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Aula 05 Parnasianismo, Simbolismo e Pré-Modernismo

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65 
EsPCEx 
2024 
AULA 05 
Parnasianismo, Simbolismo e Pré-Modernismo 
Professora Luana Signorelli 
 
 
 
2 
Profa. Luana Signorelli 
 
 
 
AULA 05 – PARNASIANISMO, SIMBOLISMO E 
PRÉ-MODERNISMO 
Sumário 
INTRODUÇÃO 4 
1.0 CONTEXTUALIZAÇÃO 4 
2.0 PARNASIANISMO 7 
2.1 Autores e obras do Parnasianismo 11 
3.0 SIMBOLISMO 17 
3.1 Autores e obras do Simbolismo 18 
4.0 PRÉ-MODERNISMO 22 
4.1 Autores e obras do Pré-Modernismo 24 
5.0 MOVIMENTOS DE TRANSIÇÃO EM PORTUGAL 33 
6.0 MOVIMENTOS ARTÍSTICOS NO GERAL 36 
6.1 Impressionismo 36 
6.2 Art Nouveau 37 
6.3 Vanguardas 38 
7.0 CRÍTICA LITERÁRIA 39 
8.0 QUESTÕES SEM COMENTÁRIOS 42 
8.1. Lista de fixação 64 
8.2. Gabarito 80 
9.0 QUESTÕES COM COMENTÁRIOS 80 
9.1. Lista de fixação comentada 118 
10.0 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 149 
11.0 CONSIDERAÇÕES FINAIS 151 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
Profa. Luana Signorelli 
 
 
 
AULA 05 – PARNASIANISMO, SIMBOLISMO E 
PRÉ-MODERNISMO 
Professora Luana Signorelli 
Exército Brasileiro 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
@profa.luana.signorelli Professora Luana 
Signorelli 
/luana.signorelli 
Luana Signorelli @luanasignorelli1 
 
 
 
4 
Profa. Luana Signorelli 
 
 
 
AULA 05 – PARNASIANISMO, SIMBOLISMO E 
PRÉ-MODERNISMO 
INTRODUÇÃO 
 
Hoje nós vamos dar continuidade ao nosso Curso Extensivo de Literatura para ESA 2024. 
Lembrem-se sempre do nosso lema: 
 
“O segredo do sucesso é a constância no objetivo”. 
 
Segundo o nosso cronograma de aulas, hoje estudaremos o seguinte: 
 
AULA TÓPICOS ABORDADOS 
 
 
AULA 05 
Parnasianismo, Simbolismo e Pré-Modernismo 
Movimentos Literários de transição (fim do século XIX e começo do século XX). 
Contexto geral da época. Portugal: Simbolismo e movimentos pré-modernos. 
Brasil: Simbolismo, Parnasianismo e Pré-modernismo. Obras e autores mais 
importantes. Artes: Impressionismo, Simbolismo e Art Nouveau. 
 
Hoje abordaremos quadros sinópticos de obras mais importantes. O quadro sinóptico é um 
material de apoio que irá poder ajudá-los pouco antes da prova, por se tratar de conteúdos grandes com 
muita informação. Tanto é que se quiserem ler a obra inteira, cuidado com os spoilers. Hoje em particular, 
vamos fazer a interpretação de texto e a análise sintática ao longo da própria aula. 
Então, vamos lá, não percamos tempo! 
 
1.0 Contextualização 
 Para quem viveu a virada do século XX para o XXI sabe que geralmente nessas ocasiões da 
humanidade predominam dois sentimentos contraditórios: ou um completo êxtase, uma alegria, uma 
emoção por estar presenciando um fato histórico ou um medo diante do desconhecido. Era mais ou 
menos assim que também se sentiam as pessoas na virada do século XIX para o XX. 
Nesse período, houve uma determinada forma de expressão no plano artístico. Em termos de 
estilo, segue a tradição do le fin de siècle (o fim de século) e da la décadence (a decadência), movimentos 
originalmente franceses que pretendiam representar a onda de pessimismo, declínio e a atmosfera 
sufocante dessa época. Romances que são exemplos disso são Madame Bovary (1856) do francês Gustave 
Flaubert e Anna Kariênina (1877) do russo Tolstói, obras que anteviram e anteciparam essa temática. E 
ainda Os Buddenbrooks (1901), do alemão Thomas Mann, traz temas semelhantes acerca da falência de 
uma família. Logo, a tendência se propagou e esses movimentos não se restringiram localmente, mas sim 
se generalizaram. 
Entre os artistas dessa geração, prevaleciam os seguintes aspectos: 
 Pessimismo diante de tantas teorias científicas do século XIX que tanto prometiam, mas que só 
acabaram acentuando problemas, como a desigualdade, por exemplo; 
 
 
 
5 
Profa. Luana Signorelli 
 
 
 
AULA 05 – PARNASIANISMO, SIMBOLISMO E 
PRÉ-MODERNISMO 
 O movimento literário do Simbolismo surgiu como uma reação ao materialismo e à 
racionalidade do século XIX; 
 Havia uma parte dos jovens que adotou uma postura revolucionária e rebelde. Reivindicavam 
basicamente a queda de regimes monárquicos e proclamavam o republicanismo; 
 Porém, muitos sofriam de desânimo e tédio para com a vida burguesa. Muitos desses artistas 
procuravam negar a própria classe e até a vida, com isso procurando saídas como fuga da realidade; uso 
(mais ou menos) exagerado de drogas e apelavam até mesmo para o suicídio. 
 
Na transição do século XIX para o XX ocorreram simultaneamente vários 
movimentos literários. Já estudamos anteriormente os movimentos prosaicos 
(nos quais se escreveu prosa): Realismo e Naturalismo. Na aula de hoje, vamos 
estudar os poéticos: Parnasianismo e Simbolismo. E também um movimento de 
transição do início do século XX: o Pré-Modernismo. Por isso, vamos fazer uma 
revisão sobre os movimentos do Realismo e do Naturalismo. 
 
REALISMO NATURALISMO 
Origem: França (1857) 
Gustave Flaubert – Madame Bovary 
Origem: França (1867) 
Émile Zola – Thérèse Raquin 
Representava desvios morais. Representava desvios sociais e sexuais, mazelas. 
Romance documental, fotografa a realidade 
para dar impressão de vida real, psicologismo. 
Retrato da alta burguesia da segunda metade 
do século XIX. 
Romance experimental, que pretende apoiar-se 
na experimentação científica e numa tese, no 
determinismo, no evolucionismo, no homem é 
fruto do meio. 
Impassibilidade. Narrador em um ângulo 
neutro, não há interesse em agradar ao público, 
mas sim em retratar a realidade tal qual ela é. 
Arte engajada, preocupações políticas e sociais. 
Seleciona os temas, tem aspirações estéticas. 
Detém-se nos aspectos mais torpes e 
degradantes. 
Reproduz a realidade exterior bem como a 
interior, por meio da análise psicológica. 
Centra-se nos aspectos externos: atos, gestos, 
ambientes, personagens e seus instintos, 
animalização, zoomorfismo. 
Volta-se para a psicologia, para o indivíduo. 
Nomes: Dom Casmurro, Quincas Borba, 
Memórias póstumas de Brás Cubas. 
Volta-se para o coletivo, para a biologia, a 
patologia, centra-se mais no social. 
Retrata e critica as classes dominantes, a alta 
burguesia. 
Espelha camadas inferiores: o proletariado, os 
marginais, o povão. 
É indireto na interpretação, o leitor tira as suas 
conclusões: sutil, sugere. 
É direto na interpretação, expõe conclusões, 
cabendo ao leitor aceitá-las ou discuti-las: 
grotesco, mostra. 
Grande preocupação com o estilo. 
O estilo é relegado ao segundo plano; no 
primeiro, há denúncia. 
 
 
 
 
6 
Profa. Luana Signorelli 
 
 
 
AULA 05 – PARNASIANISMO, SIMBOLISMO E 
PRÉ-MODERNISMO 
Stéphane Mallarmé (1842-1898) foi de uma geração em que os poetas 
publicavam muito em revistas. Um lance de dados, uma reflexão sobre o 
acaso, por exemplo, surgiu primeiramente na revista Cosmopolis em 1897. 
Outra obra conhecida dele foi Tarde de um fauno (1876), que foi musicado 
por Claude Debussy. Seus temas eram obscuros, existencialistas e 
filosóficos. A obra Igitur (1925) já é tardia e traz no título um conectivo em 
latim. Consiste em prosa poética. 
 
 
Paul Verlaine (1844-1896) foi um poeta do simbolismo francês. 
Envolveu-se com outro poeta de sua geração, Arthur Rimbaud. Versos 
dele servem como epígrafe para o Livro de Mágoas de Florbela Espanca: 
“Isolados de amor assim que se bebe o negro/Nossos dois corações 
exalam sua ternura pacífica/Serão dois rouxinóis que cantão ao pôr do 
sol” (livre tradução). Principais obras: Poemas Saturnianos (1866) e Os 
poetas malditos (1884). Alguns deles são encontrados na versão 
brasileira: A voz dos botequins e outros poemas (2009). 
 
Arthur Rimbaud (1854-1891) estudou latim. Começou a traduzir 
os clássicos, mas depois tomou uma posição contra os 
parnasianos. Viveu em época turbulenta, como a Comuna de Paris 
(1871). Suas principais obras são e Temporada no inferno (1873) e 
Vogais (1883). Em português, há uma obra chamada Rimbaud livre, 
que é tradução dos Irmãos Campos: “A negro, E branco, I rubro, U 
verde, O azul, vogais” (RIMBAUD, 2013, p. 37). 
 
NA FRANÇAGuillaume Apollinaire (1880-1918) é considerado o pai do movimento 
literário do Concretismo. Foi influenciado pela vanguarda do cubismo; 
Pablo Picasso foi seu colaborador direto. Sua obra-prima é Caligramas, 
publicados em 1918 após a Primeira Guerra Mundial, idealizado para ser 
justamente uma mistura de caligrafia e ideograma. 
Charles Baudelaire (1821-1867) foi um célebre poeta francês. Morreu 
aos 46 anos de idade. Teve uma vida desregrada desde criança. Foi 
expulso do colégio, fez uma expedição à Índia, retorna à França onde 
vive em completa boemia com o colega Jeanne Duval. Principais obras: 
Flores do mal (1857); Paraísos artificiais (1860) e O Spleen de Paris: 
pequenos poemas em prosa (1869). O spleen definia o estado de 
melancolia. Era reconhecido como um dândi pelo seu requinte. 
 
 
 
 
 
 
 
7 
Profa. Luana Signorelli 
 
 
 
AULA 05 – PARNASIANISMO, SIMBOLISMO E 
PRÉ-MODERNISMO 
O Parnasianismo inspira seu nome no Monte Parnaso. Segundo 
a Mitologia, o monte Parnaso era uma das residências de Apolo 
e as nove musas. Nesse local, é produzida poesia e outras artes. 
Os parnasianos tinham proximidade com a cultura greco-latina, 
além de se inspirarem na ideia de poesia enquanto arte elevada. 
(Deus Apolo, da Mitologia Grega. Fonte: Shutterstock). 
 
