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DOL ANALITICA QUANTITATIVA

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1. Introdução à química analítica quantitativa
A química analítica é uma ciência que engloba um conjunto de métodos, técnicas e instrumentação, empregados com a finalidade de identificar, isolar e quantificar espécies em amostras. Eles têm grande aplicabilidade em diferentes campos da ciência, agronegócio, indústria e na medicina.
A análise quantitativa desempenha um papel de grande importância em campos como ciências forenses, biológicas e farmacêuticas. Por exemplo, a determinação quantitativa dos íons potássio, cálcio e sódio em fluidos biológicos possibilita estudar o papel dessas espécies na condução de sinais nervosos, assim como estudar processos de contração e relaxamento muscular. A concentração de elementos minoritários em amostras de vários locais possibilita o rastreio das rotas de comércio pré-históricas de ferramentas e armas confeccionadas. Muitos cientistas e pesquisadores têm dedicado seu tempo nos laboratórios reunindo informações quantitativas sobre sistemas que são importantes para suas respectivas pesquisas (SKOOG et al., 2006).  
Segundo Görög (2006), graças ao desenvolvimento de uma ampla gama de métodos analíticos nas últimas décadas, como os métodos cromatográficos e espectroscópicos e suas combinações, a identificação e determinação seletiva e quantitativa de espécies e impurezas tornou-se possível e economicamente viável. Assim, a análise de impurezas se tornou um campo de grande importância para as ciências farmacêuticas, visando a garantir um padrão qualidade aos medicamentos.
Os pesquisadores, atualmente, têm focado em minimizar os efeitos adversos provenientes da ação de produtos indesejados produzidos durante suas preparações e desenvolvimento de um medicamento. Após estabelecer o perfil farmacológico-toxicológico da substância, os farmacologistas, clínicos e autoridades de registro de medicamentos podem consider seus efeitos benéficos e adversos para o organismo humano, com base na relação benefício/risco assim obtida, tomando posteriormente a decisão quanto à possibilidade de introduzir em terapia. 
1.1 Métodos Analíticos Quantitativos
A química analítica quantitativa pode ser abordada utilizando métodos clássicos e métodos instrumentais. Os métodos clássicos foram muito utilizados no passado, quando grande maioria das análises químicas era realizada separando os componentes de interesse em uma amostra por precipitação, extração ou destilação. 
Para análises qualitativas, os componentes separados eram tratados com reagentes que produziam produtos que podiam ser reconhecidos por suas cores, pontos de ebulição ou fusão, solubilidades em uma série de solventes, odores, atividades ópticas ou índices de refração. 
Para análises quantitativas, a quantidade de analito era muitas vezes determinada por gravimetria ou por medidas volumétricas. Nos procedimentos volumétricos, também chamados titrimétricos, era obtido o volume ou massa de um reagente padrão necessário para reagir completamente com o analito. 
Previous
Esses métodos ainda são utilizados, no entanto, com o advento dos métodos instrumentais, que possibilitaram análises mais rápidas, precisas e confiáveis, pode-se observar que a utilização de métodos clássicos tem diminuído com o passar do tempo (SKOOG et al., 2006).
De acordo com Skoog et al. (2006), no início do século XX, os cientistas começaram a explorar outros fenômenos que não os usados ​​nos métodos clássicos para resolver problemas analíticos. Assim, medições de propriedades físicas do analito, como condutividade, potencial na superfície de eletrodos, absorção ou emissão de luz e fluorescência começaram a ser utilizadas para análises quantitativas. Além disso, técnicas cromatográficas e eletroforéticas altamente eficientes começaram a substituir a destilação, extração e precipitação pela separação de componentes de misturas complexas antes de sua determinação qualitativa ou quantitativa. Esses métodos mais recentes para separar e determinar espécies químicas são conhecidos coletivamente como métodos instrumentais de análise.
Nos últimos anos, temos observado o crescimento e difusão dos métodos instrumentais de análise, que têm acompanhado o desenvolvimento das indústrias de eletrônicos e computadores. Segundo Austin (2010), os sistemas miniaturizados emergiram como um componente importante da química analítica e atingiram um nível de maturidade que agora atrai um público amplo.
Segundo Skoog et al. (2006), os métodos analíticos podem ser classificados de acordo com a natureza da medida adotada na análise. Métodos que determinam a massa do analito ou de algum composto relacionado quimicamente a ele são classificados métodos gravimétricos. 
Métodos volumétricos
Mede-se o volume da solução contendo reagente em quantidade suficiente para reagir com todo analito presente. 
Métodos eletroanalíticos
Envolvem a medida de propriedades elétricas, como corrente, potencial, impedância, resistência e carga elétrica. 
Métodos espectroscópicos
Baseiam-se na medida da interação entre a radiação eletromagnética e os átomos ou as moléculas do analito. 
Outros métodos
Podem incluir a medida de outras grandezas, como razão massa-carga de moléculas por espectrometria de massas, entalpia de reação, condutividade térmica de amostras, atividade óptica e índice de refração.
1.2 Química analítica quantitativa aplicada nas ciências farmacêuticas
De acordo com Pimenta (2003), o fenômeno da globalização observado nos últimos anos tem impactado de forma significativa a indústria farmacêutica. Novos medicamentos vêm sendo produzidos e comercializados para mercados globais. Com isso, os regulamentos relacionados ao controle de qualidade de medicamentos sofreram consideráveis mudanças, passando a exigir uma série de análises adicionais. Esta situação contribuiu para o desenvolvimento de metodologias analíticas, com aplicação em grande escala e possibilitando resultados rápidos e económicos.
Ahuja e Scypinski (2010) enfatizam que o emprego regular de análises químicas em diferentes etapas da produção de medicamentos possibilita garantir maior qualidade e controle de produção. Testes bem planejados, com metodologia e instrumentação adequadas, possibilitam produzir medicamentos de elevada qualidade.
Para produzir um fármaco com essas características, é imprescindível compreender interações de substâncias medicamentosas com excipientes, especialmente quando estão presentes solventes residuais, além de entender as possíveis reações de degradação que podem ocorrer no produto formulado sob várias condições que podem ser encontradas durante o armazenamento e o transporte.
A qualidade dos medicamentos depende do cumprimento de um conjunto de normas e procedimentos nas etapas de fabricação desses compostos. O controle de qualidade da matéria-prima, do processo de fabricação, dos produtos acabados e seu armazenamento deve estar de acordo com práticas que asseguram que esses medicamentos cumpram a lei em termos de segurança, para que estes medicamentos apresentem a identidade, a potência, a qualidade e pureza características (PIMENTA, 2003). Dessa forma, é importante realizar análises químicas frequentes, em diferentes etapas do processo de produção do fármaco, visando a garantir um produto com especificações e qualidade confiáveis.
De acordo com Görög (2006) os efeitos adversos dos medicamentos podem se originar de duas formas distintas: devido a efeitos colaterais que podem ser considerados propriedades inerentes e não podem ser influenciados pela qualidade do medicamento e devido a impurezas presentes.
Essas impurezas podem ser materiais fisiologicamente tóxicos, que têm potencial de contribuir para o processo de efeito colateral do medicamento. O perfil de impureza de um material medicamentoso depende da rota de síntese e de outros fatores, o que pode tornar imprevisível o perfil de efeitos colaterais, influenciando adversamente a segurança da terapia medicamentosa. Portanto, ao estimar o perfil de impureza de um material medicamentoso e estabelecer limites estritos para as impurezas,esse perigo pode ser minimizado.
2. Materiais e equipamentos empregados na análise quantitativa
De acordo com Harris (2012), durante os experimentos situações de risco podem ocorrer. A principal regra de segurança é familiarizar-se com os perigos e não realizar procedimentos considerados perigosos. Em casos de operações que representem riscos, é importante, primeiramente, discuti-las, prosseguindo apenas quando as precauções necessárias forem tomadas.
Além disso, antes de realizar o trabalho, é importante familiarizar-se com os recursos de segurança do laboratório. Itens como óculos de proteção devem ser utilizados o tempo todo, visando a proteger os olhos de líquidos e vidro. As lentes de contato, por sua vez, não são recomendadas no laboratório, pois os vapores podem ficar presos entre a lente e o olho. Para proteger a pele de derramamentos e chamas, é aconselhável que você use um jaleco resistente, além de luvas de borracha, ao despejar ácidos concentrados. Solventes orgânicos, ácidos concentrados e amônia concentrada devem ser manuseados em uma capela com exaustor e é sugerido que os derramamentos imediatamente limpos, para evitar o contato acidental de outras pessoas. É fundamental, também, nunca consumir alimentos no laboratório.
Com relação aos equipamentos utilizados na química analítica, a sua variedade é impressionante: há desde os simples e baratos até os complexos e caros. A instrumentação usada para medir massa e grande parte do equipamento usado para medir volume são importantes para todas as técnicas analíticas (HARVEY, 2000).
Segundo Patnaik (2004), a pesagem é o procedimento mais comum e mais fundamental durante uma análise química. As balanças de laboratório de hoje incorporam os mais recentes avanços em eletrônica, mecânica de precisão e ciência de materiais. Nesse caso, os ganhos para o pesquisador incluem a facilidade de uso, versatilidade e precisão das medidas.
De acordo com Harvey (2000), uma grande variedade de materiais de vidro pode ser empregada para aferir volumes e a precisão da medida depende do tipo usado. Béqueres, pipetas e cilindros graduados são equipamentos comumente usados para medir volumes e podem ser encontrados em todos os tipos de laboratório. Para medidas mais precisas, instrumentos automatizados estão disponíveis.
2.1 Equipamentos para medidas de massa 
Segundo Harvey (2000), a massa de um material pode ser obtida usando uma balança, cujo tipo mais comum é a balança eletrônica. Várias precauções ajudam a minimizar erros na medição da massa de um objeto: as balanças devem ser colocadas em superfícies pesadas para minimizar o efeito das vibrações no ambiente circundante e devem ser mantidas em uma posição nivelada.
