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INTRODU ao O exame físico vem de antes de cristo (200 A..C). O responsável por dar uma base para semiologia foi Hipócrates e ele que mostrou a importância da: ò Inspeção; ò Palpação; ò Auscultação; “Ao exame, deve-se ver, sentir e ouvir tudo que é possível... E aprender, que, o que não entra pelos sentidos, o faz pela inteligência” Para dominar a semiologia é necessário os 3 Ps: ò Paciência; ò Perseverança; ò Prática. O aporte sensorial não é congênito, dessa forma treinar com animais sadios é o ideal para identificar possíveis alterações. Exame clínico O exame clínico é dividido em: ò Identificação do animal; ò Anamnese; ò Exame físico: geral (atitude, comportamento, nutrição, hidratação, parâmetros) e específico (sistemas envolvidos); ò Exames complementares; ò Diagnóstico; ò Prognóstico; ò Tratamento. A base do atendimento clínico consiste na anamnese e no exame físico bem-feito (85% do diagnostico). ò Anamnese: 50%; ò Exame físico: 35%; ò Exames complementares 15%. -Materiais bas cos Os materiais básicos necessários são: ò Material para contenção (corda, cabresto, fármacos); ò Papel e caneta (relatório de atendimento); ò Estetoscópio; ò Termômetro; ò Martelo e plexímetro; ò Luvas; ò Lanterna; ò Frascos para amostras; -identifica ão do animal Na identificação do animal (resenha) temos: ò Espécie: algumas enfermidades são mais comuns em determinadas espécies; ò Raça: raças mais puras são mais predispostas a desenvolverem doenças, enquanto os SRD possuem uma maior rusticidade; ò Sexo: existem enfermidades que acometem somente indivíduos de um mesmo sexo; ò Idade: diversas doenças acometem com maior frequência determinadas faixas etárias; ò Pelagem: animais de pelagem clara são mais susceptíveis a doenças; ò Peso: importante para o cálculo de medicamentos e para avaliar se o animal está acima ou abaixo do peso; ò Origem: algumas enfermidades são mais comuns em algumas regiões; ò Informações do proprietário. -Anamnese A anamnese é o principal recurso para obter informação para guiar o exame físico. Quando ela é bem feita, auxilia na identificação do sistema comprometido. Muitas vezes o informante pode ser falho. Desta forma, o tipo de informante influencia na anamnese, pois as vezes não é ele que passa a maior parte do tempo com o animal. Muitas vezes o proprietário mente ou omite informações; O que deve ser feito e o que não deve ser feito durante a anamnese: ò Não é um processo passivo: devemos tentar obter o máximo de informações possíveis; ò Não colocar o entrevistador em situação delicada; ò Não usar terminologia médica; ò Pergunte Quando? Como? Onde?; ò Obtenha os verdadeiros fatos. -Fonte e confiabilidade Anotar na ficha de exame o entrevistado (proprietário, tratador, filho, vizinho, etc). A confiabilidade da entrevista deve ser checada confortando as informações obtidas com as fornecidas pelo verdadeiro proprietário. -queixa principal Qual a manifestação imediata apresentada pelo animal (o que levou o proprietário a procurar o atendimento). A queixa principal não representa o distúrbio principal e pode ou não ter relação com o quadro atual do animal. Pode-se repetir expressões utilizadas pelo entrevistador. -Histórico da doença atual São alterações recentes na saúde do animal que levaram a procurar o veterinário. É importante seguir uma cronologia, deve-se sempre responder: ò O que? ò Quando? ò Como? ò Gradativo ou súbito? ò Sazonal? ò Mudou a alimentação? ò Foi medicado? (Qual medicamento? Resultado do medicamento?). -Comportamento dos