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Profa. Dra. Talita Silva UNIDADE I Didática e Formação Docente A disciplina é composta por três unidades: Unidade I 1. Saberes docentes e suas relações socioculturais com o mundo contemporâneo 2. Os tipos de saberes dos professores 3. Pedagogia e a arte de ensinar na contemporaneidade 4. Formação de professores: dilemas e impasses de políticas públicas educacionais O que vamos estudar na disciplina? Unidade II 5. A organização didática da aula: práticas e procedimentos 6. Espaços inovadores em sala de aula: criatividade e ambientes digitais Unidade III 7. Ensinar por competências e a integralidade do processo de ensino e aprendizagem 8. Práticas pedagógicas e BNCC O que vamos estudar na disciplina? Para começar a conversa... Fonte: Adaptado de: Tardif (2011 apud Grützmann, 2019) https://wp.ufpel.edu.br/thaisgrutzmann/files/2020/08/46972-Texto-do-artigo-125901-1-10-20191212.pdf formado por é Saberes Docentes na prática docente Saberes disciplinares Saberes curriculares Saberes da formação profissional Saberes experimentais plural Para começar a conversa... Fonte: Adaptado de: Tardif (2011 apud Grützmann, 2019) https://wp.ufpel.edu.br/thaisgrutzmann/files/2020/08/46972-Texto-do-artigo-125901-1-10-20191212.pdf assim evita o assim evita o é é que tende a eliminar a é relacionado a adquiridopartilhado por legitimado por como seus objetivos são evolução reduz o saber acom Figura: Saberes Docentes Saberes Docentes Individual Contextualizado Social contribuição dos atores na construção do saber história de vida experiência profissional relações entre sujeitos identidade formação grupo de agentes contexto de socialização profissional Ministério da Educação Secretaria Estadual Coordenadoria regional Direção da escola sistemas objetos sociais relações complexas mentalismo como ensinar conteúdos e conceitos processos mentais sociologismo Quais são os saberes necessários para ser um profissional da educação? O saber do professor emerge da relação tempo e atuação. Saberes docentes e suas relações socioculturais com o mundo contemporâneo “[...] o saber dos professores possui como fundamentos condicionantes o tempo e o próprio trabalho. O tempo que se alonga desde a experiência pessoal e escolar anterior à formação inicial (familiares ligados ao ensino, relação afetiva com crianças, experiências docentes bem-sucedidas, relações afetivas com certos professores, como alguns exemplos) até o percurso da carreira entendida como o resultado do diálogo entre o trabalho e o trabalhador, num processo de interação e transformação mútuas (reconhecimento de seu papel, de seus limites, aumento da confiança, domínio dos diversos aspectos do trabalho como liderança, gerenciamento)”. (CALIXTO, 2003, p. 7) Fonte: https://br.depositphotos.com/stock-photos/pessoa-com-d%C3%BAvida.html No Brasil, a discussão sobre os saberes docentes é instaurada na década de 1990, a partir da publicação datada de 1991, na Revista Teoria & Educação, n. 4, do artigo de Tardif, Lessard e Lahaye intitulado Os professores face ao saber: esboço de uma problemática do saber docente. Depois, os de Gauthier (1998); Tardif e Raymond (2000); Borges (2001); Tardif e Gauthier (2001), entre outros, passaram a contribuir com essa discussão. Saberes docentes e suas relações socioculturais com o mundo contemporâneo Fonte: https://escolasdisruptivas.com .br/escolas-do-seculo- xxi/formacao-de-professores- preparo-ensino-do-seculo-21/ Tardif (2014) propõe um quadro com modelo tipológico, com o propósito de identificar e classificar os saberes dos professores, que são plurais (TARDIF, 2014): Saberes docentes e suas relações socioculturais com o mundo contemporâneo Saberes dos professores Fontes sociaisde aquisição Modos de integração no trabalho docente Saberes pessoais dos professores. A família, o ambiente de vida, a educação no sentido lato etc. Pela história de vida e pela socialização primária. Saberes provenientes da formação escolar anterior. A escola primária e secundária, os estudos pós-secundários não especializados etc. Pela formação e pela socialização pré-profissionais. Saberes provenientes da formação profissional para o magistério. Os estabelecimentos de formação de professores, os estágios, os cursos de reciclagem etc. Pela formação e pela socialização profissionais nas instituições de formação de professores. Saberes provenientes dos programas e livros didáticos usados no trabalho. A utilização das “ferramentas” dos professores: programas, livros didáticos, cadernos de exercícios, fichas etc. Pela utilização das “ferramentas” de trabalho, sua adaptação às tarefas. Saberes provenientes de sua própria experiência