2.0 Parnasianismo 
 
O Parnasianismo é um movimento literário contemporâneo ao Realismo e ao Naturalismo. Se 
vocês estão lembrados da nossa aula de Realismo + Naturalismo, devem se recordar que não havia poesia 
naqueles movimentos literários. Os parnasianos eram quem produziam poesia naquele momento. 
Lembrem-se de que esse é um momento de valorização do pensamento científico. No 
Parnasianismo, porém, não há interesse em produzir uma crítica social a partir das teses científicas (como 
no Naturalismo) ou de utilizar a literatura ficcional como espelhamento da sociedade (como no Realismo). 
Ainda assim, a poesia parnasiana mantém a tendência de olhar para o mundo de maneira objetiva. 
Procura-se afastar da emotividade e idealização buscando referenciais no cotidiano, tanto em objetos 
quanto em cenas/passagens. 
A influência do pensamento científico na poesia parnasiana está na rigidez formal e na 
formalidade da linguagem. Os parnasianos valorizam aquilo que a língua tem de mais estrutural e lógico: 
a palavra. O cuidado com a forma da poesia é fundamental para essa escola literária. Esses escritores se 
filiam à ideia de arte pela arte, ou seja, o objetivo do fazer artístico é ele mesmo. A arte não tem outra 
função que não estética. Um poema deve ser bom e belo, não servir a objetivos didáticos, morais, 
sentimentais ou pedagógicos. 
Os poetas parnasianos comparam a si mesmo com um ourives. O ourives é 
o profissional que talha e lapida joias, que trabalha com ouro. Para que o ouro se 
torne uma joia, não basta apenas confiar na beleza do material. É preciso que haja 
esforço do artista, trabalho duro em cima do material, para que ele se transforme. 
Com a poesia, ocorre o mesmo. É preciso muito trabalho do poeta para que a obra 
de arte seja gerada. Para eles, na hora de criar uma obra de arte, a transpiração é 
mais importante que a inspiração. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Teófilo Dias (1854-1889) foi um poeta, advogado e jornalista brasileiro. É 
membro da Academia Brasileira de Letras, mas também da Maranhense e da 
Paulista. Seu livro Fanfarras, de 1882, é considerado o marco inicial do 
Parnasianismo no Brasil, embora Olavo Bilac seja um autor mais conhecido e sua 
obra mais importante para o movimento. 
 
 
 
 
 
8 
Profa. Luana Signorelli 
 
 
 
AULA 05 – PARNASIANISMO, SIMBOLISMO E 
PRÉ-MODERNISMO 
PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DO PARNASIANISMO 
 
 
 
Vejam um exemplo de poesia parnasiana com essas características: 
 
Vaso Chinês 
Alberto de Oliveira 
Estranho mimo aquele vaso! Vi-o, 
Casualmente, uma vez, de um perfumado 
Contador sobre o mármor luzidio, 
Entre um leque e o começo de um bordado. 
 
Fino artista chinês, enamorado, 
Nele pusera o coração doentio 
• O objetivo da obra de arte é ser boa e bela em si mesma.
• A arte não deve buscar ser didática, sentimental ou pedagógica.
ARTE PELA ARTE
• A obra poética deve ser trabalhada para ser o mais perfeita possível no campo da
forma. Logo, o perfeccionismo era uma obsessão.
BUSCA PELA PERFEIÇÃO
• Os temas da poesia parnasiana são próximos do cotidiano, buscando descrevê-los de
maneira detalhada, analisando sob diversos ângulos, inspirando-se no método
científico.
CIENTIFICISMO E POSITIVISMO
• Uso de rimas ricas e palavras raras, com um vocabulário rebuscado.
• Preocupação com a métrica e a versificação, sendo que a métrica preferida é o verso
alexandrino (de doze sílabas).
• As rimas são regulares.
• Soneto é a forma preferida.
CULTO À FORMA E ÀS ESTRUTURAS FIXAS
• Os poetas produzem obras fortemente detalhadas, muitas vezes descrevendo 
objetos ou situações com precisão. 
• Há uma busca pela descrição mais objetiva, inspirada na observação científica. 
DESCRIÇÃO DETALHADA
• Cotidiano (tanto objetos quanto paisagens).
• Cultura clássica (mitologia greco-latina).
• Fatos históricos.
TEMAS
 
 
 
9 
Profa. Luana Signorelli 
 
 
 
AULA 05 – PARNASIANISMO, SIMBOLISMO E 
PRÉ-MODERNISMO 
Em rubras flores de um sutil lavrado, 
Na tinta ardente, de um calor sombrio. 
 
Mas, talvez por contraste à desventura, 
Quem o sabe?... de um velho mandarim 
Também lá estava a singular figura. 
 
Que arte em pintá-la! A gente acaso vendo-a, 
Sentia um não sei quê com aquele chim 
De olhos cortados à feição de amêndoa. 
Nesse poema, há a descrição de um vaso chinês. Um objeto do cotidiano, portanto, é tratado como 
assunto suficientemente importante para os parnasianos. O poeta trata da sua admiração ao ver o quadro 
que é descrito em detalhes: as cores, os desenhos, o lugar em que ele se encontrava. 
Percebam também que há regularidade no escrito. Além de usar a forma fixa do soneto, o poeta 
também mantém regularidade na rima e na métrica. Veja um exemplo de escansão do poema e perceba 
que todos os versos possuem 10 sílabas: 
 
 
Es / tra/ nho / mi/ mo a / que / le / va/ so! / Vi-o, (10 sílabas poéticas) 
 
Ca/ sual/ men/ te, u/ ma / vez, / de um / per/ fu/ ma /do (10 sílabas poéticas) 
 
Con / ta/ dor / so/ bre o / már / mor / lu/ zi / di /o, (10 sílabas poéticas) 
 
En / tre um / le/ que e o / co/ me/ ço / de um / bor/ da /do. (10 sílabas poéticas) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Soneto: poema de 14 versos, organizados em quatro estrofes. As duas primeiras estrofes são 
quartetos (4 versos por estrofe) e as duas últimas estrofes são tercetos (três versos por estrofe). 
 Escansão: contar as sílabas do poema até a última sílaba tônica, ou seja, a sílaba forte da última 
palavra do verso. Por vezes, unem dois sons em uma única sílaba, processo chamado de elisão ( ). 
 Além do conhecimento sobre métrica e escansão, é importante para essa aula revisar figuras de 
linguagem. São temas que já abordamos em aulas anteriores. 
 
 
 
 
10 
Profa. Luana Signorelli 
 
 
 
AULA 05 – PARNASIANISMO, SIMBOLISMO E 
PRÉ-MODERNISMO 
TIPOS DE VERSOS MAIS COMUNS 
 
 
 
NOME DO VERSO 
QUANTIDADE DE SÍLABAS 
POÉTICAS 
Dissílabo Duas sílabas poéticas 
Trissílabo Três sílabas poéticas 
Tetrassílabo Quatro sílabas poéticas 
Pentassílabo ou redondilha menor Cinco sílabas poéticas 
Hexassílabo ou heroico quebrado Seis sílabas poéticas 
Heptassílabo ou redondilha maior Sete sílabas poéticas 
Octassílabo Oito sílabas poéticas 
Eneassílabo Nove sílabas poéticas 
Decassílabo ou heroico Dez sílabas poéticas 
Hendecassílabo Onze sílabas poéticas 
Dodecassílabo ou alexandrino Doze sílabas poéticas 
Bárbaro Treze ou mais sílabas poéticas 
 
APOIOS RÍTMICOS 
 
 
 
 
NOME DO VERSO NÚMEROS DAS SÍLABAS POÉTICAS DE APOIO 
Trissílabo 1; 1-3 
Tetrassílabo 4; 1-4; 2-4 
Pentassílabo ou redondilha menor 2-5; 3-5; 1-5; 1-3-5; 1-2-5 
Hexassílabo ou heroico quebrado 2-4-6; 2-6; 1-3-6; 1-4-6; 1-6;3-6 
Heptassílabo ou redondilha maior 2-5-7; 2-4-7; 3-7; 4-7; 1-7 
Octassílabo 1-4-8; 2-4-8; 4-6-8; 3-6-8; 2-4-6-8; 1-3-5-8 
Eneassílabo 1-4-6-9; 1-4-9; 1-3-6-9; 3-6-9 
Decassílabo ou heroico 
Heroico: 6-10; 
Sáfico: 4-6-10; 
Provençal: 4-7-10. 
Hendecassílabo 2-5-8-11; 3-5-9-11 
Dodecassílabo ou alexandrino 4-8-12; 2-4-8-12; 1-4-8-12 
Número da sílaba poética que, no verso, vai ser forte. A segunda coluna 
indica os esquemas mais frequentes, não que sejam uma regra. 
 
 
 
11 
Profa. Luana Signorelli 
 
 
 
AULA 05 – PARNASIANISMO, SIMBOLISMO E 
PRÉ-MODERNISMO 
Olavo Bilac (1865-1918) é o principal 
poeta parnasiano brasileiro. Além da 
literatura, possuía participação cívica efetiva. 
Foi autor do Hino à Bandeira. Era chamado de 
“príncipe dos poetas brasileiros”. 
Seus dois poemas mais conhecidos são 
Ora (direis ouvir estrelas e Língua portuguesa. 
Perceba uma característica forte do 
Parnasianismo no poema "Língua 
Portuguesa": a influência da literatura greco-
latina. 
O poeta se refere à Língua Portuguesa 
como “a última flor do Lácio”. O Lácio é uma 
região da Itália onde se falava uma variante 
vulgar do latim. Essa variante deve ter sido a 
origem do Português. 
 
2.1 Autores e obras do Parnasianismo 
 
Olavo Bilac 
 
XIII 
"Ora (direis) ouvir estrelas! Certo 
Perdeste o senso!" E eu vos direi, no entanto, 
Que, para ouvi-las, muita vez desperto 
E abro as janelas, pálido de espanto... 
 
E conversamos toda a noite, enquanto 
A via-láctea, como um pálio aberto, 
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto, 
Inda as procuro pelo céu deserto. 
 
Direis agora: "Tresloucado amigo! 
Que conversas com elas? Que sentido 
Tem o que dizem, quando estão contigo?" 
 
E eu vos direi: "Amai para entendê-las! 
Pois só quem ama pode ter ouvido 
E Capaz de ouvir e de entender estrelas". 
 
Língua portuguesa 
Última flor do Lácio, inculta e bela, 
És, a um tempo, esplendor e sepultura: 
Ouro nativo, que na ganga impura 
A bruta mina entre os cascalhos vela... 
 
Amo-te assim, desconhecida e obscura, 
Tuba de alto clangor, lira singela 
Que tens o trom e o silvo da procela, 
o arrolo da saudade e da ternura! 
 
Amo o teu viço agreste e o teu aroma 
De virgens selvas e de oceano largo! 
Amo-te, ó rude e doloroso idioma, 
 
Em que da voz materna ouvi: “meu filho!”, 
E em que Camões chorou, no exílio amargo, 
O gênio sem ventura e o amor sem brilho! 
 
 
 
 
12 
Profa. Luana Signorelli 
 
 
 
AULA 05 – PARNASIANISMO, SIMBOLISMO E 
PRÉ-MODERNISMO 
 
(Questão Autoral – Professora Luana Signorelli – 2020) 
Raiva o incêndio. A ruir, soltas, desconjuntadas, 
As muralhas de pedra, o espaço adormecido 
De eco em eco acordando ao medonho estampido, 
Como a um sopro fatal, rolam esfaceladas. 
 
E os templos, os museus, o Capitólio erguido 
Em mármore frígio, o Foro, as eretas arcadas 
Dos aquedutos, tudo as garras inflamadas 
Do incêndio cingem, tudo esboroa-se partido. 
 
Longe, reverberando o clarão purpurino, 
Arde em chamas o Tibre e acende-se o horizonte... 
– Impassível, porém, no alto Palatino, 
 
Nero, com o manto negro ondeando ao ombro, assoma 
Entre os libertos, e ébrio, engrinaldada a fronte, 
Lira em punho, celebra a destruição de Roma. 
Disponível em: https://tinyurl.com/yaxymyp5. Acesso em: 20 jul. 2020. 
 
