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3 Prat Jur Trabalhista - Recursos Trabalhistas I

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Prática Jurídica 
Trabalhista
Responsável pelo Conteúdo:
Prof. Me. Welington Castilho Garcia
Revisão Textual:
Caique Oliveira dos Santos
Recursos Trabalhistas I
Recursos Trabalhistas I
 
• Reconhecer os pressupostos necessários aos recursos trabalhistas;
• Redigir as peças com independência. 
OBJETIVOS DE APRENDIZADO 
• Recursos Trabalhistas;
• Pressupostos Recursais;
• Embargos de Declaração;
• Recurso Ordinário (RO);
• Recurso de Revista (RR);
• Redação de Peças Recursais.
UNIDADE Recursos Trabalhistas I
Recursos Trabalhistas 
Quando realiza a propositura de uma reclamação trabalhista, evidentemente, o re-
clamante almeja o sucesso total da demanda, isto é, a procedência em todas as postu-
lações. Em contrapartida, o reclamado busca a demonstração de que o requerente não 
faz jus aos pleitos da exordial.
Ao final, o órgão julgador profere decisão judicial, o que pode ser total ou parcialmente 
favorável a uma ou ambas as partes integrantes da relação jurídico-processual. Tendo 
em vista o descontentamento, muitas vezes, o indivíduo buscará o reexame do processo, 
externalizando o duplo grau de jurisdição previsto no ordenamento jurídico brasileiro.
Consoante Daniel Amorim Assumpção Neves (2018, p. 1.581): 
[...] fator favorável à adoção do duplo grau de jurisdição diz respeito à pró-
pria falibilidade humana, considerando-se que o juiz, como ser humano 
que é, pode se equivocar em sua decisão. Dessa forma, é interessante 
manter um mecanismo de revisão dessa decisão, como forma de possi-
bilitar que um eventual equívoco, ilegalidade ou injustiça da decisão da 
causa possa ser revisto.
Nesse contexto, o sistema jurídico brasileiro prevê diversas ferramentas questionado-
ras, entre as quais se destaca o recurso. De acordo com Amauri Mascaro Nascimento 
(2014, p. 714), “os recursos constituem um instrumento assegurado aos interessados 
para que, vencidos, possam pedir aos órgãos jurisdicionais um novo pronunciamento 
sobre a questão decidida”. 
É imperioso ressaltar que os recursos não constituem a única hipótese de questio-
namento dos pronunciamentos judiciais, existem outras medidas processuais cabíveis, 
como a ação rescisória, o mandado de segurança, a reclamação constitucional, o pedido 
de suspensão de liminar, a querela nullitatis e outras formas de impugnação, desde que 
se respeitando os requisitos necessários para cada ação. 
Conforme Sergio Pinto Martins (2013, p. 403), “recurso é o meio processual esta-
belecido para provocar o reexame de determinada decisão, visando à obtenção de sua 
reforma ou modificação”. 
Destacam-se os seguintes recursos trabalhistas: 
• embargos no TST: art. 894 da CLT;
• embargos de declaração: art. 897-A da CLT; 
• recurso ordinário: art. 895 da CLT; 
• recurso de revista: art. 896 da CLT;
• agravo de petição: art. 897, a, da CLT;
• agravo de instrumento: art. 897, b, da CLT;
• agravo regimental: art. 709, § 1º, da CLT. 
A sistemática recursal trabalhista não se confunde com a ordem estabelecida no pro-
cesso comum, principalmente em razão de regramento próprio na CLT.
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Nesse contexto, segundo Élisson Miessa (2021, p. 816), no processo do trabalho, o 
recurso percorrerá o chamado duplo juízo de admissibilidade (a quo e ad quem), o qual 
funciona como um filtro na verificação do preenchimento dos pressupostos extrínsecos 
e intrínsecos. O juízo de admissibilidade a quo é realizado pelo órgão que proferiu a de-
cisão recorrida (exame preliminar e superficial), enquanto o juízo de admissibilidade ad 
quem caberá ao órgão recursal (exame em caráter definitivo).
O Código de Processo Civil, aprovado em 2015, aboliu o duplo juízo de admissibili-
dade recursal de natureza ordinária, mas ainda prevalece no processo do trabalho e não 
se aplica o disposto no art. 1.010, § 3º, do CPC: “os autos serão remetidos ao tribunal 
pelo juiz, independentemente de juízo de admissibilidade” (MIESSA, 2021, p. 818).
Pressupostos Recursais 
O juízo de admissibilidade avaliará a existência dos pressupostos recursais intrínsecos 
e extrínsecos, sem os quais não haverá o exame de mérito do recurso, especialmente 
para evitar a interposição de instrumentos protelatórios, cujo intuito é simplesmente 
postergar a entrega do direito postulado à parte vitoriosa. 
Prevalece o entendimento de que os pressupostos intrínsecos se classificam em: cabi-
mento, legitimidade, interesse em recorrer e inexistência de fato impeditivo ou extintivo 
do poder de recorrer. Por outro lado, os pressupostos extrínsecos dividem-se em: tem-
pestividade, representação, preparo e regularidade formal. 
Pressupostos intrínsecos 
Conforme Élisson Miessa (2021, p. 824), a recorribilidade está atrelada ao cabimento
do recurso, isto é, se a decisão judicial é passível de questionamento imediato, tendo em 
vista que nem todos os pronunciamentos judiciais são recorríveis, como os despachos e a 
maioria das decisões proferidas no curso do processo, ante a materialização do princípio 
da irrecorribilidade imediata das decisões interlocutórias. Além disso, deve-se observar a 
adequação do recurso, ou seja, se a medida processual é a apropriada à situação concreta. 
Excepcionalmente, decisões interlocutórias serão recorríveis de imediato, nos termos do 
entendimento sumulado do Tribunal Superior do Trabalho, assim: 
Súmula nº 214: Na Justiça do Trabalho, nos termos do art. 893, § 1º, da 
CLT, as decisões interlocutórias não ensejam recurso imediato, salvo nas 
hipóteses de decisão: 
a) de Tribunal Regional do Trabalho contrária à Súmula ou Orientação 
Jurisprudencial do Tribunal Superior do Trabalho;
b) suscetível de impugnação mediante recurso para o mesmo Tribunal; 
c) que acolhe exceção de incompetência territorial, com a remessa dos 
autos para Tribunal Regional distinto daquele a que se vincula o juízo 
excepcionado, consoante o disposto no art. 799, § 2º, da CLT.
Quanto à legitimidade, conforme o art. 996 do CPC, terão a faculdade para recorrer 
as partes (reclamante e reclamado), o terceiro prejudicado e o Ministério Público (nos 
processos trabalhistas, o Ministério Público do Trabalho).
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UNIDADE Recursos Trabalhistas I
Por outro lado, de acordo com Élisson Miessa (2021, p. 825-827), no que diz respeito 
ao interesse em recorrer, cabe à parte vencida (total ou parcialmente) e ao terceiro preju-
dicado com a decisão, bem como ao Ministério Público, independentemente da demons-
tração de interesse recursal, tendo em vista que sua atuação decorre de autorização legal. 
Em relação à inexistência de fato impeditivo ou extintivo do poder de recorrer, 
refere-se a situações que colocam em xeque o direito de recorribilidade, tal como: a 
desistência do recurso até a prolação do voto (termo final entendido pela jurisprudência 
para desistência do recurso); a aquiescência da decisão tácita ou expressamente; a re-
núncia ao direito de recorrer (MIESSA, 2021, p. 828-829).
Pressupostos extrínsecos 
No que concerne à tempestividade, trata-se do prazo de recorribilidade, ou seja, o 
lapso temporal que as partes terão para a interposição do respectivo recurso, bem como 
da apresentação das contrarrazões. Na sistemática recursal trabalhista, há os prazos 
dispostos na tabela a seguir.
