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sistema porta renal

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ISSN 1516-3326
'Faculdade de Medicina Veterinária
e Zootecnia
Departamento de Cirurgia e
Anestesiologia Veterinária - UNESP
Distrito Rubiâo Júnior
CEP 18.618-000 - Botucatu - SP
e-mail: neca.cruz@mailcity.com
Avaliação da importância
do sistema porta-renal em
papagaios (Amazona aestiva)
Evaluation of the importance
of the porta-renal system in parrots
(Amazona aestiva)
Rev. educo cont;n. CRMV·SP / Continuous Educat;on Journal CRMV·Sp,
São Paulo. volume 4. fascfculo J, p. 40 - 44, 200/.
* MariângelaI.o'nlnoCroz'-mMV-sP-008211
StelioPaoolLoureiroI.una' -CRMV-sP-0° 4420
G~~Castro'-CRMV-sP-oOll03
flávioMassone' -CRMV-sP-00263
FrnnciscoJIRTeixeiraNeto' -mMV-sP-n07305
•
I - Docellles da Disciplina de Ancslcsiologia, I'M\Z - Lj\~P/I1O'lIl:<llll.
r RESUMO
Quando um medicamento é administrado na musculatura da coxa de uma ave, é absorvido por capi-
lares da região, o fluxo sangüíneo atinge a veia ilíaca externa, que possui uma válvula porta renal na
altura do rim. Esta válvula é controlada pelo sistema nervoso autônomo, podendo estar aberta ou
fechada, dependendo de estímulo simpático ou parassimpático, respectivamente. Quando aberta, o
fluxo sangüíneo vai para a veia cava através da veia renal e atinge a circulação sistêmica. Porém,
quando a válvula está fechada, o fluxo sangüíneo vai para o parênquima renal adicionando-se ao
sangue arterial e, conseqüentemente, o medicamento administrado pode ser eliminado pelo rim, antes
de atingir a circulação sistêrnica. O objetivo desse experimento foi avaliar a eficácia da quetarnina •
administrada na musculatura da coxa ou do peito em papagaios. Foram utilizados 6 papagaios (Ama-
zona aestiva), os quais foram anestesiados com 30 mg/kg de quetarnina pela via intramuscular no
peito (G I, n=6) ou na coxa (G2 n=6), utilizando-se os mesmos animais nos dois grupos. Foram avali-
ados os seguintes parâmetros: tempo da aplicação do fármaco ao decúbito, período de latência,
período de duração anestésica e período de recuperação. Não foi constatada nenhuma diferença
estatística significativa entre os grupos, porém, em G2, dois animais foram descartados da análise
estatística por não manifestarem sinais clínicos de anestesia, provavelmente por uma subdose relati-
va, isto é, parte da quetarnina pode ter sido eliminada com a participação do sistema porta renal, antes
de atingir a circulação sistêmica, o que sugere que a musculatura da coxa deve ser evitada quando se
utilizam fármacos que são excretados "in-natura" pelos rins.
Palavras-chave: psitacídeo, papagaio, sistema porta renal, quetamina.
40
CRUZ, M. L.; LUNA, S. P. L.; CASTRO, G. 8.; MASSONE, F.; TEIXEIRA NETO, F. J. Avaliação da im)Xlnãncia do sistema )Xlna-renal em papagaios (Amawna
aesliva) I Eva/ualioll of lhe importance of lhe porta·rellal syslem in parrots (Amazona aesliva) I Rev. educo contiDo CRMv-gp I Continuous Education Journal
CRMV-SP, São Paulo, volume 4, fascículo I, p. 40 - 44, 200 I.
Introdução
O
papagaiOOVerdadeirO (Amazona aestiva) é um psi-
tacídeo, comumente encontrado no Brasil (SOU-
ZA, 1987). É urna espécie freqüente em parques
_ zoológicos, criadouros e também é utilizada como
animal de estimação. Ocasionalmente, os animais preci-
sam ser anestesiados para exames clínicos ou interven-
ções cirúrgicas.
Como nos rins dos mamíferos, os néfrons das
aves possuem a capacidade de filtração, excreção
(secreção) e reabsorção de substâncias. O túbulo
cortical dos néfrons em aves tem a vantagem do
suplemento sangüíneo pelo sistema porta-renal (MO-
RILD et al., 1985) (Figura 1). A secreção e reab-
sorção tubular são alteradas por esse suplemento
sangüíneo, o qual é regulado pela abertura ou pelo
fechamento da válvula porta renal, localizada bila-
teralmente na junção da veia ilíaca externa e veia
eenal (Figura 2).
De acordo com JOHNSON (1979) e WIDEMAN
e LAVERTY (1986), o sistema porta renal conduz san-
gue venoso para o parênquima renal e está relacionado
com a excreção de ácido úrico.