na profissão, na sala de aula e na escola. A prática do ofício na escola e na sala de aula, a experiência dos pares etc. Pela prática do trabalho e pela socialização profissional. A respeito dos saberes docentes, analise as afirmativas a seguir: I. Os saberes provenientes da formação profissional são adquiridos na sua formação inicial profissional na graduação. II. Há saberes adquiridos na prática do trabalho e nos anos de experiências. III. Os saberes adquiridos das experiências e práticas de trabalho são superiores ao saberes da formação inicial. IV. Podemos afirmar que os saberes pessoais como história de vida e socialização também compõem o rol dos saberes dos docentes. V. Os saberes pessoais não devem ser considerados, uma vez que é uma prática profissional. As afirmativas corretas são: a) I, II, III, IV e V. b) I, II e IV. c) I, III e IV. d) I, II e V. e) II, III e V. Interatividade A respeito dos saberes docentes, analise as afirmativas a seguir: I. Os saberes provenientes da formação profissional são adquiridos na sua formação inicial profissional na graduação. II. Há saberes adquiridos na prática do trabalho e nos anos de experiências. III. Os saberes adquiridos das experiências e práticas de trabalho são superiores ao saberes da formação inicial. IV. Podemos afirmar que os saberes pessoais como história de vida e socialização também compõem o rol dos saberes dos docentes. V. Os saberes pessoais não devem ser considerados, uma vez que é uma prática profissional. As afirmativas corretas são: a) I, II, III, IV e V. b) I, II e IV. c) I, III e IV. d) I, II e V. e) II, III e V. Resposta Assim, podemos afirmar que os saberes profissionais do professor são fortemente personalizados, isto é, são “saberes apropriados, incorporados, subjetivados, saberes que são difíceis dissociar das pessoas, de sua experiência e situação de trabalho. Essa característica é um resultado do trabalho docente” (TARDIF, 2014, p. 265). Durante a formação de professores, há de se considerar os seres humanos com suas particularidades e experiências intrapessoais; mesmo pertencentes à sociedade, estes indivíduos possuem individualidades, certezas, que são validadas ou reconstruídas no cerne do trabalho, isto é, ao entrarem em contato com grupos de alunos que, por sua vez, trazem crenças, expectativas e ritmos de aprendizagem diversos (PINHEIRO, 2023). Saberes docentes e suas relações socioculturais com o mundo contemporâneo Saberes docentes e suas relações socioculturais com o mundo contemporâneo Trabalho diário do professor Próprias emoções valores crenças ações Reflexões e posicionamentos Assim, podemos afirmar que a atribuição de saber ensinar não é algo natural e inata, mas construída e modelada ao longo da própria história de vida dos professores e do processo de socialização. Os tipos de saberes dos professores OS SABERES DOS PROFESSORES ASPECTOS COGNITIVOS ASPECTOS SOCIAIS ASPECTOS HISTÓRICOS O esquema a seguir apresenta os saberes inerentes à formação de professores, de acordo com os pressupostos de Tardif (2014): Os tipos de saberes dos professores Produzidos por teóricos Relacionados à formação em pares ou coletividade Representados por concepção daprática pedagógica Categorizados por campos ou áreas de conhecimento Sistematizados em objetivos, conteúdos e métodos SABERES PROFISSIONAIS SABERES PEDAGÓGICOS SABERES DISCIPLINARES SABERES EXPERIENCIAIS SABERES CURRICULARES 1 3 4 2 5 Além dos saberes sistematizados anteriormente citados por Tardif (2014), o autor complementa a questão, classificando-os em três categorias: Primeira categoria – o sujeito e a representação As ciências cognitivas, representadas por Chomsky e Piaget, se interessam pelo estudo de processos cognitivos, entre eles: memória, aprendizagem, compreensão, linguagem e percepção. O saber representativo é construído a partir da interação entre símbolos e referenciais que, em contato com situações de aprendizagem, passam por um processo de acomodação e, posteriormente, equilibração. Os tipos de saberes dos professores Segunda categoria – o juízo, o discurso assertórico Para esta categoria, o saber é muito mais que o resultado de atividade intelectual, isto é, está além do julgamento pela representação da subjetividade ou pela intuição. Observe que esta categoria exclui as influências subjetivas e valoriza o positivismo associado ao saber, a partir de uma perspectiva empírica, ou seja, dos saberes práticos, populares e baseados nos hábitos cotidianos. Os tipos de saberes dos professores “As formas de juízo nem sempre estão associadas aos saberes, ou seja, ao que denomina conhecimento objetivo; uma vez que os juízos de referência – por exemplo, a vida pessoal e os