As balanças analíticas são sensíveis o suficiente para medir a massa de uma impressão digital. Por esse motivo, os materiais colocados em uma balança normalmente devem ser manuseados usando pinças e espátulas. As amostras líquidas voláteis devem ser pesadas em um recipiente coberto, para evitar a perda de amostra por evaporação. As correntes de ar podem afetar significativamente a mensuração da massa de uma amostra, então, para evitá-las, as portas de vidro da balança devem estar fechadas. Uma amostra que seja mais fria ou mais quente do que o ar circundante criará correntes de ar convectivas que afetarão adversamente a medição de sua massa. Finalmente, as amostras secas em um forno devem ser armazenadas em um dessecador para evitar que reabsorvam a umidade da atmosfera.
De acordo com Patnaik (2004), o usuário da balança deve prestar atenção especial aos seguintes aspectos:
· Selecionar a balança adequada para uma finalidade específica.
· Entender as funções e os recursos do instrumento e usá-los corretamente para obter seu melhor desempenho.
· Saber como verificar a precisão e a funcionalidade de uma balança através da instalação correta, cuidado e manutenção.
· Utilizar técnicas adequadas e eficientes nas operações de pesagem e calibração.
· Aplicar um julgamento adequado na interpretação dos resultados da pesagem.
2.2 Equipamentos para medidas de volume
De acordo com Skoog et al. (2006), a medida precisa de volumes apresenta grande importância para um método analítico. O volume pode ser determinado de maneira confiável com instrumentos como pipeta, bureta e frascos volumétricos. As pipetas e as buretas são, normalmente, calibradas para manusear volumes específicos, enquanto os frascos volumétricos são calibrados para conter um dado volume.
Harvey (2000) enfatiza que as pipetas e frascos volumétricos fornecem um meio mais preciso para medir o volume, enquanto um volumétrico é projetado para conter um volume especificado de solução a uma temperatura determinada, geralmente a 20 °C, quando cheio até a marca de calibração, também denominado menisco.
Os balões volumétricos são utilizados na preparação de soluções com concentrações exatas. Assim, o reagente é transferido para o balão volumétrico e é adicionada uma quantidade suficiente de solvente para dissolver o reagente. Após a dissolução do reagente, acrescenta-se solvente adicional em várias porções, misturando a solução após cada adição. O ajuste final do volume ao menisco pode ser feito usando uma pipeta.
A pipeta é usada para fornecer um volume específico de solução. Diferentes modelos de pipetas estão disponíveis comercialmente. As pipetas fornecem os meios mais precisos para fornecer um volume conhecido de solução. De acordo com Harvey (2000), são necessárias três precauções importantes ao trabalhar com pipetas e frascos volumétricos. 
· O equipamento deve estar limpo, e soluções de limpeza podem ser utilizadas.
· Ao encher uma pipeta ou balão volumétrico, definir o nível do líquido exatamente pelo menisco, que deve ser deslocado e colocado no nível dos olhos para evitar erros.
· Antes de usar uma pipeta ou balão volumétrico, é recomendado enxaguá-lo com várias pequenas porções da solução cujo volume está sendo medido, evitando que qualquer líquido residual remanescente na pipeta ou no balão volumétrico seja removido
· A bureta é um tubo de vidro fabricado com precisão, com graduações que permitem medir o volume de líquido fornecido através da torneira (a válvula) na parte inferior. Ao ler o nível do líquido em uma bureta, seu olho deve estar na mesma altura que a parte superior do líquido. Caso seus olhos não estejam no mesmo nível do líquido, ocorre um erro de leitura chamado de paralaxe, que ocorre pois a superfície da maioria dos líquidos forma um menisco côncavo (HARRIS, 2012).
· 2.3 Caderno de laboratório
· O caderno de laboratório é um item imprescindível para cientistas e pesquisadores que realizam análises químicas. De acordo com Baccan (1988), o caderno de laboratório deve conter uma descrição completa e precisa de todo o trabalho a ser realizado.
· De modo geral, o estudante deve usar o caderno para anotar suas observações e conclusões, e deve acostumar-se a escrever as equações químicas à medida em que são realizadas na prática. Tudo deve ser anotado, mesmo que o experimento ocorra mal ou não apresente o resultado esperado, pois, eventualmente, essas informações poderão ser úteis em análises posteriores.
· Harris (2012) descreve que um dos maiores erros cometidos por cientistas é escrever cadernos incompletos ou ininteligíveis, e uma excelente maneira para evitar isso é escrever sempre frases completas. Os estudantes iniciantes costumam achar útil escrever uma descrição completa de um experimento, com seções que tratam de propósito, métodos, resultados e conclusões. Porém devem lembrar que organizar um caderno para inserir dados numéricos antes de ir ao laboratório é uma excelente maneira de se preparar para um experimento e que um bom caderno de anotações indicará tudo o que foi feito e o que você observou, assim, permitirá que você ou qualquer outra pessoa repita o experimento. 
3. Erros em análises químicas
Segundo Skoog et al. (2006), as medidas realizadas em química analítica inevitavelmente envolvem erros e incertezas, mas apenas alguns deles ocorrem devido a falhascometidas pelo analista. Os erros mais comuns estão associados a padronizações ou calibrações malfeitas, incertezas nos resultados e variações aleatórias. Para minimizar esses erros, podem ser realizadas calibrações frequentes, assim como padronizações e análises de amostras conhecidas. Os erros nas medidas são uma parte inerente das análises quantitativos, desta forma, é tecnicamente impossível realizar uma análise química que seja totalmente livre de erros ou incertezas, portanto, o pode ser feito é minimizar os erros e estimar sua grandeza com uma exatidão aceitável.
De acordo com Harris (2012), alguns erros de laboratório são mais óbvios do que outros, mas há erros associados a todas as medições. O melhor a se fazer, em uma análise química, é aplicar cuidadosamente uma técnica que a experiência nos diz ser confiável. A repetição de um método de medição indica a reprodutibilidade da medição e, se os resultados da medição da mesma quantidade, por métodos diferentes, estiverem de acordo, ficaremos confiantes de que os resultados são precisos, o que significa que estão próximos do valor verdadeiro.
Harvey (2000) enfatiza que os dois tipos mais comuns de erros são os erros aleatórios e erros sistemáticos. 
Os erros que afetam a precisão de uma análise são chamados erros sistemáticos e são caracterizados por um desvio sistemático do valor verdadeiro, isto é, todas as medições individuais são muito grandes ou muito pequenas (SKOOG et al., 2006). 
O erro aleatório faz com que os dados se distribuam de forma mais ou menos simétrica em torno do valor médio, afetando a precisão do método (SKOOG et al., 2006).
3.1 Erros sistemáticos
Segundo Harris (2012), o erro sistemático, também chamado de erro determinado, surge de uma falha no equipamento ou do design de um experimento. Se você realizar o experimento novamente exatamente da mesma maneira, o erro será reproduzível. Em princípio, o erro sistemático pode ser descoberto e corrigido, embora isso possa ser difícil.
Por exemplo, considere que um medidor de pH padronizado incorretamente produz um erro sistemático. Suponha que você pense que o pH do buffer usado para padronizar o medidor é 7,00, mas na verdade é 7,08, com isso, todas as suas leituras de pH serão 0,08 unidades de pH muito baixas. Quando você lê um pH de 5,60, o pH real da amostra é de 5,68. Esse erro sistemático pode ser descoberto usando um segundo tampão de pH conhecido para testar o medidor.
Harvey (2000) descreve que os erros sistemáticos podem ser divididos em quatro categorias: erros de amostragem, erros de método, erros de medição e erros pessoais. A descrição destes tipos de erros pode ser observada no quadro seguinte.
#PraCegoVer: A tabela apresenta os tipos de erros sistemáticos e tem quatro linhas e duas colunas. Na coluna da esquerda, há o tipo de erro e, na da direita, sua respectiva descrição. O primeiro erro é “Amostragem”, e a descrição correspondente é “ocorrem quando a estratégia de amostragem falha em fornecer uma amostra representativa. Isso é especialmente importante em amostras de materiais heterogêneos”. O segundo erro é “Método”, cuja descrição é “surgem do comportamento químico ou físico não ideal de sistemas analíticos”. O terceiro é “Instrumentais”, e tem como descrição “são causados pelo comportamento não ideal de um instrumento, por calibrações falhas, ou pelo uso de condições inadequadas”. O quarto e último erro é chamado “Pessoais”, cuja descrição é “resultam da falta de cuidado, falta de atenção ou limitações pessoais do analista. Erros pessoais podem ser minimizados com a devida precaução”.
3.2 Erros aleatórios
Harris (2012) descreve que o erro aleatório, também chamado erro indeterminado, surge de variáveis não controladas na medição. O erro aleatório tem igual chance de ser positivo ou negativo. Skoog et al. (2006) afirma que os erros aleatórios existem em todas as medidas e jamais podem ser totalmente eliminados, sendo muitas vezes, a maior fonte de incertezas em uma determinação. Esses erros são provocados por muitas variáveis incontroláveis, sendo assim, parte inevitável de toda análise.
A maioria dos fatores contribuintes do erro aleatório não pode ser claramente identificada, e, mesmo que seja possível identificar tais fontes de incertezas, geralmente é impossível medi-las, porque a maioria delas é tão pequena que não podem ser detectadas individualmente. O efeito cumulativo das incertezas individuais, entretanto, faz com que as réplicas de medidas flutuem aleatoriamente em torno da média do conjunto de dados.
Segundo Skoog et al. (2006), para avaliar os erros aleatórios, podem ser utilizados métodos estatísticos, que, geralmente, se baseiam na premissa de que os erros aleatórios contidos em resultados analíticos seguem uma distribuição gaussiana.
4. Análise estatística de dados
Segundo Harvey (2000), nas análises quantitativas, geralmente são realizadas leituras replicadas. As medições experimentais sempre contêm alguma variabilidade, neste sentido, a estatística fornece ferramentas para aceitar conclusões com alta probabilidade de serem corretas e rejeitar conclusões que não são. Se um experimento é repetido muitas vezes, e se os erros são puramente aleatórios, os resultados tendem a se agrupar simetricamente sobre um valor médio. Quanto mais vezes o experimento é repetido, mais próximos os resultados se aproximam de uma curva suave ideal, chamada distribuição gaussiana, que possibilita estimar parâmetros que descrevem um grande conjunto a partir do pequeno conjunto de resultados (HARRIS, 2012).
Os cálculos estatísticos são empregados pelos cientistas visando a aprimorar a qualidade de medidas experimentais. Segundo Skoog et al. (2006), as aplicações mais comuns dos testes estatísticos no tratamento de resultados analíticos incluem:
