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1 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 PESQUISA E PRÁTICA PEDAGÓGICA V (PEDAGOGIA) SUMÁRIO PESQUISA E PRÁTICA PEDAGÓGICA V (PEDAGOGIA) 2 PESQUISA E PRÁTICA PEDAGÓGICA V (PEDAGOGIA) FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO A Faculdade Multivix está presente de norte a sul do Estado do Espírito Santo, com unidades em Cachoeiro de Itapemirim, Cariacica, Castelo, Nova Venécia, São Mateus, Serra, Vila Velha e Vitória. Desde 1999 atua no mercado capixaba, des- tacando-se pela oferta de cursos de gradua- ção, técnico, pós-graduação e extensão, com qualidade nas quatro áreas do conhecimen- to: Agrárias, Exatas, Humanas e Saúde, sem- pre primando pela qualidade de seu ensino e pela formação de profissionais com cons- ciência cidadã para o mercado de trabalho. Atualmente, a Multivix está entre o seleto grupo de Instituições de Ensino Superior que possuem conceito de excelência junto ao Ministério da Educação (MEC). Das 2109 institui- ções avaliadas no Brasil, apenas 15% conquistaram notas 4 e 5, que são consideradas conceitos de excelência em ensino. Estes resultados acadêmicos colocam todas as unidades da Multivix entre as melhores do Estado do Espírito Santo e entre as 50 melhores do país. MISSÃO Formar profissionais com consciência cida- dã para o mercado de trabalho, com ele- vado padrão de qualidade, sempre mantendo a credibilidade, segurança e modernidade, visando à satisfação dos clientes e colaboradores. VISÃO Ser uma Instituição de Ensino Superior reconheci- da nacionalmente como referência em qualidade educacional. GRUPO MULTIVIX 3 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 PESQUISA E PRÁTICA PEDAGÓGICA V (PEDAGOGIA) SUMÁRIO BIBLIOTECA MULTIVIX (Dados de publicação na fonte) As imagens e ilustrações utilizadas nesta apostila foram obtidas no site: http://br.freepik.com Catão; Virna Mac-Cord. Pesquisa e Prática Pedagógica V (Pedagogia) / Virna Mac-Cord Catão. - Serra: Multivix, 2019. FACULDADE CAPIXABA DA SERRA • MULTIVIX EDITORIAL Catalogação: Biblioteca Central Anisio Teixeira – Multivix Serra 2019 • Proibida a reprodução total ou parcial. Os infratores serão processados na forma da lei. Diretor Executivo Tadeu Antônio de Oliveira Penina Diretora Acadêmica Eliene Maria Gava Ferrão Penina Diretor Administrativo Financeiro Fernando Bom Costalonga Diretor Geral Helber Barcellos da Costa Diretor da Educação a Distância Flávio Janones Coordenadora Acadêmica da EaD Carina Sabadim Veloso Conselho Editorial Eliene Maria Gava Ferrão Penina (presidente do Conselho Editorial) Kessya Penitente Fabiano Costalonga Carina Sabadim Veloso Patrícia de Oliveira Penina Roberta Caldas Simões Revisão de Língua Portuguesa Leandro Siqueira Lima Revisão Técnica Alexandra Oliveira Alessandro Ventorin Graziela Vieira Carneiro Design Editorial e Controle de Produção de Conteúdo Carina Sabadim Veloso Maico Pagani Roncatto Ednilson José Roncatto Aline Ximenes Fragoso Genivaldo Félix Soares Multivix Educação a Distância Gestão Acadêmica - Coord. Didático Pedagógico Gestão Acadêmica - Coord. Didático Semipresencial Gestão de Materiais Pedagógicos e Metodologia Direção EaD Coordenação Acadêmica EaD 4 PESQUISA E PRÁTICA PEDAGÓGICA V (PEDAGOGIA) FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO Aluno (a) Multivix, Estamos muito felizes por você agora fazer parte do maior grupo educacional de Ensino Superior do Espírito Santo e principalmente por ter escolhido a Multivix para fazer parte da sua trajetória profissional. A Faculdade Multivix possui unidades em Cachoei- ro de Itapemirim, Cariacica, Castelo, Nova Venécia, São Mateus, Serra, Vila Velha e Vitória. Desde 1999, no mercado capixaba, destaca-se pela oferta de cursos de graduação, pós-graduação e extensão de qualidade nas quatro áreas do conhecimento: Agrárias, Exatas, Humanas e Saúde, tanto na mo- dalidade presencial quanto a distância. Além da qualidade de ensino já comprova- da pelo MEC, que coloca todas as unidades do Grupo Multivix como parte do seleto grupo das Instituições de Ensino Superior de excelência no Brasil, contando com sete unidades do Grupo en- tre as 100 melhores do País, a Multivix preocupa- -se bastante com o contexto da realidade local e com o desenvolvimento do país. E para isso, pro- cura fazer a sua parte, investindo em projetos so- ciais, ambientais e na promoção de oportunida- des para os que sonham em fazer uma faculdade de qualidade mas que precisam superar alguns obstáculos. Buscamos a cada dia cumprir nossa missão que é: “Formar profissionais com consciência cidadã para o mercado de trabalho, com elevado padrão de quali- dade, sempre mantendo a credibilidade, segurança e modernidade, visando à satisfação dos clientes e colaboradores.” Entendemos que a educação de qualidade sempre foi a melhor resposta para um país crescer. Para a Multivix, educar é mais que ensinar. É transformar o mundo à sua volta. Seja bem-vindo! APRESENTAÇÃO DA DIREÇÃO EXECUTIVA Prof. Tadeu Antônio de Oliveira Penina Diretor Executivo do Grupo Multivix 5 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 PESQUISA E PRÁTICA PEDAGÓGICA V (PEDAGOGIA) SUMÁRIO LISTA DE FIGURAS > FIGURA 1 - Comenius, autor da obra Didática Magna 17 > FIGURA 2 - Esquema das Tendências Pedagógicas Liberais 20 > FIGURA 3 - Esquema das Tendências Pedagógicas Progressistas 22 > FIGURA 4 - Paulo Freire 31 > FIGURA 5 - Tipos de conteúdo 35 > FIGURA 6 - Relação entre planejamento e avaliação 38 > FIGURA 7 - Função do erro 42 > FIGURA 8 - Comunicação entre os níveis de planejamento 48 > FIGURA 9 - Etapas do planejamento 50 > FIGURA 10 - O tempo escolar 66 > FIGURA 11 - Funções da avaliação 71 > FIGURA 12 - Crianças desenhando e escrevendo extração de dado para uma avaliação diagnóstica 80 > FIGURA 13 - Prova objetiva 83 > FIGURA 14 - As dimensões do fracasso escolar 97 6 PESQUISA E PRÁTICA PEDAGÓGICA V (PEDAGOGIA) FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO LISTA DE QUADROS > QUADRO 1 - Exemplo de Plano de Aula 58 > QUADRO 2 - Diversificando os instrumentos de avaliação 86 SUMÁRIO 7 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 PESQUISA E PRÁTICA PEDAGÓGICA V (PEDAGOGIA) SUMÁRIO SUMÁRIO 1 DIDÁTICA, CONCEPÇÕES DE EDUCAÇÃO E AVALIAÇÃO 15 INTRODUÇÃO 15 1.1 DIDÁTICA, CONCEPÇÕES DE EDUCAÇÃO E AVALIAÇÃO 16 1.1.1 O CONCEITO DE DIDÁTICA E SEU CAMPO 16 1.1.2 A AVALIAÇÃO NAS CONCEPÇÕES DE EDUCAÇÃO 18 1.1.3 CONCEPÇÕES DE APRENDIZAGEM E AVALIAÇÃO 23 BIBLIOGRAFIA COMENTADA 27 CONCLUSÃO 28 2 PRÁTICA EDUCATIVA E SEUS ELEMENTOS ESSENCIAIS 30 INTRODUÇÃO 30 2.1 PRÁTICA EDUCATIVA E SEUS ELEMENTOS ESSENCIAIS 31 2.1.1 CURRÍCULO E AVALIAÇÃO 33 2.1.2 PLANEJAMENTO E AVALIAÇÃO 37 2.1.3 AVALIAÇÃO: QUANTIDADE OU QUALIDADE? 40 BIBLIOGRAFIA COMENTADA 42 CONCLUSÃO 43 UNIDADE 1 UNIDADE 2 8 PESQUISA E PRÁTICA PEDAGÓGICA V (PEDAGOGIA) FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO SUMÁRIO 3 O PLANEJAMENTO DA AÇÃO DIDÁTICA 45 INTRODUÇÃO 45 3.1 O PLANEJAMENTO DA AÇÃO DIDÁTICA 46 3.1.1 NÍVEIS DE ABRANGÊNCIA 46 3.1.2 ETAPAS DO PLANEJAMENTO DE ENSINO 49 3.1.3 PROJETOS DIDÁTICOS COPARTICIPATIVOS 52 3.1.4 SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS 55 3.1.5 PLANO DE AULA 57 CONCLUSÃO 60 4 AVALIAÇÃO EDUCACIONAL: FUNDAMENTOS, LÓGICAS E FUNÇÕES 62 INTRODUÇÃO 62 4.1 AVALIAÇÃO EDUCACIONAL: FUNDAMENTOS, LÓGICAS E FUNÇÕES 63 4.1.1 FUNDAMENTOSFILOSÓFICOS DA AVALIAÇÃO 63 4.2 AS DUAS LÓGICAS DA AVALIAÇÃO 67 4.3 FUNÇÕES DA AVALIAÇÃO 71 4.4 AVALIAÇÃO E LEGISLAÇÃO 73 BIBLIOGRAFIA COMENTADA 75 CONCLUSÃO 76 UNIDADE 3 UNIDADE 4 UNIDADE 5 UNIDADE 6 9 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 PESQUISA E PRÁTICA PEDAGÓGICA V (PEDAGOGIA) SUMÁRIO SUMÁRIO 5 AVALIAÇÃO NA PRÁTICA E SEUS INSTRUMENTOS 78 INTRODUÇÃO 78 5.1 AVALIAÇÃO NA PRÁTICA E SEUS INSTRUMENTOS 79 5.1.1 OS INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO 81 5.1.2 A AVALIAÇÃO FORMATIVA E A REGULAÇÃO DAS APRENDIZAGENS 88 BIBLIOGRAFIA COMENTADA 90 CONCLUSÃO 91 6 AVALIAÇÃO E FRACASSO ESCOLAR 93 INTRODUÇÃO 93 6.1 AVALIAÇÃO E FRACASSO ESCOLAR 94 6.1.1 DIMENSÕES DO FRACASSO ESCOLAR 96 6.1.2 O FRACASSO DA AVALIAÇÃO NA ESCOLA 102 6.1.3 A PEDAGOGIA DAS DIFERENÇAS COMO SUPERAÇÃO DO FRACASSO ESCOLAR 103 BIBLIOGRAFIA COMENTADA 105 CONCLUSÃO 106 REFERÊNCIAS 107 UNIDADE 5 UNIDADE 6 10 PESQUISA E PRÁTICA PEDAGÓGICA V (PEDAGOGIA) FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO ICONOGRAFIA ATENÇÃO PARA SABER SAIBA MAIS ONDE PESQUISAR DICAS LEITURA COMPLEMENTAR GLOSSÁRIO ATIVIDADES DE APRENDIZAGEM CURIOSIDADES QUESTÕES ÁUDIOSMÍDIAS INTEGRADAS ANOTAÇÕES EXEMPLOS CITAÇÕES DOWNLOADS 11 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 PESQUISA E PRÁTICA PEDAGÓGICA V (PEDAGOGIA) SUMÁRIO BIODATA DO AUTORA Virna Mac-Cord Catão Doutoranda em Políticas Públicas e Formação Humana, pela UERJ. Bolsista Capes – Doutorado sanduíche em Portugal 2017-2018. Mestra em Educação, pela UFRJ. Graduanda em Letras, pela UFF. Especialista em Administração e Planejamento da Educação pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (2005) e em Gestão, Plane- jamento e Implementação da EAD, pela Universidade Federal Fluminense (2009). Graduada em Pedagogia, pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (2002). Atualmente, é Supervisora EAD da UNIVESP – Universidade Virtual de São Paulo. JUSTIFICATIVA A didática, por ser um campo que aborda o como ensinar, é fundamental para a formação do profissional que atuará na educação, especificamente, na