tipo lingueta ou “lesão em alça de 
balde”), radial ou complexo, sendo o primeiro mais 
comum nas lesões traumáticas esportivas e o último, na 
lesão degenerativa. 
 
Quadro Clínico 
Logo após o trauma, o paciente apresenta dor no joelho, 
na face medial ou lateral, que pode ou não ser suficiente 
para fazê-lo parar a atividade esportiva. O aumento da 
dor e o edema articular aparecem dentro das próximas 
24h, (diferente da lesão do lca, que leva aumento de 
volume instantâneo e necessidade imediata de parada da 
atividade física) geralmente evoluindo dias depois com 
melhora espontânea. 
O paciente por vezes relata ter sentido um “estalo” no 
instante do evento. Embora a inflamação aguda tenha 
melhorado, o indivíduo pode manter um certo grau de 
edema articular e continua sentindo dor com 
movimentos de torsão e quando flexiona totalmente o 
joelho (posição de agachar) e pode sentir “estalos”. 
Eventualmente, ocorre a síndrome do “joelho bloqueado” 
em posição de semiflexão, geralmente de forma 
transitória, devido à interposição de uma alça ou 
fragmento meniscal no centro da articulação. Sensação 
de instabilidade do joelho também é descrita, explicada 
pela presença de fragmento meniscal móvel 
(interferindo com a propriocepção) ou por uma lesão do 
LCA associada. 
 
DiagnósticoO exame clínico sugere o diagnóstico após a realização de 
uma manobra, embora a RM seja o método de escolha 
para a confirmação diagnóstica e avaliação do tipo de 
lesão. 
• Teste de McMurray: Com o paciente em decúbito 
dorsal, joelho flexionado a 90° ou mais, o 
examinador segura no pé e tornozelo, 
provocando uma rotação externa da tíbia sob o 
fêmur (para estressar o menisco medial) ou uma 
rotação interna da tíbia sob o fêmur (para 
estressar o menisco lateral); em seguida, estende 
passivamente o joelho mantendo a rotação tibial. 
O sentimento de dor associada a um “estalo” 
indica teste positivo para lesão meniscal. 
• Teste de Thessaly: Tenta simular as forças de 
carga colocadas no joelho. Para realizar o teste, o 
paciente e o examinador se enfrentam e seguram 
as mãos em busca de apoio. O paciente então fica 
em uma perna com o joelho flexionado a 20 graus 
e gira o joelho e o corpo, mantendo a flexão do 
joelho. Gira o joelho interna e externamente, 
enquanto carrega o menisco. O teste deve ser 
sempre realizado no joelho normal primeiro 
para que o paciente possa ser treinado e assim 
uma comparação com o joelho afetado pode ser 
feita. Dor ou uma sensação de travamento ou 
captura constitui um teste positivo. 
• Teste de Apley: É realizado com o paciente 
deitado e o joelho afetado flexionado a 90º. O 
clínico pode estabilizar a coxa do paciente com 
um joelho ou mão. A manobra é realizada 
pressionando o calcanhar do paciente 
diretamente em direção ao chão, enquanto 
interna e externamente gira o pé, comprimindo o 
menisco entre o platô tibial e os côndilos 
femorais. A dor focal provocada pela 
compressão marca um teste positivo. A 
sensibilidade do teste de Apley foi encontrada 
para ser apenas 38 e 41%, respectivamente, em 
uma revisão sistemática e um estudo prospectivo 
subsequente. 
 
 
 