Tabela 1
Recurso Prazo
Embargos no TST 8 (oito) dias úteis
Embargos de declaração 5 (cinco) dias úteis
Recurso ordinário 8 (oito) dias úteis
Recurso de revista 8 (oito) dias úteis
Agravo de petição 8 (oito) dias úteis
Agravo de instrumento 8 (oito) dias úteis
Agravo regimental 8 (oito) dias úteis
Pedido de revisão 48 horas
Recurso extraordinário 15 dias úteis
A respeito do prazo recursal, são beneficiados com prazo em dobro para razões e 
contrarrazões os entes pertencentes ao conceito de Fazenda Pública, ou seja, a União, 
os estados-membros, o Distrito Federal, os municípios e as autarquias ou fundações de 
direito público federais, estaduais ou municipais que não explorem atividade econômica, 
de acordo com o Decreto-Lei nº 779/1969. Portanto, em regra, estão excluídosdessa 
prerrogativa processual as empresas estatais, como as empresas públicas e as socieda-
des de economia mista. 
A despeito de ter personalidade de pessoa jurídica de direito privado, a Empresa Brasileira 
de Correios e Telégrafos goza das prerrogativas processuais previstas nos Decretos-Leis nos 
509/1969 e 779/1969 relativas a prazo (em dobro), preparo recursal (custas e depósito) e 
impenhorabilidade de seus bens. Tal entendimento foi manifestado pela 8ª Turma do TST, 
no julgamento do Recurso de Revista nº 8679420105060019, de relatoria da Ministra Dora 
Maria da Costa, cujo acordão foi proferido em 17.06.2015. Nesse contexto, o colegiado refor-
mou o acórdão regional, afastando a intempestividade dos embargos à execução e deter-
minou o retorno dos autos ao Tribunal Regional do Trabalho de origem para continuidade 
da análise do agravo de petição. 
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No que tange à representação, é salutar recordar que a capacidade postulatória não 
é restrita ao advogado, como ocorre no processo civil. Conforme o art. 791 da CLT, 
“Os empregados e os empregadores poderão reclamar pessoalmente perante a Justiça 
do Trabalho e acompanhar as suas reclamações até o final”. 
O citado dispositivo celetista materializa o princípio do jus postulandi, o qual preco-
niza o direito das partes de acompanharem suas ações sem a representação por meio de 
patrono. Todavia, tal capacidade postulatória não alcança os recursos de competência 
do Tribunal Superior do Trabalho, nos termos da Súmula nº 425 do TST, limitando-se, 
portanto, aos recursos interpostos perante os tribunais regionais do trabalho. 
A representação é externalizada por meio da procuração (mandato), que é um contrato 
pelo qual o mandante outorga poderes ao mandatário, sem o qual os atos realizados 
podem ser tidos como ineficazes. Excepcionalmente, o advogado poderá atuar sem 
instrumento de procuração, conforme se depreende do CPC: 
Art. 104. O advogado não será admitido a postular em juízo sem pro-
curação, salvo para evitar preclusão, decadência ou prescrição, ou para 
praticar ato considerado urgente.
§ 1º . Nas hipóteses previstas no caput, o advogado deverá, independen-
temente de caução, exibir a procuração no prazo de 15 (quinze) dias, 
prorrogável por igual período por despacho do juiz.
§ 2º . O ato não ratificado será considerado ineficaz relativamente àquele 
em cujo nome foi praticado, respondendo o advogado pelas despesas e 
por perdas e danos.
Por outro lado, os procuradores das pessoas jurídicas de direito público estão dispen-
sados da juntada de mandato e de comprovação do ato de nomeação, devendo apenas 
declarar que exercem o citado cargo, de acordo com a Súmula nº 436 do TST. 
Relativamente ao preparo, trata-se do recolhimento de custas e depósito recursal. 
As custas são valores destinados ao Estado a título de custeio dos serviços judiciários, 
enquanto o depósito recursal é exigido nas condenações em pecúnia e visa à garantia 
de futura execução. À vista disso, convém citar o art. 789 da CLT: 
Art. 789. Nos dissídios individuais e nos dissídios coletivos do trabalho, nas 
ações e procedimentos de competência da Justiça do Trabalho, bem como 
nas demandas propostas perante a Justiça Estadual, no exercício da juris-
dição trabalhista, as custas relativas ao processo de conhecimento incidirão 
à base de 2% (dois por cento), observado o mínimo de R$ 10,64 (dez reais 
e sessenta e quatro centavos) e o máximo de quatro vezes o limite máximo 
dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social, e serão calculadas: 
I – quando houver acordo ou condenação, sobre o respectivo valor; 
II – quando houver extinção do processo, sem julgamento do mérito, ou 
julgado totalmente improcedente o pedido, sobre o valor da causa; 
III – no caso de procedência do pedido formulado em ação declaratória e 
em ação constitutiva, sobre o valor da causa; 
IV – quando o valor for indeterminado, sobre o que o juiz fixar. 
Em regra, as custas devem ser recolhidas pelo vencido posteriormente ao trânsito em 
julgado da decisão judicial. Entretanto, na hipótese de interposição de recurso, devem 
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UNIDADE Recursos Trabalhistas I
ser pagas e comprovadas dentro do prazo recursal, nos termos do art. 789, § 1º, da CLT. 
Outrossim, destaca-se: 
Art. 789-A. No processo de execução são devidas custas, sempre de 
responsabilidade do executado e pagas ao final, de conformidade com a 
seguinte tabela: 
I – autos de arrematação, de adjudicação e de remição: 5% (cinco por 
cento) sobre o respectivo valor, até o máximo de R$ 1.915,38 (um mil, 
novecentos e quinze reais e trinta e oito centavos); 
II – atos dos oficiais de justiça, por diligência certificada: 
a. em zona urbana: R$ 11,06 (onze reais e seis centavos); 
b. em zona rural: R$ 22,13 (vinte e dois reais e treze centavos); 
III – agravo de instrumento: R$ 44,26 (quarenta e quatro reais e vinte e 
seis centavos); 
IV – agravo de petição: R$ 44,26 (quarenta e quatro reais e vinte e seis 
centavos); 
V – embargos à execução, embargos de terceiro e embargos à arremata-
ção: R$ 44,26 (quarenta e quatro reais e vinte e seis centavos); 
VI – recurso de revista: R$ 55,35 (cinquenta e cinco reais e trinta e cinco 
centavos); 
VII – impugnação à sentença de liquidação: R$ 55,35 (cinquenta e cinco 
reais e trinta e cinco centavos); 
VIII – despesa de armazenagem em depósito judicial – por dia: 0,1% (um 
décimo por cento) do valor da avaliação; 
IX – cálculos de liquidação realizados pelo contador do juízo – sobre o 
valor liquidado: 0,5% (cinco décimos por cento) até o limite de R$ 638,46 
(seiscentos e trinta e oito reais e quarenta e seis centavos). 
De acordo com o aludido art. 789, §1º ao 4º da CLT, cumpre mencionar outras ca-
racterísticas das custas, tais como: 
• em condenações não líquidas, o montante das custas processuais será arbitrado e 
fixado pelo juízo;
• na realização de acordo, desde que não haja ajuste entre as partes, as custas serão 
rateadas entre os litigantes; 
• em dissídios coletivos, as custas ficarão a cargo das partes vencidas de forma solidá-
ria, conforme o valor arbitrado na decisão, ou pelo Presidente do Tribunal.
No que concerne ao depósito recursal, salienta-se a circunstância do agravo de instru-
mento, cujo valor corresponde a 50% (cinquenta por cento) do montante do depósito do 
recurso ao qual se pretende destrancar, nos termos do art. 899, § 7º, da CLT. 
A empresa “X” interporá agravo de instrumento para destrancar recurso de revista, 
cujo depósito recursal foi de R$ 20.118,30. Nesse caso, o valor de depósito recursal 
do agravo será de R$ 10.059,15. 
É imperioso asseverar que o recolhimento de depósito recursal ocorrerá a cada nova 
interposição sob pena de deserção, contudo, “atingido o valor da condenação, nenhum 
depósito mais é exigido para qualquer recurso”, nos termos da Súmula nº 128 do TST. 
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Há outras hipóteses em que não haverá depósito recursal, conforme dispõe o art. 
899, § 8º, da CLT, por exemplo, tratando-se a interposição do agravo de instrumento 
para destrancar recurso de revista manejado contra decisão judicial que viola jurispru-
dência uniforme do TST. 
A Orientação Jurisprudencial nº 140 da SDI-1 do TST assevera que haverá deserção 
pelo recolhimento de custas ou depósito recursal em valor inferior ao devido, desde que 
não ocorra a complementação depois da concessão do prazo de 5 (cinco) dias.
Por fim, existem circunstâncias em que o depósito recursal será reduzido pela metade 
ou isento, consoante quadro que segue, configurado a partir do art. 899 da CLT. 