docência, ou seja, a didática traz elementos para que o professor aprenda a organizar e ministrar sua aula. A avaliação, enquanto elemento da didática, deve se constituir num proces- so cuidadoso, pois, afinal, você estará analisando o processo de aprendizagem dos alunos e, ao mesmo tempo, olhando para o seu processo de ensino e refletindo sobre o que fazer para que o aluno avance em sua aprendizagem. Assim, os conteúdos aqui tratados valem muito para a sua formação. Aproveite ao máximo, pois, o diferencial aqui, neste material de leitura, é a articulação teórico-prática, ou seja, você compreen- derá como as teorias tratadas se desdobram na prática educativa. ENGAJAMENTO Claro que você, cursista, já sabe o que é educação, vive numa sociedade e reconhece como a educação transita na sociedade atualmente. Por isso, antes de iniciar a disci- plina, reflita, e, se preferir, tome nota das suas ideias: 12 PESQUISA E PRÁTICA PEDAGÓGICA V (PEDAGOGIA) FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO Que tipo de educação ou tendência pedagógica tem predominado nas escolas? E, tomando essa tendência como referência, como a aprendizagem tem sido avaliada? Ampliando a discussão, reflita ainda: Qual é o seu posicionamento em relação às práticas educacionais que têm circulando na escola? São próximas ou diferentes das práticas realizadas quando você estava na condição de aluno? Alguma coisa mudou? E a avaliação? Continua a mesma de tempos atrás? É interessante você pensar sobre essas questões ao iniciar a disciplina; assim, já terá um referencial pessoal sobre o que abordaremos. APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA Olá! Seja bem-vindo à disciplina Pesquisa e Prática Pedagógica V. A disciplina tem um enfoque didático. Nela, você estudará as concepções de educação que fizeram parte das mudanças paradigmáticas ao longo dos tempos, a prática educativa e seu desdobramento em elementos didáticos, explanando os essenciais, o planejamento, em suas dimensões, e sua relação com avaliação, que é a ênfase da disciplina. Por falar em avaliação, este será o principal assunto abordado, trazendo os fundamentos filosóficos e a prática de avaliar a aprendizagem do aluno, assim como um fenôme- no, merecendo reflexão dentro da prática educativa, que é o fracasso escolar. Perceba que a didática, enquanto campo de saber para a atuação docente, não é um campo isolado, dialoga, principalmente, com os fundamentos da educação. Afinal, de que tempo e educação estamos falando? Para cada tempo, um tipo de educação, portan- to uma didática. Por isso, dizemos que a didática tem um caráter extradisciplinar, pois dialoga com vários saberes que estão presentes em nossa formação. Você, que cursa uma licenciatura, terá, nesta disciplina, um encaminhamento sobre o como ensinar e avaliar a aprendizagem do aluno, como este processo ocorre e está organizado, de suma importância para a sua atuação no âmbito educacional. Para isso, é necessário o seu envolvimento com a disciplina, para que os conheci- mentos circulem de uma forma mais plena. Isso será possível com a sua participa- ção integral nas leituras e atividades propostas, como, por exemplo, participar dos 13 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 PESQUISA E PRÁTICA PEDAGÓGICA V (PEDAGOGIA) SUMÁRIO fóruns, interagindo com seus colegas, pontuando suas dúvidas etc. Lembre-se de que a dialogicidade do conhecimento é importante para as diversas construções que podemos produzir. OBJETIVOS DA DISCIPLINA Ao final desta disciplina, esperamos que você seja capaz de: • Definir a didática e discutir sobre seus fundamentos filosóficos, destacando o elemento avaliação. • Identificar e descrever os elementos essenciais didáticos para a prática educa- tiva docente. • Empregar os elementos essenciais didáticos, articulando teoria e prática, focando o elemento avaliação. • Explicar a importância do planejamento das ações da prática educativa, assim como planejá-las. • Explicar a relação dialógica entre planejamento e avaliação. • Constituir os fundamentos e abordagens que sustentam a avaliação educacional. • Demonstrar alguns instrumentos de avaliação da aprendizagem. • Explicar o fracasso escolar nas dimensões filosóficas, sociológicas e psicológi- cas, tomando a avaliação como referência. 14 PESQUISA E PRÁTICA PEDAGÓGICA V (PEDAGOGIA) FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO OBJETIVO Ao final desta unidade, esperamos que possa: > Definir a didática e identificar o seu campo de estudo e atuação. > Discutir os fundamentos filosóficos da didática, compreendendo o elemento avaliação. > Analisar as principais concepções de aprendizagem e como a avaliação se assume perante elas. UNIDADE 1 15 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 PESQUISA E PRÁTICA PEDAGÓGICA V (PEDAGOGIA) SUMÁRIO 1 DIDÁTICA, CONCEPÇÕES DE EDUCAÇÃO E AVALIAÇÃO Caro Aluno, nesta unidade, você entenderá o que é a didática, seus fundamentos e seu papel na formação de professores. A didática, ao longo dos tempos, associada a cada sociedade, com determinados objetivos e determinada perspectiva de homem, tem se modificado. Ora serve para a manutenção do sistema capitalista, outrora para questionar e produzir reflexões sobre as condições impostas por esse sistema. A avaliação, como elemento da didá- tica e de ensino, assume os mesmos rumos.Ora serve para manter o sistema, outrora para ir além do que é imposto por esse mesmo sistema. Junto ao ensino, temos a aprendizagem. Veja bem: se há uma concepção de ensino mais conservadora, temos também a ideia de aprendizagem que corresponde a essa concepção, a mecanicista e, uma avaliação, que foca a quantidade e não a qualidade. Se opondo, temos a concepção que pondera a construção do conhecimento, levan- do a avaliação a condições mais qualitativas e reflexivas. O que se propõe neste estudo é que você, aluno, compreenda que a avaliação tem fundamentos filosóficos e psicológicos, ou seja, o ensino não está sozinho, tampouco a avaliação. Convido você a aproveitar este momento de aprendizagem. Bons estudos! INTRODUÇÃO Primeiramente, é necessário que você, aluno, compreenda a didática como parte dos conhecimentos pedagógicos. É um ramo da Pedagogia que tem como objeto de estudo o ensino. Para ensinar, temos vários elementos, dentre eles, a avaliação, ênfase da presente disciplina. A avaliação no cenário educacional brasileiro tem assumido, suscintamente falando, 16 PESQUISA E PRÁTICA PEDAGÓGICA V (PEDAGOGIA) FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO duas vertentes: uma que sustenta o sistema capitalista e outra que questiona esse sistema. Filosoficamente falando, a educação tem uma relação com a sociedade e com o tipo de homem que se quer formar. Tal questão foi trazida por alguns autores como “tendências pedagógicas” que, de acordo com a sociedade, tem designado à escola, à didática, à avaliação, diferentes papéis. Já como um enfoque voltado para os fundamentos psicológicos e partindo da ideia que, onde tem ensino, tem aprendizagem, podemos transpor a avaliação de acordo com a concepção vigente de aprendizagem, ou seja, a avaliação pode assumir um papel quantitativo ou um papel qualitativo. Nesse sentido, acompanhe nesta unidade a relação que os fundamentos filosóficos e psicológicos têm, como elemento didático, com a avaliação. 1.1 DIDÁTICA, CONCEPÇÕES DE EDUCAÇÃO E AVALIAÇÃO A Didática é fundamentada em aspectos filosóficos, sociológicos e psicológicos. Isso quer dizer que esses aspectos influenciaram e continuam influenciando a didática. Em outras palavras, o tipo de educação oriunda desses aspectos traz determinadas ações para o processo de ensino-aprendizagem. Obviamente que isso também tem uma relação histórica. A escola, como instituição oficial de ensino, tem como um marco referencial a Idade Moderna e as concepções de sociedade e de homem que se constituíram a partir daí. Assim sendo, a avaliação, enquanto elemento didático, sofreu as mesmas alterações com o passar dos tempos. Em alguns momentos, assumiu-se numa perspectiva mais conservadora e instrucional. Em outros, articulou-se com a perspectiva reflexiva do processo de construção de conhecimento. 1.1.1 O CONCEITO DE DIDÁTICA E SEU CAMPO A pedagogia é a ciência da educação/ensino. A didática é um ramo desta ciência, que tem como objeto de estudo o ensino. Entende-se, assim, que a Didática é a 17 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 PESQUISA E PRÁTICA PEDAGÓGICA V (PEDAGOGIA) SUMÁRIO disciplina que trata “o que ensinar”, “como se ensinar”, “como saber se o aluno apren- deu” etc. É muito comum encontrarmos a definição de que é a ciência que estuda os métodos e técnicas de ensino. Entretanto, temos que ter cuidado ao afirmar isso, pois fica parecendo que segue uma ordem, estritamente, técnica. Claro que, em sua origem, na Idade Moderna, junto à invenção da escola que conhecemos, a didática se assumiu desta forma, mas foi sendo modificada com a evolução da educação e do papel da escola perante cada sociedade. A didática, enquanto produção literária, só surge no século XVII. A obra pioneira foi a Didática Magna, de Comenius, que se tornou referência para a arte de ensinar. Come- nius, ainda influenciado pelas suas origens religiosas, mescla virtude e conhecimento às ideias de formação do homem daquela época. FIGURA 1 - COMENIUS, AUTOR DA OBRA DIDÁTICA MAGNA Fonte: SHUTTERSTOCK, 2019. 