valores inerentes à vida – não integram uma ordem positiva do saber” (POPPER, 1972). Terceira categoria – o argumento, a discussão Esta categoria tem como premissa a argumentação como sinônimo de saber, uma vez que conhecer alguma coisa é ir além do simples juízo de valor de determinado fato ou ação, é ser capaz de argumentar sobre as razões e pontos de vista que tornam tal juízo válido e verdadeiro. Estamos sinalizando para a importância de associar os diversos saberes docentes ao contexto global do mundo contemporâneo, porém com exigências de racionalidade e sistematização dos conhecimentos que se encadeiam durante as vivências e processos intelectuais dos indivíduos. Os tipos de saberes dos professores Diante das reflexões sobre as categorias de saberes que circundam o ofício de professor, é possível afirmar que a prática docente não é somente um lugar de aplicação de saberes produzidos, mas de criações, transformações e mobilização de habilidades, competências e conhecimentos. Os tipos de saberes dos professores Fonte: https://novaescola.org.br/conteudo/7987/premissas- para-a-gestao-de-uma-escola-reflexiva A carreira dos professores O conceito de carreira apresenta várias definições, mas pode ser compreendido, de forma geral, como processo em que os professores aperfeiçoam seus conhecimentos e competências, por meio de vivências de práticas pedagógicas ou como pesquisadores da própria prática, e que buscam, por meio de questionamentos, soluções para seus problemas. As fases da carreira docente estão ligadas à formação e atuação docente, isto é, ao trabalho pré-serviço (na formação) e ao trabalho em serviço (atuação como docente). Os tipos de saberes dos professores Fonte: https://novaescola.org.br/conteudo/11885/o-que- leva-alguem-a-escolher-a-carreira-de-professor Huberman (2000), nas fases da carreira docente, estabelece cinco momentos do processo de evolução da profissão docente (HUBERMAN, 2000): Os tipos de saberes dos professores Classificação Tempo Principais características Entrada na carreira 1 a 3 anos Entusiasmo Confronto com disciplina do aluno Descobertas Choque de realidades Estabilização 4 a 6 anos Estabilização profissional Emancipação docente Interesse pela aprendizagem dos estudantes Experimentação ou Diversificação 7 a 25 anos Competência pedagógica Autonomia e prestígio Motivação Valorização da formação continuada Serenidade e Afastamento afetivo 25 a 35 anos Calmaria em relação ao trabalho Menos importância aos julgamentos alheios Estabilidade no fazer pedagógico Preparação para a aposentadoria 35 a 40 anos Libertação progressiva dos atributos docentes Desmotivação Reflexões sobre pressões sociais durante a carreira Tardif (2014), ao adotar o ponto de vista de seus estudos com a escola de Chicago, define o termo carreira como trajetória dos sujeitos através da realidade social e organizacional. Em consonância com Huberman (2000), cujas etapas foram descritas anteriormente, aponta outras três etapas para o percurso dos profissionais de educação. Na primeira etapa, referente ao início da carreira, caracterizada pela socialização e formação os quais apresentam uma subdivisão em duas fases: 1ª fase – exploração (de 1 a 3 anos): momento em que os professores escolhem, de maneira provisória, sua profissão; cuja trajetória é permeada por tentativas, erros e acertos. Neste período, existe uma busca pela aceitação no meio profissional e o reconhecimento de figuras, como alunos, colegas, coordenadores, comunidade escolar etc. 2ª fase – estabilização e consolidação (de 3 a 7 anos): período em que o professor investe no desenvolvimento de sua carreira, além de esboçar maior confiança em si mesmo, uma vez que apresenta maior domínio de diversos aspectos do trabalho, principalmente os pedagógicos (gestão de sala de aula, metodologias de ensino, análise de materiais etc.). Os tipos de saberes dos professores Na segunda etapa, neste período, os novatos inteiram-se de suas atribuições frente às práticas e demandas do ambiente escolar, compreendendo um certo desnível hierárquico, ou seja, estão na parte mais baixa da hierarquia escolar e, portanto, devem adaptar-se às novas situações profissionais, assim como apropriações de conversas, vestimentas e comportamentos. Já a terceira etapa refere-se à descoberta das necessidades reais dos alunos e professores que atuam nas várias configurações de escola. Os tipos de saberes dos professores Associe os saberes docentes da coluna A de acordo com as características definidas na coluna B: Coluna A 1. Saberes profissionais 2. Saberes experienciais 3. Saberes pedagógicos 4. Saberes disciplinares 5. Saberes curriculares A sequência correta é: a) 5, 4, 3, 2, 1. b) 5, 