órgãos A sequência recomendada é: ò 1. Sistema digestório; ò 2. Sistema cardiorrespiratório; ò 3. Sistema geniturinário; ò 4. Sistema nervoso; ò 5. Sistema locomotor; ò 6. Pele e anexos. -Hist ria m dica progressa Constitui a avaliação geral da saúde do animal, antes da ocorrência ou da manifestação da doença atual: ò Estado geral de saúde; ò Doenças prévias; ò Cirurgias anteriores; ò Imunizações; ò Vermifugações. -Hist ria ambiental e de manejo Tipo de solo e vegetação, topografia do local. Onde o animal passa a maior parte do dia, condições de higiene do local, produtos utilizados na limpeza, onde o animal come, disponibilidade de cochos, origem e disponibilidade da água. -Anamnese familiar ou rebanho Fornece informações sobre a saúde de todos os animais pertencentes àquela família ou rebanho, vivos ou mortos. Deve-se perguntar: ò Sobre a saúde atual dos animas; ò Se tem outro animal doente; ò Se algum animal morreu e a causa; ò Aspectos genéticos e hereditários; ò Histórico de doença dos familiares; ò Cruzamento entre familiares; ò Se entrou algum animal novo no rebanho; ò Se houve mudança na alimentação. -Exame f sico geral Para a realização do exame físico geral e específico, requer treinamento. -inspe ão Tem início antes da anamnese e deve-se realiza-lo em local iluminado. Investiga-se: ò Superfície corporal; ò Partes acessíveis das cavidades em contato com o exterior; O ideal é observar os animais com seus pares. Inicialmente observa-se a distância, pois anormalidades de postura e de comportamento são facilmente perceptíveis. Sempre fazer o comparativo do animal doente com os sadios. Não deve-se realizar a contenção antes de terminar a inspeção, pois a manipulação pode alterar o comportamento e mascarar alguma alteração. Os principais dados obtidos são: ò Nível de consciência (reação a estímulos): ausente (coma), normal (alerta), diminuído (apático), aumentado (excitado); ò Postura e locomoção: normal ou anormal. Observar o animal em repouso e, em seguida, em movimento; ò Escore de condição corporal: gado de leite 1-5, gado de corte e equino 1-9; ò Estado dos pelos e pele: pelos limpos, brilhantes ou eriçados, presença de ectoparasitas; ò Silhueta abdominal: normal, anormal (timpanismo, ascite, etc). -palpa ão Utiliza-se o tato ou a força muscular (mão, pontas dos dedos, punho) ou instrumentos (indireta), para determinar características de uma área explorada. Fornece informações sobre estruturas superficiais ou profundas. Permite notar: ò Modificações de textura; ò Espessura; ò Consistência: > Mole (adiposo); > Firme (fígado, músculos); > Dura (ossos); > Pastosa (edema); > Flutuante (acúmulo de líquido); > Crepitante (gás no tecido – enfisema). ò Sensibilidade; ò Temperatura; ò Volume; ò Dureza; ò Presença de frêmitos; ò Flutuação; ò Elasticidade; ò Edema; ò Outras alterações. -avalia ão geral da pele A pele é o espelho da saúde. Auxilia a determinar o estado de hidratação do animal através do tugor cutâneo. -exame de mucosas Indicam o estado de saúde atual do animal. O normal das mucosas é serem róseas, brilhante e úmidas. Nos bovinos podemos avaliar o muflo também, que normalmente está cheio de gotículas. Principais mucosas avaliadas: ò Óculo-palpebral; ò Bucal; ò Vulvar; ò Prepucial; ò Nasal (equinos); ò Anal (raramente). Colorações anormais: ò Pálida (esbranquiçada); ò Congesta/hiperêmica (avermelhada); ò Cianótica (azulada); ò Ictérica (amarelada). O método famacha mostra que de acordo com a coloração da mucosa, sabemos se há uma infecção alta ou baixa de parasitas. Principal parasita