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Isadora Pedreira- Problema 02. Módulo XXI O joelho é o maior complexo articular do corpo, formado por 4 ossos e 3 articulações e quase todas as pessoas terão algum problema em alguma destas articulações, seja por desgaste ou por lesão traumática. O joelho é a segunda articulação do corpo que mais sofre com lesões, perdendo apenas para a articulação do ombro. O joelho é a articulação intermediária dos membros inferiores (MMII), pois encontra- se entre a articulação do quadril e a articulação do tornozelo, e é responsável por absorver parte dos impactos dos MMII e fornecer estabilidade durante a macha. As articulações do joelho são formadas por quatro ossos: o fêmur, a tíbia, a patela e a fíbula. Estes ossos se articulam formando 3 articulações: 1. Fêmoro-Tibial: entre o fêmur e a tíbia; 2. Fêmoro-Patelar ou Patelo-Femoral: entre o fêmur e a patela 3. Tíbio-Fibular Proximal: entre a tíbia e a fíbula Cada uma destas articulações é importante para manter a estabilidade dos membros inferiores durante a marcha, e a articulação fêmoro-tibial é responsável pela absorção de impactos e dissipação de energias sobre o joelho, pelo fato de ter uma grande área de superfície e possuir os meniscos, responsáveis pela absorção de boa parte das cargas axiais impostas ao joelho. Na articulação fêmoro-tibial temos estruturas anatômicas importantíssimas para a manutenção de sua estabilidade. Estas estruturas são os ligamentos cruzados (anterior e posterior), os ligamentos colaterais (lateral e medial) e os meniscos (lateral e medial). Os ligamentos cruzados serão o principal elemento de estabilização da articulação do joelho. • O ligamento cruzado anterior (LCA) é responsável por limitar a anteriorização da tíbia em relação ao fêmur, a hiperextensão do joelho e a rotação interna. • O ligamento cruzado posterior (LCP) limita a posteriorização da tíbia em relação ao fêmur, a hiperflexão do joelho e a rotação externa. Mesmo o LCA sendo mais forte e fibroso ele sofre lesões com maior frequência, principalmente em esportes onde haja excessos de movimentos e mudanças de direção. Para auxiliar na estabilidade do joelho temos também os ligamentos colaterais que impedem excessivos movimentos em valgo (colateral medial) e varo (colateral lateral). Os meniscos são estruturas em forma de meia lua e ficam aderidas sobre o “platô tibial”. O menisco medial fica apoiado sobre o côndilo tibial medial e o menisco lateral fica apoiado sobre o côndilo tibial lateral. Anatomicamente eles são diferentes, pois o menisco lateral tem o formato de um O e o menisco medial tem o formato de um C. A função primária dos meniscos é conferir estabilidade para a articulação fêmoro-tibial, adaptando o formato reto do “platô tibial” ao formato convexo do fêmur. Além disso, pelo fato de os meniscos serem compostos por fibrocartilagem (mesmo tecido que compõe os discos intervertebrais), eles apresentam alta resistência para absorver cargas axiais, sendo um importante elemento de amortecimentos de impactos sobre o joelho. Os meniscos são discos articulares fibrocartilaginosos no interior de articulações sinoviais. Outras articulações também apresentam discos articulares, são elas: a articulação têmporo- mandibular (ATM) no crânio, a esterno- clavicular no ombro e a fibrocartilagem triangular no punho. A estabilidade dinâmica do joelho é feita pelos grupos musculares que o atravessam. Na parte anterior do joelho temos a ação do músculo quadríceps femoral e na parte posterior do joelho temos a ação dos músculos isquiotibiais, gastrocnêmio e poplíteo. Estes músculos em conjunto, além de movimentarem a articulação do joelho auxiliam na estabilidade desta articulação juntamente com os ligamentos cruzados, colaterais e com os meniscos. Articulações do Joelho O joelho apresenta 3 articulações, sendo duas sinoviais (fêmoro-tibial e fêmoro-patelar) e uma sinartrose (tíbio- fibular proximal). Abaixo as classificações e os movimentos permitidos pelas articulações do joelho. 1. Articulação Fêmoro-Tibial Classificação: Gíglimo (dobradiça) e Trocóide (pivô) Isadora Pedreira- Problema 02. Módulo XXI Movimentos permitidos: Flexão, extensão, rotação interna e rotação externa (as rotações só são permitidas com o joelho flexionado a pelo menos 5º) 2. Articulação Fêmoro- Patelar Classificação: Plana (artrodial) Movimentos permitidos: Deslizamento crânio-caudal (pra cima e pra baixo) e látero-lateral (de um lado pro outro) da face articular da patela sobre a tróclea do fêmur 3. Articulação Tíbio-Fibular Distal Classificação: Sindesmose Devem ser considerados os dados de identificação nos quais deverão constar, além dos tradicionais, idade, sexo, profissão, atividade física principal, de lazer ou profissional, esporte preferido e posição em que o pratica. O lado acometido e o lado dominante também fazem parte desse preâmbulo da ficha clínica. Muitas das doenças do joelho são relacionadas com a idade: epifisites, osteocondrite dissecante, lesões meniscais traumáticas e degenerativas, osteonecrose, doença femoropatelar, síndromes periarticulares ou instabilidades. Ainda sabemos que as lesões traumáticas graves são específicas para cada fase da vida. Assim, na criança, ocorrem descolamentos epifisários; no adulto, lesões ligamentares; e no idoso, fraturas. O exame clínico do joelho começa com rápidas respostas a quatro perguntas fundamentais. O QUE que representa a queixa principal do paciente, como dor, falseios, torção, queda etc. O QUANDO vai mostrar o tempo de queixa. O COMO relata o mecanismo de um trauma ou a atividade que desencadeia a queixa principal. ONDE relata a atividade que estava sendo vivida no momento do aparecimento da queixa principal. • No traumatismo: sua descrição minuciosa em detalhes. o Queda com impacto direto sobre o joelho sugere traumatismo ósseo. o Torção deve ser descrita, lembrando que ela se faz sempre no pé de apoio, com o corpo girando sobre o joelho, estando o membro inferior apoiado. Esse mecanismo é o mais comum da lesão intrínseca: se com esse mecanismo o paciente sentir um estalido no joelho que inchou com derrame imediatamente, estaremos certamente diante de um caso de lesão do ligamento cruzado anterior (LCA); o estalido é comum em 80% das lesões do LCA e o derrame que se seguiu de imediato é característico de hemartrose, diferente do tardio, que sugere sinovite reacional. • Os primeiros socorros devem ser lembrados e registrados; a aplicação imediata de calor pode determinar grande hemartrose ou derramamento de sangue exagerado nas partes moles adjacentes. A retirada da carga e a imobilização bem como o seu tempo são importantes. • A movimentação articular após o traumatismo deve diferenciar os bloqueios. O “desbloqueio” espontâneo pode sugerir a redução de luxação da patela e, dependendo do movimento realizado, “desbloqueio” meniscal ou de um corpo livre de fratura osteocondral. A sensação imediata de instabilidade ou falseio pode sugerir grave lesão ligamentar. • Nas queixas decorrentes de traumatismo agudo, a história deve ser pesquisada desde o primeiro episódio e em todos os seus detalhes. O tempo decorrido entre ele e o início da sintomatologia deve ser definido, bem como os tratamentos já realizados e seus resultados. Sintomas comuns nas doenças do Joelho Dor Sua localização no joelho (alta ou baixa, anterior medial ou lateral, posterior medial ou lateral), sua periodicidade (diurna ou noturna) e sua relação com as atividades profissional, recreacional ou esportiva são importantes parâmetros que devem ser analisados. A dor intermitente que piora aos esforços e à atividade é uma característica das afecções intrínsecas, bem como aquela quese faz presente em determinada posição, como a dor do joelho fletido (sinal do cinema), que é característica da síndrome femoropatelar ou da plica patológica, ou a dor do joelho hiperfletido, característica da lesão do corno posterior do menisco medial. Nas lesões ligamentares periféricas, os pontos dolorosos palpáveis geralmente sugerem o local da lesão, mas, em doença crônica, o local da dor nem sempre corresponde à localização anatômica da estrutura lesada; assim, lesão antiga de menisco externo pode ser confundida com plica patológica ou com afecção femoropatelar. O fenômeno coxitis knee – dor referida no joelho por problemas do quadril – é o maior exemplo dessa situação. Estalo Ou Estalido O estalido que ocorre na torção aguda, presente em mais de 90% dos casos de lesão do LCA, ou aquele que aparece ao se estender o joelho fletido e doloroso está presente na história da plica sinovial patológica. O menisco discoide, Isadora Pedreira- Problema 02. Módulo XXI muitas vezes, provoca estalidos na flexoextensão, sem sintomas dolorosos. O estalo pode ser audível ou simplesmente uma sensação referida. Geralmente, na doença crônica, ele é acompanhado de sensação confortante de algo que se acomoda e até faz desaparecer a dor, como ocorre em casos com plica sinovial patológica. Falseio Sintoma comum em um sem-número de doenças do joelho, como as lesões meniscais, os corpos livres articulares, a plica sinovial ou as instabilidades femoropatelares; entretanto, o típico falseio desacompanhado de dor mas seguido de derrame tardio, altamente incapacitante, é o da instabilidade ligamentar. Ele surge algum tempo após traumatismo agudo bem definido com todas as características de lesão ligamentar e está presente no simples andar ou em uma atividade específica. Pode ocorrer no plano, em paradas bruscas, ao giro, ao drible, na mudança brusca de direção ou ao entrar ou sair de um automóvel. O falseio na atividade atlética merece um tipo de conduta diferente daquela na atividade de vida diária, pois esse pode tornar-se perigoso e de risco. Na luxação recidivante da patela, as informações sobre o número de episódios ocorridos, a especificação da idade do paciente quando do primeiro episódio, a bilateralidade da queixa e os sintomas que se seguiram após o falseio, bem como as medidas terapêuticas já tomadas, são detalhes importantes e fundamentais na determinação da conduta a ser adotada. A dor que acompanha o falseio sugere algum tipo de pinçamento articular, associado a eventual instabilidade, lesão meniscal, interposição de um corpo livre ou mesmo de alguma alteração femoropatelar aguda. Travamento Deve ser diferenciado do falseio que é momentâneo, rápido e instantâneo, voltando imediatamente à situação anterior. O travamento é mais demorado e muitas vezes leva alguns segundos para se desfazer. Deve ser diferenciado do pseudotravamento por contração espontânea e involuntária muscular, desencadeada pela dor de pinçamento momentâneo, geralmente comum às afecções dolorosas do joelho. Derrame Quando presente logo após traumatismo sugere hemartrose e caracteriza lesão grave, diferente do derrame que aparece tardiamente, resultado de sinovite reacional que acompanha muitas das doenças intrínsecas do joelho. O derrame pode estar associado aos sintomas de falseio ou travamento, pois é consequência do processo irritativo mecânico, comum a muitas doenças do joelho. O derrame de origem insidiosa, crônico e sem história de problema mecânico sugere doença sinovial pura, como na doença reumática. Outros Aspectos na anamnese aplicados ao joelho Antecedentes Nessa fase final do interrogatório, deve ser feita investigação dos antecedentes mórbidos. No estudo da doença femoropatelar, é muito importante obtermos esses dados, pois a luxação recidivante pode ser uma doença familiar. Outras Queixas Eventuais queixas em outras localizações devem ser pesquisadas. A doença do quadril pode, muitas vezes, levar a sintomas para o lado do joelho, caracterizando a coxitis knee. Contratura em adução da coxa poderá determinar o aparecimento do valgismo do joelho, bem como as operações sobre o quadril, particularmente as artrodeses; e as próteses que alteram a mecânica do membro inferior podem, com o tempo, determinar o aparecimento de alterações no joelho. A bilateralidade da doença e os sintomas sobre o joelho oposto devem ser considerados, pois podem influir