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@anabea.rs | Ana Beatriz Rodrigues 1 CLIMATÉRIO E MENOPAUSA INTRODUÇÃO O Climatério corresponde a transição da mulher do ciclo reprodutivo para o não reprodutivo, ocorrendo habitualmente entre os 40 e 65 anos. É uma fase biológica da vida da mulher e um período de mudanças psicossociais, de ordem afetiva, sexual, familiar e ocupacional. A menopausa é o marco do período do climatério; interrupção permanente da menstruação e o diagnóstico é feito de forma retroativa após 12 meses consecutivos de amenorreia, ocorrendo geralmente entre 48 e 50 anos de idade. A menopausa pode ocorrer de forma precoce, antes dos 40 anos, a chamada falência ovariana precoce. A confirmação do climatério da menopausa é eminentemente clinico sendo desnecessários dosagens de hormônios; recomenda abordagem humanizada e mínima de intervenção e tecnologias duras. A maior parte das manifestações é manejada com havidos saudáveis, medidas comportamentais e autocuidado. O envelhecer é um processo biológico, não patológico, exigindo dos profissionais da saúde o cuidado pautado em princípios éticos aliados a competências relacionais, aconselhamento, orientações e educação para saúde e qualidade de vida. AVALIAÇÃO INICIAL Anamnese e Exame Detalhado com Atenção as Comorbidades, PA e Exame de Mamas. Laboratoriais Não São Obrigatórios. Considerar Solicitação de: Hemograma, Glicemia, Perfil Lipídico, Função Hepática e Renal. Outros: Mamografia Bilateral (Solicitar se último exame estiver sido há mais de um ano), USG Transvaginal (Recomendado para mulheres com sangramento uterino anormal) e Citopatológico do Colo do Útero. CONTROLE AOS DOIS-TRÊS MESES − Reavaliar aderências e efeitos adversos; − Observar padrão de sangramento menstrual, e aferir PA e peso. CONTROLE AOS SEIS MESES − Reavaliar aderências e efeitos adversos; − Observar padrão de sangramento menstrual, e aferir PA e peso; − Repetir exames laboratoriais. CONTROLE ANUAL − Observar padrão de sangramento menstrual (Se anormal deve-se referenciar ao ginecologista), aferir PA e peso e exame da mama; − Repetir exames laboratoriais (Critério Médico) e mamografia (Anual enquanto uso de TH). ENTREVISTA − DUM; − Tabagismo e etilismo; − Uso de contraceptivos; − Última coleta de PCCU; − Sangramento genital pós-menopausa; − História de câncer familiar de mama e colo de útero; − Explorar as queixas e outras demandas relacionadas ao ciclo de vida. EXAME FÍSICO De acordo as queixas, dados vitais, antropométricos e avaliação de risco cardiovascular que é maior dessa idade, além de coleta oportunista de citopatológico de colo de útero se necessário, solicitação oportunista de mamografia se mulher maior de 50 anos. CONFIRMAR CLIMATÉRIO QUANDO − Queixas sugestivas e ou; 12 meses consecutivos de amenorréia; − Nos casos de amenorréia e outras irregularidades menstruais, realizar abordagem ampliada considerando outro diagnóstico diferencial; − Confirmação do climatério e menopausa é eminente clinico, sendo desnecessárias dosagens hormonais. Apenas em caso de dúvida diagnóstica, dosar FSH (Valores acima de 40 UI/ml indicam hipofunção ovariana, valores inferiores não confirmam climatério). ABORDAGEM INTEGRAL E NÃO FARMACOLÓGICA Alguns fitoterápicos podem auxiliar no alivio dos sintomas presentes no climatério particularmente os fogachos; Entre fitoterápicos do RENAME o único do climatério é o isoflavona soja; Plano de Cuidado: Higiene do sono, rede apoio familiar, social, ações de intervenção individualizada orientada para doenças crônico degenerativas cardiovasculares, metabólicas e neoplásicas; Não há indicação da realização de exames de rotina no climatério, eles devem ser orientados de forma individualizada quando necessário. @anabea.rs | Ana Beatriz Rodrigues 2 Não é indicado o rastreio universal da osteoporose com densitometria óssea. