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Órtese Prof.ª Juliana Rosa Nascimento PrÓtese e Indaial – 2021 1a Edição Impresso por: Elaboração: Prof.ª Juliana Rosa Nascimento Copyright © UNIASSELVI 2021 Revisão, Diagramação e Produção: Equipe Desenvolvimento de Conteúdos EdTech Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Ficha catalográfica elaborada pela equipe Conteúdos EdTech UNIASSELVI N244p Nascimento, Juliana Rosa Prótese e órtese. / Juliana Rosa Nascimento – Indaial: UNIASSELVI, 2021. 178 p.; il. ISBN 978-65-5663-865-2 ISBN Digital 978-65-5663-860-7 1. Ortopedia. - Brasil. II. Centro Universitário Leonardo da Vinci. CDD 610 Olá, acadêmico! Seja bem-vindo ao Livro Didático Prótese e Órtese. A proposta desse material é reunir elementos que se entendem necessários para o desenvolvimento do estudo acadêmico com segurança e qualidade. Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão acerca de conteúdos relacionados à fisioterapia na prescrição de órteses, próteses e dispositivos auxiliares de marcha, possibilitando-lhe ampliar conceitos específicos da área e atuar de forma competente e conscienciosa. Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivi- didas em tópicos, de forma didática, objetiva e coerente. Em vista disso, na Unidade 1, serão introduzidos conceitos acerca das órteses, próteses e DAM, assim como suas classificações e principais indicações. Ainda, aprofun- daremos o estudo sobre os DAM e a prescrição fisioterapêutica. Por fim, abordaremos conceitos sobre a fisioterapia no pré e pós-operatório de protetização, os níveis e com- plicações das amputações, avaliação físico-funcional do paciente amputado e a reabilitação fisioterapêutica durante o pré e pós-operatório de amputações. Em seguida, na Unidade 2, estudaremos as principais classificações e indicações das órteses para quadril e membros inferiores (joelho, tornozelo, órteses plantares e órteses para a região pélvica), órteses para os membros superiores (ombro e região clavicular, cotovelo, punho, mãos e dedos) e órteses espinhais (coluna cervical, torácica e lombar). Por fim, na Unidade 3, aprenderemos sobre as classificações, indicações das próteses para membros superiores e inferiores, bandagens funcionais e órteses esportivas nas disfunções da articulação coxofemoral, acromioclavicular, disfunções de cotovelo e antebraço e disfunções da mão e do punho. Bons estudos! Prof.ª Juliana Rosa Nascimento APRESENTAÇÃO Olá, acadêmico! Para melhorar a qualidade dos materiais ofertados a você – e dinamizar, ainda mais, os seus estudos –, nós disponibilizamos uma diversidade de QR Codes completamente gratuitos e que nunca expiram. O QR Code é um código que permite que você acesse um conteúdo interativo relacionado ao tema que você está estudando. Para utilizar essa ferramenta, acesse as lojas de aplicativos e baixe um leitor de QR Code. Depois, é só aproveitar essa facilidade para aprimorar os seus estudos. GIO Olá, eu sou a Gio! No livro didático, você encontrará blocos com informações adicionais – muitas vezes essenciais para o seu entendimento acadêmico como um todo. Eu ajudarei você a entender melhor o que são essas informações adicionais e por que você poderá se beneficiar ao fazer a leitura dessas informações durante o estudo do livro. Ela trará informações adicionais e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto estudado em questão. Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material-base da disciplina. A partir de 2021, além de nossos livros estarem com um novo visual – com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura –, prepare-se para uma jornada também digital, em que você pode acompanhar os recursos adicionais disponibilizados através dos QR Codes ao longo deste livro. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com uma nova diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página – o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo. Preocupados com o impacto de ações sobre o meio ambiente, apresentamos também este livro no formato digital. Portanto, acadêmico, agora você tem a possibilidade de estudar com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. Preparamos também um novo layout. Diante disso, você verá frequentemente o novo visual adquirido. Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar os seus estudos com um material atualizado e de qualidade. QR CODE Acadêmico, você sabe o que é o ENADE? O Enade é um dos meios avaliativos dos cursos superiores no sistema federal de educação superior. Todos os estudantes estão habilitados a participar do ENADE (ingressantes e concluintes das áreas e cursos a serem avaliados). Diante disso, preparamos um conteúdo simples e objetivo para complementar a sua compreensão acerca do ENADE. Confira, acessando o QR Code a seguir. Boa leitura! ENADE LEMBRETE Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma disciplina e com ela um novo conhecimento. Com o objetivo de enriquecer seu conheci- mento, construímos, além do livro que está em suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, por meio dela você terá contato com o vídeo da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complementa- res, entre outros, todos pensados e construídos na intenção de auxiliar seu crescimento. Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo. Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada! SUMÁRIO UNIDADE 1 — ÓRTESES, PRÓTESES E DISPOSITIVOS AUXILIARES DE MARCHA .......................................................................................1 TÓPICO 1 — INTRODUÇÃO ÀS ÓRTESES, PRÓTESES E DISPOSITIVOS AUXILIARES DE MARCHA .................................................................. 3 1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 3 2 CLASSIFICAÇÕES E INDICAÇÕES DAS ÓRTESES ............................................. 6 2.1 CLASSIFICAÇÃO DAS ÓRTESES ........................................................................................7 2.1.1 Classificação quanto ao tempo de utilização ........................................................7 2.1.2 Classificação quanto à função ..................................................................................................7 2.1.3 Classificação quanto à funcionalidade ................................................................10 2.1.4 Classificação quanto à confecção .........................................................................11 3 CLASSIFICAÇÕES E INDICAÇÕES DAS PRÓTESES ......................................... 12 3.1 TIPOS E CLASSIFICAÇÕES DAS PRÓTESES .................................................................13 4 DISPOSITIVOS AUXILIARES DE MARCHA E LOCOMOÇÃO .............................. 16 RESUMO DO TÓPICO 1 .......................................................................................... 19 AUTOATIVIDADE ...................................................................................................20 TÓPICO 2 — DISPOSITIVOS AUXILIARES DE MARCHA .......................................23 1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................23 2 BENGALAS .........................................................................................................24 2.1 MARCHA E TRANSFERÊNCIAS COM O USO DA BENGALA ..................................... 25 3 MULETAS ............................................................................................................ 27 3.1 MARCHA E TRANSFERÊNCIAS COM AS MULETAS ....................................................28 4 ANDADOR ...........................................................................................................304.1 MARCHA E TRANSFERÊNCIAS COM O USO DO ANDADOR .................................... 32 RESUMO DO TÓPICO 2 ..........................................................................................34 AUTOATIVIDADE ...................................................................................................35 TÓPICO 3 — FISIOTERAPIA NO PRÉ E PÓS-OPERATÓRIO DE PROTETIZAÇÃO .......................................................................... 37 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 37 2 NÍVEIS DE AMPUTAÇÃO ....................................................................................38 3 AVALIAÇÃO E REABILITAÇÃO DO PACIENTE AMPUTADO ..............................43 LEITURA COMPLEMENTAR .................................................................................. 47 RESUMO DO TÓPICO 3 ..........................................................................................53 AUTOATIVIDADE ...................................................................................................54 REFERÊNCIAS .......................................................................................................56 UNIDADE 2 — ÓRTESES E SUAS APLICAÇÕES NA FISIOTERAPIA ....................59 TÓPICO 1 — ÓRTESES PARA QUADRIL E MEMBROS INFERIORES ..................... 61 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 61 2 PRINCIPAIS ÓRTESES DESTINADAS AOS MEMBROS INFERIORES ............... 61 2.1 ANKLE-FOOT ORTHOSIS (TORNOZELO E PÉ) ............................................................. 62 2.2 KNEE-ANKLE-FOOT ORTHOSIS (JOELHO-TORNOZELO-PÉ) .................................64 2.3 HIP-KNEE-ANKLE-FOOT ORTHOSIS (QUADRIL-JOELHO-TORNOZELO-PÉ) .......67 2.4 ÓRTESES PLANTARES .....................................................................................................68 2.4.1 Arcos plantares ......................................................................................................... 