18 PESQUISA E PRÁTICA PEDAGÓGICA V (PEDAGOGIA) FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO Comenius, com sua didática moderna, defendia alguns princípios: • A educação tem como objetivo conduzir os sujeitos à felicidade junto a Deus. • O desenvolvimento natural (de acordo com idade/capacidade) do homem deve ser a referência para o ensino. • O conhecimento não é assimilado de forma imediata. • Cada coisa deve ser ensinada separadamente, uma de cada vez. A formação do homem virtuoso era uma preocupação da época. Ele deveria ser capaz de absorver os conhecimentos importantes para uma atuação virtuosa, sustentada em valores morais conservadores daquela sociedade. Quando o aluno não corres- pondia a esses anseios, quando o professor avaliava que o aluno não tinha se esfor- çado o suficiente, castigos deveriam ser aplicados, ou seja, a avaliação na escola, em seu sentido inicial, ganha uma característica punitiva. Então, há de convir que, desde os tempos primórdios, os alunos tinham uma visão preconceituosa com a avaliação, ideia que perdura até os dias de hoje. 1.1.2 A AVALIAÇÃO NAS CONCEPÇÕES DE EDUCAÇÃO Quando falamos de educação o contexto social em que a escola está configurada merece a nossa atenção. Sabemos que a educação é incumbência de várias institui- ções como família, igreja etc., mas o ensino se configura dentro de uma instituição própria, conhecida por você, chamada escola. É na escola que os saberes, priorita- riamente, os sistematizados, à luz das condições de cada sociedade, são ensinados. Saberes esses que possuem objetivos específicos, pois, se vinculam aos paradigmas de cada sociedade, ligados à formação dos sujeitos desta mesma sociedade. Desde o século XV temos o processo de consolidação da sociedade capitalista. Esta sociedade, baseada na livre troca do capital, sustentada no lucro, é dual. Isso significa que, ao designar o lucro como sustento da sociedade, lucro que está dividindo esta sociedade em duas partes, ou melhor, em duas classes sociais: a burguesia e o opera- riado (o trabalhador). Tal condição dual na sociedade é refletida no espaço escolar, separando, por exemplo, crianças ricas, de crianças pobres, turmas “boas”, turmas “ruins”, entre outras categorias. A exploração e a condição de subalternidade estão também presentes na escola. 19 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 PESQUISA E PRÁTICA PEDAGÓGICA V (PEDAGOGIA) SUMÁRIO Entende-se, portanto, que há a presença na escola de condicionantes sociopolí- ticos que levam a sociedade a crer em diferentes concepções de si e de homem, consequentemente, diferentes concepções sobre o papel da escola e da avaliação da aprendizagem. Não há uma pedagogia que esteja isenta de pressupostos filosóficos. Todo educador, ainda que não se dê conta, tem sua prática influenciada por filosofias, por modos de compreensão do sentido da Educação. Podemos identificar três concepções filosófico-políticas que buscam compreender a relação entre educação e sociedade: • Concepção REDENTORA: a educação é responsável pela direção da sociedade, podendo salvá-la da situação em que se encontra. • Concepção REPRODUTIVISTA: a educação reproduz a sociedade como ela é e como ela está. • Concepção TRANFORMADORA: a educação é mediadora de uma forma de entender a sociedade (nem salva, nem reproduz). Assim sendo, Luckesi (1994) aborda as diversas tendências teóricas que pretendem dar conta da compreensão e orientação na prática educação em diversos momentos e circunstâncias da história humana. Temos dois grandesblocos de tendências peda- gógicas: liberais e progressistas. O primeiro bloco, nomeado com tendências pedagógicas liberais, justificadas pelo sistema capitalista, tem como característica geral sustentar esse sistema. É uma tendência não crítica, redentora, mas que, ao mesmo tempo, reproduz os condicio- nantes. A educação na perspectiva liberal é aquela que naturaliza a divisão de classes e considera que os papéis sociais já foram estabelecidos. A avaliação, nesta direção, seria um dos instrumentos de redenção/reprodução. 20 PESQUISA E PRÁTICA PEDAGÓGICA V (PEDAGOGIA) FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO A Professora Kátia, quando aplica prova, tem algumas atitudes que nos levam à reflexão sobre a que e a quem está a serviço a avaliação. Ela costuma sepa- rar os alunos em fileiras A, B e C. Os alunos são distribuídos de acordo com os seus últimos rendimentos. Os alunos com melhores notas ficam na fileira A, os medianos na fileira B e os alunos com as piores notas na fileira C. Um aluno até percebeu isso e, brincando, disse que a fileira C é a fileira dos burros. Ela afirma que faz isso para facilitar a correção da prova, uma vez que, após a correção, ela prepara um quadro de classificação dos alunos para pôr no mural e dá presen- tes, para reforçar a aprendizagem aqueles com os melhores rendimentos. Podemos dividir a tendência pedagógica liberal em três concepções: a tradicional (a mais conhecida por nós, até porque fomos alunos, e ela foi predominante em nossa escolaridade), a renovada e a tecnicista. FIGURA 2 - ESQUEMA DAS TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS LIBERAIS Tendências Pedagógicas Liberais Tradicional Renovada Tecnicista Fonte: Elaborada pela autora. A educação liberal iniciou-se com pedagogia tradicional. A pedagogia tradicional é aquela que o professor é o centro do processo, e o aluno, passivo, receptor do conhe- cimento. A transmissão do conhecimento ocorre pela exposição do conhecimento por parte do professor. Com essas características, a avaliação é centrada no acúmulo 21 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 PESQUISA E PRÁTICA PEDAGÓGICA V (PEDAGOGIA) SUMÁRIO do conhecimento. As arguições orais e provas escritas são os principais instrumen- tos de avaliação. O objetivo da avaliação é classificar os alunos em aprendizes e não aprendizes. A pedagogia renovada, embora ainda liberal, assume um sentido mais ativo em rela- ção ao sujeito aprendiz. Aprender é importante. Então, as vivências e experiências promovidas para o indivíduo avançar na aprendizagem ganham força. A avaliação passa a ter mudança, pois, aqui, o importante não é somente a quantidade, a qualida- de passa a ser condição para a avaliação. Observa-se, portanto, o caminho, o processo mental de construção de conhecimento. A pedagogia tecnicista, que fecha este bloco de tendências, é aquela que os meios são justificados pelos fins, ou seja, objetivos são definidos rigorosamente. Os resulta- dos esperados são avaliados para a verificação. Há toda uma preocupação em condi- cionar o sujeito para atingir os objetivos. Mesmo sendo da ala liberal, a avaliação ganha o sentido de replanejamento, pois é necessário pensar em outros meios para alcançar os fins que não se obteve sucesso. Não de forma reflexiva, mas sustentado em técnicas para racionalizar o processo. O termo progressista, com origem em George Snyders, é utilizado para agrupar as tendências pedagógicas que buscam a emancipação dos sujeitos. A educação na perspectiva progressista é transformadora e busca mudanças em relação às condi- ções de subalternidade impostas pelo sistema capitalista. A avaliação, nesta direção, deve alimentar essas condições. Enquanto na perspectiva liberal a avaliação segrega, tomando como referências as classes sociais, na progressista, a avaliação assume-se trazendo um discurso de pertencimento e não de exclusão. Isso significa que a visão que se tem do erro, por exemplo, é uma visão de que é a matéria-prima do ensino. Ele não é fatal, nem um fim em si mesmo. É a partir dos saberes ainda não construí- dos que o professor deve planejar sua prática pedagógica. 22 PESQUISA E PRÁTICA PEDAGÓGICA V (PEDAGOGIA) FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO A professora Janice acredita que a prova é um momento pontual e importante da aprendizagem, mas não acredita que apenas deve devolver a correção da prova com uma nota. Durante a correção de provas, anota em seu caderninho todas as dificuldades que os alunos tiveram e planeja as aulas seguintes basea- das nelas, com a finalidade de que a construção do conhecimento se realize. Busca também formas diferentes de ensinar aquilo que ainda precisa de inter- venção, pois acredita que as pessoas aprendem de maneiras diferentes e não de uma única forma. Percebemos que a professora tem uma postura diferenciada, pois acredita numa educação mais progressista. Podemos dividir a tendência pedagógica progressista em três concepções: a liber- tadora (mais conhecida por estar atrelada às ideias de Paulo Freire), a libertária e a crítico-social dos conteúdos. FIGURA 3 - ESQUEMA DAS TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS PROGRESSISTAS Tendências Pedagógicas Progressistas Libertadora Libertária Crítico-Socialdos Conteúdos Fonte: Elaborada pela autora. Neste bloco, a tendência mais conhecida é a libertadora, cunhada pelo educador Paulo Freire. Sua pedagogia se baseava na dialogicidade do conhecimento. À medi- da que o professor ensinava, aprendia; à medida que o aluno aprendia, também ensi- nava. A avaliação assume um sentido mais coletivo, mais dialógico, sendo mútuo, ou seja, bom para o professor, bom para o aluno. O professor, a partir do entendimento 23 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 PESQUISA E PRÁTICA PEDAGÓGICA V (PEDAGOGIA) SUMÁRIO das necessidades do aluno a partir das avaliações, analisa sua prática pedagógica. Provas não são bem-vindas, se tomarmos como referência