O que se depreende a postura de Nero a partir do poema? 
a) Foi o último representante da República romana e foi venerado pelo povo quando faleceu. 
b) Conseguiu ver algo que ninguém via e teve uma atitude inusitada diante da catástrofe. 
c) Ao passo que Roma estava se incendiando pela primeira vez, ela apreciava a paisagem. 
d) Foi um imperador que incentivou a cultura do Pão e Circo, sobretudo, a cultura dos gladiadores. 
e) Contrasta entre a beleza criada pela arquitetura humana e a tragédia natural. 
 
Comentários: 
Questão de interpretação de texto; conhecimento do movimento literário e questão com interface 
interdisciplinar com a História. 
Alternativa A: incorreta. Cuidado com as informações extratextuais. Não foi representante da 
República (509 a. C.-27 a. C.), e Nero governou durante 13 de outubro de 54 d. C. a 9 de junho de 68 d. C. 
Alternativa B: correta – gabarito. O que é inferido a partir do último terceto e já um pouco antes 
dela: “- Impassível, porém, no alto Palatino”. 
Alternativa C: incorreta. Ele tocava um instrumento musical (lira). A paisagem é descrita pelo eu 
lírico, que não necessariamente é o próprio Nero. O que é conhecido como Grande Incêndio de Roma 
aconteceu em 64 d. C. 
Alternativa D: incorreta. Os imperadores que mais fizeram isso foram Cômodo e Calígula. O que se 
infere do trecho é que a parte cultural que tocava a Nero era a música. 
Alternativa E: incorreta. Não se sabe qual foi a causa desse incêndio especificamente. 
Gabarito: B. 
 
 
 
13 
Profa. Luana Signorelli 
 
 
 
AULA 05 – PARNASIANISMO, SIMBOLISMO E 
PRÉ-MODERNISMO 
O poeta Alberto de Oliveira (1857-1937) era farmacêutico, 
porém acabou se dedicando à poesia. 
Suas poesias são focadas principalmente na descrição de 
objetos e de ambientes da natureza. O poema Vaso Grego é uma de 
suas obras mais conhecidas e que expõe de modo mais contundente 
diversas máximas do Parnasianismo: 
 Temática greco-latina. 
 Estrutura formal rígida, fazendo uso do soneto e dos versos 
de 10 sílabas poéticas. 
 Vocabulário rebuscado, fazendo uso de palavras menos 
comuns, tornando a linguagem mais trabalhada. 
 
Alberto de Oliveira 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Alberto de Oliveira – Vaso Grego 
 
Esta de áureos relevos, trabalhada 
De divas mãos, brilhante copa, um dia, 
Já de aos deuses servir como cansada, 
Vinda do Olimpo, a um novo deus servia. 
 
Era o poeta de Teos que a suspendia 
Então e, ora repleta ora, esvazada, 
A taça amiga aos dedos seus tinia 
Toda de roxas pétalas colmada. 
 
Depois... Mas o lavor da taça admira, 
Toca-a, e, do ouvido aproximando-a, às bordas 
Finas hás de lhe ouvir, canora e doce, 
 
Ignota voz, qual se da antiga lira 
Fosse a encantada música das cordas, 
Qual se essa voz de Anacreonte fosse. 
 
 
 
Os 12 deuses do Olimpo: Zeus, Hera, Poseidon, Atena, Ares, Deméter, Apolo, 
Ártemis, Hefesto, Afrodite, Hermes e Dionísio. Cada um desses nomes tem seu 
correspondente latino, cuja nomenclatura inclusive serve para nomear planetas. Sugiro 
revisar o quadro disponível na aula 01! 
 
 
É importante notar que o Parnasianismo 
apresenta um vocabulário requintado, 
ordem sintática indireta e valorização do 
objeto. Tanto é que vários dos poemas do 
movimento se propõem a escrever sobre 
vasos dos mais variados tipos. Nesse 
poema, verifica-se adjetivação, alusão ao 
Monte Olimpo (correspondente grego do 
próprio Parnaso, morada dos deuses) e a 
descrição do trabalho artístico. 
 
 
 
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Profa. Luana Signorelli 
 
 
 
AULA 05 – PARNASIANISMO, SIMBOLISMO E 
PRÉ-MODERNISMO 
O poeta Raimundo Correia (1859-1911) é outro dos poetas 
parnasianos mais populares no Brasil. 
Boa parte de seus poemas segue a linha temática dos outros 
poetas: as imagens e objetos do cotidiano e a inspiração na cultura 
clássica. A diferença de Raimundo para os outros dois poetas é seu forte 
traço pessimista, frequentemente desiludido com a vida. 
O poema “As Pombas” esteve no centro de uma grande polêmica: 
ele foi acusado de plágio, por ser uma tradução de um poema de 
Theóphile Gautier, poeta parnasiano europeu. 
 
Raimundo Correia 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Raimundo Correia – As pombas 
 
Vai-se a primeira pomba despertada... 
Vai-se outra mais... mais outra... enfim dezenas 
Das pombas vão-se dos pombais, apenas 
Raia sanguínea e fresca a madrugada... 
 
E à tarde, quando a rígida nortada 
Sopra, aos pombais, de novo elas, serenas, 
Ruflando as asas, sacudindo as penas, 
Voltam todas em bando e em revoada... 
 
Também dos corações onde abotoam 
Os sonhos, um a um, céleres voam, 
Como voam as pombas dos pombais; 
 
No azul da adolescência as asas soltam, 
Fogem... Mas aos pombais as pombasvoltam, 
E eles aos corações não voltam mais... 
 
Os três poetas formam a chamada tríade parnasiana, 
grupo dos três poetas parnasianos mais conhecidos. 
Porém, também consta a produção de Francisca Júlia. 
 
 
 
 
Esse poema por sua vez reflete a 
atmosfera decadente do fim de 
século. Já desde a primeira estrofe, há 
uma atmosfera pessimista que 
descreve a ida das pombas. Atenção: 
a imagem da tarde indica ruína. O 
próprio Olavo Bilac tem uma obra que 
compõe a reunião de poemas a qual 
se chama “Tarde”. O poema termina 
com um tom de desesperança. 
 
 
 
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Profa. Luana Signorelli 
 
 
 
AULA 05 – PARNASIANISMO, SIMBOLISMO E 
PRÉ-MODERNISMO 
 
 
 
 
(Questão Autoral – Professora Luana Signorelli – 2020) 
Mal secreto 
Se a cólera que espuma, a dor que mora 
N’alma, e destrói cada ilusão que nasce, 
Tudo o que punge, tudo o que devora 
O coração, no rosto se estampasse; 
 
Se se pudesse, o espírito que chora, 
Ver através da máscara da face, 
Quanta gente, talvez, que inveja agora 
Nos causa, então piedade nos causasse! 
 
Quanta gente que ri, talvez, consigo 
Guarda um atroz, recôndito inimigo, 
Como invisível chaga cancerosa! 
 
Quanta gente que ri, talvez existe, 
Cuja ventura única consiste 
Em parecer aos outros venturosa! 
CORREIA, R. In: PATRIOTA, M. Para compreender Raimundo Correia. Brasília: Alhambra, 1995. 
 
Após a leitura do soneto parnasiano, julgue os itens subsequentes. 
 
I. O vocábulo do título do poema é construído a partir de um substantivo (“secreto”) e um advérbio 
de modo (“mal”). 
II. O Parnasianismo é um movimento literário esteticista do fim do século XIX que preza muito pela 
forma. Porém, neste poema, o eu lírico também contesta que o conteúdo é importante, por meio 
do descaso com o sentimento alheio. 
III. O resgate das formas clássicas é um dos aspectos parnasianos. 
 
A sequência de itens corretos é: 
a) I. 
b) II. 
c) III. 
d) I e III. 
e) II e III. 
 
 
Comentários: 
 Item I: incorreto. Cuidado: “secreto” no título está sendo usado 
como adjetivo para concordar em gênero, número e grau com o 
substantivo ao qual se refere: “mal”. Muito embora estes termos 
possam assumir as funções descritas na alternativa, isto não ocorre aqui 
neste contexto. 
 Item II: incorreto. Pelo contrário: o eu lírico levanta a hipótese de 
que se as pessoas mostrassem mais suas essências em vez de aparências 
nossa reação quanto aos sentimentos delas mudaria. O que prevalece 
no poema é o jogo entre essência e aparência. 
 Item III: correto. Como o é caso da forma fixa do soneto. 
Gabarito: C. 
 
 
 
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Profa. Luana Signorelli 
 
 
 
AULA 05 – PARNASIANISMO, SIMBOLISMO E 
PRÉ-MODERNISMO 
 
Francisca Júlia 
Francisca Júlia (1871-1920). Poetisa brasileira, nascida no interior de São Paulo. Começou escrevendo o 
Livro da Infância (1899), dedicado à educação em escolas públicas do estado. Suas principais obras são 
Mármores (1895) e Esfinges (1921). No poema abaixo, a figura mitológica da musa é aludida. 
 
 
Musa! um gesto sequer de dor ou de sincero 
Luto jamais te afeie o cândido semblante! 
Diante de um Jó, conserva o mesmo orgulho; e diante 
De um morto, o mesmo olhar e sobrecenho austero. 
 
Em teus olhos não quero a lágrima; não quero 
Em tua boca o suave e idílico descante. 
Celebra ora um fantasma anguiforme de Dante, 
Ora o vulto marcial de um guerreiro de Homero. 
 
Dá-me o hemistíquio d'ouro, a imagem atrativa; 
A rima, cujo som, de uma harmonia crebra, 
Cante aos ouvidos d'alma; a estrofe limpa e viva; 
 
Versos que lembrem, com seus bárbaros ruídos, 
Ora o áspero rumor de um calhau que se quebra, 
Ora o surdo rumor de mármores partidos. 
 
De musa passiva do poema, mero objeto de representação, o eu lírico feminino agora é aquele 
quem fala da musa, fonte de inspiração. As Musas também são criaturas mitológicas, fonte de inspiração 
para os poetas. Então, é como se o eu lírico estivesse invocando inspiração para si. Já na Ilíada de Homero, 
as Musas são aclamadas logo nos primeiros versos (o Canto I é uma invocação às musas). Porém, essa 
musa, em vez de inspirar, é inspirada. A questão do sofrimento feminino é retratada. Ou eu lírico exorta 
coragem da musa, clamando que ela nunca padeça. 
Há intertextualidade bíblica, pois Jó é uma figura que muito sofreu e foi testado pela divindade 
superior. Logo, força e coragem são sentimentos universais, não só masculinos, mas que podem ser 
femininos também. O eu lírico eleva a musa à condição dos homens que muito sofreram, mas superaram 
essa fase. Pois essa musa, para fazer jus a seu nome, deveria lembrar as representações épicas do poeta 
clássico Dante e justamente de Homero. 
De tão clássica imitaria uma forma poética grega, o hemistíquio (metade de um verso 
alexandrino). O poema revela-se metalinguístico e o eu lírico parece, afinal, querer mesmo pedir por 
inspiração. Porém, a musa deve ser forte para ser capaz de fornecer essa inspiração. 
O eu lírico deseja escrever versos que falem de ruptura, imagens compostas pelo calhau quebrado 
e o mármore partido. O foco do soneto se concentra na preocupação do eu lírico em fortalecer a musa 
primeiramente para que assim ela esteja em condições elevadas, capaz de tornar elevados também os 
versos produzidos. 
 
