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terapia nutricional na ascite quilosa

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CENTRO UNIVERSITÁRIO ESTÁCIO DE BH 
CURSO DE GRADUAÇÃO EM NUTRIÇÃO 
 
 
MARCOS FERNANDO DA CRUZ FRAGA 
RAFAELA STEPHANIE DE QUEIROZ 
THIAGO FIDELIS MARTINS CORREIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
TERAPIA NUTRICIONAL NA ASCITE QUILOSA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Belo Horizonte 
2023 
 
1 
MARCOS FERNANDO DA CRUZ FRAGA 
RAFAELA STEPHANIE DE QUEIROZ 
THIAGO FIDELIS MARTINS CORREIA 
 
 
 
 
 
 
TERAPIA NUTRICIONAL NA ASCITE QUILOSA 
 
 
 
 Artigo apresentado à disciplina TCC em 
Saúde do curso de graduação do Centro 
Universitário Estácio BH como requisito parcial 
para a obtenção do título de Bacharel em 
Nutrição. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Belo Horizonte 
2023 
 
2 
MARCOS FERNANDO DA CRUZ FRAGA 
RAFAELA STEPHANIE DE QUEIROZ 
THIAGO FIDELIS MARTINS CORREIA 
 
 
 
 
TERAPIA NUTRICIONAL NA ASCITE QUILOSA 
 
 
 
 Artigo apresentado à disciplina TCC em 
Saúde do curso de graduação do Centro 
Universitário Estácio BH como requisito parcial 
para a obtenção do título de Bacharel em 
Nutrição. 
 
 Aprovado em: 
Nota: 
 
 Banca examinadora: 
 
 
 Professor 
 Universidade 
 
 
 Professor 
 Universidade 
 
3 
TERAPIA NUTRICIONAL NA ASCITE QUILOSA 
Marcos Fernando da Cruz Fraga 
Rafaela Stephanie de Queiroz 
Thiago Fidelis Martins Correia 
 
RESUMO 
Introdução: A ascite quilosa é uma etiologia rara, causada pelo acúmulo de líquido linfático (quilo) na 
cavidade peritoneal. A terapia nutricional é parte importante do tratamento e o objetivo deste trabalho 
é discuti-la. Metodologia: revisão de nove artigos da área da Saúde, publicados entre 2001 e 2022, 
sobre ascite quilosa. Desenvolvimento: A ascite quilosa é uma condição rara e, portanto, há poucos 
estudos randomizados sobre o tema. Sabe-se que a terapia nutricional deve consistir em uma dieta 
hiperproteica e hipolipídica, com suplementação de triglicerídeos de cadeia média (TCM), porém há 
dúvidas sobre o quão ef icaz é a dieta em si e o que fazer em casos de pacientes com risco de 
cetoacidose. Conclusão: A taxa de sucesso da terapia nutricional, bem como a forma com que deve 
ser implementada em pacientes que correm risco de desenvolver cetoacidose são inconclusivas. 
PALAVRAS-CHAVE: Ascite quilosa, terapia nutricional, tratamento conservador. 
 
ABSTRACT: 
Introduction: Chylous ascites is a rare etiology, caused by the accumulation of lymphatic liquid (chyle) 
in the peritoneal cavity. The nutritional therapy is an important part of the treatment and this work aims 
to discuss it. Methodology: review of nine articles in the Health f ield, published between 2001 and 2022, 
about chylothorax. Development: Chylous ascites is a rare condition and therefore there are few 
randomized studies about it. It is known that the nutritional therapy must consist of a hypolipidemic and 
high protein diet, with supplementation of medium-chain triglyceride (MCT), however there are doubts 
about how ef f icient is the diet itself and what to do in cases where there is risk of ketoacidosis. 
Conclusion: The success rate of the nutritional therapy, as well as the way it must be implemented i n 
patients with risk of ketoacidosis is inconclusive. 
KEY WORDS: Chylous ascites, nutritional therapy, conservative treatment. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
SUMÁRIO 
1 INTRODUÇÃO……………………………………………………………………... 4 
2 METODOLOGIA ……………………….…………………………...……………... 6 
3 DESENVOLVIMENTO ……………………….…………………………...………. 7 
4 CONCLUSÕES …………………….………………………..…....….….…….… 13 
5 REFERÊNCIA …………………….………………………..…....….……...….… 14 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
1. INTRODUÇÃO 
A ascite é uma condição patológica provocada por um acúmulo superior a 20 mL de 
fluido na cavidade peritoneal. Isso ocorre quando a quantidade de líquido ascítico 
formada diariamente supera a capacidade de reabsorção linfática. A maior causa de 
ascite (correspondente a cerca de 80% dos casos) é a cirrose hepática, condição que 
leva à hipertensão portal, que, por sua vez, é a causa direta da ascite. Entretanto, há 
outras causas possíveis para o desenvolvimento da etiologia, como neoplasias, 
insuficiência cardíaca, entre outras. (DOERR et al., 2001) 
 
