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Pensamento Político Pensamento Político e as Instituições Políticas no Estado Moderno Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Prof. Ms. Fábio Mariano da Silva Revisão Textual: Profa. Esp.Vera Lídia de Sá Cicarone 5 • Introdução • O Renascimento • O Iluminismo Você acha que todas as relações que estabelecemos são contratuais? Como viver numa sociedade complexa como a nossa sem que, para isso, façamos acordos de convivência? Esta unidade permite, através de três autores: Hobbes, Locke e Rousseau, responder a essas perguntas. Se olharmos à nossa volta, iremos perceber como nos relacionamos e de que forma, ainda que implicitamente, nós vivemos em sociedade através de acordos. Além disso, como seria um Estado sem um povo, sem um território ou sem soberania? Não dá pra imaginar, não é mesmo? Foi Maquiavel que demonstrou como se constitui um Estado, como alcançar e como se manter no poder. Sua teoria, embora mal interpretada algumas vezes, é das mais importantes para o contexto político em que vivemos. Durante a leitura, você poderá elaborar questões e imaginar de que forma os conceitos estudados se aplicariam no nosso dia a dia. · Nesta unidade, iremos estudar a constituição do pensamento político na Idade Moderna. Abordaremos os elementos que foram importantes para a constituição do Estado: território, soberania e povo, e veremos como os pensadores imaginavam o Estado ideal. · Observe como autores importantes tratavam os temas políticos naquela época, relacionados ao poder, à divisão de poderes e aos pactos. Pensamento Político e as Instituições Políticas no Estado Moderno 6 Unidade: Pensamento Político e as Instituições Políticas no Estado Moderno Contextualização Veja que blog interessante que trata da formação dos Estados Nacionais • http://www.controversia.com.br/blog/estado-em-questo/ Você se lembra de Montesquieu? http://www.controversia.com.br/blog/estado-em-questo/ 7 Introdução Como vimos na unidade anterior, o Estado Medieval foi um longo período da história da humanidade marcado, sobretudo, pelas diferenças entre Estado e Religião, pelas disputas por terras e pela forma como o poder estava distribuído e sendo exercido por reis e papas. Tratava-se de um estado ou sociedade política fragmentada, cujas instituições políticas estavam centralizadas, mas que, ao final do seu período, se destacou por seu interesse pela educação, pelas artes e pela música. Entramos, agora, em um novo tópico no qual trataremos da Idade Moderna. O Estado Moderno nasceu na segunda metade do século XV, a partir do desenvolvimento do capitalismo mercantil em países como França, Inglaterra e Espanha e, mais tarde, na Itália. Perceba que, até o presente momento, não havíamos tratado dos Estados nominalmente; falávamos de sociedades políticas. A partir deste momento, passaremos a tratá-los pela forma como os conhecemos hoje. Vale destacar que a Idade Moderna foi marcada por três grandes momentos, que são: o Renascimento, o Racionalismo e o Iluminismo. Teremos oportunidade de observar a pujança de fatos e ideias que surgiram durante esses períodos. Você Sabia ? Estado Moderno: reação contra a descentralização feudal da Idade Média e contra o controle da Igreja Romana, assumindo a forma do absolutismo monárquico. O Renascimento Foi um movimento que teve seu início ao final da Idade Medieval adentrando na Idade Moderna no começo do século XIV, na península itálica e que foi difundido nos séculos posteriores, mais especificamente, por toda Europa. Contribuiu, de maneira incisiva, para o desenvolvimento histórico da Europa. Esse período caracterizou-se, entre outros motivos, por um renovado interesse pelo passado greco-romano clássico, especialmente por aquilo que dizia respeito às Artes. Isso porque os gregos e os romanos eram valorizados pela forma como conduziam o pensamento político, em especial, pelo fato de o homem ser considerado o centro do pensamento humano, pensamento esse que ficou conhecido como antropocentrismo. Se, antes, havia uma confusão entre os espaços públicos e os espaços privados, foi nessa fase que se deixou devidamente demarcado cada um desses espaços. Os poderes, antes visualizados de maneira difusa e muito confusa por causa das disputas entre Estado e Igreja, passaram a ser reorganizados de forma que Estado e Sociedade passaram a ser caracterizados como entes diferenciados com aspectos próprios. Claramente estavam sob o regime de monarquias absolutistas. 