4, 2, 3, 1. c) 4, 5, 2, 3, 1. d) 4, 5, 1, 2, 3. e) 4, 5, 1, 3, 2. Interatividade Coluna B ( ) Categorizados por campos ou as áreas de conhecimento. ( ) Sistematizados em objetivos, conteúdos e métodos. ( ) Relacionados à formação em pares ou coletividade. ( ) Representados por concepção da prática pedagógica. ( ) Produzidos por teóricos. Associe os saberes docentes da coluna A de acordo com as características definidas na coluna B: Coluna A 1. Saberes profissionais 2. Saberes experienciais 3. Saberes pedagógicos 4. Saberes disciplinares 5. Saberes curriculares A sequência correta é: a) 5, 4, 3, 2, 1. b) 5, 4, 2, 3, 1. c) 4, 5, 2, 3, 1. d) 4, 5, 1, 2, 3. e) 4, 5, 1, 3, 2. Resposta Coluna B ( 4 ) Categorizados por campos ou as áreas de conhecimento. ( 5 ) Sistematizados em objetivos, conteúdos e métodos. ( 2 ) Relacionados à formação em pares ou coletividade. ( 3 ) Representados por concepção da prática pedagógica. ( 1 ) Produzidos por teóricos. A formação de professores exige sujeitos que relacionam o conhecimento profissional com constantes pesquisas e percepções sobre a atuação docente. Nesta perspectiva, o trabalho docente exige conhecimentos específicos de sua profissão, representados por conteúdos, articulações curriculares e aspectos interpessoais no trato com o ofício de ensinar. Pedagogia e a arte de ensinar na contemporaneidade Fonte: http://vozes.com.br/sobre-a-arte-de-ensinar-por-solimar-silva/ Pedagogia e a arte de ensinar na contemporaneidade Diante disso, podemos dizer que o curso que você está realizando é formado por um repertório de conhecimentos pedagógicos, próprios da profissão,que proporciona não somente técnicas de base para o trabalho, mas um conjunto de elementos teórico-práticos para exercer a profissão como uma arte, que ora fornece momentos de sensibilização e propostas de improvisação humana, ora fundamenta e organiza as várias estratégias didático-pedagógicas. Fonte: https://www.partes.com.br/2018/06/09/projeto- integrado-de-praticas-educativas-e-formacao-docente- principios-e-as-propostas-de-uma-trajetoria-2/ Para isso, Tardif (2014) aponta para a necessidade de categorizar três concepções prevalentes durante a prática educativa. São elas: 1. A educação como arte. 2. A educação como arte guiada por valores. 3. A educação como interação. Pedagogia e a arte de ensinar na contemporaneidade 1. A educação como arte (TARDIF, 2014): Pedagogia e a arte de ensinar na contemporaneidade Ação (Práxis) Ação (Téchne) Ciência (Epistéme) Atividade típica Atividade imanenteao agente, ação moral. Fabricação de uma obra e produção de algo (efeito, resultado etc.). Contemplação e conhecimento rigoroso. Ator típico O homem prudente, o homem político, o guerreiro, o gozador. O artesão, o sofista, o médico, o educador. O sábio, o filósofo, o cientista. Natureza das atividades Orientada por fins imanentes ou naturais ao agente. Orientada por resultados exteriores ao agente. Orientada por um interesse relativo ao puro conhecimento. Objeto típico das atividades O homem e a existência humana. As coisas, os homens e os acontecimentos. As realidades puramente intelectuais. Saber típico Antropologia, ética,política. As técnicas e as artes; o saber-fazer. As ciências puras, a filosofia. Natureza do saber Erudito, mas não rigoroso e necessário. Saber que trata do contingente e do particular. Rigoroso e necessário. Objeto do saber Os fins e as normas. Os seres contingentese individuais. Os seres necessários (os números, o divino). 2. A educação como arte guiada por valores Em seu texto O estatuto das paixões, Aristóteles define paixão (páthos) como o sentimento que move, impulsiona, determinada ação (práxis) (TARDIF, 2014): Pedagogia e a arte de ensinar na contemporaneidade Esfera de subjetividade Esfera de objetividade Atividades típicas As atividades morais-legais, pessoais, passionais, as condutas baseadas nos interesses dos atores. As técnicas, as atividades instrumentais e estratégicas, a pesquisa científica. Atores típicos Todo ator que age baseando-se em seu interesse ou em regras subjetivas. O tecnológico, o científico, o calculador, o estrategista. Natureza da atividade Guiada por fins, por normas. Guiada por objetivosaxiologicamente neutros. Objeto típico da atividade A conformidade às normas, regrase interesses. O domínio e o controle dos fenômenos. Saber típico O ético, o jurídico, o estético,o senso comum etc. As ciências e as técnicas. Natureza do saber Subjetivo ou subjetivo-coletivo (social). Rigoroso e necessário. Objeto do saber As regras, as normas,o interesse subjetivo. Todos os fenômenos naturais e o ser humano como fenômeno natural. 