· 
Definir o intervalo de confiança das medidas, que consiste no intervalo numérico ao redor da média de um conjunto de réplicas de resultados analíticos, na qual se espera que a média da população possa estar contida, com uma certa probabilidade.
· Determinar o número necessário de réplicas para assegurar que uma média experimental esteja contida em uma certa faixa, com um determinado nível de probabilidade.
· Estimar a probabilidade de uma média experimental e um valor verdadeiro.
· Determinar se a precisão de dois conjuntos de resultados é diferente, dentro de um dado nível de probabilidade.
· Obter a análise de variância, que consiste em comparar médias de mais de duas amostras, para determinar se as diferenças nas médias são reais ou resultado de erros aleatórios.
4.1 Média e desvio padrão
Duas informações estatísticas de grande importância são a média e o desvio padrão. A média aritmética de uma medida é a soma dos valores medidos divididos por n, o número de medições, como observado na equação a seguir.
O desvio padrão mede a proximidade com que os dados estão agrupados em relação à média. Quanto menor o desvio padrão, mais próximos os dados são agrupados sobre a média. 
De acordo com Harvey (2000), em muitos casos, relatar apenas a média é insuficiente porque isso falha em indicar a incerteza na medição. A inclusão do desvio padrão, ou outra medida de dispersão, fornece as informações necessárias sobre a incerteza na medição da massa, no entanto, para a comparação de métodos, essas informações são insuficientes. O desenvolvimento de um método eficiente requer a capacidade de prever o verdadeiro valor central e a verdadeira disseminação da população sob investigação, a partir de uma amostragem limitada dessa população. 
4.2 Introdução à quimiometria 
O termo quimiometria foi usado pela primeira vez em 1971, para descrever o crescente uso de modelos matemáticos, princípios estatísticos e outros métodos baseados em lógica, inicialmente, no campo da química analítica. A quimiometria é um campo interdisciplinar que envolve estatística multivariada, modelagem matemática, ciência da computação e química analítica. Algumas das principais áreas de aplicação da quimiometria incluem calibração, validação e teste designificância, otimização de medições químicas e procedimentos experimentais e a extração do máximo de informações químicas a partir de dados analíticos (EINAX, 2007).
A quimiometria utiliza métodos matemáticos e estatísticos para o tratamento de dados de análises químicas. De acordo com Mass et al. (2010), os métodos de calibração multivariada concentram-se no estabelecimento e aplicação de modelos matemáticos que relacionam sinais instrumentais multivariados, com concentrações de analitos ou propriedades da amostra. Enquanto na calibração univariada, um único valor numérico (escalar, dados de ordem zero) por amostra é registrado e analisado, a calibração multivariada trabalha com matrizes de dados, cada vez mais complexas, por amostra, e permite estimativas quantitativas analíticas em sistemas de múltiplos componentes sem seletividade.
A combinação de técnicas analíticas já consolidadas com a quimiometria possibilitou significativos avanços na análise química. Segundo Roggo et al. (2007), a espectroscopia no infravermelho próximo associado à quimiometria tem sido amplamente utilizada pela indústria farmacêutica, sendo considerado uma ferramenta empregada no controle de qualidade.
Dentro da quimiometria, a calibração multivariada ganhou destaque para tratamento de dados espectrais, as ferramentas de classificação dos dados podem ser usadas com o objetivo de reconhecer padrões ou utilizar a multidimensionalidade da resposta analítica do instrumento de medição, na forma de calibração multivariada.
5. Amostragem
A etapa de amostragem é sempre uma operação de grande importância durante a análise. O objetivo é obter uma amostra representativa, que deve ser uma réplica em miniatura da composição e da distribuição granulométrica do objeto de análise. Os métodos de amostragem podem apresentar diferentes graus de complexidade e podem variar de acordo com a substância que está sendo investigada (PATNAIK, 2004).
Skoog et al. (2006) enfatizam que a etapa de amostragem limita a exatidão do método, principalmente quando o material a ser analisado é constituído por um grande volume de um líquido ou sólido não homogêneos. As etapas envolvidas na obtenção de uma amostra consistem em identificar uma população, coletar uma amostra bruta e reduzir a amostra bruta para uma amostra de laboratório, esta última consiste desde em alguns gramas até, no máximo, algumas centenas de gramas. A amostra bruta é a coleção de unidades individuais de amostragem e precisa ser representativa do todo em composição e na distribuição do tamanho das partículas. É sugerido que a amostra bruta pese não mais que o necessário. Segundo Skoog et al. (2006), o peso da amostra bruta pode ser determinado:
· Pela incerteza que pode ser tolerada entre a composição da amostra bruta e a do todo.
· Pelo grau de heterogeneidade do todo.
· Pelo nível do tamanho de partícula no qual a heterogeneidade se inicia.
Conforme Harris (2012), a seleção de um método apropriado de amostragem ajuda a garantir que uma análise seja precisa. Uma estratégia de amostragem adequada garante que as amostras sejam representativas do material do qual são retiradas. É importante perceber que os erros de amostragem são completamente independentes dos erros de análise.
De acordo com Skoog et al. (2006), do ponto de vista estatístico, os principais objetivos do processo de amostragem são:
· Obter um valor que seja uma estimativa da média da população sem tendências, desta forma, todos os membros da população devem apresentar uma probabilidade próxima de estarem incluídos na amostra.
· Obter uma variância que seja uma estimativa sem vieses da variância da população, desta forma, os limites de confiança válidos para a média podem ser encontrados.
5.1 Amostragem e armazenamento de sólidos e líquidos 
De acordo com Harvey (2000), um plano de amostragem normalmente envolve três etapas: remover fisicamente a amostra de sua população-alvo, preservar a amostra e preparar a amostra para análise. Como a amostragem expõe a população-alvo a possíveis contaminações, o dispositivo de amostragem deve ser inerte e limpo.
Depois que uma amostra é retirada de uma população-alvo, existe o risco de que ela sofra uma alteração química ou física. Esse é um problema sério, pois as propriedades da amostra não serão mais representativas da população-alvo, e, por esse motivo, as amostras geralmente são preservadas antes de serem transportadas para o laboratório para análise. Mesmo quando as amostras são analisadas em campo, a preservação ainda pode ser necessária.
Patnaik (2004) descreve que soluções líquidas podem ser amostradas com relativa facilidade, desde que o material possa ser misturado minuciosamente por meio de agitadores ou pás de mistura. Após uma mistura adequada, as amostras podem ser retiradas do topo e do fundo e combinadas em uma amostra que é completamente misturada novamente, originando a amostra final, a qual será utilizada na análise.
Para amostragem de líquidos em tambores, garrafões ou garrafas, pode ser utilizado um tubo de extremidade aberta com comprimento suficiente para atingir 3 mm do fundo do recipiente e com diâmetro suficiente para conter de 0,5 a 1,0 L. A maioria das técnicas analíticas, particularmente aquelas usadas para uma análise quantitativa, exige que o analito esteja em solução. Amostras sólidas, ou pelo menos os analitos em uma amostra sólida, devem ser levados à solução (HARVEY, 2000).
De acordo com Harvey (2000), exemplos típicos de amostras sólidas incluem partículas grandes, como as encontradas em minérios; partículas menores, como solos e sedimentos, comprimidos; e cápsulas utilizadas na distribuição de produtos farmacêuticos, polímeros, metais laminados, tecidos para biópsia e muitos outros. Ao contrário de gases e líquidos, cujas amostras geralmente exigem pouca preparação, as amostras sólidas muitas vezes precisam de algum processamento antes da análise.
Isso ocorre devido à variação amostral, que é a variação de observações em uma única amostra, é uma função do número de partículas amostradas, não da sua massa combinada. Para populações extremamente heterogêneas constituídas por partículas grandes, a amostra bruta pode ser muito grande para ser analisada. Reduzir o tamanho médio de partícula da amostra permite que o mesmo número de partículas seja amostrado com uma massa combinada menor e mais gerenciável.
5.2 Tratamentos para amostras sólidas
Uma grande variedade de amostras sólidas precisa ser reduzida para etapas subsequentes da análise, e o procedimento deve ser sistemático, padronizado e originar amostras uniformes. A redução no tamanho das partículas pode ser obtida por meio de uma ampla variedade de métodos e equipamentos. A trituração é uma técnica simples e amplamente empregada nos laboratórios de análise, se amostra for homogênea e dura, a moagem será difícil, se for heterogênea e macia a moagem será mais fácil.
De acordo com Harvey (2000), o esmagamento e a trituração usam de força mecânica para quebrar partículas maiores em partículas menores. A diminuição do tamanho das partículas aumenta a área de superfície disponível e, com o aumento da área de superfície, existe um risco de perda de componentes voláteis, um problema agravado pela exposição de porções da amostra à atmosfera, onde a oxidação pode alterar a composição da amostra.
Além disso, pode ocorrer uma contaminação durante a abrasão mecânica. As partículas mais macias são reduzidas mais facilmente, e podem ser perdidas como poeira, antes que o restante da amostra tenha sido processado. Isso é um problema, pois a distribuição do analito pode não ser uniforme entre partículas de tamanho diferente. 
Harvey (2000) enfatiza que, para garantir que as partículas sejam reduzidas a um tamanho uniforme, é recomendado utilizar uma peneira e, após moagem, a amostra deve ser misturada, visando a torná-la mais homogênea.
QUÍMICA ANALÍTICA QUANTITATIVA
ANÁLISE TITULOMÉTRICA
Fábio de Pádua Ferreira
1 Introdução as técnicas titulométricas 
A titulação apareceu pela primeira vez como ummétodo analítico no início do século XVIII. Ao contrário da gravimetria, inicialmente, a titulação não recebeu ampla aceitação como técnica analítica.
Muitos químicos analíticos proeminentes do final do século XIX preferiram a gravimetria ao invés da titulação e poucos dos textos de referência daquela época incluem métodos titulométricos. No início do século XX, no entanto, a titulação começou a substituir a gravimetria como sendo o método analítico mais usado.