Quando a ascite é causada por acúmulo de fluido linfático (ou quilo) na cavidade 
peritoneal, denomina-se ascite quilosa. O principal fator que pode desencadear a 
ascite quilosa é a obstrução linfática por neoplasias. Entretanto, a ascite quilosa pode 
também aparecer como complicação pós-operatória após cirurgias abdominais ou 
pélvicas e também em outras situações de trauma abdominal, além de poder ocorrer 
de forma idiopática. (DOERR et al., 2001; SOBRINHO et al., 2022) 
 
O tratamento da ascite quilosa pode ser feito por meio de uma dieta hiperproteica e 
hipolipídica, com suplementação de triglicerídeos de cadeia média (TCM), para se 
reduzir a produção de linfa. Isso constitui uma das principais partes do chamado 
tratamento conservador, que reúne, basicamente, as formas menos invasivas de 
intervenção, isto é, os tratamentos não-cirúrgicos. Persistindo os sintomas, pode-se 
iniciar tratamento medicamentoso com octreotida. Se, ainda assim, o paciente não 
apresentar melhora considerável, deve-se realizar tratamento cirúrgico. (DOERR et 
al., 2001; SOBRINHO et al., 2022) 
 
A questão da ascite quilosa, como um todo, é complicada de se tratar por ser uma 
condição rara e da qual, portanto, há poucos estudos randomizados publicados. Em 
geral, coloca-se o paciente em tratamento conservador por tempo limitado, para, em 
seguida, caso não haja êxito, partir para tratamentos mais invasivos. Ou seja, 
persistindo os sintomas, mesmo após algumas semanas de tratamento conservador, 
deve-se implementar medicação e/ou dar início à intervenção cirúrgica. (SCHILD et 
al., 2013) 
 
 
6 
A incidência de casos de ascite quilosa é de 1 em cada 20000 internações 
hospitalares, por isso, trata-se de uma condição rara. Sua ocorrência está associada 
ao rompimento e/ou obstrução dos vasos linfáticos, por causas traumáticas, a mais 
frequente, ou atraumáticas. (SOBRINHO et al., 2022) 
 
Por se tratar de uma condição rara, acerca da qual há poucos estudos randomizados 
disponíveis na literatura médica e nutricional, acredita-se que uma revisão da 
literatura sobre o tema possa ajudar no aprimoramento das técnicas de terapia 
nutricional que podem trazer benefícios aos pacientes com ascite quilosa. 
(SOBRINHO et al., 2022; SCHILD et al., 2013) 
 
As maiores dificuldades em se tirar conclusões desta revisão da literatura científica 
que concerne ao tema estão no fato de que os artigos consultados apresentam 
discrepância e, até mesmo, contradições entre si. Por exemplo, SOBRINHO, et al. 
(2022) afirmam que a taxa de sucesso do tratamento conservador varia de 67% a 
100%, enquanto SCHILD. et al. (2013) colocam essa taxa de sucesso como sendo 
de 20% a 80%. Entretanto, espera-se que a revisão da literatura médica e nutricional 
sobre ascite quilosa seja benéfica no sentido de trazer uma luz sobre a direção que 
futuras pesquisas sobre o tema devem tomar, em especial, no que diz respeito ao 
tratamento conservador, no qual a terapia nutricional tem papel importante, se não 
central. (SOBRINHO et al., 2022; SCHILD et al., 2013) 
 