a prática disseminada por Paulo Freire. A avaliação é no dia a dia, no chão da sala de aula, nas relações de apren- dizagem instituídas. A libertária teve pouca influência no Brasil, mas a autogestão pedagógica era o ponto crucial desta tendência, pois os próprios sujeitos do processo gerenciavam o ensino, a aprendizagem, a escola. Os conhecimentos eram colocados à disposição dos alunos, então a avaliação era não formal, ou seja, não eram exigidos os conteúdos, porque havia uma liberdade de escolha por parte dos alunos. Dessa forma, não havia aquela formalidade de ter uma disciplina e todo o processo didático conservador alinhado a ela. Por exemplo, a escola freinetiana se baseava nessas ideias. Era muito comum a prática pedagógica de oficinas para que os alunos agrupassem os conhecimentos diversos a uma finalidade. Por fim, temos a Tendência Crítico-Social dos Conteúdos, que prepara o indivíduo para uma atuação crítica na sociedade. O conhecimento é necessário para a transfor- mação, desde que alicerçado na consciência crítica. Nessa direção, a avaliação mostra o progresso do aluno, no sentido amplo, ou melhor, o aluno se insere num momento reflexivo acerca do conhecimento e de sua aprendizagem. O conhecimento é impor- tante, porém a preocupação não é com a quantidade, e sim com a qualidade como se faz uso, no cotidiano, desse conhecimento. O professor que acredita nesta concepção não se opõe ao instrumento prova, por exemplo, mas, vincula a organização deste instrumento à realidade, ou melhor, às práticas sociais para que o conhecimento faça sentido/significado para o aluno. 1.1.3 CONCEPÇÕES DE APRENDIZAGEM E AVALIAÇÃO As concepções de aprendizagem podem ser resumidas emduas principais correntes: mecanicista e interacionista. A concepção mecanicista recebe fortes influências do racionalismo e do empirismo. 24 PESQUISA E PRÁTICA PEDAGÓGICA V (PEDAGOGIA) FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO O racionalismo de Descartes defendia que o homem, pela sua capacidade de raciocinar, seria capaz de produzir conceitos que explicassem as coisas no/do mundo. Com Locke, surge a concepção empirista para a qual o homem é uma tábula rasa (folha em branco) em que o meio é que o modela, ou seja, o homem é produto deste meio. Ambas as correntes influenciaram as escolas e, conse- quentemente, as formas de entender o aprendizado, sustentando uma concep- ção mecanicista. A própria palavra “mecanicista” já nos remete a uma ideia imediata de: robotização, controle, conformação, subalternidade e, consequentemente, de passividade peran- te alguma coisa. Além de caracterizar uma padronização, ou seja, uma homogenei- zação do processo de ensino-aprendizagem, essa concepção parte, geralmente, do pressuposto de que todos os sujeitos devem aprender conforme a programação dos métodos e dos livros didáticos, ou seja, da mesma forma, sob as mesmas condições, no mesmo tempo, ignorando, assim, a ideia de que as pessoas são diferentes. Você já assistiu ao filme Tempos Modernos, de Charles Chaplin? Esse filme mostra o quanto o homem foi mecanizado na modernidade, época marcada pela produção fabril e industrial. Vale a pena assisti-lo para compreender os princípios que fundamentam, também, a concepção mecanicista. Nessa perspectiva mecanicista e tradicional, pouco importa o porquê de determina- da escrita do aluno. O erro, nesta percepção, é um fim em si mesmo, e, para consertá- -lo, basta repetir, repetir, repetir, até não esquecer mais. É óbvio que, assim, é possível também aprender algo, ainda que desprovido de significados. Aliás, muitos de nós, aprendemos desta maneira. 25 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 PESQUISA E PRÁTICA PEDAGÓGICA V (PEDAGOGIA) SUMÁRIO Quando falamos de avaliação, imediatamente nos remetemos às provas, que, por muito tempo, representaram a pedagogia tradicional e, consequentemen- te, uma educação excludente, sob um discurso de aprovação/reprovação. Um exemplo que podemos dar que representa essa concepção é quando o profes- sor passava questionários como “n” perguntas/respostas. Tínhamos que estu- dar, ou melhor, decorar porque dessas “n” perguntas/respostas, dez cairiam na prova. O importante era memorizar, decorar para dizer que “aprendeu”. Quem acumulasse conhecimento, representado por essa medida, estaria aprova- do, quem não contemplasse essa exigência seria reprovado e sucessivas histórias de fracasso e evasão escolar foram a realidade da histórica de nosso sistema educacional. A classificação aprovado/reprovado era feita pelo estabelecimento de padrões prede- finidos, repudiando-se a bagagem do aluno, seu processo e, priorizando, apenas o produto final. Já a concepção interacionista recebe influências tanto da abordagem biologicista, representada por Piaget, quanto da abordagem culturalista, representada por Vygotsky. A abordagem biologicista está embasada nos estudos que Piaget realizou na área da biologia, oferecendo contribuições tanto para a psicologia, quanto para a educação. Piaget, no começo de suas pesquisas, estudava a diferenciação entre ser vivo e não vivo e, na categoria de seres vivos, como estes se classificavam e se agrupavam, por meio de suas características. Desse modo, Piaget chega à espécie humana e passa a estudar o seu desenvolvimento e aprendizagem. Já a abordagem culturalista, como o próprio termo já diz, mostra que a cultura é o fator primordial da diferenciação do homem em relação aos demais seres vivos. O homem é o único ser vivo capaz de produzir cultura e se organizar nela. 26 PESQUISA E PRÁTICA PEDAGÓGICA V (PEDAGOGIA) FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO Na concepção interacionista, três questionamentos são essenciais para nortear a atua- ção e a intervenção pedagógica do professor: 1) O que esse aluno já sabe? 2) O que ele ainda não sabe? 3) Como ele pode vir a saber aquilo que ainda não sabe? A pala- vra “ainda” estabelece uma condição de dinamicidade no processo, ou seja, de que algo ainda completará a aprendizagem do sujeito, mostrando que ela não é finita e nem estática. Além do mais, todo mundo sabe alguma coisa, mesmo que seja aquilo que a escola não está solicitando. O questionamento posto pela terceira pergunta, além de complexo, implica uma prática pedagógica que tenha como referência o conhecimento do próprio aluno, daquele determinado aluno e não uma condição preestabelecida para uma turma inteira. A última pergunta impulsiona, portanto, a ação do professor a partir dos princípios construtivistas. Seguindo essa concepção, é possível refletir sobre o trabalho da professora Selma. Ela trabalhava com uma turma de 1º ano do ensino fundamental, cujo principal (mas não único) objetivo é ensinar a ler e a escrever. Ela não aplicava provas, não tinha um instrumento tradicional para avaliar seus alunos, mas tinha uma tabela com as perguntas: O que o aluno já sabe? O que ainda não sabe? E como ele pode vir a saber? Toda semana ela organizava a respostas para essas perguntas e planejava a semana seguinte baseada na terceira pergunta: Como ele pode vir a saber? Com isso, a avaliação assumia-se como mediadora, ou seja, o professor vai equilibrando as aprendizagens e conduzindo o aluno para que o objetivo seja alcançado. Essa percepção de construção do conhecimento está mais vinculada à Vygotsky que, com sua teoria sociointeracionista, demonstrou que a cultura e a linguagem são elementos essenciais para a formação dos sujeitos e que essa construção não é apenas mental (biológica), mas também social. Ainda nessa percepção, acerca da construção do conhecimento, cabe abordar a mudança que se tem em relação ao erro do aluno. Para a abordagem mecanicista, o erro simboliza o não saber, mas, para o interacionismo, há uma grande mudança. O erro, a partir desses pressupostos, passa a ser matéria-prima para a prática pedagógica 27 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 PESQUISA E PRÁTICA PEDAGÓGICA V (PEDAGOGIA) SUMÁRIO do professor. Aquele ditado “é errando que se aprende” se torna efetivamente válido. O erro faz parte da construção do conhecimento e cabe, a nós, professores, entendê- -lo, para que possamos mediar a aprendizagem de nossos alunos. Buscando transcender essa concepção reducionista acerca da avaliação da aprendi- zagem, temos que compreender o papel dela perante a vida, perante nossa trajetó- ria escolar. É fato que avaliar é essencial. Tudo o que planejamos, executamos, passa por um processo de avaliação para verificarmos até onde conseguirmos chegar. Se chegamos, ótimo! E se não chegamos? Vamos ver o que falta e/ou que outras ações diferenciadas seriam necessárias para alcançarmos o que almejamos. Isso, pedagogi- camente, significa que à medida que planejamos e executamos esse planejamento, também o avaliamos e vice-versa. BIBLIOGRAFIA COMENTADA Veja a seguir uma indicação e obra que complementará seu conhecimento sobre os assuntos abordados na disciplina. ZABALA, Antoni. A prática educativa: como ensinar. Porto Alegre: Penso, 2014. O livro de Antônio Zabala apresenta instrumentos para que o professor possa alinhar suas práticas pedagógicas. E vai além disso! Ele ajuda a interpretar o fenômeno sala de aula e suas variações e entrelinhas; atualiza a didática com as questões atuais da educação; abor- da a organização da sala deaula, dos conteúdos, dos grupos para a aprendizagem, mas dedica um capítulo exclusivo para abordar a avaliação. Recomendamos a leitura para que você possa compreender que Zabala defende uma concepção mais interacionista, pois ele critica como a avaliação atualmente é compreendida e retorna a questões filosóficas, principalmente recuperando a questão: por que temos que avaliar? 