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@anab_rs | Ana Beatriz Rodrigues MARC 12 1 OBJETIVOS − Estudar sangramento uterino anormal na vida adulta; o Particularmente paciente pós-menopausa. − Compreender os critérios de indicação e contraindicação de reposição hormonal; − Descrever os critérios para interromper o exame ginecológico (preventivo). Sangramento uterino anormal FLUXOGRAMA PARA AVALIAÇÃO UTERINA A, adenomiose; BE, biópsia endometrial; C, coagulopatia; DM, diabetes melito; E, endometrial; HSC, histeroscopia; I, iatrogênica; L, leiomioma; M, malignidade; O, disfunções ovulatórias; P, pólipo; RM, ressonância magnética; SIS, histerossonografia; SUA, sangramento uterino anormal; TH, terapia hormonal; US, ultrassonografia. @anab_rs | Ana Beatriz Rodrigues MARC 12 2 FLUXOGRAMA PARA AVALIAÇÃO DO SANGRAMENTO UTERINO ANORMAL NA PÓS-MENOPAUSA. BE, biópsia endometrial; M, malignidade; SUA, sangramento uterino anormal; US, ultrassonografia. FLUXOGRAMA PARA MANEJO DO SANGRAMENTO UTERINO ANORMAL AGUDO. ACO, anticoncepcional oral combinado; AINEs, anti-inflamatórios não esteroides; EEC, estrogênios equinos conjugados; Hb, hemoglobina; Ht, hematócrito; SIU-LNG, sistema intrauterino de levonorgestrel; SUA, sangramento uterino anormal; TH, terapia hormonal; VO, via oral. Fonte: American College of Obstetricians and Gynecologists @anab_rs | Ana Beatriz Rodrigues MARC 12 3 INTRODUÇÃO Sangramento uterino anormal (SUA), agudo ou crônico, é definido como sangramento proveniente do corpo uterino, caracterizada por alteração dos parâmetros quantidade ou volume, duração ou frequência, em mulheres que não estão gravidas, com repercussões físicas, emocionais, sociais, materiais e na qualidade de vida das mulheres, que podem ocorrer isoladamente ou em combinação com outros sintomas. − Termos como hemorragia uterina disfuncional ou menorragia estão abandonados. Em situações de cronicidade, esta perda de sanguínea excessiva pode, além dos problemas médicos, afetar a qualidade de vida, seja pela necessidade de mudança de hábitos (como as trocas frequentes de absorventes), ou porque pode estar associada a cólicas menstruais e a anemia ferropriva dela subsequente. A abordagem das pacientes deve ser feita considerando a faixa etária, pois as causas principais de SUA variam quando se tratam de adolescentes, mulheres na vida reprodutiva ou no período climatérico. Para seu diagnóstico são necessários alguns recursos propedêuticos, visto que há a necessidade de se distinguir o SUA de origem estrutural (lesões anatômicas do útero) ou de causas não estruturais (também conhecidas como disfuncionais), pois as condutas terapêuticas são bastante diversas e o tratamento depende de um diagnóstico preciso. O SUA é a condição responsável por um terço das consultas ginecológicas e dois terços das indicações de histerectomia ao redor do mundo, afeta até 40% das mulheres em alguma fase da vida, além de ser a causa mais comum de anemia ferropriva em mulheres durante o período reprodutivo. O SUA pode ser agudo, definido como um episódio de sangramento uterino intenso que necessite de intervenção imediata, ou crônico, nos casos em que alterações no padrão de sangramento menstrual persistem por pelo menos seis meses. PARÂMETRO AVALIADO DEFINIÇÕES Frequência Ausente: amenorreia Infrequente: > 38 dias Normal: ≥ 24 a ≤ 38 dias Frequente: < 24 dias Duração Normal: ≤ 8 dias Prolongada: > 8 dias Regularidade Normal: variação entre o mais curto e o mais longo dos ciclos ≤ 7 a 9 dias Irregular: variação entre o mais curto e o mais longo dos ciclos ≥ 8 a 10 dias Volume sanguíneo (referido pela mulher) Leve: < 5 ml Normal: 5-80 ml Intenso: > 80 ml ETIOLOGIA Divide as possíveis causas em estruturais e não estruturais. São nove categorias dispostas de acordo com o acrônimo PALM-COEIN. ETIOLOGIA VS. IDADE Nascimento Privação de estrogênio materno Infância Corpo estranho Trauma Infecção Tumor ovariano Sarcoma botrioide Pós-menarca Anovulação (SUA-O) Coagulopatias (SUA-C) Infecções (SUA-E) Complicações da gravidez Menacme Complicações da gravidez @anab_rs | Ana Beatriz Rodrigues MARC 12 4 Anovulação (SUA-O) Contracepção hormonal (SUA-I) Infecções (SUA-E) Endocrinopatias (SUA-O) Pólipos e miomas (SUA-P/SUA-L) Perimenopausa Anovulação (SUA-O) Pólipos e miomas (SUA-P/SUA-L) Hiperplasia e câncer endometrial (SUA-M) Pós-menopausa Atrofia vaginal/endometrial TH (SUA-I) Câncer de endométrio (SUA-M) C, coagulopatia; E, endometrial; I, iatrogênica; L, leiomioma; M, malignidade; O, disfunções ovulatórias; P, pólipo; SUA, sangramento