69 2.4.2 Avaliação do pé e prescrição de palmilhas .......................................................72 2.4.3 Órteses de modificação interna ...........................................................................74 2.4.4 Órteses de modificação externa ..........................................................................76 RESUMO DO TÓPICO 1 .......................................................................................... 79 AUTOATIVIDADE ...................................................................................................80 TÓPICO 2 — ÓRTESES PARA A COLUNA VERTEBRAL ........................................83 1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................83 2 ÓRTESES PARA COLUNA CERVICAL ............................................................... 84 3 ÓRTESES PARA COLUNA TORÁCICA, LOMBAR E SACROILÍACA ...................89 RESUMO DO TÓPICO 2 ..........................................................................................94 AUTOATIVIDADE ...................................................................................................95 TÓPICO 3 — ÓRTESES PARA MEMBROS SUPERIORES....................................... 97 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 97 2 ÓRTESES PARA O OMBRO .................................................................................98 3 ÓRTESES PARA O COTOVELO .........................................................................100 4 ÓRTESES PARA MÃO, PUNHO E DEDOS .........................................................102 LEITURA COMPLEMENTAR ................................................................................ 107 RESUMO DO TÓPICO 3 ......................................................................................... 111 AUTOATIVIDADE ................................................................................................. 112 REFERÊNCIAS ......................................................................................................115 UNIDADE 3 — PRÓTESES E ÓRTESES EM SITUAÇÕES ESPECIAIS ..................119 TÓPICO 1 — PRÓTESES PARA MEMBROS INFERIORES .................................... 121 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................... 121 1.1 PRÓTESES PARA MEMBROS INFERIORES ..................................................................122 RESUMO DO TÓPICO 1 ........................................................................................133 AUTOATIVIDADE .................................................................................................134 TÓPICO 2 — PRÓTESES PARA MEMBROS SUPERIORES E COLUNA VERTEBRAL .................................................................................... 137 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................... 137 2 PRINCIPAIS PRÓTESES PARA MEMBROS SUPERIORES .............................. 139 2.1 PRÓTESES PARA COLUNA VERTEBRAL ................................................................... 145 RESUMO DO TÓPICO 2 ........................................................................................148 AUTOATIVIDADE .................................................................................................149 TÓPICO 3 — BANDAGENS FUNCIONAIS E ÓRTESES ESPORTIVAS ..................151 1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................151 2 ÓRTESES E BANDAGENS PARA O COMPLEXO DO TORNOZELO E DO PÉ ..... 153 2.1 ÓRTESES E BANDAGENS PARA O COMPLEXO DO JOELHO ................................. 159 2.2 ÓRTESES E BANDAGENS PARA O COMPLEXO DO QUADRIL ............................... 161 2.3 ÓRTESES E BANDAGENS PARA O COMPLEXO DO OMBRO .................................. 163 2.4 ÓRTESES E BANDAGENS PARA O COMPLEXO DO COTOVELO ........................... 165 LEITURACOMPLEMENTAR ................................................................................. 167 RESUMO DO TÓPICO 3 ........................................................................................ 172 AUTOATIVIDADE ................................................................................................. 173 REFERÊNCIAS ..................................................................................................... 175 1 UNIDADE 1 — ÓRTESES, PRÓTESES E DISPOSITIVOS AUXILIARES DE MARCHA OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de: • conceituar órtese, prótese e dispositivos auxiliares de marcha; • compreender as principais indicações e contraindicações das órteses, próteses e dispositivos auxiliares de marcha; • compreender as principais classificações das órteses, próteses e dispositivos auxiliares de marcha; • realizar uma adequada prescrição dos dispositivos auxiliares de marcha; • realizar a avaliação físico-funcional de pacientes amputados; • reabilitar pacientes no período pré e pós-operatório de amputações. A cada tópico desta unidade você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado. TÓPICO 1 – INTRODUÇÃO ÀS ÓRTESES, PRÓTESES E DISPOSITIVOS AUXILIARES DE MARCHA TÓPICO 2 – DISPOSITIVOS AUXILIARES DE MARCHA E LOCOMOÇÃO TÓPICO 3 – FISIOTERAPIA NO PRÉ E PÓS-OPERATÓRIO DE PROTETIZAÇÃO Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações. CHAMADA 2 CONFIRA A TRILHA DA UNIDADE 1! Acesse o QR Code abaixo: 3 INTRODUÇÃO ÀS ÓRTESES, PRÓTESES E DISPOSITIVOS AUXILIARES DE MARCHA TÓPICO 1 — UNIDADE 1 1 INTRODUÇÃO Caro acadêmico, neste primeiro tópico serão debatidos conceitos básicos sobreas características das órteses, próteses e dispositivos auxiliares de marcha (DAM), com a finalidade de iniciarmos nosso processo de construção do conhecimento acerca dos assuntos que serão abordados nas três unidades subsequentes. Atualmente, com os avanços da tecnologia, cada vez mais pessoas estão conseguindo acesso às órteses e próteses, assim como aos DAM. Por isso, é de extrema importância que o profissional fisioterapeuta tenha conhecimento sobre o assunto, a fim de realizar a prescrição adequada desses equipamentos ao seu paciente. De acordo com Matiello e Vasconcelos (2019), a órtese é uma palavra derivada do grego, que significa correção/colocação, se trata de um dispositivo aplicado em um segmento corporal para modificar as características estruturais e funcionais de tal segmento. Órtese é, então, todo e qualquer aparelho, dispositivo, instrumento ou adaptação terapêutica que auxiliará o indivíduo em sua função motora. Além disso, possui finalidades conjuntas ou isoladas, de acordo com a necessidade específica do caso a ser tratado. As órteses são consideradas como um recurso terapêutico auxiliar ao tratamento, aplicado externamente ao corpo para substituir um poder motor ausente, recuperar a função, posicionar ou imobilizar a articulação, prevenir ou corrigir deformidades, proteger estruturas em processo de cicatrização e permitir remodelagem ou crescimento tecidual (MATIELLO; VASCONELOS, 2019). Da mesma forma, são dispositivos utilizados para evitar compensações e deformidades, bem como para melhorar a capacidade funcional do paciente. Alguns exemplos de órteses muito utilizadas na atualidade são: órteses para estabilização de articulações, marca-passo, dispositivos auditivos, cintos para estabilização da coluna vertebral, colete cervical, entre outros (TEIXEIRA, 2015). 4 FIGURA 1 – EXEMPLO DE ÓRTESES FONTE: <https://bit.ly/3B6evry>. Acesso em: 21 set. 2021. Já a prótese, por definição, segundo Carvalho (2013), é caracterizada como um dispositivo auxiliar, com função de substituir um membro, um órgão ou um tecido. São indicadas principalmente para substituir segmentos amputados ou malformados, como próteses para membros e articulações. Com isso, as órteses exercem funções específicas sobre um segmento corpóreo, enquanto as próteses substituem tal segmento, como podemos observar na Figura 2. FIGURA 2 – EXEMPLO DE PRÓTESE E ÓRTESE DE MEMBRO INFERIOR FONTE: <https://br.pinterest.com/pin/40954677849022401/>. Acesso em: 21 set. 2021. A figura a seguir apresentará alguns exemplos de próteses utilizadas para substituir membros ou articulações: 5 FIGURA 3 – EXEMPLOS DE PRÓTESES PARA MEMBROS INFERIORES FONTE: <https://bit.ly/30HXlE6>. Acesso em: 21 set. 2021. Segundo Teixeira (2015), outros exemplos de próteses utilizados na atualidade são: próteses que substituem válvulas cardíacas, implantes dentários, próteses mamárias e próteses oculares. FIGURA 4 – PRÓTESES MAMÁRIAS FONTE: <https://bit.ly/3CbRftC>. Acesso em: 21 set. 2021. FIGURA 5 – PRÓTESE CARDÍACA E VÁLVULA METÁLICA FONTE: <https://static.ndmais.com.br/2020/11/proteses.jpg>. Acesso em: 21 set. 2021. 6 Por fim, os dispositivos auxiliares de marcha (DAM), que são considerados como equipamentos de órteses, no entanto, não se enquadram nessa função, uma vez que possuem objetivos específicos como auxiliar nas transferências e na marcha de pacientes que apresentam prejuízos de mobilidade. Os DAM, como bengalas, muletas e andadores, fazem parte de programas multidimensionais de prevenção de quedas, visto que melhoram a independência funcional, a mobilidade, o equilíbrio, a base de suporte e reduzem os efeitos de uma ampla gama de deficiências (CARVALHO, 2013). FIGURA 6 – EXEMPLOS DE DISPOSITIVOS AUXILIARES DE MARCHA FONTE: <https://neuroreabilitar.files.wordpress.com/2016/08/meios.jpg?w=439&h=439> Acesso em: 21 set. 2021. Com isso, este tópico abordará, a seguir, os principais tipos e indicações das órteses, próteses e DAM. Preparados? Vamos lá! 2 CLASSIFICAÇÕES E INDICAÇÕES DAS ÓRTESES Com relação à história das órteses, os primeiros registros do seu uso são no Egito, e datam dos anos de 2750 a 2625 a.C., de acordo com registros arqueológicos, nossos antepassados utilizavam as órteses para o tratamento de fraturas e outras lesões de tecidos moles, como entorses de tornozelo. Nesse período, as órteses serviam basicamente como uma tala, imobilizando o segmento corporal afetado e, com isso, facilitando o processo de reparo do tecido ósseo (CARVALHO, 2013). Posteriormente, há relatos de que Hipócrates (460-377 a.C.) passou a utilizar as órteses para tratamento de outras condições, tais como: escolioses, luxações e malformações congênitas. No entanto, apesar das órteses serem utilizadas desde a antiguidade, a grande expansão no seu uso ocorreu após as Guerras Mundiais, visto que causaram muitas sequelas musculoesqueléticas decorrentes das amputações e outros ferimentos de guerra. Diante disso, houve um avanço importante na confecção das órteses, visando atender as demandas da época (CARVALHO, 2013). 