Curiosamente, a gravimetria de precipitação se desenvolveu na ausência de uma teoria da precipitação. A relação entre a massa do precipitado e a massa do analito, denominada fator gravimétrico, foi determinada experimentalmente por meio de massas conhecidas do analito, a partir de uma padronização externa. Os fatores gravimétricos não puderam ser calculados usando a estequiometria das reações de precipitação, porque ainda não estavam disponíveis fórmulas químicas e pesos atômicos. Ao contrário da gravimetria, o crescimento e a aceitação da titulação requeriam uma compreensão mais profunda da estequiometria, termodinâmica e equilíbrio químico. No início do século XX, a exatidão e a precisão dos métodos de titulação eram comparáveis ​​às da gravimetria, estabelecendo a titulação como uma técnica analítica aceita (HARVEY, 2000).
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1.1 Titulometria
Segundo Skoog et al. (2006), titulações são amplamente utilizadas para realizar análises químicas, podem ser usadas determinar espécies ácidas, básicas, oxidantes, redutoras, íons metálicos, proteínas e muitas outras. As titulações têm como base a reação entre o analito e um reagente padrão, com concentração predefinida, conhecido como agente titulante. A reação é de estequiometria conhecida e reprodutível.
O volume do titulante necessário para reagir completamente, como o analito alvo, é determinado e usado para obter a quantidade do analito. Uma titulação baseada em volume pode requerer um instrumento preciso para medir volumes, como a bureta. Nas titulações coulométricas, é obtida a quantidade necessária de cargas para consumir completamente o analito.
Em qualquer titulação, existe o ponto de equivalência química, experimentalmente chamado ponto final. Segundo Harris (2012), os métodos para determinar o ponto final incluem detectar uma mudança repentina na tensão, ou corrente, entre um par de eletrodos, monitorar a absorção de luz por reagentes ou produtos e observar uma alteração na cor do indicador. Um indicador é um composto com uma propriedade física, geralmente a cor, que muda abruptamente perto do ponto de equivalência, o que é causado pelo desaparecimento do analito ou pelo aparecimento de excesso de titulante.
Um número cada vez maior de laboratórios tem empregado instrumentação para detectar os pontos finais de titulações, visando minimizar erros de natureza humana. De acordo com Skoog et al. (2006), entre os instrumentos mais usados, podem ser citados os colorímetros, turbidímetros, monitores de temperatura, refratômetros, voltímetros e medidores de condutividade.
A figura a seguir apresenta um analista realizando o procedimento de titulação ácido-base utilizando equipamentos clássicos. 
#PraCegoVer: Na imagem, o operante demonstra controlar a eluição de solução titulante. Após agitação do frasco erlenmeyer, é possível verificar a mudança de coloração da solução, que indica o ponto estequiométrico. É recomendado conduzir o experimento em triplicata.
De acordo com Harris (2012), a diferença entre o ponto final e o ponto de equivalência é uma fonte de erro inevitável na titulação. Estima-se o erro de titulação com uma titulação em branco, na qual é realizado o mesmo procedimento sem analito. 
1.2 Curva de titulação 
Segundo Harris (2012), para cada tipo de titulação, é possível construir um gráfico mostrando como o pH muda à medida que o titulante é adicionado. O pH pode ser medido com um sensor de pH, como o eletrodo de vidro, ou por meio de indicadores. De acordo com Atkins e Jones (2006), no ponto estequiométrico, a quantidade de íons OH- ou H+ adicionada como titulante é igual à quantidade dessas espécies iônicas inicialmente presentes no analito.
De acordo com Harvey (2000), uma curva de titulação fornece uma imagem visual de como o pH muda conforme adicionamos titulante. Essa curva pode ser obtida experimentalmente utilizando um eletrodo de pH na solução que contém o analito, monitorando o pH à medida que o titulante é adicionado. A curva de titulação também pode ser calculada considerando as reações responsáveis ​​pela mudança no pH.
As curvas de titulação, porém, não são exclusivas de uma titulação ácido-base. Qualquer curva de titulação que segue a mudança na concentração de uma espécie na reação de em função do volume de titulante tem a mesma forma sigmoidal geral. Alguns exemplos de curvas de titulação podem ser observados na figura a seguir.
#PraCegoVer: Na imagem, podem ser observadas quatro curvas de titulação diferentes. A primeira à esquerda foi obtida pela titulação de ácido fraco com base forte; à sua direita, uma base fraca titulada com ácido forte; abaixo, uma titulação de bases fortes com ácidos fortes e à sua esquerda, de ácidos fortes com bases fortes. 
Harris (2012) enfatiza que, nas curvas de titulação, o ponto de equivalência é sempre a parte mais íngreme da curva. Cada curva de titulação depende da constante de dissociação ácida e das concentrações de reagentes, portanto, o ácido for muito fraco, ou se apresentar em concentrações muito baixas, pode ser difícil determinar o ponto de equivalência com precisão. Dessa forma, não é prático titular um ácido ou uma base quando sua força é muito fraca ou sua concentração é muito diluída.
2 Soluções padrão e indicadores empregados na titulação
A validade de um resultado analítico depende do conhecimento da quantidade de um dos reagentes utilizados. Se o titulante é preparado dissolvendo uma quantidade pesada de reagente puro em um volume conhecido de solução, sua concentração pode ser calculada. Chamamos esse reagente de padrão primário quando ele é puro o suficiente para ser pesado e usado diretamente. Muitos reagentes usados como titulantes não estão disponíveis como padrões primários, e, nesses casos, sugere-se proceder com a padronização da solução, que consiste em preparar uma solução titulante e, posteriormente, utilizá-la para titular um analito que é um padrão primário. Esse procedimento possibilita determinar a concentração de titulante, neste caso, o titulante com concentração determinada se torna uma solução padrão (HARRIS, 2012).
Harvey (2000) descreve as etapas de seleção e padronização de titulantes ácidos e básicos. A maioria dos titulantes comuns à base de ácido não está prontamente disponível como padrão primário e deve ser padronizada antes de poder ser usada em uma análise quantitativa. A padronização pode ser realizada titulando uma quantidade conhecida de um padrão primário ácido ou básico apropriado.
De acordo com Atkins e Jones (2006), um método simples para acompanhar uma titulação ácido-base são os indicadores ácido-base, que são corantes solúveis em água, cuja cor depende do pH. A rápida mudança no pH, que ocorre no ponto de equivalência em uma titulação, é sinalizada pela mudança instantânea da cor do corante em resposta ao pH. 
2.1 Padrão primário
De acordo com Skoog et al. (2006), um padrão primário é um composto altamente purificado que serve como material de referência para diferentes métodos analíticos, entre eles os métodos titulométricos ou de massa. A precisão do método intimamente ligada as propriedades desse composto. Skoog et al. (2006) descreve que as principais características de um padrão primário são:
· Elevada pureza e qual método usado para confirmar a pureza.
· Estabilidade à atmosfera.
· O material não deve sofrer alterações com as variações na umidade.
· Custo baixo.
· Boa solubilidade razoável no meio de titulação.
Os reagentes químicos são vendidos em muitos graus de pureza. De acordo com Harris (2012), os materiais empregados na química analítica, geralmenteapresentam grau de pureza definido pelo Comitê de Reagentes Analíticos da American Chemical Society (ACS). Análises de impurezas devem ser especificadas, além de que devem aparecer no frasco de reagente. Para proteger a pureza dos reagentes químicos usados nas análises químicas, é recomendado:
· Evitar colocar uma espátula em frasco de reagente.
· Nunca colocar reagente não utilizado de volta no frasco de reagente.
· Recolocar a tampa na garrafa imediatamente após o uso.
· Armazenar produtos químicos em um local fresco e escuro, longe da luz solar.
2.2 Padrão secundário
De acordo com Skoog et al. (2006), como apenas alguns compostos preenchem os requisitos dos padrões primários disponíveis comercialmente, compostos menos puros são utilizados muitas vezes no lugar de um padrão primário. Caso a pureza desses compostos seja estabelecida por análise química, essas substâncias são denominadas padrão secundário e podem ser usadas como material de referência para os métodos titulométricos de análise. Para estabelecer a pureza desses padrões secundários deverá ser realizada uma análise cuidadosa. Um titulante, que é padronizado contra um padrão secundário ou outra solução padrão, pode ser denominado solução padrão secundário. A concentração de uma solução padrão secundário está sujeita a incertezas maiores que a da solução padrão primário. 
2.3 Indicadores
Os indicadores são espécies que apresentam mudança na coloração durante o ponto estequiométrico de uma titulação.  Segundo Atkins e Jones (2006), o indicador deve ser escolhido mediante análise de seu ponto final, que deve ser próximo do ponto estequiométrico da titulação. Como por exemplo, a fenolftaleína, que apresenta um ponto estequiométrico próximo de 9, pode ser usada na titulação de um ácido fraco com uma base forte. Já o alaranjado de metila, que muda de cor em um pH de 3,2 a 4,4, pode ser utilizado na titulação de bases fracas com ácidos fortes. Para as titulações envolvendo ácidos e bases fortes, sugere-se indicadores que apresentem ponto final próximo de pH 7. 
O quadro a seguir apresenta os principais indicadores usados em titulações, a faixa de pH da mudança de cor, cor na forma ácida e cor na forma básica.
Os indicadores ácido-base são geralmente ácidos fracos, que apresentam uma determinada coloração na forma de ácido e outra cor na forma de base conjugada. Quando a concentração do indicador na forma protonada se apresenta em maior quantidade, a solução tem a cor da forma ácida do indicador. Quando há excesso na forma base conjugada, a solução adquire cor da forma básica do indicador (HARVEY, 2000). 
3 Cálculos volumétricos 
Conforme Skoog et al. (2006), a concentração de uma solução pode ser expressa de vários modos. Para as soluções padrão usadas em titulometria, geralmente emprega-se a concentração molar ou normalidade. 
	Concentração molar
	Fornece o número de mols de um reagente contido em um litro de solução.
	Normalidade
	Fornece o número de equivalentes do reagente no mesmo volume. 
De acordo com Atkins e Jones (2006), o método mais comum de preparar soluções de concentração molar específica é transferindo a massa conhecida do sólido para um balão volumétrico, um frasco calibrado com volume específico, e, em seguida, adicionar água até encher o balão na marca específica.
3.1 Concentração molar da solução padrão
Segundo Skoog et al. (2006), a maioria dos cálculos volumétricos é baseada em dois pares de equações simples que são derivadas das definições de mol e concentração molar (Ca). Para a espécie química A, considerando um volume de solução (V), podemos escrever:
 