8 Unidade: Pensamento Político e as Instituições Políticas no Estado Moderno Entre os grandes feitos desse período, precisamos reiterar que, ao se afastarem as suposições teológicas a respeito do homem, os renascentistas deixaram sua marca na forma política de encarar o Estado. Trocando Ideias Suposições teológicas são aquelas feitas por quem acredita que somente Deus é a origem de tudo. Equipe de produção, inserir elemento visual Atenção / Importante: A discussão a respeito das artes, da ciência, da filosofia e do próprio homem também foi conhecida como Humanismo. Quais teriam sido as principais causas da passagem de um período como o Teocentrismo para um novo período conhecido como Humanismo? Podemos destacar ideias principais: » a chegada dos gregos às cidades italianas; » a perda do senso religioso (sec. XIV e XV); » a difusão do pensamento e da cultura; » maior contato com as culturas não cristãs, coo, por exemplo, as islâmicas, as chinesas e as indígenas; » valorização do pensamento racional; » O avanço da medicina e da anatomia, já que muitas das obras de Hipócrates e Galeano foram traduzidas; » as inovações no campo da astronomia graças a Nicolau Copérnico, Tycho Brahe e Johannes Kepler; » as transformações geográficas graças às explorações e aos descobrimentos de novos continentes. No campo das artes, foi entre 1450 e 1550 que ocorreu o período de maior produção renascentista, embora, na Europa, tenha permanecido durante todo o século XVI. Dentre muitos nomes de artistas, pintores, escultores e cientistas famosos que conhecemos, destacaremos apenas alguns: » Leonardo da Vinci (1452 – 1519): pintor, arquiteto, escultor, físico, engenheiro, escritor e músico. Destacou-se em todos esses ramos da arte e da ciência. É autor, entre outros quadros famosos, de Gioconda ou Mona Lisa e da Última ceia; » Michelangelo Buonarroti (1475 – 1564): arquiteto, escultor e pintor. Ajudou a projetar a grandiosa cúpula da basílica de São Pedro, em Roma. São dele também as 9 esculturas Pietá, Davi, Moisés, além das pinturas da Capela Sistina, situada ao lado da basílica de São Pedro; » Rafael Sanzio (1483 – 1520): autor de várias madonas e de retratos de papas e reis; » Sandro Botticelli (1444 – 1510): também pintou um grande número de madonas, além de quadros de inspiração religiosa e pagã, como a A primavera e o Renascimento de Vênus; » Galileu Galilei (1564 – 1642): responsável por uma revolução científica e considerado o pai da ciência moderna, em razão das descobertas da lei dos corpos e do princípio da Inércia. Nicolau Maquiavel Foi o primeiro pensador responsável pelo entendimento dos elementos necessários à constituição do Estado. Nicolau Maquiavel, no início de 1500, destacou um elemento que considerava essencial à fundação do Estado. E qual era esse elemento? A força. Viveu entre os anos de 1469 – 1527, tendo nascido em Florença, Itália. Entre suas obras, as mais famosas são: O discurso sobre as décadas de Tito Lívio, escrito em 1517 e publicado somente em 1531, em que elogiava o governo dos romanos e propunha aquele modelo para os governantes de seu tempo, e O Príncipe, escrito em 1513 e publicado posteriormente, especificamente em 1532, obra da qual trataremos mais adiante. Foi considerado o fundador da Ciência Política moderna e foi um dos primeiros a utilizar a palavra “Estado”, que foi substituindo o termo República, sendo sua teoria fortemente marcada pela análise do podere do Estado. Foi na sua obra “O Príncipe” que tratou da forma como o governante deveria conquistar o poder e apresentou os mecanismos para mantê-lo. E não somente isso. Apontou, também, formas de evitar os erros que eram cometidos por quem estava no exercício do poder, fosse o rei ou o príncipe. Nessa obra ele demonstrou a sua preocupação em analisar acontecimentos ocorridos ao longo da história, comparando-os com o que ocorria em seu tempo. Na época em que escreveu um dos mais importantes tratados políticos sobre o Estado, a Itália estava dividida em reinos, ducados e repúblicas, quase todos, senão todos eles, tomados pela degeneração, e, como podemos lembrar, passaram a ser organizados pelas formas impuras de governo, já que haviam se desviado de sua função principal. O autor da frase “Os fins justificam os meios” foi indevidamente criticado pelo que disse, pois, simplesmente, foi mal interpretado. Segundo ele, os fins justificavam os meios dentro de uma determinada situação política que, como observamos em nossa atualidade, sempre sofre influência de outras dimensões, como a social, a econômica, a religiosa e a moral. Nesse caso, cabia ao político, com as suas capacidades de análise e de estratégia, encontrar um meio perante essa conjuntura para alcançar um determinado fim que considerasse mais adequado ao seu governo. 