gastrointestinal de pequenos ruminantes é o Haemochus contortus (espoliador de sangue - abomaso). -linfonodos A avaliação dos linfonodos permite identificar processos patológicos nas áreas ou regiões drenadas por determinados linfonodos. A dilatação ou hipertrofia de linfonodos pode comprometer a função de órgãos vizinhos, agravando o quadro geral do animal. Exemplo: mais utilizadas ò Aumento do linfonodo retrofaríngeo: pode causar dispneia por compressão faríngea. ò Aumento de linfonodos mediastínicos: disfagia e timpanismo porcompressão de nervo vago. As características examinadas dos linfonodos são: ò Tamanho; ò Sensibilidade; ò Consistência; ò Mobilidade; ò Temperatura. Devemos sempre realizar a avaliação bilateral, pois o acometimento pode ser unilateral, bilateral ou generalizado. Os principais linfonodos avaliados são: ò Submandibular; ò Retrofaríngeo; ò Parotídeo (bovinos - quando aumentado); ò Pré-escapular (cervical superficial); ò Pré-cural (subiliaco); 1) Parotídeo; 2) Submandibular; 3) Retrofaríngeo; 4) Pré-escapular; 5) Pré-cural; 6) Supramamário (bovinos - quando aumentado). -frequ ncia card aca Os valores normais da frequência cardíaca dos grandes animais são: ò Equinos: 28 a 40 b.pm; ò Bovinos: 60 a 80 b.p.m; ò Caprinos: 95 a 120 b.p.m; ò Ovinos: 90 a 115 b.p.m; Ovinos e caprinos podemos considerar de 90 a 120 b.p.m. -frequ ncia respirat ria Os valores normais da frequência respiratória dos grandes animais são: ò Equinos: 8 a 16 m.p.m; ò Bovinos: 10 a 30 m.p.m; ò Ovinos e Caprinos: 20 a 30 m.p.m. Deve-se tomar cuidado com alterações por estresse, calor e exercícios. -movimentos ruminais O normal é ter de 7 a 12 movimentos em 5 minutos (2 a 3 movimentos em 2 minutos). -motilidade intestinal Lado esquerdo superior: ò Intestino delgado; ò Colon menor; Lado esquerdo inferior: ò Colon maior esquerdo: colon ventral esquerdo, colon dorsal esquerdo e flexura pélvica. Lado direito superior: ò Ceco: válvula íleo cecal e ceco cólica; Lado direito inferior: ò Colon maior direito: colon ventral direito e colon dorsal direito. ò Hipomotilidade (+); ò Normomotilidade (++); ò Hipermotilidade (+++); ò Atonia (-). ò x/3’: quantas descargas ileocecais foram auscultadas em 3 minutos. O normal é 1 descarga por minuto. -temperatura A aferição da temperatura é feita com termômetro digital. Principais causas de erros: ò Defecação e enema recente; ò Introdução superficial; ò Penetração de ar (cauda erguida); ò Processo patológicos locais. Os valores normais de temperatura dos grandes animais são: ò Equinos: > Jovens: 37,2 a 38,9 oC; > Adultos: 37,5 a 38,5 oC. ò Bovinos: > Jovens: 38,5 a 39,5 oC; > Adultos: 37,8 a 39,2 oC. ò Caprinos: > Jovens: 38,8 a 40,2 oC; > Adultos: 38,6 a 40 oC. ò Ovinos: > Jovens: 39 a 40 oC; > Adultos: 38,5 a 40 oC. -olfa ão Exame das transpirações cutâneas, do ar expirado, hálito e das excreções. Pode auxiliar no diagnóstico de: ò Vacas com acetonemia: eliminam odor semelhante à acetona; ò Pacientes com uremia: hálito com odor urêmico; ò Halitoses de diferentes causas: cáries, corpo estranho, infecção de vias respiratórias, afecção do sistema digestório. ò Odor das fezes em bezerros com diarreia infecciosa. -exames complementares Devemos saber quais exames pedir e o porquê. Exemplo: equinos com problemas hepáticos, pedir: AST, GGT, FA, bilirrubina. Não se deve depender exclusivamente dos exames complementares. -erros no diagnóstico Principais causas de erros no diagnostico: ò Anamnese incompleta; ò Exame superficial; ò Avaliação premeditada; ò Domínio insuficiente; ò Impulso precipitado.