 Quadro 1
Depósito recursal 
reduzido pela metade
• Entidades sem fins lucrativos;
• Empregadores domésticos;
• Microempreendedores individuais;
• Microempresas;
• Empresas de pequeno porte.
Isentos de 
depósito recursal
• Os beneficiários da justiça gratuita;
• As entidades filantrópicas;
• As empresas em recuperação judicial.
No que se refere à regularidade formal, apesar da prevalência da informalidade no 
processo do trabalho, há que se respeitardeterminadas formalidades imprescindíveis à 
interposição dos recursos, conforme se extrai do art. 899 da CLT: “Os recursos serão 
interpostos por simples petição e terão efeito meramente devolutivo”. 
Embargos de Declaração 
Dadas as particularidades na seara trabalhista, os embargos declaratórios assemelham-
-se ao processo civil, possuindo regramento próprio na CLT, socorrendo-se ao CPC em 
circunstâncias pontuais. 
Na doutrina, há posicionamentos que destoam do entendimento da natureza recursal 
do mencionado instrumento. 
Mauro Schiavi (2018, p. 1.059-1.060), apesar de advogar na defesa da natureza recursal 
dos embargos, elucida vertentes favoráveis e contrárias. Nesse contexto, desfavoravelmen-
te: o julgamento realizado pelo mesmo órgão prolator da decisão embargada; a finalidade 
de complementação da prestação jurisdicional; a ausência de exigência de formalidade, 
como o preparo. Já favoravelmente: a inserção pelo legislador no capítulo dos recursos.
O art. 897-A da CLT elenca as hipóteses de oposição dos embargos de declaração, 
as quais estão em destaque: 
Art. 897-A. Caberão embargos de declaração da sentença ou acórdão, 
no prazo de cinco dias, devendo seu julgamento ocorrer na primeira audi-
ência ou sessão subsequente a sua apresentação, registrado na certidão, 
admitido efeito modificativo da decisão nos casos de omissão e contra-
dição no julgado e manifesto equívoco no exame dos pressupostos 
extrínsecos do recurso. 
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UNIDADE Recursos Trabalhistas I
§ 1º. Os erros materiais poderão ser corrigidos de ofício ou a requeri-
mento de qualquer das partes. (grifos nossos)
A omissão é configurada pela preterição de temáticas que foram requeridas pelos 
litigantes ou matérias de ordem pública, por exemplo: o juiz do trabalho silenciou-se a 
respeito do pedido de pagamento de férias em dobro feito pelo reclamante, não julgou 
procedente nem improcedente. 
Em subsídio ao processo do trabalho, convém pontuar as situações consideradas de 
omissão pelo art. 1.022, parágrafo único, do CPC combinado com o art. 489, §1º do 
CPC, que considera omissa a decisão que: 
• deixe de se manifestar sobre tese firmada em julgamento de casos repetitivos ou em 
incidente de assunção de competência aplicável ao caso sob julgamento;
• se limitar à indicação, à reprodução ou à paráfrase de ato normativo, sem explicar 
sua relação com a causa ou a questão decidida;
• empregar conceitos jurídicos indeterminados, sem explicar o motivo concreto de 
sua incidência no caso;
• invocar motivos que se prestariam a justificar qualquer outra decisão;
• não enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo capazes de, em tese, 
infirmar a conclusão adotada pelo julgador;
• se limitar a invocar precedente ou enunciado de súmula, sem identificar seus funda-
mentos determinantes nem demonstrar que o caso sob julgamento se ajusta àqueles 
fundamentos;
• deixar de seguir enunciado de súmula, jurisprudência ou precedente invocado pela 
parte, sem demonstrar a existência de distinção no caso em julgamento ou a supe-
ração do entendimento.
Acerca da contradição, consuma-se pela discrepância dos elementos que com-
põem a decisão judicial, seja na sentença, seja no acórdão, por exemplo: no relatório 
da sentença, o juiz do trabalho indica a confissão do reclamado quanto à prestação de 
horas extras habituais e às provas produzidas, mas, na fundamentação, aponta argu-
mentos que refutam a tese. 
Para Carlos Henrique Bezerra Leite (2020, p. 1.164): 
Pode ocorrer contradição não apenas entre o relatório e a fundamenta-
ção ou entre esta e o decisum, mas também entre quaisquer partes da 
sentença ou do acórdão. Tem-se admitido, ainda, a contradição entre o 
acórdão e a certidão de julgamento. Não há contradição, para fins de 
interposição de embargos de declaração, entre os fatos e documentos 
produzidos nos autos e a decisão judicial.
No tocante ao manifesto equívoco no exame dos pressupostos extrínsecos do re-
curso (tempestividade, representação, preparo e regularidade formal), tem por objetivo 
principal reforçar a celeridade e efetividade processual trabalhista, possibilitando ao ór-
gão prolator da decisão a correção do vício sem a necessidade de interposição de agravo 
de instrumento, o que delongaria demasiadamente, pois é julgado apenas pelo tribunal. 
Quanto aos erros materiais, apesar da previsão expressa como hipótese de cabi-
mento de embargos, podem ser corrigidos de ofício pelo magistrado. 
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O art. 897-A da CLT não elenca a obscuridade, entretanto o entendimento majoritário 
é pela aplicação ao processo do trabalho e remete a uma decisão judicial sem clareza ou 
precisão. Cumpre observar a elucidação de Luís Eduardo Simardi Fernandes (2020, p. 28): 
A obscuridade, em regra, é fruto de duas situações distintas. Pode acon-
tecer de o juiz estar absolutamente certo e seguro daquilo que vai decidir, 
tendo em mente todo o raciocínio lógico que norteará sua decisão, mas 
acabar por redigir o pronunciamento de maneira confusa, ou com uso 
de linguagem rebuscada e pouco usual, e aquilo que estava claro em sua 
mente resultar em pronunciamento de difícil compreensão, deixando dú-
vidas sobre o que pretendeu efetivamente dizer.
A despeito de esclarecimento anterior acerca do prazo de 5 (cinco) dias úteis para 
o manejo dos embargos, enfatiza-se que, diante da possibilidade de efeito modificativo 
da decisão embargada, é imprescindível oportunizar a manifestação do embargante no 
mesmo lapso temporal. 
Nos termos do art. 897-A, § 3º, da CLT, a interposição dos embargos de declaração 
interrompe o prazo para demais recursos, desde que não sejam intempestivos, irregular 
a representação da parte ou ausente a sua assinatura.
Importante! 
Não confunda! Na suspensão, a contagem do prazo volta a correr de onde parou, depois 
da cessação do motivo que a paralisou. Na interrupção, cessada a circunstância paralisa-
dora, o prazo iniciará novamente desde o princípio.
• Exemplo 1: o prazo de interposição do recurso ordinário de José era de 8 (oito) 
dias e foi suspenso no 5º dia em razão de feriado; passada a causa de suspensão, a 
contagem retomará do 6º dia em diante; 
• Exemplo 2: o prazo de interposição do recurso ordinário de Maria era de 5 (cinco) 
dias e foi interrompido no 3º dia pela oposição de embargos de declaração; julga-
dos os embargos, o prazo recomeçará do “zero”.
Roteiro da peça de embargos de declaração 
• Endereçamento (dirigido ao órgão prolator da decisão embargada);
• Número do processo;
• Menção ao/à embargante;
• Menção ao/à embargado(a);
• Menção à representação pelo(a) advogado(a);
• Inconformismo com a decisão judicial embargada;
• Fundamentação legal da peça: art. 897-A da CLT c/c art. 1.022 e ss. do CPC;
• Verbo “opor”;
• Nome da peça: embargos de declaração;
• Síntese da demanda;
• Menção aos pressupostos de admissibilidade recursal;
• Das razões recursais;
• Do pedido;
• Fechamento. 
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UNIDADE Recursos Trabalhistas I
Recurso Ordinário (RO)
Exclusivamente com a finalidade didática de comparação, o recurso ordinário é as-
semelhado ao recurso de apelação, utilizado no processo comum. Todavia, não se con-
fundem, o primeiro está inserido no capítulo de recursos da CLT, enquanto o segundo 
integra o CPC, cada um com as suas particularidades.