3. A educação como interação Esta concepção refere-se à interação, concebida por muitas teorias, como interacionismo, etnometodologia, teoria da comunicação etc. No entanto, cabe destacar que, independentemente de arcabouços teóricos, todas elas admitem a prática educativa como lugar de interações culturais, discursivas, em que a dialogicidade está presente e contribui para a formação profissional e humana. Pedagogia e a arte de ensinar na contemporaneidade Nesta perspectiva, tanto o ato de ensinar quanto as interações advindas dos espaços escolares possuem finalidades, consideradas, segundo Tardif (2014), em três momentos: Pedagogia e a arte de ensinar na contemporaneidade 1º MOMENTO 2º MOMENTO 3º MOMENTO Os objetivos dos professores estão associados à tarefa coletiva e atemporal das incertezas geradas pelo processo dialógico – convergências e divergências. O caráter complexo exige dos professores adaptação constante frente às diversas circunstâncias inerentes às situações de trabalho, especialmente nas interações com os estudantes, preparação de aulas e elaboração de avaliações. A heterogeneidade dos objetos e objetivos escolares provoca a necessidade da atualização constante do professor quanto à sua atuação. A partir das categorias criadas por Tardif (2014), é possível elencar algumas palavras-chave que estão associadas ao trabalho docente humanizado e alicerçado na valorização da educação integral dos principais atores do processo ensino-aprendizagem. São elas: Pedagogia e a arte de ensinar na contemporaneidade trabalho colaborativo autonomia de posicionamento relações intersubjetivas e emocionais trabalho em longo prazo confronto de ideias protagonismo no fazer e conviver Conforme Tardif (2014, p. 2029), a ação educativa é definida por oito elementos: Pedagogia e a arte de ensinar na contemporaneidade AÇÃO EDUCATIVA 1. Possuir um saber específico, assim como vivencial. 2. Manter regularmente interação e diálogo. 3. Atuar individualmente e coletivamente. 4. Ter como foco os estudantes e seus interesses. 5. Estar disposto a participar do processo ensino-aprendizagem. 6. Saber ensinar. 7. Determinar conteúdo associado às demandas históricas, sociais e culturais. 8. Propiciar tomada de decisões e vivências diversas. A relação pedagogia e formação/atuação docente deve ser compreendida como um processo complexo que exige contemplar a multidimensionalidade humana, a intersubjetividade, a vida social e cultural dos sujeitos e, sobretudo, a articulação do conhecimento à heterogeneidade humana. Com base no excerto e nas discussões da unidade, podemos afirmar que: a) Na educação contemporânea, as questões de multidimensionalidade precisam ser separadas para evitar conflitos. b) Apesar do ser humano ser social, a educação e a formação docente não são subjetivas. c) A formação docente deve ser compreendida como técnica advinda da graduação. d) A heterogeneidade dos objetos e objetivos escolares provoca a necessidade da atualização constante do professor quanto à sua atuação. e) Uma vez adquirida a formação, não há necessidade de atualização. Interatividade A relação pedagogia e formação/atuação docente deve ser compreendida como um processo complexo que exige contemplar a multidimensionalidade humana, a intersubjetividade, a vida social e cultural dos sujeitos e, sobretudo, a articulação do conhecimento à heterogeneidade humana. Com base no excerto e nas discussões da unidade, podemos afirmar que: d) A heterogeneidade dos objetos e objetivos escolares provoca a necessidade da atualização constante do professor quanto à sua atuação. Justificativa: A educação humanizada tem a finalidade de garantir o acolhimento e o pertencimento do aluno aos grupos que integram o seu cotidiano, tanto na escola quanto em outros ambientes. Assim, o foco no espaço escolar não se restringe ao ensino do conteúdo pedagógico, mas ao desenvolvimento integral; A educação integral busca garantir o desenvolvimento humano em todas as suas dimensões: intelectual, física, afetiva, social e cultural. Para isso, pressupõe a construção permanente de um projeto educativo compartilhado por gestores, professores, estudantes, famílias e comunidades locais. Resposta De acordo com a Resolução CNE/CP n. 2/2019 – que define as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação Inicial de Professores para a Educação Básica e institui a Base Nacional Comum para a Formação Inicial de Professores da Educação Básica (BNC-Formação) –, em seu artigo 5º, são apresentados os fundamentos para a formação inicial dos docentes: I. a sólida formação básica, com conhecimento dos fundamentos científicos e sociais de suas competências de trabalho; II. a associação entre as teorias e as práticas pedagógicas; e III. o aproveitamento