7 No que diz respeito aos materiais utilizados para confecção das órteses, inicialmente, essas eram confeccionadas principalmente em metal, couro e tecido. Atualmente, com o avanço tecnológico, as órteses são fabricadas com materiais mais leves e resistentes, tais como: couro, ligas metálicas, termoplásticos, espumas, polímeros viscoelásticos e fibras de carbono (CARVALHO, 2013). As espumas geralmente são utilizadas como uma interface de proteção entre as órteses e a pele, principalmente em áreas vulneráveis a lesões como as proeminências ósseas (CARVALHO, 2013). 2.1 CLASSIFICAÇÃO DAS ÓRTESES Utilizadas como um adjunto no processo de reabilitação, as órteses favorecem o tratamento terapêutico. Contudo, observa-se que as mesmas devem ser criteriosa e adequadamente indicadas, elaboradas e confeccionadas com vistas à atenção às necessidades da pessoa e, sobretudo, apropriadamente adaptadas. As órteses possuem diversas classificações, conforme a seguir. 2.1.1 Classificação quanto ao tempo de utilização • Órteses para uso temporário: são confeccionadas para serem utilizadas por um curto período (dias ou semanas) e, por isso, geralmente são pré-fabricadas ou fabricadas com materiais mais simples (CARVALHO, 2013). • Órteses para uso definitivo: indicadas para casos de sequelas neurológicas, como acidente vascular encefálico, paralisia cerebral e traumatismo raquimedular. Devem ser confeccionadas sob medida, com materiais resistentes e leves, de forma a facilitar a adaptação do paciente à órtese (CARVALHO, 2013). 2.1.2 Classificação quanto à função • Órteses para repouso: são utilizadas nos casos em que os movimentos articulares de determinado segmento não são permitidos, a fim de evitar piora da lesão ou aumento do quadro álgico. Como exemplo, podemos citar a tipoia para estabilizar o ombro em uma luxação glenoumeral (CARVALHO, 2013), conforme a Figura 7. 8 FIGURA 7 – EXEMPLO DE ÓRTESE PARA REPOUSO – TIPOIA FONTE: <https://bit.ly/3nhb0K5>. Acesso em: 22 set. 2021. • Órteses para imobilização: as órteses utilizadas para imobilização devem evitar qualquer movimento do segmento envolvido, sendo, portanto, indicadas em casos de traumas importantes ou em cuidados de pós-operatório imediato. Como exemplo, pode-se citar a órtese tipo Jewett, utilizada para fratura de corpo vertebral; ou órteses de Sarmiento, utilizadas para estabilização de fraturas (CARVALHO, 2013). FIGURA 8 – ÓRTESE DE SARMIENTO PARA ESTABILIZAÇÃO DE FRATURA FONTE: <https://bit.ly/3B5C1VQ>. Acesso em: 22 set. 2021. • Órteses para proteção: as órteses com objetivo de proteção são indicadas principalmente para se evitar traumas repetitivos e lesões em regiões com alteração sensitiva ou limitar movimentos indesejados. Podemos citar, por exemplo, órteses plantares para pés neuropáticos e joelheiras articuladascom controle da amplitude de movimento (CARVALHO, 2013). 9 • Órteses para propriocepção: as órteses com finalidade proprioceptiva permitem aos pacientes a realização de atividades com menor risco de lesões ou recidivas. Também podem ser utilizadas para facilitar a manutenção postural. Essas órteses são flexíveis e permitem movimentos articulares. As tornozeleiras e os corretores posturais são exemplos de órteses proprioceptivas (CARVALHO, 2013). FIGURA 9 – ÓRTESE PARA PROPRIOCEPÇÃO FONTE: < https://bisturi.com.br/17391-large_default/mercur-tornozeleira-ziper-gg.jpg >. Acesso em: 22 set. 2021. • Órteses para correção: as órteses para correção podem ser utilizadas em situações nas quais ainda é possível reverter um encurtamento, retração ou desvio articular não estruturado, como em casos de padrão flexor de membros superiores, encurtamento do tendão do calcâneo e nas escolioses. O correto posicionamento na aplicação dos vetores de força sobre o segmento corpóreo é fundamental para um resultado satisfatório (CARVALHO, 2013). Com relação à terminologia, as órteses podem ser classificadas quanto à região anatômica que está sendo envolvida pela órtese: regiões da coluna vertebral, articulações e segmentos de membros superiores e inferiores emprestam seus nomes para denominar as órteses. As funções ou os efeitos que as órteses tenham ou que produzam nos locais que estejam vestindo também são consideradas (CARVALHO, 2013). Convencionou-se utilizar as iniciais das articulações ou segmentos corpóreos envolvidos pelas órteses, no sentido craniocaudal, em inglês; e a letra “o”, correspondente à orthosis, no final, colaborando para uma comunicação mais clara e eficaz (CARVALHO, 2013). Vejamos a figura a seguir. 10 FIGURA 10 – NOMENCLATURA RELACIONADA AOS NÍVEIS ANATÔMICOS FONTE: Vasconcelos e Matiello (2019, p. 19) Na figura 10, temos a seguinte legenda: AFO = ankle-footorthosis; KAFO = knee- ankle-footorthosis; HO = hip orthoses; KO = knee orthoses e HKAFO = hip- knee – ankle – foot orthosis. 2.1.3 Classificação quanto à funcionalidade • Órteses estáticas: as órteses estáticas possuem como principais funções a imobi- lização, repouso, proteção, sustentação e correção. Quanto às principais indicações para a utilização desse tipo de órtese, podemos citar: incapacidades neurológicas, musculares e articulares, sequelas de fraturas, queimaduras, condições pré-operatórias e patologias ortopédicas que exijam repouso relativo (MATIELLO; VASCONCELOS, 2019). FIGURA 11 – ÓRTESE ESTÁTICA FONTE: <https://ufscarlafatec.wordpress.com/orteses/>. Acesso em: 22 set. 2021. 11 • Órteses dinâmicas: as órteses dinâmicas são aquelas que permitem movimentos articulares. Têm como objetivo corrigir deformidades causadas por desequilíbrio muscular, por meio de tração suave e constante, enquanto permite que os músculos normais se mantenham ativos. São indicadas para auxiliar e direcionar os movimentos, podendo a amplitude de movimento permitida ser limitada ou livre. São fabricadas com materiais flexíveis que permitem a realização dos movimentos desejados (VASCONCELOS; MATIELLO, 2019). FIGURA 12 – ÓRTESE DINÂMICA FONTE: <https://www.orfit.com/app/uploads/Dynasyst-2.jpg>. Acesso em: 22 set. 2021. 2.1.4 Classificação quanto à confecção • Órteses pré-fabricadas: são aquelas fabricadas em série e, geralmente, confeccionadas em termoplásticos de alta temperatura ou diferentes tecidos. São fabricadas em larga escala e vários tamanhos, além de materiais flexíveis. Como exemplo, podemos citar os colares cervicais, coletes lombares e joelheiras. O benefício deste tipo de órtese é o baixo custo e a praticidade (MATIELLO; VASCONELOS, 2019). FIGURA 13 – ÓRTESE PRÉ-FABRICADA: COLAR CERVICAL EM ESPUMA FONTE: <https://bit.ly/3B7fUxW>. Acesso em: 22 set. 2021. 12 • Órteses confeccionadas sob medida: são confeccionadas diretamente sobre o paciente, proporcionando uma adaptação adequada. Como vantagem, podemos realizar o alinhamento da amplitude de movimento e mobilidade permitida para a articulação envolvida, considerando a evolução do paciente. Como desvantagem, possuem um custo mais elevado quando comparadas às órteses pré-moldadas, além de um maior período de entrega (MATIELLO, 2019). FIGURA 14 – ÓRTESE SOB MEDIDA FONTE: <https://bit.ly/3m5lHQD>. Acesso em: 22 set. 2021. 3 CLASSIFICAÇÕES E INDICAÇÕES DAS PRÓTESES Conforme mencionado, as próteses são equipamentos empregados visando à substituição de um membro em pacientes que sofreram amputações e realizaram a remoção total ou parcial de um membro (INSS, 2017). Os primeiros registros do uso das próteses são de 484 a.C, quando houve uma confecção de prótese de pé, confeccionada em madeira, para substituir essa estrutura após uma amputação. Posteriormente, durante a Segunda Guerra Mundial, passaram a ser desenvolvidas algumas próteses em ferro para substituir principalmente partes de membros superiores e inferiores, que eram amputadas durante as batalhas. Já no século XX, houve um avanço importante no desenvolvimento das próteses, sendo estas mais leves e funcionais, proporcionando uma melhor adaptação dos pacientes ao uso da prótese (CARVALHO, 2013). Nesse sentido, com o desenvolvimento da tecnologia, no fim do século XX e início do século XXI, houve a confecção de próteses mais modernas, com sistemas mecatrônicos acoplados, tornando as próteses mais funcionais e adequando-as às reais necessidades dos pacientes (CARVALHO, 2013). 13 3.1 TIPOS E CLASSIFICAÇÕES DAS PRÓTESES As próteses podem ser utilizadas por meio de implantação cirúrgica (implantáveis) ou não cirúrgica. Dentre as próteses implantáveis, podemos citar as de substituição de alguma estrutura, como quadril, joelho ou discos intervertebrais (INSS, 2017). FIGURA 15 – EXEMPLO DE PRÓTESE IMPLANTÁVEL NA ARTICULAÇÃO DO JOELHO FONTE: <https://bit.ly/3m0Q4HL>. Acesso em: 22 set. 2021. FIGURA 16 – PRÓTESE IMPLANTÁVEL DE QUADRIL FONTE: <https://bit.ly/3juOuw2>. Acesso em: 22 set. 2021. As próteses do tipo não implantáveis são as mais empregadas em pacientes que passaram por amputações de membros, uma vez que não necessitam de procedimento cirúrgico para serem colocadas. Esses tipos de próteses são classificados em diferentes grupos, de acordo com a função, a estrutura e o tipo de energia que utilizam para gerar a função (INSS, 2017). 