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E-book - M1

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MÓDULO 1 - NA EDUCAÇÃO INFANTIL SE APRENDE A ESCREVER?
Prof.ª Larissa Schemberg Ferraz Leite
ESCRITA NA EDUCAÇÃO INFANTIL
EDUCAÇÃO
Ficha Técnica
© Aprende Brasil Educação, 2023
Presidência
Lucas Raduy Guimarães
Direção-Geral
Fabio de Oliveira
Gerente Pedagógico
Carlos Henrique Wiens
Autoria
Larissa Schemberg Ferraz Leite
Assessores Responsáveis
Iara Aparecida Pereira Penkal
Projeto Gráfico
AnaCarol Design Gráfico
Mateus Gomes Oliveira
Design Instrucional
Iara Aparecida Pereira Penkal
Diagramação
AnaCarol Design Gráfico
Revisão
Simony Forchezatto Silva
Produção
Formação Digital
Gráfica e Editora Posigraf LTDA.
Rua Senador Accioly Filho, 43 - Curitiba/PR, 81310-000
Tel.: (41) 3312-3500
www.sistemaaprendebrasil.com.br
Contato
formacaodigital@aprendebrasil.com.br
Central de Atendimento: (41) 99193-7458
Todos os direitos reservados à Aprende Brasil Educação
Sumário
Apresentação ........................................................................................4
1. A criança e a compreensão da função social da escrita ...........5
2. Escritores não convencionais ........................................................7
2.1 Contextos que inspiram a escrever ................................................. 8
Conclusão ............................................................................................ 10
Referências Bibliográficas .................................................................11
Apresentação
Olá, professor. Seja bem-vindo ao módulo “Na Educação Infantil se 
aprende a escrever?”.
Neste módulo, iremos abordar três importantes temáticas relacio-
nadas ao assunto em questão. São elas:
1. A criança e a compreensão social da escrita: enfatiza a escrita 
enquanto forma de linguagem e comunicação, propondo usos sig-
nificativos de escrita nas turmas de Educação Infantil. 
2. Escritores não convencionais: apresenta a reflexão sobre a evo-
lução do pensamento da criança, desde a descoberta de marcas 
gráficas, como as garatujas, até as primeiras hipóteses que realizam 
sobre a escrita. 
3. Contextos que inspiram o ato de escrever: propõe olhar para o 
brincar da criança como forma de linguagem e expressão, além de 
convidar o professor a refletir sobre a inserção de situações que 
estimulam as crianças a pensarem sobre o letramento, à medida que 
encontram materiais, e a refletir sobre a organização de espaços 
que convidam o aluno a entrar em contato com situações de escrita.
Vamos iniciar nossa jornada de estudos sobre essas temáticas? Boa 
leitura e reflexões para você!
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1. A criança e a compreensão da função social da escrita
A escrita é um dos instrumentos impor-
tantes da comunicação em sociedade. Muito se 
lê e se escreve na vida cotidiana. Sendo assim, 
a escrita se apresenta como necessária para a 
efetiva participação das pessoas no meio social. 
Podemos considerar que cada criança, ao 
ingressar em uma instituição de Educação Infantil, 
já está, de alguma forma, inserida em situações 
comunicativas, sejam elas orais ou escritas. Ge-
ralmente, desde cedo, as crianças observam o 
adulto escrevendo ou o portador de texto que 
pode ser um celular, um livro de receitas, uma 
carta, uma conta de água ou de luz, a carteirinha 
do sistema de saúde etc. 
As crianças pequenas participam de situações em que a escrita está presente a partir de 
mediações produtivas dos adultos letrados entre elas e a cultura escrita, nas interações 
cotidianas – sem nenhum esforço pedagógico, no caso das interações familiares, por 
exemplo. No caso da escola, no entanto, essa mediação como ação pedagógica, é siste-
mática intencional e planejada. (ARAUJO, 2017, p. 351).
Sendo assim, propor situações de escrita ao longo da Educação Infantil não é algo precoce, 
desde que se respeite o interesse das crianças e ajude no levantamento de hipóteses sobre a 
escrita e a reflexão sobre ela. 
O cuidado que devemos ter, enquanto pro-
fessores, consiste em não artificializarmos situa-
ções ou nos preocupar com o mero treino motor 
de letras e cópias sem sentido para as crianças. 