uterino anormal; TH, terapia hormonal. PÓLIPOS ENDOMETRIAIS: a prevalência dos pólipos endometriais varia de 7,8% a 34% em mulheres com SUA, sendo mais comuns em mulheres na peri e na pós- menopausa. ADENOMIOSE: sintomatologia variável, destacando-se dor pélvica, fluxo menstrual com duração prolongada na fase folicular ou sangramento de maior volume relacionado, essencialmente, à profundidade do miométrio atingido. Estimativas da prevalência de adenomiose variam amplamente, de 5% a 70%, em parte pela inconsistência do diagnóstico, que pode ser feito pela sintomatologia clínica associada a exames de imagem, como ultrassonografia (USG) transvaginal e ressonância nuclear magnética (RNM) de pelve. Na ecografia, recomenda-se o uso dos critérios sugeridos para avaliação morfológica sonográfica uterina (morphological uterus sonographic assessment [MUSA]), que avalia não apenas a interrupção da zona juncional, mas também outros achados sugestivos de adenomiose, como espessamento miometrial assimétrico, cistos miometriais e zona juncional irregular, o que é capaz de aumentar a sensibilidade e a especificidade desse método, tornando-a semelhante à RNM na avaliação dessa condição. MIOMAS: os sintomas variam de acordo com a localização. Segundo a Federação Internacional de Ginecologia e Obstetrícia (FIGO), os miomas são classificados em submucosos, intramurais e subserosos e exames de imagem e histeroscopia são ferramentas úteis para melhor classificação. Os submucosos são os mais envolvidos com o SUA, além de também apresentarem mais relação com infertilidade e perdas gestacionais. HIPERPLASIAS E DOENÇAS MALIGNAS DO ENDOMÉTRIO: a malignidade, embora deva ser lembrada em todas as etapas da vida, tem sua incidência aumentada após a menopausa, em especial em mulheres com fatores de risco, com destaque para obesidade, hipertensão arterial sistêmica, diabetes mellitus, história de nuliparidade, menopausa tardia ou anovulação crônica, em razão de mais exposição estrogênica do tecido endometrial. COAGULOPATIAS: qualquer alteração dos mecanismos de coagulação pode se expressar clinicamente por SUA. Sendo assim, pacientes que apresentem queixa de aumento de volume menstrual desde a menarca, epistaxe, gengivorragia ou histórico de dificuldades de coagulação em situações de traumas ou cirurgias devem ser investigadas para distúrbios de coagulação. A causa mais comum é a doença de von Willebrand, porém também devem ser lembrados hemofilia, disfunções plaquetárias, púrpura trombocitopênica e distúrbios da coagulação associados a doenças como hepatopatias e leucemia. DISFUNÇÕES OVULATÓRIAS: sangramentos anovulatórios são mais frequentes nos extremos da vida reprodutiva, mas podem ocorrer em qualquer época. Os distúrbios ovulatórios mais prevalentes durante a menacme são a síndrome dos ovários policísticos, a anovulação secundária à obesidade e as de causas centrais, como as de origem hipotalâmica. Sangramentos anormais decorrentes de outras disfunções ovulatórias, como insuficiência do corpo lúteo e encurtamento da fase folicular da pré-menopausa, também devem ser considerados. DISTÚRBIOS PRIMÁRIOS DO ENDOMÉTRIO:deve-se suspeitar de diagnóstico de exclusão em ciclos menstruais regulares, sugestivos de ovulação normal e sem outra causa definível. Indica uma desordem primária do endométrio, como alterações de hemostasia endometrial local, secundária à deficiência local de agentes vasoconstritores, excessiva ou acelerada lise do trombo endometrial (hiperfibrinólise) ou aumento de substâncias vasodilatadoras. Pode ainda ser decorrente de resposta inflamatória exacerbada, como na doença inflamatória pélvica. A manifestação mais típica do sangramento uterino anormal de etiologia primária endometrial é o excesso de fluxo menstrual. CAUSAS IATROGÊNICAS: condição clínica bastante comum e de difícil manuseio terapêutico, decorrente do uso de diferentes tipos de substâncias. Estas podem ser sistemas intrauterinos medicados ou inertes e agentes farmacológicos que alteram diretamente o endométrio, interferindo nos mecanismos de coagulação do sangue ou influenciando a ovulação. Também anticoncepcionais hormonais estão, com frequência, associados a sangramentos intermenstruais e manchas (spotting). Outros medicamentos que podem estar envolvidos são anticoagulantes, ácido acetilsalicílico, antiepilépticos, hormônio tireoidiano, antidepressivos (em especial, tricíclicos), fenotiazinas, tamoxifeno e corticosteroides. OUTRAS CONDIÇÕES NÃO PREVIAMENTE CLASSIFICADAS: incluem-se lesões