28 PESQUISA E PRÁTICA PEDAGÓGICA V (PEDAGOGIA) FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO CONCLUSÃO Nesta unidade, foram apresentados a você a didática, seu objeto de estudo e seus fundamentos. Em relação à avaliação, a partir desses fundamentos, temos uma abor- dagem que considera o sujeito passivo e, do outro lado, uma abordagem que consi- dera o sujeito ativo e construtor do conhecimento. A avaliação se baseia, portanto, nessas abordagens. A abordagem da avaliação que vê o aluno como um sujeito passivo é aquela que, em sua maioria, sustenta-se no instrumento exclusivo prova, e a nota supostamen- te traduziria o conhecimento acumulado por esse aluno. Filosoficamente, tal abor- dagem está ligada mais às tendências liberais que sustentam o sistema capitalista e, psicologicamente, está atrelada à concepção mecanicista de aprendizagem, cujo ensino se dá pela memorização, repetição, transmissão etc. Já a abordagem que visualiza o aluno como um sujeito ativo é aquela que até se utiliza de prova, mas esta não é um fim em si mesma. Há outros instrumentos, e a avaliação diz muito ao professor de como anda o processo de aprendizagem do aluno, possibilitando intervenções que conduzam os alunos aos objetivos. É dialógi- ca, é mediadora, é transformadora a avaliação nesta abordagem, aproximando-se das tendências pedagógicas progressistas e da concepção de aprendizagem construti- vista/interacionista. De toda forma, a avaliação pode estar mantendo a escola em condições impostas pelo sistema ou promovendo reflexões sobre o processo de ensino-aprendizagem. Toda essa perspectiva tem uma relação filosófica com o tipo de educação que acre- ditamos e, didaticamente, realizamos. E você? Em qual educação acredita? Que avaliação traduz o tipo de educação que você acredita? Se você acredita que os condicionantes do sistema capitalista é que devem prevale- cer, sua prática pedagógica refletirá uma avaliação excludente, buscando a aprova- ção/reprovação do aluno. Porém, se você acredita na universalização da escola e a vê como instrumento democrático, sua postura didática, consequentemente, a avalia- ção refletirá uma postura mais mediadora. São as escolhas que fazemos para a nossa atuação pedagógica! Faça a sua escolha! 29 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 PESQUISA E PRÁTICA PEDAGÓGICA V (PEDAGOGIA) SUMÁRIO OBJETIVO Ao final desta unidade, esperamos que possa: > Identificar e descrever os elementos essenciais didáticos para a prática educativa docente. > Articular os elementos didáticos currículo, planejamento e avaliação. > Empregar os elementos essenciais didáticos, articulando teoria e prática e focando o elemento avaliação. UNIDADE 2 30 PESQUISA E PRÁTICA PEDAGÓGICA V (PEDAGOGIA) FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO 2 PRÁTICA EDUCATIVA E SEUS ELEMENTOS ESSENCIAIS Nesta unidade, você identificará os elementos principais do ensino: currículo, plane- jamento e avaliação. Outros elementos compõem a dinâmica da sala de aula, mas esses são imprescindíveis para que a aula aconteça. O que se propõe neste estudo é que você compreenda que todos os elementos se relacionam direta ou indiretamente com a avaliação. Quando se fala sobre currículo, aborda-se o conhecimento que estará presente no caminho de nossos alunos, cuja construção será avaliada. Quando se fala de planejamento, destaca-se o movimento cíclico com a avaliação, pois, à medida que planejamos, avaliamos e, à medida que avaliamos, planejamos. Convidamos você a aproveitar este momento de aprendizagem. Bons estudos! INTRODUÇÃO Inicialmente, é necessário que você entenda que ensinar exige a compreensão de certos elementos didáticos. Aqui, destacam-se alguns que se relacionam com a avalia- ção, elemento que, nesta disciplina, tem sido um dos principais objetos de estudo. O primeiro elemento é o currículo. Currículo não é lista de conteúdos. A própria etimo- logia da palavra nos lembra “caminho”; assim, entende-se que, nesse caminho, há um objetivo a ser alcançado e que perpassaremos por vários conhecimentos confor- me avançamos por ele. A avaliação, nesse sentido, permite, além de intervenções na aprendizagem, ajustes no desenvolvimento e na experimentação do currículo. O segundo elemento tratado aqui é o planejamento. O ato de planejar é inerente ao ser humano. Planejamento é algo que faz – ou deveria fazer – parte de nossa vida e não é diferente nas atividades escolares. Esse caminho a ser percorrido é planejado pelo professor. São as escolhas feitas para conduzir o aluno nesse caminho. 31 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 PESQUISA E PRÁTICA PEDAGÓGICA V (PEDAGOGIA) SUMÁRIO Esses dois elementos são íntimos da avaliação. Aquilo que ensinamos, que está no caminho a ser percorrido, é avaliado, principalmente se os objetivos forem alcança- dos. Se forem, ótimo, seguiremos planejando a partir de objetivos que ampliem a construção do conhecimento. E se os objetivos não forem alcançados? Vamos rever aquilo que foi planejado, seus resultados e refletir e planejar novas possibilidades. Nesse sentido, acompanhe nesta unidade a explanação sobre a função desses elementos no ensino e a relação entre currículo, planejamento e avaliação. 2.1 PRÁTICA EDUCATIVA E SEUS ELEMENTOS ESSENCIAIS A escola é, por excelência, o espaço onde se constitui o ensino. O ensino, para aconte- cer, precisa pelo menos de dois atores: o professor (quem ensina) e o aluno, (quem aprende). O ensino organiza-se, prioritariamente, numa atividade central chamada aula. Quem planeja e executa a aula, a partir de determinados referenciais, é o profes- sor, agente legítimo da prática educativa escolar. Todo ensino tem uma função social, ou seja, não está desvinculado das práticas sociais vigentes: por vezes é determinado por esse contexto; por outras, busca modi- ficar esses contextos, porque a educação, de forma geral – principalmente, a escolar –, modifica vidas. Isso significa que nenhu- ma prática educativa é neutra, ou seja, ela exige de quem ensina um posicionamen- to sobre que sujeitos pretende formar. É nessa direção que Paulo Freire afirma que a “educação é um ato político”, pois exige que a prática educativa – o ensino – faça escolhas didáticas interligadas ao crédito dado a determinadas ideologias. FIGURA 4 - PAULO FREIRE Fonte: PAULO…, 2018. 32 PESQUISA E PRÁTICA PEDAGÓGICA V (PEDAGOGIA) FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO Dito isso, precisamos repensar a serviço de que e de quem a educação sempre esteve, pois, se acreditamos numa educação que naturaliza a ordem social vigente, baseada em critérios de subalternidade, entenderemos que, por exemplo, o currículo se limita à lista de conteúdos que devem ser secionados para cada classe social e transmiti- dos para manter o status quo. Nessa direção, a avaliação pautar-se-á na quantidade acumulada, em notas, classificação e rankings. Uma cena naturalizada nas escolas é dos estudantes procurando no mural suas notas. É muito comum a escola expor as notas de todos os estudantes em ordem decrescente, ou seja, da maior para a menor nota e, ao lado, se for uma avaliaçãofinal, a lista dos alunos que se encontram em recuperação – esta, na verdade, de acordo com a LDB, deveria ser paralela aos períodos letivos. Se, porventura, acreditarmos numa condição mais transformadora de educação, há uma mudança substancial em nossas práticas pedagógicas. Nessa condição, a trans- missão do conteúdo não é mais a preocupação central, e sim a possibilidade de levar o aluno a um pensamento crítico e reflexivo em relação ao conhecimento. A avaliação na prática transformadora nos conduz a olhar mais para o proces- so e para as interações que ocorrem na sala de aula. Por vezes, a própria orga- nização da sala colabora ou não com essa perspectiva de avaliação. Por exem- plo, é muito comum as carteiras da sala estarem voltadas para o professor. 33 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 PESQUISA E PRÁTICA PEDAGÓGICA V (PEDAGOGIA) SUMÁRIO Por que isso? Porque, na perspectiva conservadora, a centralidade está no professor. Numa prática mais transformadora, a disposição das carteiras deve proporcionar a interação dos alunos. A organização em semicírculo é um exemplo de mudança física que transforma a prática pedagógica. Além disso, permite que o professor avalie, por meio dessas interações, a constru- ção do aluno. O diálogo permite uma mediação. Na prática transformadora, o aluno está na centralidade do processo, pensando num currículo que faça sentido para ele, planejando uma aula com a qual se identifique e que assuma o compromisso com sua própria aprendizagem. 