Isadora Pedreira- Problema 02. Módulo XXI 
Tratamento 
O tratamento da lesão meniscal começa na fase aguda, 
com crioterapia 20min, quatro vezes ao dia, na primeira 
semana. Nos casos de sintomatologia mais intensa, o 
protocolo PRICE é recomendado (utilizando uma 
joelheira de contenção patelar). 
O tratamento cirúrgico é indicado nos casos de 
sintomatologia persistente após 2-4 semanas. As duas 
opções mais aceitas pelos ortopedistas são o reparo da 
lesão ou a meniscectomia parcial (deixando-se a maior 
parte de menisco possível...). 
A meniscectomia total não é mais recomendada, pelo 
maior risco de desenvolvimento de osteoartrite. Nos 
casos de “joelho bloqueado”, na ausência de pronta 
reversão espontânea, a cirurgia deve ser realizada em 
caráter de semiurgência. 
Diagnóstico Diferencial 
Embora nenhum sintoma ou exame possa diagnosticar 
definitivamente um rompimento do menisco, a presença 
de uma combinação de características históricas 
sugestivas (por exemplo, bloqueio do joelho) e achados do 
exame (por exemplo, dor na linha da articulação focal, 
teste de Thessalys positivo) aumenta significativamente 
a probabilidade de menisco, reduzindo a probabilidade 
de outras condições. No entanto, várias condições do 
joelho podem apresentar sintomas e sinais que se 
sobrepõem à lágrima meniscal. 
Os sintomas mecânicos (por exemplo, perda da flexão e 
extensão do joelho liso; desistência; travamento) podem 
ser causados pela osteoartrite (OA) em seus estágios 
avançados, rupturas do ligamento cruzado anterior 
(LCA), corpos intra-articulares soltos (por exemplo, 
lesões osteocondrais fora do fêmur ou da patela), fratura 
do planalto tibial, sinovite vilonodular pigmentada, 
condrocalcinose e menisco discóide congênito. 
Cliques anormais e estalos também podem ser causados 
por dor patelofemoral e AO (osteoartrite). A hemartrose 
aguda é mais comumente causada por lesões do LCA ou 
fratura do planalto tibial ou da patela. Em alguns casos, 
uma ruptura do menisco também pode causar uma 
hemartrose aguda. 
A OA distingue-se da ruptura aguda do menisco com base 
na demografia do paciente, no mecanismo da lesão, nos 
achados clínicos mais consistentes com a alteração 
degenerativa da articulação do joelho e na aparência 
radiográfica (se forem obtidas radiografias). 
✓ Rupturas meniscais tipicamente 
ocorrem em adultos jovens praticando 
esportes de alto risco, são causadas por 
uma lesão súbita envolvendo torção do 
joelho enquanto o pé é plantado, e não 
manifestam as sequelas típicas da OA 
em radiografias simples. 
✓ A OA e as lesões meniscais 
degenerativas frequentemente 
coexistem, em cujo caso a ressonância 
magnética (RM) ou a artroscopia são 
necessárias para fazer um diagnóstico 
definitivo, se necessário. 
 As lesões do LCA causam frouxidão no joelho, como 
demonstrado pelos testes positivos de Lachman e gaveta 
anterior, e podem ser acompanhados por uma ruptura do 
menisco. Lágrimas meniscais isoladas não causam 
frouxidão no joelho. 
As fraturas do planalto tibial ou patela geralmente 
envolvem traumas significativos no joelho e geralmente 
são visíveis em radiografias simples. Distinguir um corpo 
intra-articular solto, menisco discoide ou sinovite 
vilonodular pigmentada de um rasgo meniscal é difícil e, 
muitas vezes, requer imagem ou artroscopia. 
A dor femoropatelar é frequentemente de início gradual, 
geralmente causa sintomas vagos ao redor da patela, em 
vez da linha articular, não causa bloqueio verdadeiro do 
joelho, pode estar consistentemente associada a 
atividades particulares (por exemplo, sentar, subir e 
descer escadas prolongadamente), e é frequentemente 
associado com quadríceps fracos e abdutores do quadril. 
Quando o exame físico demonstra uma efusão 
significativa do joelho, uma grande ruptura isolada do 
menisco é uma possível causa, mas muitas vezes outras 
estruturas intra-articulares são lesadas. A aspiração de 
um joelho com efusão pode revelar sangue ou cristais, 
achados que sugerem diagnósticos além da lesão do 
menisco. 
 
