Buscar

Contratos e Fatos Jurídicos

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 21 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 21 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 21 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Contratos 
 
Fato Jurídico: tem definição abrangente e se refere a qualquer acontecimento 
capaz de criar, modificar, conservar ou extinguir a relação jurídica. É o fato 
social (acontecimento natural ou humano) ao qual são atribuídas 
consequências jurídicas. Ele se ajusta à hipótese prevista na lei (fato abstrato), 
fazendo nascer um dos seguintes efeitos jurídicos: Aquisição; Resguardo; 
Modificação ou Extinção de direitos. 
Efeitos: 
1. Aquisição de direitos: é a conjunção (união, incorporação) dos direitos com 
o seu titular. Ocorre a aquisição de um direito com a incorporação ao 
patrimônio e/ou à personalidade do titular. 
2. Resguardo de direitos: ou conservação. Relaciona-se ao conjunto de 
medidas ou providências que o titular adota para conservar seus direitos. As 
medidas podem ser preventivas ou repressivas; judiciais ou extrajudiciais. 
3. Modificação de direitos: os direitos subjetivos podem sofrer alteração 
relativa ao objeto ou à pessoa do sujeito. 
• Modificações objetivas qualitativas: alteração no conteúdo do 
direito, que se converte em outra espécie. Ex.: dação em 
pagamento por dívida em dinheiro; 
• Modificações subjetivas: alteração da titularidade do objeto ou do 
direito, podendo ser inter vivos ou causa mortis. Obs.: Os direitos 
personalíssimos, constituídos intuitu personae, são insuscetíveis 
de modificação subjetiva. 
4. Extinção de direitos: as principais causas de extinção de direitos são: 
perecimento do objeto; falecimento do titular; renúncia; abandono; alienação; 
confusão; prescrição e decadência. 
Classificação do negócio jurídico: 
1. Quanto ao número de declarantes: 
a. Unilaterais – aperfeiçoam-se com uma única manifestação de vontade. Ex.: 
revogação de mandato. 
b. Bilaterais – aperfeiçoam-se com duas manifestações de vontade. Podem 
ser simples, no qual apenas uma das partes aufere vantagens (Ex.: doação) ou 
sinalagmáticos, no qual outorgam ônus e vantagens recíprocas. 
c. Plurilaterais – aperfeiçoam-se com manifestações de vontades de mais de 
duas partes. Ex. contrato de uma sociedade. 
2. Quanto às vantagens patrimoniais: 
a. Gratuitos – Apenas uma das partes aufere vantagens. Ex.: doação. 
b. Onerosos – A vantagem auferida vem acompanhada de uma 
contraprestação. 
c. Neutros – caracteriza-se pela destinação dos bens. Ex.: instituição de bem 
de família. 
d. Bifrontes – dependendo das vontades, podem ser onerosos ou gratuitos, 
como o contrato de depósito (art. 627, do CC). 
3. Quanto ao momento de produção de efeitos 
a. Inter vivos – produzem efeitos estando as partes ainda vivas. 
b. Mortis causa – produzem efeitos após a morte do agente. 
4. Quanto à existência: 
a. Principais – têm existência própria e não dependem de nenhum outro. 
b. Acessório – a sua existência é subordinada à do principal. Ex.: Fiança. 
5. Quanto à forma: 
a. Formais ou solenes – devem obedecer à forma prescrita em lei. 
b. Não formais – são negócios de forma livre. Art. 107, do CC. 