na escolha do tratamento. Operações Anteriores É importante serem relacionadas, se possível com detalhes. Meniscectomia prévia pode ser a causa de processo degenerativo artrósico com ou sem desvio angular, ou ser o fator importante no desenvolvimento sintomático de instabilidade ligamentar já existente e negligenciada. O joelho é uma articulação sensível. Diz Jack Hughston que o joelho só aceita uma operação, e sabemos quão difícil é corrigir uma operação malfeita. Exame Clínico O exame ortopédico divide-se basicamente em três etapas: inspeção (estática e dinâmica), palpação e testes específicos. Inspeção Paciente em pé A inspeção estática inicia-se com a observação do paciente em pé, em posição anatômica de frente e perfil, e em seguida andando de frente e de costas para o examinador. O alinhamento deve ser observado desde a cabeça até os pés. Na inspeção de frente observamos o alinhamento dos membros inferiores no mesmo plano (varo ou valgo) ou em dois (desvios torcionais), alinhamento patelar, ângulo “Q”, presença de edema, derrame, equimoses, atrofias musculares (principalmente do Isadora Pedreira- Problema 02. Módulo XXI quadríceps, vasto medial oblíquo, gastrocnêmio e tríceps sural), alterações dinâmicas nas diferentes fases da marcha e presença de deformidades, como, por exemplo, o aumento de volume da tuberosidade anterior da tíbia decorrente da doença de Osgood-Schlatter. O aparecimento de deformidade laterolateral (thrust ou flambagem) durante a fase de apoio da marcha pode caracterizar afecção degenerativa artrítica com erosão cartilaginosa e desvio em varo do joelho, ou falência ligamentar periférica associada à lesão do LCA. O recurvatum e as limitações da extensão do joelho já aparecem nessa fase do exame e podem significar desde bloqueio articular ou até posição em consequência de deformidade em flexão do quadril. A claudicação é detectada na marcha, e o estudo do tempo de apoio na marcha separa a decorrente de afecções do quadril da do joelho. O sinal de Trendelenburg é visível nesse momento do exame. O estudo do alinhamento patelar deve ser iniciado traçando- se uma linha imaginária conectando o centro da patela à espinha ilíaca anterossuperior e outra em direção da inserção do tendão patelar na tuberosidade anterior da tíbia (TAT). A medida dessa angulação, denominada ângulo “Q”, é de no máximo 20o , a partir de 20 graus esse ângulo é considerado aumentado. Paciente sentado Nessa posição, observa-se a altura da patela. Sua posição normal é na frente dos côndilos femorais, em continuidade com o ligamento patelar, com o qual se integra em um só braço do aparelho extensor. Se estiver alta, ela forma uma angulação com o ligamento patelar, decompondo a alavanca do quadríceps em três braços: o músculo quadríceps da coxa, a própria patela e o tendão patelar. Ainda se observam o alinhamento do tendão patelar e sua inserção na TAT. Nesse momento, pede-se ao paciente que estenda o joelho, quando se verifica que a patela se movimenta sobre uma linha imaginária reta em toda a amplitude. Com o paciente deitado e o joelho fletido a 30o, pode-se detectar mais facilmente a presença da patela em “baioneta”, causadora de possível instabilidade patelar; nessescasos, o desvio lateral do tendão patelar, levado pela lateralização da TAT, torna-se evidente. Nessa posição, mede-se o ângulo “Q” com maior fidelidade, pois a patela está colocada totalmente no sulco intercondilar. Ainda durante movimento ativo de extensão, o examinador verifica a rotação do fêmur e da perna, permitindo-se também surpreender tríplice deformidade decorrente da anteversão dos colos femorais ou torção tibial externa ou interna já verificada no exame da marcha. O movimento de flexoextensão do joelho permite ao examinador sentir o deslizamento da patela no sulco troclear e analisar a presença de crepitação (inicial, terminal e superior) e eventuais estalidos articulares. A crepitação femoropatelar inicial espelhará o contato total da cartilagem articular da patela com a tróclea; a terminal, a extremidade superior da tróclea com a inferior da patela; e a superior, o fundo de saco do quadríceps. A crepitação pode ser classificada em leve, moderada e grave. Essa manobra é sentida quando o examinador coloca sua mão espalmada sobre a patela no movimento, e pode ser sensibilizada quando pressiona a patela contra a tróclea femoral. Palpação Ainda com o paciente sentado, realizamos a palpação dos tendões da pata de ganso. Na presença de tendinite, há Isadora Pedreira- Problema 02. Módulo XXI dor local à flexão resistida, sensibilizada com a rotação externa da perna. Palpamos a região posterior do joelho para verificar a presença de cistos, dos quais o mais comum é o que representa o espessamento da bolsa comum do gastrocnêmio e semimembranáceo, conhecido como cisto de Baker. Durante a análise da região posterior do joelho, merece atenção também a palpação da região da fabela e das cabeças lateral e medial do gastrocnêmio. Nessa posição sentada é observada a movimentação do joelho, pelo menos até 90o. A amplitude completa de movimentos é pesquisada com o paciente deitado na maca, quando o examinador passivamente estende e flete o joelho nos seus limites. No caso de limitação da movimentação articular, é importante atentar para o ponto de bloqueio chamado de end point, que pode ser mole ou duro. Duro quando é rígido, em um momento fixo do movimento, como se fosse travamento mecânico, ou mole quando esse ponto de bloqueio pode ser deslocado para mais ou para menos quando os movimentos são forçados pelo examinador. Não é raro o bloqueio articular provocado por retração ou espasmo do músculo quadríceps, que deve ser investigado pela palpação e pela movimentação passiva do joelho com o quadril fletido e estendido, nesses para afastar a lesão isolada do reto anterior, biarticular. No exame com o paciente sentado ainda é verificada a tonicidade dos músculos adutores da coxa, particularmente nos idosos com desvios axiais do joelho; muitas vezes o varismo é acompanhado de nítida diminuição da massa muscular desse grupo, facilmente detectável de maneira comparativa. A palpação desse grupo muscular é feita de maneira comparativa testando sua tonicidade quando solicitados à contração para comprimir a mão fechada do examinador colocada entre os joelhos (sinal de Nicholas) (comunicação pessoal). As interlinhas articulares são palpadas com o paciente sentado, para verificar dor, estalidos à flexoextensão e para a análise da consistência de possíveis cistos locais, como os que ocorrem preferencialmente sobre o menisco lateral, bem visíveis na hiperextensão do joelho. Paciente deitado Com o paciente deitado em posição supina, verificamos o tônus de toda a musculatura da coxa e da perna, em especial do quadríceps, cuja atrofia deve estar sempre presente nas afecções intrínsecas do joelho e, assim, atesta a veracidade das queixas. Observamos os contornos musculares da bolsa subquadricipital que, desaparecidos pelo aumento de volume da bolsa subquadricipital com líquido em seu interior, caracterizam o derrame articular. A retração da musculatura isquiotibial é avaliada com o paciente em posição supina, os quadris a 90º, os joelhos também em 90º, quando o examinador estende gradualmente o joelho até encontrar resistência ao movimento. Nesse ponto, mede-se o ângulo do joelho que pode avaliar o grau de retração dessa musculatura, que é considerada com boa flexibilidade quando a extensão total do joelho for obtida sem resistência. A retração do quadríceps é analisada com o paciente deitado em posição pronada (DDV), quando os joelhos são lentamente fletidos até que se encontre resistência. Nesse momento, o paciente bascula a pelve. Nesse ângulo, mensura-se a retração. O paciente com boa flexibilidade consegue tocar livremente o calcanhar junto à região glútea. A retração do tríceps sural é verificada pela dorsiflexão passiva do pé com o joelho fletido e estendido (o solear é biarticular), bem como pela flexão passiva testa-se a elasticidade dos músculos intrínsecos do pé. Pacientes corredores de longa distância desenvolvem, com frequência, quadro de dor junto à região lateral do epicôndilo femoral, devido ao movimento de fricção ou atrito da banda iliotibial sobre o epicôndilo femoral lateral. Essa doença, denominada síndrome da banda iliotibial, é marcada também pela retração e atrito da banda iliotibial ao deslizar sobre o côndilo femoral externo. Para estudo da retração da banda iliotibial utilizamos o teste descrito por Ober. Nesse teste, o paciente deita-se em decúbito lateral sobre o lado não lesado. O examinador estabiliza a pelve com uma das mãos e com a outra controla o membro a ser examinado. O quadril é inicialmente abduzido e estendido e em seguida faz-se sua adução. A retração da banda iliotibial é demonstrada se o quadril permanecer passivamente abduzido. Após a análise da elasticidade muscular, iniciamos a palpação da articulação femoropatelar junto às facetas e extremidades superior e inferior da patela, tuberosidade anterior da tíbia e bursas supra e infrapatelares. A identificação de pontos e espessamentos dolorosos nas porções medial ou lateral da patela pode corresponder à presença de plicas sinoviais. A dor localizada nos polos proximal e distal da patela representa processos inflamatórios do tendão quadricipital e do tendão patelar, respectivamente, e é característica das tendinites ou entesites locais. A palpação do polo distal da patela deve ser feita com uma das mãos, enquanto a outra comprime a parte superior da patela para basculá-la para expor seu polo distal. A patela bipartida também pode ser dolorosa, detectável à palpação. Passo importante é a palpação das superfícies articulares da patela, que pode ser feita com o paciente em decúbito ventral e o joelho em extensão, quando o examinador desloca a patela lateralmente com os quatro dedos da mão e palpa a superfície articular com o polegar; com essa manobra, torna-se fácil o acesso à faceta articular lateral. A palpação da faceta medial é mais difícil pela dificuldade de se medializar a patela. Isadora Pedreira- Problema 02. Módulo XXI Uma vez realizada a palpação da patela, prosseguimos com sua compressão sobre o sulco femoral, com o joelho em extensão, e em flexão de 25º -30º . Nesse teste, denominado teste da compressão patelar (patellar compression test), a dor e a crepitação refletem condromalacia, artrose ou instabilidade femoropatelar. Se com uma das mãos comprimimos a patela para deslocá-la para baixo e pedirmos para o paciente contrair o quadríceps, se houver comprometimento da cartilagem articular de revestimento, condromalacia ou lesão condral, o paciente referirá muita dor. A mobilização lateral e medial da patela em extensão e em 30º de flexão permite avaliar o grau de tensionamento exercido pelos retináculos medial e lateral, respectivamente. Esse teste é denominado teste da inclinaçãopatelar (passive patellar tilt test). Quando a patela apresenta grau de mobilidade lateral maior que o normal, detecta-se luxação ou subluxação patelar. Esse teste pode ser acompanhado de sensação de apreensão por parte do paciente, que tenta impedir que o examinador “tire sua patela do lugar”; é o sinal da apreensão descrito por Smille e que caracteriza a luxação recidivante da patela. Paciente deitado em decúbito ventral Finalizando o exame, com o paciente deitado em posição pronada, avaliamos a anteversão do colo femoral, medindo o grau de rotação interna do quadril. O aumento excessivo da rotação interna com diminuição proporcional da rotação externa caracteriza a anteversão do colo femoral. A anteversão dos colos, pela torção interna do fêmur e externa da tíbia, determina aumento do ângulo “Q”, que pode levar à instabilidade femoropatelar. Ainda nessa posição, em decúbito ventral, consegue-se palpar a superfície articular da patela. Para isso, basta basculá-la para levá-la lateralmente. Testes específicos Testes meniscais Teste de McMurray Descrito para a identificação das lesões dos cornos posteriores dos meniscos. Com o paciente deitado em