Exames de imagem 
Nem todos os pacientes precisam fazer radiografias. No 
entanto, as radiografias anteroposterior, lateral e 
oblíqua costumam ser feitas para excluir as fraturas. As 
regras de joelho de Ottawa são usadas para restringir as 
radiografias aos pacientes com probabilidade de 
fraturas que exijam tratamentos específicos. As 
radiografias só devem ser feitas se um dos seguintes 
estiver presente: 
• Idade > 55 anos 
• Dor à palpação isolada da patela (sem nenhuma 
outra sensibilidade óssea no joelho) 
• Dor à palpação da cabeça da fíbula 
• Incapacidade de flexionar o joelho a 90° 
• Incapacidade de suportar peso logo depois da 
lesão e no departamento de emergência de dar 
quatro passos (com ou sem mancar) 
O uso de ressonância magnética na avaliação inicial é 
bem controverso. Uma abordagem razoável é fazer uma 
RM se os sintomas não desaparecerem após algumas 
semanas de tratamento conservador. No entanto, a 
ressonância magnética costuma ser feita quando há 
Isadora Pedreira- Problema 02. Módulo XXI 
suspeita de lesão grave ou lesão intra-articular 
significativa que, do contrário, não pode ser excluída. 
O diagnóstico acurado das lesões do joelho está 
diretamente ligado à história clínica e a cuidadoso exame 
físico (EF). As lesões meniscais e ligamentares dessa 
articulação podem ser avaliadas por meio da 
ressonância magnética (RM), que proporciona imagens 
com anormalidades da morfologia caracterizadas por 
alterações do sinal e eleva a sensibilidade desse exame 
conforme o método usado pelos médicos radiologistas. A 
RM é, habitualmente, uma modalidade de exame 
complementar acurado para avaliação do joelho, porém 
de custo elevado. 
No joelho, a RM tem grande aplicabilidade em 
comparação com outras articulações e fornece excelente 
diagnóstico capaz de avaliar lesões de diversos tipos, tais 
como: ligamentares, meniscais, tendíneas, ósseas e 
condrais 
 
Rx de ap e perfil- artrose 
Para avaliação e classificação da artroseutiliza-se com 
frequência a classificação de Albach modificada por 
Goodfellow: 
o Grau I – esclerose da superfície, sem 
pinçamento; 
o Grau II – pequeno pinçamento articular; 
o Grau III - acentuação do pinçamento, com sua 
posteriorização (visto na incidência em perfil); 
o Grau IV - osteófito posterior, sugestivo de lesão 
do LCA (visto na incidência em perfil); Grau V - 
presença de subluxação. 
 
Rm para lesões meniscais 
Lesões dos meniscos e da cartilagem articular do joelho 
são bastante comuns na população geral e em esportistas. 
A ressonância magnética (RM) é o método de imagem 
mais adequado para fazer o diagnóstico dessas lesões, 
assim como determinar seu grau e sua extensão. Este 
exame complementar é frequentemente solicitado por 
ortopedistas e médicos do esporte, depois do exame 
físico e da análise da história clínica, com o objetivo de 
auxiliar no diagnóstico e no acompanhamento de seus 
pacientes atletas e não atletas. As informações obtidas na 
RM são valiosas para se determinar o tipo de tratamento 
a ser adotado: clínico conservador, ou cirúrgico. 
Os meniscos (medial e lateral) são fibrocartilagens que 
possuem várias funções no joelho como, por exemplo, 
contribuir para a estabilidade articular e proteção 
contra impacto. A cartilagem é uma camada que reveste 
toda a superfície articular do fêmur, tíbia e patela 
(rótula), e também tem função protetora sobre os ossos do 
joelho, além de promover o adequado deslize entre estes 
ossos nos movimentos da articulação. 
As lesões meniscais e de cartilagem podem ser agudas ou 
crônicas: 
As lesões agudas meniscais e condrais (de cartilagem) em 
esportistas são geralmente traumáticas, decorrentes de 
entorses, e podem ou não estar associadas a outras lesões 
(fraturas, contusões ósseas, lesões ligamentares, etc). 
A RM revelará se há rotura meniscal, em qual dos 
meniscos ela se situa, além de determinar a configuração 
da rotura (longitudinal, oblíqua, horizontal, tipo alça de 
balde, etc) e a sua extensão: se compromete apenas uma 
porção do menisco ou se estende por todo ele. 
Lesões agudas – As lesões agudas de cartilagem também 
são muito bem identificadas nos exames de ressonância 
magnética do joelho. Elas podem se apresentar como 
áreas de afilamento variável, desde uma leve erosão 
superficial até o extremo de perda completa, com 
exposição do osso subcondral (subjacente). Em alguns 
casos, há desprendimento de fragmentos de cartilagem, 
que se soltam e se tornam corpos livres intra-articulares, 
causando sintomas específicos. 
Lesões Meniscais – Lesões meniscais crônicas são de 
causa degenerativa (desgaste), sem que haja 
necessariamente um episódio traumático ou rotura 
propriamente dita. Estas alterações se iniciam em 
pacientes acima dos 30 anos. Como há uma relação 
próxima entre meniscos e a cartilagem articular, 
lesões/roturas crônicas em meniscos podem levar a 
alterações degenerativas e erosões/afilamento da 
cartilagem articular, causando diminuição na resistência 
à carga vertical e impactos. 
Pacientes ou atletas mais velhos, geralmente acima dos 
50 anos, já podem ter algum grau de osteoartrose do 
joelho (processo degenerativo osteoarticular), e a RM 
complementa de forma muito mais detalhada a avaliação 
dos meniscos e da cartilagem articular, visto que as 
radiografias iniciais são insuficientes para este tipo de 
diagnóstico. 
 