6. Quanto à eficácia: 
a. Constitutivos – são aqueles cuja eficácia opera-se ex nunc (a partir do 
momento da celebração). 
b. Declaratórios – Ocorrem quando a eficácia opera-se ex tunc (a partir do 
momento em que se operou o fato a que se vincula a declaração de vontade). 
3. Quanto ao modo de obtenção do resultado 
a. Negócio fiduciário – Ex.: Alienação Fiduciária - negócio jurídico pelo 
qual o devedor, ou fiduciante, com o escopo de garantia do pagamento 
de uma dívida, convenciona a transferência da propriedade resolúvel de 
determinada coisa ao credor, ou fiduciário, mantendo-se na posse direta 
da mesma. O negócio fiduciário caracteriza-se pela circunstância de que 
o meio utilizado transcende o fim perseguido. As partes visam a um fim 
prático, realizando um negócio cujos efeitos ultrapassam os objetivos do 
que foi celebrado. 
b. Negócio simulado – tem aparência contrária à realidade. As partes 
aparentam conferir direitos a pessoas diversas daquelas a quem realmente os 
conferem. Ou fazem declarações não verdadeiras para fraudar a lei ou o fisco. 
Não é um negócio válido. 
Interpretação do negócio jurídico: na interpretação do negócio jurídico deve-
se buscar a real intenção das partes ao contratar (art. 112, do CC); deve ser 
considerados: (i) a boa-fé, (ii) os usos do lugar de sua celebração, sem 
aniquilar a vontade das partes. Já os negócios jurídicos benéficos e a renúncia 
interpretam-se estritamente (art. 114, do CC). 
Elementos do negócio jurídico – tricotomia existência-validade-eficácia 
a. Requisitos de existência – trata-se dos elementos constitutivos, estruturais, 
indispensáveis à existência do negócio jurídico. 
I. Manifestação da vontade – o agente exterioriza a sua vontade, de 
forma livre e de boa-fé, dentro do princípio da autonomia privada, pode 
ser: 
• Expressa – escrita ou verbal; 
• Tácita – resulta do comportamento do agente que demonstra 
concordância ou anuência. 
• O silêncio como manifestação de vontade – em regra não se aplica 
“quem cala consente”. Ler art. 111, do CC. 
Reserva mental: ocorre quando um dos contratantes oculta a sua verdadeira 
intenção, isto é, quando não quer um efeito jurídico que declara querer. Tem 
por objetivo enganar o outro contratante. Se este, entretanto, não soube da 
reserva mental, o ato subsiste e produz os efeitos que o declarante não 
desejava (art. 110, do CC). 
II. Agente – sujeito emissor da vontade - é o elemento caracterizador do 
negócio jurídico. Sem sujeito, não há negócio jurídico. 
III. Objeto – é aquilo sobre o qual o negócio jurídico dispõe. 
IV. Forma – meio mediante o qual a declaração se exterioriza – a forma 
legalmente prescrita é elemento de validade do negócio jurídico. 
V. Finalidade negocial – tem o propósito de atingir, dentro do campo da 
autonomia privada, os efeitos jurídicos pretendidos pelo agente. 
b. Requisitos de validade – pressupostos de validade – é o plano no qual se 
analisa a conformidade do nj com o ordenamento jurídico. (art. 104, do CC). 
I. Agente capaz. 
II. Objeto lícito, possível, determinado ou determinável no momento de 
sua execução. 
III. Forma – deve ser a prescrita em lei, se houver. (ver art. 107, do CC) 
 