 
 
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Profa. Luana Signorelli 
 
 
 
AULA 05 – PARNASIANISMO, SIMBOLISMO E 
PRÉ-MODERNISMO 
3.0 Simbolismo 
 
Na mesma época em que o Realismo, o Naturalismo e o Parnasianismo ocorriam, surge mais um 
movimento literário: o Simbolismo. 
Ao longo do tempo, o homem viveu sob a ideia de que o progresso científico e tecnológico sempre 
levaria à evolução, ou seja, seríamos melhores na medida em que tivéssemos uma sociedade mais 
tecnológica. De fato, a tecnologia foi capaz de melhorar nossa vida e facilitar nossas ações cotidianas. A 
tecnologia, porém, não foi capaz de solucionar alguns problemas essenciais aos seres humanos: a 
igualdade não foi alcançada, não fomos capazes de eliminar a pobreza e ainda passamos por momentos 
de guerra e conflito intenso. Muitas vezes, a tecnologia parece estar no centro de diversos desses 
problemas. É dessa frustração com a racionalidade e o pensamento científico que surge o Simbolismo. 
 
PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DO SIMBOLISMO 
 
 
 
• A religiosidade é um tema frequente para os autores simbolistas.
• Outros temas espirituais e metafísicos, como a morte, por exemplo.
ESPIRITUALIDADE E MISTICISMO
• Uso da figura de linguagem da sinestesia (do grego, συναισθησία: syn- significa
conjunto e aesthesía sensações; mistura de sensações) e da metáfora.
• O tema da sexualidade aparece com frequência.
INTUIÇÃO E APROXIMAÇÃO DO SENSORIAL
•A linguagem trabalha com a sugestão e os símbolos, muito mais do que com a
objetividade.
• Uso de figuras de linguagem como a aliteração (repetição de consoantes) e a
assonância (repetição de vogais).
LINGUAGEM VAGA E MUSICALIDADE
• Numa espécie de resgate dos valores românticos caídos em desuso, os simbolistas
buscam se afastar da abordagem racional da realidade e buscam observá-la de
maneira mais sensível.
• Antimaterialismo.
NÃO RACIONALIDADE
• Os poetas simbolistas não se sentem confortáveis num mundo que valoriza a 
racionalidade. Assim, eles têm uma visão soturna do cotidiano. 
PESSIMISMO
• Interesse pelas noções de inconsciente; pela psicanálise e pela investigação da mente
humana, tangenciando assuntos como a loucura e o subconsciente.
• O tema do sonho é muito frequente no Simbolismo, normalmente referido pela palavra
onírico.
SUBJETIVIDADE
 
 
 
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Profa. Luana Signorelli 
 
 
 
AULA 05 – PARNASIANISMO, SIMBOLISMO E 
PRÉ-MODERNISMO 
Dança do ventre. 
Fonte: Pixabay. 
 
Vejam um exemplo de poema simbolista com essas características: 
 
 
 
Dilacerações – Cruz e Sousa 
Ó carnes que eu amei sangrentamente, 
ó volúpias letais e dolorosas, 
essências de heliotropos e de rosas 
de essência morna, tropical, dolente… 
 
Carnes, virgens e tépidas do Oriente 
do Sonhoe das Estrelas fabulosas, 
carnes acerbas e maravilhosas, 
tentadoras do sol intensamente… 
 
Passai, dilaceradas pelos zelos, 
através dos profundos pesadelos 
que me apunhalam de mortais horrores… 
 
Passai, passai, desfeitas em tormentos, 
em lágrimas, em prantos, em lamentos 
em ais, em luto, em convulsões, em dores… 
 
Nesse poema, há traços do tema da sexualidade (“Carnes, virgens e tépidas do Oriente”), do 
pessimismo (“em lágrimas, em prantos, em lamentos”) e do sonho (“através dos profundos pesadelos”). 
Além disso, o poema é muito ligado ao sensorial (ex.: “essência morna”). Perceba também que, na forma 
do poema, há uma preocupação com a sonoridade. Veja como o verso “Passai, passai, desfeitas em 
tormentos” produz uma aliteração em “s”. O poema também faz uso de uma linguagem mais vaga, mais 
próxima da emoção do que da razão. 
3.1 Autores e obras do Simbolismo 
 
 
 
 
 
 
 
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Profa. Luana Signorelli 
 
 
 
AULA 05 – PARNASIANISMO, SIMBOLISMO E 
PRÉ-MODERNISMO 
Cruz e Sousa (1861-1898) foi o poeta 
simbolista brasileiro mais conhecido, tendo se 
tornado popular no mundo todo. É 
considerado um dos primeiros escritores 
negros brasileiros, tendo sido chamado de 
Cisne Negro. Ele era filho de escravos forros. 
Ao longo da vida, ele combateu o 
preconceito racial e militou pelo fim da 
escravidão. Assim, a condição do negro na 
época era um de seus temas de interesse na 
literatura. 
Outra particularidade em sua poesia é a 
fixação pela cor branca. Percebam no poema 
Braços como toda a primeira estrofe se foca 
em descrever – a partir de diversas sensações 
– braços brancos, alvos. O erotismo, 
característica comum do poeta também 
aparece aqui. 
Ele também produz muitas obras 
retratando sofrimento e dor, com uma fixação 
na ideia de morte. Perceba no poema Escárnio 
perfumado o modo sentimental com que fala 
sobre o sofrimento de não receber a carta da 
pessoa amada. 
Cruz e Sousa 
Braços 
Braços nervosos, brancas opulências, 
brumais brancuras, fúlgidas brancuras, 
alvuras castas, virginais alvuras, 
latescências das raras latescências. 
 
As fascinantes, mórbidas dormências 
dos teus abraços de letais flexuras, 
produzem sensações de agres torturas, 
dos desejos as mornas florescências. 
 
Braços nervosos, tentadoras serpes 
que prendem, tetanizam como os herpes, 
dos delírios na trêmula coorte ... 
 
Pompa de carnes tépidas e flóreas, 
braços de estranhas correções marmóreas, 
abertos para o Amor e para a Morte! 
 
Escárnio Perfumado 
Quando no enleio 
De receber umas notícias tuas, 
Vou-me ao correio, 
Que é lá no fim da mais cruel das ruas, 
 
Vendo tão fartas, 
D’uma fartura que ninguém colige, 
As mãos dos outros, de jornais e cartas 
E as minhas, nuas – isso dói, me aflige… 
 
E em tom de mofa, 
Julgo que tudo me escarnece, apoda, 
Ri, me apostrofa, 
 
Pois fico só e cabisbaixo, inerme, 
A noite andar-me na cabeça, em roda, 
Mais humilhado que um mendigo, um 
verme… 
 
 
 
 
 
 
 
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Profa. Luana Signorelli 
 
 
 
AULA 05 – PARNASIANISMO, SIMBOLISMO E 
PRÉ-MODERNISMO 
PROSA 
Missal 
OCASO NO MAR 
 Num fulgor d’ouro velho o sol tranquilamente desce para o ocaso, no limite extremo do mar, 
d’águas calmas, serenas, dum espesso verde pesado, glauco, num tom de bronze. 
 No céu, de um desmaiado azul, ainda claro, há uma doce suavidade astral e religiosa. 
 Às derradeiras cintilações doiradas do nobre Astro do dia, os navios, com o maravilhoso aspecto 
das mastreações, na quietação das ondas, parecem estar em êxtase na tarde. 
 Num esmalte de gravura, os mastros, com as vergas altas lembrando, na distância, esguios 
caracteres de música, pautam o fundo do horizonte límpido. 
 Os navios, assim armados, com a mastreação, as vergas dispostas por essa forma, estão como a 
fazer-se de vela, prontos a arrancar do porto. 
 Um ritmo indefinível, como a errante etereal expressão das forças originais e virgens, 
inefavelmente desce, na tarde que finda, por entre a nitidez já indecisa dos mastros… 
 Em pouco as sombras densas envolvem gradativamente o horizonte em torno, a vastidão das 
vagas (...). 
SOUSA, Cruz e. Missal. Fonte: Domínio Público. Disponível em: https://coruja.page.link/qXnn. Acesso em: 12 jan. 2023. 
 
Negro 
 
CONSCIÊNCIA TRANQUILA 
(...) Lembro-me também de outra, bestialmente grávida, prestes a ser mãe, a quem eu, para saciar 
a minha sede feroz de ciúme, a minha sede de raiva, a minha sede de concupiscência suína, mandei aplicar 
quinhentas chicotadas, enquanto os meus dentes rangiam na volúpia do ódio saciado. Desta foi tamanha 
e tão atroz a dor, tão horríveis as contorções, enroscando-se como serpente dentro de chamas 
crepitantes, que esvaiu-se toda em sangue, abortou de repente e ali mesmo morreu logo (...) 
 E de outra ainda lembro-me também, porque eu a mandei afogar no rio das Sete Chagas, junto à 
figueira-do-inferno, com o filho, que era execravelmente meu, dentro das entranhas... Mandei afogar 
tarde, a horas mortas, depois que certo sino cavo soluçou as doze badaladas lentas e sonolentas no 
amortalhado luar... E devo ter algum remorso disso? Remorso? De quê? Por quê? Por quem? 
SOUSA, Cruz e. Negro. Organização, introdução e notas por Zilma Gesser Nunes. 2. reimpressão. Florianópolis: Caminho do Desterro, 2020 (p. 
109-110). 
Negro
Poesia 24 poemas
13 deles são 
sonetos
Prosa 9 textos
3 textos críticos
9 contos literários
1 conto com 8 
partes (TESES)
Correspondências 4 cartas
 
 
 
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Profa. Luana Signorelli 
 
 
 
AULA 05 – PARNASIANISMO, SIMBOLISMO E 
PRÉ-MODERNISMO 
Alphonsus de Guimaraens (1870-
1921) é o pseudônimo do escritor Afonso 
Henrique da Costa Guimarães. Ele adaptou 
seu nome para aproximá-lo da língua latina. 
Sua obra é em sua grande maioria 
poética e muito ligada ao misticismo e à 
religiosidade, principalmente católica. 
Perceba o poema “A Catedral”, em 
que o poeta imita o som das badaladas do 
sino de uma igreja com o ritmo do seu 
próprio nome (“Pobre Alphonsus! Pobre 
Alphonsus! ”). A sonoridade dos poemas é 
muito importante para essa escola literária. 
As figuras femininas também são 
bastante espiritualizadas na obra de 
Alphonsus. As mulheres costumam ser 
representadas de maneira angelical. No 
poema “Ismália”, um de seus mais 
conhecidos, o poeta ainda aborda outro 
assunto importante para o movimento 
simbolista: a loucura. O poema conta a 
história de uma mulher que se joga do alto 
de uma torre. 
Alphonsus Guimaraens 
Ismália 
Quando Ismália enlouqueceu, 
Pôs-se na torre a sonhar… 
Viu uma lua no céu, 
Viu outra lua no mar. 
 
No sonho em que se perdeu, 
Banhou-se toda em luar… 
Queria subir ao céu, 
Queria descer ao mar… 
 
E, no desvario seu, 
Na torre pôs-se a cantar… 
Estava perto do céu, 
Estava longe do mar… 
 
como um anjo pendeu 
As asas para voar… 
Queria a lua do céu, 
Queria a lua do mar… 
 
As asas que Deus lhe deu 
Ruflaram de par em par… 
Sua alma subiu ao céu, 
Seu corpo desceu ao mar… 
 
A Catedral 
Entre brumas, ao longe, surge a aurora, 
O hialino orvalho aos poucos se evapora, 
E Agoniza o arrebol. 
A catedral ebúrnea do meu sonho 
Aparece na paz do céu risonho 
Toda branca de sol. 
 
E o sino canta em lúgubres responsos: 
“Pobre Alphonsus! Pobre Alphonsus!” 
 