2.1.1 CURRÍCULO E AVALIAÇÃO Antes de tudo, temos que discutir o que é currículo, pois, durante muito tempo, ele foi visto como lista de conteúdos, tendo em vista que, nas práticas educativas, predo- minava uma educação tradicional que objetivava manter o contexto social vigente por meio da transmissão do conhecimento; assim sendo, o currículo era uma lista de todos os conteúdos, nas diferentes áreas disciplinares, que deveriam ser transmitidos aos alunos. Na verdade, não se percebia anteriormente que o currículo era uma arena ideológica. Os estudos críticos acerca do sistema capitalista abriram portas para ques- tionar os reflexos nas práticas escolares. A partir daí, para manter o dualismo da socie- dade capitalista, naturalizava-se que alguns conhecimentos seriam para determina- do segmento, e outros conhecimentos, para outro segmento; assim, mantinha-se a divisão imposta pelo sistema, em que alguns têm muito e outros têm pouco. É com o advento dos estudos acerca da sociologia do currículo que ressignificamos e passamos a entender o currículo como um conjunto de experiências, o que tem tudo a ver com a própria etimologia da palavra curriculum, que quer dizer trajetória, caminho. 34 PESQUISA E PRÁTICA PEDAGÓGICA V (PEDAGOGIA) FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO Tais estudos também colaboraram com a reflexão da relação currículo x diversidade, trazendo para as discussões curriculares os conceitos de multiculturalismo e de inter- culturalidade. Tais conceitos levam à discussão de que as pessoas são diferentes e que possuem diversas concepções de mundo e, consequentemente, de cultura. Essas discussões colocaram os conteúdos programáticos em questionamento, pois eram e ainda são organizados fora do contexto e em lista de conteúdos a serem transmiti- dos, colocando os sujeitos escolares em condições passivas de aprendizagem. O multiculturalismo, também conhecido como “pluralismo cultural”, desig- na a existência de muitas culturas. Essa ideia vai contra à perspectiva de homogeneidade cultural e todas as condições discriminatórias impostas pela homogeneidade. Já a interculturalidade complementa o multiculturalismo. Esse movimento de interculturalidade permite que haja uma interação entre as diferentes culturas, o que favorece o convívio e a tolerância perante a diversidade. Partindo desses entendimentos, os conteúdos vão além dos aspectos cognitivos e voltam-se para uma concepção mais holística de formação dos sujeitos aprendizes nos espaços escolares, como nos afirma Zabala (2014, p. 24): O termo “conteúdos” normalmente foi utilizado para expressar aquilo que deve se aprender, mas em relação quase exclusiva aos conhecimentos das matérias ou disciplinas clássicas e, habitualmente, para aludir àqueles que se expressam no conhecimento de nomes, conceitos, princípios, enuncia- dos e teoremas. Assim, pois, se diz que uma matéria está muito carregada de conteúdos ou que um livro não tem muitos conteúdos, fazendo alusão a este tipo de conhecimentos. Este sentido, estritamente disciplinar e de cará- ter cognitivo, geralmente também tem sido utilizado na avaliação do papel que os conteúdos devem ter no ensino, de forma que nas concepções que entendem a educação como formação integral se tem criticado o uso dos conteúdos como única forma de definir as intenções educacionais. Devemos 35 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 PESQUISA E PRÁTICA PEDAGÓGICA V (PEDAGOGIA) SUMÁRIO nos desprender desta leitura restrita do termo “conteúdo” e entendê-lo como tudo quanto se tem que aprender para alcançar determinados objetivos que não apenas abrangem as capacidades cognitivas, como também incluem as demais capacidades. Deste modo, os conteúdos de aprendizagem não se reduzem unicamente às contribuições das disciplinas ou matérias tradicio- nais. Portanto, também serão conteúdos de aprendizagem todos aqueles que possibilitem o desenvolvimento das capacidades motoras, afetivas, de relação interpessoal e de inserção social (ZABALA 2014, p. 24). Nessa direção, pensando o currículo como um caminho, os conteúdos são meios para alcançarmos determinados fins – meios que não se limitam aos aspectos cogni- tivos, como já dito. Zabala (2014) formaliza essa ideia por meio de categorias/tipos de conteúdo, buscando uma concepção mais completa de formação humana. FIGURA 5 - TIPOS DE CONTEÚDO Conteúdos Conceituais Conteúdos Procedimentais Tipos de Conteúdos Conteúdos Atitudinais Fonte: Elaborada pela autora. Os conteúdos conceituais dizem respeito aos conhecimentos científicos que a huma- nidade tem produzido ao longo dos tempos. Os procedimentais traduzem-se em um saber fazer. Os conteúdos atitudinais relacionam-se como um saber ser, envolvendo atitudes em relação aos outros. 36 PESQUISA E PRÁTICA PEDAGÓGICA V (PEDAGOGIA) FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO Por exemplo, saber o significado de alguma palavra é um conteúdo concei- tual, e saber buscar o significado da palavra no dicionário representa um conteúdo procedimental. Vamos supor então que, em uma sala de aula, não houvesse uma quantidade suficiente de dicionários para todos, e um aluno sugerisse que os alunos se sentassem em dupla para que todos pudessem ter acesso àquele conhecimento. Isso representaria um conteúdo atitudinal no espaço escolar. Entendemos, portanto, que currículo e avaliação são indissociáveis. A dinâmica de um altera a dinâmica do outro. Isso quer dizer que, em determinado tipo de educa- ção, há determinada didática. Assim sendo, os elementos didáticos estão interligados pela concepção que sustentam a educação vigente. O momento de se pensar o currículo é o momento de repensar as finalidades da escola, sintonizando-a com a contemporaneidade. Cada época enfatiza finalidades de uma ou outra natureza: religiosas, sociopolíticas, psicológicas, culturais, podendo essas últimas tomar diversas formas, conforme as caracte- rísticas e as necessidades das sociedades (urbanidade lato sensu até sociali- zação stricto sensu, como disciplina social, higiene, polidez etc.) (CARVALHO; CASTRO, 2012, p. 36). É nessainteração entre currículo e avaliação que a escola seleciona os conhecimen- tos legítimos para seus alunos. Currículo demanda escolhas, e a forma de avaliar depende dessas escolhas, pois “não se pode, portanto, discutir o tema da avaliação sem considerar o que se objetiva com o ensino e a aprendizagem, ou com o processo de escolarização” (CARVALHO, CASTRO, 2012, p. 181). 37 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 PESQUISA E PRÁTICA PEDAGÓGICA V (PEDAGOGIA) SUMÁRIO Numa escola particular, alguns pais reclamavam que os professores davam muitas provas e testes e que, por esse motivo, os alunos se sentiam cansa- dos e pressionados, ainda mais por estarem no 3º ano do ensino médio e, assim, em vias de participarem do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM). A pedagoga responsável por esse segmento respondeu que o currículo da escola é conteudista, porque a filosofia é de “preparação” para serem apro- vados na faculdade, justificando assim que a avaliação é condicionada pela concepção de currículo vigente; neste caso, o acúmulo de conhecimento, a lista de conteúdos e a transmissão. Tendo em vista toda essa visão crítica de currículo, ficam as seguintes questões: será que nossas práticas avaliativas estão condizentes com a visão de currículo das esco- las? Currículo e avaliação têm dialogado? Para a presença desse diálogo, uma linha filosófica entrelaça esses elementos didáticos. Se a proposta pedagógica está voltada para uma perspectiva mais conservadora e não crítica, o currículo é representado, sim, pela lista de conteúdos, e a avaliação verificará quanto foi acumulado. No entan- to, se a proposta pedagógica é mais progressista, o currículo é dimensionado a partir da diversidade e dos diferentes saberes que circulam, trazendo uma concepção de avaliação mais processual, mediadora e interpretativa da construção do conhecimen- to. Não estamos dizendo exatamente que uma linha é mais correta que a outra, esta- mos destacando que esse diálogo tem que ser coerente, afinando discurso e prática entre currículo e avaliação. 2.1.2 PLANEJAMENTO E AVALIAÇÃO O ato de planejar é inerente à pessoa. Todos nós planejamos nossa vida, nosso coti- diano, nossas viagens. Não é diferente na sala de aula. O planejamento é uma organi- zação das ações para que alcancemos determinados objetivos. 38 PESQUISA E PRÁTICA PEDAGÓGICA V (PEDAGOGIA) FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO Nenhum planejamento é neutro. Se há intencionalidades, os posicionamentos esco- lhidos refletem diretamente na prática pedagógica planejada. Quando entende- mos o planejamento como um ato político, dinâmico e constante, percebemos essa tomada de decisão, porque planejar implica aonde se quer chegar e o que será feito para se alcançar essa meta. Planejar não exige apenas instrumentos técnicos, instrumentos ideológicos permeiam também o ato de planejar. Planejar é um ato de decisão. No cotidiano escolar, temos visto a predominância do planejamento como um ato burocrático, por vezes, ingênuo, pois se limita ao preenchimento, pelo professor, de formulários dados pela coordenação pedagógica, por meio dos quais o docente pres- ta contas, e nem sempre o que está escrito é o que ele faz na sala de aula. O ato de planejar também é um registro importante, que, combinado com a avalia- ção, promove a reflexão da ação pedagógica – em outros termos: à medida que plane- jo, avalio; à medida que avalio, planejo. FIGURA 6 - RELAÇÃO ENTRE PLANEJAMENTO E AVALIAÇÃO Planejamento Avaliação Desenvolvimento Fonte: Elaborada pela autora. 