locais ou condições sistêmicas raras que podem causar SUA, como malformações arteriovenosas, da hipertrofia miometrial, da istmocele e das alterações müllerianas. @anab_rs | Ana Beatriz Rodrigues MARC 12 5 DIAGNOSTICO AVALIAÇÃO CLÍNICA: história clara de sangramento, anamnese minuciosa e detalhada do padrão menstrual, uso de medicações, cirurgias prévias, antecedentes obstétricos e histórico de sangramentos em outros sítios, como gengivorragia e epistaxe, frequentes em coagulopatias. − Com foco em fatores de risco para câncer de endométrio, coagulopatias, medicações em uso, doenças concomitantes. Exames físicos geral, abdominal e pélvico podem identificar e resolver condições como pólipos cervicais e miomas “paridos” durante o atendimento, além de excluir patologias do trato genital inferior, que podem causar sinusorragia e sangramento intermenstrual. − Com foco em sinais da síndrome dos ovários policísticos, resistência insulínica, doenças da tireoide, petéquias, equimoses, lesões da vagina ou colo do útero, além de tamanho do útero EXAMES COMPLEMENTARES: betagonadotrofina coriônica humana (β-hCG) para descartar gestação e hemograma completo. Solicitar avaliação ultrassonográfica para identificar ou descartar causas estruturais. Diante das suspeitas de lesões focais, pode-se complementar a investigação com histerossonografia, histeroscopia e biópsia de endométrio. − A biópsia endometrial pode ser indicada sem evidência de lesão estrutural e com espessamento de endométrio, especialmente nas obesas e com idade acima de 45 anos, ou na presença de fatores de risco para câncer de endométrio, além dos casos de SUA persistente, com falha terapêutica e dúvida diagnóstica. Pode ser realizada ambulatorialmente, utilizando pipelle ou cureta de Novak, ou mediante dilatação e curetagem convencional, ou, ainda, guiada por vídeo- histeroscopia. Causas sistêmicas devem ser pesquisadas em situações específicas quando a epidemiologia ou a clínica sugerirem, com investigação inicial através de tempo de sangramento e de coagulação e contagem de plaquetas, sendo recomendável o seguimento conjunto com hematologista. Na suspeita de distúrbios ovulatórios (irregularidade menstrual), com ou sem outros sintomas associados, realizar a dosagem de prolactina e exames de função tiroidiana, para o diagnóstico diferencial das anovulações. Outras dosagens hormonais apenas se justificam em casos isolados. Na pós-menopausa, um aumento da incidência de malignidade foi relacionado à espessura endometrial na US transvaginal maior ou igual a 5 mm associada à clínica de sangramento anormal. Essas pacientes têm obrigatoriedade de avaliação complementar por meio do exame anatomopatológico. Em outros casos especiais, como uso de terapia de reposição hormonal e uso de tamoxifeno, a US transvaginal não deve ser realizada rotineiramente como rastreio para malignidade. A avaliação com biópsia está indicada no caso de sangramento anormal, independentemente da imagem ultrassonográfica. TRATAMENTO CAUSAS ESTRUTURAIS Em mulheres com baixo risco para câncer de endométrio, com ultrassonografia normal, excluídas causas estruturais, tais como pólipo, mioma, espessamento endometrial ou outras causas malignas (classificadas no sistema PALM), o tratamento instituído pode ser farmacológico, por meio do uso de medicamentos, ou cirúrgico. Para SUA estrutural, há uma modalidade terapêutica específica para cada causa. Os pólipos são tratados com polipectomia histeroscópica. − Pequenos pólipos (< 0,5 cm) podem ser removidos ambulatoriamente usando instrumentos mecânicos de 5-Fr (tesoura afiada e/ou pinças de agarrar), principalmente por razões de custo. Pólipos maiores (> 0,5 cm) podem ser removidos em bloco (pela ressecção da base da lesão de implantação com eletrodo monopolar ou bipolar) ou alternativamente, seccionado em fragmentos. Mioma: na presença de sintomas, pode-se proceder ao tratamento farmacológico, que tem como alternativas os mesmos medicamentos disponíveis para a redução do sangramento não estrutural. Não havendo resposta ao tratamento clínico, deve-se considerar a abordagem cirúrgica, na qual a via e o tipo de abordagem dependerão do número, da localização, do tamanho do mioma e do desejo futuro de concepção. Indicações de biópsia endometrial no sangramento uterino anormal •Mais de 45 anos •SUA •Qualquer idade •SUA + fatores de risco para malignidade (obesidade, nuliparidade, DM, exposição à estimulação estrogênica sem oposição da progesterona, anovulação crônica, uso de tamoxifeno ou TH) •SUA + irregularidade