Em relação às taxas de mortalidade de pacientes com ascite quilosa, os dados 
também apresentam divergências. SCHILD et al. (2013) apontam uma taxa de 
mortalidade de 25%, enquanto WENIGER et al. (2015) afirmam que essa taxa 
corresponde a 20%. Já DOERR et al. (2001) apresentaram a taxa de mortalidade de 
pacientes com ascite quilosa como sendo de 50%, um valor consideravelmente mais 
alto que os anteriores. (SCHILD et al., 2013; WENIGER et al., 2015; DOERR et al., 
2001) 
 
Do fato de que os dados estatísticos apresentados pelos autores têm divergências 
entre si e do fato de que, como apontam SCHILD etal. (2013), faltam estudos 
randomizados sobre a condição, depreende-se que é preciso investir em pesquisas 
sobre o tratamento da ascite quilosa. Por mais rara que seja a etiologia, é uma 
 
7 
condição com taxas de mortalidade elevadas. A pesquisa bibliográfica é um primeiro 
passo para a compreensão do problema, síntese de ideias de diferentes autores e 
apresentação de dados estatísticos que precisam ser melhor investigados em futuras 
pesquisas. 
 
O objetivo deste trabalho é apresentar uma síntese das informações descritas na 
literatura acerca da ascite quilosa, uma vez que, por se tratar de uma etiologia rara, 
há poucos estudos randomizados sobre o tema que respondem de forma clara a 
questão de qual o melhor tratamento para a ascite quilosa e de qual deve ser a 
duração desse tratamento. 
 
O chamado tratamento conservador é o primeiro a ser introduzido, por ser 
minimamente invasivo e de baixo custo. O tratamento conservador inclui a terapia 
nutricional e, se bem-sucedido, poupa o paciente de maiores incômodos e o sistema 
de saúde de gastos com internações e tratamentos mais invasivos. Então, o objetivo 
desta pesquisa bibliográfica é tirar conclusões da literatura médica e nutricional sobre 
o tema que possam aprimorar a terapia nutricional, que é parte central do tratamento 
conservador, visando a redução dos dias de internação dos pacientes com essa 
patologia e dos gastos do sistema de saúde. 
 
2. METODOLOGIA 
Foi feita uma pesquisa bibliográfica em artigos científicos sobre a ascite quilosa e, a 
partir disso, serão apresentadas as discussões encontradas em diferentes autores e 
tais discussões servirão de base para se levantar hipóteses que ajudarão na 
elaboração de ideias para futuras pesquisas sobre o tema, principalmente, a respeito 
do papel da terapia nutricional no tratamento de tal condição. 
 
Foram consultados nove artigos científicos, publicados entre 1995 e 2022. Analisou-
se, em cada artigo, dados estatísticos sobre a condição da ascite quilosa: taxa de 
incidência, causas, taxa de mortalidade e taxa de sucesso do tratamento conservador; 
e principalmente, buscou-se responder à questão de quais alimentos devem ser 
incluídos na terapia nutricional, a qual é parte central do tratamento conservador. 
 
 
8 
Foram selecionados para a pesquisa os artigos que abordassem a questão de forma 
clara e didática, que apresentassem dados estatísticos relevantes para embasar os 
argumentos e que trouxessem informações significativas sobre a terapia nutricional 
na ascite quilosa, que é o tema central a ser abordado neste trabalho. 
 