Segundo o art. 895 da CLT, o recurso ordinário é cabível nas seguintes hipóteses: 
• 1ª hipótese: das decisões definitivas ou terminativas das varas e juízos; 
• 2ª hipótese: das decisões definitivas ou terminativas dos tribunais regionais, em pro-
cessos de sua competência originária (em dissídios individuais ou dissídios coletivos).
O citado dispositivo celetista externaliza a possibilidade de o recorrente interpor re-
curso ordinário, no prazo de 8 (oito) dias úteis, das sentenças proferidas pela Vara do 
Trabalho, com ou sem resolução de mérito – respectivamente, definitivas e terminativas. 
Não há Varas do Trabalho em todas as localidades brasileiras. Conforme o art. 112 da CF/1988, 
a Justiça do Trabalho poderáatribuir a juízes de direito a respectiva jurisdição trabalhista, 
cujo recurso será julgado pelo Tribunal Regional do Trabalho competente. Exemplo: no muni-
cípio “X” (interior do estado de São Paulo), não há Vara do Trabalho; em razão disso, João ajui-
zou reclamação trabalhista perante um juiz de direito com jurisdição trabalhista. Proferida a 
sentença, João decidiu interpor recurso ordinário. Tal ferramenta recursal não será julgada 
pelo Tribunal de Justiça de São Paulo, e sim pelo Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região. 
Também estão incluídos como hipótese de cabimento os acórdãos proferidos com ou 
sem resolução de mérito pelos tribunais regionais do trabalho, no prazo de 8 (oito) dias 
úteis, em processos originados em segunda instância (de competência originária, por-
tanto), por exemplo, nas decisões que julgam: ação rescisória, mandado de segurança e 
dissídio coletivo. Em resumo:
TRT
ou
Recurso ordinário Recurso ordinário
Sentença da Vara 
do Trabalho
TST
Acórdão do TRT em processos 
de competência originária
Figura 1
No tocante às reclamações que tramitam pelo procedimento sumaríssimo, deve-se 
observar que o recurso ordinário: 
[...]
II – será imediatamente distribuído, uma vez recebido no Tribunal, devendo 
o relator liberá-lo no prazo máximo de dez dias, e a Secretaria do Tribunal 
ou Turma colocá-lo imediatamente em pauta para julgamento, sem revisor;
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III – terá parecer oral do representante do Ministério Público presente à 
sessão de julgamento, se este entender necessário o parecer, com regis-
tro na certidão;
IV – terá acórdão consistente unicamente na certidão de julgamento, com 
a indicação suficiente do processo e parte dispositiva, e das razões de 
decidir do voto prevalente. Se a sentença for confirmada pelos próprios 
fundamentos, a certidão de julgamento, registrando tal circunstância, ser-
virá de acórdão.
§ 2º . Os Tribunais Regionais, divididos em Turmas, poderão designar 
Turma para o julgamento dos recursos ordinários interpostos das sen-
tenças prolatadas nas demandas sujeitas ao procedimento sumaríssimo. 
(Art. 895 da CLT)
Diversamente dos embargos de declaração, julgados pelo próprio órgão prolator da 
decisão judicial embargada, o recurso ordinário é interposto por meio de duas peças, 
quais sejam: petição de interposição e petição de razões. Tal organização se dá em de-
corrência do duplo juízo de admissibilidade existente nos recursos trabalhistas. Portanto, 
estruturalmente, o roteiro é constituído de duas partes, dispostas a seguir.
Cuidado! A citada organização não significa que são dois recursos, um para o órgão 
recorrido e outro para a instância superior, trata-se apenas da forma de apresentação.
Quadro 2
Primeira peça: petição 
de interposição 
• Endereçamento completo dirigido ao 1º juízo de admissibilidade;
• Processo nº ......
• Menção ao/à recorrente, ao/à recorrido(a) e à representação 
pelo(a) advogado(a);
• Menção ao inconformismo com a respeitável decisão proferida;
• Verbo “interpor”;
• Nome da peça (recurso ordinário) e a identificação legal: art. 
895, I ou II, da CLT;
• Menção às razões anexas;
• Menção ao preparo;
• Menção ao recebimento do recurso ordinário e à remessa dos 
autos ao tribunal;
• Notificação do(a) recorrido(a) para apresentar contrarrazões;
• Encerramento.
Segunda peça: 
petição de razões 
• Cabeçalho: 
» Recorrente:
» Recorrido(a):
» Origem:
» Processo:
• Expressões de respeito:
» Egrégio Tribunal Regional do Trabalho da .....ª Região,
» Colenda Turma,
» Nobres Julgadores!
• Pressupostos de admissibilidade recursal;
• Resumo do processo (histórico);
• Razões recursais (teses);
• Conclusões;
• Encerramento.
17
UNIDADE Recursos Trabalhistas I
Recurso de Revista (RR)
O recurso de revista é instrumento destinado, especialmente, à uniformização da 
jurisprudência dos tribunais regionais do trabalho e a competência de julgamento é do 
Tribunal Superior do Trabalho.
Em face de acórdão proferido em virtude de recurso ordinário, no prazo de 8 (oito) 
dias úteis, o recorrente fará a apresentação de suas razões recursais e, em igual período, 
o recorrido se manifestará por meio das suas contrarrazões. 
Diversamente do recurso ordinário, a respeito do qual a CLT não delimita especifi-
camente os vícios passíveis de ataque, o mesmo não ocorre com o recurso de revista, 
conforme se observa nas hipóteses de cabimento: 
Art. 896. Cabe Recurso de Revista para Turma do Tribunal Superior do 
Trabalho das decisões proferidas em grau de recurso ordinário, em dissí-
dio individual, pelos Tribunais Regionais do Trabalho, quando: 
a) derem ao mesmo dispositivo de lei federal interpretação diversa da que 
lhe houver dado outro Tribunal Regional do Trabalho, no seu Pleno ou 
Turma, ou a Seção de Dissídios Individuais do Tribunal Superior do Tra-
balho, ou contrariarem súmula de jurisprudência uniforme dessa Corte 
ou súmula vinculante do Supremo Tribunal Federal;
b) derem ao mesmo dispositivo de lei estadual, Convenção Coletiva de 
Trabalho, Acordo Coletivo, sentença normativa ou regulamento empre-
sarial de observância obrigatória em área territorial que exceda a juris-
dição do Tribunal Regional prolator da decisão recorrida, interpretação 
divergente, na forma da alínea a; 
c) proferidas com violação literal de disposição de lei federal ou afronta 
direta e literal à Constituição Federal.
Outrossim, o conhecimento do recurso de revista demanda o preenchimento dos 
pressupostos recursais intrínsecos (cabimento, legitimidade, interesse em recorrer e ine-
xistência de fato impeditivo ou extintivo do poder de recorrer) e extrínsecos (tempestivi-
dade, representação, preparo e regularidade formal). 
Contudo, apenas a existência dos pressupostos anteriores não garantirá o proces-
samento recursal, visto que, na interposição do recurso de revista, também se mostra 
necessária a demonstração de prequestionamento e transcendência, denominados 
pressupostos específicos de admissibilidade recursal. 
A Súmula nº 297 do TST indica que o prequestionamento é comprovado quando 
“na decisão impugnada haja sido adotada, explicitamente, tese a respeito”. Todavia, não 
basta a alegação da parte de que houve o prequestionamento ou a violação, faz-se ne-
cessário atestar expressamente, sob pena de não conhecimento do recurso, de acordo 
com o art. 896, § 1º-A, da CLT: 
Art. 896. [...]
§ 1º-A. Sob pena de não conhecimento, é ônus da parte:
I – indicar o trecho da decisão recorrida que consubstancia o prequestio-
namento da controvérsia objeto do recurso de revista;
18
19
II – indicar, de forma explícita e fundamentada, contrariedade a disposi-
tivo de lei, súmula ou orientação jurisprudencial do Tribunal Superior do 
Trabalho que conflite com a decisão regional;
III – expor as razões do pedido de reforma, impugnando todos os funda-
mentos jurídicos da decisão recorrida, inclusive mediante demonstração 
analítica de cada dispositivo de lei, da Constituição Federal, de súmula ou 
orientação jurisprudencial cuja contrariedade aponte;
IV – transcrever na peça recursal, no caso de suscitar preliminar de 
nulidade de julgado por negativa de prestação jurisdicional, o trecho dos 
embargos declaratórios em que foi pedido o pronunciamento do tribu-
nal sobre questão veiculada no recurso ordinário e o trecho da decisão 
regional que rejeitou os embargos quanto ao pedido, para cotejo e veri-
ficação, de plano, da ocorrência da omissão.