10 Unidade: Pensamento Político e as Instituições Políticas no Estado Moderno Trocando Ideias Podemos perguntar: se quase todos os reinos, ducados e repúblicas estavam tomados pela corrupção, de que forma poderiam se recuperar de suas debilidades? As debilidades, fragilidades e degenerações somente poderiam ser corrigidas pela atuação de um Estado que estivesse sob o regime de uma monarquia absolutista. Embora considerasse necessário separar religião e moral da política, esses dois elementos poderiam ser utilizados para consolidar o poder; no entanto, ressaltava que não eram necessários ao seu funcionamento. O problema, para Maquiavel, não era simplesmente legitimar o poder, mas mantê-lo por meio da força e da astúcia, já que considerava esses dois recursos necessários ao governante. Este, caso não fosse piedoso, fiel ou humanitário, deveria, pelo menos, aparentar ser. Dois conceitos-chaves do pensamento de Maquiavel: a Virtú e a Fortuna. · Fortuna: diz respeito às circunstâncias, ao tempo presente e às necessidades desse tempo, à sorte da pessoa. Não depende da vontade humana. · Virtú: é a capacidade do indivíduo (político) de controlar as ocasiões e os acontecimentos. O político com grande Virtú vê, justamente na Fortuna, a possibilidade da construção de uma estratégia para controlá-la e alcançar determinada finalidade. Até o momento, pelo estudo que fizemos, poderíamos resumir que, a partir desse período, constituiu-se a figura do “Estado” como o conhecemos hoje. Mas torna-se necessário fixar as características do Estado Moderno. Elementos essenciais para a constituição do Estado: Soberania, Povo e Território Pense Soberania do Estado: Você já imaginou o que seria um Estado sem Soberania? Como viveríamos se, a qualquer momento, um país ou governo se impusesse e interferisse no governo de outro país? Trocando Ideias Outros autores também se destacaram e deram os fundamentos para se entender a formação do Estado. Muitas das questões que relacionamos aos conceitos de política e também de direito foram apresentadas por autores chamados de contratualistas, os quais passaremos a conhecer. Vale ressaltar que viviam também um período conturbado, já que as guerras motivadas pela religião continuavam a existir e os grandes reis continuavam suas batalhas em torno da conquista do poder. Nesse período, também ocorreu a conhecida noite de São Bartolomeu, um dos maiores massacres da história ocorrido por motivos religiosos. As guerras religiosas entre católicos e protestantes marcaram fortemente o século XVI, em especial com a participação de Lutero, que desafiou ao papado. 11 Thomas Hobbes Nascido em 1588 e morto no ano 1679, Thomas Hobbes escreveu em um período em que imperavam as guerras civis. Em sua teoria, o homem era um ser antissocial por natureza, que estava sempre motivado pelo egoísmo, vivendo num estado de guerra permanente. Para o autor, deveria haver pactos de convivência e estes deveriam estar sob a força de um governo forte, que tivesse autoridade para castigar, fazendo os homens temê-lo, e dessa forma forçá-los a viver em uma sociedade. O estado passaria a existir com o estabelecimento de um pacto através do qual os homens contratariam entre si e renunciariam ao direito de autogovernar-se, transferindo toda a sua liberdade a um terceiro, que passaria a ter o direito de governar. Esse terceiro elemento denominamos de soberano. Glossário O homem é o lobo do homem = homo homini lúpus Segundo sua teoria, o homem vivia em estado de natureza, agindo uns contra os outros na busca de vantagens. Lembre-se de que, nesse estado de natureza, o homem era o lobo do próprio homem, portanto estavam todos contra todos. Sua mais comentada obra é conhecida como O Leviatã. Nela ele refletiu sobre a impossibilidade do retorno dos homens ao estado de natureza, ou seja, uma vez que tivessem aderido ao pacto ou contrato civil, seria impossível retornar, devendo sempre permanecer no estado civil. Para isso, argumentava que os homens, em sua natureza, eram motivados pela discórdia, competição, desconfiança e pelo desejo de glória. Sem