39 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 PESQUISA E PRÁTICA PEDAGÓGICA V (PEDAGOGIA) SUMÁRIO Esse movimento cíclico representa a ideia de práxis, ou seja, de ação-reflexão-ação. Se a intervenção do professor na aprendizagem do aluno implica sempre revi- são e reorganização do ensino, isto nos leva a crer que ensinar é uma ação que exige permanente investigação e, consequentemente, permanente aprendi- zado. Neste sentido, a avaliação como investigação didática é desencadeadora de reflexões e de autocorreção do processo de ensino, tendo em vista a apren- dizagem dos alunos (CARVALHO; CASTRO, 2012, p. 187). A professora Kátia é a docente de uma turma de 1º ano do ensino funda- mental. Ela utiliza o método fônico para alfabetizar seus alunos. A profes- sora costuma lançar uma palavra e trabalha a família fonêmica da letra inicial da palavra lançada. Todos os dias, os alunos copiam a família silábica e fazem ditados com palavras que tenham aqueles sons. No entanto, há um grupo de cinco alunos que não consegue, em hipótese alguma, compreen- der que os grafemas têm fonemas. Assim sendo, ela resolveu mudar a estra- tégia e replanejou suas aulas, começando por colocar as crianças sentadas em duplas para que uma ajudasse a outra. Além disso, planejou atividades menos mecânicas e inseriu em seu planejamento brincadeiras com os sons das palavras – por exemplo, trava-línguas. Assim, conseguiu, por meio da prática do replanejamento, que o grupo superasse suas dificuldades. Sendo assim, é possível concluir que planejamos nossas aulas e as executamos. Avaliamos os resultados obtidos na aprendizagem e redirecionamos nossa prática pedagógica, ou melhor, replanejamos nossas ações. Essa é a relação dialógica entre planejamento e avaliação. 40 PESQUISA E PRÁTICA PEDAGÓGICA V (PEDAGOGIA) FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO 2.1.3 AVALIAÇÃO: QUANTIDADE OU QUALIDADE? Quando falamos de avaliação, imediatamente nos remetemos às “provas”. Os resulta- dos das provas têm representação numérica, ou seja, notas. Essas notas representam o número de acertos e erros, limitando-se a uma avaliação quantitativa, quando não se tem uma apreciação mais ampla do significado do erro e da nota. A nota recebida simboliza quanto o aluno acumulou de conhecimento. As provas, por muito tempo, representaram a pedagogia tradicional e, consequente- mente, uma educação excludente, sob um discurso de aprovação/reprovação, já que a medida era a única possibilidade de verificar a aprendizagem. A prática do exame, devido a operar com os recursos de aprovação/reprova- ção, obrigatoriamente conduz à política da reprovação, que tem se manifesta- do como o mais consistente álibi para o fracasso escolar (LUCKESI, 2005, p. 19). Quem acumulasse conhecimento representado por essa medida estaria aprovado, quem não contemplasse, reprovado, e sucessivas histórias de fracasso e evasão esco- lar foram a realidade histórica de nosso sistema educacional. A classificação aprovado/reprovado era feita pelo estabelecimento de padrões prede- finidos, repudiando-se a bagagem do aluno, seu processo, e priorizando apenas o produto final, traduzido na nota. Não é à toa que toda essa questão deu origem aos movimentos em prol de uma educação de jovens e adultos (EJA), buscando compensações para aqueles que não iniciaram ou finalizaram seus estudos em idade própria, justamente pelo processo excludente proferido pela avaliação na escola. A avaliação é tradicionalmente associada, na escola, à criação de hierarquias de excelência. Os alunos são comparados e depois classificados em virtude de uma norma de excelência, definida em absoluto ou encarnada pelo professor e pelos melhores alunos (PERRENOUD, 1999, p. 11). Buscando transcender essa concepção reducionista acerca da avaliação da aprendi- zagem, temos que compreender o papel dela perante a vida, perante nossa trajetória escolar. Temos que designar uma abordagem mais qualitativa à avaliação. 41 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada noD.O.U em 23/06/2017 PESQUISA E PRÁTICA PEDAGÓGICA V (PEDAGOGIA) SUMÁRIO É fato que avaliar é essencial. Tudo o que planejamos e executamos passa por um processo de avaliação para verificarmos até onde conseguimos chegar. Se chegar- mos, ótimo. E se não chegarmos? Vamos ver o que falta e/ou que outras ações dife- renciadas seriam feitas para alcançarmos o que almejamos. Isso, pedagogicamente, significa que, à medida que planejamos a partir do referencial curricular e executa- mos esse planejamento, avaliamos e vice-versa. De toda forma, avaliamos para verificarmos como anda a execução de determina- do currículo e planejamento: avaliamos antes, durante e depois. Pensar em medida também é importante para sabermos o quanto conseguimos alcançar, mas somente a quantidade não nos expõe uma reflexão crítica sobre os aspectos do percurso para que possamos ter um plano de intervenção concomitante. Toda essa perspectiva tem uma relação filosófica com o tipo de educação no qual acreditamos e, didaticamen- te, realizamos. A avaliação escolar é um meio e não um fim em si mesma; está delimitada por uma determinada teoria e por uma determinada prática pedagógica. Ela não ocorre num vazio conceitual, mas está dimensionada por um modelo teórico de sociedade, de homem, de educação e, consequentemente, de ensino e de aprendizagem, expresso na teoria e na prática pedagógica (CALDEIRA, 1997, p. 122). Assim sendo, o ato de avaliar é uma forma de obter informações sobre o processo de ensino-aprendizagem. É válido tanto para o professor, para (re)planejar a ação pedagógica, quanto para o aluno, que necessita se autoavaliar para compreender seu próprio processo, esforço e dificuldade. A professora Virna propôs uma avaliação formal, uma prova. Ao corrigir, percebeu que todos os seus alunos erraram a mesma questão. Isso desper- tou nela uma atenção especial: por que erraram? Por que muitos erraram? O que conduziu esses alunos ao erro? Então, levou a questão para a sala de aula para dialogar com os alunos sobre esse erro. Entende-se que o erro não pode ser um fim em si mesmo. 42 PESQUISA E PRÁTICA PEDAGÓGICA V (PEDAGOGIA) FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO Falando de erro, é importante salientar, mais uma vez, que o erro não deve ser visto como o fim em si mesmo ou, simplesmente, um “não saber”, e sim como parte do processo de construção de conhecimento. Esteban (2002, p. 103) adverte que “a dico- tomia entre erro e acerto, conhecimento e ignorância, saber e não-saber é assumida como fio condutor da atividade escolar”. FIGURA 7 - FUNÇÃO DO ERRO Avaliação Erro Ação pedagógica Fonte: Elaborada pela autora. A mesma autora nos alerta que é necessário redefinir o sentido do erro, pois o não saber não pode ser entendido apenas como um indicativo de não aprendizagem do aluno. Na verdade, o erro nos revela possibilidades de ações, ou seja, de como condu- zir o processo de aprendizagem dos sujeitos. BIBLIOGRAFIA COMENTADA Veja a seguir algumas indicações de obras que complementarão seu conhecimento sobre os assuntos abordados na disciplina. LUCKESI, Cipriano Carlos. Avaliação da aprendizagem escolar: estudos e proposi- ções. São Paulo: Cortez, 1995. Essa é uma das principais obras de Luckesi. Na verdade, é a pesquisa dele de pós-gra- duação que se tornou uma publicação nos anos 1990. Luckesi revela a avaliação à luz das funções sociais que tem exercido e mostra as vestimentas das quais tem se apro- priado ao longo dos tempos. Critica o que ele denomina como pedagogia do exame, ou seja, a pedagogia que tem a prova – consequentemente, a medida – como único instrumento de avaliação. Então, caso queira aprofundar seus conhecimentos sobre a avaliação no ambiente escolar, recomendamos a leitura do capítulo intitulado por Avaliação da aprendizagem escolar: apontamentos sobre a pedagogia do exame. 43 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 PESQUISA E PRÁTICA PEDAGÓGICA V (PEDAGOGIA) SUMÁRIO • CARVALHO, Anna Maria Pessoa de; CASTRO, Amelia Domingues. Ensinar a ensinar: didática para a escola fundamental e média. São Paulo: Cengage Learning, 2012. Nesse livro, as autoras buscam discutir o que é ensino, seus atores e os elementos que constituem a prática de ensinar. Vão desde o surgimento da didática até a formaliza- ção desse campo na área de formação de professores. Acreditam que ensinar é trans- formar e, assim, tomam um posicionamento de uma didática mais crítica perante a realidade social vigente. A parte III do livro, intitulada A verificação dos resultados, trata da avaliação nas relações escolares. Vale a pena dar uma conferida. CONCLUSÃO Nesta unidade, foram apresentados a você três elementos didáticos: currículo, plane- jamento e avaliação. Esses três elementos são indissociáveis para a prática educativa, pois todos dão sustentação para que o ensino aconteça. Quando tratamos de currículo, precisamos abandonar aquela ideia, muito comum, de lista de conteúdos e transmissão de conhecimento. O caminho a ser percorrido, o currículo, é diverso, justamente porque os alunos são oriundos de diferentes reali- dades. Assim sendo, currículo não pode aprisionar os mesmos conhecimentos para todos ou para determinada classe social. Inclusive, destacamos que, nesta direção, o currículo, ao tratar dos conteúdos, vai além da cognição. Entendendo aqui o currícu- lo como aonde vamos chegar e por quais conhecimentos passaremos, precisamos planejar a ação pedagógica. Sim. É uma tomada de decisão! São as escolhas que fare- mos para ensinar nossos alunos. Ensinando, vamos dialogando com as construções e verificando quais objetivos foram alcançados e como que faremos, daqui por diante, para alcançar aqueles que não foram. Vamos replanejar nossa prática pedagógica. Dessa maneira, a postura aqui assumida é a favor da aprendizagem do aluno, buscan- do a superação do tão conhecido fracasso escolar. 