Isto porque escrever envolve muito mais do que 
saber letras e codificar a fala em letras. Escrever 
pressupõe um exercício comunicativo que visa a 
interlocução de ideias com aquele que lê. Além 
disso, tem a ver com aquilo que se quer comuni-
car ou falar; com a produção de uma ideia que, 
antes de aparecer no papel, era um texto mental 
ou até mesmo oral. 
Considerando a necessidade de comu-
nicação e aquilo que é próprio das crianças na Educação Infantil, um objetivo importante a se 
considerar no planejamento das práticas pedagógicas é a criação de condições para que cada 
criança pense sobre a escrita, fale sobre isso e perceba outras crianças e adultos compartilhando 
saberes sobre tal linguagem.
Contudo, também é necessário que o processo de aprendizagem para a compreensão 
do sistema de escrita, que é bastante complexo, demande múltiplas práticas e experiências com 
a linguagem escrita, em vários momentos da vida escolar das crianças. Embora, as turmas de 
Escrita necessária para a participação no meio social.
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Comunicar e falar
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Educação Infantil proponham contato e reflexões sobre a linguagem escrita, 
é nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental que a alfabetização geralmente 
acontece. Sobre isso, a BNCC afirma que “Embora, desde que nasce e na 
Educação Infantil, a criança esteja cercada e participe de diferentes práticas 
letradas, é nos Anos Iniciais {1º e 2º Anos} do Ensino Fundamental que se 
espera que ela se alfabetize”. (BRASIL, 2018, p. 89).
Então, o que cabe para os professores de Educação Infantil no que 
se refere ao incentivo e à aprendizagem da língua escrita? 
Cabe apresentar às crianças um grande repertório de portadores de 
textos, incluindo os textos de diferentes gêneros, e instigar tanto práticas de 
leitura quanto práticas de escrita, que permitem o despertar do seu interes-
se, bem como a observação, exploração e reflexão de ações que envolvem 
situações de escrita. Um exemplo seria a utilização de filipetas com o nome 
e a escrita do nome das crianças, em brincadeiras e cantigas que podem ser 
realizadas diariamente, oportunizando aos alunos que tentem localizar o seu 
próprio nome e o nome dos demais colegas, a depender da faixa etária. Outro 
exemplo, consiste em disponibilizar canetas, lápis e outros materiais para que 
as crianças aprendam a produzir suas próprias marcas. Possivelmente, em 
algum momento, aparecerão desenhos, símbolos e letras. Desse modo, ler e 
escrever com e para as crianças pode ser outra prática que leva a perceber 
o uso real e imaginativo dessa linguagem.
Em conformidade com tais ideias, a escrita 
deve ser apresentada em situações cotidianas da 
vida das crianças na instituição de Educação Infantil. 
Precisamos, enquanto professores, viabilizar a re-
flexão sobre a escrita em situações que estimulam 
as crianças a entrarem contato com esta linguagem 
e suas expressões.
Hoje, já se reconhece que, assim 
como tudo que está em nosso entor-
no, as crianças notam a presença da 
escrita e se interessam por desven-
dá-la. Cabe aos professores cuidar 
para que o contato com a escrita seja 
prazeroso, desafiador, encantador, 
mantendo aceso o desejo da criança 
por aprender a escrever. (OLIVEIRA, 
2014, p. 204).
Podemos, ainda, destacar dois usos significativos da escrita com crianças. O primeiro se 
refere ao uso real da escrita, que é quando o aluno observa o professor escrevendo na agenda, 
para os familiares, ou fazendo um bilhete para outro professor, por exemplo. Desse modo, a criança 
irá perceber situações em que não se escreve por escrever, mas com um objetivo útil no dia a dia. 
Para que a criança perceba e se interesse pelo uso da escrita, o professor precisa falar 
sobre o que estiver escrevendo, e, por exemplo, realizar ações como fixar elementos escritos nos 
murais disponíveis na sala.
SAIBA MAIS
Que tal ampliar os 
seus saberes sobre 
os aspectos de 
aprendizagemda 
escrita na primeira 
infância? Para isso, leia 
o artigo “Ler, escrever 
e brincar na Educação 
Infantil: uma dicotomia 
mal colocada?”, 
publicado pela Revista 
Contemporânea de 
Educação. A autora 
propõe uma excelente 
discussão sobre o 
direito das crianças 
de participarem de 
situações de escrita 
e leitura, ao mesmo 
tempo que traz a 
reflexão do quanto 
essas práticas podem 
respeitar a infância 
e evitar situações 
mecanizadas ou 
totalmente direcionadas 
pelo professor.