3.2 Cálculo da concentração molar a partir dos dados de padronização
Considere uma titulação de uma solução contendo 50 mL de HCl, na qual foi utilizado como titulante uma solução de Ba(OH)2 0,02M, foram consumidos 29,7 mL de solução titulante. Para calcular a concentração da solução de HCl, primeiramente é importante escrever a equação química da reação para obter a porção estequiométrica, que será:
 
Ba(OH)2 + 2 HCl → BaCl2 + 2H2O
 
Neste caso, a proporção estequiométrica é de 2 mols HCl para 1 mol de Ba(OH)2, para determinar a massa de HCl basta aplicar a Equação 3, descrita anteriormente. Note que como a concentração está em mol/L, o volume inicial de HCl teve que ser convertido de mL para litros.
 
Quantidade de Ba(OH)2 = 0,0297 (L) x 0,02 (mol/L) = 0,000594 moles de Ba(OH)2
 
Para se obter o número de mols de HCl, basta multiplicar esse resultado pela proporção estequiométrica determinada inicialmente:
 
1 mol Ba(OH)2   ---------  2 HCl
0,000594 moles ----------   x
 
X = 0,001188 moles de HCl
 
Para obter a concentração molar da solução de HCl, basta dividir o valor de moles de HCl pelo volume de solução em litros.
De acordo com Skoog et al. (2006, p. 326), qualquer combinação de gramas, mols e litros pode ser substituída por qualquer combinação análoga expressa em miligrama, milimols e mililitros.
4 Métodos Titulométricos  
Skoog et al. (2006) explicam que a titulometria engloba um grupo de métodos analíticos baseados na determinação da quantidade de um reagente de concentração conhecida, necessária para reagir completamente com o analito. Os métodos titulométricos incluem um abrangente e amplo grupo de procedimentos quantitativos. Os métodos mais comuns de titulometria são os métodos volumétricos, gravimétricos e coulométricos. 
A titulometria volumétrica envolve a medida de volume de uma solução de concentração conhecida, necessária para reagir essencial e completamente com o analito. 
A titulometria gravimétrica difere unicamente em relação ao fato de que a massa do reagente é medida em vez do seu volume. 
Na titulometria coulométrica, é medida uma corrente elétrica de grandeza conhecida que consome o analito, e, nesse caso, são medidos o tempo requerido e a carga total para completar a reação. 
Os métodos titulométricos podem ser classificados em quatro grupos, com base no tipo de reação envolvida. Esses grupos incluem titulações ácido-base, no qual um titulante ácido ou básico reage com um analito que é uma base ou um ácido; titulações complexométricas, que envolvem uma reação de complexação metal-ligante; titulações redox, em que o titulante pode ser um agente oxidante ou redutor; e, por fim, titulações de precipitação, nas quais o analito e o titulante reagem para formar um precipitado. Apesar da diferença na química, todas as titulações compartilham várias características comuns (HARVEY, 2000).
4.1 Titulações ácido-base
As titulações ácido-base, também conhecidas como titulações de neutralização, são usualmente empregadas para determinar as quantidades de ácidos e bases. Outra aplicação importante consiste em monitorar o progresso das reações que produzem ou consomem íons hidrogênio. As soluções padrões de ácidos e bases fortes são geralmente utilizadas na determinação de analitos ácidos ou básicos. As titulações de neutralização dependem da reação química entre o analito e um reagente padrão, o ponto de equivalência química é localizado por um indicador químico ou um método instrumental (SKOOG et al., 2006).
 De acordo com Atkins e Jones (2006), na titulação de uma base forte com um ácido forte, ou de um ácido forte com uma base forte, observa-se uma mudança lenta no pH durante o início da titulação, posteriormente o pH muda rapidamente, passando pelo valor 7 no ponto estequiométrico, em seguida muda lentamente novamente. O ponto de equivalência ocorre quando o titulante adicionado é exatamente o suficiente para a reação estequiométrica com o analito. Conforme Harris (2012), na titulação de qualquer base forte com qualquer ácido forte, existem três regiões da curva de titulação que requerem diferentes tipos de cálculos:
· Antes do ponto de equivalência, onde o pH da solução é determinado pelo excesso de OH-.
· No ponto de equivalência, no qual a quantidade de H+ é apenas o suficiente para reagir com todos os OH- produzindo H2O. Neste caso o pH é determinado pela dissociação da água.
· Após o ponto de equivalência, o pH é determinado pelo excessode H+ na solução.
4.2 T itulações de precipitação
De acordo com Harvey (2000), a titulação por precipitação pode ser definida como uma titulação onde o analito e o titulante formam um precipitado insolúvel. Uma das primeiras titulações de precipitação foi desenvolvida no final do século XVIII, para a análise de K2CO3 e K2SO4 em potássio, utilizando como titulante Ca(NO3)2, formando um precipitado de CaCO3 e CaSO4.
O ponto final foi sinalizado observando quando a adição de titulante deixou de gerar precipitado adicional. A importância da titulação de precipitação como método analítico atingiu seu auge no século XIX, quando vários métodos foram desenvolvidos para determinar os íons Ag+ e halogenetos.
Skoog et al. (2006) descrevem que a titulometria de precipitação é uma das técnicas analíticas mais antigas, no entanto, devido à baixa velocidade de formação da maioria dos precipitados, poucos agentes precipitantes podem ser usados em titulometria. O titulante precipitante mais amplamente utilizado é o nitrato de prata, empregado na determinação de haletos, ânions semelhantes aos haletos, ácidos graxos e vários ânions inorgânicos bivalentes e trivalentes. Os métodos titulométricos que utilizam nitrato de prata são comumente denominados métodos argentométricos.
Muitas reações de precipitação que são úteis como técnicas de separação ou para análise gravimétrica não atendem requisitos para a titulação. Segundo Patnaik (2004), as reações de precipitação precisam atender a alguns requisitos, como:
a taxa de reação deve ser suficientemente rápida, principalmente na titulação de soluções diluídas e nas imediações do ponto final;
a estequiometria deve ser exata, pois a coprecipitação é uma possível fonte de erro. 
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Para aumentar a taxa de precipitação, às vezes é benéfico trocar solventes ou aumentar a temperatura. Ao adicionar um excesso de reagente e a titulação reversa, pode ser possível tirar vantagem de uma precipitação mais rápida na direção reversa. Ao escolher um método de detecção de ponto final que não exija que o equilíbrio seja alcançado nas imediações do ponto final, pode-se tirar vantagem de uma taxa de reação mais rápida em pontos removidos do ponto final (PATNAIK, 2004). 
4.3 Titulações de óxido-redução
De acordo com Harvey (2000), as titulações redox foram introduzidas logo após o desenvolvimento da titulação ácido-base. Os métodos mais antigos aproveitavam o poder oxidante do cloro. Em 1787, Claude Berthollet introduziu um método para a análise quantitativa da água de cloro, com base em sua capacidade de oxidar soluções do corante índigo, que é incolor em seu estado oxidado.
Antes do ponto de equivalência, a solução permanece clara devido à oxidação do índigo. Após o ponto de equivalência, no entanto, o índigo não reagido confere uma cor permanente à solução. O número de métodos titulométricos redox aumentou em meados do século XIX, com a introdução de MnO4–, Cr2O72– e I2 como titulantes oxidantes e de Fe2+ e S2O32– como titulantes redutores. Mesmo com a disponibilidade desses novos titulantes, a aplicação rotineira da titulação redox apresenta como limitação a falta de indicadores adequados.
As curvas de titulação redox são obtidas de maneira mais conveniente, plotando o potencial redox E da solução titulada contra o excesso relativo de redutor ou oxidante no eixo x (PATNAIK, 2004). Assumindo que ambas as meias-reações são reversíveis, os potenciais redox podem ser calculados por meio da equação de Nernst, da seguinte maneira:
 