endometrial (endométrio heterogêneo) •SUA persistente •Falha de tratamento @anab_rs | Ana Beatriz Rodrigues MARC 12 6 Os miomas submucosos, mais frequentemente, são associados ao SUA. De acordo com a proporção de componente submucoso ou intramural, define-se a melhor abordagem cirúrgica. Nos casos em que a maior parte da lesão encontra-se intracavitária, a exérese pode ser exclusivamente histeroscópica, enquanto que lesões com grande componente intramural devem ser assistidas por laparoscopia ou, na impossibilidade dessa, devem ser realizadas por via laparotômica. − Pequenos miomas (< 2 cm) podem, na dependência das condições clínicas da paciente, ser removidos em um ambiente ambulatorial; − Miomas maiores do que três centímetros apresentam risco aumentado de complicações operatórias e danos ao miométrio circundante. Nesses casos, uma alternativa é realizar a miomectomia em dois tempos cirúrgicos (miomas tipos 1-3 de acordo com a classificação da FIGO). Para os casos de miomectomia histeroscópica, alguns critérios podem aumentar a segurança e o sucesso da cirurgia, considerando tamanho do mioma, penetração na parede endometrial, largura da base e localização no útero. Os miomas submucosos e os intramurais com componente submucoso geralmente são tratados cirurgicamente, enquanto os demais podem ser submetidos a tratamento farmacológico, que tem como opções os mesmos medicamentos disponíveis para SUA de causa não estrutural. Não havendo resposta ao tratamento clínico, deve-se considerar a abordagem cirúrgica, na qual a via e o tipo de abordagem dependerão do número, da localização, do tamanho do mioma e do desejo futuro de concepção. De acordo com a proporção de componente submucoso ou intramural, define-se a melhor abordagem cirúrgica. Nos casosem que a maior parte da lesão encontra-se intracavitária, a exérese pode ser exclusivamente histeroscópica, enquanto lesões com grande componente intramural devem ser manejadas por laparoscopia ou laparotomia. Em miomas muito grandes, pode ser utilizado análogo do hormônio liberador de gonadotrofina (GnRH) previamente à cirurgia, por cerca de três meses, para redução do volume e recuperação de pacientes com anemia. Após falha de tratamento clínico e impossibilidade de realização de miomectomia, ou quando não há desejo de preservar a fertilidade, a histerectomia poderá ser indicada, por via vaginal, laparoscópica ou laparotômica. Em alguns casos de miomas uterinos em que se deseja preservar a fertilidade e em casos de adenomiose grave, pode ser empregada a embolização das artérias uterinas. O manejo da adenomiose também deve ser pautado no desejo reprodutivo da mulher, pois a histerectomia é o tratamento definitivo, porém, em muitos casos, a sintomatologia pode ser controlada de maneira farmacológica, com as mesmas opções medicamentosas das causas não estruturais, havendo mais preferência pelos regimes contínuos ou estendidos de anticoncepcionais combinados e pelo uso de progestagênios isolados. Há destaque para o sistema intrauterino de levonorgestrel, por apresentar mais taxas de amenorreia e menos efeitos colaterais, com evidências demonstrando melhora na perda sanguínea, na dor pélvica e no tamanho uterino. Alterações neoplásicas e pré-neoplásicas do endométrio têm grande importância como diagnóstico diferencial, porém apresentam conduta particularizada que não será abordada neste texto. CAUSAS NÃO ESTRUTURAIS O tratamento pode ser medicamentoso ou cirúrgico. O TRATAMENTO MEDICAMENTOSO do SUA baseia-se na ação dos esteroides sexuais e de outros mediadores inflamatórios sobre o endométrio, além do controle hemostático do sangramento. As opções disponíveis são tratamento hormonal (estrogênio e progestagênio combinados, progestagênio oral cíclico ou contínuo, progestagênio injetável, sistema intrauterino liberador de levonorgestrel) e tratamento não hormonal (anti-inflamatórios, antifibrinolíticos). Os contraceptivos combinados contendo estrogênio e progestagênio reduzem a perda sanguínea menstrual em 35% a 72%, sendo uma opção terapêutica para a maioria das causas de SUA sem alteração estrutural. Os progestagênios isolados também causam atrofia endometrial por vários mecanismos e têm ação anti- inflamatória, porém ainda há lacunas no conhecimento de como promovem redução do sangramento. Embora possam ser indicados para a maioria das mulheres, seu uso é particularmente relevante para as que apresentam contraindicação ou não toleram o uso de estrogênios. O uso cíclico, por 10 a 14 dias, está indicado apenas nos