44 PESQUISA E PRÁTICA PEDAGÓGICA V (PEDAGOGIA) FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO OBJETIVO Ao final desta unidade, esperamos que possa: > Descrever a importância do planejamento das ações da prática educativa. > Identificar os diferentes níveis de planejamento. > Apontar formas de planejar o ensino-aprendizagem, por meio de projetos, sequências didáticas e o clássico “plano de aula”. > Explicar a relação dialógica entre planejamento e avaliação. > Planejar as ações da prática educativa. UNIDADE 3 45 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 PESQUISA E PRÁTICA PEDAGÓGICA V (PEDAGOGIA) SUMÁRIO 3 O PLANEJAMENTO DA AÇÃO DIDÁTICA Nesta unidade você aprenderá a planejar o ensino de algumas formas diferentes, porém, destacando o papel da avaliação nestas formas diferentes de planejar. Para tal aprendizagem você conhecerá os níveis de abrangência do planejamento. Tratando-se do ensino, especificamente a sala de aula, três formas de planejar estão focadas: os projetos, as sequências didáticas e o plano de aula. Independentemente do tipo de planejamento, a avaliação assume sempre um papel de retroalimentação do ato de planejar, ou seja, sempre fornece dados importantes para a tomada de decisão em relação ao ensino. Você está convidado para esta leitura. Bons estudos! INTRODUÇÃO O planejamento é uma atividade comum a qualquer pessoa. Na vida, estamos planejando o tempo todo. No dia a dia, planejamos, por exemplo, a jornada, desde o momento que acordamos à hora que nos deitamos. Nem sempre o planejamento ocorre como pensamos, pois percalços ocorrem e fazem com que avaliemos e repen- samos o que faremos daquele ponto em diante. O planejamento, portanto, é flexível. Desde aspolíticas públicas em educação, seus programas até o currículo, há a presen- ça de planejamento. Tomando como referências essas ações, as escolas se planejam e, consequentemente, o professor também. Nos espaços escolares o planejamento é instrumento importante para o professor planejar sua ação pedagógica, ou melhor, para planejar o que vai ensinar. Não é apenas uma cobrança da escola, planejar é uma necessidade da prática educativa. Disto isto, acompanhe nesta unidade os níveis de abrangência do planejamento, os principais relacionados ao ensino na sala de aula e o papel que a avaliação tem nestas diferentes formas de planejar o ensino. 46 PESQUISA E PRÁTICA PEDAGÓGICA V (PEDAGOGIA) FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO 3.1 O PLANEJAMENTO DA AÇÃO DIDÁTICA Planejamento é a organização do processo de ensino a partir de seus propósitos. O foco é aonde queremos chegar com os nossos alunos e as formas mais adequa- das para alcançar estes fins. Melhor dizendo, “podemos definir planejamento como a organização dos passos a serem seguidos para atingir um objetivo. Planejar é pensar no futuro sabendo onde se está e aonde se quer chegar.” (SANTOS, 2016, p. 10). Para que isso seja concretizado, precisamos ter noções da situação real e presente para pensar nas possibilidades futuras, de modo a contribuir com o desenvolvimento dos sujeitos escolares e de toda a sociedade. 3.1.1 NÍVEIS DE ABRANGÊNCIA Tomando Vasconcellos (1996) como referencial, podemos identificar diferentes níveis de abrangência do planejamento, que são as instâncias na educação que necessitam se planejar. Os principais níveis são: • Planejamento do Sistema de Educação: elaborado a nível nacional, estadual e/ ou municipal, incluindo as políticas públicas nacionais. Temos como exemplo o Plano Nacional de Educação, elaborado pelo governo federal. Em 2014, o governo federal sancionou o atual Plano Nacional de Educação, o PNE, que traça 20 metas e estratégias para a educação nos próximos 10 anos. No site do MEC (Ministério da Educação) você encontrará o documento legislativo deste plano. 47 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 PESQUISA E PRÁTICA PEDAGÓGICA V (PEDAGOGIA) SUMÁRIO • Planejamento da Escola: traduzido no Projeto Político Pedagógico, é o plano integral da instituição. Composto pelo Marco Referencial da escola, Diagnósti- co e Programação. • Planejamento Curricular: comumente chamada de “grade” ou “matriz” curri- cular da unidade escolar, baseado em documentos oficiais, como os PCNs e o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil. Hoje já temos uma reformulação do planejamento curriculares nacional, denominado BNCC (Base Nacional Comum Curricular). A nova BNCC (Base Nacional Comum Curricular) é um documento que traz as aprendizagens essenciais para toda a Educação Básica. Baseado no conceito de “aprendizagem como direito”, consultas públicas foram realiza- das para fomentar os debates, buscando uma articulação e um planejamen- to curricular de base democrática. Para saber um pouco mais, é só consultar o site da BNCC mantido pelo MEC. • Projeto de Ensino-Aprendizagem: dividido em Projeto (plano) de Curso e Plano de aula. Para Vasconcellos (1997, p.54), o Planejamento de Ensino-Aprendiza- gem diz respeito mais estritamente ao aspecto didático e pode ser subdividi- do em Plano de Curso e Plano de Aula. • Projeto de Trabalho: também conhecido como Projetos Pedagógicos ou Projetos Didáticos Coparticipativos. Diferentemente da concepção de “temas geradores” e dos “Centros de Interesse”, os projetos de trabalho assumem um caráter interdisciplinar. Não chega a ser um nível de abrangência, mas é um desdobramento do projeto de ensino-aprendizagem. • Planejamento Setorial: abrange os serviços do interior da escola (por exemplo: equipe técnico-pedagógica) e os afazeres para determinado período. 48 PESQUISA E PRÁTICA PEDAGÓGICA V (PEDAGOGIA) FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO Todos esses níveis estão interligados, afinal, o que planejamos em sala de aula faz parte de um contexto muito maior de políticas públicas e curriculares. Planejamos a partir de referenciais nacionais, regionais e escolares (da própria instituição escolar). Tratando-se do ato de ensinar em si, realizamos planos de curso e planos de aula. A aula, prioridade aqui deste estudo, pode ser planejada de várias formas. Quando queremos que nossas aulas estejam mais contextualizadas, partimos de temas. Esses temas podem ter origem em questões, problemas, curiosidades ou algo que o profes- sor considerou importante nas propostas curriculares. A importância de um tema é que faz com que se contextualize o ensino. Nesta direção, pensando em planejamen- to de aulas por meio de temáticas, temos o planejamento por projetos de trabalho, como já dito. Mas, também podemos planejar por meio de sequências didáticas. Vasconcellos não chega a mencionar as sequências didáticas (SD), mas estas se assemelham aos projetos, com algumas diferenças. Zabala (1998) denomina como Sequências Didáticas (SD) o conjunto de atividades que se organizam de forma arti- culada para atingir determinado objetivo. Há um encadeamento dessas atividades, que, ao se relacionarem, fornecem um contexto e significado para o aluno. Observando os níveis, entende-se que o planejamento aparece nos níveis macro e micro, ou seja, abrange políticas públicas e curriculares, perpassando pelos diferentes entes federativos, impactando o projeto político-pedagógico das instituições escola- res e seus setores, até chegar à sala de aula, por meio da docência. FIGURA 8 - COMUNICAÇÃO ENTRE OS NÍVEIS DE PLANEJAMENTO Planejamento do sistema Planejamento Curricular Planejamento da aula Planejamento Setorial Planejamento da escola Fonte: Elaborada pela autora. 49 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 PESQUISA E PRÁTICA PEDAGÓGICA V (PEDAGOGIA) SUMÁRIO Ao mesmo tempo, esses níveis dialogam entre si. O movimento é cíclico, pois o que faremos na sala vem do planejamento da escola e do sistema, mas os resultados obtidos a partir da execução dos planejamentos das aulas altera os planejamentos da escola e do sistema. O planejamento de ensino deve ser levado a sério. Não é uma mera exigência da escola para um cumprimento de algo obrigatório. Se assim interpretado, vira um instrumento burocrático, ou seja, papéis e quadros a serem preenchi- dos só porque é uma exigência. O planejamento é um momento importante do professor, pois é quando ele planeja aonde quer chegar com seus alunos e o que será feito para conduzi-los no processo de construção do conhecimen- to. É um instrumento que prevê ações, ao mesmo tempo em que é flexível e pode se adequar às adversidades do processo de ensino-aprendizagem. Há várias e diferentes formas de planejar o ensino. Nesta aula, temos como vetor o projeto de ensino-aprendizagem, ou seja, o foco será as formas que o professor pode planejar suas aulas. Este planejamento pode ocorrer por meio de projetos pedagógi- cos, sequências didáticas, ou, simplesmente, através de um plano de aula. 3.1.2 ETAPAS DO PLANEJAMENTO DE ENSINO Todo planejamento, independentemente do nível, passa por algumas etapas comuns. Nenhum planejamento começa do nada, e é importante, no caso da educa- ção, conhecermos determinada realidade. Feito isto, delineamos aonde queremos chegar, por quais conhecimentos passaremos, qual é a melhor forma de ensinar para alcançar esses objetivos. Ao longo desse processo, mediações são realizadas a partir do acompanhamento, para que, ao final, se tome uma decisão a partir da apreciação se os
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