um poder comum que os organizasse ou determinasse uma forma de coexistência, os homens estariam sempre nesse estado de natureza, ou seja, em constante estado de guerra, já que, sempre que não houvesse a paz, necessariamente se travaria a guerra. Nesse estado de guerra o que poderia ser considerado como virtudes? A força e a fraude. Sob a visão de Thomas Hobbes, fazia parte da natureza humana agir deliberadamente, visando sempre à satisfação de seus desejos e à ganância. Devido à possibilidade de variação na intensidade dos seus desejos, uns almejavam porções maiores que os outros, o que não interferia no propósito comum a todos: a busca do poder. Em suma, podemos nos perguntar: o que era o estado de natureza para esse pensador? E podemos responder que era a condição em que se encontravam os homens fora de uma comunidade política. Nesse estado, possuíam os chamados direitos de natureza, os quais consistiam na liberdade dos homens de unirem-se a fim de preservarem suas vidas e, consequentemente, fazerem tudo aquilo que seu julgamento e razão mostrassem adequado. Assim, o homem deveria se esforçar para que a paz existisse e fosse mantida, mas não deveria renunciar aos seus direitos em favor dos outros; deveria, sim, garantir a sua própria 12 Unidade: Pensamento Político e as Instituições Políticas no Estado Moderno existência acima de qualquer princípio. Se o estado de harmonia em que se encontrasse fosse violado, era digno que se recorresse ao livre uso da força, se não fosse para aumentar seu poder, pelo menos, para que se impedisse que ele fosse controlado. Em resumo, podemos dizer que, na concepção de Thomas Hobbes, o estado de natureza é sinônimo de estado de guerra. Como se constituía o pacto para Hobbes? Para estabelecerem a paz e a segurança, todos os homens deveriam, de maneira absoluta e simultânea, renunciar ao uso individual e privado da força e transferi-lo a alguém externo ao pacto, nesse caso, o Estado político, cujos interesses seriam defendidos pelo soberano. Este não agiria de acordo com sua vontade, já que sua autoridade fora consentida pelos membros de seu governo. Portanto, todos os seus atos eram constituídos dos desejos da coletividade. Contestar o soberano seria o mesmo que se opor a si mesmo e sua função seria a de fazer valerem as leis da natureza. A liberdade dos súditos dizia respeito somente àquilo que, de forma alguma, ferisse o pacto que havia sido estabelecido. Assim deveriam os súditos se submeterem ao soberanosempre com vistas a atingirem o bem comum da coexistência em sociedade. John Locke Filósofo inglês e um dos protagonistas do movimento Iluminista, nascido em 1632, na Inglaterra, e morto em Oates, no ano de 1704. É considerado um dos principais teóricos do liberalismo em razão da sua teoria sobre a divisão dos poderes e pelas discussões que propôs sobre temas como liberdade e propriedade. Locke despertou muito cedo para os problemas apresentados na vida política inglesa. Embora tenha se preparado para o sacerdócio, não deu continuidade à vida clerical e tampouco à medicina, como pretendeu fazê-lo em determinado momento. Em sua obra intitulada Ensaio sobre o Entendimento Humano, do ano de 1671, mas publicada somente em 1690, expôs ideias individualistas e contratualistas. Trabalhou com a teoria de que são direitos fundamentais do homem a vida, a liberdade e a propriedade. Para ele, esses direitos estavam em constante risco, o que fazia com que os homens necessitassem de uma autoridade que os protegesse. Assim, transferia, por meio de um contrato, seus direitos à comunidade como condição essencial ao bem comum. Vale observar que o autor já trabalhava com questões que nos são muito atuais, pois expôs conceitos sobre os direitos fundamentais – vida e liberdade e propriedade. No estado de natureza, o teórico dizia que as pessoas eram livres e iguais, vivendo num estado de paz e de ajuda mútua. Ao transferir o poder para o governante, esse poder deveria ser mínimo, para que o governante não incorresse no risco de usurpar o poder ou cometer o chamado abuso de poder. Devemos ficar atentos, também, ao fato de que Locke considerava que, no estado de natureza, o comando de uma lei natural estaria vinculada à ideia da vontade de Deus. Assim, o indivíduo, ao fazer a passagem do estado de natureza para a sociedade civil, fazia com que a razão passasse a prevalecer e, dessa forma, adquirisse o direito de se impor frente aos demais pelo cumprimento do contrato. 