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P á g i n a | 181 ARQUIDIOCESE DE TERESINA PAROQUIA NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO DE FÁTIMA COMUNIDADE SÃO LUCAS PASTORAL DA CATEQUESE INICIAÇÃO A VIDA CRISTÃ CRISMA 2022/2024 CATEQUISTA: ADRIANO DA SILVA 34. DONS DO ESPÍRITO SANTO: PIEDADE. P á g i n a | 182 ORAÇÃO INICIAL/FINAL (ver página 67) PALAVRA DE DEUS COMENTADA Eclesiástico 3, 1 -1 8 Estes dons são graças de Deus e, só com nosso esforço, não podemos fazer com que cresçam e se desenvolvam. Necessitam de uma ação direta do Espírito Santo para podermos atuar dentro da virtude e perfeição cristã. No Espírito Santo, Terceira Pessoa da Santíssima Trindade, reside o Amor Supremo entre o Pai e o Filho. Foi pelo Divino Espírito Santo que Deus se encarnou no seio de Maria Santíssima, trazendo Jesus ao mundo para nossa salvação. Peçamos à Maria, esposa do Espírito Santo, que interceda por nós junto a Deus concedendo-nos a graça de recebermos os divinos dons, apesar de nossa indignidade, de nossa miséria. Nas Escrituras, o próprio Jesus quem nos recomenda: "Pedi e se vos dará. Buscai e achareis. Batei e vos será aberto" (Mt VII, 7s). Uma reflexão medieval profundamente inspirada sobre 3 dos 5 septenários do Tesouro da Igreja! Hugo de São Vítor, famoso mestre medieval, deixou-nos esplêndidos comentários e sermões, além da sua célebre obra “Didascalion”. Um dos seus vários opúsculos trata dos Cinco Septenários que haveria no tesouro da Igreja: ✓ os sete pedidos do Pai-Nosso; ✓ os sete vícios capitais; ✓ os sete dons do Espírito Santo; ✓ as sete virtudes; ✓ as sete Bem-Aventuranças. Poeticamente – porque esse excelente autor medieval sempre fala com poesia –, ele nos explica que os sete vícios capitais são comparáveis aos sete rios da Babilônia, que espalham todo o mal, gota a gota, por toda a terra, já que deles defluem todos os pecados. Por isso, lembra ele, a Escritura nos diz: “Junto aos rios da Babilônia nós nos assentamos e choramos, lembrando-nos de ti, ó Sião” (Sl CXXXVI, 1). Hugo de São Vítor coloca os vícios capitais em certa ordem lógica, a fim de relacioná-los com os sete pedidos do Pai-Nosso. Assim ele ordena os vícios capitais: soberba, inveja, ira, preguiça ou tristeza, avareza, gula e luxúria. 2 – Inveja versus “Venha a nós o vosso Reino” e o dom da Piedade Quando o homem se deixa dominar pela soberba, ele passa a amar o bem que recebeu não porque é bem, mas só porque é seu. E, quando vê o mesmo bem existindo em outro homem, não o ama como bem, mas o detesta porque está em outro. Ele quereria que aquele bem não existisse no outro, porque julga que aquele bem só deveria existir nele mesmo, falsa fonte do bem. Vendo o bem, que julgava ser seu, em outro homem, o orgulhoso fica então triste e amargo. Tal tristeza amarga se chama inveja, e é a segunda doença que acomete o homem, o segundo vício capital. A inveja é uma atitude errada, que leva a comportamentos pecaminosos. Inveja é querer ter o que outra pessoa tem, ficando ressentido com seu bem. Quem tem inveja não consegue se P á g i n a | 183 alegrar quando outra pessoa é abençoada e chega mesmo a odiar seu irmão porque tem aquilo que cobiça! Em vez de ter inveja, devemos amar as pessoas. Quem ama outra pessoa quer seu bem e não fica com inveja se não recebe as mesmas bênçãos. A soberba gera sempre a inveja do bem que Deus concedeu a outrem. Desse modo, ela nos separa e despoja de nossos irmãos, assim como a soberba nos despojara e separara de Deus, nosso Criador. E isso é bem justo, porque, assim como o soberbo se regalara desregradamente com a doçura de possuir o bem, agora ele se amargura ao ver o bem no outro. Quanto mais o homem soberbo se vangloria de seu bem, mais ele se atormenta com o bem nos outros. A inveja rói o soberbo e torna amarga a sua vida. Se o homem soberbo amasse corretamente o bem que lhe foi dado em grau