posição supina, os quadris a 90º e os joelhos em flexão máxima, o examinador ao lado do joelho a ser examinado palpa as interlinhas articulares com uma das mãos e, com a outra, segura o pé do paciente, provocando movimentos de rotação interna e externa da perna, alternadamente. A presença de dor, com ou sem estalidos, junto à interlinha articular medial após rotação externa, pode caracterizar lesão do menisco medial. Quando se realiza rotação interna com sintomatologia junto à interlinha articular lateral, pode-se estar diante de uma lesão do menisco lateral. Teste de Appley Pode ser considerado uma modificação do teste de McMurray. Realizado com o paciente deitado em posição pronada, inicia-se a flexão do joelho com o quadril em extensão, aplica-se compressão axial junto ao pé e rotação externa da perna até o ponto da angulação em que o paciente refira dor. A manobra é repetida com a rotação da perna oposta e realizada novamente aplicando força de distração em vez de compressão. As lesões meniscais são caracterizadas pela presença de dor ou estalidos junto às interlinhas articulares durante a fase de compressão de teste, para o menisco medial em rotação externa da perna e para o lateral em rotação interna. A contraprova da positividade do teste faz-se quando se repete a manobra aplicando força de distração, quando a dor desaparece ou diminui de intensidade. O teste de Appley pode tornar-se de valor duvidoso quando se examina um joelho edemaciado ou com doença femoropatelar, devido à pressão exercida no joelho pela mesa de exame. Teste de Steinmann Com o paciente sentado sobre a mesa, com os joelhos fletidos a 90o e pendentes, faz-se rotação externa e interna da perna, segurando pelo pé. A presença de dor ou estalido junto à interlinha articular é sinal de lesão do menisco correspondente. Todos esses testes que dependem da rotação da tíbia para ser realizados podem apresentar limitações. A Isadora Pedreira- Problema 02. Módulo XXI presença de lesão do ligamento colateral também pode provocar o mesmo quadro de dor que, no entanto, diminui com o passar dos dias. Sinal de Smillie A palpação das interlinhas articulares também é importante na avaliação das lesões meniscais. As lesões do corno posterior do menisco medial frequentemente causam dor junto à interlinha medial, ao contrário das afecções patelares que podem causar dor nas regiões anterior e medial. As lesões do menisco lateral, por sua vez, podem causar dor junto às regiões anterior e lateral do joelho. A dor à palpação da interlinha correspondente é o sinal de Smillie para a lesão meniscal. Marcha de pato Com o paciente agachado no chão, pedimos que ele dê alguns passos. Na lesão do corno posterior do menisco medial, há dor que impede o paciente de executar o movimento (Figura 12.26). Testes de função ligamentar Teste de Lachman (teste de Richey) Com o paciente posicionado em decúbito dorsal horizontal (DDH) e com o joelho fletido a 30º, o examinador segura com uma das mãos a região supracondilar do fêmur e, com a outra, a região superior da tíbia e provoca movimento antagônico com cada uma das mãos, uma para a frente e a outra para atrás, a fim de fazer o deslizamento de uma superfície articular sobre a outra. Quando a tíbia se desloca para a frente, o sinal é positivo para lesão do ligamento cruzado anterior (LCA), e quando se desloca para trás, para lesão do ligamento cruzado posterior (LCP). Teste da gaveta anterior Usado para detectar lesão do ligamento cruzado anterior e, eventualmente, a associação com eventual componente periférico. Ele é pesquisado com o paciente na mesa de exame em DDH, com o joelho em 80º de flexão. O examinador apoia o pé do paciente e, com ambas as mãos colocadas na região posterior do terço superior da tíbia do paciente, traciona- a para a frente provocando deslizamento anterior da perna sobre a coxa. Nesse movimento, movimento da gaveta, usando os dois polegares sobre o rebordo tibial medial e lateral o examinador mensura o avanço anterior da tíbia nos dois lados, sensibilizando o sinal da gaveta como predominantemente medial ou lateral. O teste da gaveta anterior deve ser pesquisado nas três rotações da perna (interna, neutra e externa) e, para mantê-las na posição, o examinador pode sentar sobre o pé do paciente, estabilizando, dessa forma, a tíbia e a rotação. A instabilidade rotatória anteromedial é demonstrada quando a pesquisa do sinal da gaveta anterior com a tíbia rodada externamente determina anteriorização da perna maior do lado medial. Da mesma forma, com a tíbia em rotação neutra, pode-se observar quando um deslocamento anterior da tíbia é igual em ambos os lados, o que caracteriza instabilidades anteromedial e anterolateral combinadas; se, todavia, nessa mesma posição, o lado lateral se anterioriza mais, tratar-se-á de instabilidade anterolateral isolada. A sensibilidade desse teste permite detectar, junto com a lesão do LCA, as eventuais lesões periféricas coexistentes. A pesquisa do teste da gaveta anterior em rotação interna máxima é negativa para a lesão do LCA, só se positivando quando há lesão do LCP. Muitas vezes, o teste da gaveta anterior pode estar bloqueado pela presença de lesão meniscal em “alça de balde” interposta. Outra situação que merece cuidado por parte do examinador é na presença de lesão do LCP, quando a tíbia poderá estar posteriorizada; nesse caso, a redução dessa posteriorização poderá ser confundida com o sinal da gaveta anterior positivo. Teste da gaveta posterior Verifica a integridade do LCP, sendo pesquisado em rotação neutra da perna com o paciente posicionado da mesma forma que para o teste da gaveta anterior, com o joelho em 80º ou 90º de flexão, e o examinador apoiando o pé do paciente. Nessa posição, o examinador empurra para trás a perna e, com ambas as polpas digitais colocadas sobre o rebordo anterior dos planaltos tibiais, sente os movimentos posteriores dos dois lados, medial e lateral. Se o lado lateral da perna se posterioriza isoladamente, trata-se de instabilidade posterolateral, mas, se o faz de ambos os lados, o teste é positivo para lesão do LCP. A contraprova necessária é a posteriorização da perna quando em rotação interna, característica da lesão do LCP, a qual pode ser reconhecida também quando o paciente se posiciona para a pesquisa do teste e verifica-se posteriorização espontânea da tíbia (comparada ao lado oposto). A partir Isadora Pedreira- Problema 02. Módulo XXI dessa mesma posição, pede-se ao paciente que realizecontração ativa do quadríceps, quando se observa redução da posteriorização da tíbia pela ação do quadríceps (quadriceps active test). Teste da gaveta posterolateral Pesquisado da mesma maneira que o teste da gaveta posterior. Possibilita a verificação de deslizamento posterior do tipo rotatório, do côndilo tibial lateral acompanhado da cabeça da fíbula. Esse descolamento posterior é neutralizado quando se colocam o pé e a perna em rotação interna forçada. Teste de Jerk (teste do ressalto) Esse teste é usado para as lesões do LCA. Em sua pesquisa, reproduz-se a subluxação anterior da extremidade superior da tíbia que se reduz imediatamente pela força de tração do trato iliotibial que puxa a tíbia para trás. O teste de Jerk (teste de Hughston) é pesquisado com o paciente deitado em DDH, com seu membro inferior colocado em 45º de flexão do quadril e 90º de flexão do joelho. O examinador, com uma das mãos, segura o pé ou a perna em rotação interna e, com a outra, pressiona o terço superior externo da perna para a frente, fazendo discreto valgo do joelho; nessa posição, o joelho estende- se lenta e progressivamente até o momento em que se nota ressalto articular repentino, que é subluxação anterolateral do joelho, o qual se mantém subluxado até sua extensão total. Teste do pivot-shift (teste de Mclntoch) Pesquisa-se a partir da posição final do teste de Jerk, com o joelho estendido e a tíbia subluxada anteriormente. Nessa posição, inicia-se lentamente a flexão quando, em torno dos 30º a 50º, será percebida redução repentina da subluxação anterior. É positivo na lesão do LCA. Teste do pivot-shift reverso (teste de Jakob) O joelho é fletido com uma força de abdução aplicada à tíbia em rotação externa, estando o quadril em rotação interna. Nessa posição, se houver instabilidade posterolateral, a tíbia se deslocará para trás sobre o côndilo femoral lateral, com subluxação, que é reduzida na extensão do joelho. Teste de rotação externa-recurvado (RRE) Pesquisado com o paciente em posição supina na mesa de exame. O examinador toma primeiro um dos pés e depois o outro, pelo hálux, e eleva ambos os pés em posição de hiperextensão do joelho, e cada joelho é observado quanto ao grau de recurvado, de rotação externa da perna e aparente tíbia vara. No RRE positivo, a tíbia está rodada externamente com aparente subluxação posterior do rebordo tibial lateral em relação ao côndilo femoral lateral, característico da instabilidade posterolateral. Hiperextensão ou recurvado Pesquisado com o paciente deitado. Levantando-se seu membro inferior pelo pé, verificamos o recurvado, o qual é medido em graus e sempre de maneira comparativa. Posteriorização passiva da tíbia a 90º (90º sag test – teste de Godfrey) Teste utilizado para a análise da integridade do LCP, é realizado mantendo-se o quadril em 90º , com o joelho também em 90º. O examinador mantém a perna nessa posição para o relaxamento do quadríceps. Caso haja lesão do LCP, a tíbia subluxa posteriormente, criando- -se um degrau junto ao planalto tibial medial. Teste da abdução (valgo) É muito importante nesse teste que o paciente esteja totalmente relaxado, com o quadril em 0º de extensão, e a coxa, totalmente apoiada sobre a mesa de exame. Quando se faz a manobra de abdução da perna provocando valgo do joelho, a abertura da interlinha articular, patológica, poderá ser detectada pela palpação digital. A positividade desse teste em hiperextensão pode significar lesão do LCP, e em 0º e em 30º, lesão periférica medial. A lesão do LCA associada determina maior abertura da interlinha articular. A instabilidade associada à lesão do ligamento colateral medial pode ser classificada em três tipos, leve, moderada e grave, e caracterizada de acordo com o grau de abertura da interlinha articular. As aberturas entre 0 e 5mm representam as instabilidades leves; as aberturas entre 5 e l0mm, as instabilidades moderadas; e aquelas maiores que l0mm caracterizam as instabilidades graves. Esse teste deve ser praticado em hiperextensão, 0º de extensão e 5º de flexão do joelho. Teste da adução (varo) Pesquisado de forma análoga ao teste anterior em hiperextensão, em 0o e em 30o de flexão do joelho. O examinador, segurando com uma das mãos o pé ou o tornozelo e com a outra apoiada na face medial do joelho sobre o côndilo femoral medial, força a adução da perna e do pé e avalia a abertura da interlinha articular. Esse teste também poderá ser classificado, como no anterior, em leve, moderado e grave. Deve-se notar que, na maioria das vezes, esse teste, quando pesquisado em 30º, aparece com + de positividade, fisiológica para o joelho valgo normal do homem. Os testes de função ligamentar espelham um estado de frouxidão articular que, correlacionado com a história, determina o diagnóstico de instabilidade ligamentar, portanto, nada mais do que a representação clínica de frouxidão sintomática. Isadora Pedreira- Problema 02. Módulo XXI Artrose do joelho A definição da osteoartrite é ainda um grande desafio. Substanciais diferenças na prevalência e incidência dessa doença podem ocorrer, se para sua definição forem utilizadas apenas alterações radiográficas, sintomas ou uma combinação de ambos. Com base nas atuais evidências, a osteoartrite – artrose ou osteoartrose – é, geralmente, uma doença progressiva nas articulações sinoviais que representa a falha no reparo de danos articulares resultantes de estresses que podem ter iniciado por anormalidades em qualquer dos tecidos articulares, incluindo cartilagem articular, osso subcondral, ligamentos, meniscos (quando presentes), músculos periarticulares, nervos periféricos ou sinóvia. Isso, por fim, resulta no colapso da cartilagem e do osso, causando sintomas de dor, rigidez e incapacidade funcional. As definições radiológicas utilizam-se de classificações com base na presença de osteófitos, diminuição do espaço articular ou combinação de ambos. Epidemiologia A osteoartrite é a forma mais comum de doença articular. