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Art abordagens do conhecimento 1

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SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL 
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO 
UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA 
PRO-REITORIA DE EXTENSÃO, CULTURA E ASSUNTOS ESTUDANTIS 
CENTRO DE INCUBAÇÃO DE EMPREENDIMENTOS POPULARES SOLIDÁRIOS 
 
 
Av. Francisco Vicente Ferreira, 560, B. Santa Mônica - Uberlândia - MG - CEP: 38.408-102 – 
Tel.: (34) 3238 – 0647 / (34) 3255 - 1988 
INTRODUÇÃO AS ABORDAGENS DO CONHECIMENTO HUMANO
1
 
 
Prof. Dr. Gabriel H. Muñoz Palafox. 
 
Os filósofos (e cientistas) não brotam da terra como cogumelos. Eles são frutos 
de sua época, de seu povo, cujas energias, tanto as mais sutis e preciosas como 
as menos visíveis, se exprimem nas ideias filosóficas (e científicas). O 
espírito que constrói os sistemas filosóficos (e científicos) no cérebro dos 
filósofos (e cientistas) é o mesmo que constrói os caminhos de ferro com as 
mãos dos trabalhadores. A filosofia (e a ciência) não é exterior ao mundo (K. 
Marx) (grifos nossos). 
 
Introdução 
 
Segundo Severino (2001)
2
 para além da ação humana instintiva, o sentido cultural do 
“existir humano” somente se efetiva na vida por meio da nossa práxis (ação-reflexão-ação) a 
qual apresenta-se em 3 dimensões “práticas da existência humana” indissociáveis entre si: 
 
1. A existência prática da esfera do mundo do 
trabalho/produção, dirigida à natureza física, ou seja, ao 
ambiente natural; 
 
2. A existência prática relacionada ao mundo político-
social, relacionado com a interação entre os seres 
humanos; 
 
3. A existência prática do mundo/universo simbólico. 
Representa o âmbito da cultura onde se constroem as 
referências simbólicas da nossa subjetividade 
(identidade, singularidade) dentro da qual se apresentam 
os “sentidos” e “significados” simbólicos mediatizados 
pela linguagem que historicamente se atribuem a todas as 
dimensões da existência humana. 
 
É no interior destas práticas existenciais que cada um de nós “construímos” as nossas 
visões (não estruturadas) e concepções (estruturadas) de mundo, sociedade e ser humano, 
definimos nossos interesses pessoais e sociais e, ao mesmo tempo, estabelecemos e damos 
sentido moral e ético às práticas sociais que conhecemos e vivenciamos onde agimos 
cotidianamente ou não, como por exemplo, o âmbito do mundo do trabalho na educação e na 
Educação Física. 
 
1
 Capítulo compilado de: LEÃO, E. & MUÑOZ PALAFOX G. O método científico e as correntes filosóficas 
aplicadas à produção do conhecimento: o positivismo, a fenomenologia, o materialismo dialético e o 
estruturalismo, (apostila), Uberlândia: UFU, 2007 e DA SILVA, EDNA LÚCIA & MENEZES, ESTERA 
MUSZKAT. Metodologia da Pesquisa e Elaboração de Dissertação. 3. ed. rev. atual. Florianópolis: Laboratório 
de Ensino a Distância da UFSC, 2001. 
2
 SEVERINO, A. J. Educação, Sujeito e História, São Paulo: Olho D´agua, 2001. 
 
 
 
 
SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL 
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO 
UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA 
PRO-REITORIA DE EXTENSÃO, CULTURA E ASSUNTOS ESTUDANTIS 
CENTRO DE INCUBAÇÃO DE EMPREENDIMENTOS POPULARES SOLIDÁRIOS 
 
 
Av. Francisco Vicente Ferreira, 560, B. Santa Mônica - Uberlândia - MG - CEP: 38.408-102 – 
Tel.: (34) 3238 – 0647 / (34) 3255 - 1988 
Nesse contexto, apreender e fazer ciência requer a construção social de uma práxis 
comprometida ética e epistemológica comprometida com a busca de soluções para 
enfrentamento da realidade e da sociedade como um todo, frente a própria “existencialidade 
humana”, motivo pelo qual “desde tempos remotos, o ser humano busca entender o mundo, e “as 
imposições derivadas das necessidades práticas da existência foram sempre a força propulsora da 
busca destas formas de saber” (MATALLO JR., 1995, p.13). 
 
