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disponível em: https://www.passeidireto.com/arquivo/1998707/nomenclatura acesso em: Agosto/2016 (com algumas alterações no texto) NOÇÕES BÁSICAS DE NOMENCLATURA ZOOLÓGICA A denominação adequada de um organismo vivo é atribuição da taxonomia (gr. taxis = distribuição, classificação + nomia = legislação). Por sua vez, a análise das relações evolucionárias entre os organismos, tendo por alicerce a taxionomia, é objeto da sistemática. A unidade da classificação biológica é a espécie. Nas antigas definições, espécie era entendida como “conjunto de indivíduos que apresenta muitas características em comum e difere de outras formas em um ou mais aspectos”. Modernamente, espécie é considerada como “conjunto de indivíduos que, quando cruzados, geram descendência fértil”. Todavia, este conceito é bastante discutível. Um grupo de espécies mais relacionadas são reunidas em um mesmo gênero. Gêneros relacionados são agrupados em famílias e estas, sucessivamente, em ordens e em outras categorias superiores. Todo o conjunto, por fim, perfaz o chamado reino animal (Animalia). Aristóteles (384-322 A.C.), na Grécia, expressou a idéia de reunir os animais por suas características, tanto comuns como distintivas, sendo por isso às vezes chamado de “Pai da Zoologia”. Todavia, foi com o botânico John Ray (1627-1705) que surgiram os conceitos de gênero e espécie, embora esta última ainda não considerada como unidade evolutiva, o que ocorreu apenas com a publicação dos trabalhos clássicos de Darwin e Wallace, já na segunda metade do século XIX. A figura de maior relevância no aspecto de ordenação dos seres vivos, no entanto, acabou sendo Karl von Linné (Carolus Linnaeus - 1707-1778), que lançou as bases para a classificação e a nomenclatura modernamente utilizadas no mundo; em vista disso, é conhecido como o “Pai da Taxonomia”. Diferentemente do que era usual até então, ou seja, a identificação de um animal através de número variável de palavras, na décima edição da obra Systema Naturae, Linnaeus adotou o reconhecimento de cada espécie animal por meio de apenas duas palavras, em latim, ou seja, a nomenclatura binomial. Em 1901, foi criado o “Código Internacional de Nomenclatura Zoológica” (CINZ), publicação que congrega o conjunto de regras ou normas destinadas a tratar da nomenclatura zoológica, em especial das questões ligadas à criação, proposição, validade e a outros aspectos ligados aos nomes genérico/específico dos animais. Porém, o ponto de partida para a aplicação das Regras de Nomenclatura Zoológica foi estabelecido como sendo a décima (10ª.) edição do Systema Naturae, publicada em 1758. Por convenção (cada vez menos considerada), os nomes dos animais são escritos em latim ou latinizados; a regra é que um nome deve ser escrito com caracteres latinos (mais k, w e y). É recomendável, portanto, ter algumas noções desse idioma para que se possa entender a nomenclatura. As palavras latinas são declináveis, havendo seis casos. Porém, os que interessam na nomenclatura zoológica são o nominativo e o genitivo. Por exemplo, na primeira declinação, as terminações são a (ae) e ae (arum) para o nominativo e o genitivo, singular e plural, respectivamente. Assim, no nominativo, “a floresta” diz-se silva e “as florestas”, silvae, enquanto no genitivo tem-se “da floresta”, silvae, e “de florestas”, silvarum. Como exemplo, pode-se citar “a águia da floresta”, Aquila silvae, ou “a águia de florestas” Aquila silvarum, Vejamos agora apenas algumas regras mais relevantes. 