3. DESENVOLVIMENTO 
A ascite quilosa é uma etiologia multifatorial. DOERR et al. (2001) apontam as 
possíveis causas como sendo: neoplasias (50% dos casos); trauma, podendo ser 
tanto por razões cirúrgicas, quanto não-cirúrgicas (25% dos casos); outras causas 
diversas (10% das ocorrências). Há, ainda, os casos idiopáticos (15%), que 
correspondem à maioria das incidências em neonatais (de forma congênita). 
WENIGER et al. (2015), por sua vez, apresentam um panorama mais detalhado das 
ocorrências registradas na literatura dos casos de causa cirúrgica: de 0,17% a 2% 
dos casos de ascite quilosa como complicação pós-operatória aparecem após cirurgia 
ginecológica pélvica; 1% a 6,6% dos casos, após cirurgia colorretal ; 4.7% após 
cirurgias hepáticas, incluindo transplante de fígado; 3,8% a 5;1%, após nefrectomia; 
e, de um 1% a 10% das incidências, após cirurgia pancreática. Os autores ainda 
colocam que os fatores de risco que podem levar ao desenvolvimento da ascite 
quilosa são: idade avançada, sexo feminino, trauma cirúrgico, ascite pré-operatória e 
baixa albumina pré-operatória, pancreatite crônica, quimioterapia, tumores 
retroperitoneais, tumores regados pela artéria mesentérica, remoção prévia de 
linfonodos, manipulação da região para-aórtica, ressecção vascular concomitante, 
perda sanguínea acentuada em procedimentos cirúrgicos, hemicolectomia direita e 
alimentação enteral precoce. (DOERR et al., 2001; WENIGER et al., 2015) 
 
O quilo é um líquido leitoso, composto por albumina, gorduras e células (das quais 
95% são linfócitos). Sendo assim, a perda contínua de quilo pode levar a um quadro 
de desnutrição e imunodeficiência. As consequências nutricionais da ascite quilosa 
para o paciente dependem de seu estado nutricional prévio, da duração da condição 
e da quantidade de quilo perdida com tal condição. Um alto fluxo linfático pode levar 
a um comprometimento do quadro hidroeletrolítico, com redução do plasma 
sanguíneo (hipovolemia), redução da concentração plasmática de sódio 
(hiponatremia) e acidose metabólica. Também é importante observar se há depleção 
dos níveis de gordura e de vitaminas lipossolúveis e monitorar constantemente a 
 
9 
contagem total de linfócitos e de células sanguíneas. Diante de tal problemática, a 
terapia nutricional na ascite quilosa teria dois objetivos principais: recuperar o estado 
nutricional do paciente após a perda de quilo, repondo os nutrientes faltantes devido 
a essa perda; e reduzir a formação de linfa por meio de alimentação adequada, 
fazendo com que o paciente apresente evolução clínica. (SOBRINHO et al., 2022) 
 
O chamado tratamento conservador da ascite quilosa reúne as formas menos 
invasivas e menos custosas de intervenção médica, dentre as quais estão a terapia 
nutricional baseada em uma dieta hiperproteica e hipolipídica, com suplementação de 
TCM, e, em alguns casos, pode-se realizar nutrição parenteral. A literatura acerca de 
ascite quilosa apresenta dados um pouco divergentes acerca da taxa de sucesso do 
tratamento conservador, mas pode-se colocar uma média de 75% dos casos de ascite 
quilosa como sendo possíveis de se tratar dessa forma. Por sua simplicidade e baixo 
custo, a terapia dietética é costumeiramente a primeira estratégia de tratamento a ser 
adotada. E, se bem-sucedida, pode reduzir os custos do tratamento e o período de 
internação do paciente. (SOBRINHO et al., 2022, SCHILD et al., 2013; WENIGER et 
al., 2015) 
 