Quanto à transcendência, significa que os reflexos produzidos pelo julgamento da 
demanda devem ultrapassar os interesses meramente subjetivos das partes que com-
põem a lide processual. Em rol não taxativo, o legislador celetista apontou indicadores 
de transcendência no art. 896-A, § 1º, da CLT: 
• econômica, o elevado valor da causa; 
• política, o desrespeito da instância recorrida à jurisprudência sumulada do Tribunal 
Superior do Trabalho ou do Supremo Tribunal Federal; 
• social, a postulação, por reclamante-recorrente, de direito social constitucionalmen-
te assegurado;• jurídica, a existência de questão nova em torno da interpretação da legislação tra-
balhista.
Nesse sentido, a título de exemplo, seguem duas ementas de julgados do Tribunal 
Superior do Trabalho: 
Recurso de revista interposto na vigência da Lei 13.467/2017. Gratuidade 
de justiça. Multa por litigância de má-fé. Compatibilidade. Transcendência 
política. No caso em tela, o entendimento regional apresenta-se em 
dissonância do desta Corte firmado no sentido de que inexiste qual-
quer previsão legal acerca da incompatibilidade entre os institutos 
da assistência judiciária gratuita e da litigância de má-fé, circunstân-
cia apta a demonstrar o indicador de transcendência política, nos 
termos do art. 896-A, § 1º, II, da CLT. Transcendência política reco-
nhecida. Recurso de revista sob a égide da Lei 13.467/2017. Gratuidade 
de justiça. Multa por litigância de má-fé. Compatibilidade. Requisitos do 
artigo 896, § 1º-A, da CLT, atendidos. A concessão dos benefícios da 
justiça gratuita permite o livre acesso ao Judiciário e decorre da simples 
afirmação da parte de que não tem condições financeiras de arcar com 
as despesas processuais e custas, sem prejuízo do sustento próprio ou de 
sua família. Ademais, a jurisprudência pacificada desta Corte Superior 
entende que inexiste qualquer previsão legal acerca da incompatibilida-
de entre os institutos da assistência judiciária gratuita e da litigância de 
má-fé. Precedentes. In casu, é incontroverso que a reclamante declarou 
sua hipossuficiência econômica e postulou, na exordial, os benefícios da 
justiça gratuita. Todavia, o Regional indeferiu a concessão da benesse 
19
UNIDADE Recursos Trabalhistas I
apenas por entendê-la incompatível com a condenação à multa por li-
tigância de má-fé. Tal conclusão é dissonante da jurisprudência conso-
lidada desta Corte Superior. Recurso de revista conhecido e provido. 
(RR-1109-33.2013.5.04.0721, 6ª T., rel. Min. Augusto Cesar Leite de 
Carvalho, DEJT 12.02.2021)
Recurso de revista interposto pelo reclamante. acórdão regional publica-
do na vigência das Leis nos 13.015/2014 e 13.467/2017. Honorários ad-
vocatícios sucumbenciais. Beneficiário da justiça gratuita. Possibilidade. 
Ação ajuizada após a vigência da Lei nº 13.467/2017. Transcendência 
jurídica reconhecida para fixar o entendimento no sentido de ser com-
patível o disposto no art. 791-A, § 4º, da CLT com a Constituição Fe-
deral. Não conhecimento. I. Hipótese em que se discute a possibilidade 
de condenação da parte reclamante, beneficiária da justiça gratuita, ao 
pagamento de honorários advocatícios sucumbenciais em reclamação 
trabalhista ajuizada após a vigência da Lei nº 13.467/2017. II. Pelo pris-
ma da transcendência, trata-se de questão jurídica nova, uma vez 
que se refere à interpretação da legislação trabalhista (art. 791-A, § 
4º, da CLT), sob enfoque em relação ao qual ainda não há jurispru-
dência consolidada no âmbito do Tribunal Superior do Trabalho ou 
em decisão de efeito vinculante no Supremo Tribunal Federal. Logo, 
reconheço a transcendência jurídica da causa (art. 896-A, § 1º, IV, 
da CLT). III. Trata-se de discussão acerca da compatibilidade do art. 791-
A, § 4º, da CLT, que prevê a condenação do beneficiário da justiça gra-
tuita ao pagamento de honorários advocatícios sucumbenciais, com as 
garantias constitucionais da isonomia, do acesso à justiça e da assistência 
judiciária gratuita e integral prestada pelo Estado. IV. Nos termos do art. 
791-A, § 4º, da CLT, só será exigido do beneficiário da justiça gratuita o 
pagamento de honorários sucumbenciais caso ele tenha obtido, neste ou 
em outro processo, créditos capazes de suportar a despesa. Do contrário, 
a obrigação ficará sob condição suspensiva de exigibilidade por 2 (dois) 
anos, extinguindo-se após o transcurso desse prazo. V. Ao impor o pa-
gamento de honorários sucumbenciais ao beneficiário da justiça gratuita, 
o legislador restabeleceu o equilíbrio processual entre as partes litigantes, 
deixando claro o seu objetivo de responsabilizar as partes pelas esco-
lhas processuais, bem como desestimular lides temerárias. VI. Sob esse 
enfoque, fixa-se o entendimento no sentido de que, em se tratando de 
reclamação trabalhista ajuizada após a vigência da Lei nº 13.467/2017, 
como no presente caso, deve ser aplicado o disposto no art. 791-A, e 
parágrafos, da CLT, sujeitando-se a parte reclamante à condenação em 
honorários de sucumbência, mesmo sendo beneficiária da gratuidade de 
justiça. VII. Recurso de revista de que não se conhece, no particular. 
(RR-20020-03.2018.5.04.0371, 4ª T., rel. Min. Alexandre Luiz Ramos, 
DEJT 12.02.2021)
No primeiro acórdão, a Corte entendeu pela existência de indicador de transcendência 
política, tendo em vista que a decisão do TRT desrespeitou a jurisprudência do Colendo 
TST sobre a temática concernente à assistência judiciária gratuita e à litigância de má-fé. 
Por outro lado, no segundo julgado, verificou-se a presença de transcendência jurídica, 
pois o caso envolve a interpretação da reforma trabalhista (Lei nº 13.467/2017) acerca 
20
21
da possibilidade de condenação da parte reclamante (beneficiária da justiça gratuita) ao 
pagamento de honorários advocatícios de sucumbência. 
Tal qual o recurso ordinário, o recurso de revista também é interposto em duas pe-
ças: petição de interposição (cujo destinatário é o juízo a quo) e petição de razões (com 
destinatário sendo o juízo ad quem). 
Cuidado! A citada organização não significa que são dois recursos, um para o órgão 
recorrido e outro para a instância superior, trata-se apenas da forma de apresentação.
Quadro 3
Primeira peça: petição 
de interposição 
• Endereçamento completo dirigido ao 1º juízo de admissibilidade 
(Presidente do TRT);
• Número do processo;
• Menção ao/à recorrente, ao/à recorrido(a) e à representação pelo(a) 
advogado(a);
• Menção ao inconformismo com o respeitável acórdão;
• Verbo “interpor”;
• Fundamentação legal da peça: art. 896, a, b ou c, da CLT;
• Nome da peça (identificação): recurso de revista;
• Menção às razões anexas;
• Menção ao preparo;
• Menção ao recebimento do RR e à remessa dos autos ao TST;
• Requerer a notificação do(a) recorrido(a) para contrarrazões;
• Encerramento.
Segunda peça: 
petição de razões
• Cabeçalho: 
» Recorrente:
» Recorrido(a):
» Origem:
» Processo:
• Expressões de respeito:
» Colendo Tribunal Superior do Trabalho; 
» Egrégia Turma;
» Nobres Julgadores!
• Pressupostos de admissibilidade recursal;
• Do prequestionamento e da transcendência;
• Resumo do processo (histórico);
• Razões recursais (teses);
• Conclusões;
• Encerramento.