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que 10% da população mundial acima de 60 anos apresenta graves problemas clínicos decorrentes da osteoartrite. A prevalência da doença como um todo é muito correlacionada com a idade. Independentemente de como ela é definida, é incomum em adultos abaixo de 40 anos e de grande prevalência em indivíduos acima de 60 anos. Nas mulheres, especialmente após os 50 anos, a osteoartrite é mais prevalente do que nos homens e tem distribuição mais difusa. A população brasileira de indivíduos acima de 60 anos está aumentando muito. Haverá, portanto, grande aumento do número de casos de osteoartrite, considerando que sua prevalência tem relação direta com o aumento da idade da população. Etiologia A osteoartrite pode ser dividida em primária (idiopática) ou secundária. A forma idiopática pode ser classificada em localizada ou generalizada (quando acomete três ou mais articulações). É possível dividir a osteoartrite idiopática do joelho em compartimento medial, compartimento lateral e compartimento patelofemoral. Quadro clínico A dor na artrose primária é do tipo mecânica. Essa dor inicia logo pela manhã devido à imobilidade do período noturno, apresenta momentos de melhora durante o dia e torna-se pior à tarde, devido aos esforços. É a dor relacionada ao movimento. Apresenta início insidioso e incapacidade progressiva. No início da patologia, os sintomas estão relacionados à prática de esforço físico e, com a evolução, a dor aparece mesmo em repouso. É frequente a presença de crepitação e derrame de repetição. O aumento da idade piora o quadro clínico das artroses primária e secundária. Em 1986, o American College of Rheumatology estabeleceu uma lista decritérios diagnósticos para a osteoartrite dos joelhos. Esses critérios são os mais usados atualmente para definir um paciente como portador de osteoartrite e possuem boa reprodutibilidade. Critérios radiológicos Em 1957, Kellgren e Lawrence propuseram uma classificação radiológica da osteoartrite baseados nas seguintes características radiológicas, consideradas evidências da doença: • Formação de osteófitos nas margens da articulação ou, no caso dos joelhos, nas espinhas tibiais. • Ossículos periarticulares. • Estreitamento da cartilagem articular em associação com esclerose do osso subcondral. • Pequenas áreas pseudocísticas com paredes escleróticas geralmente situadas no osso subcondral. • Forma alterada das margens ósseas. • Os autores, então, classificaram a osteoartrite em cinco graus: • Grau 0: nenhuma • Grau 1: duvidosa • Grau 2: mínima • Grau 3: moderada • Grau 4: grave • Portanto, o grau 0 indica ausência de alterações radiográficas de osteoartrite, e o grau 2 indica que a doença está presente, com acometimento mínimo. Em 1968, Ahlback elaborou uma classificação radiológica que, depois, foi modificada por Keyes e colaboradores. Isadora Pedreira- Problema 02. Módulo XXI As radiografias simples são os principais exames de imagem utilizados para diagnóstico da artrose e para o planejamento cirúrgico. As radiografias devem ser realizadas em anteroposterior com apoio monopodal, perfil em 30º e incidência de Rosenberg. Na incidência de Rosenberg, o joelho está em 45º de flexão (com carga) e sua face anterior apoiada no chassi; os raios têm incidência posteroanterior, inclinação podal de 10º e estão afastados em um metro do chassi. A radiografia panorâmica dos membros inferiores também é de fundamental importância para a avaliação correta dos eixos anatômico e mecânico dos membros inferiores. Sabe-se que o mau alinhamento do membro inferior é grande fator de risco para progressão da doença, sendo que o alinhamento em varo aumenta o risco de artrose no compartimento medial e o alinhamento em valgo no compartimento lateral. Diagnóstico funcional O ortopedista não deve basear sua conduta considerando apenas o diagnóstico radiológico, pois a correlação entre a alteração radiográfica e a sintomatologia é fraca. É necessário um diagnóstico mais preciso sobre a verdadeira capacidade funcional do paciente e o impacto que a doença está causando sobre sua qualidade de vida. O diagnóstico funcional é feito por meio de questionários de dor, função e qualidade de vida, além de testes de desempenho. Uma maneira simples de objetivar o tamanho da dor do paciente é aplicando a escala visual da dor. Para avaliação da qualidade de vida, existem alguns questionários que podem ser usados, como o SF- 36. Pode-se avaliar a função com questionários de função reportada, como WOMAC, KSS, KOOS, Lequesne, ou ainda com testes de desempenho, destacando-se os testes de “caminhada de seis minutos”, “sentar e levantar”, “sentar, caminhar e voltar a sentar”. Assim, é possível ter maior percepção sobre a extensão da limitação gerada pela doença, além da definição mais precisa dos alvos terapêuticos, ou seja, alterações que permitem intervenção, sejam elas não farmacológicas, farmacológicas ou cirúrgicas. Fisiopatologia Fatores de risco, como gênero, idade, trauma, uso excessivo, genética e obesidade contribuem para iniciar o processo de lesão nos diferentes componentes da articulação. Os processos bioquímicos causadores da osteoartrite envolvendo a cartilagem, o osso e a sinóvia podem agir em conjunto e destruir esses mesmos três componentes. Já é bem estabelecido que a cartilagem, o osso e a sinóvia são os três principais tecidos atingidos pelos mecanismos patológicos da osteoartrite. A cartilagem recebe mais atenção no estudo da osteoartrite devido à grosseira destruição encontrada em espécimens patológicos e estudos de imagem e também por conta da imensa quantidade de processos biológicos nela ativados. Eventos chave que ocorrem na cartilagem incluem o desbalanço metabólico e o surgimento de sinalizadores de degradação, estimulados por cascatas de citocinas, e a produção de mediadores inflamatórios. Diversos estudos têm focado o papel do osso subcondral na patogênese da osteoartrite. Apesar de grosseiras nos estágios finais, com a formação de osteófitos e deformidades, as mudanças ósseas ocorrem cedo no curso da doença. Em estudos radiográficos, o aumento do turnover do osso subcondral ocorreu até cinco anos antes do aparecimento de alterações radiográficas. A sinovite ocorre mesmo nos estágios iniciais da osteoartrite e pode ser subclínica. Estudos artroscópicos demonstram alterações na sinóvia em até 50% dos pacientes com a doença, muitos dos quais não apresentavam sinais clínicos de sinovite. Técnicas mais novas utilizando RM de alta resolução têm demonstrado que a inflamação sinovial é mais comum do que se imaginava. A comunidade internacional ainda se encontra muito dividida quanto ao exato mecanismo da doença. Trata-se de patologia complexa resultante de uma interação de diversas causas e fatores. Considerar o problema como puramente mecânico ou puramente inflamatório parece uma tentativa de simplificar algo que não é simples. Tendinite patelar Também conhecida como “joelho do saltador”, costuma acometer a inserção proximal do ligamento da patela no polo inferior da patela. Isadora Pedreira- Problema 02. Módulo XXI Etiologia É uma causa frequente de dor anterior no joelho em atletas que praticam vôlei, basquete, futebol, corridas de longas distâncias e tênis. Geralmente, é ocasionada por excesso ou inadequação de treinamento. Alguns autores consideram os desvios angulares e rotacionais dos membros inferiores como fatores predisponentes. Fisiopatologia De acordo com o conceito clássico, a tendinite ocorre por sobrecarga crônica sobre o tendão. As fibras tendinosas anteriores são as mais solicitadas por sobrecarga em função de seu comprimento e sua disposição anatômica, mas, na maioria dos casos, a tendinite acomete as fibras mais posteriores do tendão. Estudos recentes mostram que as fibras posteriores sofrem sobrecarga apenas em determinado grau de flexão, mas podem sofrer compressão exercida pelo polo inferior da patela. A investigação histopatológica da tendinite crônica evidencia uma área de microlesões na face posterior do tendão, com degeneração tecidual e neovascularização, sem a presença de células inflamatórias. Diante disso, a denominação mais adequada seria tendinose, não tendinite. História clínica e exame físico O paciente, inicialmente, queixa-se de dor anterior que se manifesta ou piora após algum tempo de atividade física. O início da dor é insidioso e coincide com o aumento da intensidade dessa atividade. Com a piora do quadro, a dor pode ocorrer durante as atividades de vida diária ou ser constante. Correlacionando a manifestação da dor e a atividade física, Blazina e colaboradores dividiram a sintomatologia em cinco estágios: o Estágio I. Dor somente após atividade intensa, sem comprometer a performance. o Estágio II. Dor no início e após atividades esportivas, mas ainda é possível manter nível satisfatório. o Estágio III. Dor durante atividade esportiva, com aumento da dificuldade em manter nível satisfatório. o Estágio IV. Dor durante atividade esportiva, incapaz de manter a performance e o nível satisfatório. o Estágio V. Dor durante atividades diárias, incapaz de praticar esportes. Ao exame do joelho, observa-se dor e discreto intumescimento na região proximal do ligamento patelar, junto ao polo inferior da patela. Exames por imagem A ultrassonografia e a RM geralmente mostram a lesão no interior do tendão, mas não conseguemprecisar o grau de ruptura das fibras tendíneas. Achados positivos nem sempre estão relacionados à clínica, pois podem ser observados em pacientes assintomáticos. Osteonecrose idiopática do joelho As epífises do joelho adulto podem ser acometidas por lesões dolorosas que surgem espontaneamente, mas com menor frequência que as do quadril. As lesões epifisárias podem ser divididas em duas categorias: a osteonecrose secundária ou necrose avascular e um grupo de lesões que cursam com edema do osso medular. Nessa última categoria, estão incluídas entidades diferentes que podem evoluir para colapso articular, como a osteonecrose espontânea, e condições que costumam apresentar bom prognóstico e resolução espontânea com o tratamento conservador. Osteonecrose secundária Aspectos clínicos O joelho é a terceira articulação mais envolvida pela osteonecrose secundária, depois do quadril e do ombro. Sua manifestação ocorre entre a quarta e a quinta década de vida, mas depende principalmente da doença de base ou dos fatores predisponentes. É secundária aos mesmos fatores de risco do quadril, embora a associação com fraturas complexas ou luxação seja rara. As condições predisponentes incluem uso de corticoide, alcoolismo, hiperuricemia, distúrbios do tecido conjuntivo (lúpus), hemoglobinopatias, infecção por HIV, entre outras. Áreas de isquemia podem estar presentes nas epífises de ambos os côndilos femorais ou platôs tibiais, mas são mais frequentes nas metáfises e diáfises. Em geral, permanecem clinicamente ocultas por longo tempo, sobretudo as da metáfise e diáfise, que, às vezes, regridem com o tempo. Na forma epifisária, os sintomas surgem de forma tardia e gradual, podendo indicar que o osso subcondral está em iminência de fratura. Patogênese À semelhança do quadril, é provável que a necrose se desenvolva em resposta ao infarto vascular da medula óssea. Os mecanismos do infarto vascular incluem trombose intravascular ou embolismo, alterações intrínsecas dos vasos ou compressão extravascular causada pelo aumento da pressão em um compartimento ósseo rígido. Aspectos de imagem Radiografias As áreas de infarto são escleróticas e circundadas por um anel serpiginoso de osso esclerótico. Pode ocorrer discreta reação periosteal na metáfise. Os sinais clássicos da osteonecrose secundária epifisária