Visando a redução da produção linfática e a recuperação do quadro de desnutrição 
causado pela perda de quilo, o paciente com ascite quilosa deve ser submetido a uma 
dieta hiperproteica e hipolipídica, com um ajuste fino da suplementação de ácidos 
graxos, já que o quilo tem triglicerídeos como um dos principais componentes. 
SOBRINHO et al. (2022) indicam uma dieta com ingestão de clara de ovo, laticínios 
desnatados, leguminosas e grãos integrais, em que os dois últimos representam as 
principais fontes de energia (carboidratos). A ingestão diária de gordura deve ser de 
20 a 30 gramas. Deve-se observar também a suplementação de TCM e outros ácidos 
graxos. Aos pacientes em terapia nutricional devem ser administrados suplementos 
de TCM em quantidades adequadas para suprir suas necessidades calóricas. 
Recomenda-se uma dosagem de 50-60 g/dia, resultando em 400-500 Kcal/dia. Essa 
dosagem pode ser dividida em várias doses de 15-20 mL por dia, as quais costumam 
ser bem toleradas. É aconselhável fazer uma introdução gradual a fim de minimizar 
possíveis problemas de intolerância. (SOBRINHO et al., 2022) 
 
 
10 
Entretanto, há casos especiais em que a prescrição dietética merece atenção 
redobrada. Para pacientes com diabetes descompensado e pacientes com cirrose 
hepáticas, ou outras condições em que há cetose ou acidose, por apresentarem maior 
risco de cetoacidose, a suplementação de TCM deve ser limitada ou, até mesmo, 
contraindicada dado o potencial cetogênico do TCM. (SOBRINHO et al., 2022) 
 
Além disso, como os óleos fontes de TCM não contêm ácidos graxos essenciais 
(AGE), os autores afirmam que de 2 a 4% das calorias ingeridas pelo paciente em 
terapia nutricional devem ser provenientes de AGE contidos em óleos de soja, milho 
e girassol. Em caso de intolerância, os AGE podem ser administrados por meio de 
emulsõeslipídicas intravenosas. É importante também administrar aos pacientes, 
suplementos multivitamínicos para prevenir a deficiência de vitaminas lipossolúveis. 
(SOBRINHO et al., 2022). 
 
Por se tratar de uma condição rara, existe pouca informação acerca da ascite quilosa 
na literatura médica e os dados disponíveis podem apresentar divergências entre si 
pelo fato de as pesquisas sobre o tema serem esparsas. Enquanto SOBRINHO et al. 
(2022) acreditam que, até por sua simplicidade e baixo custo, a terapia dietética seja 
promissora como principal tratamento na maioria dos casos de ascite quilosa, outros 
autores, como SCHILD et al. (2013), apontam que somente a dieta é insuficiente na 
maioria dos casos, sendo necessário recorrer à paracentese, para drenar parte da 
linfa da cavidade peritoneal, e à administração de medicamentos como octreotide ou 
outros análogos da somatostatina. Os autores também indicam uma dieta com 
suplementação de TCM via parenteral, por ser absorvida diretamente pelo sistema da 
veia porta, sem entrar em contato com os vasos linfáticos do intestino ou com o ducto 
torácico (SCHILD et al., 2013; SOBRINHO et al., 2022) 
 
DOERR et al. (2001) afirmam que há uma tendência na literatura sobre ascite quilosa 
de se estabelecer comparações entre as taxas de sucesso de tratamentos cirúrgicos 
e não-cirúrgicos. Os autores não fogem muito dessa tendência, mas fazem a 
importante observação de que o sucesso de um ou outro tratamento vai depender 
bastante das condições individuais de cada paciente e da causa para o 
desenvolvimento da ascite quilosa. Sua pesquisa concluiu que o tratamento 
conservador sozinho é mais efetivo em crianças, chegando a uma taxa de sucesso 
 
11 
de 80%. Para pacientes adultos, em geral, é preferível um tratamento mais duradouro, 
de aproximadamente 2 semanas, com drenagem torácica por paracentese e suporte 
nutricional. 
 