Elementos do negócio jurídico (nj) – Quanto à Eficácia 
Da Condição, do Termo e do Encargo. 
O nj é eficaz se observados os requisitos de existência e validade. No entanto, 
as partes podem introduzir, facultativamente, elementos acidentais ao nj, não 
sendo necessários, portanto, à sua existência. Mas, se convencionados, 
passam a ter o mesmo valor dos elementos estruturais e essenciais, passando 
a integrar o nj de forma indissociável. São, portanto, limitadores da eficácia 
do nj. São eles: 
I. Condição: subordina o efeito do nj a evento futuro e incerto (art. 121, do CC) 
II. Termo: subordina o efeito do nj a evento futuro e certo (art. 131, do CC) 
III. Encargo: impõe-se, por liberalidade, uma obrigação ao beneficiário. (art. 
136 e 137, do CC). Ex.: no testamento. 
 
UNIDADE I - Teoria Geral dos Contratos (parte II) - Visão Geral 
I.1 Abordagem Conceitual 
Trata-se de negócio jurídico que, por acordo de vontades, tem por fim adquirir, 
modificar ou extinguir relações jurídicas. 
Constitui fonte de obrigação 
Função social do contrato – subordina a liberdade contratual à sua função 
social, garantindo que a liberdade privada de contratar não extrapole os limites 
dos interesses coletivos e não ameace os bons costumes. 
Pressupostos de validade dos contratos 
2. Pressupostos de validade – requisitos de validade – é o plano no qual se 
analisa a conformidade do nj com o ordenamento jurídico. (art. 104, do CC). 
I. Agente capaz: 
a. Capacidade genérica: Ver. arts. 1º., 3º., 4º. e 5º. do CC. 
Se as partes não forem capazes o contrato poderá ser nulo ou anulável. 
Nulo: para o absolutamente incapazque não foi representado. 
Anulável: para o relativamente incapaz que não foi assistido. 
b. Capacidade especial: capacidade exigida por lei em certos casos. Ex.: 
outorga uxória para alienar bem imóvel (art. 1647, do CC). 
II. Objeto lícito, possível, determinado ou determinável no momento de 
sua execução e economicamente apreciável. 
a. Lícito: o objeto não pode ser contrário à lei, à moral, aos princípios 
de ordem pública e aos bons costumes. Se ilícito, contrato nulo. 
Ex.: herança de pessoa viva – art. 426, do CC. 
b. Possibilidade física ou jurídica do objeto – caso contrário, nulidade 
absoluta do contrato. 
c. Determinação de seu objeto – deve ser, pelo menos, determinável. 
Deve indicar, pelo menos, gênero e quantidade. 
d. Economicamente apreciável – deverá versar o interesse capaz de 
se converter, direta ou indiretamente, em dinheiro. Ex. venda de um 
grão de arroz não interessa ao Direito. Uma semente única e 
especial, sim. 
III. Forma – prescrita ou não defesa em lei. (ver art. 107, do CC). Em 
regra, a forma é livre. Quando solene, exigido por lei, deve ser 
observado. Quando proibida, não pode ser utilizada. Caso contrário – 
contrato nulo. 
IV. Consentimento – deve existir consentimento recíproco ou acordo 
de vontades. As vontades devem ser isentas de vícios (Erro, dolo, 
coação, estado de perigo, lesão e fraude). Existindo duas ou mais 
pessoas, o contrato é negócio jurídico bilateral. 
 