avançada, que aparecem geralmente no início dos sintomas, são depressão com perda da esfericidade e sinal em crescente (área radioluscente subjacente à placa subcondral). Nos estágios tardios, a deformidade epifisária pode causar artrose secundária e torna-se Isadora Pedreira- Problema 02. Módulo XXI difícil distingui-la da deformidade causada pela artrose primária. Cintilografia A sensitividade do Tc-99 limita-se à fase pré-colapso, antes do aparecimento dos sintomas. No estágio pós- colapso, sua baixa especificidade é de pouco auxílio. Ressonância magnética Em T1, as observações mais comuns são lesões geográficas de intensidade de sinal variado circundadas por anel de baixa intensidade de sinal (interface reativa entre medula viável e não viável). Quando evolui para necrose epifisária e colapso progressivo, aparece edema medular ao redor do infarto, borrando seus limites, e fratura do osso subcondral com depressão da sua placa. Lesões que envolvem um terço ou metade do côndilo no plano coronal, ou o terço médio ou posterior no plano sagital, apresentam maior risco de colapso. Osteonecrose espontânea – fratura por insuficiência do osso subcondral A osteonecrose espontânea, descrita por Ahlback em 1968, é muito diferente da osteonecrose secundária em seus aspectos clínicos e, sobretudo, de imagem de RM. Aspectos clínicos Ocorre com mais frequência após a sexta década de vida e em mulheres (3:1), sem relação com doença sistêmica ou metabólica ou com agentes terapêuticos. A obesidade favorece seu aparecimento. Acomete, em geral, um joelho e, de preferência, a área de carga do côndilo femoral medial (90% dos casos). Seu aparecimento é súbito, fazendo o paciente lembrar exatamente o momento em que teve início. A dor é intensa, incapacitante e persistente, não melhorando com o repouso. Aspectos das imagens Radiografia As radiografias iniciais apresentam alterações em apenas 10 a 43% dos casos. As alterações observadas podem servir para estadiamento da lesão, que parece ocorrer em cascata, gerando colapso articular. As lesões que atingem 40 a 50% do côndilo ou têm área maior que 5 cm2 evoluem rapidamente para artrose. o Estágio I. Raio X normal. o Estágio II. Achatamento leve ou depressão focal tênue da placa de osso subcondral sem estreitamento articular. o Estágio III. Colapso epifisário focal, consistindo de depressão franca da placa de osso subcondral ou sinal em crescente radioluscente subcondral, algumas vezes envolvida por área de discreta esclerose no osso subcondral. o Estágio IV. Igual ao estágio III, com evidente halo esclerótico periférico. o Estágio V. Deformidade epifisária, progredindo com o tempo e resultando em artrose. Cintilografia Mostra captação aumentada no osso subcondral, mas é totalmente inespecífica. Ressonância magnética O edema medular mostra intensidade baixa de sinal em T1 e intermediária ou alta em T2, intensificando-se após injeção de contraste. Ele é mal delimitado e não é circundado por um anel. O achado mais específico da osteonecrose espontânea é área focal de intensidade de sinal baixa em T2, adjacente à placa de osso subcondral. Áreas mais espessas que 4 mm e mais longas que 14 mm ou com superfície maior que 3 cm2 são patognomônicas. O exame microscópico da área necrótica revela debri celular e osso trabecular espessado e colapsado, arranjo irregular de calo de fratura, cartilagem reativa e tecido de granulação. Achados frequentes, mas inespecíficos, são achatamento da placa de osso subcondral (na área de carga) e linhas de fratura no osso subcondral, acima da placa (78%). Existem casos nos quais não se forma área de necrose abaixo da linha de fratura. Essas situações, em geral, evoluem bem com tratamento conservador, pois, provavelmente, são formas mais benignas da condição. É frequente a associação com lesão meniscal, em particular as radiais do corno posterior com extrusão maior de 3 mm, e com meniscectomia. Alguns autores consideram a osteonecrose secundária à artroscopia como uma terceira forma dessa patologia. Isadora Pedreira- Problema 02. Módulo XXI Patogênese Atualmente, a hipótese mais aceita para o surgimento da osteonecrose espontânea é a microtraumática. O impacto repetido ou o estresse na placa epifisária e rede trabecular subjacente podem produzir microfraturas do osso trabecular, ainda mais se estiver fraco por osteopenia. O acúmulo das microfraturas e a falha no processo de reparação podem causar destruição do osso subcondral e, finalmente, ao colapso da placa sucondral. Essa hipótese é sustentada pelas evidências clínicas, de imagens de RM (já descritas) e histológicas. A histologia mostra área limitada de necrose subcondral, interposta entre a fratura subcondral (linha de fratura com calo associado, cartilagem reativa e tecido de granulação paralelo à superfície articular) e a placa de osso subcondral, o que sugere que a fratura foi o evento inicial. Dessa forma, o nome mais apropriado seria “fratura por insuficiência do osso subcondral”, não osteonecrose espontânea. Luxação do joelho O joelho é uma articulação que realiza basicamente a flexoextensão e uma discreta rotação para “travá-lo” e “destravá-lo” durante a execução deste movimento. Esta é uma das articulações do esqueleto apendicular mais estáveis já que possui um vigoroso complexo ligamentar, formado pelos ligamentos cruzado anterior,cruzado posterior, colateral medial e colateral lateral. Pela sua estabilidade intrínseca, a luxação do joelho só ocorre após traumas de alta energia, exemplificados nos acidentes automobilísticos ou queda de grandes alturas, e sempre cursa com ruptura de pelo menos três ligamentos (os dois cruzados e pelo menos um colateral). A incidência de luxação do joelho (considerada uma entidade rara) é subestimada, já que em até 50% dos casos há redução espontânea logo após o acidente, apresentando-se apenas com a rotura poliligamentar. A luxação anterior é o tipo mais comum (FIGURA 6), causada por trauma de hiperextensão, quando o fêmur desloca-se posteriormente a tíbia anteriormente. Outros tipos são: luxação posterior (FIGURA 6), a segunda mais comum; lateral, medial e rotatória. A lesão neurovascular é muito frequente!! A lesão da artéria poplítea (FIGURA 6) é encontrada em 35-45% dos casos, predispondo à isquemia da perna, com risco de amputação. A lesão do nervo fibular comum (FIGURA 6) ocorre em 25- 35% dos casos, podendo levar à síndrome do “pé caído”. São relativamente comuns as fraturas associadas, geralmente as do platô tibial. A apresentação clínica é de um paciente com dor e grande tumefação do joelho (hemartrose), além de impotência funcional da articulação e instabilidade em valgo e varo. O diagnóstico é firmado pelas radiografias em AP e perfil (FIGURA 6). O tratamento preconizado, a princípio, é a redução fechada por manipulação, sob analgesia opioide (FIGURA 6), possível na maioria dos casos, tracionando- se a perna e empurrando anteriormente o fêmur (na luxação anterior) ou a tíbia (na luxação posterior). Em alguns casos, a redução fechada só é possível no centro cirúrgico sob anestesia geral ou regional. No tipo combinado posterolateral de luxação, a redução deve ser cruenta (aberta). Após a redução, radiografia de controle deve ser feita e o status vascular imediatamente avaliado: sinais de isquemia indicam cirurgia de reparo vascular, realizada em caráter emergencial (ideal: em até seis horas, caso contrário, há grande risco de amputação!). Mesmo sem sinais isquêmicos, uma arteriografia pós- redução é rotineira, pois há casos de trombose progressiva com amputação tardia. O joelho reduzido deve ser imobilizado em semiflexão numa órtese funcional de joelho (figura seguinte) por seis semanas (nas quais o paciente andará com muletas). A rigidez do joelho é uma complicação frequente. O reparo dos ligamentos costuma ser realizado, se necessário, após três semanas do trauma e após avaliação da lesão por uma RM. Lesões ligamentares O joelho é uma articulação de flexoextensão que possui quatro ligamentos estabilizadores e dois meniscos. As lesões ligamentares são classificadas em: • Grau I (estiramento sem rotura ou instabilidade), • Grau II (rotura parcial, com instabilidade parcial) e Isadora Pedreira- Problema 02. Módulo XXI • Grau III (rotura completa com instabilidade total). As lesões grau I (entorses do joelho) são tratadas sempre conservadoramente e o prognóstico é excelente, enquanto as lesões grau II ou III podem trazer instabilidade ao joelho e devem ser abordadas de forma individualizada. Lesão do Ligamento Cruzado Anterior (LCA) O Ligamento Colateral Medial (LCM) e o Ligamento Cruzado Anterior (LCA) são os responsáveis pela maior parte das lesões ligamentares do joelho, podendo inclusive serem lesados ao mesmo tempo. O LCA é o principal estabilizador do joelho contra a translação anterior da tíbia sob o fêmur e contra a rotação externa do fêmur sobre a tíbia, tendo também importante contribuição (juntamente com o LCM) na estabilização contra o estresse em valgo (angulação do joelho com o tornozelo voltado para fora). Fatores de risco Os indivíduos predispostos à lesão e à rotura do LCA são os participantes de esportes de impacto com o pé no solo, que exigem rotações e súbitas mudanças de direção no movimento. Os principais são: futebol, basquetebol, handebol, voleibol, ginástica olímpica, esqui, lutas e o tênis. As mulheres, devido a pequenas alterações anatômicas em relação aos homens, possuem um risco 8- 10 vezes maior de lesão do LCA. Mecanismos O mecanismo mais comum de lesão é um movimento súbito de rotação externa do fêmur com o pé fixado no chão. Outros mecanismos possíveis são: trauma de hiperextensão ou de estresse valgo do joelho (lesão combinada com o LCM). Quadro Clínico Logo após o trauma, o paciente se apresenta com edema articular e dor, agravada pela deambulação. É frequente o relato de um estalo durante o movimento que causou a lesão. Em 50-75% dos casos, o joelho apresenta hemartrose, que pode ser puncionada para alívio da dor importante por distensão capsular. Tipicamente, nos dias ou semanas subsequentes, a dor e o edema melhoram, quando então o paciente volta a deambular normalmente e executar suas atividades do cotidiano. Neste momento, o indivíduo percebe uma sensação de instabilidade do joelho, que “parece que vai sair do lugar”. A dor durante a deambulação pode reaparecer. Diagnóstico Após a fase aguda, pode ser confirmado clinicamente somente nas lesões grau II ou III (rotura parcial ou completa), através de manobras clássicas. A RM não é um exame obrigatório, sendo indicado apenas na dúvida diagnóstica e na suspeita de lesões ligamentares associadas. ✓ Teste da gaveta anterior: Com o paciente em decúbito dorsal, joelho flexionado em torno de 80° e o pé tocando a mesa de exame, o examinador segura na panturrilha, tracionando a perna anteriormente. O teste é positivo quando há uma translação anterior > 5 mm (Grau II: 5-10 mm, Grau III: > 10 mm). ✓ Teste de Lachman: Com o paciente em decúbito dorsal, joelho levemente flexionado, em torno de 20°, o examinador segura com uma das mãos na coxa e a outra na panturrilha, tracionando a perna anteriormente e o fêmur posteriormente. O teste é positivo quando há uma translação anterior > 5 mm (Grau II: 5-10 mm, Grau III: > 10 mm). É o melhor teste para a lesão aguda. ✓ Pivot shift test: Com o paciente em decúbito dorsal e o paciente com o joelho estendido, o examinador faz uma rotação interna da tíbia segurando no pé, em seguida flexionando vagarosamente o joelho. No teste positivo, observasse um estalo quando o joelho é flexionado em torno de 30° (redução súbita da subluxação). Isadora Pedreira- Problema 02. Módulo XXI Tratamento O tratamento da fase aguda é feito com um conjunto de medidas sob a sigla PRICE: ✓ Proteção (muletas), ✓ Repouso relativo da articulação, ✓ Ice (crioterapia, 20min, quatro vezes ao dia), ✓ Compressão (com bandagem em torno do joelho), ✓ Elevação do membro. Estas medidas são voltadas para a redução do edema e da dor e devem ser mantidas por um mínimo de três dias (média de 1-2 semanas). Alguns pacientes preferem associar