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS MENSTRUAIS: O intervalo entre as menstruações começa a diminuir ou pode aumentar; As menstruações podem ser abundantes e com maior duração. MANIFESTAÇÕES TRANSITÓRIAS Neurogênicas: Ondas de calor (fogachos), sudorese, calafrios, palpitações, cefaléias, tontura, insônia, perda de memória e fadiga. Psicogênicas: diminuição da autoestima, irritabilidade, labilidade afetiva, sintomas depressivos, dificuldade de concentração e memória, dificuldades sexuais e insônia, diminuição do desejo sexual, rejeição do parceiro (são comuns nesses períodos e devem ser entendidas e abordadas como labilidade hormonal). Urogenitais: Mucosa delgada que propicia prolapso genital, ressecamento e sangramento vaginal, dispareunia, disúria, aumento da frequência e urgência miccional. Metabolismo Lipídico: Aumento do LDL e TG e redução do HDL. Metabolismo Ósseo: Características genéticas, composição corpo, estilo de vida, hábitos com tabagismo, sedentarismo e comorbidades. − Mudanças na massa e arquitetura óssea costumam ser mais evidentes na coluna e colo do fêmur. MANIFESTAÇÕES NÃO TRANSITÓRIAS Ganho de peso e modificação de deposição de gordura em abdome e mamas. CUIDADOS ALTERAÇÕES DO ESTADO HORMONAL − Período anterior a menopausa: Sangramento abundante (Ofertar hormônios, principalmente progesterona). − Uso de AOC para planejamento reprodutivo dificulta a identificação da menopausa. − Nesses casos o status hormonal deve realizar pausa de 7 dias do AOC para realizar dosagem de FSH. FOGACHOS − Usar tecidos que deixam a pele respirar; − Realizar exercícios de respiração lenta e profunda; − Praticar atividade física e perder peso se necessário; − Não fumar, evitar consumo de bebidas alcoólicas e de cafeína; − Beber um copo de água ou suco quando perceber a chegada deles; − Ter Diário para Anotar Momentos de Fogachos (Quando se Inicia e Tentar Identificar Situações Gatilho e Evitá-las). PROBLEMAS COM SONO Orientar: − Quarto e Cama Devem Estar Confortáveis; − Escolher Atividade Prazer Antes de Dormir como Ler e Banho Morno; − Evitar Praticar Atividades Físicas a partir de 3 horas Antes de Ir Dormir; − Se Permanecer Acordada mais de 15 min Levantar e Ficar Fora da Cama até que Irá Adormecer; − Não Fazer Refeição Copiosa antes de se Deitar e Evitar Bebidas à Base de Café no Fim da Tarde; − Deitar e Levantar Sempre em Mesmo Horários até mesmo nos Finais de Semana e Evitar Cochilos a Tarde; − Diminuir Tomada de Líquido antes de Dormir para Evitar Despertares e Reservar Copo de Água para Controle dos Fogachos. UROGENITAIS Sintomas como Disúria, Noctúria, Polaciúria, Urgência Miccional, Infecções Urinárias de Repetição, Dor, Ardor ao Coito (Dispareunia), Corrimento e Prurido Vaginal e Vulvar podem estar relacionadas a Atrofia Genital; Considerar uso de: Lubrificantes Vaginais Durante Sexo, Hidratantes Vaginais a Base de Óleo Vegetal Durante Cuidados Corporais Diários e Estrógeno Tópico Vulvovaginal. TRANSTORNOS PSICOSSOCIAIS Tristeza, Desânimo, Cansaço, Falta de Energia, Humor Depressivo, Ansiedade, Irritabilidade, Insônia, Déficit de Atenção, Concentração e Memória, Anedonia (Perda do Prazer ou Interesse) e Diminuição da Libido. Quando o climatério é valorizado as expectativas são positivas em relação a menopausa e especto sintomático é menos intenso. CONDUTA RELACIONADA AO SINTOMAS UROGENITAIS E TRANSTORNOS PSICOSSOCIAIS − Valorizar a Presença de Situações de Estresse e a Resposta a Elas, como Parte da Rotina; − Estimular Participação em Atividades Sociais; − Avaliar Depressão Especialmente se Eventos Cardiovasculares Recentes; − Tratar a Depressão e Ansiedade quando Necessário com Medicações. @anabea.rs | Ana Beatriz Rodrigues 3 SEXUALIDADE − Identificação da Função Reprodutora com a Função Sexual; − Ideia de que Atração deve ser Apenas da Beleza Física associada a Jovialidade; − Associação da SexualidadeFeminina com Hormônios Ovarianos; − Atrofia Genital (hipoestrogenismo): Ressecamento Vaginal, Prurido, Irritação, Ardência e Sensação de Pressão – Dispareunia. CONDUTA RELACIONADA A SEXUALIDADE 1. Autocuidado; 2. Informações sobre Sexualidade; 3. Avaliar a Presença de Fatores Clínicos e Psíquicos que Precisem de Abordagem Focal; 4. Apoiar Qualidade de Relação Social e Familiar; 5. Estimular Sexo Seguro; 6. Orientar Uso de Lubrificantes Vaginais a Base de D’água na Relação Sexual; 7. Considerar Terapia Hormonal Local ou Sistêmica para Alivio dos Sintomas de Atrofia Genital. TRATAMENTO NÃO FARMACOLÓGICO TERAPIA NÃO HORMONAL Educação em Saúde: Ressignificar o Climatério; Incentivar Troca de Experiência entre Mulheres; Realização de Atividade