13 No estado de natureza, os homens tinham direito à vida, à liberdade e à propriedade. No caso do direito à propriedade, os homens poderiam dispor de suas propriedades sem qualquer permissão. Na teoria de Locke, a propriedade era um valor fundamental e a liberdade e a propriedade tinham precedência sobre a sociedade civil. Podemos resumir a teoria de Locke da seguinte forma: » todos os homens nasciam livres; » os indivíduos transferiam poder aos governantes, que realizavam suas atividades pelo consentimento dos governados; » ao contrário do que pensava Hobbes, o estado de natureza era de paz e a tirania não era bem vista; » um governo tirano fazia com que sua autoridade fosse dissolvida. Quando Locke escreveu o Segundo Tratado sobre o Governo, a sua principal obra de filosofia política, tinha como objetivo destacar que, ao contrário do que diziam, os reis não tinham direito divino. Além disso, o Estado tinha, entre tantas funções, a de fixar regras através da legislação e a de educar, difundindo o conhecimento e evitando um estado de guerra ou de violação das leis, punindo aqueles que não mantivessem a ordem que estava estabelecida. Antes de passarmos para outros dois autores desse momento histórico, vale a pena conhecermos o Iluminismo, um importante movimento que aconteceu durante a Revolução Francesa. Explore Clique no link abaixo e assista o documentário sobre a Revolução Francesa http://www.youtube.com/watch?v=Gcub1hOFIcg O Iluminismo A ápice do movimento Iluminista foi atingido no século XVIII, que passou a ser conhecido como Século das Luzes. Foi um movimento intenso na França e influenciou a Revolução Francesa, o que se observa no famoso lema: Liberdade, Igualdade e Fraternidade. Por sua extensão, não podemos considerá-lo apenas como um movimento nacional francês; ao contrário, teve grande influência em outros movimentos, contribuindo, inclusive, para a independência das colônias inglesas e até do Brasil. http://www.youtube.com/watch?v=Gcub1hOFIcg 14 Unidade: Pensamento Político e as Instituições Políticas no Estado Moderno Os filósofos do Iluminismo acreditavam que os homens deveriam sair da sua condição de menoridade e que isso só seria possível através do conhecimento. Esse conhecimento faria com que eles deixassem de se submeter ao despotismo dos reis, da religião e do mercantilismo. Nessa época, o que estava em vigor era o conhecido “Antigo Regime”, sistema em que dominava o poder absoluto do rei, ou seja, este era o detentor de todos os poderes. Trocando Ideias O Antigo Regime, ou como diriam os franceses Ancien Règime, divide-se entre as guerras da religião; o século de Luís XIV e as revoluções Inglesas. Em suma, o Iluminismo defendia a igualdade no comércio, igualdade jurídica, tolerância religiosa ou filosófica, liberdade pessoal e social e, ainda que pareça estranho, defendia a propriedade privada, já que era um movimento com amplo apoio da burguesia Montesquieu Charles Secondat de la Bréde, Barão de Montesquieu, foi um dos mais importantes pensadores da época da Revolução Francesa. Entre tantos méritos, propôs a organização do Estado sob o ponto de vista político e jurídico, a fim de que cidadãos não ficassem sob o livre arbítrio do soberano. Autor de “O Espírito das Leis”, Montesquieu defendia a divisão do poder em três, inspirado no modelo inglês. Com isso, afirmava que o cidadão exerceria melhor a sua liberdade perante o Estado. Desta forma, não poderia aquele que faz a lei julgar, ou também aquele que deve executar a lei confundir sua função com aquele que elabora a lei. É dele a famosa teoria da separação dos poderes que os divide em Executivo, Legislativo e Judiciário. De maneira prática, podemos destacar que cada um tem as seguintes competências: » Poder Executivo - órgão responsável pela administração do Estado. No nosso caso, está na figura do Presidente. » Poder Legislativo - órgão responsável pela elaboração das leis. Atualmente aqui representado pela Câmara Municipal, Assembleia Legislativa, Senado e Câmara dos Deputados. » Poder Judiciário - órgão responsável pela fiscalização do cumprimento da lei. Aqui representado pelos tribunais com seus magistrados. Montesquieu demonstrou a necessidade de organização da sociedade, a fim de que esta resolvesse, de forma pacífica, os seus conflitos sociais. Com a organização, tinha por objetivo equacionar os problemas da época, evitando que esses grupos organizados se impusessem uns 15 sobre os