O astro glorioso segue a eterna estrada. 
Uma áurea seta lhe cintila em cada 
Refulgente raio de luz. 
A catedral ebúrnea do meu sonho, 
Onde os meus olhos tão cansados ponho, 
Recebe a benção de Jesus. 
 
 
 
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Profa. Luana Signorelli 
 
 
 
AULA 05 – PARNASIANISMO, SIMBOLISMO E 
PRÉ-MODERNISMO 
Possivelmente, muito de sua poética 
envolve a ideia da morte da mulher amada, 
pois o poeta teve em sua vida uma tragédia 
do gênero: sua noiva faleceu aos 18 anos e 
ele nunca parece ter superado o ocorrido. 
As principais características da poesia 
de Alphonsus de Guimaraes, portanto, são: 
 Descrição de ambientes, tanto 
paisagens quanto construções. 
 Melancolia e sofrimento. 
 Misticismo e religiosidade. 
 
 
E o sinoclama em lúgubres responsos: 
“Pobre Alphonsus! Pobre Alphonsus!” 
 
Por entre lírios e lilases desce 
A tarde esquiva: amargurada prece 
Põe-se a luz a rezar. 
A catedral ebúrnea do meu sonho 
Aparece na paz do céu tristonho 
Toda branca de luar. 
 
E o sino chora em lúgubres responsos: 
“Pobre Alphonsus! Pobre Alphonsus!” 
 
O céu e todo trevas: o vento uiva. 
Do relâmpago a cabeleira ruiva 
Vem acoitar o rosto meu. 
A catedral ebúrnea do meu sonho 
Afunda-se no caos do céu medonho 
Como um astro que já morreu. 
 
E o sino chora em lúgubres responsos: 
"Pobre Alphonsus! Pobre Alphonsus!" 
 
4.0 Pré-Modernismo 
 
O período do Pré-Modernismo na literatura brasileira se situa entre o fim do século XIX e início do 
século XX. Os marcos inicial e final foram a Proclamação da República (1889) e a Semana de Arte Moderna 
(1922). Uma série de eventos marcaram esse momento histórico no Brasil: 
 A Primeira República se consolida nos governos de Marechal Deodoro da Fonseca, Marechal 
Floriano Peixoto e Prudente de Morais – o primeiro presidente civil do Brasil. Durante esse momento, 
havia um esforço para solidificar a república e seus símbolos, eliminando aquilo que pudesse ameaçá-la. 
 Revoltas como a Revolução Federalista – no Rio Grande do Sul – e a Revolta da Armada – no 
Rio de Janeiro – questionam o governo e suas políticas econômicas. Essas revoltas eram principalmente 
fruto da insatisfação das elites. 
 A partir do governo de Prudente de Morais, ocorrem movimentos organizados pelas camadas 
populares. O primeiro e mais importante conflito foi a Guerra de Canudos, conflito que envolveu a 
comunidade liderada pelo líder messiânico Antônio Conselheiro e o exército brasileiro. 
 A Revolta da Vacina (1904), movimento de resistência à vacinação obrigatória contra a varíola. 
Muitas pessoas achavam que era um modo de eliminação em massa da população pobre. 
 A Revolta da Chibata (1910), movimento liderado pelo marinheiro João Cândido, buscando o 
fim dos castigos corporais na marinha e melhoria das condições de vida e soldo. 
 O cangaço, movimento de bandos armados compostos por homens pobres que passaram a 
praticar assaltos em fazendas, saquear estabelecimentos comerciais e sequestrar homens ricos em troca 
de resgate. O bando mais conhecido é o de Lampião e Maria Bonita. 
 
 
 
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Profa. Luana Signorelli 
 
 
 
AULA 05 – PARNASIANISMO, SIMBOLISMO E 
PRÉ-MODERNISMO 
 O coronelismo. A figura do “coronel” não se relaciona necessariamente com um posto militar 
ou policial. Na época, devido às grandes dimensões do Brasil e as distâncias das províncias em relação ao 
governo central, era comum que grandes proprietários de terras fossem agraciados com o título de 
coronel da Guarda Nacional, o que lhes garantia direitos para impor a ordem. 
 Há muitos questionamentos acerca da legitimidade das eleições, já que o voto de cabresto, 
prática de obrigar subordinados a votar em seu candidato de preferência sob pena de punições, era muito 
comum. 
 Instaura-se a política do café com leite, nome pelo qual ficou conhecida a alternância de poder 
no governo entre as oligarquias paulistas e mineiras. 
 Há um aumento significativo da industrialização no Brasil. Os principais produtos de exportação 
eram o café, oriundo de São Paulo, e a borracha, vinda da região Norte. Esta última impulsionou o 
crescimento de Manaus, que se tornou uma cidade modernizada. 
 
PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DO PRÉ-MODERNISMO 
 
 
 
• Obras literárias que analisam o contexto social e político do país.
• Questões como a desigualdade social, pobreza e os conflitos entre o povo e o
governo aparecem nas obras.
ANÁLISE SOCIAL
• A linguagem, ainda que utilize a norma culta, se aproxima mais do falar popular,
utilizando palavras mais comuns e construções mais simples.
• Coloquialidade em alguns autores.
LINGUAGEM INFORMAL
• Por ser um período de transição entre escolas, o pré-modernismo absorve
características de outros movimentos. Os autores se apropriam de alguns valores do
Naturalismo ao mesmo tempo em que produzem obras poéticas próximas ao
Simbolismo.
• Antecipam algumas características do Modernismo, como a maior inovação na
forma da escrita. Por isso, constitui um movimento de transição.
MISTURA DE REFERÊNCIAS
• Presença da cultura popular brasileira.
• Personagens como o caipira e o sertanejo ganham destaque.
REGIONALISMO
 
 
 
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Profa. Luana Signorelli 
 
 
 
AULA 05 – PARNASIANISMO, SIMBOLISMO E 
PRÉ-MODERNISMO 
4.1 Autores e obras do Pré-Modernismo 
 
Euclides da Cunha 
Euclides da Cunha (1866-1909) nasceu no Rio de 
Janeiro. Formado engenheiro, atuou como jornalista e 
escritor. Por ter tido carreira militar e ainda possuir o título de 
primeiro-tenente na época em que trabalhava no jornal, 
Euclides da Cunha foi enviado como correspondente do Estado 
de São Paulo para realizar a cobertura da guerra de Canudos. 
Ao chegar em Canudos, Euclides se deparou com uma 
parte do Brasil desconhecida pelos habitantes do Rio de 
Janeiro. Era o choque daquilo que ele se referiu como o 
choque de dois brasis: o do litoral, portador de um projeto 
republicano e orientado pela ideia de civilização; e o do sertão, 
onde predominavam o misticismo, a miséria e a mestiçagem. 
Diante da violência empregada para a destruição de 
Canudos, Euclides questiona se a população do litoral era tão 
civilizada quanto acreditava ser. Em seu discurso, as elites diziam salvar a República e a unidade do 
território, mas excluíam parcelas da população de sua ideia de Brasil. Mas os habitantes dos sertões, 
apesar de esquecidos pelo “Brasil oficial” e castigados pela seca e miséria, sobreviviam, resistindo 
bravamente a todas as expedições enviadas pela capital federal. Em suas próprias palavras: "o sertanejo 
é, antes de tudo, um forte.” 
Com o término do conflito, Euclides retornou para o Rio de Janeiro, onde em 1902 publicou sua 
obra mais famosa: Os sertões. O livro reúne suas impressões científicas, geográficas e humanas sobre o 
que encontrou em Canudos. A obra foi o primeiro livro-reportagem publicado no Brasil. 
Os sertões é uma obra extensa, dividida em 3 partes, com muitos capítulos: 
 
 
A Terra
Na primeira parte do livro, Euclides descreve o ambiente do sertão atingido pela
seca. A análise é geográfica, abarcando fauna, flora, relevo, clima e outros.
O Homem
Na segunda parte do livro, há uma descrição e análise do sertanejo e seus costumes.
A análise é antropológica e sociológica. Com inspiração Naturalista, entende o
homem como fruto de seu meio, raça e história. Aqui é apresentada a figura de
Antônio Conselheiro e da população de Canudos, com todo o funcionamento da
comunidade.
A Luta
Na terceira e última parte, há a descrição da Guerra de Canudos. A análise é
historiográfica: narra as quatro tentativas de destruição de Canudos pelo Exército do
Brasil e o período após o fim da guerra. O desfecho é a trágica destruição de
Canudos.
 
 
 
25 
Profa. Luana Signorelli 
 
 
 
AULA 05 – PARNASIANISMO, SIMBOLISMO E 
PRÉ-MODERNISMO 
Os Sertões (1902) 
 
CATEGORIA DEFINIÇÃO 
ESTRUTURA 
630 páginas divididas em 3 partes, entre os quais, alguns capítulos se 
destacam: A Terra; O Homem e A Luta. 
TEMPO Guerra de Canudos (1896-1897). 
ESPAÇO Interior do Estado da Bahia. 
ENREDO 
Narra os acontecimentos da Guerra de Canudos, liderada por Antônio 
Conselheiro (1830-1897). O procedimento mescla ficção (Literatura) 
com fatos (História). Há interdisciplinaridade com Antropologia, 
Sociologia, Geografia e História. Criticava o ufanismo exacerbado da 
época, mostrando uma faceta realista do Brasil. Há determinismo social 
(o homem é fruto do meio), a abordagem da mestiçagem e a descrição 
da fauna e da flora (uso de adjetivação). 
DESFECHO Tragédia da destruição de Canudos. 
 
 
 
 
(Questão Autoral – Professora Luana Signorelli – 2020) 
 A força portentosa da hereditariedade, aqui, como em toda a parte e em todos os tempos, 
arrasta paraos meios mais adiantados – enluvados e encobertos de tênue verniz de cultura – 
trogloditas completos. Se o curso normal da civilização em geral os contém, e os domina, e os 
manieta, e os inutiliza, e a pouco e pouco os destrói, recalcando-os na penumbra de uma existência 
inútil, de onde os arranca, às vezes, a curiosidade dos sociólogos extravagantes ou as pesquisas da 
psiquiatria, sempre que um abalo profundo lhes afrouxa em torno a coesão das leis, eles surgem e 
invadem escandalosamente a história. São o reverso fatal dos acontecimentos, o claro-escuro 
indispensável aos fatos de maior vulto. 
CUNHA, Euclides da. Os Sertões. São Paulo: Ateliê Editorial, 2018 (p. 501). 
 
A partir do trecho acima e de seus conhecimentos quanto ao PRÉ-MODERNISMO, julgue o item 
subsequente. 
Entre as teorias predominantes do século XIX, a que se verifica no trecho é o evolucionismo. 
Comentários: 
Questão de interpretação de texto literário/ movimento literário. O evolucionismo é um conjunto 
de doutrinas que sustentam a tese positivista, pois considera o desenvolvimento inevitável em direção a 
estados mais aperfeiçoados, o que justificaria o incessante fluxo de transformações nos meios natural, 
biológico e natural. No caso, há evolucionismo na concepção de “força portentosa da hereditariedade”. 
Muito embora o narrador considere a possibilidade de “trogloditas completos” poderem chegar a estados 
“mais adiantados”, considera igualmente que esse processo seria o “reverso fatal dos acontecimentos”. 
O evolucionismo representaria o “curso normal da civilização”. 
Gabarito: C. 
 