14 FIGURA 17 – EXEMPLO DE PRÓTESE NÃO IMPLANTADA FONTE: <https://bit.ly/3EmwJHBf>. Acesso em: 22 set. 2021. Quanto a sua função, as próteses podem ser classificadas em ativas ou passivas. As próteses ativas possuem funcionalidade ao paciente, enquanto as passivas são empregadas de forma estética, para melhorar o aspecto da falta do membro. As próteses ativas permitem diferentes níveis de movimento, e ambas (passivas e ativas) possuem benefícios na dessensibilização do coto, conforto e melhora da imagem corporal (VASCONCELOS, 2019). FIGURA 18 – PRÓTESE PASSIVA DE MÃO FONTE: <https://img.medicalexpo.com/pt/images_me/photo-mg/80284-5266067.webp>. Acesso em: 22 set. 2021. 15 FIGURA 19 – PRÓTESE ATIVA DE MÃO FONTE: <https://bit.ly/3C8FJPB>. Acesso em: 22 set. 2021. Quanto a sua estrutura, as próteses são classificadas em exoesqueléticas e endoesqueléticas. As próteses exoesqueléticas (convencionais) são confeccionadas com estrutura exterior em material rígido. Nesses casos, emprega-se materiais como: polipropileno, madeira, alumínio, fibra de carbono ou resina acrílica laminada, entre outros. Já as próteses endoesqueléticas (modulares) são formuladas com um sistema especial, chamado de sistema tubular. Esse sistema é conectado a encaixes específicos, formulados em aço, alumínio ou titânio. Podem, ainda, ser formuladas com um revestimento cosmético. Por serem mais leves que as próteses exoesqueléticas, elas permitem uma variedade de adaptações (VASCONCELOS, 2019). Por fim, com relação ao tipo de energia utilizada, elaspodem ser classificadas como: emendoenergéticas, exoenergéticas ou híbridas. As próteses endoenergéticas são próteses do tipo mecânicas e utilizam a propulsão muscular para gerar movimento. Nesses casos, a energia do paciente é transmitida para a prótese por estruturas, como correias e tirantes, gerando o movimento (INSS, 2017). Ao contrário das endoenergéticas, as próteses exoenergéticas possuem um mecanismo de propulsão de modo artificial. Nesses casos, são utilizadas propulsões elétricas, pneumáticas ou mioelétricas. As próteses híbridas, por sua vez, combinam duas características em uma mesma prótese (INSS, 2017). FIGURA 20 – PRÓTESE EXOENERGÉTICA FONTE: <https://www.ortosan.com.br/produtos/protese-mioeletrica/28>. Acesso em: 22 set. 2021. 16 FIGURA 21 – PRÓTESE ENDOENERGÉTICA FONTE: <https://bit.ly/3B8lOim>. Acesso em: 22 set. 2021. 4 DISPOSITIVOS AUXILIARES DE MARCHA E LOCOMOÇÃO Os DAM também podem ser chamados de equipamentos de assistência à mobilidade, e incluem uma série de aparelhos que auxiliam os pacientes nas suas funções motoras do dia a dia. Entretanto, para que tenham uma boa efetividade, é necessário que o fisioterapeuta auxilie o paciente adequadamente, indicando, ajustando e ensinando ao paciente a adequada utilização do dispositivo (CHAMLIAN, 2010). Para tanto, é importante que o fisioterapeuta tenha conhecimento sobre os principais componentes desses equipamentos, as medidas de prescrição e o modo correto de utilização, a fim de garantir ao paciente o uso de um equipamento cuja estrutura esteja adequada e seja capaz de promover as funções desejadas. Quando devidamente indicados, esses equipamentos proporcionam ao paciente uma maior estabilidade durante a marcha e a redução da carga em membros inferiores, reduzindo dores articulares e compensando fraquezas (CHAMLIAN, 2010). Além disso, esses dispositivos ampliam as funções físicas, fornecendo maior liberdade de movimento, equilíbrio, estabilidade e independência ao paciente. Os pacientes beneficiados pelo uso dos DAM incluem sujeitos acometidos por disfunções cinético-funcionais temporárias e permanentes, permitindo caminhar ou deslocar-se com maior segurança, rapidez e menor gasto energético (CHAMLIAN, 2010). A prescrição DAM depende da interação entre fatores individuais, ambientais e inerentes ao equipamento, devendo estar condicionada ao contexto da reabilitação. A pessoa com deficiência deverá receber treinamento, orientações e acompanhamento do uso do recurso de forma a garantir a segurança e efetividade do equipamento prescrito (CHAMLIAN, 2010). Dentre os principais DAM podemos citar as bengalas, andadores e muletas. 17 FIGURA 22 – MODELOS VARIADOS DE BENGALAS FONTE: <https://bit.ly/3E6oijd>. Acesso em: 22 set. 2021. FIGURA 23 – MODELOS VARIADOS DE MULETAS FONTE: < https://fenixcirurgica.com.br/site/wp-content/uploads/2019/01/muletas-1.jpg>. Acesso em: 22 set. 2021. FIGURA 24 – MODELOS DE ANDADORES FONTE: <https://bit.ly/3B1mOVv>. Acesso em: 22 set. 2021. 18 No próximo tópico, estudaremos cada tipo de DAM, de forma detalhada e as próximas unidades serão voltadas para o detalhamento das órteses e das próteses. ESTUDOS FUTUROS 19 Neste tópico, você aprendeu: • Órtese é um apoio ou dispositivo externo aplicado ao corpo para modificar os aspectos funcionais ou estruturais do sistema neuromusculoesquelético para obtenção de alguma vantagem mecânica ou ortopédica. • As órteses podem ser classificadas quanto a sua função (repouso, imobilização, proteção, propriocepção e correção), funcionalidade (estáticas ou dinâmicas) e confecção (pré-fabricadas ou sob medida). • Prótese é o componente artificial que tem por finalidade suprir necessidades e funções de indivíduos sequelados por amputações, traumas ou deficiências físicas de nascença. Quando uma pessoa perde algum membro do corpo, no lugar é posto uma prótese. • As próteses podem ser do tipo implantáveis ou não-implantáveis, passivas ou ativas e energéticas ou exoenergéticas. • Os DAM, como bengalas, muletas e andadores, fazem parte de programas multidimensionais de prevenção contra quedas, visto que melhoram a independência funcional, a mobilidade, o equilíbrio e a base de suporte, assim como reduzem os efeitos de uma ampla gama de deficiências. RESUMO DO TÓPICO 1 20 1 Existem inúmeras órteses para membros superiores disponíveis para compra. Elas diferem em mecânica, função, material utilizado, entre outras características. Com relação às características das órteses de membros superiores, assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) As órteses podem ser estáticas (imobilização) ou funcionais, em relação à mecânica. b) ( ) As órteses de repouso são utilizadas na fase aguda de lesões dos membros superiores. c) ( ) Todas as órteses são pré-fabricadas e se ajustam às necessidades de cada paciente. d) ( ) Os termoplásticos são mais usados para confecção, pois são leves, flexíveis e duráveis. 2 Quando se fala em órtese, prótese e dispositivos auxiliares de marcha, há uma grande confusão sobre esses termos, que são distintos, mas que na prática, por vezes, são utilizados de maneira errônea. Sobre o exposto, analise as sentenças a seguir: I - Quando o objetivo é substituir um segmento corporal amputado, indica-se o uso de uma órtese. II - Marca-passo, dispositivos auditivos, cintos para estabilização de coluna vertebral e colete cervical, são exemplos de órteses. III - Implantes dentários são exemplos de órteses comumente utilizados na atualidade. IV - Próteses controladas pelo sistema nervoso do paciente são chamadas de neuropróteses. V - Bengalas e andadores auxiliam o paciente na marcha e são classificados como próteses. Sobre a utilização correta dos termos órtese, prótese e dispositivos auxiliares de marcha, assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) As sentenças I e II estão corretas. b) ( ) As sentenças I e III estão corretas. c) ( ) As sentenças II e IV estão corretas. d) ( ) As sentenças III e IV estão corretas. AUTOATIVIDADE 21 3 As órteses e próteses são classificadas de acordo com a sua funcionalidade em equipamentos estáticos ou dinâmicos e a função que desempenham. Sobre o exposto, assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) Órteses estáticas são indicadas para pacientes que necessitem de movimentos articulares, com alguma amplitude de movimento articular. b) ( ) Colares cervicais e tipoias, indicados para casos em que se objetive imobilização, são considerados órteses dinâmicas. c) ( ) Nas órteses estáticas podem ser inseridos acessórios como molas, polias, elásticos, dentre outros. d) ( ) Órteses estáticas proporcionam suporte, repouso, estabilização, imobilização, correção ou proteção de alguma estrutura corporal. 4 Órtese é todo e qualquer aparelho, dispositivo, instrumento ou adaptação terapêutica que auxilie o indivíduo em sua função motora. Trata-se de um dispositivo ou aparelho mecânico com finalidades conjuntas ou isoladas, de acordo com a necessidade específica do caso a ser tratado. Poderá ser aplicado a um ou vários segmentos do corpo com finalidade de proporcionar o melhor alinhamento possível, buscando sempre a posição funcional, ou seja, a mais adequada. Disserte sobre o momento da participação e o papel do fisioterapeuta no tratamento do usuário de uma órtese. 5 Deve-se ressaltar o papel do Fisioterapeuta na correta indicação, uso e manutenção de uma órtese. Com base no exposto, disserte sobre as condutas fisioterapêuticas que devem ser tomadas com pacientes que utilizam a órtese. 