Desta forma, tanto a filosofia quanto a ciência, nos propiciam 
 
Chegar bem perto dos mistérios da vida, da nossa existencialidade e de tudo que 
nos rodei, e esse fascínio pelo conhecimento pode nos dar prazer, saber e poder. 
Porém, “a vida é muito mais que a Ciência, a Ciência é uma coisa entre outras, 
que empregamos na aventura de viver, que é a única coisa que importa” 
(ALVES, 1991, p.17) (GAIO, R. 2008, p.147)
3
. 
 
Interesses que orientam os processos de elaboração do conhecimento filosófico e científico 
 
Toda e qualquer pessoa que se torna pesquisador/a ou que decide fazer pesquisa seja qual 
for o motivo, termina orientando esta prática social de acordo com a concepção de mundo 
construída no interior das dimensões que constituem a sua existência. 
 
Por este motivo e para além do bom senso comum construído ao longo da vida de cada 
um de nós, torna-se necessário tomar conhecimento crítico, tanto do contexto histórico em que 
nós desenvolvemos como sujeitos, quanto dos interesses que guiarão a prática do nosso fazer 
científico. 
 
 Estes interesses, relacionados com a concepção de mundo que vamos construindo 
durante a vida adquirem importância fundamental no momento de definir e abordar 
cientificamente qual será o objeto ou fenômeno a ser pesquisado, ou melhor, conhecido. 
 
Nesse sentido, o filósofo alemão Jürgen Habermas (FREITAG & ROUANET, 1993)
4
, 
além de apontar três grandes interesses que podem orientar o/à pesquisador/a no seu trabalho 
de conhecimento da realidade, refletiu sobre as implicações ideológicas e políticas de cada um 
desses interesses quando assumidos no interior das dimensões da existência humana já citadas 
anteriormente. 
 
Depois de perguntar-se qual a origem das motivações que todos nós revelamos quando 
procuramos conhecer um fenômeno ou um fato da realidade e que motiva a busca pelo 
conhecimento, Habermas contribuiu para a compreensão dos interesses que definem, em última 
instância, como cada pesquisador/a termina “olhando” e se relacionando com o seu objeto de 
pesquisa. Em outras palavras, como o sujeito, se relaciona e aborda, em essência, o seu “objeto” 
de pesquisa. 
 
 
3
 GAIO, R. Metodologia de Pesquisa e produção de conhecimento. Petrópolis: Vozes, 2008. 
4
 FREITAG, B. & ROUANET. S. Sociologia. São Paulo: Ática, 1993. 
 
 
 
 
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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO 
UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA 
PRO-REITORIA DE EXTENSÃO, CULTURA E ASSUNTOS ESTUDANTIS 
CENTRO DE INCUBAÇÃO DE EMPREENDIMENTOS POPULARES SOLIDÁRIOS 
 
 
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Tel.: (34) 3238 – 0647 / (34) 3255 - 1988 
Os três interesses científicos podem ser identificados, tanto pela abordagem filosófico-
metodológica de conhecimento (epistemológica), quanto pelo tipo de conhecimento procurado, 
tal como mostrado no Quadro 1. 
 
Quadro 1 – Interesses científicos de acordo com a abordagem e tipo de conhecimento: 
Abordagem Filosófico-Metodológica 
(Base epistemológica) 
Tipo de Conhecimento científico 
Positivismo 
 
Empírico-Analítico 
Materialismo Histórico-Dialético 
(Marxismo) 
Crítico-Dialético 
Fenomenologia 
(Historicismo) 
Histórico-hermenêutico 
 
 
No quadro a seguir, são apresentados em caráter sintético, as abordagens e seus 
respectivos “tipos de conhecimento”, seguido das suas principais características, as quais se 
encontram ordenadas por “categorias” para facilitar a sua compreensão. 
 