Leitura para crianças
ABC
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https://revistas.ufrj.br/index.php/rce/article/view/3578/pdf
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Já o segundo uso, refere-se à escrita atrelada a situações imaginativas. A turma pode, por 
exemplo, ser muito interessada em histórias que apresentam o personagem “lobo”. Assim, uma 
estratégia interessante seria os alunos receberem uma carta do lobo mau e precisarem respon-
dê-lo, realizando escritas da maneira como souberem ou então ditando ao professor o desejam 
falar ao lobo. 
O uso da escrita tanto em situações reais quanto imaginárias oferece às crianças a possi-
bilidade de atribuírem valor não somente ao código de escrita, mas, também, ao seu significado 
e uso. Nesse sentido, estamos favorecendo o desenvolvimento da habilidade do uso da escrita 
enquanto código, e da ampliação de experiências que valorizem a diversidade de oportunidades 
de conhecer e escrever diferentes gêneros textuais, de acordo com as intenções de comunicação.
2. Escritores não convencionais
Uma aprendizagem importante da qual as crianças da Educação Infantil participam, em 
relação à escrita, refere-se aos materiais (riscantes) que produzem marcas no papel, podendo 
representar objetos, pessoas e ideias. Primeiramente, isso é realizado por meio das garatujas, 
seguindo até que o desenho se torne figurado, ou seja, passível de compreensão do sentido por 
parte daquele que o visualizar. E assim também acontece com a escrita, sendo que, entre os três 
ou quatro anos, as crianças já são capazes de perceber a diferença entre a escrita e o desenho. 
Essa é uma conquista significativa no sentido de perceberem que símbolos podem representar 
falas, ideias e objetos, que outrora podiam ser representados apenas pela fala ou pelo desenho. 
Sobre isso, Curto (2000, p. 28) ressalta: “As primeiras tentativas ao escrever produzem alguns 
signos que já não são desenhos..., mas tampouco letras convencionais. São grafias que tentam 
se parecer com as letras, com maior ou menor sucesso”.
De acordo com Ferreiro e Teberosky (1999, p. 69–70), se obser-
varmos as crianças e os primeiros registros gráficos que elas realizam, 
podemos verificar traços espontâneos em que desenho e escrita se 
confundem. Estes, ao longo do desenvolvimento da criança, passam 
a se diferenciar, pois alguns vão adquirindo formas mais figurativas e 
outros irão em direção à imitação de caracteres que se referem à es-
crita. Nesse momento, as crianças tendem a usar tanto garatujas que 
se parecem com letras (rabiscos) como as letras convencionais; em 
especial, aquelas letras que fazem parte de palavras constantemente 
observadas pela criança, como o nome próprio, por exemplo.
Assim, podemos considerar que, quando uma criança tem acesso 
a materiais escritos em seu cotidiano, ela os observa e os utiliza de 
maneira informal ou formal, tendo melhores condições para elaborar 
a diferenciação mencionada e começar a pensar a escrita enquanto 
código social para a comunicação. Também é interessante que livros, 
revistas, agendas, entre outros materiais, sejam disponibilizados para 
os alunos, desde bebês. Além disso, observar adultos utilizando listas, 
escrevendo bilhetes, fazendo leituras, por exemplo, também chama a 
atenção da criança para essa linguagem. 
A partir disso, surgirão outras ideias e hipóteses sobre a escrita 
e as crianças passarão a observá-la, experimentá-la e tentar compreendê-la, buscando respostas 
de questões como:
Tentativa de escrita.
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• Quais letras utilizo?
• Em que quantidade?
• As letras se repetem?
• Poucas letras podem formar uma palavra que nomeia um objeto? 
• Será que objetos pequenos são representados por poucas letras?
• Objetos grandes são representados por muitas letras?
Todas essas questões fazem parte da investigação que a criança faz em relação ao objeto 
escrita. Mas, esta é uma compreensão simbólica, visto que a criança precisa compreender que 
um conjunto de letras organizado de determinada maneira irá representar uma palavra e não 
exatamente um objeto ou uma situação. Trata-se, portanto, de aprender a compreender e a se 
comunicar a partir do significante e não do significado. 
Com isso, gradativamente, a criança irá 
fazer experimentações, refletindo e criando hi-
póteses sobre o funcionamento da escrita, o 
que será aprimorado a partir do contexto e das 
possibilidades de reflexão, tentativas e erros, em 
busca de se apropriar da escrita convencional.