um AINE. A abordagem definitiva atual da lesão do LCA em pacientes jovens e ativos favorece o tratamento cirúrgico, uma vez que a terapia conservadora para esses pacientes aumenta o risco em longo prazo de lesão de menisco e osteoartrite, além do fato de muitos pacientes referirem a sensação incômoda da instabilidade e episódios de dor no joelho após atividades esportivas. De uma forma geral, a cirurgia é indicada para (1) indivíduos que apresentam sensação de instabilidade significativa no joelho (geralmente associada ao teste da gaveta anterior grau III); ou (2) qualquer pessoa que pretende realizar atividade esportiva ou recreacional que demanda o joelho. A cirurgia deve ser feita após três semanas do trauma, quando já houve redução total da inflamação aguda. O procedimento é a reconstrução do LCA, já que o simples reparo do ligamento traz resultados precários. É realizado por via artroscópica,ressecando-se todo o ligamento, que então é reconstruído utilizando-se o terço mediano do ligamento patelar, o tendão do músculo semitendinoso e gracil. No pós-operatório, o paciente andará com muletas por 1- 3 semanas. A fisioterapia com exercícios para a musculatura estabilizadora do joelho é fundamental. Atividades como natação e ciclismo são recomendadas. Os esportes de impacto (futebol etc.) só serão permitidos após seis meses. Lesão do Ligamento Cruzado Posterior (LCP) É muito mais rara que a lesão do LCA e requer um trauma de mais alta energia. O Ligamento Cruzado Posterior (LCP) é o principal estabilizador do joelho contra a translação posterior da tíbia sob o fêmur. Mecanismos O mecanismo mais comum de lesão e rotura do LCP é um acidente automobilístico com o joelho da vítima flexionado colide com o painel do carro dashboard injury. Outro mecanismo é a hiperflexão forçada do joelho. Nos traumas de alta energia, outras estruturas podem ser lesadas ou rompidas em conjunto, como o complexo musculoligamentar posterolateral. Quadro Clínico É semelhante ao descrito para a lesão do LCA, embora com menor risco de hemartrose. Diagnóstico Após a fase aguda, nas lesões grau II ou III, pode ser firmado pelo: • Teste da gaveta posterior: mesma posição do teste da gaveta anterior (descrito para a lesão do LCA), só que a manobra é invertida, já que o examinador empurra o joelho posteriormente. A evolução a longo prazo da lesão isolada do LCP costuma ser benigna, pois o grau de instabilidade costuma ser menor que o da lesão do LCA. Neste caso, apenas a terapia conservadora é indicada. Tratamento A cirurgia reconstrutora (de técnica mais difícil que a do LCA.) é necessária nos casos de instabilidade significativa, geralmente com lesão associada do complexo posterolateral ou dos meniscos. Lesão do Ligamento Colateral Medial (LCM) O Ligamento Colateral Medial (LCM), segundo a maioria dos autores, é o ligamento mais comumente lesado do joelho. O LCM é o principal ligamento estabilizador contra o estresse em valgo do joelho. Mecanismos O mecanismo é um trauma direto na face lateral do joelho, aumentando subitamente sua angulação em valgo, evento comum no futebol. Na maioria das vezes, a lesão ligamentar é do grau I ou II (não há rotura completa). A lesão do LCM pode vir associada a outras lesões, sendo comum a dupla LCA + LCM e a tríade LCA + LCM + menisco medial. Logo após o trauma, o paciente sente dor Isadora Pedreira- Problema 02. Módulo XXI na face medial do joelho, porém consegue continuar a atividade esportiva, embora 1-2 dias depois a dor aumenta e o joelho torna-se edemaciado. Diagnóstico Ao exame, há dor à digitopressão da face medial do joelho e • Teste do estresse em valgo, realizado com o joelho em ligeira flexão (de 30°) será positivo, agravando a dor. Por este teste, a lesão também pode ser graduada: no grau I, há apenas dor; no grau II, há uma ligeira angulação; no grau III (rotura completa) há uma angulação proeminente, com intervalo > 1 cm. Tratamento A abordagem quase sempre é a terapia conservadora (PRICE). Nas lesões grau II ou III, o paciente deve usar um BRACE de joelho (reforçado medialmente) por 4-6 semanas. O reparo cirúrgico é indicado em raros casos de lesão grau III associada à lesão do LCA e/ou menisco medial. Lesão do Ligamento Colateral Lateral (LCL) Dos quatro ligamentos estabilizadores do joelho, o Ligamento Colateral Lateral (LCL) é o menos lesado. O LCL estabiliza o joelho contra o estresse em varo e também participa do complexo musculoligamentar posterolateral, evitando extremos da rotação interna do fêmur sobre a tíbia e de hiperextensão. Mecanismo Por isso, o LCL costuma ser lesado em conjunto com o complexo posterolateral, através de trauma em estresse varo ou rotacionais em hiperextensão. Diagnóstico Após a fase aguda, o paciente apresenta sinais de instabilidade e, ao exame clínico, possui o teste do estresse em varo positivo. Tratamento Nos joelhos instáveis (lesões grau II ou III), a abordagem recomendada é o tratamento cirúrgico, com reparo do complexo posterolateral, que deve ser executado de preferência em até duas semanas após o trauma. Lesão meniscais Os meniscos são coxins fibrocartilaginosos bicôncavos, semilunares, em forma de “C”, interpostos entre o fêmur e o platô tibial. Eles possuem três funções básicas: (1) aumentar a área de contato periférico dos côndilos femorais (arredondados) sobre os côndilos tibiais (planos); sem o menisco, o côndilo femoral concentra toda a sua carga em um só ponto, no meio do côndilo tibial (ao invés de distribuí-la uniformemente), levando a um estresse excessivo sobre a cartilagem articular, fazendo- a mais propensa a desenvolver osteoartrite; (2) funcionar como amortecedores de impacto; (3) ajudar na troca e renovação do líquido sinovial do joelho. Mecanismos O mecanismo típico de lesão meniscal ocorre em atividades esportivas com o pé no solo, após súbitos movimentos de torsão do joelho fletido, provocando forças de compressão localizada em um segmento meniscal. O menisco mais lesado é o menisco medial (75% dos casos), por ser menos móvel (intimamente ligado à cápsula articular posterior) e pela maior frequência do seu mecanismo de trauma: súbita rotação interna do fêmur sobre a tíbia com o joelho flexionado e o pé fixado no chão. Os esportes típicos são o futebol, o basquetebol e o esqui. Já uma súbita rotação externa do fêmur sobre a tíbia com o joelho fletido pode produzir lesão do menisco lateral (bem menos frequente, pois este menisco é uma estrutura mais móvel, acompanhando a rotação do côndilo femoral...). A lesão meniscal pode ocorrer em associação com a lesão ligamentar, especialmente a do LCA. Na verdade, a lesão prévia deste ligamento coloca mais estresse sobre os meniscos, predispondo à sua rotura. Pode ocorrer a Isadora Pedreira- Problema 02. Módulo XXI chamada “tríade infeliz” (lesão do menisco medial + LCA + LCM). A lesão aguda do LCA também pode ocorrer em conjunto com a lesão do menisco lateral, pois ambas compartilham de um mecanismo semelhante de lesão. Epidemiologia A lesão meniscal é mais comum em homens jovens, que realizam atividades esportivas, embora também possa ocorrer em idosos, após traumas banais, como se levantar de uma posição agachada (lesão degenerativa). Quando um menisco é lesado, surge um “rasgo” que pode ser longitudinal (tipo lingueta ou “lesão em alça de balde”), radial ou complexo, sendo o primeiro mais comum nas lesões traumáticas esportivas e o último, na lesão degenerativa. Quadro Clínico Logo após o trauma, o paciente apresenta dor no joelho, na face medial ou lateral, que pode ou não ser suficiente para fazê-lo parar a atividade esportiva. O aumento da dor e o edema articular aparecem dentro das próximas 24h, (diferente da lesão do lca, que leva aumento de volume instantâneo e necessidade imediata de parada da atividade física) geralmente evoluindo dias depois com melhora espontânea. O paciente por vezes relata ter sentido um “estalo” no instante do evento. Embora a inflamação aguda tenha melhorado, o indivíduo pode manter um certo grau de edema articular e continua sentindo dor com movimentos de torsão e quando flexiona totalmente o joelho (posição de agachar) e pode sentir “estalos”. Eventualmente, ocorre a síndrome do “joelho bloqueado” em posição de semiflexão, geralmente de forma transitória, devido à interposição de uma alça ou fragmento meniscal no centro da articulação. Sensação de instabilidade do joelho também é descrita, explicada pela presença de fragmento meniscal móvel (interferindo com a propriocepção) ou por uma lesão do LCA associada. DiagnósticoO exame clínico sugere o diagnóstico após a realização de uma manobra, embora a RM seja o método de escolha para a confirmação diagnóstica e avaliação do tipo de lesão. • Teste de McMurray: Com o paciente em decúbito dorsal, joelho flexionado a 90° ou mais, o examinador segura no pé e tornozelo, provocando uma rotação externa da tíbia sob o fêmur (para estressar o menisco medial) ou uma rotação interna da tíbia sob o fêmur (para estressar o menisco lateral); em seguida, estende passivamente o joelho mantendo a rotação tibial. O sentimento de dor associada a um “estalo” indica teste positivo para lesão meniscal. • Teste de Thessaly: Tenta simular as forças de carga colocadas no joelho. Para realizar o teste, o paciente e o examinador se enfrentam e seguram as mãos em busca de apoio. O paciente então fica em uma perna com o joelho flexionado a 20 graus e gira o joelho e o corpo, mantendo a flexão do joelho. Gira o joelho interna e externamente, enquanto carrega o menisco. O teste deve ser sempre realizado no joelho normal primeiro para que o paciente possa ser treinado e assim uma comparação com o joelho afetado pode ser feita. Dor ou uma sensação de travamento ou captura constitui um teste positivo. • Teste de Apley: É realizado com o paciente deitado e o joelho afetado flexionado a 90º. O clínico pode estabilizar a coxa do paciente com um joelho ou mão. A manobra é realizada pressionando o calcanhar do paciente diretamente em direção ao chão, enquanto interna e externamente gira o pé, comprimindo o menisco entre o platô tibial e os côndilos femorais. A dor focal provocada pela compressão marca um teste positivo. A sensibilidade do teste de Apley foi encontrada para ser apenas 38 e 41%, respectivamente, em uma revisão sistemática e um estudo prospectivo subsequente. Isadora Pedreira- Problema 02. Módulo XXI Tratamento O tratamento da lesão meniscal começa na fase aguda, com crioterapia 20min, quatro vezes ao dia, na primeira semana. Nos casos de sintomatologia mais intensa, o protocolo PRICE é recomendado (utilizando uma joelheira de contenção patelar). O tratamento cirúrgico é indicado nos casos de sintomatologia persistente após 2-4 semanas. As duas opções mais aceitas pelos ortopedistas são o reparo da lesão ou a meniscectomia parcial (deixando-se a maior parte de menisco possível...). A meniscectomia total não é mais recomendada, pelo maior risco de desenvolvimento de osteoartrite. Nos casos de “joelho bloqueado”, na ausência de pronta reversão espontânea, a cirurgia deve ser realizada em caráter de semiurgência. Diagnóstico Diferencial Embora nenhum sintoma ou exame possa diagnosticar definitivamente um rompimento do menisco, a presença de uma combinação de características históricas sugestivas (por exemplo, bloqueio do joelho) e achados do exame (por exemplo, dor na linha da articulação focal, teste de Thessalys positivo) aumenta significativamente a probabilidade de menisco, reduzindo a probabilidade de outras condições. No entanto, várias condições do joelho podem apresentar sintomas e sinais que se sobrepõem à lágrima meniscal. Os sintomas mecânicos (por exemplo, perda da flexão e extensão do joelho liso; desistência; travamento) podem ser causados pela osteoartrite (OA) em seus estágios avançados, rupturas do ligamento cruzado anterior (LCA), corpos intra-articulares soltos (por exemplo, lesões osteocondrais fora do fêmur ou da patela), fratura do planalto tibial, sinovite vilonodular pigmentada, condrocalcinose e menisco discóide congênito. Cliques anormais e estalos também podem