Quadro 2. Tipos de conhecimento e características centrais
5
 
Tipos de 
abordagem/ 
Conhecimento 
Origem Metodologia Produto Aplicação Orientação 
normativa 
Interesse 
 
 
(Positivismo) 
 
Empírico- 
Analítico 
 
 
Ciências 
Naturais e 
exatas 
Explicação 
Procuras das 
causas 
Dados 
empíricos 
 
(resultantes 
de 
observação e 
testagem) 
 
(sensações / 
percepções) 
 
Domínio e 
controle técnico 
(Instrumental) 
Leis e regras. 
 
 
 
Equilíbrio e 
normalidade 
Instrumental 
 
PRODUÇÃO 
 
Ação sobre a 
natureza. 
 
Materialismo 
histórico 
(Marxismo) 
 
Crítico-
Dialético 
Ciências 
Teórico- 
críticasReflexivas 
Reflexão 
Procura da 
dinâmica dos 
fenômenos 
Críticas 
 
Revelação de 
Tensões e 
conflitos 
Ação 
 
Transformação 
Práxis 
 
Relação 
dialética 
entre teoria e 
prática 
Emancipatório 
 
PODER 
 
Fenomenologia 
(Historicismo) 
 
Histórico-
hermenéutico 
 
Ciências 
Humanas 
Compreensão 
 
Procura dos 
significados 
Interpretação 
 
Linguagem 
Polissemia 
 
(Múltiplos 
sentidos) 
Comunicação 
e interação 
 
Normas 
 
Consensos 
intersubje-
tivos 
Prático 
 
Intercomunica-
tivo 
 
LINGUAGEM 
 
 
5
 Quadro modificado de SANCHEZ GAMBOA, S. Disciplina: Epistemologia e Pesquisa Educacional, Unicamp, 
Programa de pós-graduação em Educação. <http://www.fe.unicamp.br/gepeja/arquivos/gamboa-
ABORDAGENSCIENTIFICASEINTERESSESHUMANOS.doc>. Acesso em 09/06/2008. 
http://www.fe.unicamp.br/gepeja/arquivos/gamboa-ABORDAGENSCIENTIFICASEINTERESSESHUMANOS.doc
http://www.fe.unicamp.br/gepeja/arquivos/gamboa-ABORDAGENSCIENTIFICASEINTERESSESHUMANOS.doc
 
 
 
 
SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL 
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO 
UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA 
PRO-REITORIA DE EXTENSÃO, CULTURA E ASSUNTOS ESTUDANTIS 
CENTRO DE INCUBAÇÃO DE EMPREENDIMENTOS POPULARES SOLIDÁRIOS 
 
 
Av. Francisco Vicente Ferreira, 560, B. Santa Mônica - Uberlândia - MG - CEP: 38.408-102 – 
Tel.: (34) 3238 – 0647 / (34) 3255 - 1988 
 Tal como observado no quadro 2, os três conjuntos de relações entre o sujeito que 
pesquisa e o seu objeto/fenômeno, são: 
 
1. O conjunto produção/técnica/informação subjacente ao tipo de conhecimento denominado 
empírico-analítico cujo interesse central é, em última instância, garantir o controle técnico 
do objeto/fenômeno ou processo de conhecimento. 
 
Desta forma, o interesse de domínio e controle técnico motiva a prática da pesquisa quando 
as informações a serem coletadas são baseadas na “manipulação controlada” do objeto da 
investigação por meio da utilização de procedimentos normatizados e padronizados, os quais 
visam, em tese, o desenvolvimento das forças produtivas e particularmente da relação de 
domínio da natureza por parte do ser humano, isto é, dos processos vinculados ao mundo do 
trabalho (SANCHEZ GAMBOA, 2009)
6
. 
 