da formação e das experiências anteriores, desenvolvidas em instituiçõesde ensino, em outras atividades docentes ou na área da Educação (BRASIL, 2019, p. 3). Formação de professores: dilemas e impasses de políticas públicas educacionais A BNCC, instituída pelas Resoluções CNE/CP n. 2/2017 e 4/2018, apresenta, para a formação inicial de profissionais da educação, dez competências gerais e específicas ao exercício da função: Formação de professores: dilemas e impasses de políticas públicas educacionais Formação: competências gerais docentes 1. Compreender e utilizar os conhecimentos historicamente construídos para poder ensinar a realidade com engajamento na aprendizagem do estudante e na sua própria aprendizagem, colaborando para a construção de uma sociedade livre, justa, democrática e inclusiva. 2. Pesquisar, investigar, refletir, realizar a análise crítica, usar a criatividade e buscar soluções tecnológicas para selecionar, organizar e planejar práticas pedagógicas desafiadoras, coerentes e significativas. 3. Valorizar e incentivar as diversas manifestações artísticas e culturais, tanto locais quanto mundiais, e a participação em práticas diversificadas da produção artístico-cultural para que o estudante possa ampliar seu repertório cultural. 4. Utilizar diferentes linguagens – verbal, corporal, visual, sonora e digital – para se expressar e fazer com que o estudante amplie seu modelo de expressão ao partilhar informações, experiências, ideias e sentimentos em diferentes contextos, produzindo sentidos que levem ao entendimento mútuo. Formação de professores: dilemas e impasses de políticas públicas educacionais Formação: competências gerais docentes 5. Compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de informação e comunicação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética, nas diversas práticas docentes, como recurso pedagógico e como ferramenta de formação, para comunicar, acessar e disseminar informações, produzir conhecimentos, resolver problemas e potencializar as aprendizagens. 6. Valorizar a formação permanente para o exercício profissional, buscar atualização na sua área e afins, apropriar-se de novos conhecimentos e experiências que lhe possibilitem aperfeiçoamento profissional e eficácia e fazer escolhas alinhadas ao exercício da cidadania, ao seu projeto de vida, com liberdade, autonomia, consciência crítica e responsabilidade. 7. Desenvolver argumentos com base em fatos, dados e informações científicas para formular, negociar e defender ideias, pontos de vista e decisões comuns, que respeitem e promovam os direitos humanos, a consciência socioambiental, o consumo responsável em âmbito local, regional e global, com posicionamento ético em relação ao cuidado de si mesmo, dos outros e do planeta. Formação de professores: dilemas e impasses de políticas públicas educacionais Formação: competências gerais docentes 8. Conhecer-se, apreciar-se e cuidar de sua saúde física e emocional, compreendendo-se na diversidade humana, reconhecendo suas emoções e as dos outros, com autocrítica e capacidade para lidar com elas, desenvolver o autoconhecimento e o autocuidado nos estudantes. 9. Exercitar a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a cooperação, fazendo-se respeitar e promovendo o respeito ao outro e aos direitos humanos, com acolhimento e valorização da diversidade de indivíduos e de grupos sociais, seus saberes, identidades, culturas e potencialidades, sem preconceitos de qualquer natureza, para promover ambiente colaborativo nos locais de aprendizagem. 10.Agir e incentivar, pessoal e coletivamente, com autonomia, responsabilidade, flexibilidade, resiliência, a abertura a diferentes opiniões e concepções pedagógicas, tomando decisões com base em princípios éticos, democráticos, inclusivos, sustentáveis e solidários, para que o ambiente de aprendizagem possa refletir esses valores. A BNCC, instituída pelas Resoluções CNE/CP n. 2/2017 e 4/2018, também estabelece Competências específicas da formação docente: Formação de professores: dilemas e impasses de políticas públicas educacionais 1. Conhecimento profissional 2. Prática profissional 3. Engajamento profissional 1.1 Dominar os objetos de conhecimento e saber como ensiná-los. 2.1 Planejar as ações de ensino que resultem em efetivas aprendizagens. 3.1 Comprometer-se com o próprio desenvolvimento profissional. 1.2 Demonstrar conhecimento sobre os estudantes e como eles aprendem. 2.2 Criar e saber gerir ambientes de aprendizagem. 3.2 Comprometer-se com a aprendizagem dos estudantes e colocar em prática o princípio de que todos são capazes de aprender. 1.3 Reconhecer os contextos. 2.3 Avaliar o desenvolvimento do educando, a aprendizagem e o ensino. 