Visão Civil- Constitucional 
O Direito, por ser uma ciência social, sofre os reflexos decorrentes das 
diversas transformações da sociedade ocorridas ao longo do tempo. 
O Código Civil de 1916 tem suas raízes nas doutrinas individualista, 
inspiradoras do Código Napoleônico e de diversas outras codificações do 
século XIX. 
As principais relações jurídicas tuteladas restringiam-se, basicamente, ao 
sujeito contratante e ao proprietário. Estes nada mais aspiravam do que a 
libertação de todos os antigos privilégios feudais, passando a ter ampla 
liberdade para contratar, circular riquezas, adquirir bens, como uma forma 
de representação da ampliação da própria inteligência e personalidade, sem 
intervenção legal. O Código Civil Brasileiro era a Constituição do Direito 
Privado 
No pós-guerra, ocorreu a substituição filosófica do Estado Liberal, baseado 
em ideias individualistas e iluministas do final do século XVIII, pelo Estado 
Social, fruto da sociedade massificada que visa ao respeito à dignidade 
da pessoa humana, à igualdade material e à funcionalização dos 
institutos jurídicos. As reivindicações sociais levaram o antigo Estado 
mínimo a tornar-se Estado interventor e social; capaz de impedir a 
exploração e os abusos praticados pelos economicamente mais fortes 
sobre os mais fracos, tutelando os interesses sociais, de modo plural. 
No Brasil, constatou-se que tais transformações conduziram à elaboração 
da Constituição de 1988, a qual elevou a dignidade da pessoa humana 
a fundamento da República, na busca de uma sociedade livre, justa e 
solidária. 
A CR/88 provocou um repensar, em decorrência das transformações nos 
antigos pilares do Direito Civil, quais sejam, a propriedade, a família e o 
contrato. O modelo de contrato do Estado Liberal, cujo princípio nuclear 
era o da autonomia da vontade, não conseguiu dar respostas adequadas 
aos anseios e às necessidades da sociedade atual. O contrato, em sua 
arquitetura tradicional, configurava um instrumento de exercício de 
poder. A liberdade meramente formal mostrou-se como um meio hábil para 
a expansão capitalista e para a exploração dos indivíduos hipossuficientes. 
Já no Estado Social, que tem na dignidade da pessoa humana o seu 
principal fundamento, coloca-se, ao lado da autonomia da vontade e 
da liberdade, novos princípios contratuais como o da boa-fé, do 
equilíbrio econômico e da função social. 
A partir da CR/88 a interpretação jurídica das relações privadas do 
Código Civil deu-se de acordo com a análise e os valores tutelados 
constitucionalmente, que serviu como uma opção legislativa 
apacificadora, em razão de tamanha desordem nas relações privadas, dos 
riscos e do impacto social causados pelo ordenamento que vigorava, 
juntamente com inúmeros diplomas setoriais (ECA, CDC, Lei das 
Locações...). 
A CR/88 passa a ser o esteio axiológico normativo do sistema implica 
dizer que 
toda legislação infraconstitucional não pode ser lida sem o seu 
suporte, a qual daria, em sede de teoria da argumentação, o sentido de 
ética do discurso 
Em razão disso, tem-se o fenômeno da repersonalização do Direito Civil, 
que coloca o ser humano, em todas as sua dimensões, como o fim 
maior a ser tutelado pelo ordenamento jurídico. 
A ‘repersonalização’ conduz ou decorre, consoante a ótica do discurso 
jurídico, de uma translúcida "publicização" do Direito Privado, pela 
elevação da pessoa ao centro protetivo do sistema jurídico, patamar 
esse ocupado antes pela titularidade e pelo contrato, cujos paradigmas de 
leitura clássica se fragmentam, pela sujeição à dignidade da pessoa 
humana. 
Conclui-se que o direito civil do século XX passou por um processo de 
publicização do "privado", antes construído basicamente e quase que 
com exclusividade à luz da autonomia da vontade privada (que tinha a 
função garantir), pelo intervencionismo estatal nesta área, fulminando com a 
"tradicional dicotomia aferível pelo critério de interesses". 
Por meio da constitucionalização do direito civil, busca-se não apenas 
investigar a inserção do direito civil na Constituição, mas dela 
estabelecer os fundamentos de sua validade jurídica. 
Tendo-se a Constituição Federal como o vértice máximo e conformador de 
toda e qualquer criação, interpretação e aplicação da legislação civil, 
necessário se faz o entendimento de que "deve o jurista interpretar o código 
segundo a Constituição". 
A leitura do Código Civil à luz da Constituição Federal implica no 
distanciamento do individualismo e da patrimonialidade do direito 
contratual, mas não no sentido de "revogar“ tal posição, mas sim em 
recondicioná-la aos direitos e garantias constitucionais que primam 
pela proteção à pessoa humana. 
A Constituição da República assumiu, em relação a este problema, uma 
posição diversa. Uma coisa é ler o Código Civil naquela ótica produtivista, 
outra é relê-lo à luz da opção "ideológico jurídica“ constitucional, na qual a 
produção encontra limites insuperáveis no respeito aos direitos 
fundamentais da pessoa humana. 
Resta inevitável concluir que o Direito Civil atual é indubitavelmente 
diferente daquele que vigorava no período oitocentista. E é justamente por 
meio da Constituição Federal que se deve buscar a renovação do 
direito privado, na medida em que as normas consideradas privadas 
invadem a Carta, reforçando a invalidade da perspectiva dicotômica 
dos clássicos ramos jurídicos, "nos quais a modificação dos padrões 
constitucionais passa a iluminar o direito privado". 
 