22 23 DISPOSITIVOS AUXILIARES DE MARCHA UNIDADE 1 TÓPICO 2 — 1 INTRODUÇÃO Neste tópico, continuaremos nosso estudo sobre os dispositivos auxiliares de marcha (DAM), os quais podem ser indicados para diversas finalidades: • auxiliar a marcha; • prevenirquedas (principalmente em indivíduos idosos); • reduzir a sobrecarga nas articulações; • melhorar o controle motor, promovendo um feedback sensorial; • redução da sobrecarga física ao cuidador, entre outros Hardi et al. (2014 apud PORTO et al., 2019, p. 172). Os DAM, como bengalas, muletas e andadores, fazem parte de programas multidimensionais de prevenção de quedas, visto que melhoram a independência funcional, a mobilidade, o equilíbrio e a base de suporte, além de reduzirem os efeitos de uma ampla gama de deficiências (GANZ, 2007). Sabe-se que as quedas correspondem à principal causa de lesões e hospitalizações em idosos com mais de 65 anos, por isso, saber utilizar corretamente os DAM é de suma importância para essa população, a fim de evitar quedas e, consequentemente, perda da independência funcional. Estima-se que aproximadamente 6,8 milhões de pessoas nos Estados Unidos usem DAM Quando há indicação para o uso do DAM, este deverá ser prescrito por um profissional habilitado, que realizará uma série de avaliações, tais como: a avaliação da força muscular do sujeito, resistência, equilíbrio, marcha, função cognitiva, dor e demandas ambientais (BRADLEY; HERNANDEZ, 2011). Os pacientes não devem ser desencorajados a comprar ou pegar emprestado um DAM sem antes receber a prescrição adequada do fisioterapeuta ou outro profissional habilitado. Por isso, os profissionais de saúde envolvidos com a população idosa devem rotineiramente avaliar o DAM de seus pacientes, para garantir uma altura adequada, ajuste e manutenção, bem como orientar o uso correto do dispositivo (BRADLEY; HERNANDEZ, 2011). A prescrição correta de um dispositivo depende de uma avaliação detalhada do idoso, considerando fatores como a força e resistência muscular à fadiga, controle postural (equilíbrio e postura), função cognitiva, condicionamento cardiorrespiratório e as próprias exigências ambientais do indivíduo, assim como sua condição financeira (SCHMITZ, 2010). 24 2 BENGALAS Como mencionado em nossos estudos, a principal função das bengalas é aumentar a base de apoio, reduzindo a descarga de peso no membro inferior afetado e, com isso, melhorar a estabilidade dinâmica e equilíbrio do paciente. É indicada para pessoas com instabilidade postural (que apresentam histórico de quedas recorrentes ou medo de cair) e indivíduos com dor unilateral de quadril, tornozelo ou joelho. Sua utilização se dá na mão oposta ao membro afetado, a fim de diminuir a sobrecarga na musculatura do quadril, reduzir a compressão das articulações e auxiliar o paciente em situações como subir e descer escadas (SCHMITZ, 2010). O quadro a seguir apresenta um breve resumo dos principais tipos de bengalas, bem como suas características, vantagens e desvantagens. QUADRO 1 – TIPOS E CARACTERÍSTICAS DAS BENGALAS TIPO DE BENGALA CARACTERÍSTICAS VANTAGENS DESVANTAGENS Convencional Feita de madeira, alu- mínio ou plástico. Apoio de mão em formato de meio círculo/cajado ou tradicional. Melhora do equilí- brio; baixo custo; cabe em espaços pequenos, como em escadas. Mais pesadas do que a de alumínio; não poderá ser ajustada. Ajustável de alumínio Apoio de mão em meio círculo ou tradicional; altura ajustável. Ajuste de altura adequado; leveza; cabe em escadas. Possui custo mais ele- vado e quando o ponto de apoio é anteriorizado poderá causar algumas complicações, como a síndrome do túnel do carpo. Ajustável de alumínio com recuo Possui recuo anterior no corpo da bengala criando um cabo reto ou recuado; altura ajustável. Permite que a pres- são seja colocada no centro da bengala para maior estabili- dade. Preço elevado em comparação às conven- cionais ou de alumínio ajustáveis. Quatro apoios Material: alumínio. Base de apoio ampla através dos quatro pontos de contato com o solo. Oferece apoio sobre uma base larga (au- mento da base de suporte); facilmente ajustável. Mais pesada do que a bengala convencional; de difícil utilização em superfícies instáveis. A seguir, serão detalhados os principais dispositivos auxiliares de marcha, suas características, indicações e a correta prescrição de uso a ser realizada pelo fisioterapeuta. 25 Tipo andador Feita em alumínio; base muito ampla; as pernas são mais distantes do paciente, anguladas para manter contato com o solo e promover estabilidade; dobrável. Base de apoio larga; mais estáveis do que as bengalas de quatro pontos; podem ser dobradas e guardadas com facilidade. Não podem ser utilizadas em escadas; mais caras do que as bengalas de quatro pontas. Com rodas Feita em alumínio. Base ampla e com rodas, altura ajustável, possui freio sensível à pressão manual. A base com rodas permite que o peso seja aplicado de forma contínua; não é necessário levantar o dispositi- vo (progressão mais rápida). Requer força de membro superior e preensão para acionar mecanismo de freio; mais cara do que as bengalas de quatro pontas. FONTE: O autor 2.1 MARCHA E TRANSFERÊNCIAS COM O USO DA BENGALA Para a marcha, a bengala deverá ser posicionada no membro superior oposto ao membro afetado, com o objetivo de reduzir a sobrecarga articular neste membro. Ao deambular, a bengala e o membro inferior contralateral devem avançar simultaneamente. A bengala deverá encontrar-se relativamente próxima ao corpo, porém sem ser posicionada à frente dos dedos do membro inferior (GLISOI et al., 2018). FIGURA 25 – PADRÃO DE MARCHA UTILIZANDO A BENGALA FONTE: <https://msdmnls.co/2Zg2Byh>. Acesso em: 22 set. 2021. Quando os dois membros inferiores forem afetados, é preciso que o fisioterapeuta decida, juntamente ao paciente, de qual lado a bengala ficará, optando pelo lado menos comprometido. Deverá ser avaliado qual lado o paciente apresenta melhor equilíbrio e resistência física para deambulação, segurança durante a marcha e força de preensão palmar (GLISOI et al., 2018). 26 Com relação ao posicionamento da bengala, esta deverá permanecer a uma distância de cerca de 15 cm ao lado do membro inferior não afetado, e sua altura deverá ser ajustada próxima ao trocânter maior do fêmur, de forma que o cotovelo do idoso apresente um ângulo entre 15° e 30° de flexão (CAMARA et al., 2020). O uso de bengalas mais altas aumenta o risco de lesões no complexo do ombro, pela sua elevação constante, promovendo uma sobrecarga articular e muscular na região (CAMARA et al., 2020). DICA Para subir as escadas, o fisioterapeuta deverá orientar o paciente a segurar no corrimão, levando para o degrau primeiro o membro inferior não comprometido (ou em melhor condição), a seguir levar a bengala disposta na mão oposta ao membro inferior acometido e subir um degrau com esse membro. Para descer a escada, a orientação é diferente, o paciente deverá primeiramente posicionar a bengala no degrau, depois apoiar o membro inferior comprometido e, por último, o outro membro inferior, o qual suportará o peso do corpo (GLISOI et al., 2018). FIGURA 26 – DESCIDA DE ESCADAS COM A BENGALA FONTE: <https://bit.ly/3GdESQ7>. Acesso em: 22 set. 2021. Para se levantar, o paciente deverá ser orientado pelo fisioterapeuta a mover o corpo para frente na cadeira, inclinar o tronco anteriormente, pressionar para baixo com as duas mãos contra os apoios do assento e, após levantar-se, segurar a bengala, de forma que fique mais seguro, evitando que ela escorregue (GLISOI et al., 2018). 27 De uma forma geral, o fisioterapeuta deverá prescrever o uso de bengalas para pacientes com problemas de marcha, considerados moderados, pois este dispositivo não fornecerá um alto grau de estabilidade. Portanto, o indivíduo deverá apresentar alguns pré-requisitos básicos antes de utilizar a bengala, tais como: cognitivo preservado, bom equilíbrio, ajustes posturais antecipatórios e estratégias reativas preservadas (ALBUQUERQUE et al., 2018). 3 MULETAS As muletas sãoúteis para os pacientes que necessitam utilizar os membros superiores para sustentar o peso, permitindo uma deambulação funcional, com sustentação de peso restrita. Em geral, são utilizadas bilateralmente, com três modelos básicos: muletas axilares, de antebraço ou Lofstrand e de descarga de peso antebraquial (SAAD, 2007). A seguir, veremos algumas características de cada tipo de muleta. QUADRO 2 – TIPOS E CARACTERÍSTICAS DAS MULETAS TIPO DE MULETA CARACTERÍSTICAS VANTAGENS DESVANTAGENS Axilar Apoio axilar, empunhadura manual; altura regulável. Representa um alívio de até 80% da carga dos membros inferiores. A regulação incorreta do apoio axilar poderá causar compressão do nervo e artéria axilar. Lofstrand Possui uma braça- deira de antebraço para aumentar o braço de alavanca da empunhadura; mais adequada quando usada por períodos prolongados. Permitirá mobilidade em escadas, bem como para entrar e sair de automóveis; permitirá que a empunhadura seja solta sem que a muleta caia. Requererá maior controle e força em membros superiores; mais onerosas do que as muletas axilares. Apoio antebraquial Possui uma platafor- ma horizontal para todo o antebraço, que é utilizado para supor- tar o peso (em vez da mão). Indicada quando o punho não pode receber carga. Dificuldade no aprendizado do uso. FONTE: O autor. 