outros. Pela teoria de Montesquieu, um verdadeiro estado democrático de direito só existiria se houvesse uma separação dos poderes. A divisão tinha, por função, evitar a imposição do Estado ou de grupos políticos organizados. Jean Jacques Rosseau. Explore Obras principais de Rousseau: O Contrato Social; Discurso sobre a origem e os fundamentos da desigualdades entre os homens; e Emílio Rousseau, nascido em junho de 1712 e morto em julho de 1778, era filho de uma família burguesa média de Genebra. Consta que sua mãe morreu em decorrência de problemas no parto e que ele foi criado pelo pai, que o estimulou desde cedo à leitura. Rousseau foi um dos teóricos que mais exerceu influência na Revolução Francesa, já que era autor da obra O Contrato Social e muitos se utilizavam de sua teoria. Em O Contrato Social, afirmou que havia a abdicação, por parte dos homens, de suas liberdades individuais e naturais, para que convencionassem viver no estado civil. Para o genebrino, no estado de natureza o homem vivia livre, sozinho e feliz. Mas, se o homem vivia num estado de liberdade, por que teria interesse em estabelecer um pacto de convivência? A resposta é que o homem, por sua vontade própria, teria o intuito de formar uma sociedade na qual todos soubessem preservar seus direitos e liberdades, que já haviam sido conquistados no estado de natureza e eram inalienáveis. Dessa forma, podemos pensar que, ao contrário do que muitos imaginavam,o contrato social não seria um limitador das liberdades que foram conquistadas, mas uma forma de garantia de continuidade no momento em que passasse para o estado civil. Defendia que, na passagem do estado natural para o estado pré-cívico, o homem perdia parte de suas qualidades, mas seria o ideal mantê-lo nesse estágio, já que, na sociedade civil, o homem ficava destituído de coragem, submisso a normas sociais e crenças falaciosas. Para o autor, existem dois estados: » o primeiro, chamado de natureza (status naturae) – estado de liberdade total; » o segundo, chamado cívico (status civitatis), que se dá com a cessão das liberdades individuais ao Estado, o que é feito por meio de um contrato social. Os direitos civis surgiam após o advento do contrato social. O texto do livro O discurso sobre a origem e os fundamentos das desigualdades entre os homens, sua obra premiada em 1750, procurava responder a duas questões formuladas pela academia de Dijon. No texto tratou de dizer que tanto as ciências quanto as artes não eram 16 Unidade: Pensamento Político e as Instituições Políticas no Estado Moderno boas, já que o homem era bom, mas a sociedade o corrompia. E com a modernidade da época esse era um risco. Dizia também que o convívio, a vida em sociedade, fazia com que surgissem os mais hábeis, os mais fortes, os mais belos, o que possibilitava a comparação, dando origem aos vícios e às paixões, como orgulho, a inveja, a cobiça, a hipocrisia. Da vida em sociedade surgiu a metalurgia e a agricultura. Também considera-se que foi nesse momento que foi criada a propriedade privada e a sociedade civil. 17 Material Complementar Lembra-se de Maquiavel? Link • http://arquivos.cruzeirodosulvirtual.com.br/materiais/disc_graduacao/2014/1sem/1mod/ pen_pol/un_III/mat_comp/mat_comp.pdf http://arquivos.cruzeirodosulvirtual.com.br/materiais/disc_graduacao/2014/1sem/1mod/pen_pol/un_III/mat_comp/mat_comp.pdf http://arquivos.cruzeirodosulvirtual.com.br/materiais/disc_graduacao/2014/1sem/1mod/pen_pol/un_III/mat_comp/mat_comp.pdf 18 Unidade: Pensamento Político e as Instituições Políticas no Estado Moderno Referências BOBBIO, Norberto. Dicionário de Política. Norberto Bobbio , Nicola Matteuci e Gianfranco Pasquino; trad. Carmen Cm Varriale et al.; trad. João Ferreira e Luiz Guerreiro Pinto Cascais. Brasília: Editora Universidade Brasília, 13° edição, 2007, 2008. Vol. 1 e 2. DE CICCO, Cláudio. Teoria Geral do Estado e Ciência Política. Cláudio de Cicco, Álvaro de Azevedo Gonzaga. 3° edição. São Paulo: Editora revista dos Tribunais, 2011. DIAS, Reinaldo. Ciência Política. São Paulo: Atlas, 2008. JAPIASSÚ, Hilton. Dicionário Básico de Filosofia. Hilton Japiassú e Danilo Marcondes. 3° edição. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed, 1996. 19 Anotações www.cruzeirodosulvirtual.com.br Campus Liberdade Rua Galvão Bueno, 868 CEP 01506-000 São Paulo SP Brasil Tel: (55 11) 3385-3000 http://www.cruzeirodosulvirtual.com.br
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