Lesão ligamentar 
Exames de imagem 
- Radiografias simples são realizadas com frequência 
após lesões traumáticas no joelho para descartar 
fraturas, mas não podem ser usadas para diagnosticar 
rupturas do ligamento cruzado anterior (LCA). Em alguns 
casos, uma fratura avulsão do platô tibial ântero-lateral 
no local de fixação do ligamento capsular lateral (a 
chamada fratura Segond) é identificada em filme plano. 
Tal lesão sugere a presença de uma ruptura associada do 
LCA . 
o RNM: A ressonância magnética é altamente 
sensível e específica no diagnóstico da ruptura 
completa do LCA. 
o USG: Assim como a ressonância magnética, o 
ultrassom é o melhor para detectar a ruptura 
completa do LCA. O ultra-som é barato, rápido e 
indolor, e vários estudos sugerem alta 
especificidade e valor preditivo positivo. A 
sensibilidade é provavelmente mais limitada 
que a ressonância magnética. 
o TCMD: A tomografia computadorizada por 
multidetectores (TCMD) não é usada para 
Isadora Pedreira- Problema 02. Módulo XXI 
avaliar a lesão do LCA. Os dados sugerem que a 
TCMD é precisa na detecção de um LCA intacto, 
mas não é confiável para determinar a ruptura 
do LCA. 
 
Diagnóstico 
O diagnóstico definitivo da ruptura do ligamento 
cruzado anterior (LCA) é feito por diagnóstico por 
imagem (a ressonância magnética é mais precisa) ou por 
artroscopia do joelho. No entanto, em muitos casos, a 
apresentação clínica pode estabelecer o diagnóstico sem 
a necessidade de exames de imagem. 
As lesões do LCA sofridas por uma lesão sem contato são 
mais comuns e suspeitas com base em um histórico 
sugestivo (mudança súbita de direção ou aterrissagem 
durante o esporte, fazendo com que o joelho "estale" ou 
ceder) e achados clínicos (derrame agudo do joelho; 
Lachman positivo, pivot shift e testes de gaveta anterior). 
As lesões de contato geralmente resultam de um golpe 
direto, causando hiperextensão ou deformação em valgo 
do joelho, e são frequentemente associadas a lesões em 
outras estruturas. 
 