Em resumo, dos autores consultados, SOBRINHO et al. (2022) e WENIGER et al. 
(2015) são os mais otimistas em relação ao tratamento conservador. Divergem, 
entretanto, na questão: nutrição enteral versus nutrição parenteral. SOBRINHO et al. 
(2022) acreditam que a terapia nutricional (enteral) é a que deve ser tentada primeiro. 
Afirmam que a nutrição parenteral total (NPT) tem a vantagem de permitir o descanso 
do aparelho digestivo e diminuir o fluxo linfático, bem como de proporcionar rápida 
recuperação do estado eletrolítico do paciente. Contudo não recomendam a NTP 
como medida inicial de tratamento, primeiramente porque há grandes chances de 
sucesso da terapia nutricional administrada via enteral, depois, por ser um 
procedimento que envolve riscos, como canulação da linha central, infecção e 
obstrução, além de ser um procedimento mais caro que uma simples prescrição 
dietética. WENIGER et al. (2015), por sua vez, afirmam que a NTP sozinha foi bem-
sucedida em 77% a 100% dos casos, em 75% dos quais houve suplementação de 
TCM. Os autores ainda ressaltam que, em sua pesquisa, estavam incluídos estudos 
em que não se especificava se se tratava de simples suplementação de TCM ou de 
NTP; tais estudos apontaram uma taxa de sucesso do tratamento conservador de 
71% a 100% (SOBRINHO et al., 2022; WENIGER et al., 2015) 
 
SCHILD et al. (2013) descrevem, do ponto de vista médico, como deve ser 
administrado o tratamento conservador e quais os procedimentos posteriores, em 
caso de falha do tratamento conservador. Segundo os autores, o tratamento 
conservador apresenta uma taxa de sucesso de 20% a 80%, o que configura um valor 
de incerteza bastante elevado. Afirmam, ainda, que a NTP é usualmente o primeiro 
procedimento a ser tentado em pacientes com ascite quilosa, em especial, nos casos 
em que a ascite quilosa aparece como complicação pós-operatória, já que sua 
pesquisa aponta que a terapia nutricional via enteral não é, frequentemente, suficiente 
para tratar a condição. Os autores não especificam, entretanto, as razões pelas quais 
a NTP deve ser preferível em comparação com a nutrição enteral. (SCHILD et al., 
2013) 
 
 
12 
Finalmente, DOERR et al. (2001) trazem uma maior variedade de especificações que 
tornam o tratamento conservador preferível a intervenções mais invasivas e vice-
versa. Os autores ressaltam a importância de se levar em consideração as condições 
individuais de cada paciente, bem como da causa do desenvolvimento da ascite 
quilosa. É, contudo, o estudo mais antigo dos estudos publicados, então é preciso 
levar em consideração o fato de que alguns dos dados que apresenta pode estar 
desatualizados. (DOERR et al., 2001) 
 
O estudo de SOBRINHO et al. (2022) é o mais atual e o que traz maiores informações 
sobre a nutrição adequada para pacientes com ascite quilosa, portanto é dele que foi 
possível obter a maior parte das conclusões relevantes para este trabalho. Os outros 
artigos consultados, todavia, foram importantes para que se pensasse em algumas 
especificidades que podem estar envolvidas no tratamento da ascite quilosa. Por se 
tratar de uma patologia rara, há poucos estudos sobre o tema, en tão essa revisão da 
literatura médica é importante para que se levantem ideias a partir dos resultados de 
diferentes estudos e se pense em quais rumos as futuras pesquisas sobre o assunto 
devem tomar. 
 
Ainda que os artigos analisados não apresentem informações conclusivas sobre qual 
a melhor forma de se iniciar a terapia nutricional na ascite quilosa: enteral ou 
parenteral, é indiscutível que os pacientes com ascite quilosa necessitam de uma 
dieta capaz de recuperar seu estado nutricional debilitado pelas perdas de nutrientes 
intrínsecas à perda de quilo. 
 
Em geral, recomenda-se uma dieta hiperproteica e hipolipídica, com suplementação 
de triglicerídeos de cadeia média (TCM), ácidos graxos essenciais (AGE) e vitaminas 
lipossolúveis. A fonte de energia (carboidratos) dessa dieta deve ser leguminosa e 
grãos integrais. Os TCM devem ser administrados de forma a comporem 400-500 
Kcal do total ingerido. AGE devem compor de 2% a 4% da ingestão calórica. 
Recomenda-se a introdução gradual da suplementação lipídica, a fim de se evitar 
intolerâncias. Pacientes com comorbidades que apresentam cetose e/ou acidose 
devem ter essa suplementação limitada ou, a depender do caso, excluída, dado o 
potencial cetogênico dos TCM. É indicado, ainda, administrar a suplementação de 
 