2.1 Contextos que inspiram a escrever
A criança compreende o mundo brincan-
do e interagindo com outras crianças, adultos e 
diferentes materialidades. Por isso, estar atento 
aos aspectos que envolvem ludicidade e brinca-
deira se faz necessário também nas situações em 
que se deseja aproximar as crianças da cultura 
escrita.
Pensar o lúdico está relacionado ao ato de considerar o processo de aprendizagem e a 
compressão do sistema de escrita, buscando sentidos, formas de imitar a escrita observada, bem 
como situações que façam sentindo para escrever e manusear materiais escritos. Desse modo, não 
basta ofertar apenas brinquedos ou elementos coloridos, como letras coloridas, por exemplo; mas 
é necessário mais do que isso, ou seja, é preciso considerar percursos, criatividade, tentativas de 
escrita e situações de brincadeiras prazerosas, atrativas e potentes para a reflexão e curiosidade 
sobre a escrita.
Sendo assim, compreendemos que, quando a criança pode se utilizar 
da escrita e da leitura em atividades brincantes, ela tem a possibilidade de 
pensar sobre a escrita e tentar escrever. Além disso, nas brincadeiras, o ato 
de escrever apresenta uma função para a escrita, pois não se trata apenas 
do “escrever por escrever”. Outro aspecto importante é que, durante as brin-
cadeiras, principalmente as que envolvem o faz de conta, as crianças têm o 
direito de se deparar com contextos em que a escrita apareça como repertório 
de leitura e como ambiente de criação de hipóteses sobre a escrita.
A professora e o professor necessitam articular condições de 
organização dos espaços, tempos, materiais e das interações nas 
VÍDEO
Acesse o episódio 
disponível no link a 
seguir, referente ao 
podcast “Ludicidade 
e aquisição da língua 
escrita na Educação”, 
no qual professoras 
universitárias refletem 
sobre as crianças intera-
girem com a escrita, de 
maneira lúdica, criativa 
e reflexiva.
Observando as letras.
© Freepik.com
https://www.youtube.com/watch?v=TJ5leKu4jIg&t=638s
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atividades para que as crianças possam expressar sua imaginação nos gestos, no corpo, 
na oralidade e/ou na língua de sinais, no faz de conta, no desenho e em suas primeiras 
tentativas de escrita. (BRASIL, 2009, p. 93).
A prática da escrita na Educação Infantil também pode ser caracterizada como uma brinca-
deira. Dessa forma, ao oferecermos cantos de atividades diversificadas ou espaços que convidam 
a criança a brincar, podemos considerar a inserção de portadores de instrumentos do código de 
escrita, incluindo letras, números, palavras e textos. Também podemos destacar os mais diversos 
materiais impressos, como livros, revistas, convites, contas de luz, encartes de supermercado, 
canetas, lápis, teclados de computador, entre outros.
Você deve estar se perguntando: mas, 
qual é o sentido disso? O sentido é fazer parte da 
brincadeira. Isso, porque não basta disponibilizar 
apenas portadores de textos para as crianças da 
Educação Infantil, mas também é preciso viabilizar 
situações reais ou imaginárias em que experiên-
cias possam ser vivenciadas de maneiraque as 
crianças encontrem possibilidades interessantes 
para escrever e refletir sobre o código e a função 
de escrita. Vejamos alguns exemplos:
• Brincadeira de salão de beleza: ao disponibilizar 
revistas, blocos de anotação e um telefone de brin-
quedo ou em desuso, para as crianças, elas podem 
ser incentivadas a se desenvolver a partir de uma brincadeira simbólica, vivenciando a 
situação de diferentes frequentadores do espaço em questão, na vida real. Podemos ter a 
recepcionista/telefonista que atende as ligações, realiza os agendamentos e encaminha o 
“cliente” para o “profissional” que irá tende-lo. Para isso, é preciso também uma agenda ou 
tabela para anotar os nomes das pessoas. Assim, revistas de cosméticos que geralmente 
circulam nos ambientes de venda desses produtos podem ser utilizadas como portadores 
de textos para a leitura, durante a brincadeira, e, com essas mesmas revistas, também é 
possível fazer a marcação do nome próprio ao lado de produtos que gostariam de comprar, 
na brincadeira. Tais ações imitam o contexto real de quem frequenta salões de beleza, e, 
possivelmente muitas das crianças de sua turma já viram situações como essa e, mesmo 
para aquelas que não viram, brincar de salão de beleza pode ser significativo e ampliar a 
percepção delas para o jogo simbólico (o faz de conta), e a reflexão sobre possibilidades 
de escrita, ainda que não de maneira convencional, como realizam as pessoas já alfabe-
tizadas. Por isso, disponibilizar alguns materiais ou possibilidades exemplificadas é uma 
excelente intervenção que traz a articulação de diferentes campos de experiências, pro-
porcionando a experimentação da escrita dentro de um contexto imaginário, mas muito 
próximo do uso real de situações vivenciadas. Além da oferta de materiais, sugere-se que 
conversas antes e depois de tais brincadeiras sejam realizadas com as crianças, a fim 
de perceber suas interpretações, sugerir o uso dos materiais de escrita disponibilizados, 
entre outras possibilidades que você, professor, considerar pertinente para a ampliação 
de saberes e experiências das crianças.