Lesão meniscal 
Imagem 
o Radiografias simples 
As radiografias do joelho, possivelmente incluindo o 
túnel, posteroanterior, anteroposterior e lateral, são 
apropriadas em alguns pacientes com suspeita de 
ruptura meniscal. A regra do joelho de Ottawa fornece 
orientação útil para determinar se as radiografias são 
indicadas após uma lesão aguda. 
As películas planas do joelho também podem apresentar 
alterações degenerativas, calcificação do menisco ou 
corpos soltos calcificados. A vista do túnel demonstra o 
entalhe intercondilar e pode revelar um corpo solto 
sequestrado ou um defeito osteocondral. 
o USG: 
O ultrassom é seguro, barato e permite que o profissional 
experiente examine o joelho de forma dinâmica e 
compare as articulações lesadas e não lesadas. A 
principal limitação da ultrassonografia é sua 
incapacidade de visualizar estruturas internas do joelho 
completamente profundas. 
o RNM: 
A ressonância magnética pode definir a extensão e o tipo 
de ruptura meniscal (figura 4) e é a modalidade de 
imagem mais sensível para a detecção de pequenas lesões 
(imagem 1). No entanto, a ressonância magnética 
geralmente não é necessária, a menos que a cirurgia 
esteja sendo considerada. 
 
Os achados de ressonância magnética devem ser 
interpretados com cautela. A alteração degenerativa 
mucinóide (sinal aumentado que surge do centro do 
menisco) é um achado comum. Esta é uma parte normal 
do processo de envelhecimento e não deve ser mal 
interpretada como uma lágrima meniscal traumática. 
Além disso, lágrimas assintomáticas são comuns nos 
joelhos contralaterais de pacientes com sintomas 
atribuíveis a uma ruptura meniscal. 
Diagnóstico 
O diagnóstico de uma lesão meniscal aguda pode ser 
difícil porque os sintomas e sinais são frequentemente 
vagos e inespecíficos, pois a dor pode não estar bem 
localizada ou definida. Além disso, rupturas 
degenerativas crônicas não associadas a um incidente 
traumático discreto podem se desenvolver em pacientes 
idosos. 
Um diagnóstico presuntivo de ruptura meniscal é 
baseado no mecanismo da lesão no caso de lágrimas 
agudas (muitas vezes envolvendo torcer o joelho 
enquanto o pé é plantado), sintomas característicos, 
Isadora Pedreira- Problema 02. Módulo XXI 
como captura mecânica ou travamento, e corroborar os 
sinais do exame físico, incluindo ternura da linha 
articular e testes provocativos positivos (por exemplo, 
McMurray, Thessaly). 
Os médicos com experiência no uso deultrassonografia 
musculoesquelética, por vezes, usam essas imagens para 
auxiliar no diagnóstico. O diagnóstico pode ser 
confirmado por ressonância magnética (RM) ou 
artroscopia, embora isso seja desnecessário em muitos 
pacientes, particularmente aqueles com achados que 
sugerem que o tratamento não operatório será bem-
sucedido. 
A decisão de proceder à ressonância magnética depende 
da idade do paciente e se a cirurgia está sendo 
considerada. Artroscopia é o diagnóstico definitivo e 
teste terapêutico. 
Em pacientes idosos, a osteoartrite do joelho 
frequentemente coexiste com a degeneração crônica do 
menisco. A terapia para osteoartrite deve ser 
maximizada. 
 
A OA é uma enfermidade crônica, com múltiplos fatores 
envolvidos na sua patogenia e, por essa razão, o seu 
tratamento deve ser multidisciplinar e buscar não só 
melhora clínica, mas também melhora mecânica e 
funcional. 
Deve-se sempre procurar envolver os pacientes o 
máximo possível para se alcançar sucesso. Para isso, é de 
vital importância a educação, levando-os a conhecer e 
entender o diagnóstico, o prognóstico e as opções 
terapêuticas. 
Na OA é de grande relevância a preservação da 
cartilagem e, dessa forma, dos movimentos articulares. 
Assim, a Sociedade Brasileira de Reumatologia propôs o 
seguinte Consenso Brasileiro de Tratamento da 
Osteoartrite (Coimbra (et al., 2002), em que o tratamento 
da doença é analisado sob três diferentes aspectos: 
tratamento não farmacológico, farmacológico e 
cirúrgico. 
• Tratamento não farmacológico: Enquadram-se nessa 
modalidade, além dos aspectos de educação e 
envolvimento dos pacientes no seu tratamento, as 
atividades esportivas moderadas com 
monitoramento profissional adequado e as 
orientações quanto à ergonomia ocupacional e 
doméstica, fundamentais no tratamento da OA. De 
igual importância são os exercícios terapêuticos 
(fisioterapia) com destaque para exercícios de 
reforço muscular, melhora do condicionamento 
físico global, uso de órteses e equipamentos de 
auxílio à marcha e utilização crescente de agentes 
físicos como a termo e a eletroterapia analgésicas. 
 