Quando um medicamento é administrado na mus-
culatura da coxa de uma ave, é absorvido por capila-
Veia cava
caudal
res da região, atingindo a veia ilíaca externa, passando
pela válvula porta renal na altura do rim (MIRABE-
LLA et al., 1996). Esta válvula é controlada pelo sis-
tema nervoso autônomo, podendo estar aberta ou fe-
chada dependendo de estímulos simpático ou paras-
simpático, respectivamente. Quando aberta, o fluxo
sangüíneo dirige-se para a veia cava através da veia
renal e atinge a circulação sistêmica. Porém, quando
a válvula está fechada, o fluxo sangüíneo é direciona-
do para o parênquima renal, adicionando-se ao sangue
arterial e, conseqüentemente, o medicamento adminis-
trado pode ser eliminado pelo rim antes de atingir a
circulação sistêmica (BENNETT e MALMFORMS,
1975).
Durante a contenção física que antecede a
anestesia, os animais normalmente estão sob estímu-
lo adrenérgico (simpático) e a válvula porta renal en-
contra-se aberta (BENNETT e MALMFORMS,
1975); conseqüentemente, o fluxo sangüíneo direcio-
na-se diretamente para a circulação sistêmica atra-
vés da veia cava.
O objetivo desse experimento foi o de avaliar a
eficácia da quetarnina administrada na musculatura da
coxa ou do peito em papagaios (Amazona aestiva), in-
vestigando-se a importância do sistema porta-renal no
efeito da droga.
Artéria renal
;
Veia ilíaca
Figura I. Esquema do sistema porta renal sob ação adrenérgica: válvula aberta.
41
CRUZ, M. L.; LUNA, S. P. L.; CASTRO, G. 8.; MASSONE, F.; TElXE1RA NETO, F. 1. Avaliação da importãncia do sistema porta-renal em papagaios (Amazona
aestiva) I Evaluation of lhe imponance of lhe porIa·renal syslem ;n parrots (Amazona aestiva) I Rev. educo contin. CRMV-SP I Continuous Education Journal
CRMV-SP, São Paulo, volume 4, fascículo I. p. 40 - 44, 200 I.
Veia cava
caudal
Artéria renal
,
Veia iliaca
•
Figura 2. Esquema do sistema porta renal sob ação colinérgica: válvula fechada.
Material e Método
Foram utilizados 6 papagaios (Amazona aesti-
va), de sexo não definido por sexagem, adultos, com o
peso médio de 353±15 g, procedentes do Parque Zoo-
lógico Municipal de Sorocaba "Quinzinho de Barros".
Os animais foram submetidos a jejum completo duran-
te 3 horas.
Todos os animais foram anestesiados com 30 mg/
kg de quetamina pela via intramuscular. Foram realiza-
dos dois grupos experimentais: G I (n=6) - a administra-
ção da quetamina foi realizada na musculatura peitoral
profunda, G2 (n=6) - a administração da quetarnina foi
realizada na musculatura da coxa. Foram utilizados os
mesmos animais nos dois grupos, respeitando-se um in-
tervalo de 10 dias entre cada anestesia.
Foram avaliados os seguintes parâmetros:
• Período até o decúbito - período desde a adminis-
tração do fármaco até o momento em que o animal apre-
sentou decúbito.
• Período de latência - período desde a administra-
ção do fármaco até o momento em que o animal apre-
sentou-se imóvel.
42
• Período hábil anestésico - período em que o ani-
mal apresentou-se imóvel.
• Período de recuperação - desde a administração
do fármaco até o animal encontrar-se em posição bi-
pedal.
Análise estatística
O teste "t" de Student para amostras dependentes
foi utilizado para comparar os tempos nos dois grupos.
Diferenças foram consideradas significativas quand4
p<0,05. A Tabela foi expressa em média ± erro padrão
da média.
Resultado e Discussão
Apesar de não haver diferença estatística no
tempo até o decúbito e no período de latência entre
os dois grupos (Figuras 3 e 4), os animais que rece-
beram a quetamina na musculatura do peito apresen-
taram um menor período de latência, provavelmente
porque a musculatura profunda do peito é bastante
vascularizada, havendo uma absorção mais rápida do
fármaco.
CRUZ, M. L.; LUNA, S. P. L.; CASTRO, G. 6.; MASSONE, E; TEIXEIRA NETO, E J. Avaliação da importãncia do sistema porta-renal em papagaios (Amazona
aestiva) I Evaluation Df lhe importance of lhe poria-renal syslem in porrols (Amazona aestiva) I Rev. educo contiDo CRMV-SP I Contiouous Education JournaJ
CRMV-SP, SãoPaulo, volume 4, fascículo I, p. 40 - 44, 2001.
o 0,5
N=6
1 1,5 2 2,5
minutos
o 1 2 3 4
minutos
Figura 3. Tempo desde a administração da quetamina até o decúbito
em papagaios anestesiados na musculatura da coxa ou do peito.
Figura 4. Período de latência, desde a administração da quetamina até
total imobilização em papagaios anestesiados com quetamina na mus-
culatura da coxa ou do peito.