Prazerosas, Lazer, Trabalho, Aprendizagem e Convivência em Grupo; Fisioterapia: Trabalha Exercícios da Musculatura Perineal, Alimentação Saudável, e Manutenção do Peso Normal; Prática de Atividade Física: Orientar a Prática de 150 min de Atividade Aeróbica Intensidade Moderada/Semana, sendo 10 min de Atividades Contínuas por Período; Fortalecimento Muscular 2 ou Mais Vezes por Semana; IST’s: HIV e Hepatites, Transtornos Psicossociais e Promoção de Saúde Bucal. OBSERVAÇÃO - OSTEOPOROSE Prevenção Primária de Osteroporose e Quedas: − Dieta Rica em Cálcio (1200mg/dia) e VITA D (800-1000 mg/dia); − Aconselhar Exposição ao Sol por Pelo Menos 15 min por Dia Antes das 10 h e após 16 h; − Suplementação de Cálcio e VITA D se Não Houver Aporte Dietético Adequado destes Elementos e/ou Exposição à Luz Solar. − Cessar Tabagismo e Controle de Álcool; − Conversar sobre doses de AntiHipertensivos, Psicotrópicos e Distúrbios Auditivos que podem Gerar Risco de Quedas. TRATAMENTO FARMACOLÓGICO TERAPIA HORMONAL − Avaliar Riscos Cardiovasculares e Neoplasias Hormônio Dependentes, Acompanhar Sistemicamente; − Atenção as Contraindicações e aos Riscos a Curto, Médio e Longo Prazo da TH; − Evitar uso prolongado e interromper a TH assim que seus objetivos esperados tenham ocorrido ou quando danos superam benefícios; − Administração de Estrogênio, quando indicada é uma Terapia eficaz para Controle dos Sintomas, sobretudo, Fogachos; − Indicada apenas em Situações Especifica, quando Sintomas Transitórios do Climatério Não Alcançam Controle Adequado com Terapias Não Medicamentosas ou Não Hormonais. Usar TH quando − Atrofia urogenital moderada a severa; − Tratar sintomas vasomotores moderados a severos; − ASBG contraindica a TH como antienvelhecimento ou prevenir perda funcional da velhice; @anabea.rs | Ana Beatriz Rodrigues 4 − O início da terapia estrôgena após 10 anos da menopausa e/ou em mulheres com idade superior a 59 anos deve ser evitado; − Prevenção de alterações ósseas associada à menopausa em mulheres de alto risco para fraturas e em que benefícios superam malefícios. Contraindicações Absolutas da TH: − Porfiria; − CA de Mama; − CA de Endométrio; − Doença Hepática Grave; − História de TEP Agudo e Recorrente; − Sangramento Genital Não Esclarecido. Contraindicações Relativas da TH: − Endometriose; − Miomatose Uterina; − DM Não Controlada; − HAS Não Controlada. PRESCRIÇÃO − Dose mínima e eficaz; − Uso no máximo por 5 anos, mas a duração deve considerar risco e benefícios; − Estrógeno pode ser via oral (estrogênio conjugado ou estradiol), parenteral (estradiol) transdérmico, sob forma de adesivo ou percutâneo sob forma de gel; − Casos de vulvovaginites e urinárias sem demais indicações de TH sistêmica pode ser usado o estrógeno tópico; − Opções de prescrição: estrógeno conjugado 0,3- 0,625 mg ou estradiol oral 1-2 mg ou estradiol transdérmico 25-50 mcg ou estradiol percutâneo 0,5-1,5 mg; − Em mulheres com útero é mandatória a associação com progestágeno (medroxiprogesterona 2,5 mg/dia ou noretindrona 0,1 mg/dia ou noretisterona 0,1 mg/dia ou drospirenona 0,25 mg/dia ou progesterona micronizada 100/200 mg/dia); − Pode ser realizado de forma cíclica: 12 a 14 dias por ciclo, esquema em que a mulher tem sangramentos vaginais ou contínua por VO (esquema que há ausência de sangramentos); − Tibolona 1,25-2,5 mg/dia é um esteróide sintético que age no útero como TH combinada contínua, porém sem efeito nas mamas; protetor ósseo com redução de fraturas, associado a efeito androgênico e reduz níveis de TG e HDL. Efeitos Colaterais do Estrógeno − Risco aumentado de TEP venoso com uso de estrógeno isolado ou associado a progesterona, sendo esse evento raro em mulheres de 50 e 59 anos; − Uso de estrógeno + progesterona por 3 a 5 anos aumenta risco de CA de mama, sendo o maior risco causado pela medroxiprogesterona; − Náuseas, distúrbios gastroinstestinais (vo), sensibilidade mamária, cefaléia, retenção de líquido, edema, estímulo a leiomiomas e endometriose. Efeitos Colaterais Do Progestágeno − Dor nas mamas, cólica abdominais, alterações de humor, fadiga, irritabilidade, alterações na pele, ganho de peso, ansiedade e dores generalizadas; − Efeito depende da dose e do tipo de progestágeno.
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