• Tratamento farmacológico: 
O uso de analgésicos, como o paracetamol em doses 
efetivas (3 a 4 g ao dia) nos casos de OA leve ou moderada 
iniciais, está indicado como primeira escolha no 
tratamento da OA. Deve-se, no entanto, verificar se o 
paciente não apresenta hepatopatia, quando então o 
paracetamol não poderá ser utilizado. 
Os anti-inflamatórios não esteroidais (AINE), tanto os 
inibidores seletivos de COX-2, quanto os não seletivos 
acompanhados de proteção gástrica, são indicados nos 
casos em que há inflamação clínica evidente, ou naqueles 
casos que não apresentaram resposta aos analgésicos. 
Nos casos de dor intensa ou de má resposta, ou ainda de 
contraindicação aos AINE, o uso de opioides naturais ou 
sintéticos torna-se uma alternativa. AINE e capsaicina 
podem ser utilizados topicamente, principalmente em 
OA de mãos. 
Alguns fármacos têm sido utilizados como sintomáticos 
de ação duradoura, alguns deles com potencial ação 
modificadora da evolução da doença; no entanto, isso 
ainda necessita de maior número de evidências. Dentre 
esses fármacos, no mercado brasileiro são encontrados o 
sulfato de glucosamina, utilizado na dose de 1,5 g ao dia, 
isoladamente ou associado ao sulfato de condroitina na 
dose de 1,2 g ao dia, com evidências crescentes em relação 
à sua ação analgésica e possível ação de preservação da 
cartilagem, embora essa última ação careça de 
comprovação melhor fundamentada. Também os ésteres 
não saponificáveis da soja e do abacate, utilizados na 
dose de 300 mg/dia, a diacereína, usada na dose de 100 
mg/dia, destacando-se, no entanto, que nessa dose a 
presença de efeitos adversos, como a diarreia, é 
frequente. No nosso meio, também a hidroxicloroquina 
vem sendo utilizada com resultados animadores. 
O uso intra-articular de derivados do ácido hialurônico 
está indicado em OA dos joelhos graus II e III, embora o 
custo desses medicamentos ainda seja alto para a maioria 
da população brasileira. A infiltração com 
corticosteroide, particularmente com a triancinolona 
hexacetonida, pode ser indicada como primeiro 
tratamento quando os sinais inflamatórios forem muito 
exuberantes. 
 
• Tratamento cirúrgico: 
A opção final de tratamento para a OA. Podem incluir a 
osteotomia, o desbridamento artroscópico, a artrodese 
(fusão) e as artroplastias. 
A osteotomia é um procedimento que deve ser feito 
precocemente em pacientes selecionados e pode ter 
função profilática, quando em pacientes que apresentam 
queixas, mas ainda sem alterações radiográficas, com o 
objetivo de corrigir eventuais desvios do eixo articular. 
Pode ainda ser terapêutica, quando é realizada em 
pacientes com alterações clínicas e radiográficas com o 
objetivo de alterar o eixo de alinhamento do membro 
afetado e deslocar a carga para outra região da superfície 
articular. 
Isadora Pedreira- Problema 02. Módulo XXI 
O desbridamento artroscópico, embora ainda muito 
utilizado, tem tido seus efeitos benéficos contestados. 
A artrodese, particularmente em OA de tornozelos 
resistente ao tratamento conservador, pode ser indicada. 
A indicação de artroplastia, ou substituição da 
articulação afetada por colocação de próteses, vem 
crescendo acentuadamente no mundo. Ela promove 
significativa redução da dor e melhora funcional e deve 
ser indicada sempre que outros procedimentos tenham 
falhado. 
 