2. O conjunto linguagem/consenso/interpretação subjacente ao tipo de conhecimento 
Histórico-Hermenêutico, tem como interesse a busca do consenso entre os sujeitos ou a 
comunidade afetada durante os processos de interpretação de um objeto/fenômeno de 
conhecimento. Visa, em última instância, que as pessoas aprimorem a sua linguagem e 
comunicação para interagir e conviver enfrentando e solucionando contradições e diferenças 
humano-sociais. 
 
Assim, quando este tipo de interesse motiva a investigação, os resultados são projetados para 
auxiliar por meio da interpretação dos sentidos surgidos na linguagem praticada entre os 
sujeitos para compreender os possíveis significados das ações, dos discursos, dos gestos, dos 
ritos, dos textos escritos, dentre outras formas de expressão, para propiciar normas e códigos 
de consenso de atuação pessoal (psicoterapia) e coletivo (SANCHEZ GAMBOA, 2009)
7
. 
 
3. O conjunto poder/emancipação/critica subjacente ao tipo de conhecimento dialético é 
associado à “Teoria Critica da Sociedade” e tem como interesse a busca da autônoma e da 
liberdade humanas, bem como a igualdade de oportunidades para todos e todas, sem 
distinções de classe social, gênero, raça/etnia, opção sexual, estagio geracional e qualquer 
outro tipo de condição sociocultural capaz de promover exclusão, preconceito e/ou 
discriminação. 
 
Em outras palavras, quando o interesse crítico-emancipador orienta a pesquisa, a atividade 
intelectual deve ser organizada para desenvolver o exercício da crítica por meio do 
conhecimento dialético da realidade e alimentar a práxis (teoria e prática) que a) desvenda a 
ideologia; b) transforma o real e; c) contribui para libertar os sujeitos dos diferentes 
condicionantes e situações “hipostasiadas” da vida social (liberdade). O interesse 
emancipatório se insere na agenda histórica de superar, tanto o trabalho alienado, quanto as 
relações de exploração entre os seres humanos (SANCHEZ GAMBOA, 2009)
8
. 
 
 
 
6
 idem. 
7
 ibidem. 
8
 Idem Ibidem. 
 
 
 
 
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Tel.: (34) 3238 – 0647 / (34) 3255 - 1988 
Quadro 3. Relação entre tipos de abordagens metodológicas; interesse que motivam a 
pesquisa e Dimensões fundamentais da vida humana. 
Dimensão da 
Existência 
Humana 
Abordagem Interesses Conjunto lógico 
Produção Positivista Controle Técnico Trabalho/Produção 
/técnica/informação 
Político-Social Dialética-Materialista Crítico, 
Emancipatório 
Poder/emancipação/ 
transformação social 
Simbolizadora Fenomenológica Dialógico - 
Consensual 
Linguagem/Interpretação/ 
Comunicação/Consenso 
 
Importante ressaltar, no contexto das dimensões da existência humana, que as condições 
harmônicas entre o ser humano e a natureza e do ser humano com os demais de alguma forma 
presentes nas comunidades primitivas foram sendo segundo Marx (1983), profundamente 
alteradas à medida que as diversas culturas existentes acumularam conhecimento e alteraram 
seus modos de produção até alcançar o modo de produção capitalista dentro do qual nos 
encontramos na atualidade. 
 
À medida que os modos de produção se alteraram, também foram afetadas as relações 
entre os seres humanos nas esferas político-social e simbolizadora, ate se consolidar 
historicamente relações de dominação e de controle do ser humano pelo ser humano. 
 
Dadas as condições de domínio e de exploração tanto da natureza como entre os seres 
humanos que hoje conhecemos, o próprio Marx evidenciou que enquanto não sejam superadas 
tais relações de dominação, de alienação do trabalho e entre os próprios seres humanos, ainda 
continuaremos naquilo que ele mesmo denominou de “pré-história da humanidade”.

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