Unidade II – PRINCÍPIOS CONTRATUAIS FUNDAMENTAIS 
1 – Princípio da dignidade humana 
2 – Princípio da autonomia da vontade 
3 – Princípio da relatividade dos efeitos contratuais 
4 – Princípio da força vinculante das obrigações 
5 – Princípio da boa fé 
6 – Princípio da função social 
 
Princípios 
1. Dignidade da Pessoa Humana – é o princípio matriz do Estado, no 
qual a democracia encontra sua razão de existência como valor máximo 
a ser atingido. É dever de o Estado agir contra as situações 
econômicas, culturais e morais degradantes e que tornam os sujeitos 
indignos do tratamento social reservado à generalidade. Vide art. 1º. III, 
CR/88. 
2. Autonomia da vontade – liberdade das partes de autorregularem seus 
interesses, segundo suas conveniências. Abrange a liberdade de 
contratar e a liberdade contratual (determinar as características do 
contrato, sendo lícito pactuar contratosatípicos – art. 435, do CC). 
3. Princípio da relatividade dos efeitos dos contratos – O contrato 
vincula somente as partes que participaram (res inter alios), quem não é 
parte do contrato não pode ser compelido a cumpri-lo nem pode exigir o 
seu cumprimento. O contrato não é erga omnes, é erga singulum. 
Porém, os efeitos podem atingir terceiros, como a estipulação a favor de 
terceiro. 
4. Força vinculante das obrigações - obrigatoriedade – pacta sunt 
servanda – uma vez firmado, torna-se obrigatório, devendo as partes 
honrá-lo. 
4.1 Revisão dos contratos – rebus sic stantibus – teoria da imprevisão – é 
admitido nos contratos de execução continuada ou diferida, em virtude de 
acontecimentos extraordinários ou imprevisíveis que gerem excessiva 
onerosidade para uma das partes. Exceção ao princípio da obrigatoriedade. 
5. Boa-fé – art. 422, do CC – as partes devem proceder de forma correta 
durante as fases de negociação e execução dos contratos. 
a. Subjetiva – concepção psicológica do contratante. Diz respeito à 
consciência interna do sujeito de que seus atos estão em conformidade com 
o Direito. 
b. Objetiva - regra geral de conduta que define um modelo de 
comportamento socialmente esperado. Atrelada à lealdade, honestidade, 
probidade dos contratos. Proibição do venire contra factum proprium 
(comportamento contraditório de um criando falsas expectativas no outro). 
Supressio (um direito não exercido durante determinado lapso gera, na 
parte, legítima expectativa de que a redução se perpetuará). Surrectio 
(alargamento de um direito previsto em contrato, em razão da prática 
reiterada na relação contratual). 
6. Função social do contrato – Trata-se de princípio contratual de ordem 
pública, com fundamento no art. 421, do CC, o qual legitimou a liberdade 
contratual, atenuada quando presentes interesses metaindividuais ou 
interesse relativo à dignidade da pessoa humana. 
Enunciado 23, JDC, CJF: Art. 421: A função social do contrato, prevista no 
art. 421 do novo Código Civil, não elimina o princípio da autonomia 
contratual, mas atenua ou reduz o alcance desse princípio quando 
presentes interesses metaindividuais ou interesse individual relativo à 
dignidade da pessoa humana. 
Princípios, outros: 
I. Supremacia da ordem pública – limita a autonomia da vontade. O 
interesse privado não pode prevalecer sobre o interesse público. A 
liberdade de contratar encontra seus limites da lei, na moral e nos bons 
costumes. 
II. Consensualismo – para o aperfeiçoamento dos contratos, basta o 
acordo de vontades, não sendo, em regra, necessário observar qualquer 
tipo de formalidade. A forma solene, prevista em lei, é excepcional. 
Interpretação dos contratos: 
Conceito – interpretar é precisar o sentido e o alcance das cláusulas 
pactuadas. O contrato claro, sem ambiguidade, não gera necessidade de 
interpretação. A interpretação é exceção, e não regra. Havendo 
desentendimento entre as partes, a interpretação deverá ser realizada pelo 
juiz. 
Tipos: 
a. Interpretação declaratória: visa a descobrir a intenção comum dos 
contratantes no momento da celebração do contrato. 
b. I. Construtiva/integrativa – integração contratual – visa ao 
aproveitamento do contrato, por meio do suprimento das lacunas e 
omissões. 
Regras específicas: (i) qdo houver, no contrato de adesão, cláusulas 
ambíguas ou contraditórias, deve-se adotar a interpretação mais favorável 
ao aderente (art. 423, do CC); (ii) a transação interpreta-se restritivamente 
(art. 843, do CC); e (iii) a fiança não admite interpretação extensiva (art. 
819, do CC). 
 