Lesões/patologias do joelho e tratamentos 
fisioterapêuticos 
O joelho pode ser lesionado de várias formas por ser 
muito vulnerável ao trauma direto (pancadas) ou indireto 
(entorse), além de ser lesionado principalmente pelo 
excesso de uso ou uso inadequado (regiões condrais e 
tendíneas são as mais acometidas). Stewien et al. (2008) 
citam que nos Estados Unidos a incidência de lesão do 
joelho é alta, sendo a de LCA uma das principais, e que no 
Brasil há escassez sobre estudos similares que apontem 
dados epidemiológicos sobre lesões ligamentares do 
joelho na população em geral. 
As lesões nos ligamentos podem ser classificadas em três 
tipos, de acordo com a gravidade (PETERSON; 
RENSTROM, 2002): 
• 1º Grau - leve estiramento, com pequena 
tumefação e sem perda da estabilidade. Neste 
caso o ligamento permanece íntegro e após o 
trauma o indivíduo consegue andar; 
• 2º Grau – o ligamento é estirado e na lesão 
parcial; 
• 3º Grau - ruptura ligamentar total ou avulsão, 
com rompimento da cápsula e possível ruptura 
meniscal que consiste em uma lesão grave. 
Sendo assim, os subitens seguintes abordam a temática 
das lesões/patologias do joelho e tratamentos 
fisioterapêuticos. 
 
Ligamento cruzado anterior (LCA): 
Segundo Andrews (2000), o tratamento após lesão do 
ligamento cruzado anterior continua sendo um dos 
problemas mais controversos da medicina desportiva. 
Após sofrer lesão do ligamento cruzado anterior, deve ser 
dada atenção imediata a hemartrose e ao processo 
inflamatório geral. 
O atleta deve passar a utilizar muletas, sendo instruído 
quanto à sustentação parcial do peso. A órtese é 
desnecessária, a não ser quando existem outras lesões 
associadas como uma entrose do ligamento colateral 
medial. Os exercícios de movimentação devem ser 
iniciados imediatamente, concentrando-se na extensão 
passiva para ajudar a prevenir fibrose rápida na 
chanfradura intercondiliana. 
No âmbito da reabilitação existem muitas discussões a 
respeito do protocolo utilizado na reabilitação pós-
operatório do ligamento cruzado anterior. Embora não 
haja um protocolo definitivo para a reabilitação da 
reconstrução do LCA a maioria dos autores preconiza os 
mesmos princípios, que são: iniciar mobilização e apoio 
precocemente, utilizar precocemente técnicas de 
controle de edema, evitar estresse excessivo no enxerto 
(evitar exercíciosem Cadeia Cinética Aberta (CCA) que 
aumentam o estresse), iniciar precocemente exercícios 
de reforço muscular de isquiotibiais para promover 
estabilização dinâmica e diminuir a tensão no enxerto, 
incorporar exercícios em Cadeia Cinética Fechada 
(CCF), iniciar precocemente o recrutamento do 
quadríceps, realizar treinamento proprioceptivo e 
reeducação neuromuscular, treinar o gesto esportivo e 
realizar treinamento muscular (HEBERT, 2003). 
Conforme Shelbourne e Nitz (1990), no protocolo de 
reabilitação acelerado a Fisioterapia é iniciada já no 
primeiro dia pós-operatório, ainda no ambiente 
hospitalar. Além disso, na sexta semana de pós-
operatório é iniciado atividades de trote leve, pular 
corda, manobras de agilidade, musculação e bicicleta 
estacionário, isto, se o paciente tiver 70% de força do 
membro contralateral. 
Para alcançar os objetivos da reabilitação são utilizadas 
técnicas como: crioterapia, mobilizações articulares 
passivas e ativo-assistidas da articulação do joelho, 
exercícios isométricos da musculatura envolvida, 
atividades de reforço muscular, exercícios em cadeia 
cinética fechada, treino de marcha e treino de 
propriocepção, treino de retorno ao esporte e às 
atividades diárias. Além disso, a fisioterapia aquática é 
um método que vem sendo muito utilizado devido aos 
importantes resultados que têm demonstrado na 
reabilitação de pacientes submetidos à cirurgia de 
reconstrução de LCA (GABRIEL; PETIT; CARRIL, 2001). 
 