Criança imitando situações reais
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• Brincadeira de supermercado: esta 
brincadeira simbólica também pode 
ser potente para o uso da linguagem 
escrita. A partir dela as crianças po-
dem ser incentivadas a participarem 
desde o momento da organização 
da brincadeira, começando pela ela-
boração de uma lista de itens ne-
cessários para a brincadeira, como 
embalagens de alimentos diversos. 
A professora pode escrever os itens 
lembrados pelas crianças, na frente 
delas, e essa lista poderá compor um 
bilhete que será enviado à família do 
aluno. Depois de arrecadarem os itens, as crianças podem dividi-los e classificá-los, assim 
como é feito no mercado. Nesse momento, podem também criar plaquinhas que indiquem 
que tipo de produto poderá ser encontrado em cada sessão. É possível ter várias sessões, 
uma em cada mesa ou tatame, por exemplo, e, dentre elas, sugerimos: massas, grãos, 
bebidas, doces e materiais de higiene. Em seguida, as crianças poderão se organizar e 
definir quem será o cliente, o caixa, o empacotador ou o repositor, por exemplo. Vale uma 
conversa, antes da brincadeira, para fazer combinados. Entretanto, durante a brincadeira, 
podem surgir novas ideias por parte das crianças e suas espontaneidades, alterações e 
mudanças de papéis devem ser respeitadas.
Ambos os contextos citados, proporcionam às crianças a possibilidade de brincarem com 
a funcionalidade da escrita no mundo social, trazendo situações imaginárias que representam 
situações usuais das crianças, o que contribui para a estimulação da curiosidade e aproxima cada 
vez mais as crianças da necessidade da escrita como forma de comunicação.
Conclusão
Ao longo deste e-book, percebemos o quanto as crianças necessitam e desejam estar em 
contato com a linguagem escrita. Elas realizam hipóteses sobre o funcionamento, observam os 
usos sociais da escrita e são capazes de vivenciar situações cotidianas e de brincadeiras, em que 
o uso da escrita se faz necessário.
Uma vez que consideramos as crianças da Educação Infantil potentes e investigativas, 
verificamos que é preciso que os professores organizem situações em que a escrita possa ser 
refletida e utilizada, por exemplo, nas brincadeiras ou em situações reais em que a escrita é ne-
cessária como forma de comunicação e memória, no cotidiano.
Brincando de supermercado
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Referências Bibliográficas
ARAUJO, L. C. Ler, escrever e brincar na Educação Infantil: uma dicotomia mal 
colocada. Revista Contemporânea, v. 12, n. 24, maio/ago. 2017. Disponível em: 
https://revistas.ufrj.br/index.php/rce/article/view/3578/pdf. Acesso em: 16 mar. 2023. 
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Base Nacional 
Comum Curricular. Brasília, DF: MEC: SEB, 2018.
BRASIL. Ministério da Educação. Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação 
Básica. Brasília, DF: MEC, 2009.
CURTO, L. M. Escrever e ler: como as crianças aprendem e como o professor pode 
ensiná-las a escrever e a ler. Artmed: Porto Alegre, 2000.
FERREIRO, E.; TEBEROSKY, A. Psicogênese da língua escrita. Porto Alegre: Artes 
Médicas Sul, 1999.
OLIVEIRA, Z. O trabalho do professor na Educação Infantil. 2. ed. São Paulo: 
Biruta, 2014.
https://revistas.ufrj.br/index.php/rce/article/view/3578/pdf
	Apresentação
	1.A criança e a compreensão da função social da escrita
	2. Escritores não convencionais
	2.1 Contextos que inspiram a escrever
	Conclusão
	Referências Bibliográficas
	acesse aqui 42: 
	acesse aqui 37:

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