3.3 Participar do Projeto Pedagógico da escola e da construção dos valores democráticos. 1.4 Conhecer a estrutura e a governança dos sistemas educacionais. 2.4 Conduzir as práticas pedagógicas dos objetos, conhecimento, competências e habilidades. 3.4 Engajar-se, profissionalmente, com as famílias e com a comunidade. Assim, para as licenciaturas, é necessário conhecer as competências esperadas dos estudantes da Educação Básica, ter o domínio de conhecimentos que constituem a formação profissional, utilizar práticas pedagógicas que contemplem os vários espaços e ritmos de aprendizagem e, por fim, possuir uma relação com a comunidade escolar e as famílias, a fim de autenticar as aprendizagens praticadas nas escolas. Formação de professores: dilemas e impasses de políticas públicas educacionais Tornar-se professor Competências gerais docentes Prática profissional Conhecimento profissional Engajamento profissional Fonte: livro-texto. Sobre os dilemas na formação de professores, gostaríamos de destacar três principais fatores que corroboram transformações e repercussões, conforme Tedesco e Fanfani (2004): 1. A extração social dos professores Questões como origem social e posição na estrutura de renda dos professores atuam, fortemente, na formação e aperfeiçoamento profissional, bem como nos aspectos culturais e na autopercepção desses profissionais. 2. A exclusão social e as condições de educabilidade na escola que se universaliza Observar que o contexto contemporâneo da cultura digital traz consigo redução de postos de trabalhos, o que não gera somente desemprego de grande parcela da população, mas conduz à ampliação de exclusão social na população. Formação de professores: dilemas e impasses de políticas públicas educacionais 3. Mudanças na clientela escolar e novos padrões nas relações professor-aluno Entre os vários novos perfis e configurações na relação ensino-aprendizagem, podemos observar: Diversidade: entendida, neste contexto, pelas diferenças étnicas, sociais e culturais permeiam a população brasileira que cursa a Educação Básica. Legitimação da autoridade pedagógica. Diferentes formas de apropriação da cultura no ambiente escolar. Formação de professores: dilemas e impasses de políticas públicas educacionais Segundo Silva e Cruz (2018), em um primeiro momento, a Residência Pedagógica tinha como propósito o aperfeiçoamento de professores em serviço; no entanto, esta ideia não foi aprovada, passando por várias reformulações até a chegada da Portaria n. 259, de 17 dezembro de 2019, que dispõe sobre o regulamento do Programa de Residência Pedagógica e do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID), a qual foi revogada pela Portaria n. 82, de 26 de abril de 2022. Entre os objetivos específicos do Programa de Residência Pedagógica estão: I. fortalecer e aprofundar a formação teórico-prática de estudantes de cursos de licenciatura; II. contribuir para a construção da identidade profissional docente dos licenciandos; III. estabelecer corresponsabilidade entre IES, redes de ensino e escolas na formação inicial de professores; IV. valorizar a experiência dos professores da educação básica na preparação dos licenciandos para a sua futura atuação profissional; e V. induzir a pesquisacolaborativa e a produção acadêmica com base nas experiências vivenciadas em sala de aula (BRASIL, 2022, p. 1). Formação de professores: dilemas e impasses de políticas públicas educacionais Os objetivos da Residência Pedagógica podem ser sintetizados como: Formação de professores: dilemas e impasses de políticas públicas educacionais Formação teórico-prática Identidade profissional Valorização de experiências de professores de educação básica Vivências em sala de aula e pesquisa colaborativa Fonte: livro-texto. Residência Pedagógica é um caminho que visa a valorizar a relação teoria e prática, assim, propomos compreender três esquemas dessa associação, a partir dos pressupostos de Candau e Lelis (1999), que classificam três momentos: Visão dicotômica: separa a teoria da prática, dando ênfase à autonomia total de uma em relação à outra. Visão associativa: tem caráter aplicacionista, isto é, acredita que a prática consiste na aplicação da teoria e que somente terá êxito se seguir os parâmetros teóricos; ou mesmo a relação inversa, em que, na prática, há validação da teoria e seus pressupostos. Visão de unidade: compreendida como a visão dialética, ou seja, uma relação que expressa um movimento de interdependência. Neste caso, não há oposição, mas a teoria complementa a prática e vice-versa. Formação de professores: dilemas e impasses de políticas públicas educacionais Sobre o Programa de