Redação de Peças Recursais
Modelo de recurso ordinário – enunciado 1
Mariano dos Reis, empregado há oito anos da empresa JM Prestação de Serviços 
LTDA., propôs reclamação trabalhista perante a 13ª Vara do Trabalho de Alegria 
do Sul – CE, pleiteando verbas indenizatórias diversas, bem como questionando 
sua dispensa sem motivos e seu direito à estabilidade no emprego, por ter sofrido 
21
UNIDADE Recursos Trabalhistas I
acidente de trabalho há sete meses e se afastando do emprego por dez dias. A ação 
foi julgada totalmente procedente pelo juiz, motivo que deixou a empresa JM Pres-
tação de Serviços LTDA. indignada, especialmente sobre a alegada estabilidade. Na 
qualidade de advogado(a) contratado(a) da empresa JM Prestação de Serviços LTDA., 
apresente a medida processual adequada para a defesa dos interesses do seu cliente.
Resolução da peça processual
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DO TRABALHO DA 13ª VARA DO TRABALHO 
DE ALEGRIA DO SUL – CE. 
Processo nº .....
JM Prestação de Serviços LTDA., devidamente qualificada nos autos em epígrafe, na 
reclamação trabalhista movida por Mariano dos Reis, por seu/sua advogado(a) que 
esta subscreve, vem, respeitosa e tempestivamente, perante Vossa Excelência, in-
conformada com a r. decisão judicial, com fundamento no art. 895, I, da CLT, interpor 
o presente RECURSO ORDINÁRIO. 
Outrossim, junta-se comprovante do recolhimentodas custas e do depósito recursal.
Diante do exposto, requer o recebimento do presente recurso ordinário e a remessa 
dos autos ao Egrégio Tribunal Regional do Trabalho da .....ª Região, assim como a 
notificação do recorrido para apresentar contrarrazões no prazo de 8 (oito) dias. 
Nestes termos, 
pede deferimento. 
Local e data. 
Advogado(a)
OAB nº .....
Razões do recurso ordinário 
Recorrente: JM Prestação de Serviços LTDA.
Recorrido: Mariano dos Reis
Origem: 13ª Vara do Trabalho de Alegria do Sul 
Processo: ...
Egrégio Tribunal Regional do Trabalho da .....ª Região,
Colenda Turma,
Nobres Julgadores!
I – Dos pressupostos de admissibilidade recursal 
O presente recurso preenche todos os pressupostos de admissibilidade, quais sejam: 
atende ao cabimento, uma vez que a decisão é recorrível e o instrumento usado é o 
adequado; quanto à legitimidade, o recorrente é parte na relação jurídico-processual.
Outrossim, há o interesse recursal, pois o recorrente é parte vencida; não existe cir-
cunstância que prejudique o poder de recorrer; quanto à tempestividade, as razões 
são apresentadas no prazo de 8 (oito) dias; a representação materializa-se pelo 
mandato; o preparo foi devidamente recolhido e comprovado; e o recurso atende 
aos requisitos formais. 
22
23
II – Resumo do processo 
O recorrido ajuizou reclamação trabalhista em face da recorrente postulando o rece-
bimento de verbas indenizatórias diversas. 
Também questionou a dispensa sem justa causa, pois, no seu entendimento, possui-
ria direito à estabilidade provisória no emprego, em razão de acidente de trabalho 
sofrido, o qual resultou em afastamento por dez dias. 
Ao final, a ação foi julgada totalmente procedente, motivo pelo qual a recorrente 
interpõe o presente recurso, conforme os fundamentos a seguir expostos. 
III – Razões do recurso 
Na exordial, o recorrido alega que a dispensa sem justa causa não deveria ter ocor-
rido em razão de suposta existência de garantia de emprego por causa de acidente 
de trabalho. 
Segundo o Colendo Tribunal Superior do Trabalho, no item II da Súmula nº 378, há 
a necessidade do preenchimento de dois requisitos para a configuração da estabi-
lidade provisória, quais sejam: o afastamento superior a 15 dias e a consequente 
percepção do auxílio-doença acidentário (auxílio por incapacidade temporária). 
No caso discutido, o recorrido não satisfaz nenhum dos pressupostos mencionados, 
os quais devem estar presentes de forma cumulativa. 
Verifica-se que o reclamante, ora recorrido, afastou-se do emprego por dez dias e 
não teve acesso ao referido benefício previdenciário. 
Ante o exposto, requer a reforma da respeitável decisão a quo de fls. ......, excluindo 
da recorrente a obrigação de manutenção do vínculo empregatício. 
IV – Das conclusões 
Diante do exposto, requer-se o conhecimento e o provimento do presente recurso or-
dinário, para fins de reforma da respeitável sentença, nos moldes supramencionados. 
Nestes termos,
pede deferimento. 
Local e data. 
Advogado(a)
OAB nº .....
Modelo de recurso ordinário – enunciado 2
A sociedade empresária Pedreira TNT Ltda. foi condenada em 1º grau na reclamação 
trabalhista movida pelo ex-empregado Gilson Cardoso de Lima (Processo nº 009000-
77.2014.5.12.0080), oriunda da 80ª Vara do Trabalho de Florianópolis. Na sentença, depois 
de reconhecido que o reclamante trabalhou na pedreira por seis meses, o juiz deferiu adi-
cional de periculosidade na razão de 50% sobre o salário básico, pois a perícia realizada nos 
autos detectou a existência de risco à vida (contato permanente com explosivos); determi-
nou o depósito do FGTS no período de dois meses em que o empregado esteve afastado 
por auxílio-doença previdenciário (código B-31); deferiu a multa do art. 477, § 8º, da CLT, 
porque o pagamento das verbas devidas pela extinção do contrato foi feito na sede da 
23
UNIDADE Recursos Trabalhistas I
empresa, não tendo sido homologado no sindicato de classe ou autoridade do Ministério 
do Trabalho e Emprego; deferiu dano moral, determinando que juros e correção monetária 
fossem computados desde a data do ajuizamento da ação; e deferiu, com base no art. 1.216 
do CC, indenização pelos frutos de má-fé percebidos pela sociedade empresária porque ela 
permaneceu com dinheiro que pertencia ao trabalhador. Diante do que foi exposto, elabo-
re a medida judicial adequada para a defesa dos interesses da sociedade empresária. As 
custas foram fixadas em R$ 200,00 sobre o valor arbitrado à condenação de R$ 10.000,00. 
Disponível em: https://bit.ly/3cJGIez
Resolução da peça processual
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DO TRABALHO DA 80ª VARA DO TRABALHO 
DE FLORIANÓPOLIS
Processo nº 009000-77.2014.5.12.0080
PEDREIRA TNT LTDA., devidamente qualificada nos autos da reclamação trabalhista 
movida por GILSON CARDOSO DE LIMA, por seu/sua advogado(a) que esta subscreve, 
inconformada com a respeitável sentença proferida, vem, tempestivamente, pe-
rante Vossa Excelência, com fundamento no art. 895, I, da CLT, interpor o presente 
RECURSO ORDINÁRIO. 
Requer o recebimento das razões recursais anexas e a posterior remessa dos autos 
ao Egrégio Tribunal Regional do Trabalho da .....ª Região para reexame da demanda. 
Outrossim, a notificação do recorrido para que, desejando, apresente suas contrar-
razões em oito dias. 
Segue comprovante do recolhimento de preparo. 
Nestes termos, 
pede deferimento. 
Local e data. 
Advogado(a) 
OAB nº .....
Das razões recursais 
Recorrente: Pedreira TNT Ltda.
Recorrido: Gilson Cardoso de Lima
Origem: 80ª Vara do Trabalho de Florianópolis
Processo: 009000-77.2014.5.12.0080
Egrégio Tribunal Regional do Trabalho da .....ª Região,
Colenda Turma,
Nobres Julgadores!
I – Dos pressupostos de admissibilidade recursal 
O presente recurso ordinário preenche todos os pressupostos extrínsecos e intrínse-
cos de admissibilidade recursal. 
Desse modo, a recorrente aguarda o conhecimento e o provimento. 
24
25
II – Do resumo do processo 
O recorrido ajuizou reclamação trabalhista em face da recorrente, a qual foi distribu-
ída para o juízo da 80ª Vara do Trabalho. 
Na sentença, o Douto Magistrado reconheceu a existência de periculosidade na ativi-
dade prestada e a condenou ao pagamento de adicional de 50% sobre o salário-base. 