ser causados por dor patelofemoral e AO (osteoartrite). A hemartrose aguda é mais comumente causada por lesões do LCA ou fratura do planalto tibial ou da patela. Em alguns casos, uma ruptura do menisco também pode causar uma hemartrose aguda. A OA distingue-se da ruptura aguda do menisco com base na demografia do paciente, no mecanismo da lesão, nos achados clínicos mais consistentes com a alteração degenerativa da articulação do joelho e na aparência radiográfica (se forem obtidas radiografias). ✓ Rupturas meniscais tipicamente ocorrem em adultos jovens praticando esportes de alto risco, são causadas por uma lesão súbita envolvendo torção do joelho enquanto o pé é plantado, e não manifestam as sequelas típicas da OA em radiografias simples. ✓ A OA e as lesões meniscais degenerativas frequentemente coexistem, em cujo caso a ressonância magnética (RM) ou a artroscopia são necessárias para fazer um diagnóstico definitivo, se necessário. As lesões do LCA causam frouxidão no joelho, como demonstrado pelos testes positivos de Lachman e gaveta anterior, e podem ser acompanhados por uma ruptura do menisco. Lágrimas meniscais isoladas não causam frouxidão no joelho. As fraturas do planalto tibial ou patela geralmente envolvem traumas significativos no joelho e geralmente são visíveis em radiografias simples. Distinguir um corpo intra-articular solto, menisco discoide ou sinovite vilonodular pigmentada de um rasgo meniscal é difícil e, muitas vezes, requer imagem ou artroscopia. A dor femoropatelar é frequentemente de início gradual, geralmente causa sintomas vagos ao redor da patela, em vez da linha articular, não causa bloqueio verdadeiro do joelho, pode estar consistentemente associada a atividades particulares (por exemplo, sentar, subir e descer escadas prolongadamente), e é frequentemente associado com quadríceps fracos e abdutores do quadril. Quando o exame físico demonstra uma efusão significativa do joelho, uma grande ruptura isolada do menisco é uma possível causa, mas muitas vezes outras estruturas intra-articulares são lesadas. A aspiração de um joelho com efusão pode revelar sangue ou cristais, achados que sugerem diagnósticos além da lesão do menisco. Exames de imagem Nem todos os pacientes precisam fazer radiografias. No entanto, as radiografias anteroposterior, lateral e oblíqua costumam ser feitas para excluir as fraturas. As regras de joelho de Ottawa são usadas para restringir as radiografias aos pacientes com probabilidade de fraturas que exijam tratamentos específicos. As radiografias só devem ser feitas se um dos seguintes estiver presente: • Idade > 55 anos • Dor à palpação isolada da patela (sem nenhuma outra sensibilidade óssea no joelho) • Dor à palpação da cabeça da fíbula • Incapacidade de flexionar o joelho a 90° • Incapacidade de suportar peso logo depois da lesão e no departamento de emergência de dar quatro passos (com ou sem mancar) O uso de ressonância magnética na avaliação inicial é bem controverso. Uma abordagem razoável é fazer uma RM se os sintomas não desaparecerem após algumas semanas de tratamento conservador. No entanto, a ressonância magnética costuma ser feita quando há Isadora Pedreira- Problema 02. Módulo XXI suspeita de lesão grave ou lesão intra-articular significativa que, do contrário, não pode ser excluída. O diagnóstico acurado das lesões do joelho está diretamente ligado à história clínica e a cuidadoso exame físico (EF). As lesões meniscais e ligamentares dessa articulação podem ser avaliadas por meio da ressonância magnética (RM), que proporciona imagens com anormalidades da morfologia caracterizadas por alterações do sinal e eleva a sensibilidade desse exame conforme o método usado pelos médicos radiologistas. A RM é, habitualmente, uma modalidade de exame complementar acurado para avaliação do joelho, porém de custo elevado. No joelho, a RM tem grande aplicabilidade em comparação com outras articulações e fornece excelente diagnóstico capaz de avaliar lesões de diversos tipos, tais como: ligamentares, meniscais, tendíneas, ósseas e condrais Rx de ap e perfil- artrose Para avaliação e classificação da artroseutiliza-se com frequência a classificação de Albach modificada por Goodfellow: o Grau I – esclerose da superfície, sem pinçamento; o Grau II – pequeno pinçamento articular; o Grau III - acentuação do pinçamento, com sua posteriorização (visto na incidência em perfil); o Grau IV - osteófito posterior, sugestivo de lesão do LCA (visto na incidência em perfil); Grau V - presença de subluxação. Rm para lesões meniscais Lesões dos meniscos e da cartilagem articular do joelho são bastante comuns na população geral e em esportistas. A ressonância magnética (RM) é o método de imagem mais adequado para fazer o diagnóstico dessas lesões, assim como determinar seu grau e sua extensão. Este exame complementar é frequentemente solicitado por ortopedistas e médicos do esporte, depois do exame físico e da análise da história clínica, com o objetivo de auxiliar no diagnóstico e no acompanhamento de seus pacientes atletas e não atletas. As informações obtidas na RM são valiosas para se determinar o tipo de tratamento a ser adotado: clínico conservador, ou cirúrgico. Os meniscos (medial e lateral) são fibrocartilagens que possuem várias funções no joelho como, por exemplo, contribuir para a estabilidade articular e proteção contra impacto. A cartilagem é uma camada que reveste toda a superfície articular do fêmur, tíbia e patela (rótula), e também tem função protetora sobre os ossos do joelho, além de promover o adequado deslize entre estes ossos nos movimentos da articulação. As lesões meniscais e de cartilagem podem ser agudas ou crônicas: As lesões agudas meniscais e condrais (de cartilagem) em esportistas são geralmente traumáticas, decorrentes de entorses, e podem ou não estar associadas a outras lesões (fraturas, contusões ósseas, lesões ligamentares, etc). A RM revelará se há rotura meniscal, em qual dos meniscos ela se situa, além de determinar a configuração da rotura (longitudinal, oblíqua, horizontal, tipo alça de balde, etc) e a sua extensão: se compromete apenas uma porção do menisco ou se estende por todo ele. Lesões agudas – As lesões agudas de cartilagem também são muito bem identificadas nos exames de ressonância magnética do joelho. Elas podem se apresentar como áreas de afilamento variável, desde uma leve erosão superficial até o extremo de perda completa, com exposição do osso subcondral (subjacente). Em alguns casos, há desprendimento de fragmentos de cartilagem, que se soltam e se tornam corpos livres intra-articulares, causando sintomas específicos. Lesões Meniscais – Lesões meniscais crônicas são de causa degenerativa (desgaste), sem que haja necessariamente um episódio traumático ou rotura propriamente dita. Estas alterações se iniciam em pacientes acima dos 30 anos. Como há uma relação próxima entre meniscos e a cartilagem articular, lesões/roturas crônicas em meniscos podem levar a alterações degenerativas e erosões/afilamento da cartilagem articular, causando diminuição na resistência à carga vertical e impactos. Pacientes ou atletas mais velhos, geralmente acima dos 50 anos, já podem ter algum grau de osteoartrose do joelho (processo degenerativo osteoarticular), e a RM complementa de forma muito mais detalhada a avaliação dos meniscos e da cartilagem articular, visto que as radiografias iniciais são insuficientes para este tipo de diagnóstico. Lesão ligamentar Exames de imagem - Radiografias simples são realizadas com frequência após lesões traumáticas no joelho para descartar fraturas, mas não podem ser usadas para diagnosticar rupturas do ligamento cruzado anterior (LCA). Em alguns casos, uma fratura avulsão do platô tibial ântero-lateral no local de fixação do ligamento capsular lateral (a chamada fratura Segond) é identificada em filme plano. Tal lesão sugere a presença de uma ruptura associada do LCA . o RNM: A ressonância magnética é altamente sensível e específica no diagnóstico da ruptura completa do LCA. o USG: Assim como a ressonância magnética, o ultrassom é o melhor para detectar a ruptura completa do LCA. O ultra-som é barato, rápido e indolor, e vários estudos sugerem alta especificidade e valor preditivo positivo. A sensibilidade é provavelmente mais limitada que a ressonância magnética. o TCMD: A tomografia computadorizada por multidetectores (TCMD) não é usada para Isadora Pedreira- Problema 02. Módulo XXI avaliar a lesão do LCA. Os dados sugerem que a TCMD é precisa na detecção de um LCA intacto, mas não é confiável para determinar a ruptura do LCA. Diagnóstico O diagnóstico definitivo da ruptura do ligamento cruzado anterior (LCA) é feito por diagnóstico por imagem (a ressonância magnética é mais precisa) ou por artroscopia do joelho. No entanto, em muitos casos, a apresentação clínica pode estabelecer o diagnóstico sem a necessidade de exames de imagem. As lesões do LCA sofridas por uma lesão sem contato são mais comuns e suspeitas com base em um histórico sugestivo (mudança súbita de direção ou aterrissagem durante o esporte, fazendo com que o joelho "estale" ou ceder) e achados clínicos (derrame agudo do joelho; Lachman positivo, pivot shift e testes de gaveta anterior). As lesões de contato geralmente resultam de um golpe direto, causando hiperextensão ou deformação em valgo do joelho, e são frequentemente associadas a lesões em outras estruturas. Lesão meniscal Imagem o Radiografias simples As radiografias do joelho, possivelmente incluindo o túnel, posteroanterior, anteroposterior e lateral, são apropriadas em alguns pacientes com suspeita de ruptura meniscal. A regra do joelho de Ottawa fornece orientação útil para determinar se as radiografias são indicadas após uma lesão aguda. As películas planas do joelho também podem apresentar alterações degenerativas, calcificação do menisco ou corpos soltos calcificados. A vista do túnel demonstra o entalhe intercondilar e pode revelar um corpo solto sequestrado ou um defeito osteocondral. o USG: O ultrassom é seguro, barato e permite que o profissional experiente examine o joelho de forma dinâmica e compare as articulações lesadas e não lesadas. A principal limitação da ultrassonografia é sua incapacidade de visualizar estruturas internas do joelho completamente profundas. o RNM: A ressonância magnética pode definir a extensão e o tipo de ruptura meniscal (figura 4) e é a modalidade de imagem mais sensível para a detecção de pequenas lesões (imagem 1). No entanto, a ressonância magnética geralmente não é necessária, a menos que a cirurgia esteja sendo considerada. Os achados de ressonância magnética devem ser interpretados com cautela. A alteração degenerativa mucinóide (sinal aumentado que surge do centro do menisco) é um achado comum. Esta é uma parte normal do processo de envelhecimento e não deve ser mal interpretada como uma lágrima meniscal traumática. Além disso, lágrimas assintomáticas são comuns nos joelhos contralaterais de pacientes com sintomas atribuíveis a uma ruptura meniscal. Diagnóstico O diagnóstico de uma lesão meniscal aguda pode ser difícil porque os sintomas e sinais são frequentemente vagos e inespecíficos, pois a dor pode não estar bem localizada ou definida. Além disso, rupturas degenerativas crônicas não associadas a um incidente traumático discreto podem se desenvolver em pacientes idosos. Um diagnóstico presuntivo de ruptura meniscal é baseado no mecanismo da lesão no caso de lágrimas agudas (muitas vezes envolvendo torcer o joelho enquanto o pé é plantado), sintomas característicos, Isadora Pedreira- Problema 02. Módulo XXI como captura mecânica ou travamento, e corroborar os sinais do exame físico, incluindo ternura da linha articular e testes provocativos positivos (por exemplo, McMurray, Thessaly). Os médicos com experiência no uso deultrassonografia musculoesquelética, por vezes, usam essas imagens para auxiliar no diagnóstico. O diagnóstico pode ser confirmado por ressonância magnética (RM) ou artroscopia, embora isso seja desnecessário em muitos pacientes, particularmente aqueles com achados