N=4
20
minutos
o 10
N=6
20 30
Figura 5. Perfodo hábil anestésico de papagaios anestesiados com
quetamina na musculatura da coxa ou do peito.
•
Conforme exposto na Figuras 5 e 6, não houve
diferença estatística na duração da anestesia e no pe-
ríodo de recuperação, porém, em 02, dois animais não
manifestaram sinais clínicos de anestesia, provavel-
mente por uma subdose relativa, isto é, parte da que-
tamina pode ter sido eliminada, com a participação do
sistema porta renal, antes de atingir a circulação sistê-
mica. Isso ocorre quando o animal está sob efeito co-
linérgico (BENNETT e MALMFORMS, 1975), situa-
ção em que a válvula se encontra fechada, e o sangue
venoso é direcionado diretamente para os tubulos re-
nais em adição ao sangue arterial. Normalmente, du-
Figura 6. Período de recuperação em papagaios anestesiados com
quetamina na musculatura da coxa ou do peito.
rante a contenção física que antecede a anestesia, os
animais estão sob efeito adrenérgico, e a válvula porta
renal encontra-se aberta (BENNETT e MALMFORS,
1975); conseqüentemente, o fluxo sangüíneo deve se
dirigir diretamente para a circulação sistêmica através
da veia cava.
Com este experimento, pode-se concluir que se
deve evitar a administração de quetarnina ou de fárma-
cos que são eliminados "in natura" pelos rins na muscu-
latura da coxa em papagaios, para se evitar o risco de
promover urna subdose relativa e efeito inadequado do
fármaco.
43
CRUZ. M. L.; LUNA, S. P. L.; CASTRO, G. 8.; MASSONE, F.; TEIXEIRA NETO, F. J. Avaliação da importãncia do sistema porta-renal em papagaios (Amazona
aesliva) I Evaluation Df lhe ;mportallce Df lhe porra·renai syslem in parrots (Amazona aestiva) I Rev. educo contiDo CRMV-SP I Contínuous Education Journal
CRMV-SP, São Paulo, volume 4, fascfculo I. p. 40 - 44. 2001.
I ;:'UIVIIVIAK T •
When injected in lhe thigh muscles of a bird, the local capillaries absorb the drug and lhe blood f10w
goes to lhe external iliac vein lhat has a porta-renal valve close to the kidney. Controlled by lhe
autonomous nervous system, this valve can be opened ar closed by lhe sympalhetic ar parasympalhe-
tic stirnuli respectively. When opened, lhe blood f10w goes to the renal vein lhen to lhe vena cava and
reaches the systemic circulation. However, when the valve is closed, lhe blood f10w goes to lhe renal
parenchyma where it is mixed with lhe arterial blood. Thus, lhe kidney can excrete lhe drug lhat was
given before it reaches lhe systemic circulation. The objective of this study was to evaluate lhe
efficacy of ketamine when injected into the thigh or breast muscle of parrots (Amazona aestiva). Six
birds were aneslhetized with 30 mglkg ketamine by intramuscular injection in the breast (G I, n =6) or
thigh (G2, n =6), using lhe same parrots in both groups. Tbe following parameters were evaluated:
time from administration until recumbency, latency períod, duration of anesthesia and recovery peri-
od. No significant statistical difference was found between the two groups, but two birds of lhe G2
group were excluded from statistical analysis because they did not show clinical signs of aneslhesia.
It was probably caused by a relative underdose; lhat is, part of the ketamine could have been elimina-
ted by the porta-renal system before reaching lhe systemic circulation. It is suggested lhat the intra-
muscular administration of drugs in the thigh should be avoided when the drugs are excreted "in
natura" by the kidneys.
Key words: Psittacidae, parrot, porta-renal system, ketarnine. •
I. BENNETr, T.; MALMFORS, T. AUlOnomic of renal portal blood
tlow in lhe domestic fowl. Generat pharmacotogy. v. 6, p. 49.
1975.
4. MORlLD, 1.; BOHLE, A.; CHRlSTENSEN, J. A. Structure of
lhe avian kidney. The Anatomical Record, v. 212, p. 33-40,
1985.
5. SOUZA, D. Aves do Brasil. Belo Horizonte: Editora ita-
tiaia. 1987. v. 6.
6. WIDEMAN Jr., R. F. ; LAVERTY, G. Kidney function in
domestic fowl with choronic occlusion of the ureter and
caudal renal vein. Poultry Science, v. 65, p. 2148-155,
1986.
•
;
Veia iliaca
Artéria renal
Veia cava
caudal
2. JOHNSON, O. W.; Urinary organs; ln: KlNG A. S.; MALE-
LLAND. J. (ed): Form and function in birds. New York: Aca-
demic Press, 1979. v. I, P. 183-235.
3. MTRABELLA, N.; ESPOSrrO, V.; PELAGALLl, G. V. The val-
va portalis renalis in the duck (Anas platyrhynchos) Acta Anato-
mica,v. 157,p. 151-8, 1996.
44

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