Primeiramente, considere as duas semirreações, de oxidação do analito alvo (A) e de redução do agente titulante (T). Temos, para cada uma delas, um potencial E:
 
Ared → Aox + e-, EAox/Ared
 
Tox + e- → Tred, E Tox/Tred
 
Após cada adição de titulante, a reação entre o analito e o titulante atinge um estado de equilíbrio. O potencial eletroquímico da reação nesse ponto é igual para as duas semirreações, logo, o potencial para qualquer meia reação pode ser usado para monitorar o progresso da titulação.
 
E Tox/Tred = EAox/Ared
 
Segundo Harvey (2000), antes do ponto de equivalência, a mistura de titulação consiste em quantidades apreciáveis das formas oxidada e reduzida do analito, mas muito pouco titulante que não reagiu. Neste caso, o potencial é mais bem calculado usando a equação de Nernst para a semirreação do analito. Considerando Eº o potencial padrão do par redox, temos as de Nerst para o analito e para o titulante respectivamente:
Harvey (2000) enfatiza que após o ponto de equivalência, o potencial é mais fácil de calcular usando a equação de Nernst para a meia reação do titulante, uma vez que quantidades significativas de suas formas oxidada e reduzida estão presentes.
4.4 Titulações de complexação
Segundo Skoog et al. (2006), os métodos titulométricos baseados na formação de complexos são denominados métodos complexométricos. Utilizados há mais de um século, sua aplicação em química analítica apresentou um crescimento notável com o desenvolvimento de uma classe particular de compostos de coordenação chamados quelatos.
Os quelatos são produzidos quando uma espécie se coordena com dois ou mais grupos doadores de um único ligante para formar um anel heterocíclico. Um ligante que possui um único grupo doador de elétrons, como a amônia, é chamado unidentado, enquanto aquele que possui dois grupos disponíveis para ligações covalentes é denominado bidentado. Existem, também, agentes quelantes tridentados, tetradentados e pentadentados.
Patnaik (2004) descreve que uma titulação complexométrica é baseada na reação estequiométrica de um agente complexante com outra espécie para formar um complexo. Nesse tipo de titulação, tanto a concentração do quelato quanto do analito podem ser acompanhadas. O ponto final é detectado utilizando um indicador ou método instrumental apropriado. As titulações complexométricas podem ser classificadas em titulações diretas, titulações reversas, titulações de substituição ou métodos indiretos.
De acordo com Skoog et al. (2006), o ácido etilenodiaminotetracético (EDTA) é o titulante complexométrico mais utilizado nos laboratórios de análises químicas. Harris (2012) enfatiza que utilizando titulação direta ou por meio de uma sequência de reações indiretas, praticamente todos os elementos da tabela periódica podem ser medidos com EDTA. O EDTA é um sistema hexaprótico, designado H6Y2+. As soluções padrão de EDTA podem ser preparadas pela dissolução de quantidades pesadas de H4Y e Na2H2Y.2H2O e diluídas com água deionizada em balão volumétrico até a marca. A primeira pode ser considerada padrão primário, enquanto a segunda é padrão secundário. O material de referência certificado usado para padronizar o EDTA ou verificar a composição de uma solução padrão de EDTA é o carbonato de cálcio.
5 Aplicações quantitativas da análise titulométrica
De acordo com Terra e Rossi (2005), a Associação Oficial dos Químicos Analíticos – em inglês, Association of Official Analytical Chemists – é uma organização internacional reconhecida, fundada em 1884, que tem como objetivo validar e aprovar métodos para análises de alimentos, medicamentos e produtos agrícolas.
Uma grande variedade de métodos titulométricos foram reconhecidos pela organização. Esses métodos englobam a quantificação de diversos compostos, íons e elementos, além de índices como de acidez e basicidade, em várias matrizes de alimentos, medicamentos e produtos agrícolas. A maioria desses métodos se relaciona com a determinação de compostos orgânicos.
5.1 Aplicações da titulometria redox
A titulação redox tem sido usada para a análise de uma ampla gama de analitos inorgânicos. Embora muitos desses métodos tenham sido substituídos por métodos modernos, alguns continuam sendo listados como métodos padrão de análise.  A titulação redox, porém, costuma ser pouco empregada nos laboratórios modernos. Ainda assim, apresenta diversas aplicações importantes, como na avaliação da cloração do abastecimento público de água (HARVEY, 2000). Por essa razão, continua sendo empregada em laboratóriosambientais, farmacêuticos e industriais.
Skoog et al. (2006) descrevem que um dos métodos a analíticos mais amplamente utilizados na indústria e no comércio é o procedimento de titulação de Karl Fischer, empregado na determinação de água em inúmeros tipos de amostras sólidas e líquidas. O método baseia-se em uma reação redox que é relativamente específica para a água. Esse método tem sido aplicado a determinações de água em muitos ácidos orgânicos, álcoois, ésteres, éteres, anidridos e haletos.
5.2 Aplicações da titulometria ácido-base
De acordo com Harvey (2000), embora muitas aplicações quantitativas da titulação por ácido-base tenham sido substituídas por outros métodos analíticos, a aplicação dessa titulação na análise de compostos inorgânicos e orgânicos ainda tem sido empregada em muitos laboratórios pelo mundo.
A titulação por ácido-base é um método padrão para a análise quantitativa de muitos ácidos e bases inorgânicos. Soluções padrão de NaOH podem ser usadas na análise de ácidos inorgânicos, enquanto soluções padrão de HCl podem ser usadas para a análise de bases inorgânicas. 
A determinação de nitrogênio total proposta por Kjeldahl em 1883 ainda tem sido empregada em muitos laboratórios de análise, sendo considerada uma técnica confiável. Segundo Galvani e Gaertner (2006), a técnica possibilita a determinação indireta de proteínas em várias amostras biológicas, teor de nitrogênio total e avaliação de teor nutricional.
Segundo Skoog et al. (2006), vários elementos importantes presentes em sistemas orgânicos e biológicos são convenientemente determinados por métodos que envolvem uma titulação ácido-base como etapa final. Na maioria dos casos, os elementos suscetíveis a esse tipo de análise são ametais e incluem o carbono, o nitrogênio, o cloro e o flúor, bem como alguns outros menos comuns. 
Assista aí
TÉCNICAS ELETROANALÍTICAS 
Fábio de Pádua Ferreira
1. Introdução à Eletroquímica 
A eletroquímica é a área da química que se preocupa com a inter-relação dos efeitos elétricos e químicos. Grande parte desse campo lida com o estudo de alterações químicas causadas pela passagem de uma corrente elétrica e a produção de energia elétrica por reações químicas. De fato, o campo da eletroquímica abrange uma enorme variedade de fenômenos diferentes, como por exemplo na eletroforese e no estudo da corrosão, utilizando uma grande variedade de dispositivos, como os sensores eletroanalíticos, baterias e células de combustível e associando-se constantemente com tecnologia, como na galvanoplastia de metais e a produção de alumínio e cloro em grande escala (BARD; LARRY, 2001).
As reações químicas observadas em eletroquímica estão, na maioria das vezes, associadas a reações de óxido-redução. Segundo Atkins e Jones (2006), as células eletroquímicas são os dispositivos mais utilizados no estudo de reações redox em técnicas eletroanalíticas. As células eletroquímicas são classificadas em células galvânicas, também denominadas células voltaicas, e células eletrolíticas.
Nas células galvânicas, uma reação espontânea é usada para gerar corrente elétrica, costuma-se evitar o contato entre os eletrodos nesse tipo de célula eletroquímica, podendo ser citado como exemplo as baterias. 
As células eletrolíticas são aquelas que se baseiam na eletrólise, possibilitando determinar o potencial necessário para ocorrer eletrólise, neste tipo célula eletrolítica os eletrodos são comumente colocados no mesmo compartimento.
PreviousOs métodos eletroquímicos modernos incluem instrumentação e técnicas sensíveis, seletivas, rápidas, de fácil utilização e com grande aplicabilidade nas ciências farmacêuticas. Como regra geral, muitos dos compostos ativos de fármacos podem ser facilmente oxidados ou reduzidos em contraste com os excipientes das formas de dosagem farmacêuticas. As medidas eletroquímicas fornecem informações qualitativas e quantitativas.
Assim, os compostos podem ser detectados seletivamente por métodos eletroquímicos. Essa seletividade depende da faixa de potencial acessível, do número de compostos ativos nessa faixa e da amplitude dos sinais. As vantagens dos métodos eletroquímicos são a preparação da amostra e a falta de interferências dos excipientes nas formas de dosagem farmacêutica (USLU; OZKAN, 2011).
1.1 Fundamentos das Técnicas Eletroanalíticas
As técnicas eletroanalíticas são empregadas no estudo de sistemas químicos por várias razões. Por meio delas, são obtidos importantes dados termodinâmicos da reação, pode ser realizado o estudo de radicais intermediários e análises de soluções contendo quantidades vestigiais de íons metálicos ou espécies orgânicas de interesse biológico. Também existem pesquisas em que as propriedades eletroquímicas dos próprios sistemas são de interesse primário, por exemplo, na bioeletroquímica, área que estuda reações eletroquímicas aplicada a sistemas biológicos (BARD; LARRY, 2001).