1. As espécies são referidas por dois vocábulos (nomenclatura binomial), sendo que o primeiro termo indica o gênero (nome genérico) e o segundo é o epíteto específico. Exs: Bos taurus (boi europeu); Bos indicus (boi indiano); Canis lupus (lobo e cachorro); 2. O nome do gênero deve ser um substantivo no nominativo singular ou ser tratado como tal. 3. O epíteto ou designação específica pode ser de diferentes categorias. - um substantivo no nominativo singular. Ex: Bos taurus (onde, Bos = boi, em latim e taurus = boi, em grego); - um adjetivo, concordando em caso (nominativo), gênero gramatical (masculino, feminino ou neutro) e número (singular) com o nome do gênero. Exs: Bos indicus (Bos = boi e indicus = da Índia, ambos nomes masculinos); Lycosa ornata (ambos nomes femininos); Paramaecium caudatum (ambas palavras neutras); - um substantivo no genitivo (singular ou plural). Ex: Aphis gossypii [Aphis, um inseto (= pulgão) + gossypii, do algodoeiro], Panonychus citri (Panonychus, um ácaro + citri, das plantas cítricas); - um adjetivo, usado como substantivo no genitivo e derivado do epíteto da espécie à qual o animal está associado. Ex: Macrocheles muscaedomesticae (um ácaro), predador de Musca domestica, a mosca doméstica; Lernaea lusci (um crustáceo), parasito de Gadus luscus (um peixe). 4. Nomes dados em homenagem a alguém (= patronímicos) seguem certas normas: - se for homem, forma-se o epíteto adicionando-se “i” ao nome da pessoa. Exs: Trypanosoma cruzi (homenagem a Oswaldo Cruz); Xiphinema luci (a Michel Luc) - se for mulher, forma-se o epíteto adicionando-se “ae” ao nome da pessoa, ou “e” se já terminar por “a”. Ex: Ogma isabelae (a Isabel); Tetranychus escolasticae. 5. O nome genérico tem inicial maiúscula e o epíteto inicial minúscula. Em um texto, recomenda-se que o nome da espécie seja destacado (sublinhado, negrito ou itálico). 6. O nome da espécie pode constar acompanhado do nome(s) da(s) pessoa(s) que a descreveu(ram) e da data (= ano) da publicação. Uma vírgula vem entre o(s) nome(s) do(s) descritor(es) e a data. Ex: Xiphidorus yepesara Monteiro, 1976; Scutellonema erectum Sivakumar & Khan, 1981; Calacarus flagelliseta Flechtmann, Moraes & Barbosa, 2001. 7. O criador (autor) do nome da espécie é aquele que primeiro publica a sua descrição (Lei da Prioridade). 8. Uma espécie pode ser transferida de um gênero para outro. Nesse caso, o nome do autor/descritor (ou nomes) e a data passam a figurar entre parêntesis, podendo ser seguido do nome de quem fez a mudança e a data de proposição desta. Ex: em 1893, Nathan Cobb descreveu o nematóide Tylenchus similis, um parasito de bananeiras, resultando o nome específico Tylenchus similis Cobb, 1893. Em 1949, outro autor, Gerald Thorne, transferiu a espécie para o gênero Radopholus; tal ação resultou em que o nome da espécie passasse a ser referido como Radopholus similis (Cobb, 1893) Thorne, 1949. 9. Quando nomes de subespécies forem criados dentro de uma determinada espécie, estes deverão ser trinomiais; o terceiro termo é o epíteto subespecífico. Exs: Passer domesticus domesticus (o pássaro conhecido como pardal, de origem européia) e Passer domesticus niloticus (o pardal encontrado tipicamente no vale do rio Nilo, na África); Canis lupus lupus (lobo) e Canis lupus familiaris (cachorro). 10. Os nomes dos grupos superiores à espécie são uninomiais. A formação dos nomes de tribo, subfamília, família e superfamília dá-se acrescentando, respectivamente, os sufixos ini, inae, idae e oidea ao radical do nome do gênero-tipo, no caso genitivo. Ex: Tetranychus (gênero - caso nominativo) => Tetranychi (caso genitivo) => Tetranych (= radical) e deste irão resultar as designações Tetranychini (tribo), Tetranychinae (subfamília), Tetranychidae (família) e Tetranychoidea (superfamília). 11. O nome de família deve ser pronunciado como proparoxítono. Ex: Tetranychidae pronuncia-se como ‘Tetraníquid[é]’; Trypanosomatidae como ‘Tripanossomátid[é]’. O nome de subfamília deve ser pronunciado como paroxítono: Trypanosomatinae como ‘Tripanossomatín[é]’.
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