28 3.1 MARCHA E TRANSFERÊNCIAS COM AS MULETAS A marcha do tipo mergulho é indicada quando há incapacidade de descarregar completamente o peso nos membros inferiores por algum motivo, como: consolidação e fratura pós-operatório de cirurgias ortopédicas, entre outros. Inicia-se a marcha com as muletas à frente do corpo e, enquanto há descarga de peso total nos membros superiores, os membros inferiores deverão ser impulsionados e deslocados até a frente da linha entre as muletas, ao mesmo tempo. Este padrão favorecerá uma velocidade de marcha rápida, porém, com gasto energético elevado e grande exigência de força de membros superiores (SAAD, 2007). A marcha de três pontos é indicada quando há incapacidade de descarregar o peso em um dos membros inferiores, como membro acometido por fratura, dor, amputação, pós-operatório, entre outros. Primeiramente, ambas as muletas deverão ser levadas à frente e, em seguida, o membro afetado. O peso do corpo deverá ser descarregado sobre as muletas e, por último, o membro não afetado irá à frente. Esse tipo de marcha exigirá que o paciente apresente atenção ao movimento e um adequado equilíbrio (SAAD, 2007). A marcha de quatro pontos é indicada para pacientes com fraqueza ou incoordenação bilateral dos membros inferiores. O indivíduo realizará a alternância entre os membros, ou seja, muleta esquerda, pé direito; muleta direita, pé esquerdo. Ela promoverá mais estabilidade do que a marcha de três pontos (SAAD, 2007). A marcha de dois pontos é a mais rápida e similar à marcha natural. A sequência de movimentos nesse padrão de marcha é a seguinte: muleta esquerda e pé direito juntos; muleta direita e pé esquerdo juntos. Essa marcha possui como vantagem a velocidade mais rápida do que na marcha em quatro apoios (LI; ARMSTRONG; CIPRIANI, 2001). FIGURA 27 – EXEMPLOS DE MARCHA COM MULETAS FONTE: <https://bit.ly/3GdqmrG>. Acesso em: 22 set. 2021. Com relação ao ato de subir e descer degraus, o fisioterapeuta deverá orientar o paciente que, ao subir as escadas, o membro inferior menos acometido deverá ser posicionado no primeiro degrau e as muletas, assim como o membro inferior acometido no degrau seguinte, progredindo a subida pelos demais degraus (GLISOI et al., 2018). 29 Ao descer as escadas, o movimento realizado é contrário ao da subida, pois o membro inferior mais acometido e as muletas devem iniciar o movimento de descida, sendo posicionados no primeiro degrau, seguidos pelo membro inferior menos acometido, progredindo a descida, dessa maneira, pelos degraus restantes. Quando houver corrimão, é indicado que uma muleta seja substituída por este apoio (GLISOI et al., 2018). FIGURA 28 – SUBIDA E DESCIDA DE ESCADAS COM MULETAS FONTE: <https://bit.ly/3B72xhl>. Acesso em: 22 set. 2021. Para sentar-se e levantar de forma correta, o paciente deverá ser orientado a levar o membro inferior mais acometido à frente e segurar ambas as muletas em uma das mãos, utilizando a outra mão para sentir o assento da cadeira, e se sentar lentamente. Para levantar-se, as muletas deverão ser colocadas à frente da cadeira, ambas as muletas deverão ser seguradas pela mão ipsilateral ao membro inferior menos acometido. O indivíduo deverá deslocar seu corpo para frente na cadeira, impulsionar-se para cima e deslocar seu peso para o membro inferior menos acometido. Ainda, uma outra opção é deixar as muletas de lado e utilizar a força dos membros superiores e do membro inferior não acometido para levantar-se (GLISOI et al., 2018). FIGURA 29 – SENTAR E LEVANTAR COM MULETAS FONTE: <https://bit.ly/3Ealv8D>. Acesso em: 22 set. 2021. 30 Se liga nessa dica de artigo: PORTO, J.M; et al. Recomendações para prescrição de dispositivos auxiliares da marcha em idosos. Acta Fisiatr, v. 26, n. 3, p. 171-175, 2019. DICA 4 ANDADOR Por fim, querido acadêmico, discutiremos sobre os andadores, dispositivos auxiliares de marcha muito utilizados pela população idosa. Os andadores fornecem três a quatro pontos de contato com o solo e, assim, auxiliam na melhora do equilíbrio devido a alguns fatores, como: o aumento da base de suporte, que promove uma maior estabilidade para o usuário. Quando comparados às bengalas e muletas, propiciam maior senso de segurança aos sujeitos que apresentam medo de cair ao andar (SCHMITZ, 2010). A altura dos andadores poderá ser ajustável, geralmente variando de 81 a 92 cm. Normalmente são feitos de alumínio tubular e pegadores de vinil moldado. Existem alguns recursos adicionais que o andador poderá fornecer, como: cestas, sistemas de travagem, assentos, deslizadores, apoios de mãos, mecanismo dobrável e pegadores (SCHMITZ, 2010). O andador deverá ser posicionado levemente à frente do corpo do idoso, para proporcionar uma base de suporte estável, assim como a sua altura deverá ser ajustada de forma que apresente um ângulo entre 15° e 30° de flexão dos cotovelos (SCHMITZ, 2010). FIGURA 30 – POSICIONAMENTO CORRETO PARA O USO DO ANDADOR FONTE: <https://bit.ly/3B0yRT6>. Acesso em: 22 ser. 2021. 31 Com relação aos modelos encontrados no mercado, há cinco principais tipos de andadores, sendo eles: andador articulado; fixo; com rodas dianteiras; de quatro rodas; e de três rodas (VAN HOOK, 2003). No quadro a seguir, encontraremos as descrições, vantagens e desvantagens de cada um deles. QUADRO 3 – TIPOS E CARACTERÍSTICAS DOS ANDADORES TIPO DE ANDADOR CARACTERÍSTICAS VANTAGENS DESVANTAGENS Articulado Quatro pernas com pontas de borracha; mobilidade unilateral Não é necessário erguer o andador. Contraindicado para usar em escadas, volu- moso e menos estável que o fixo. Fixo Quatro pernas com pontas de borracha; não apresenta mobilidade em nenhum dos planos. Melhor estabilidade; maior sensação de segurança; ampla base de suporte; ideal para pessoas com fraqueza de membros inferiores. O uso em escadas é contraindicado; volumoso; padrão de marcha mais lento e controlado; requer maior atenção; não é aconselhável para pessoas com déficit cognitivo e fraqueza de membros superiores; maior gasto energético; flexão de tronco não funcional. Rodas dianteiras Duas pernas traseiras com pontas de borracha e duas dianteiras com rodas; não apresenta mobilidade em nenhum dos planos. Poderá ser utilizado em pessoas com déficit cog- nitivo, com problemas de ombro e incapazes de er- guer o andador; velocidade de marcha mais funcional e rápida. O uso em escadas é contraindicado; volu- moso; maior chance de perder controle; re- dução do balanço dos membros superiores; flexão nãofuncional de tronco durante a marcha. Quatro rodas Quatro pernas com rodas (fixas ou com suporte giratório) e não apresenta mobilidade em nenhum dos planos. Poderá ser utilizado em pessoas com déficit cogni- tivo e problemas de ombro e incapazes de erguer o andador; velocidade de marcha mais funcional e rápida. Uso em escadas con- traindicado; volumoso; redução do balanço dos membros superio- res; maior chance de perder seu controle; menos estável. Três rodas Modelo tripé; três pernas com rodas (fixas ou com suporte giratório); roda da frente pode girar para qualquer direção e as duas rodas traseiras são unidirecionais. Poderá ser utilizado em pessoas com déficit cognitivo, problemas de ombro e incapazes de erguer o andador; permite manobras e mudanças de direção com um círculo de giro pequeno; é dobrável, de fácil utilização; marcha mais funcional e rápida. Uso em escadas con- traindicado; volumoso; redução do balanço dos membros superio- res; maior chance de perder seu controle; menos estável FONTE: O autor. 32 4.1 MARCHA E TRANSFERÊNCIAS COM O USO DO ANDADOR Independentemente do tipo de andador, o fisioterapeuta deverá orientar o paciente para que caminhe sempre olhando para frente, mantendo um bom alinhamento postural e evitando o desequilíbrio. Além disso, deve-se evitar que o mesmo se aproxime muito do andador, uma vez que isso reduz a base de suporte, aumentando o risco de quedas (GLISOI et al., 2012). Os quatros apoios do andador devem ser transferidos e posicionados simultaneamente, evitando o balanço dos apoios ou deslizamento anterior do andador. Os pacientes que deambulam com andador fixo são orientados a retirarem completamente o andador do chão, colocá-lo à frente, levarem o membro inferior comprometido à frente e, depois, o segundo membro inferior, com um passo à frente do primeiro (SCHMITZ, 2010). No andador articulado, não há necessidade de erguer o andador, pois o movimento simultâneo dos braços auxilia no deslocamento, movendo um lado do andador para frente junto ao membro inferior e depois faz o mesmo no outro lado (SCHMITZ, 2010). Os andadores com três e quatro rodas promovem o deslizamento do dispositivo à frente, não sendo necessário erguer o mesmo (SCHMITZ, 2010). Os idosos deverão ser desestimulados a subir escadas ou usar escadas rolantes com o andador, devido à dificuldade de manuseá-lo e ao risco de queda. Há exceções em situações nas quais os degraus da escada forem compridos ao ponto de conseguir apoiar toda a base de suporte do andador (SCHMITZ, 2010). Para o ato de se sentar e levantar, devemos orientar o paciente para que se desloque para frente, posicione o andador em frente ao assento, pressione para baixo com as mãos nos apoios de braços ou assento, se necessário e, assim que se levantar, estender as mãos (uma de cada vez) para segurar o andador. Para sentar-se, o indivíduo se aproximará da cadeira com o uso do andador, realizando um pequeno círculo em direção ao lado mais forte, até sentir a cadeira contra suas pernas. Logo após, estenderá uma mão por vez em direção aos apoios de braço, e descerá de modo controlado até a cadeira (SCHMITZ, 2010). 33 FIGURA 31 – SENTAR E LEVANTAR COM O ANDADOR FONTE: <https://bit.ly/3putJ7O>. Acesso em: 22 set. 2021. Agora que já compreendemos aspectos, como: as características, indicações, vantagens e desvantagens dos principais dispositivos auxiliares de marcha, que tal você realizar umas questões de fixação sobre o assunto?! 