13 
TCM, nos casos em que isso é feito por via enteral, misturada em sucos e/ou molhos, 
devido ao sabor pouco agradável dos TCM. (SOBRINHO et al., 2022) 
 
Embora a questão da nutrição enteral versus NPT seja inconclusiva nos artigos 
analisados, é possível levantar algumas hipóteses. Como apontam SOBRINHO et al. 
(2022), a NPT tem a vantagem de permitir o descanso do sistema digestivo e de levar 
a uma rápida recuperação do quadro eletrolítico do paciente, então é provável que 
seja uma estratégia mais importante nos casos em que a quantidade de quilo perdida 
é grande, quando há necessidade de paracentese e em casos em que a ascite quilosa 
foi ocasionada por cirurgia abdominal. A última hipótese, inclusive, tem algum 
embasamento no estudo de WENIGER et al. (2015), o qual aponta que a NPT sozinha 
é bem-sucedida no tratamento de pacientes que apresentaram ascite quilosa como 
complicação pós-operatória em cirurgias pancreáticas. Entretanto, é preciso que haja 
mais pesquisas para melhor delimitar em quais casos a NTP se faz necessária e em 
quais não. (SOBRINHO et al., 2022;) 
 
Outro tópico que carece de mais estudos e investigações é a adequação da terapia 
nutricional para pacientes com ascite quilosa que apresentem acidose e/ou cetose, 
em comorbidades como diabetes descompensado e cirrose hepática. Sabe-se que, 
nesses casos, a suplementação de TCM deve ser limitada ou excluída. Como lidar, 
então, com as perdas de triglicerídeos por esses pacientes? Quais as consequências 
de não se realizar tal suplementaçãonesses pacientes? Esses são questionamentos 
importantes que poderiam ser respondidos em um estudo que avalie especificamente 
pacientes com quadro de cetose e acidose, principalmente porque a ascite é uma 
condição relativamente comum associada à cirrose hepática. 
 
 
 
4. CONCLUSÕES 
A ascite quilosa é uma patologia rara e, por essa razão, há poucos dados disponíveis 
na literatura médica e nutricional acerca do tema. Além disso, os estudos disponíveis 
podem apresentar divergências, as quais se devem principalmente à escassez de 
casos disponíveis para análise. 
 
 
14 
A revisão dos artigos consultados, ainda assim, trouxe esclarecimentos sobre a 
composição de uma dieta adequada para o tratamento da etiologia, as taxas de 
sucesso do tratamento conservador, as causas mais comuns e as comorbidades que 
requerem cuidados especiais em relação à posologia dos suplementos de TCM. 
 
Esta pesquisa bibliográfica permitiu, ainda, o levantamento de hipóteses a respeito 
de quais casos são mais propensos a ter maior taxa de sucesso com NPT e levantou 
uma questão importante, não abordada em nenhum dos estudos analisados: quais as 
consequências da não suplementação de TCM em pacientes com cetose e/ou 
acidose e como tais consequências podem ser contornadas? 
 
A decisão entre nutrição enteral e parenteral talvez dependa de cada caso, analisado 
individualmente, levando-se em consideração os fatores apontados por DOERR et al. 
(2001), como idade do paciente e fator desencadeador da ascite quilosa. Todavia, 
seria proveitoso realizar-se mais estudos que trouxessem maior clareza sobre o 
tópico e que confirmassem ou refutassem as hipóteses aqui levantadas. (DOERR et 
al., 2001) 
 
Além disso, a questão das consequências nutricionais da não suplementação de TCM 
para pacientes que apresentam comorbidades com quadro de cetose e/ou acidose 
parece de extrema relevância, ainda mais que a ascite é, muitas vezes, uma condição 
associada à cirrose hepática. Seria, portanto, interessante realizar um estudo que 
analisasse esses casos em específico. 
 
 
 
 
 
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