De acordo com Harris (2012), quando elétrons de uma reação redox fluem através de um circuito elétrico, é possível adquirir informações sobre a reação medindo corrente e potencial elétrico. A corrente elétrica é proporcional à taxa de reação, e a tensão da célula é proporcional à mudança de energia livre para a reação eletroquímica. Em técnicas eletroquímicas, como a voltametria, é possível observar que reações químicas acontecem em potenciais específicos, sendo possível utilizar a técnica para identificar reagentes. A quantidade de carga que flui a cada segundo através de um circuito é chamada de corrente. A unidade de corrente é o ampere (A). Uma corrente de 1 ampere representa uma carga de 1 coulomb por segundo, fluindo além de um ponto em um circuito. O potencial elétrico (E), entre dois pontos, descreve o trabalho necessário, ou que pode ser feito, ao mover uma carga elétrica de um ponto para o outro e é medido em volts (V).
O estudo de eletroanalítica requer uma compreensão dos princípios fundamentais das reações dos eletrodos e das propriedades elétricas das interfaces eletrodo-solução. Segundo Harvey (2000), nas técnicas eletroanalíticas, são empregados métodos e instrumentação visando a proceder com medições de potencial, corrente ou carga, com o objetivo de converter um evento de natureza química como sinal analítico. Existem três fontes principais para o sinal analítico a partir das quais tem sido possível desenvolver uma ampla variedade de dispositivos analíticos o potencial a corrente e a carga. As técnicas eletroanalíticas são divididas entre técnicas que medem propriedades de toda a solução e os métodos interfaciais. Um exemplo das primeiras é a medição da condutividade de uma solução, que é proporcional à concentração total de íons dissolvidos. Já os métodos interfaciais, por sua vez, estudam os fenômenos que ocorrem na interface entre um eletrodo e a solução em contato com o eletrodo, um exemplo é a determinação do pH por um eletrodo íon seletivo.
Grande parte da eletroanalítica dedica-se a estudar as reações e fenômenos que ocorrem na superfície dos eletrodos. O material com que o eletrodo é fabricado pode influenciar fortemente em como deve ocorrer as reações, a composição deste material tem sido objeto de estudo de diversos pesquisadores. Metais nobres, mercúrio, carbono e materiais semicondutores são materiais comumente usados para fabricar eletrodos. Também alguns materiais compósitos e nanopartículas têm sido empregados como substratos de eletrodos, e têm obtido excelentes resultados e melhorias na análise (LI; MIAO, 2012).
1.2 Campos de Aplicação da Eletroanalítica 
A eletroanálitica é uma poderosa ferramenta de análise com aplicação em diferentes áreas da ciência. Tem sido utilizada com sucesso para realizar análises ambientais, industriais, farmacêuticas e análises clínicas. De acordo com Uslu e Ozkan (2011), seu emprego na indústria farmacêutica aumentou consideravelmente nos últimos anos, principalmente devido à sua alta sensibilidade, velocidade de análise, redução no consumo de solvente e amostra e baixo custo operacional em comparação com outrosmétodos analíticos. As últimas décadas foram acompanhados de um extraordinário progresso na descoberta, síntese, análise sensível e meios de administração de compostos farmacêuticos usados ​​no diagnóstico, prevenção e tratamento de doenças humanas. Após o desenvolvimento de métodos eletroanalíticos mais sensíveis, foi possível resolver muitos problemas de interesse farmacêutico. Além disso, é importante enfatizar que a maioria dos produtos farmacêuticos produzidos nos últimos anos apresenta propriedades eletroquimicamente ativas.
Atualmente, uma ampla variedade de dispositivos tem sido empregada na análise de espécies de interesse biológico, em amostras como o sangue e urina, se tornando valiosas ferramentas para monitoramento e diagnóstico de doenças, sendo considerado um campo promissor da ciência e tecnologia. De acordo com Harris (2012), muitos pesquisadores estão dedicando seu tempo e recursos para o desenvolvimento de eletrodos que respondam seletivamente a analitos específicos em solução ou em fase gasosa, alguns dos eletrodos íons seletivos típicos por exemplo têm o tamanho de uma caneta. Nos últimos anos, foram criados transistores de efeito de campo para a detecção de íons, que têm apenas centenas de micrômetros de tamanho e podem ser inseridos em um vaso sanguíneo.
De acordo com Richter (2003), os eletrodos de metais nobres, como a prata e ouro, são empregados com sucesso para medidas potenciométricas, análises amperométricas e voltamétricas. 
Potenciometricamente, foram quantificados haletos, cianetos, glutationa e vitamina C. 
Amperometricamente, foram determinados cianeto, sulfeto, iodeto, brometo e formaldeído. Por voltametria, sulfato, nitrato, zinco, nucleotídeos e DNA. 
Em medidas de redissolução, esses eletrodos foram empregados para análise de diversas espécies químicas, dentre as quais: chumbo, cádmio, arsenato, tiofosfamida e sulfito.
Esses eletrodos ainda podem ser modificados com polímeros condutores ou nanopartículas metálicas, que possibilitam melhorar a sensibilidade e limites de detecção do método analítico.  
Os biossensores são um exemplo prático da aplicação de dispositivos analíticos para análises rápidas, sensíveis e específicas que se popularizaram nos últimos anos. Segundo Rodovalho (2016), os biossensores são dispositivos analíticos integrados que realizam análises seletivas empregando o reconhecimento biológico entre a plataforma e o analito. O conceito de biossensor foi inicialmente empregado por Clark em 1962, ao sugerir a incorporação de enzimas a eletrodos existentes para a construção de novos instrumentos bioanalíticos. Atualmente, os biossensores pertencem a uma das áreas mais promissoras e bem-sucedidas da eletroanalítica e são empregados em uma ampla variedade de análises, como no monitoramento e controle de qualidade de alimentos e processos industriais, aplicações farmacêuticas e clínicas, monitoramento ambiental e agrícola, aplicações militares e outros.
A quantificação de analitos de interesse biológico de forma não invasiva tem se tornado um campo promissor dos biossensores. A detecção não invasiva significa que não há punção no corpo para coletar fluidos, como sangue, soro e líquido cefalorraquidiano. Biossensores amperométricos têm sido desenvolvidos e empregados na determinação não invasiva de metabólitos em fluidos corporais, possibilitando detectar analitos-alvo em lágrimas, saliva, suor e fluido intersticial da pele. As vantagens da análise da saliva ou do suor são a facilidade de coleta de amostras e essas amostras podem ser coletadas com mais frequência, com muito menos estresse no paciente. O melhor biossensor não invasivo é um biossensor de álcool, com um eletrodo à base de peróxido de hidrogênio que utiliza álcool oxidase imobilizado (KARUNAKARAN et al., 2015).
Kim et al. (2016) propuseram um sistema de biossensor para o monitoramento não invasivo de álcool pelo suor induzido. O protótipo do biossensor foi compatível com a pele e exibiu uma resposta altamente seletiva e sensível ao etanol. Os resultados corporais com seres humanos mostraram diferenças na resposta antes e após o consumo de álcool, refletindo o aumento dos níveis de etanol.
Técnicas eletroquímicas também podem ser utilizadas para investigar as propriedades redox de um novo medicamento, fornecendo inclusive informações sobre seu destino metabólico. Sua aplicação no estudo de compostos de interesse farmacêutico fornece informações sobre formas de dosagem em fluidos biológicos. A utilização de técnicas eletroquímicas na análise farmacêutica mais comum é para a detecção quantitativa de espécies de interesse e suas dosagens em diferentes amostras (USLU; OZKAN, 2011).
2. Técnicas eletroanalíticas e instrumentação 
De acordo com Ferreira (2017), os métodos eletroanalíticos são aqueles que fazem uso de propriedades elétricas mensuráveis, como a corrente elétrica, o acúmulo interfacial de cargas, as diferenças de potencial e outros fenômenos que podem ocorrer na superfície do eletrodo durante um processo físico ou reação química. Esses processos podem ocorrer de forma espontânea ou após a aplicação, ao sistema, de perturbações controladas, e, a partir deles, podemos obter informações analíticas.
Segundo Scholz (2010), as principais técnicas empregadas em eletroanalítica são nomeadamente as técnicas voltamétricas, que incluem a voltametria cíclica, de pulso diferencial e de onda quadrada, cronocoulometria, espectroscopia de impedância eletroquímica, amperometria, potenciometria e análises eletrogravimétricas.
2.1 Eletrodos empregados em análises químicas
Uma grande variedade de materiais tem sido utilizada na confecção de dispositivos eletroanalíticos. Nesse sentido, destacam-se os eletrodos de metais nobres, mercúrio e carbono. Segundo Li e Miao (2012), metais nobres, como platina, ouro e prata, têm sido amplamente utilizados na confecção de eletrodos, os quais apresentam uma cinética de transferência de elétrons muito favorável e uma ampla faixa de potencial anódico. A janela de potencial catódico desses eletrodos geralmente é restrita, devido à baixa sobretensão de hidrogênio. Uma grande variedade de biossensores tem sido desenvolvida na superfície de eletrodos produzidos a partir de metais nobres.
Eletrodos de mercúrio foram muito utilizados no passado, na construção de plataformas de análise polarofráficas. Os eletrodos de mercúrio possuem superfície altamente reproduzível, renovável e lisa, o que é benéfico na análise eletroquímica. No entanto, a toxicidade do mercúrio e o alcance anódico limitado restringiram a aplicação de eletrodos de mercúrio na análise de espécies biológicas.