34 Neste tópico, você aprendeu: • Dispositivos que auxiliam na marcha proporcionam estabilidade e apoio necessário aos pacientes com disfunções do aparelho locomotor. • Dentre os dispositivos de auxílio mais usados estão bengalas, muletas, andadores e cadeira de rodas. • Os DAM são utilizados para fornecer maior liberdade de movimento e independência enquanto ajudam no equilíbrio dos usuários. • As bengalas auxiliam na redistribuição do peso de um membro inferior fraco ou doloroso, aumentam a base de suporte e fornecem uma informação tátil ao paciente a respeito do piso. • As muletas são úteis para os pacientes que necessitarem utilizar os braços para apoio e propulsão. Elas poderão retirar ou reduzir a carga em um ou em ambos os membros inferiores, dependendo do objetivo. • Os andadores melhoram a estabilidade em pacientes com fraqueza dos membros inferiores ou déficit de equilíbrio. • O fisioterapeuta deverá conhecer os diversos dispositivos auxiliares de marcha, a fim de realizar a prescrição adequada para os seus pacientes. RESUMO DO TÓPICO 2 35 1 Ao escolher um dispositivo auxiliar da marcha, o fisioterapeuta deverá considerar a quantidade de apoio que o paciente necessitará e sua capacidade de manipular o dispositivo. Com relação aos dispositivos auxiliares de marcha, assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) Os andadores são utilizados quando são necessários apoio e estabilidade máxima pelo paciente. b) ( ) As barras paralelas são usadas pelos pacientes que não precisam de muita estabilidade ou apoio como o fornecido pelos andadores. c) ( ) As muletas axilares permitem que o paciente realize uma variedade maior de padrões de marcha e deambule com maior rapidez. d) ( ) Bengalas são mais estáveis que os andadores e exigem pouco equilíbrio em ortostatismo, bem como força de membro superior do corpo do paciente. 2 O uso de dispositivos auxiliares da marcha, como muletas e andadores, é indicado porque permitem que o paciente adquira maior independência funcional. Com relação ao uso de dispositivo auxiliar para marcha em idosos, assinale a afirmação CORRETA: a) ( ) O uso de bengala simples será suficiente para indivíduos que precisam de transferência de peso frequente. b) ( ) O uso de uma bengala de quatro apoios será indicado para idosos, quando apenas o uso de um dos membros superiores é necessário para melhora do equilíbrio. c) ( ) O uso do andador é necessário para indivíduos que precisam de transferência de peso frequente. d) ( ) O andador será indicado quando o uso dos dois membros superiores for necessário para a melhora do equilíbrio, durante a marcha, sem transferência de peso. 3 Paciente do sexo feminino, 70 anos, foi submetida a uma artroplastia total do quadril direito há 30 dias, devido à osteoartrose severa de quadril. Com relação ao uso de dispositivos auxiliares para marcha dessa paciente, assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) O uso da bengala deverá ser feito ipsilateralmente à cirurgia. b) ( ) As muletas axilares devem ser colocadas à frente, seguidas do membro inferior esquerdo e, depois, do membro inferior direito. c) ( ) A paciente deverá realizar a marcha de balanceio. d) ( ) Ao subir escadas, a paciente deverá primeiro subir o membro inferior esquerdo e, ao descer, a bengala e o membro inferior direito devem descer primeiro. AUTOATIVIDADE 36 4 Em um curso de Cuidadores Informais de Idosos, o fisioterapeuta ficou responsável por ensinar algumas técnicas básicas para o uso adequado de um dispositivo auxiliar da marcha: o andador. Com base nisso, disserte sobre a forma correta de ensinar o paciente a utilizar o andador: 5 Considere um paciente adulto jovem, em pós-operatório de fratura da diáfise do fêmur direito, após acidente automobilístico. Foi realizada uma fixação intramedular há 15 dias. Esse paciente está de alta hospitalar, liberado para apoio parcial (40% do peso corporal) e necessita de dispositivo auxiliar para marcha. Com base no caso clínico desta paciente, disserte sobre a indicação correta do dispositivo auxiliar de marcha para a paciente em questão. 37 TÓPICO 3 — FISIOTERAPIA NO PRÉ E PÓS-OPERATÓRIO DE PROTETIZAÇÃO UNIDADE 1 1 INTRODUÇÃO Acadêmico, neste tópico abordaremos a temática das amputações, bem como a atuação do fisioterapeuta no pré e pós-operatório de protetização. Inicialmente, é necessário que você entenda o quesignifica o termo amputação, que é utilizado para descrever a ausência total ou parcial de um membro (SOUZA; SANTOS; ALBUQUERQUE, 2019). Os primeiros relatos de amputações estão relacionados à Hipócrates, em 1529. Posteriormente, desenvolveram-se inúmeras novas técnicas cirúrgicas em amputações, inclusive durante as duas Guerras Mundiais, quando houve um crescimento do número de amputações decorrentes de ferimentos nos campos de batalha. A partir daí, com o passar dos anos, houve um grande desenvolvimento de tecnologias relacionadas às amputações, tornando-as cada vez mais seguras e efetivas (INSS, 2017). As amputações podem ser decorrentes de diversos fatores, tais como traumas, má formação, procedimentos cirúrgicos, entre outros. Também podem ser realizadas de forma eletiva ou em caráter de urgência, dependendo do caso de cada paciente. Em caráter de urgência, geralmente, decorrem de acidentes de trânsito e ferimentos por arma de fogo. Já as amputações eletivas são realizadas quando todas as demais opções terapêuticas já não forem mais viáveis, pois sabe-se que as amputações estão relacionadas a altas taxas de morbimortalidade e impactos negativos no âmbito psicossocial (SOUZA; SANTOS; ALBUQUERQUE, 2019). Com relação à etiologia, vários fatores podem levar a uma amputação, tais como a presença de doenças infecciosas ou parasitárias no membro, problemas no sistema circulatório, diabetes, gangrena, neoplasias, doenças de pele e malformações genéticas. A gangrena, por exemplo, é uma doença grave, que geralmente leva a uma amputação. Ela surge quando alguma região do corpo não está recebendo a quantidade de sangue necessária ou sofre uma infecção severa, podendo provocar a morte dos tecidos (SOUZA; SANTOS; ALBUQUERQUE, 2019), conforme demonstrará a Figura 32. 38 FIGURA 32 – GANGRENA PRÉ-AMPUTAÇÃO DAS FALANGES FONTE: <https://jpimg.com.br/uploads/2021/02/ny-post.jpg>. Acesso em: 22 set. 2021. A seguir, estudaremos os níveis das amputações e o papel do fisioterapeuta no contexto da reabilitação pré e pós-protetização. Vamos lá?! 2 NÍVEIS DE AMPUTAÇÃO As amputações, tanto de membros superiores quanto inferiores, podem ser realizadas em diferentes níveis e, segundo Kuhn (1997), a primeira preocupação da equipe multiprofissional não é com o nível da amputação e sim com a sobrevivência e prognóstico do paciente. Quando há possibilidade de escolha e a amputação for eletiva, a equipe levará em consideração a possibilidade de colocação de prótese, realizando a amputação em um nível que permitirá o maior grau de funcionalidade para o paciente em questão. Em vista disso, é fundamental para o fisioterapeuta, o conhecimento dos principais níveis de amputação, as alterações biomecânicas e limitações funcionais, visando a programação adequada da reabilitação do paciente, bem como sua protetização quando esta for possível (INSS, 2017). A amputação deverá ser diferenciada de desarticulação, pois a amputação consiste na remoção de um ou mais ossos, diferente de desarticulação que remove uma parte por meio de uma articulação (INSS, 2017). NOTA Com relação às amputações de membros inferiores, os níveis mais comuns são a desarticulação interfalangiana, desarticulação metatarsofalangiana, amputação trans- metatarsiana, desarticulação de Lisfranc, amputação naviculocuneiforme-transcubóide, desarticulação de Chopart, desarticulação de Syme, amputação de Pirogoff, amputação de Boyd, amputação transtibial, desarticulação de joelho, amputação transfemoral, desarti- culação de quadril e desarticulação sacrilíaca (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2013). 39 Para lembrar: o membro residual de amputação é denominado coto. IMPORTANTE A seguir serão listadas as características das amputações mais comuns relacionadas aos membros inferiores: • Amputação de Chopart: trata-se de uma desarticulação realizada entre os ossos navicular e cubóide com o tálus e calcâneo, respectivamente. Apresenta um predomínio dos músculos flexores plantares inseridos na tuberosidade posterior do calcâneo sobre a musculatura dorsiflexora. Este tipo de amputação é relacionado a um braço curto de alavanca, que normalmente evolui para um pé equino, reduzindo, dessa maneira, a área de apoio (CARVALHO, 2003). FIGURA 33 – AMPUTAÇÕES MAIS COMUNS DO PÉ FONTE: <https://blog.conforpes.com.br/wp-content/uploads/2020/02/amputacao-de-pe-1024x790.jpg>. Acesso em: 22 set. 2021. • Amputação de Syme: consiste na desarticulação talocrural e remoção dos maléolos medial, lateral e parte distal da cartilagem tibial. Permite descarga distal sobre o coto e a presença de espaço entre o coto e o solo, possibilitando uma protetização futura com o pé mecânico. A marcha sem prótese é possível, porém, por causa da dismetria dos membros, há claudicação. Esse nível de amputação é bastante indicado por ser considerado como um procedimento tecnicamente fácil, apresentar um coto bastante longo e durável com possibilidade de descarga distal e permitir uma reabilitação e protetização precoce (CARVALHO, 2003). 40 • Amputação de Pirogoff: é similar a de Syme, porém, é tecnicamente mais difícil e demorada. É caracterizada como uma artrodese entre a tíbia e o calcâneo. Como resultado, observamos um espaço menor entre o coto e o solo, quando comparado com a de Syme (CARVALHO, 2003). • Amputação de Boyd: é similar à amputação de Pirogoff, com uma artrodese do calcâneo seccionado com a superfície distal tíbiofibular. Porém, possui osteotomia horizontal (CARVALHO, 2003). • Amputação transtibial: ocorre entre a desarticulação tibiotársica e a de joelho. Podemos dividi-la em três níveis, ou seja: amputação transtibial em terço proximal, médio e distal. Os cotos transtibiais apresentam uma tendência à deformidade em flexão do joelho, tanto maior quanto mais proximal for o nível da amputação (CARVALHO, 2003). FIGURA 34 – PRINCIPAIS NÍVEIS DE AMPUTAÇÃO DE MEMBROS INFERIORES FONTE: INSS (2017, p. 14) • Amputação transtibial distal: possui um coto longo, o que promoverá um grande braço de alavanca, favorecendo a prótese. A deformidade em flexão do joelho é comum nesse caso. Dentre as vantagens desse tipo de amputação estão o menor gasto energético, marcha mais fisiológica e facilidade de protetização em função da manutenção da articulação do joelho (CATARIN, 2019). 