 
 
26 
Profa. Luana Signorelli 
 
 
 
AULA 05 – PARNASIANISMO, SIMBOLISMO E 
PRÉ-MODERNISMO 
Lima Barreto 
Afonso Henriques de Lima Barreto (1881-1922) foi 
escritor e jornalista. Assim como muitas pessoas da época, a 
história de Lima Barreto se mistura com a da escravidão no 
Brasil. Seus avós haviam sido escravos e sua mãe era 
agregada de uma família abonada. Por isso, a mãe havia sido 
educada e trabalhava como professora. 
Lima Barreto, por intermédio da família à qual sua 
mãe era ligada, foi apresentado ao visconde de Ouro Preto, 
que se tornou seu padrinho e responsável por sua educação. 
Duas questões, portanto, foram fundamentais para a 
constituição de seu senso crítico enquanto jornalista e 
escritor: 
 A condição do negro na sociedade, tanto antes da 
abolição quanto após. 
 A lembrança distante – talvez incentivada pela família e padrinho – do tempo do Império, e seu 
contraste com o regime republicano. 
Apesar de ter iniciado a graduação na Escola Politécnica, ele acabou trabalhando como Secretário 
do Ministério da Guerra, para ajudar a família, além de atuar em jornais e revistas. Ele era um homem de 
saúde mental frágil. Além do alcoolismo, ele também sofria de uma depressão profunda, chegando a ser 
internado por isso. 
 Sua obra mais famosa é Triste fim de Policarpo Quaresma. A obra conta a história de Policarpo, 
um homem comum, funcionário público, que tem um grande projeto: valorizar a cultura genuinamente 
brasileira. Vamos aos quadros sinópticos de suas principais obras. 
 
 
 
 
Triste fim de Policarpo Quaresma (1911) 
 
CATEGORIA DEFINIÇÃO 
ESTRUTURA Romance em 5 capítulos. 
TEMPO 
Policarpo Quaresma, Ricardo Coração dos Outros, Olga, Ismênia, 
General Albernaz, Adelaide. 
ESPAÇO Primeiros anos da República, governo de Floriano Peixoto (1891-1894). 
ENREDO 
Policarpo lia muito e era bastante nacionalista. Aprendia violão com 
Ricardo Coração dos Outros. Escreveu um ofício em tupi para o ministro, 
pelo que foi internado. Compra um sítio, mas políticos locais querem 
prejudicá-lo. Policarpo quer uma mudança de governo. 
DESFECHO 
Floriano convida Policarpo para ingressar na revolta. Policarpo aceita e 
é listado como Major. A revolta termina e Policarpo é preso. Mesmo 
muito patriota, questiona-se o porquê de ter aquele fim. 
 
 
 
27 
Profa. Luana Signorelli 
 
 
 
AULA 05 – PARNASIANISMO, SIMBOLISMO E 
PRÉ-MODERNISMO 
 
 Durante os lazeres burocráticos, estudou, mas estudou a Pátria, nas suas riquezas naturais, na 
sua história, na sua geografia, na sua literatura e na sua política. Quaresma sabia as espécies de 
minerais, vegetais e animais, que o Brasil continha; sabia o valor do ouro, dos diamantes exportados 
por Minas, as guerras holandesas, as batalhas do Paraguai, as nascentes e o curso de todos os rios. 
Defendia com azedume e paixão a proeminência do Amazonas sobre todos os demais rios do mundo. 
Para isso ia até ao crime de amputar alguns quilômetros ao Nilo e era com este rival do "seu" rio que 
ele mais implicava. Ai de quem o citasse na sua frente! Em geral, calmo e delicado, o major ficava 
agitado e malcriado, quando se discutia a extensão do Amazonas em face da do Nilo. 
BARRETO, Lima. Triste fim de Policarpo Quaresma. Rio de Janeiro: Garnier, 1990. 
 
Comentários 
 A leitura atenta do trecho apresentado, permite que se entenda a obra de Lima Barreto como 
uma obra de crítica irônica à exaltação cega das características do Brasil, aos moldes românticos. Se 
no Romantismo fauna e flora brasileiras eram idealizadas, no Pré-Modernismo eles seriam estudados, 
tornar-se-iam objetos de estudos. Porém, embora isso pressupusesse cientificismo, objetividade, 
Policarpo acabava por falar de tudo de uma maneira apaixonado que lembrava de novo os românticos. 
Logo, há ironia. 
 
Clara dos Anjos (1948) 
 
CATEGORIA DEFINIÇÃO 
ESTRUTURA 10 capítulos. 
PERSONAGENS Clara, Joaquim, Engrácia, Cassi Jones de Azevedo. 
TEMPO Início dos anos 1920. 
ESPAÇO Subúrbio do Rio de Janeiro. 
ENREDO 
Clara tem 17 anos e é uma mulata, filho de Joaquim que, além de 
carteiro, é flautista, casado com Engrácia. Moram num lugar muito 
humilde. Ingênua que é, Clara cai no papo de Cassi, jovem de 20 anos 
e branco, de uma condição social melhor que a dela. Ironia: por causa 
do nome dela. 
DESFECHO 
Clara engravida e Cassi foge. Quer abortar, mas segue o conselho da 
mãe e vai atrás dele. No entanto, é maltratada pela mãe dele, pela sua 
raça. Trata-se de uma crítica da democracia racial brasileira. 
 
Monteiro Lobato 
 
 Monteiro Lobato (1882-1948) é um dos escritores brasileiros mais populares, principalmente 
entre o público infantil por conta do universo do Sítio do Pica-pau Amarelo, criado por ele. Todas as 
histórias se passam nesse sítio, em que vivem Dona Benta, a dona do lugar, seus netos Narizinho e 
Pedrinho, e a empregada Tia Nastácia. Narizinho tem uma boneca que fala chamada Emília. Ele também 
criou a personagem Jeca Tatu, um caipira preguiçoso que simbolizava o atraso do campo e do interior do 
Brasil. Muito desse universo tem inspiração em sua própria vida. Ele próprio fora criado num sítio e tivera 
contato com muitas pessoas que acabaram inspirando suas personagens. 
 
 
 
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Profa. Luana Signorelli 
 
 
 
AULA 05 – PARNASIANISMO, SIMBOLISMO E 
PRÉ-MODERNISMO 
Comentários 
 Há, sim, ironia no trecho, mas justamente por causa do 
desacordo entre o que se diz e o que se quer dizer, pois é esta 
a definição exata do termo. D. Inácia só é boa na aparência; 
pois sua índole guarda traços de pessoa gananciosa e 
torturadora, uma vez que mantém por perto a menina negra 
de propósito para que continuasse aliviando seu ímpeto de 
agredir em alguém, mesmo depois que isso se tornasse ilegal, 
após a Abolição da Escravidão em 1888. 
 Cuidado: não é porque um escritor denuncia os atos que 
ele defende os ato. 
 
 Além de escritor, Monteiro Lobato também foi tradutor, tendo 
trabalhado em obras importantes, incluindo muitas coletâneas de contos 
de fadas. Ele também se envolveu com negócios de petróleo, o que lhe 
rendeu muitas inimizades, principalmente entre poderosos que tinham 
interesse em ocultar a existência de petróleo no Brasil, para favorecer os 
interesses do capital estrangeiro. Era inimigo declarado do Estado Novo, 
de Getúlio Vargas e produziu uma série de críticas a esse regime,denunciando arbitrariedades. 
 
 
“Negrinha” – Monteiro Lobato 
 Negrinha era uma pobre órfã de sete anos. Preta? Não; fusca, mulatinha escura, de cabelos 
ruços e olhos assustados. Nascera na senzala, de mãe escrava, e seus primeiros anos vivera-os pelos 
cantos escuros da cozinha, sobre velha esteira e trapos imundos. Sempre escondida, que a patroa 
não gostava de crianças. Excelente senhora, a patroa. Gorda, rica, dona do mundo, amimada dos 
padres, com lugar certo na igreja e camarote de luxo reservado no céu. Entaladas as banhas no trono 
(uma cadeira de balanço na sala de jantar), ali bordava, recebia as amigas e o vigário, dando 
audiências, discutindo o tempo. Uma virtuosa senhora em suma — “dama de grandes virtudes 
apostólicas, esteio da religião e da moral”, dizia o reverendo. 
 Ótima, a Dona Inácia. (...) 
 A excelente Dona Inácia era mestra na arte de judiar de crianças. Vinha da escravidão, fora 
senhora de escravos — e daquelas ferozes, amigas de ouvir cantar o bolo e estalar o bacalhau. Nunca 
se afizera ao regime novo — essa indecência de negro igual a branco e qualquer coisinha: a polícia! 
“Qualquer coisinha”: uma mucama assada ao forno porque se engraçou dela o senhor; uma novena 
de relho porque disse: “Como é ruim, a sinhá!”... 
 O 13 de Maio tirou-lhe das mãos o azorrague, mas não lhe tirou da alma a gana. 
 Conservava Negrinha em casa como remédio para os frenesis. Inocente derivativo: 
 — Ai! Como alivia a gente uma boa roda de cocres bem fincados!... 
MORICONI, Ítalo. Os cem melhores contos brasileiros do século. Rio de Janeiro: Objetiva, 2000, p.78. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Profa. Luana Signorelli 
 
 
 
AULA 05 – PARNASIANISMO, SIMBOLISMO E 
PRÉ-MODERNISMO 
Augusto dos Anjos 
Augusto dos Anjos (1884-1914) é o principal 
representante da poesia no Pré-Modernismo. Ele nasceu numa 
cidade do interior da Paraíba e começou a esboçar seus 
primeiros poemas já aos 7 anos de idade. Era muito culto e atuou 
como professor além de escritor. 
 Era muito ligado ao Naturalismo e às tendências de 
encarar o mundo de maneira direta e científica. Sua obra produz, 
inclusive, algumas ironias à religião, principalmente a católica. 
 Como os outros escritores do Pré-Modernismo, bebe de 
diversas fontes. Ao mesmo tempo que se aproxima da forma fixa 
dos simbolistas, também se alinha tematicamente com os 
naturalistas. Sua poesia na época chocava muito as pessoas – e 
os poetas do parnasianismo. 
As principais características de sua obra são: 
 Desânimo e pessimismo. 
 Figuras de linguagem, como a metáfora e a comparação. 
 Questão da morte. 
 Rigor formal e estrutural. 
 Vocabulário ligado às ciências exatas e biológicas. 
 Apesar de ter publicado em alguns periódicos, ele produziu apenas uma obra: o livro “Eu” (1912). 
Veja dois de seus poemas mais conhecidos presentes nesse livro: 
 
Versos Íntimos 
Vês! Ninguém assistiu ao formidável 
Enterro de sua última quimera. 
Somente a Ingratidão – esta pantera – 
Foi tua companheira inseparável! 
 
Acostuma-te à lama que te espera! 
O homem, que, nesta terra miserável, 
Mora, entre feras, sente inevitável 
Necessidade de também ser fera. 
 
Toma um fósforo. Acende teu cigarro! 
O beijo, amigo, é a véspera do escarro, 
A mão que afaga é a mesma que apedreja. 
 
Se alguém causa inda pena a tua chaga, 
Apedreja essa mão vil que te afaga, 
Escarra nessa boca que te beija! 
 
*Epigênese: processo de geração em que o embrião é constituído por uma série de formações novas ou 
diferenciações sucessivas do ovo ou espermatozoide, sem a preexistência de elementos ou indícios da futura 
organização do indivíduo (dicionário Aulete). 
 
 
 
30 
Profa. Luana Signorelli 
 
 
 
AULA 05 – PARNASIANISMO, SIMBOLISMO E 
PRÉ-MODERNISMO 
Atenção para análise dos gêneros literários associando-os aos 
movimentos literários. O Simbolismo e o Parnasianismo foram 
predominantemente poéticos; porém, Cruz e Sousa escreveu 
prosa poética em Missal (1893) e Olavo Bilac escreveu alguns 
textos críticos em prosa. Já no Pré-Modernismo, houve prosa e 
poesia, mas com características diferentes. Confiram o esquema 
abaixo para maiores esclarecimentos. 
 