Os materiais derivados do carbono são, na atualidade, os materiais mais empregados na produção de eletrodos. Isso ocorre porque não costumam ter valor elevado, apresentam uma ampla janela de potencial, baixa corrente de fundo, química de superfície favoravel, inércia química e possibilidade de tratamento superficial com materiais eletroquimicamente ativos (LI; MIAO, 2012).
2.2 Células eletroquímicas
Grande parte das reações de natureza química e física realizadas em técnicas eletroanalíticas ocorrem em uma célula eletroquímica. São dispositivos que conectam os eletrodos e solução ao equipamento eletrônico, que irá promover alterações discretas ao sistema e medi-los simultaneamente. De acordo com Scholz et al. (2010), nessas células, os eletrodos são imersos em uma solução eletrolítica, e um circuito elétrico é usado para medir a corrente que flui em um eletrodo em particular, no caso, o eletrodo de trabalho. Uma camada superficial entre o eletrodo e a solução, também denominada dupla camada, atua como um capacitor, assim, para obter um potencial desejado nos eletrodos de trabalho, o capacitor de dupla camada deve ser primeiro carregado adequadamente, com uma corrente capacitiva, processo relacionado a polarização do eletrodo e não está associado à redução ou oxidação dos analitos, fluindo no circuito elétrico (SCHOLZ et al., 2010). De acordo com Ferreira (2017), a polarização de um eletrodoimpede a transferência de carga na interface eletrodo-solução durante um intervalo de potencial, ou seja, o potencial pode variar amplamente sem afetar ou produzir corrente.
O sistema mais empregado em células eletroquímicas é o sistema de três eletrodos, composto por um eletrodo de trabalho, um eletrodo de referência e um eletrodo auxiliar. 
O eletrodo de trabalho faz contato com o analito, sua superfície é o local onde a reação ocorre. Quando ocorre a transferência de elétrons entre o eletrodo e o analito, a corrente no eletrodo de trabalho segue em direção ao eletrodo auxiliar, constituído de materiais condutores inertes, como platina e grafite, com áreas de superfície comparativamente grandes. O eletrodo de referência apresenta um potencial de redução conhecido e constante, enquanto nenhuma corrente passa por ele, funcionando apenas como referência ao medir o potencial do eletrodo de trabalho. Os eletrodos de prata-cloreto de prata são comumente adotados como eletrodos de referência em sistemas de três eletrodos. Para evitar a contaminação da solução da amostra, o eletrodo de referência pode ser isolado da reação da amostra por meio de uma ponte intermediária (LI; MIAO, 2012).
3. Métodos eletroquímicos
Harvey (2000) enfatiza que existe uma grande diversidade de métodos eletroquímicos interfaciais, e, primariamente, eles podem ser divididos em métodos estáticos e métodos dinâmicos. Nos estáticos, não é observada passagem de corrente entre os eletrodos e a solução, além disso, as concentrações de espécies na célula eletroquímica permanecem inalteradas ou estáticas. Um exemplo prático é a potenciometria, na qual o potencial de uma célula eletroquímica é medido em condições estáticas, sendo considerado um dos métodos eletroquímicos quantitativos mais importantes. Os métodos eletroquímicos dinâmicos são aqueles em que um fluxo de corrente e uma mudança na concentração de analitos, como resultado de uma reação redox, são observados. Os métodos dinâmicos são subdivididos ainda mais se escolhemos controlar a corrente ou o potencial. Na coulometria, de corrente controlada, o analito é oxidado ou reduzido completamente através da passagem de corrente através da solução analítica. Os métodos de potencial controlado são subdivididos em coulométricos e amperométricos, em que é aplicado um potencial constante durante a análise e voltamétrica, onde o potencial é sistematicamente variado. 
3.1 Potenciometria
De acordo com Skoog et al. (2006), os métodos potenciométricos buscam em medir o potencial de células eletroquímicas sem o consumo apreciável de corrente. As técnicas potenciométricas têm sido empregadas com sucesso para localizar o ponto final em titulações. Assim, as concentrações de espécies iônicas em solução podem ser obtidas diretamente, utilizando eletrodos de membranas seletivas a íons. Esses eletrodos apresentam elevada seletividade, são dispositivos rápidos e não destrutivos, que possibilitam determinar quantitativamente uma grande variedade de espécies iônicas.
Medidas potenciométricas são empregadas diariamente em uma grande variedade de estabelecimentos, para a análise de diferentes analitos. O pH de uma solução por exemplo, pode ser facilmente obtido por meio de um sensor eletroquímico de pH. Nesses métodos, os equipamentos empregados são simples e pouco dispendiosos, além de incluírem um eletrodo de referência, um eletrodo indicador e um dispositivo de medida do potencial (SKOOG et al., 2006). 
3.2 Voltametria
Segundo Uslu e Ozkan (2011), os métodos voltamétricos usados hoje em laboratórios de química analítica só foram possíveis graças aos recentes avanços em instrumentação e processamento computadorizado de dados analíticos. Por muitos anos, os eletrodos de mercúrio foram adotados nas técnicas voltamétricas, no entanto, com o crescimento e ampla aceitação dos eletrodos sólidos, os eletrodos de mercúrio vem perdendo espaço. Em geral, os materiais dos eletrodos sólidos têm a vantagem de serem mais mecanicamente estáveis e fornecem uma faixa anódica maior do que os eletrodos à base de mercúrio. Além disso, o manuseio de eletrodos sólidos é muito mais fácil, de modo que eles podem ser facilmente aplicados em fluxos devido à sua estabilidade e dureza mecânica.
Os métodos voltamétricos são aquele que dependem da medida da corrente, em função do potencial aplicado. Esses métodos empregam condições que favorecem a polarização do eletrodo de trabalho, apresentando, dessa forma, áreas superficiais relativamente pequenas.  Em voltametria, a corrente é obtida sob condições de completa polarização de concentração, nas quais a velocidade de oxidação ou redução do analito é limitada pela velocidade de transferência de massa do analito para a superfície do eletrodo (SKOOG et al., 2006).
Os métodos voltamétricos têm uma ampla variedade de aplicações, e os mais usados são a voltametria cíclica, de varredura linear, de pulso normal, pulso diferencial e onda quadrada. Segundo Rodovalho (2016), a voltametria cíclica é indicada para o estudo do comportamento de pares redox. A voltametria de pulso diferencial é uma técnica de varredura extremamente útil para a detecção de analitos orgânicos e inorgânicos, em concentrações extremamente baixas. Outras aplicações de voltametria incluem a quantificação de DNA e outras biomoléculas com atividades eletroquímicas.
4. Introdução aos Métodos Espectroscópicos
De acordo com Skoog et al. (2006), medidas baseadas em radiação eletromagnética são comumente empregadas em análises químicas. A espectroscopia é a área da ciência que estuda a interação entre radiação e matéria, e os métodos espectroscópicos de análise, por sua vez, se baseiam na medida da quantidade de radiação produzida ou absorvida pelo analito alvo, que pode ser moléculas ou espécies atômicas de interesse. Os métodos espectroscópicos são classificados de acordo com a região do espectro eletromagnético envolvida na medida. As regiões espectrais mais comuns em análises químicas incluem os raios X, ultravioleta, visível, infravermelha, micro-ondas e radiofrequência. A espectroscopia tem desempenhado um papel de grande destaque e importância no desenvolvimento da teoria atômica moderna e os métodos espectroquímicos têm fornecido ferramentas empregadas para a elucidação de estruturas moleculares, bem como na determinação qualitativa e quantitativa de compostos de interesse orgânicos e inorgânicos.
4.1 Fundamentos da espectrofotometria
De acordo com Patnaik (2004), a radiação eletromagnética consiste em campos elétricos e magnéticos oscilantes, que se propagam pelo espaço ao longo de um caminho linear e com velocidade constante. No vácuo, a radiação eletromagnética viaja à velocidade da luz (c), cujo valor é de aproximadamente 2,99x108 m/s. Segundo Harvey (2000), a espectroscopia é convenientemente dividida em duas grandes classes, na primeira, a energia é transferida entre um fóton de radiação eletromagnética e o analito, promovendo o analito de um estado de baixa energia para um estado de energia mais alta ou excitado, este grupo engloba fenomenos de absorção e emissão. Na segunda classe de técnicas espectroscópicas, a radiação eletromagnética sofre uma alteração na amplitude, ângulo de fase, polarização ou direção da propagação como resultado de sua refração, reflexão, espalhamento, difração ou dispersão pela amostra.
De acordo com Skoog et al. (2006), na espectrofotometria de absorção, medimos a quantidade de luz absorvida em função do comprimento de onda, o que pode fornecer tanto informações qualitativas como quantitativas sobre a amostra. A espectrofotometria de absorção na região ultravioleta e visível do espectro é uma técnica simples e muito empregada nos campos das análises clínicas, ciências forenses, agricultura, engenharia e indústria, isso ocorre principalmente devido instrumentação de baixo custo disponível para realizar análises espectrofotométricas no ultravioleta e visível. Segundo Harvey (2000), a intensidade dos fótons que passam através de uma amostra contendo o analito é atenuada devido à absorção.

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