41 FIGURA 35 – AMPUTAÇÃO TRANSTIBIAL FONTE: MAITIN (2016, p. 442). • Amputação no nível de desarticulação de joelho: preserva-se a patela. Em virtude do comprimento total do fêmur, o paciente apresenta um bom controle sobre a prótese. Além disso, apresenta boa alavanca de movimento, e não se observam deformidades importantes. Possui algumas vantagens quando comparada à amputação transfemoral, como a maior força muscular, melhor suspensão e adaptação da prótese e menor gasto energético durante a deambulação (CARVALHO, 2003). • Amputação transfemoral: amputação realizada entre a desarticulação de joelho e a de quadril, podendo ser caracterizada nos seguintes níveis: terço proximal, médio e distal. O coto geralmente apresenta deformidade em flexão e abdução de quadril. Os amputados transfemorais apresentam, durante a marcha, um gasto energético 65% maior que cidadãos não amputados (CATARIN, 2019). • Hemipelvectomia: é caracterizada como a amputação da perna toda, partes da pelve e, por vezes, partes da região sacral. O desnível pélvico é a principal causa das alterações biomecânicas nos pacientes submetidos a este tipo de amputação. Isto ocorre porque influencia no centro de gravidade e na aquisição da marcha futura destes pacientes (DENENO, 2017). Quanto aos membros superiores, os principais níveis de amputação são: • Desarticulação escapulotorácica. • Desarticulação glenoumeral ou de ombro. • Amputação transumeral. • Desarticulação do cotovelo. • Amputação de antebraço. • Desarticulação de punho. • Amputação transmetacarpal. • Amputação metacarpofalangeana. • Amputações interfalangeanas.42 FIGURA 36 – PRINCIPAIS NÍVEIS DE AMPUTAÇÃO DOS MEMBROS SUPERIORES FONTE: Matiello e Vasconcelos (2019, p. 61) • Desarticulação escapulotorácica: separação entre escápula e gradil costal, removendo a clavícula e a escápula. Geralmente está ligada a patologias malignas (MAITIN, 2016). • Desarticulação glenoumeral (ombro): nesse tipo de amputação, ocorre a retirada total do úmero, com preservação da clavícula e da escápula. Este tipo de desarticulação total deverá ser evitado sempre que possível, pois a ausência da cabeça umeral, além de ocasionar deformidades na região do ombro, poderá causar desvios importantes na coluna vertebral, principalmente nos casos de amputação unilateral (MAITIN, 2016). • Amputação transumeral: amputação realizada no úmero, podendo ser em diversos níveis. Consiste na retirada total do rádio e da ulna. O nível mais comum de amputação, nesse caso, é o medial. Nesses casos, quanto maior for o membro residual (se recomenda mais que 12 centímetros), mais fácil será a inserção e adaptações da prótese (INSS, 2017). • Amputação transradial: amputação entre a articulação do tornozelo e do punho. Trata- se da amputação mais comum realizada nos membros superiores. Sua desvantagem é a perda funcional dos movimentos de pronação e supinação (MAITIN, 2016). • Desarticulação do punho: consiste na retirada total da mão, preservando a integridade distal dos ossos do antebraço (MAITIN, 2016). Além desses níveis de amputação de membro superior, as amputações podem ocorrer na região da mão, e podem ser feitas em diferentes níveis nessa região, desde 43 amputações que promovam a desarticulação intercárpica, carpometacarpal, transme- tacarpal, amputações metacarpofalangeanas até amputações de interfalangeanas dis- tais ou proximais (INSS, 2017). 3 AVALIAÇÃO E REABILITAÇÃO DO PACIENTE AMPUTADO O coto de amputação é considerado o novo membro do paciente, e apresentará importantes funções na marcha e manutenção das posturas, como a ortostática, por exemplo. Para que ele tenha uma boa funcionalidade e controle da prótese, precisará apresentar algumas características, tais como: nível adequado, coto estável, presença de um bom coxim, bom estado da pele, ausência de neuromas terminais e espículas ósseas, boa circulação arterial e venosa, boa cicatrização e ausência de edema importante (MAITIN, 2016). FIGURA 37 – COTO ÍNTEGRO PÓS-AMPUTAÇÃO FONTE: <https://bit.ly/3B65NJW>. Acesso em: 22 set. 2021. FIGURA 38 – COTO COM ESCORIAÇÕES E NEUROMA FONTE: <https://bit.ly/3EddkbT>. Acesso em: 22 set 2021. 44 O processo de reabilitação deverá iniciar após a cicatrização da sutura cirúrgica, e cabe ao fisioterapeuta realizar uma criteriosa avaliação do paciente amputado, observando seu estado geral e as condições do coto (CARVALHO, 2003). Com relação aos objetivos do fisioterapeuta com o paciente na fase pré- protetização, podemos destacar: • Manutenção e ganho de força muscular. • Acolhimento e humanização. • Treinamento de transferências de postura. • Treinamento do equilíbrio. • Tratar e prevenir contraturas e deformidades. • Melhora do condicionamento físico e resistência. • Treinar a marcha com os dispositivos auxiliares (POP EBSERH, 2016). Após a protetização, são inseridos outros objetivos e condutas no contexto fisioterapeuta-paciente, tais como: • Orientar o manejo e colocação da prótese da maneira correta. • Orientar quanto aos cuidados com o coto (limpeza, prevenção de úlceras e enfaixamento). • Treinar a marcha, equilíbrio e adaptação à prótese. • Acompanhar os ajustes técnicos da prótese. Reabilitar um paciente amputado não quer dizer necessariamente protetizá-lo. No entanto, para os candidatos elegíveis a colocação da prótese, o fisioterapeuta realizará o acompanhamento dos pacientes até que eles tenham um controle total da prótese e independência nas atividades diárias, profissionais e recreativas (CARVALHO, 2003). Dentre as principais condutas do fisioterapeuta no paciente amputado, podemos citar: • Dessensibilização do coto: estímulos sensitivos realizados na extremidade distal do coto que irão levar ao saturamento dos receptores das vias aferentes sensitivas, visando uma normalização da sensibilidade local e melhor adaptação futura à prótese. Esses estímulos podem ser realizados com materiais simples, como algodão, buchinha de lavar louças, escova de dentes, toalha e cubos de gelo. O fisioterapeuta deverá orientar o paciente a realizar a dessensibilização do coto passando os materiais de diversas texturas sobre o mesmo, iniciando de forma suave e aumentando sucessivamente a frequência e a duração dos movimentos (CARVALHO, 2003). • Enfaixamento do coto: enfaixamentos com ataduras elásticas são úteis tanto na redução do edema como principalmente para moldar o coto para uma posterior protetização, tornando-o afunilado e apto a receber o encaixe protético. A maior compressão deve ser na ponta do coto e essa pressão deverá ser gradativamente diminuída em direção proximal ao segmento amputado. É importante que o enfaixamento tenha abrangência de todo o segmento do coto de amputação (CARVALHO, 2003). 45 FIGURA 39 – EXEMPLO DE ENFAIXAMENTO DO COTO EM AMPUTAÇÃO ABAIXO DO JOELHO FONTE: <https://bit.ly/3GhgzAX>. Acesso em: 22 set. 2021. • Hidroterapia: a imersão em água facilitará a realização das técnicas fisioterapêuticas como alongamento, fortalecimento, mobilização articular, treinamento de marcha e de equilíbrio e de resistência à fadiga (KISNER, 2005). • Eletroterapia: o ultrassom pulsado possui efeitos positivos quando aplicado sob o coto, reduzindo a dor e as retrações do tecido fibroso (AGNE, 2006). O TENS (Estimulação Elétrica Nervosa Transcutânea) tem um bom índice de utilização. As indicações para o uso do TENS são o alívio da dor, dessensibilização e redução da dor fantasma (CARVALHO, 2003). O Laser de baixa potência também possui efeitos positivos quando aplicado sobre o coto, tais como analgesia local, ação antiedematosa e anti- inflamatória, facilitando a cicatrização (AGNE, 2006). FIGURA 40 – APLICAÇÃO DE LASER EM PACIENTE AMPUTADO FONTE: <https://www.fisicontrol.pt/uploads/servicos_galeria/image[15].jpg>. Acesso em: 22 set. 2021. 46 A fisioterapia deverá ser iniciada o mais breve possível após a amputação, utilizando as técnicas descritas anteriormente e, também, exercícios ativo-assistidos, ativo-livres e isométricos, exercícios de equilíbrio e propriocepção, fortalecimento do membro contralateral e treino de marcha. Além disso, todos os grupos musculares dos membros superiores, do tronco e dos membros inferiores deverão ser trabalhados, e não somente aqueles que agem contra as deformidades (CARVALHO, 2003). FIGURA 41 – FISIOTERAPIA PÓS-PROTETIZAÇÃO FONTE: <http://www.clinicafisioform.com.br/uploads/Texto_Luize%20(4).jpg>. Acesso em: 22 set. 2021. Para ampliar o seu conhecimento acerca das orientações que são necessárias ao paciente amputado, leia o Guia de orientações ao paciente amputado, da Universidade Estadual de São Paulo (Unesp), através do link: http://www.hcfmb.unesp.br/wp-content/uploads/2019/06/Amputado-1.pdf DICA A reabilitação em pacientes amputados deverá ser realizada com apoio de uma equipe multiprofissional, objetivando o ganho máximo de independência funcional e qualidade de vida. Em vista disso, após uma amputação, o paciente poderá fazer uso de diversos tipos de próteses, órteses ou dispositivos auxiliares de marcha, a fim de melhorar a funcionalidade no desempenho das suas atividades de vida diária (BRASIL, 2013). No entanto, o uso de órteses e próteses, bem como os tipos, indicações e contraindicações para cada nível de amputação, é assunto para a próxima unidade. 47 LEITURA COMPLEMENTAR O USO DE DISPOSITIVOS AUXILIARES PARA MARCHA EM IDOSOS E SUA RELAÇÃO COM AUTOEFICÁCIA PARA QUEDAS Vanessa S. Albuquerque Laíze P. Fernandes Francisco Eduardo F. Delgado Cláudia Helena C. Mármora INTRODUÇÃO
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