PRÉ-MODERNISMO 
 
 
 
Júlia de Almeida 
Júlia Lopes de Almeida nasceu em 1862 e faleceu em 
1934. F oi uma das principais escritoras de sua geração e uma 
das idealizadoras da Academia Brasileira de Letras. Foi casada 
com o poeta português Filinto de Almeida. Começou sua carreira 
aos 19 anos, na Gazeta de Campinas, em uma época em que a 
participação da mulher na vida intelectual era muito rara. Por 
mais de trinta anos, colaborou com o jornal carioca O País. 
Apoiava o Abolicionismo e a República. Ao longo de sua 
carreira, produziu contos, peças, romances, crônicas e livros 
infanto-juvenis. 
 Seus romances de destaque foram: A viúva Simões 
(1897); Memórias de Marta (1899); A falência (1901); A 
intrusa (1908) e A Silverinha (1915). 
 
PROSA
Mistura de estilos
Nacionalismo e crítica a ele
Representação de desigualdades sociais
Linguagem coloquial e cultura popular
Autores: Lima Barreto, Euclides da Cunha e 
Júlia de Almeida.
POESIA
Presença do cientificismo do fim do século XIX.
Vocabulário técnico: biologia, química etc.
Frialdade orgânica
Pessimismo
Autores: Augusto dos Anjos e 
Euclides da Cunha
 
 
 
31 
Profa. Luana Signorelli 
 
 
 
AULA 05 – PARNASIANISMO, SIMBOLISMO E 
PRÉ-MODERNISMO 
 
TRECHO DE “A FALÊNCIA” 
 “A negrinha tinha-se refugiado a um canto, perto do fogão, e exagerava as dores, torcendo-se 
toda, amparada pela compaixão da Ruth. 
 D. Itelvina avançou os dedos magros, e, agarrando-a por um braço, puxou-a para si; a sobrinha 
então abraçou-se à negrinha, unindo a sua carne alva, quase nua, ao corpo preto e abjecto da 
Sancha. 
 – Bata agora! tia Itelvina, bata agora! gritava ela, em um desafio nervoso, sacudindo a cabeleira 
sobre os ombros estreitos” (ALMEIDA, 2018, p. 125). 
 
 
Comentários 
 A cena mostra uma cena familiar que revela a humanidade da personagem Ruth, uma pré-
adolescente sensível que está hospedada na casa de duas tias muito religiosas. 
 Ruth tem dignidade e impede a tia de bater na serva Sancha interpondo-se na situação. No dia 
seguinte, ao acordar de madrugada e acompanhar a tia Joana à igreja, ela não se conforma com aquela 
violência tampouco com aquela injustiça. Ela tem uma alma mais complicada, contestadora e cisma 
com a tia. Não vê mais sentido naquele falso moralismo, naquela hipocrisia de rezar de madrugada, 
ao passo que é incapaz de se compadecer de um ser humano. 
 
 
 
 
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Profa. Luana Signorelli 
 
 
 
AULA 05 – PARNASIANISMO, SIMBOLISMO E 
PRÉ-MODERNISMO 
Graça Aranha 
José Pereira da Graça Aranha nasceu em São 
Luís do Maranhão, a 21 de junho de 1868. Foi 
nomeado, em 1890, Juiz Municipal em Cachoeiro de 
Santa Leopoldina, no Espírito Santo, onde recolheu 
material para a sua obra de maior interesse, que 
publicaria doze anos depois, Canaã. De acordo com a 
Bíblia, Canaã era a terra prometida por Deus a Abraão 
e descendentes. Por extensão, Canaã, na obra literária, 
poderia ser considerado um lugar paradisíaco na terra. 
Nesse romance ideológico, Graça Aranha expõe 
uma crítica à fase em que o poder político e o social 
brasileiros sofrem influências de ricos cafeicultores no 
Sudeste do Brasil e do fluxo de imigrantes alemães, 
que, então, substituíam a mão de obra escrava dos 
recém-libertados, marginalizados e injustiçados, em 
regiões do Espírito Santo. 
 
 
 
 
 
 
Canaã (1902) 
 
CATEGORIA DEFINIÇÃO 
ESTRUTURA Romance em XII capítulos. 
PERSONAGENS Milkau, Lentz, Maria etc. 
ESPAÇO Espírito Santo, Porto do Cachoeiro. 
ENREDO 
Dois amigos alemães vêm imigrados para o Brasil. Milkau representa a 
visão de mundo idealista, sendo que o Novo Mundo é a terra prometida, 
ao passo que Lentz – radicalmente oposto – acredita que a Alemanha 
um dia invadirá aquela terra emguerra. Embora diferentes, trabalham 
juntos na terra e prosperam. 
CONFLITO 
Maria é filha de imigrantes pobres. Depois que seu protetor morre, seu 
amante a abandona e ela se prostitui, vagando pela cidade, negada 
até na igreja. O único a acolhê-la é Milkau. 
CLÍMAX O filho de Maria é morto por porcos, mas ela é acusada de infanticídio. 
DESFECHO Milkau é o único que continua a visitá-la na prisão. 
 
 
 INFLUÊNCIA DO NATURALISMO 
 
 
 
 
 
 
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Profa. Luana Signorelli 
 
 
 
AULA 05 – PARNASIANISMO, SIMBOLISMO E 
PRÉ-MODERNISMO 
5.0 Movimentos de Transição em Portugal 
 
SIMBOLISMO 
 
 
 Florbela Espanca 
Florbela Espanca (1894-1930), poetisa portuguesa, 
produziu uma poesia caracterizada pelo sofrimento, feminilidade 
e erotismo. Seus livros mais conhecidos são o Livro de Mágoas 
(1919) e o Livro de Sóror Saudade (1923). Ela morreu por uma 
overdose de barbitúricos aos 36 anos. 
 
 
 
 
Florbela Espanca – Eu 
 
Eu sou a que no mundo anda perdida, 
Eu sou a que na vida não tem norte, 
Sou a irmã do Sonho, e desta sorte 
Sou a crucificada... a dolorida... 
 
Sombra de névoa tênue e esvaecida, 
E que o destino amargo, triste e forte, 
Impele brutalmente para a morte! 
Alma de luto sempre incompreendida!... 
 
Sou aquela que passa e ninguém vê... 
Sou a que chamam triste sem o ser... 
Sou a que chora sem saber por quê... 
 
Sou talvez a visão que Alguém sonhou, 
Alguém que veio ao mundo pra me ver, 
E que nunca na vida me encontrou! 
 
Comentários 
  PRIMEIRA ESTROFE. O poema lida com o duplo sentido da palavra “perdição”, que pode significar 
vagar pelo mundo sem direção ou estar moralmente condenada. Com isso, coloca-se também o papel 
da mulher no mundo, questionando-se sobre o real sentido de sua existência. A mulher que não tem 
norte também é a inominada, a não determinada, a vaga, o que nos remete ao plano do Simbolismo. 
O plano onírico se revela presente e igualmente o da irmandade, um tema importante para a poetisa. 
O termo “irmã” também é ambíguo, pois pode se remeter a qualquer outra mulher, no nível da 
 
 
 
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Profa. Luana Signorelli 
 
 
 
AULA 05 – PARNASIANISMO, SIMBOLISMO E 
PRÉ-MODERNISMO 
sororidade, ou pode adquirir sentido religioso e casto, logo, outro juízo de valor atribuído à imagem 
da mulher, esta que é religiosamente sacrificada. 
  SEGUNDA ESTROFE. Em “Sombra de névoa tênue e esvaecida, /E que o destino amargo, triste e 
forte”, há coordenação por adição. O advérbio de modo “brutalmente” indica uma hipérbole 
(exagero). Depreende-se do soneto que esta alma está sempre incompreendida e levará essa 
incompreensão até o túmulo. O apego à morte é ultrarromântico, lembrando que há interface entre 
o Simbolismo e a segunda geração romântica nesse sentido. 
  TERCEIRA ESTROFE. Não só o papel da mulher como também a condição de invisibilidade social 
da mulher são abordados: “Sou aquela que passa e ninguém vê...”. O julgamento social é constante: 
mais comentam sobre a vida dela do que a ajudam. Chamam-na de triste, mas ninguém a ajuda. Daí 
advém o sentimentalismo exacerbado, característica que também lembra o Romantismo. 
  QUARTA ESTROFE. Chama-se atenção para o termo “Alguém”, um pronome indefinido com letra 
maiúscula, ou seja, alçado à condição de substantivo próprio. É como se ela criasse uma nova categoria: 
o pronome indefinido definido. Não é como se ele fosse de todo indeterminado, pois tem um propósito 
no mundo: a preposição “para” + infinitivo transmite ideia semântica de finalidade. Por fim, prevalece 
o apelo constante à morte como única redenção. 
 
Camilo Pessanha 
Camilo Pessanha (1867-1926), poeta português, é o escritor simbolista de maior reconhecimento 
em Portugal. Seu livro mais conhecido, Clepsidra (1920), apresenta traços típicos do movimento, como o 
pessimismo e o antimaterialismo. Morreu em virtude de uma overdose de ópio. 
 
 
 
 
 
 
FONÓGRAFO 
Vai declamando um cômico defunto. 
Uma plateia ri, perdidamente, 
Do bom jarreta... E há um odor no ambiente 
A cripta e a pó, – do anacrônico assunto. 
 
Muda o registo, eis uma barcarola: 
Lírios, lírios, águas do rio, a lua... 
Ante o Seu corpo o sonho meu flutua 
Sobre um paul, – extática corola. 
 
Muda outra vez: gorjeios, estribilhos 
Dum clarim de oiro – o cheiro de junquilhos, 
Vívido e agro! – tocando a alvorada... 
 
 
 
 
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Profa. Luana Signorelli 
 
 
 
AULA 05 – PARNASIANISMO, SIMBOLISMO E 
PRÉ-MODERNISMO 
Cessou. E, amorosa, a alma das cornetas 
Quebrou-se agora orvalhada e velada. 
Primavera. Manhã. Que eflúvio de violetas! 
Camilo Pessanha – Clepsidra. Fonte: Domínio Público. 
Disponível em: https://tinyurl.com/vgdzopv. Acesso em: 12 out. 2020. 
 
Comentários 
 O fonógrafo é um instrumento antigo para se tocar discos. Mudar o registro é literalmente como 
trocar o disco. Então, a relação do título com o poema em si é percebida na mudança do foco temático. 
 O movimento literário do Simbolismo emprega frequentemente a sinestesia, figura de linguagem 
que materializa a união de sentidos, como no verso “Dum clarim de oiro o cheiro de junquilhos”. 
 Por fim, prestem MUITA ATENÇÃO nesta dica: é muito frequente no Simbolismo o uso da 
pontuação das reticências, justamente para indicar ideia vaga, pensamentos interrompidos e 
raciocínios não completos. Assim, a pontuação contribui não só com o sentido do texto como também 
com o que o movimento literário pretende representar. 
 
Eugênio de Castro nasceu em 1869 e faleceu em 1944. Sua produção consta de 2 fases: uma 
simbolista e outra chamada de neoclassicista. Sua poesia no geral é marcada por: rimas e métricas 
inovadoras, uso de figuras de linguagens como aliteração e os temas são paixão, pessimismo e necrofilia. 
Obras principais: Oaristos (1890); Horas (1891); Interlúnio (1894); Salomé e Outros Poemas (1896); 
Saudades do Céu (1899). 
 