casos de SUA associado à disfunção ovulatória. Os principais limitantes ao uso contínuo de progestagênio isolado são sangramentos inesperados decorrentes de instabilidade endometrial. Os progestagênios podem apresentar efeitos colaterais como sangramentos irregulares, mastalgia, cefaleia, edema e acne, que podem limitar seu uso. Não há evidências conclusivas acerca do @anab_rs | Ana Beatriz Rodrigues MARC 12 7 uso do progestagênio injetável de depósito no SUA, porém há estudos mostrando que pode promover amenorreia em até 24% das mulheres, sugerindo que seja uma boa opção para mulheres com sangramento aumentado. Frequentemente, os efeitos colaterais levam à interrupção de sua utilização, principalmente por sangramentos irregulares, cefaleia e ganho de peso, sobretudo em mulheres que aumentam em 5% o peso corporal nos primeiros seis meses de uso. Não há estudos suficientes para apontar o uso do implante de etonogestrel no SUA, devendo-se considerar que o principal efeito adverso dessa opção terapêutica é sangramento irregular nos primeiros seis meses de uso. O Sistema intrauterino liberador de levonorgestrel (SIU-LNG) libera 20 µg de levonorgestrel diariamente, resultando, por vários mecanismos, em atrofia endometrial, com redução do sangramento, podendo ser utilizado em todas as idades. O SIU-LNG é considerado mais efetivo para o controle do SUA do que os tratamentos orais de progestagênio, além da grande redução no volume de sangramento (que varia de 71% a 96%) com consequente melhora na qualidade de vida, é um método que apresenta boa aceitação, considerando o tratamento prolongado, com menos incidência de efeitos adversos. Há risco aumentado de expulsão do dispositivo quando há irregularidade da cavidade uterina, devendo-se evitar a inserção nesses casos. O efeito adverso mais relatado é ocorrência de sangramento inesperado, sobretudo nos primeiros meses de uso, mas de maneira menos desfavorável que no uso de implante de etonogestrel, pelo maior potencial atrófico do SIU-LNG. O tratamento não hormonal do SUA inclui o uso de antifibrinolíticos ou de anti-inflamatórios não esteroidais (AINE). São particularmente indicados a mulheres que não desejam usar hormônios ou tenham contraindicação ao seu uso, ou, ainda, pretendam engravidar. Antifibrinolíticos são medicações que reduzem a fibrinólise, podendo diminuir o volume de sangramento em até 50%. O mais usado é o ácido tranexâmico, que tem meia-vida curta, devendo ser administrado três a quatro vezes ao dia, com dose recomendada variável de acordo com as diferentes fontes da literatura. Efeitos colaterais são escassos e relacionados a sintomas gastrointestinais. São contraindicações ao ácido tranexâmico história pessoal de tromboembolismo e insuficiência renal. Os AINEs exercem sua ação por meio da inibição da cicloxigenase, que é a enzima que catalisa a transformação de ácido araquidônico em prostaglandina e tromboxano. Podem ser usados isoladamente ou como terapia adjuvante de um tratamento hormonal. Um dos AINEs mais estudados com essa finalidade é o ácido mefenâmico, que deve ser usado durante os dias de fluxo menstrual, reduzindo também a queixa de dismenorreia. Efeitos colaterais mais frequentes estão relacionados a desconforto gastrointestinal, devendo ser evitado por mulheres com história de úlcera péptica. Outra opção terapêutica são os análogos do GnRH de depósito, geralmente usados quando há falha em outras terapias clínicas, lembrando que não devem ser utilizados por mais de seis meses, em razão do impacto sobre a massa óssea secundária ao hipoestrogenismo. Também podem ser utilizados antes de cirurgias, por exemplo, em miomas, em especial para possibilitar a recuperação em casos de anemia. O TRATAMENTO CIRÚRGICO no SUA sem causa estrutural é indicado quando há falha do tratamento clínico. Dentre as formas de tratamento cirúrgico, destacam-se a ablação do endométrio e a histerectomia. Tanto a ablação endometrial quanto a histerectomia são procedimentos eficazes no tratamento do SUA, com taxas de satisfação altas. Embora a histerectomia esteja associada a maior tempo cirúrgico, período de recuperação mais prolongado e maiores taxas de complicações pós- operatórias, oferece melhores resultados e mais definitivos para o tratamento do SUA, enquanto o custo da ablação endometrial é significativamente menor do que o da histerectomia, mas a reabordagem cirúrgica é muitas vezes necessária, e, por isso, a diferença de custo se estreita ao longo do tempo. Ablação endometrial Constitui uma alternativa menos