Igualmente, houve a condenação ao depósito de FGTS com relação aos meses de 
afastamento em que recebeu auxílio-doença previdenciário, assim como o paga-
mento da multa do art. 477, § 8º, da CLT. 
Ademais, o juízo a quo entendeu devida indenização por danos morais, cujos juros e 
correção monetária incidem desde a data do ajuizamento da ação. 
Por fim, deferiu reparação quanto aos frutos de má-fé com base no art. 1.216 do CC.
A decisão recorrida não merece prosperar e deve ser reformada conforme os funda-
mentos de fato e de direito a seguir expostos. 
III – Das razões do recurso 
A – Do adicional de periculosidade 
O recorrido postulou adicional de periculosidade na reclamação, o qual foi verificado 
cabível após a realização de perícia. 
Nesse sentido, o Douto Julgador condenou a recorrente ao pagamento do mencio-
nado adicional na proporção de 50% do salário básico. 
Entretanto, de acordo com o art. 193, § 1º, da CLT, o trabalho exercido de modo peri-
goso acarreta apenas ao pagamento de adicional de 30% sobre o salário sem os acrés-
cimos resultantes de gratificações, prêmios ou participações nos lucros da empresa. 
Sendo assim, a recorrente deseja a reforma da sentença. 
B – Do FGTS
Na decisão proferida pela Primeira Instância, o Douto Magistrado condenou a re-
corrente a realizar o depósito do FGTS dos dois meses pertinentes ao período de 
afastamento do empregado, quando ele recebeu auxílio-doença previdenciário. 
Todavia, tal entendimento não corrobora com o disposto no art. 15, § 5º, da Lei nº 
8.036/1990, visto que é obrigação do empregador depositar FGTS apenas no caso de 
afastamento em razão de acidente de trabalho.
No caso em discussão, a licença deu-se por auxílio-doença comum, o que não gera o 
dever derealizar o aludido depósito. 
Portanto, espera-se a reforma da sentença. 
C – Da multa do art. 477, § 8º, da CLT
Na decisão proferida pela 80ª Vara do Trabalho, deferiu-se multa do art. 477, § 8º, 
da CLT.
A condenação é justificada pelo juízo porque o pagamento das verbas rescisórias 
foi realizado na sede da empresa, não passando por homologação da autoridade 
representante do sindicato da categoria profissional ou do Ministério do Trabalho 
(atualmente, Secretaria do Trabalho). 
No entanto, o mencionado dispositivo celetista remete à obrigação de pagamento 
de multa apenas na hipótese de as verbas rescisórias ou documentação pertinente 
não terem sido quitadas no prazo legal de 10 (dez) dias contados da data da extinção 
do contrato de trabalho. 
Dessa maneira, significa que a condenação à multa é indevida e, portanto, a decisão 
de Primeira Instância não pode prosperar. 
25
UNIDADE Recursos Trabalhistas I
D – Do dano moral 
O juízo a quo julgou procedente pedido de dano moral e, na condenação, determinou que 
os juros e a correção monetária deveriam incidir desde a data de ajuizamento da ação. 
Por outro lado, a Súmula nº 439 do TST esclarece que, nas condenações por dano 
moral, a atualização monetária é devida a partir da data da decisão de arbitramento 
ou de alteração do valor. 
Quanto aos juros, deverão incidir desde o ajuizamento da ação.
Diante disso, a correção monetária deverá ser computada a partir da condenação, e 
não do ajuizamento da reclamação. 
Nesse contexto, a sentença deverá ser reformada. 
E – Dos frutos de má-fé 
Com fundamentação no art. 1.216 do CC, o magistrado condenou a recorrente a in-
denização pelos frutos de má-fé percebidos, tendo em vista, segundo o juízo, ter 
permanecido com valores pertencentes ao trabalhador. 
Ocorre que o artigo citado é inerente à temática dos direitos reais, evidenciando sua 
incompatibilidade com o Direito do Trabalho e não sendo cabível no inadimplemento 
de verbas trabalhistas, consoante entendimento da Súmula nº 445 do TST. 
Portanto, a sentença deve ser reformada. 
IV – Das conclusões 
Diante do exposto, a recorrente requer o conhecimento e o provimento do presente 
RECURSO ORDINÁRIO, com a consequente reforma da sentença proferida pelo res-
peitável juízo a quo, acolhendo integralmente todas as argumentações. 
Nestes termos, 
pede deferimento. 
Local e data.
Advogado(a)
OAB nº .....
Modelo de recurso de revista – enunciado 1
Maria Filomena, auxiliar de produção na empresa Rio Doce Ltda., foi dispensada sem 
justa causa, em março de 2017. No mês seguinte à dispensa, ajuizou reclamação 
trabalhista, a qual foi distribuída para a 85ª Vara do Trabalho de Goiânia – GO, sob 
a justificativa de dispensa imotivada em razão de estabilidade provisória, por ser 
membra da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes – CIPA criada na empresa. 
Na defesa, a reclamada alegou que a ex-empregada não possuía o direito à esta-
bilidade provisória, por ter sido designada como representante do empregador na 
CIPA. O juízo de 1º grau reconheceu a aludida garantia de emprego e determinou 
a reintegração da trabalhadora. O TRT da 18ª Região manteve a decisão. Diante da 
situação hipotética apresentada, na qualidade de advogado(a) da empresa Rio Doce 
Ltda., apresente a medida processual adequada para a defesa de sua cliente. 
26
27
Resolução da peça processual
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR-PRESIDENTE DO EGRÉGIO TRI-
BUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 18ª REGIÃO
Processo nº .....
RIO DOCE LTDA., devidamente qualificada nos autos da reclamação trabalhista mo-
vida por MARIA FILOMENA, por seu/sua advogado(a) que esta subscreve, inconfor-
mada com o respeitável acórdão proferido, vem, tempestivamente, à presença de 
Vossa Excelência, interpor o presente RECURSO DE REVISTA, com fundamento no art. 
896, c, da CLT, de acordo com as razões anexas. 
Requer o recebimento das razões e a remessa dos autos ao Colendo Tribunal Supe-
rior do Trabalho, tal como a notificação da recorrida para apresentar contrarrazões 
no prazo de 8 (oito) dias. 
Outrossim, informa que segue anexo o devido comprovante de recolhimento do 
preparo. 
Nestes termos,
pede deferimento. 
Local e data. 
Advogado(a) 
OAB nº .....
Razões do recurso de revista 
Recorrente: Rio Doce LTDA.
Recorrida: Maria Filomena 
Origem: 85ª Vara do Trabalho de Goiânia – Tribunal Regional do Trabalho da 18ª Região
Processo: ......
Colendo Tribunal Superior do Trabalho,
Egrégia Turma,
Nobres Julgadores!
I – Dos pressupostos de admissibilidade recursal 
Na interposição do presente recurso de revista, estão preenchidos todos os pressu-
postos extrínsecos e intrínsecos de admissibilidade recursal. 
Sendo assim, aguarda-se o conhecimento e o provimento do recurso. 
II – Do prequestionamento 
No presente recurso quanto à sua matéria, ocorreu o prequestionamento na decisão 
recorrida, nos termos da Súmula nº 297 do TST e do art. 896, § 1º-A, da CLT. 
III – Da transcendência 
O recurso de revista preenche o pressuposto específico da transcendência do art. 
896-A da CLT, tendo em vista a importância da matéria que ultrapassa os interesses 
meramente subjetivos em discussão no processo. 
IV – Do resumo do processo 
27
UNIDADE Recursos Trabalhistas I
Em acórdão, o Egrégio Tribunal Regional do Trabalho da 18ª Região, manteve o en-
tendimento de estabilidade provisória da trabalhadora membra da CIPA. 
Ressalta-se que a recorrida foi designada pelo empregador para ocupar assento na 
citada comissão. 
Tal decisão não deve prosseguir, conforme fundamentação a seguir exposta. 
V – Das razões do recurso de revista 
Consoante o art. 896, c, da CLT, é cabível recurso de revista quando o Tribunal Regio-
nal do Trabalho, em decisão proferida em recurso ordinário, violar literalmente lei 
federal ou afrontar direta e literalmente a Constituição Federal. 
No caso em discussão, ao acolher a tese de estabilidade provisória, sendo a recorrida 
membra designada pelo empregador para ocupar lugar na CIPA, o acórdão proferido 
viola, de forma concomitante, a CLT e a Constituição Federal. 