UNIDADE II - Teoria Geral Dos Contratos (parte II) - Formação Contratual - 
(CCB arts 427 a 435) 
 
II. 1 Noções sobre a manifestação da vontade. 
II. 2. Negociações preliminares 
II. 3. Objeto 
II. 4. Fases de formação: Proposta e Aceitação 
II.5. Tempo e lugar da formação contratual 
II.6. Efeitos 
 
I. Noções sobre a manifestação da vontade: 
É requisito de existência do NJ – trata-se dos elementos constitutivos, 
estruturais, indispensáveis à existência do negócio jurídico. 
I. Manifestação da vontade – o agente exterioriza a sua vontade, de 
forma livre e de boa-fé, dentro do princípio da autonomia privada, 
podendo sofrer condicionamentos da lei, da moral e da ordem pública. 
Pode se dar de forma: 
• Expressa – escrita ou verbal; 
• Tácita – resulta do comportamento do agente que demonstra 
concordância ou anuência. 
• O silêncio como manifestação de vontade – em regra não se aplica 
“quem cala consente”. Ler art. 111, do CC. 
Reserva mental: ocorre quando um dos contratantes oculta a sua 
verdadeira intenção, isto é, quando não quer um efeito jurídico que declara 
querer. Tem por objetivo enganar o outro contratante. Se este, entretanto, 
não soube da reserva mental, o ato subsiste e produz os efeitos que o 
declarante não desejava (art. 110, do CC). 
Conceito: trata-se dos vícios relativos à formação da vontade ou a sua 
declaração. Abrange: 
(i) Vícios do consentimento – são aqueles nos quais a vontade declarada 
não representa a real intenção do agente. Há uma divergência entre a 
vontade real do agente e a vontade declarada. Pose ser: erro ou ignorância; 
dolo; coação; estado de perigo e lesão. 
(ii) Vícios sociais – são aqueles em que a vontade é manifestada com a 
intenção de prejudicar terceiro. Apesar de haver correspondência entre a 
vontade interna do agente e a sua manifestação, são realizados em 
desconformidade com a lei, por faltar a intenção pura e de boa-fé de quem 
declara. Pode ser: simulação e fraude contra credores. 
 