Residência Pedagógica (PRP) coloque V para a afirmativa verdadeira e F para a afirmativa falsa. ( ) Fortalecer a relação teoria e prática. ( ) Oferecer a parte prática apenas. ( ) Aproximar a realidade escolar. ( ) Aproximar o professor experiente do iniciante. A sequência correta é: a) V, V, V, V. b) V, F, V, V. c) V, V, F, V. d) V, V, V, F. e) F, V, V, V. Interatividade Sobre o Programa de Residência Pedagógica (PRP) coloque V para a afirmativa verdadeira e F para a afirmativa falsa. ( V ) Fortalecer a relação teoria e prática. ( F ) Oferecer a parte prática apenas. ( V ) Aproximar a realidade escolar. ( V ) Aproximar o professor experiente ao iniciante. A sequência correta é: a) V, V, V, V. b) V, F, V, V. c) V, V, F, V. d) V, V, V, F. e) F, V, V, V. Resposta BRASIL. Conselho Nacional de Educação/Conselho Pleno (CNE/CP). Portaria n. 2.167, de 19 de dezembro de 2019. Diretrizes curriculares nacionais para a formação inicial de professores para a Educação Básica e base nacional comum para a formação inicial de professores da Educação Básica (BNC-Formação). Brasília, 2019. BRASIL. Portaria n. 82, de 26 de abril de 2022. Dispõe sobre o regulamento do Programa Residência Pedagógica – PRP. Brasília, 2022. Disponível em: https://bit.ly/3Zaj6Wv. Acesso em: 27 fev. 2023. CANDAU, V. M.; LELIS, I. A. A relação teoria-prática na formação do educador. In: CANDAU, V. M. (org.). Rumo a uma nova didática. Petrópolis: Vozes, 1999, p. 56-72. HUBERMAN, M. O ciclo de vida profissional dos professores. In: NÓVOA, A. (org.). Vidas de professores. Porto: Porto Editora, 2000. PINHEIRO, A. V. R. Didática e formação docente. Livro-Texto. São Paulo: UNIP/Ed. Sol: 2023. Referências SILVA, K. A.; CRUZ, S. P. A residência pedagógica na formação de professores: história, hegemonia e resistências. Momento: diálogos em educação, v. 27, n. 2, p. 227-247, maio/ago. 2018. Disponível em: https://bit.ly/3ZgeEW9. Acesso em: 27 fev. 2023. TARDIF, M. Saberes docentes e formação profissional. Petrópolis: Vozes, 2014. TARDIF, M.; LESSARD, C.; GAUTHIER, C. Formação dos professores e contextos sociais. Porto: Rés, 2001. TEDESCO, J. C.; FANFANI, E. T. Nuevos maestros para nuevos estudiantes. In: PEARLMAN, M. et al. Maestros em América Latina: nuevas perspectivas sobre su formación y desempeño. Santiago de Chile: Preal, San Marino, 2004. Referências ATÉ A PRÓXIMA! Número do slide 1 O que vamos estudar na disciplina? O que vamos estudar na disciplina? Para começar a conversa... Para começar a conversa... Saberes docentes e suas relações socioculturais com o mundo contemporâneo Saberes docentes e suas relações socioculturais com o mundo contemporâneo Saberes docentes e suas relações socioculturais com o mundo contemporâneo Interatividade Resposta Saberes docentes e suas relações socioculturais com o mundo contemporâneo Saberes docentes e suas relações socioculturais com o mundo contemporâneo Os tipos de saberes dos professores Os tipos de saberes dos professores Os tipos de saberes dos professores Os tipos de saberes dos professores Os tipos de saberes dos professores Os tipos de saberes dos professores Os tipos de saberes dos professores Os tipos de saberes dos professores Os tipos de saberes dos professores Os tipos de saberes dos professores Interatividade Resposta Pedagogia e a arte de ensinar na contemporaneidade Pedagogia e a arte de ensinar na contemporaneidade Pedagogia e a arte de ensinar na contemporaneidade Pedagogia e a arte de ensinar na contemporaneidade Pedagogia e a arte de ensinar na contemporaneidade Pedagogia e a arte de ensinar na contemporaneidade Pedagogia e a arte de ensinar na contemporaneidade Pedagogia e a arte de ensinar na contemporaneidade Pedagogia e a arte de ensinar na contemporaneidade Interatividade Resposta Formação de professores: dilemas e impasses de políticas públicas educacionais Formação de professores: dilemas e impasses de políticas públicas educacionais Formação de professores: dilemas e impasses de políticas públicas educacionais Formação de professores: dilemas e impasses de políticas públicas educacionais Formação de professores: dilemas e impasses de políticas públicas educacionais Formação de professores: dilemas e impasses de políticas públicas educacionais Formação de professores: dilemas e impasses de políticas públicas educacionais Formação de professores: dilemas e impasses de políticas públicas educacionais Formação de professores: dilemas e impasses de políticas públicas educacionais Formação de professores: dilemas e impasses de políticas públicas educacionais Formação de professores: dilemas e impasses de políticas públicas educacionais Interatividade Resposta Referências Referências Número do slide 51