invasiva à histerectomia. O objetivo dessa técnica é promover a destruição do endométrio, com lesão da camada basal desse, o que impede sua regeneração. Apresenta bons resultados quando o útero tem histerometria inferior a 10 cm. Há vários métodos de destruição endometrial: laser, vaporização, balão térmico, crioablação, microwave ablação, radiofrequência bipolar. Atualmente, a ablação de endométrio é classificada em primeirageração (via histeroscópica) ou de segunda geração (não histeroscópica), realizada com balões Algumas contraindicações à terapia hormonal •Câncer de mama •Tabagismo e idade superior a 35 anos •Hipertensão não controlada •História de TVP ou embolia pulmonar •Distúrbios tromboembólicos conhecidos •Doença cerebrovascular •Doença coronariana isquêmica •Doença coronariana valvar com complicações •Enxaqueca com aura •Doença hepática grave (com ou sem comprometimento da função) •DM com complicações vasculares •Imobilização prolongada @anab_rs | Ana Beatriz Rodrigues MARC 12 8 térmicos. Embora as técnicas mais recentes sejam mais fáceis de executar do que as técnicas tradicionais baseadas na histeroscopia, todas apresentam resultados semelhantes, entretanto, algumas requerem equipamentos especiais e treinamento específico, o que dificulta sua realização rotineira. Além disso, a ablação por via histeroscópica permite a realização de anatomopatológico com o material ressecado. Histerectomia Histerectomia é um tratamento de exceção para o tratamento do SUA de causa não estrutural, possuindo alto índice de satisfação das pacientes por ser curativo. Em alguns casos de exceção, se a paciente não aceita o tratamento conservador ou tem contraindicação aos outros tratamentos disponíveis, ela pode decidir junto com o médico pela histerectomia. TRATAMENTO DO SANGRAMENTO UTERINO ANORMAL AGUDO Os objetivos do tratamento do SUA agudo são controlar o episódio vigente de sangramento, estabilizar a mulher e reduzir o risco de perda sanguínea excessiva nos ciclos subsequentes. A escolha do tratamento depende da estabilidade hemodinâmica, do nível de hemoglobina, da suspeita da etiologia do sangramento, de comorbidades associadas e do desejo reprodutivo. O tratamento de escolha inicialmente é medicamentoso, podendo ser hormonal ou não hormonal. As opções hormonais disponíveis incluem contraceptivos orais combinados ou progestagênios isolados em altas doses, estes preferencialmente para mulheres com contraindicação ao uso de estrogênios. Os antifibrinolíticos e os AINEs são opções não hormonais, utilizados de forma semelhante a seu uso nos casos crônicos, havendo, ainda, a opção de antifibrinolítico na forma endovenosa. A decisão por internação baseia-se no volume do sangramento, na estabilidade hemodinâmica e nos níveis de hemoglobina no momento do atendimento. Após adequado controle, recomenda-se que o tratamento seja mantido por uma das opções hormonais citadas, por, no mínimo, três ciclos, objetivando a recuperação da perda sanguínea. As modalidades terapêuticas cirúrgicas incluem curetagem e histerectomia, dependendo das condições clínicas e do desejo reprodutivo da mulher. Alguns estudos relatam o uso de sonda Foley insuflada com 30 mL como balão de tamponamento, uma alternativa que apresenta bom controle agudo e temporário do sangramento, porém com resultados apresentados em estudos do tipo relatos de casos. TRATAMENTO MEDICAMENTOSO PARA SUA CRÔNICO MEDICAÇÃO REGIME EFICÁCIA Contraceptivos combinados Contraceptivos combinados por via oral, transdérmica ou anel vaginal, diversas formulações – todos com posologia de bula. Alta Progestagênio oral Sem ou com função ovulatória: uso contínuo. Desogestrel 75 mg ou Dienogeste® 2 mg Com disfunção ovulatória: adequar dose/dia, uso por 12 a 14 dias consecutivos, podendo ser iniciado do 12° ao 15° dia do ciclo menstrual. Acetato de medroxiprogesterona oral (5 mg a 10 mg), Acetato de noretisterona (5 mg), progesterona micronizada (200 mg a 400 mg) ou didrogesterona (10 mg). Alta Sistema intrauterino de levonorgestrel Inserção de SIU-LNG com liberação de 20 µg/dia. Alta Acetato de Medroxiprogesterona de depósito 150 mg, IM, a cada 12 semanas. Baixa / moderada Análogo de GnRH Acetato de leuprolida (3,75 mg, mensalmente, ou 11,25 mg, trimestralmente), intramuscular, ou gosserrelina (3,6 mg, mensalmente, ou 10,8 mg, trimestralmente), subcutâneo, por, no máximo, seis meses. Alta Anti-inflamatório não esteroidal Ibuprofeno 600 mg a 800 mg, de 8/8 h, ou ácido mefenâmico 500 mg, de 8/8 h. Moderada Ácido tranexâmico Swedish Medical