Osteoartrose: 
A estimulação elétrica nervosa transcutânea (TENS), com 
parâmetros de 80 Hz e 140 μs, durante 10 sessões (4 
semanas) de 30 minutos cada, reduz a dor e melhora a 
funcionalidade em pacientes com osteoartrose de joelho. 
 
Osteoartrite: 
Os agentes físicos como o gelo e o calor podem combater 
o processo álgico quando corretamente indicados e 
utilizados. A associação entre aplicação de gelo e 
cinesioterapia para analgesia geram resultados 
importantes. 
O alongamento estático e fortalecimento excêntrico do 
quadríceps femoral produzem uma melhora substancial 
no quadro álgico e incapacidade em indivíduos 
portadores dessa doença articular (MILAGRES et al., 
2006). 
Em estudos recentes, foram verificados os efeitos 
terapêuticos com laserterapia (FUKUDA et al., 2011), na 
Isadora Pedreira- Problema 02. Módulo XXI 
melhora a dor e função a curto prazo; e uso coadjuvante 
de joelheira (BRYK et al., 2011) em pacientes portadores 
de osteoartrite do joelho. A joelheira elástica é eficiente 
na melhora imediata da capacidade funcional e da dor 
nos indivíduos. Ela é prática, útil, de fácil emprego 
clínico e pode auxiliar e/ou facilitar a realização de 
exercícios terapêuticos. 
 
Doença de Osgood-Schlatter: 
O tratamento segue o protocolo visando controle da dor e 
inflamação, redução do nível de treinamento e ganho de 
flexibilidade e força de quadríceps e isquiotibiais. Com o 
tratamento, o retorno ao esporte é entre 3 semanas a 12 
meses. 
 
Aderência cicatricial: 
Não sendo uma patologia do joelho, a aderência 
cicatricial da pele na região da patela é citada nesta 
pesquisa por ser um grande complicador quando atinge 
uma articulação importante do corpo como a do joelho. 
Oliveira et al. (2011) verificaram que a o tratamento 
fisioterapêutico com ultrassom, alongamento de 
quadríceps e isquiostibiais, exercícios de mobilizações 
articulares do membro inferior e fortalecimento 
muscular voluntário, associado à eletroestimulação no 
quadríceps não proporciona alteração na severidade da 
aderência, mas possibilita, tardiamente, a melhora das 
capacidades físicas, contribuindo para a independência 
nas atividades autônomas. 
 
 
Referências: 
 
DE CASTRO, Danielle Marialva; VIERA, Luiz Carlos 
Rabelo. Joelho: Revisão de aspectos pertinentes à 
fisioterapia. 2009. 
 
DE MATOS ALVES, Paulo Henrique et al. Lesão do 
ligamento cruzado anterior e atrofia do músculo 
quadríceps femoral. Bioscience Journal, v. 25, n. 1, 2009. 
 
JOSÉ, Fábio Freire. Osteoartrite: fisiopatologia e 
tratamento medicamentoso. J. bras. med, v. 101, n. 02, p. 
47-52, 2013. 
 
CAMANHO, Gilberto Luís. Dor aguda no joelho do 
paciente idoso. Rev Bras Ortop, v. 43, n. 9, p. 361-366, 
2008. 
 
MOORE, K. L.; DALLEY, A.F. Anatomia orientada para a 
clínica. 6 ed. Rio De Janeiro: Editora Guanabara Koogan 
S.A., 2011. 1103 p. 
JÚNIOR, Nilton Orlando; DE SOUZA LEÃO, Marcos 
George; DE OLIVEIRA, Nelson Henrique Carvalho. 
Diagnóstico das lesões do joelho: comparacão entre o 
exame físico e a ressonância magnética com os achados 
da artroscopia. Revista Brasileira de Ortopedia, v. 50, n. 
6, p. 712-719, 2015. 
 
HEBERT, Sizínio K. et al. Ortopedia e traumatologia: 
princípios e prática. 5.ed. ed. Porto Alegre: Artmed, 2017. 
1651. p. 
 
 
Isadora Pedreira- Problema 02. Módulo XXI

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