que sugerem que o tratamento não operatório será bem- sucedido. A decisão de proceder à ressonância magnética depende da idade do paciente e se a cirurgia está sendo considerada. Artroscopia é o diagnóstico definitivo e teste terapêutico. Em pacientes idosos, a osteoartrite do joelho frequentemente coexiste com a degeneração crônica do menisco. A terapia para osteoartrite deve ser maximizada. A OA é uma enfermidade crônica, com múltiplos fatores envolvidos na sua patogenia e, por essa razão, o seu tratamento deve ser multidisciplinar e buscar não só melhora clínica, mas também melhora mecânica e funcional. Deve-se sempre procurar envolver os pacientes o máximo possível para se alcançar sucesso. Para isso, é de vital importância a educação, levando-os a conhecer e entender o diagnóstico, o prognóstico e as opções terapêuticas. Na OA é de grande relevância a preservação da cartilagem e, dessa forma, dos movimentos articulares. Assim, a Sociedade Brasileira de Reumatologia propôs o seguinte Consenso Brasileiro de Tratamento da Osteoartrite (Coimbra (et al., 2002), em que o tratamento da doença é analisado sob três diferentes aspectos: tratamento não farmacológico, farmacológico e cirúrgico. • Tratamento não farmacológico: Enquadram-se nessa modalidade, além dos aspectos de educação e envolvimento dos pacientes no seu tratamento, as atividades esportivas moderadas com monitoramento profissional adequado e as orientações quanto à ergonomia ocupacional e doméstica, fundamentais no tratamento da OA. De igual importância são os exercícios terapêuticos (fisioterapia) com destaque para exercícios de reforço muscular, melhora do condicionamento físico global, uso de órteses e equipamentos de auxílio à marcha e utilização crescente de agentes físicos como a termo e a eletroterapia analgésicas. • Tratamento farmacológico: O uso de analgésicos, como o paracetamol em doses efetivas (3 a 4 g ao dia) nos casos de OA leve ou moderada iniciais, está indicado como primeira escolha no tratamento da OA. Deve-se, no entanto, verificar se o paciente não apresenta hepatopatia, quando então o paracetamol não poderá ser utilizado. Os anti-inflamatórios não esteroidais (AINE), tanto os inibidores seletivos de COX-2, quanto os não seletivos acompanhados de proteção gástrica, são indicados nos casos em que há inflamação clínica evidente, ou naqueles casos que não apresentaram resposta aos analgésicos. Nos casos de dor intensa ou de má resposta, ou ainda de contraindicação aos AINE, o uso de opioides naturais ou sintéticos torna-se uma alternativa. AINE e capsaicina podem ser utilizados topicamente, principalmente em OA de mãos. Alguns fármacos têm sido utilizados como sintomáticos de ação duradoura, alguns deles com potencial ação modificadora da evolução da doença; no entanto, isso ainda necessita de maior número de evidências. Dentre esses fármacos, no mercado brasileiro são encontrados o sulfato de glucosamina, utilizado na dose de 1,5 g ao dia, isoladamente ou associado ao sulfato de condroitina na dose de 1,2 g ao dia, com evidências crescentes em relação à sua ação analgésica e possível ação de preservação da cartilagem, embora essa última ação careça de comprovação melhor fundamentada. Também os ésteres não saponificáveis da soja e do abacate, utilizados na dose de 300 mg/dia, a diacereína, usada na dose de 100 mg/dia, destacando-se, no entanto, que nessa dose a presença de efeitos adversos, como a diarreia, é frequente. No nosso meio, também a hidroxicloroquina vem sendo utilizada com resultados animadores. O uso intra-articular de derivados do ácido hialurônico está indicado em OA dos joelhos graus II e III, embora o custo desses medicamentos ainda seja alto para a maioria da população brasileira. A infiltração com corticosteroide, particularmente com a triancinolona hexacetonida, pode ser indicada como primeiro tratamento quando os sinais inflamatórios forem muito exuberantes. • Tratamento cirúrgico: A opção final de tratamento para a OA. Podem incluir a osteotomia, o desbridamento artroscópico, a artrodese (fusão) e as artroplastias. A osteotomia é um procedimento que deve ser feito precocemente em pacientes selecionados e pode ter função profilática, quando em pacientes que apresentam queixas, mas ainda sem alterações radiográficas, com o objetivo de corrigir eventuais desvios do eixo articular. Pode ainda ser terapêutica, quando é realizada em pacientes com alterações clínicas e radiográficas com o objetivo de alterar o eixo de alinhamento do membro afetado e deslocar a carga para outra região da superfície articular. Isadora Pedreira- Problema 02. Módulo XXI O desbridamento artroscópico, embora ainda muito utilizado, tem tido seus efeitos benéficos contestados. A artrodese, particularmente em OA de tornozelos resistente ao tratamento conservador, pode ser indicada. A indicação de artroplastia, ou substituição da articulação afetada por colocação de próteses, vem crescendo acentuadamente no mundo. Ela promove significativa redução da dor e melhora funcional e deve ser indicada sempre que outros procedimentos tenham falhado. Lesões/patologias do joelho e tratamentos fisioterapêuticos O joelho pode ser lesionado de várias formas por ser muito vulnerável ao trauma direto (pancadas) ou indireto (entorse), além de ser lesionado principalmente pelo excesso de uso ou uso inadequado (regiões condrais e tendíneas são as mais acometidas). Stewien et al. (2008) citam que nos Estados Unidos a incidência de lesão do joelho é alta, sendo a de LCA uma das principais, e que no Brasil há escassez sobre estudos similares que apontem dados epidemiológicos sobre lesões ligamentares do joelho na população em geral. As lesões nos ligamentos podem ser classificadas em três tipos, de acordo com a gravidade (PETERSON; RENSTROM, 2002): • 1º Grau - leve estiramento, com pequena tumefação e sem perda da estabilidade. Neste caso o ligamento permanece íntegro e após o trauma o indivíduo consegue andar; • 2º Grau – o ligamento é estirado e na lesão parcial; • 3º Grau - ruptura ligamentar total ou avulsão, com rompimento da cápsula e possível ruptura meniscal que consiste em uma lesão grave. Sendo assim, os subitens seguintes abordam a temática das lesões/patologias do joelho e tratamentos fisioterapêuticos. Ligamento cruzado anterior (LCA): Segundo Andrews (2000), o tratamento após lesão do ligamento cruzado anterior continua sendo um dos problemas mais controversos da medicina desportiva. Após sofrer lesão do ligamento cruzado anterior, deve ser dada atenção imediata a hemartrose e ao processo inflamatório geral. O atleta deve passar a utilizar muletas, sendo instruído quanto à sustentação parcial do peso. A órtese é desnecessária, a não ser quando existem outras lesões associadas como uma entrose do ligamento colateral medial. Os exercícios de movimentação devem ser iniciados imediatamente, concentrando-se na extensão passiva para ajudar a prevenir fibrose rápida na chanfradura intercondiliana. No âmbito da reabilitação existem muitas discussões a respeito do protocolo utilizado na reabilitação pós- operatório do ligamento cruzado anterior. Embora não haja um protocolo definitivo para a reabilitação da reconstrução do LCA a maioria dos autores preconiza os mesmos princípios, que são: iniciar mobilização e apoio precocemente, utilizar precocemente técnicas de controle de edema, evitar estresse excessivo no enxerto (evitar exercíciosem Cadeia Cinética Aberta (CCA) que aumentam o estresse), iniciar precocemente exercícios de reforço muscular de isquiotibiais para promover estabilização dinâmica e diminuir a tensão no enxerto, incorporar exercícios em Cadeia Cinética Fechada (CCF), iniciar precocemente o recrutamento do quadríceps, realizar treinamento proprioceptivo e reeducação neuromuscular, treinar o gesto esportivo e realizar treinamento muscular (HEBERT, 2003). Conforme Shelbourne e Nitz (1990), no protocolo de reabilitação acelerado a Fisioterapia é iniciada já no primeiro dia pós-operatório, ainda no ambiente hospitalar. Além disso, na sexta semana de pós- operatório é iniciado atividades de trote leve, pular corda, manobras de agilidade, musculação e bicicleta estacionário, isto, se o paciente tiver 70% de força do membro contralateral. Para alcançar os objetivos da reabilitação são utilizadas técnicas como: crioterapia, mobilizações articulares passivas e ativo-assistidas da articulação do joelho, exercícios isométricos da musculatura envolvida, atividades de reforço muscular, exercícios em cadeia cinética fechada, treino de marcha e treino de propriocepção, treino de retorno ao esporte e às atividades diárias. Além disso, a fisioterapia aquática é um método que vem sendo muito utilizado devido aos importantes resultados que têm demonstrado na reabilitação de pacientes submetidos à cirurgia de reconstrução de LCA (GABRIEL; PETIT; CARRIL, 2001). Osteoartrose: A estimulação elétrica nervosa transcutânea (TENS), com parâmetros de 80 Hz e 140 μs, durante 10 sessões (4 semanas) de 30 minutos cada, reduz a dor e melhora a funcionalidade em pacientes com osteoartrose de joelho. Osteoartrite: Os agentes físicos como o gelo e o calor podem combater o processo álgico quando corretamente indicados e utilizados. A associação entre aplicação de gelo e cinesioterapia para analgesia geram resultados importantes. O alongamento estático e fortalecimento excêntrico do quadríceps femoral produzem uma melhora substancial no quadro álgico e incapacidade em indivíduos portadores dessa doença articular (MILAGRES et al., 2006). Em estudos recentes, foram verificados os efeitos terapêuticos com laserterapia (FUKUDA et al., 2011), na Isadora Pedreira- Problema 02. Módulo XXI melhora a dor e função a curto prazo; e uso coadjuvante de joelheira (BRYK et al., 2011) em pacientes portadores de osteoartrite do joelho. A joelheira elástica é eficiente na melhora imediata da capacidade funcional e da dor nos indivíduos. Ela é prática, útil, de fácil emprego clínico e pode auxiliar e/ou facilitar a realização de exercícios terapêuticos. Doença de Osgood-Schlatter: O tratamento segue o protocolo visando controle da dor e inflamação, redução do nível de treinamento e ganho de flexibilidade e força de quadríceps e isquiotibiais. Com o tratamento, o retorno ao esporte é entre 3 semanas a 12 meses. Aderência cicatricial: Não sendo uma patologia do joelho, a aderência cicatricial da pele na região da patela é citada nesta pesquisa por ser um grande complicador quando atinge uma articulação importante do corpo como a do joelho. Oliveira et al. (2011) verificaram que a o tratamento fisioterapêutico com ultrassom, alongamento de quadríceps e isquiostibiais, exercícios de mobilizações articulares do membro inferior e fortalecimento muscular voluntário, associado à eletroestimulação no quadríceps não proporciona alteração na severidade da aderência, mas possibilita, tardiamente, a melhora das capacidades físicas, contribuindo para a independência nas atividades autônomas. Referências: DE CASTRO, Danielle Marialva; VIERA, Luiz Carlos Rabelo. Joelho: Revisão de aspectos pertinentes à fisioterapia. 2009. DE MATOS ALVES, Paulo Henrique et al. Lesão do ligamento cruzado anterior e atrofia do músculo quadríceps femoral. Bioscience Journal, v. 25, n. 1, 2009. JOSÉ, Fábio Freire. Osteoartrite: fisiopatologia e tratamento medicamentoso. J. bras. med, v. 101, n. 02, p. 47-52, 2013. CAMANHO, Gilberto Luís. Dor aguda no joelho do paciente idoso. Rev Bras Ortop, v. 43, n. 9, p. 361-366, 2008. MOORE, K. L.; DALLEY, A.F. Anatomia orientada para a clínica. 6 ed. Rio De Janeiro: Editora Guanabara Koogan S.A., 2011. 1103 p. JÚNIOR, Nilton Orlando; DE SOUZA LEÃO, Marcos George; DE OLIVEIRA, Nelson Henrique Carvalho. Diagnóstico das lesões do joelho: comparacão entre o exame físico e a ressonância magnética com os achados da artroscopia. Revista Brasileira de Ortopedia, v. 50, n. 6, p. 712-719, 2015. HEBERT, Sizínio K. et al. Ortopedia e traumatologia: princípios e prática. 5.ed. ed. Porto Alegre: Artmed, 2017. 1651. p. Isadora Pedreira- Problema 02. Módulo XXI