Products Agency (MPA): 1 g a 1,5 g, três a quatro vezes ao dia, oralmente, durante três a quatro dias (podendo a dose ser aumentada para até 1 g, seis vezes ao dia). Alta @anab_rs | Ana Beatriz Rodrigues MARC 12 9 European Medicines Agency (EMA): 1 g, três vezes ao dia, durante quatro dias (podendo a dose ser aumentada, mas respeitando-se a dose máxima de 4 g por dia). US Food and Drug Administration (FDA): 1,3 g, três vezes ao dia, por até cinco dias, ou 10 mg/kg, via intravenosa (com dose máxima de 600 mg/dose, de 8/8 h, por cinco dias, em casos de sangramento sem lesão estrutural). TRATAMENTO MEDICAMENTOSO PARA SUA AGUDO Contraceptivo oral combinado (30 µg de EE) Um comprimido, três vezes ao dia, até parar o sangramento (pelo menos dois dias). Após um comprimido/dia, durante três a seis semanas Contraceptivo oral combinado (30 µg de EE) Um comprimido, a cada seis horas, até parar o sangramento Um comprimido, a cada oito horas, durante dois a sete dias Um comprimido, a cada 12 horas, durante dois a sete dias, seguido por um comprimido ao dia Progestagênio isolado: medroxiprogesterona Medroxiprogesterona 60 a 120 mg/dia até parar o sangramento (pelo menos dois dias), seguido por 20 a 40 mg/dia, durante três a seis semanas Progestagênio isolado: medroxiprogesterona Medroxiprogesterona 10 mg, a cada quatro horas (máximo de 80 mg), até parar o sangramento Após a cada seis horas, durante quatro dias Após a cada oito horas, durante três dias Após a cada 12 horas, durante dois dias, por duas semanas, e, então, diariamente. Progestagênio isolado: noretisterona Noretisterona 5 a 15 mg/dia até parar o sangramento (pelo menos dois dias), seguida por 5 a 10 mg/dia, durante três a seis semanas Progestagênio isolado: noretisterona Noretisterona 5 a 10 mg, cada quatro horas, até parar o sangramento Após a cada seis horas, durante quatro dias Após a cada oito horas, durante três dias Após a cada 12 horas, durante dois dias, seguida por um comprimido diariamente Progestagênio isolado: megestrol Megestrol 80 a 160 mg/dia até parar o sangramento (pelo menos dois dias) Após 40 a 80 mg/dia, durante três a seis semanas Ácido tranexâmico Ácido tranexâmico oral (comprimidos de 250 mg), 15 a 25 mg/kg (dose usual de 500 mg, de 8/8 h), por, no máximo, sete dias. Ácido tranexâmico endovenoso (50 mg/ml), em doses de 500 a 1.000 mg, de 8/8 h, por, no máximo, três dias. Se mais de três dias, passar para o oral (total máximo de sete dias). Ácido épsilonaminocaproico Ácido épsilon-aminocaproico oral (comprimidos de 500 mg), dois a quatro comprimidos, de 8/8 h ou de 6/6 h, por até sete dias. Ácido épsilon-aminocaproico endovenoso 1 g, de 8/8 h ou 6/6 h (dose máxima: 4 g/dose). Terapia de reposição hormonal INTRODUÇÃO A terapia de reposição hormonal (TRH) com estrogênio permanece como a primeira linha de tratamento para o manejo dos sintomas vasomotores e suas consequências e deve ser indicada para mulheres sintomáticas com menos de 60 anos, que estejam na perimenopausa ou com menos de dez anos de menopausa, e não apresentem contraindicações formais para o seu uso. Em mulheres que possuem útero, a TRH estrogênica deve ser sempre combinada com algum progestogênio, de forma cíclica ou contínua, com o intuito de proteção endometrial contra hiperplasia e câncer de endométrio. Apesar de o benefício mais clássico da TRH sistêmica ser relacionado ao alívio dos sintomas vasomotores, há evidências consistentes sobre a sua ação no tratamento da atrofia urogenital e na prevenção e tratamento da osteoporose. A decisãode se iniciar TRH deve ser feita em conjunto com a paciente, abordando-se os riscos e benefícios, e individualizando vias, doses (menor dose efetiva), posologia e tempo de manutenção de acordo com o perfil e as comorbidades de cada paciente. Deve-se observar o tempo de instalação da menopausa, a presença de sintomas vasomotores moderados a intensos e uma @anab_rs | Ana Beatriz Rodrigues MARC 12 10 estratificação de risco cardiovascular com base na idade da paciente, pressão arterial, níveis de colesterol séricos, tabagismo e diabetes. Deve-se lembrar que a via oral, por meio do metabolismo de primeira passagem hepática, está associada à ativação do sistema renina-angiotensina-aldosterona e ao aumento dos fatores pró-trombóticos circulantes. Em pacientes hipertensas ou com risco de eventos tromboembólicos, incluindo-se as obesas, é preferível que se opte por uma via parenteral, como a transdérmica. A via oral também pode potencialmente elevar os níveis de triglicerídeos séricos, o que não