O art. 165 da CLT c/c o art. 10, II, a, do ADCT confere garantia de emprego apenas aos 
membros da CIPA representantes dos empregados, não fazendo jus a tal direito o 
indivíduo indicado pelo empregador. 
Dessa maneira, verifica-se que o respeitável acórdão está em desarmonia com os 
mencionados dispositivos. 
Portanto, faz-se imprescindível a reforma da decisão recorrida, almejando a unifor-
mização da jurisprudência dos tribunais trabalhistas. 
VI – Das conclusões 
Diante do exposto, a recorrente requer o conhecimento e o provimento do presente 
RECURSO DE REVISTA, com a consequente reforma total do venerável acórdão, não 
reconhecendo a estabilidade provisória da reclamante. 
Nestes termos,
pede deferimento. 
Local e data.
Advogado(a)
OAB nº .....
Modelo de recurso de revista – enunciado 2
“Juarez Ferraz”, empregado durante 15 anos, propôs reclamação trabalhista, pelo 
rito ordinário, em face de “Hospital Muito Doente”, alegando que trabalhava como 
enfermeiro na unidade principal do hospital na cidade de Manaus. O empregado 
afirmou que laborava de segunda a sexta-feira, sempre das 8h00min às 18h00min, 
com duas horas de intervalo para refeição e descanso, e argumentou, na peça ini-
cial, que, em razão do trabalho executado com pacientes enfermos, o empregador 
sempre efetuou o pagamento de adicional de insalubridade a todos do setor. No 
entanto, a partir do mês de junho de 2015, a reclamada “Hospital Muito Doente” 
interrompeu o pagamento de tal adicional, uma vez que Juarez fora promovido 
para o setor administrativo da enfermaria, onde não teria contato com qualquer 
paciente. Diante da situação narrada, o empregado “Juarez Ferraz” requereu a con-
28
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tinuação do pagamento do adicional de insalubridade. Segundo o ex-empregado, 
com base no lapso temporal, o recebimento do adicional incorporou-se ao salário, 
não podendo ser suprimido. A empresa apresentou sua defesa argumentando que 
o reclamante nãotinha direito ao recebimento de adicional de insalubridade. O 
magistrado determinou a realização de prova técnica e, ao final da instrução pro-
cessual, acatou os argumentos do reclamante, julgando totalmente procedente a 
reclamação trabalhista. A reclamada interpôs o recurso cabível, e o Tribunal Regio-
nal do Trabalho da 11ª Região manteve a decisão de 1º grau integralmente. Em ra-
zão da situação hipotética, como advogado(a) do “Hospital Muito Doente”, ingresse 
com a medida judicial cabível para defesa dos interesses de seu cliente.
Resolução da peça processual
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR-PRESIDENTE DO EGRÉGIO TRI-
BUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 11ª REGIÃO 
Processo nº .....
HOSPITAL MUITO DOENTE, devidamente qualificado nos autos em epígrafe na recla-
mação trabalhista proposta por JUAREZ FERRAZ, por seu/sua advogado(a) que esta 
subscreve, inconformado com o respeitável acórdão de fls. ....., vem, tempestiva-
mente, à presença de Vossa Excelência, interpor o presente RECURSO DE REVISTA, 
com fundamento no art. 896, a, da CLT, de acordo com as razões anexas. 
Requer o recebimento das razões e a remessa ao Colendo Tribunal Superior do Traba-
lho, assim como a notificação do recorrido para apresentar contrarrazões se desejar. 
Outrossim, informa que seguem anexas as guias de recolhimento das custas proces-
suais e do depósito recursal. 
Nestes termos,
pede deferimento. 
Local e data. 
Advogado(a)
OAB nº .....
Razões do recurso de revista 
Recorrente: Hospital Muito Doente 
Recorrido: Juarez Ferraz
Origem: .....ª Vara do Trabalho de Manaus – Tribunal Regional do Trabalho da 11ª Região 
Processo: .....
Colendo Tribunal Superior do Trabalho, 
Egrégia Turma,
Nobres Julgadores!
I – Dos pressupostos de admissibilidade recursal 
Na interposição do recurso de revista, estão preenchidos todos os pressupostos ex-
trínsecos e intrínsecos de admissibilidade recursal. 
Diante disso, aguarda-se o conhecimento e o provimento do presente recurso. 
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UNIDADE Recursos Trabalhistas I
II – Do prequestionamento e da transcendência 
No que diz respeito à matéria do presente recurso, houve o prequestionamento na 
decisão recorrida, conforme o art. 896, § 1º-A, da CLT e a Súmula nº 297 do TST. 
Quanto à transcendência, está demonstrado o preenchimento de tal pressuposto 
específico previsto no art. 896-A da CLT, tendo em vista que a matéria é de extrema 
importância, a qual impulsiona reflexos gerais de natureza econômica, política, so-
cial e jurídica. 
Desse modo, a natureza da decisão ultrapassa os interesses meramente subjetivos 
em discussão no processo. 
III – Do resumo do processo 
Em acórdão, o Egrégio Tribunal Regional do Trabalho da 11ª Região, manteve a senten-
ça que condenou a reclamada ao pagamento de adicional de insalubridade, mesmo 
o empregado tendo sido promovido à função sem contato com agentes insalubres. 
Diante disso, não deve prosperar o entendimento do respeitável acórdão proferido. 
IV – Das razões do recurso de revista 
Conforme o art. 896, a, da CLT, é cabível recurso de revista quando o Tribunal Regio-
nal do Trabalho, em decisão proferida em recurso ordinário, der ao mesmo dispositi-
vo de lei federal interpretação diversa da que lhe houver dado súmula do TST. 
O recebimento do adicional de insalubridade trata-se de modalidade de salário-con-
dição, é de conclusão lógica que não integra o patrimônio jurídico do empregado de 
maneira definitiva e imutável, sendo possível sua supressão quando da cessação da 
condição insalubre, de acordo com o art. 194 da CLT. 
Ademais, a Súmula nº 248 do TST dispõe que a extinção do citado adicional não 
repercute em violação da irredutibilidade salarial ou do direito adquirido, haja vista 
ser salário-condição. 
Desse modo, em razão da argumentação apresentada, verifica-se que o respeitável 
acórdão proferido não corresponde ao enunciado expresso da CLT, tal como ao en-
tendimento sumulado mencionado. 
Destarte, deseja-se o conhecimento e provimento do presente RECURSO DE REVISTA 
e, consequentemente, seja o acórdão recorrido reformado. 
V – Das conclusões 
Isso posto, o recorrente requer o conhecimento e o provimento do presente recurso, 
desobrigando-o do pagamento do supracitado adicional. 
Nestes termos,
pede deferimento. 
Local e data. 
Advogado(a) 
OAB nº .....
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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
 Leitura
Os embargos de declaração no novo Código de Processo Civil e na Consolidação das Leis do Trabalho: 
elementos para a compreensão das confluências e complementariedades
https://bit.ly/3xn03dg
A deserção do recurso ordinário pela ilegibilidade das guias recursais no sistema de peticionamento 
eletrônico à luz do novo Código de Processo Civil 
https://bit.ly/3wMe1p2
A indicação do trecho da decisão recorrida que consubstancia o prequestionamento da controvérsia: uma 
análise à luz da natureza extraordinária do recurso de revista
https://bit.ly/3q11mfE
A transcendência no recurso de revista
https://bit.ly/2SJAOTL
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UNIDADE Recursos Trabalhistas I
Referências
FERNANDES, L. E. S. Embargos de declaração: efeitos infringentes, prequestiona-
mento e outros aspectos polêmicos. 2. ed. São Paulo: Ed. RT, 2020.
LEITE, C. H. Curso de direito processual do trabalho. 18. ed. São Paulo: Saraiva, 2020.
MARTINS, S. P. Direito processual do trabalho. 34. ed. São Paulo: Atlas, 2013. 
MIESSA, É. Curso de direito processual do trabalho. 8. ed. Salvador: Juspodivm, 2021. 
NASCIMENTO, A. M. Curso de direito processual do trabalho. 29. ed. São Paulo: 
Saraiva, 2014.
NEVES, D. A. A. Manual de direito processual civil. 10. ed. Salvador: Juspodivm, 2018.
SCHIAVI, M. Manual de direito processual do trabalho. 14. ed. São Paulo: LTr, 2018.
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