limitado, ele amaria sem limite a Fonte de todo o bem, que o possui infinitamente. Amando então o Bem em si mesmo, ele amaria o bem que visse em qualquer outro homem e se alegraria com a virtude alheia, porque amaria Deus no outro. Foi para combater este segundo vício capital que o Divino mestre nos ensinou a pedir, em segundo lugar no Pai-Nosso, “Venha a nós o vosso reino”. À medida que o tempo passa a humanidade se torna cada vez mais egoísta, egocêntrica. Cada vez mais elas gostam deste mundo e das “coisas” deste mundo. Na oração do Pai nosso, o Senhor nos leva para um nível mais intenso de desejar a vida, algo maior e mais profundo. Ele ora: “Venha a nós o vosso Reino…” (Mateus 6:10). Há algo muito maior no Reino de Deus preparado para nós . É certo que há paz infinita, alegria eterna, não haverá mais a morte, nem dor, nem tristeza…, mas não é só isso. Na manifestação do Reino de Deus, há muito mais de Deus. Quando abrimos nosso coração em oração, O Senhor gostaria de ver ali, um desejo sincero pela revelação de todo o Seu projeto para a humanidade. Como Pai, o Senhor tem preparado para nós coisas grandiosas e profundas, como está escrito (1 Coríntios 2:9). Por mais que sejamos inteligentes, estratégicos e comprometidos, a manifestação do Reino de Deus e Sua vontade, são completamente superiores, abundantes e extraordinários. Além disso, ao orar: “Venha a nós o vosso Reino”, estamos pedindo que o Senhor Deus se manifeste à humanidade. Que todos conheçam Sua Palavra e amor. É um pedido evangelístico. Somos embaixadores de Jesus Cristo. Isso nos torna responsáveis pela expansão e conhecimento do Reino dos Céus. Precisamos orar pelas nações. Por seus problemas. Pela pobreza. Pelos governantes. Devemos pedir a Deus que tão logo, Seu Reino se manifeste entre nós. Porque o Reino de Deus é a salvação dos homens; porque Deus reina num homem quando este lhe está unido pela fé e pela caridade, a fim de que, na eternidade, esteja para sempre unido a Deus pela visão beatífica. Quando pedimos a Deus que Ele reine em todas as almas, Ele nos concede o dom da Piedade, que nos torna benignos, desejando também para os outros o bem que desejamos para nós mesmos. A inveja, por sua vez, gera em nós uma nova doença. Tal como a soberba nos persuadira de que somos a causa do bem que temos, e a inveja nos causa a tristeza de ver o bem nos outros, em seguida a inveja nos leva a considerar que Deus é injusto ao dar o bem – que pretendíamos fosse apenas nosso – a nosso irmão. P á g i n a | 184 2 - Piedade É uma graça de Deus na alma que proporciona salutares frutos de oração e práticas de piedade ensinadas pela Santa Igreja. Nos dias de hoje, considerando a população mundial, há poucas, muito poucas pessoas que acham prazer em serem devotas e piedosas; as poucas que o são, tornam-se geralmente alvo de desprezo ou escárnio de pessoas que tem outra compreensão da vida. Realmente, é grande a diferença que há entre um e outro modo de viver. Resta saber qual dos dois satisfaz mais à alma, qual dos dois mais consolo lhe dá na hora da morte, qual dos dois mais agrada a Deus. Não é difícil acertar a solução do problema. Num mundo materialista e distante de Deus, peçamos a graça da piedade, para que sejamos fervorosos no cumprimento das escrituras. O dom da Piedade nos ajuda a amar a Deus acima de tudo Por este dom, vemos crescer em nós o amor a Deus acima de tudo, afastando-nos de toda forma de idolatria (prazeres, amor ao dinheiro, status, fama, vanglória, poder, superstições, ocultismo etc.) para adorar e servir somente a Deus. Faz-nos também vivermos como verdadeiros filhos de Deus, que ama o Pai com toda a sua vida: pensamentos, palavras e obras. É também o dom que nos leva e capacita à oração permanente e humilde que tudo alcança. Faz-nos curvar a cabeça e o coração diante das coisas sagradas.
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