foi demonstrado na via transdérmica. A via vaginal é a primeira opção para as pacientes que apresentam isoladamente a síndrome geniturinária da menopausa, com o benefício de não estar associada a aumento dos níveis séricos de estrogênio, quando utilizado em baixas doses. A melhora dos sintomas ocorre algumas semanas após o início do uso e podem ser necessárias até 12 semanas para o efeito máximo. A paciente deve ser orientada de que a interrupção do uso acarretará retorno dos sintomas de atrofia. BENEFÍCIOS ADICIONAIS DA TERAPIA DE REPOSIÇÃO HORMONAL A TRH demonstrou ação sobre o ganho de massa óssea, reduzindo a evidência de fraturas osteoporóticas na pós- menopausa, incluindo pacientes com osteopenia. Porém, a reposição hormonal não deve ser indicada como terapêutica principal ou somente com o intuito de se prevenir a osteoporose e suas consequências, visto que, após sua suspensão, os níveis de massa óssea decaem drasticamente. Grandes estudos, demonstraram redução estatisticamente significativa na incidência de diabetes melito tipo 2 (DM2) nas populações pós-menopáusicas tratadas com reposição hormonal, embora nenhuma dessas pesquisas tenha incluído a análise de um teste de tolerância oral à glicose. Em relação ao peso corporal, é sabido que no primeiro ano pós-menopausa há uma tendência de ganho de peso e redistribuição da gordura corporal. Há alguns dados disponíveis, embora em estudos menores, que relacionam a TRH com menor aumento no peso corporal e menor acúmulo de gordura visceral. Evidências recentes corroboram a hipótese de que a TRH, quando iniciada logo após a transição menopausal, tenha impacto positivo sobre o humor. RISCOS DA TERAPIA DE REPOSIÇÃO HORMONAL Um dos assuntos mais controversos em relação à TRH é o risco de doenças cardiovasculares (DCV). Entretanto, análises secundárias dos dados desse mesmo estudo, anos após, em conjunto com novos estudos que incluíram avaliação do risco cardiovascular versus TRH (como o Danish Osteoporosis Prevention Study, Nurse’s Health Study e o ELITE Trial), demonstraram que mulheres que iniciaram TRH no período de transição menopáusica ou próximo dela tiveram incidência significativamente menor de DCV. No entanto, as evidências não permitem se indicar a TRH para mulheres pós-menopáusicas assintomáticas, com o único objetivo de prevenção de risco cardiovascular. Em contrapartida, o início da TRH após muitos anos de menopausa foi associado ao aumento no risco de mortalidade relacionado a doenças cardiovasculares. A hipertensão arterial sistêmica não constitui contraindicação ao uso de TRH, somente deve-se preferir a via transdérmica para se evitar o metabolismo de primeira passagem hepática do estrogênio. Quanto aos progestogênios, a escolha deve recair sobre aqueles com menor perfil androgênico. Outro aspecto importante é o risco de eventos tromboembólicos conhecidamente associados à estrogenioterapia por via oral. A via transdérmica demonstrou menor risco de tromboembolismo venoso (TEV). Nesses casos, os sintomas vasomotores devem ser manejados com métodos não hormonais. Já o tratamento da síndrome geniturinária da menopausa deve ser preferencialmente realizado com métodos tópicos não hormonais, como lubrificantes vaginais. A utilização de estrogênios por via vaginal está indicada nos casos refratários, devendo ser individualizada e discutida juntamente com a paciente e seu oncologista. Contraindicações à terapia de reposição hormonal •Câncer de mama •Câncer de endométrio •Sangramento vaginal de causa desconhecida •Lesão precursora para câncer de mama •Porfiria e doenças hepáticas descompensadas •Doenças coronariana e cerebrovascular •Passado de doença tromboembólica venosa •Lúpus eritematoso sistêmico •Meningioma (apenas para progestogênio) @anab_rs | Ana Beatriz Rodrigues MARC 12 11 FLUXOGRAMA PARA TRATAMENTO DOS SINTOMAS VASOMOTORES NO CLIMATÉRIO TRH, terapia de reposição hormonal; E, estrogênio; P, progestogênio; ISRS, inibidores seletivos da recaptação da serotonina. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO). Sangramento uterino anormal. São Paulo: FEBRASGO; 2021. (Protocolo FEBRASGO-Ginecologia, n. 28/ Comissão Nacional Especializada em Ginecologia Endócrina). Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO). Sangramento uterino anormal. São Paulo: FEBRASGO; 2017. (Protocolo FEBRASGO-Ginecologia, n. 7/ Comissão Nacional Especializada em Ginecologia Endócrina). Passos, Eduardo P. Rotinas em Ginecologia. Disponível em: Minha Biblioteca, (7ª edição). Grupo A, [Inserir ano de publicação].