 
EPÍGRAFE 
Murmúrio de água na clepsidra gotejante, 
Lentas gotas de som no relógio da torre, 
Fio de areia na ampulheta vigilante, 
Leve sombra azulando a pedra do quadrante, 
Assim se escoa a hora, assim se vive e morre… 
 
Homem que fazes tu? Para quê tanta lida, 
Tão doidas ambições, tanto ódio e tanta ameaça? 
Procuremos somente a Beleza, que a vida 
É um punhado infantil de areia ressequida, 
Um som de água ou de bronze e uma sombra que passa. 
Fonte: https://tinyurl.com/y6kadqk9. Acesso em: 12 out. 2020. 
 
 
Antônio Nobre 
Nasceu em 1867 e faleceu em 1900. Sua obra foi marcada por pessimismo, subjetivismo e 
egocentrismo. Obras principais [post mortem]: Despedidas (1902); Primeiros versos (1921). 
 
 
 
 
 
 
 
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Profa. Luana Signorelli 
 
 
 
AULA 05 – PARNASIANISMO, SIMBOLISMO E 
PRÉ-MODERNISMO 
PARNASIANISMO 
 
Antônio Feijó 
Nasceu em 1859 e faleceu em 1917. Poeta parnasiano, era também diplomata e chegou a 
desempenhar cargos no Brasil. Formou em Direito pela Universidade de Coimbra e dirigiu a Revista 
Científica e Literária. Obras principais: Transfigurações (1862); Líricas e Bucólicas (1884); Ilha dos Amores 
(1897). 
 
Cesário Verde 
 Nasceu em 1855 e faleceu em 1886. Natural de Lisboa, suas tendências eram variavam na 
realidade entre parnasianas, realistas e modernistas. Morreu muito jovem, aos 31 anos de tuberculose. 
Obra principal: Nós (1894). 
 
6.0 Movimentos Artísticos no Geral 
 
Iremos estudar hoje algumas principais vanguardas do fim do século XIX e início do século XX, no 
campo das Artes Visuais, mais especificamente na pintura. 
 
 
 
6.1 Impressionismo 
Rompia com o passado, representavam a ponte entre o realismo e o modernismo. Argan elenca 
as seguintes características principais: a aversão à arte acadêmica; 2) a orientação ainda realista; 3) o total 
desinteresse pelo objeto e a preferência pela paisagem e pela natureza-morta; 4) o trabalho ao ar livre, 
bem como o estudo das sombras coloridas e da relação entre cores complementares. 
 
 
 
 
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Profa. Luana Signorelli 
 
 
 
AULA 05 – PARNASIANISMO,SIMBOLISMO E 
PRÉ-MODERNISMO 
MONET, Claude. Ponte sobre uma lagoa de 
nenúfares (1899). 
Fonte: Metropolitan Museum of Art. 
Disponível em: 
https://tinyurl.com/y5j4ncas. 
Acesso em: 12 out. 2020. 
 
6.2 Art Nouveau 
Fenômeno novo, a principal característica é o gosto pelo estilo. Segundo Argan: “O Art Nouveau 
tem certas características constantes: a temática naturalista (flores e animais); 2) a utilização de motivos 
icônicos e estilísticos, e até tipológicos, derivados da arte japonesa; 3) a morfologia: arabescos lineares e 
cromáticos; preferência pelos ritmos baseados na curva e suas variantes (espiral, voluta etc.), e, na cor, 
pelos tons frios, pálidos, transparentes, assonantes, formados por zonas planas ou eivadas, irisadas, 
esfumadas; 4) a recusa da proporção e do equilíbrio simétrico, e busca de ritmos ‘musicais’, com 
acentuadas desenvolvimentos na altura e na largura e andamentos geralmente ondulados e sinuosos, 5) 
o propósito evidente e constante de comunicar por empatia um sentido de agilidade, elasticidade, leveza, 
juventude e otimismo. A difusão dos traços estilísticos essenciais do Art Nouveau se dá por meio de 
revistas de arte e moda, do comércio e seu aparato publicitário, das exposições mundiais e espetáculos”. 
 
 
MUCHA, Alfons Maria. As séries (1896). Fonte: Fundação Mucha. 
Disponível em: https://tinyurl.com/y3qloy2o. Acesso em: 12 out. 2020. 
 
 
 
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Profa. Luana Signorelli 
 
 
 
AULA 05 – PARNASIANISMO, SIMBOLISMO E 
PRÉ-MODERNISMO 
6.3 Vanguardas 
CUBISMO 
 
 Na pintura, o cubismo usava a decomposição das imagens 
geométricas, volumes e formas diferentes e cores fechadas. Começa 
a partir de 1908 na França, quando alguns artistas irão subverter a 
concepção de pintura, revelando a realidade em decomposições e 
novas facetas. Um marco é Les Demoiselles d’Avignon (1907), de 
Pablo Picasso. Suas imagens estão protegidas por direitos autorais, 
mas segue o pintor na caricatura ao lado. 
 
CONSTRUTIVISMO 
Segundo o dicionário Houaiss: movimento artístico que preconiza a integração entre as técnicas 
artesanais e a produção industrial, o uso de formas geométricas e sua adequação às necessidades do novo 
mundo socialista, após a Revolução Russa de 1917. 
 
 
 
SURREALISMO 
Segundo Christian Demilly: “no início dos anos 1920, na França, um grupo de artistas revoltados 
contra uma sociedade asfixiante decide devolver à arte sua espontaneidade, seu mistério, sua loucura. 
Com eles, a poesia entra na vida cotidiana para chegar a outra forma de realidade, nem real, nem irreal, 
surreal”. 
 
Esta obra é Composição (1921), do russo Piet 
Mondrian. Fonte: Common Wikipedia (disponível em: 
https://tinyurl.com/5ce5r7nt, acesso em 1º abril 
2021). Esse artista é representativo do 
Neoplasticismo, próximo ao Construtivismo, 
movimento que queria romper com o clássico, e tinha 
como principais características a arte geométrica, 
também, mas agora abstrata e bidimensional. 
 
 
 
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Profa. Luana Signorelli 
 
 
 
AULA 05 – PARNASIANISMO, SIMBOLISMO E 
PRÉ-MODERNISMO 
 
DALÍ, Salvador. Os dois balcões (1929). Fonte: Ficheiro da Wikipédia. 
Disponível em: https://tinyurl.com/5fuex26d. Acesso em: 1o abril 2021. 
 
 
DADAÍSMO 
Segundo o dicionário Houaiss, o movimento dadaísta surgiu do conceito de Dadá: movimento 
artístico de cunho niilista, nascido durante a Primeira Guerra Mundial e que durou de 1916 a 1922, que 
utilizava a mistificação, o riso, a incongruência e a provocação para negar todas as formas de arte e 
denunciar o absurdo e o arbitrarismo reinantes no mundo. 
 
 
 
 
 
 
 Disponível na prova do Vestibular da UNESP, 1ª fase, 2011. 
 
 
7.0 Crítica Literária 
 
Pois bem, alunos. O ideal é que a Crítica Literária dialogue com os termos abordados em cada aula. 
Nesse sentido, selecionei dois textos para trabalharmos hoje: 
  Alfredo Bosi – Pré-Modernismo. 
 Massaud Moisés – Graça Aranha. 
 A escolha predominante foi pelo movimento literário do Pré-Modernismo, para podermos 
estabelecer a ponte com a próxima aula. 
 
 
 
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Profa. Luana Signorelli 
 
 
 
AULA 05 – PARNASIANISMO, SIMBOLISMO E 
PRÉ-MODERNISMO 
TEXTO I 
 
PRÉ-MODERNISMO 
 Creio que se pode chamar de pré-modernista (no sentido forte de premonição dos temas vivos 
em 22) tudo o que, nas primeiras décadas do século, problematiza a nossa realidade social e cultural. 
 O grosso da literatura anterior à “Semana” foi, como é sabido, pouco inovador. As obras, 
pontilhadas pela crítica de “neos” – neoparnasianas, – neossimbolistas, neorromânticas – traíam o 
marcar passo da cultura brasileira em pleno século da revolução industrial. Essa literatura já foi vista, 
em suas várias direções, nas páginas dedicadas aos epígonos do Realismo e do Simbolismo. No caso 
dos melhores prosadores regionais, como Simões Lopes e Valdomiro Silveira, poder-se-ia acusar um 
interesse pela terra diferente do revelado pelos naturalista típicos, isto é, mais atento ao registro 
dos costumes e à verdade da fala rural; mas, em última análise, tratava-se de uma experiência 
limitada, incapaz de desvencilhar-se daquele conceito mimético da arte herdado ao Realismo 
naturalista. 
 Caberia ao romance de Lima Barreto e de Graça Aranha, ao largo ensaísmo social de Euclides, 
Alberto Torres, Oliveira Viana e Manuel Bonfim, e à vivência brasileira de Monteiro Lobato o papel 
histórico de mover as águas estagnadas da belle époque, revelando, antes dos modernistas, as 
tensões que sofria a vida nacional. 
 Parece justo deslocar a posição desses escritores: do período realista, em que nasceram e se 
formaram, para o momento anterior ao Modernismo. Este, visto apenas como estouro futurista e 
surrealista, nada lhes deve (nem sequer a Graça Aranha, a crer nos testemunhos dos homens da 
“Semana”); mas, considerado na sua totalidade, enquanto critica ao Brasil arcaico, negação de todo 
academismo e ruptura com a República Velha, desenvolve a problemática daqueles, como o fará, 
ainda mais exemplarmente, a literatura dos anos de 30. 
BOSI, Alfredo. História concisa da literatura. 50. ed. São Paulo: Cultrix, 2015 (p. 327, grifo meu). 
 
 
Alfredo Bosi nasceu em 1936 e ainda está vivo (tem 83 anos de 
idade). Ganhou o Prêmio Jabuti 2 vezes (em 1993 e 2000). Ocupa a 
cadeira 12 da Academia Brasileira de Letras. Foi professor e participou de 
cátedras. 
Uma de suas principais obras: História Concisa da Literatura 
Brasileira. O termo “conciso” permite uma visão geral sobre tudo; a obra 
não tem prefácio, já parte direto ao assunto. Ao início de cada seção, o 
crítico resumo o movimento literário a ser estudado, como é o caso do 
trecho acima. 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Profa. Luana Signorelli 
 
 
 
AULA 05 – PARNASIANISMO, SIMBOLISMO E 
PRÉ-MODERNISMO 
TEXTO II 
 
GRAÇA ARANHA 
 José Pereira de Graça Aranha nasceu em S. Luís do Maranhã, a 21 de junho de 1868. Estudos de 
Direito no Recife. Formado (1886), ingressa na magistratura, indo servir no Estado natal, de onde se 
transfere para o Rio de Janeiro e de lá para o Espírito Santo. Demitindo-se em 1891, passando três 
nãos é nomeado Procurador Seccional da República, de que se exonera pouco depois, para abraçar 
a carreira diplomática, a partir de 1899. Em 1902 publica Canaã (...). Regressa ao Brasil em 1921, 
participa dos acontecimentos em torno da Semana de Arte Moderna (1922) e rompe com a 
Academia Brasileira de Letras (1924). 
 (...) Como um meteoro que cruzasse os ares vertiginosamente, indo perder-se nos abismos do 
firmamento, Graça Aranha, consumiu-se ao inaugurar a belle époque com Canaã: produzida a obra 
máxima do seu engenho, parece ter intuído que nada mais lhe restava senão entregar-se à vida 
diplomática. (...) 
 Sinal de passagem, anúncio de um período fronteiriço, Canaã é a própria corporificação do 
paradoxo. Gravitando ao redor de imigrantes alemães

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