(i) Vícios do consentimento 
a. Erro ou ignorância – consiste em uma falsa representação (percepção) 
da realidade, na qual o agente engana-se sozinho. Somente será causa de 
anulabilidade do nj se for substancial (essencial) e puder ser percebido por 
pessoa de diligência normal (Ver at. 138, do CC). Espécies: Substancial e 
Acidental. 
1. Substancial – incide sobre as circunstâncias e os aspectos relevante do 
nj. Caso o agente conhecesse a verdade, não realizaria o nj. Ex.: 
Colecionador que, pensando estar adquirindo uma peça de marfim, compra 
uma de material sintético. O erro substancial pode recair sobre: 
• Natureza do negócio – divergência quanto à espécie do negócio. 
Pretende-se celebrar determinado negócio, quando, na realidade, 
realiza-se outro diferente. Ex.: Pessoa empresta uma coisa e a outra 
entende que houve doação. 
• Objeto principal da declaração – incide sobre a identidade do objeto. Ex.: 
compra-se um quadro de um aprendiz achando estar comprando de um 
pintor famoso. 
• Qualidade essencial do objeto principal – ocorre quando o objeto não 
possui determinada qualidade considerada essencial e determinante 
para o nj. Ex: Compra-se um anel de cobre achando ser de ouro. 
• Identidade ou qualidade da pessoa a quem se refere a declaração de 
vontade - Ocorre nos negócios intuitu personae. Ex.: casar com uma 
pessoa e descobrir que é criminoso. 
• Erro de direito – é o falso conhecimento, ignorância ou interpretação 
errônea da norma jurídica. Para ser admitido, não deve implicar recusa à 
aplicação da lei, ou seja, ser alegado como justificativa para seu 
descumprimento. Ex.: Pessoa contrata a importação de mercadoria 
ignorando a existência de lei que proíbe a importação. O erro pode ser 
alegado para anular o contrato e não para justificar a contratação. 
� Consequência do erro substancial – o nj anulável, desde que perceptível 
por pessoa de diligência normal (art. 138, do CC). 
� O erro não prejudica a validade do negócio jurídico quando a pessoa, a 
quem a manifestação da vontade se dirige, se oferecer a executá-lo na 
conformidade da vontade real do manifestante (art. 144, do CC). 
2. Acidental – recai sobre qualidade secundárias do objeto ou da pessoal.Se conhecida a realidade, mesmo assim o negócio seria celebrado. 
� Consequência – nj válido. 
� Obs.: o erro de cálculo não é causa de anulação do negócio, mas de 
retificação da declaração da vontade (art. 143, do CC). 
b. Dolo – é o artifício malicioso empregado para induzir alguém à prática de 
um ato que o prejudique e que beneficie o autor do dolo ou a terceiro (dolo 
de terceiro). Enquanto o erro é espontâneo, o dolo é provocado 
intencionalmente. Espécies: 
(i) Principal, essencial ou substancial – é aquele que dá causa ao nj – sem 
ele a avença não teria sido concretizada. 
Consequência: NJ anulável – art. 145, do CC. 
(ii) Acidental – é aquele que não impede a realização do nj, pois não afeta a 
declaração de vontade. Realiza-se o nj em condições mais onerosas. 
Consequência – nj válido, porém obriga a satisfação de perdas e danos (art. 
146, do CC). 
b. Dolo – Espécies: 
(i) Positivo ou comissivo – é a ação dolosa. 
(ii) Negativo ou omissivo – é a omissão dolosa (art. 147, do CC) – ocultação 
de algo que a parte contratante deveria saber. 
(i) Dolus bonus – comportamento tolerado, destituído de gravidade 
suficiente para afetar a declaração de vontade. Ex.: vendedor elogia 
exageradamente seu produto, realçando em demasia suas qualidades. 
Consequência – não torna o nj anulável. 
(ii) Dolus malus – são manobras astuciosas para enganar alguém e lhe 
causar prejuízo, 
Consequência – nj anulável. 
(i) Recíproco – é a torpeza bilateral. 
Consequência – ocorre neutralização do delito – nj válido (art. 150, do CC). 
 (ii) De terceiro – é o dolo proveniente de terceiro que não faz parte do nj. 
Consequências: (art. 148, do CC) 
a. Se o beneficiado pelo dolo sabia ou devesse saber, nj anulável. 
b. Se o beneficiado pelo dolo não sabia, nem tinha como saber, nj válido. O 
terceiro responderá por todas as perdas e danos da parte a quem ludibriou. 
 
c. Coação – é a ameaça ou pressão física ou moral exercida sobre alguém 
para obrigá-lo a praticar nj. Tipos: Física e Moral. 
1. Física – é o constrangimento corporal exercido sobre a vítima – emprego 
da força física – vis absoluta. 
Consequência – em razão da ausência do consentimento (da vontade) o nj 
é considerado nulo. Trata-se, na realidade, de hipótese de inexistência de 
nj, por ausência total de consentimento. 
2. Moral – atua sobre a vontade, sem retirar totalmente o consentimento (vis 
compulsiva). É um processo de intimidação que impõe ao agente uma 
declaração não querida – há consentimento viciado. A vítima escolherá 
entre praticar o ato exigido pelo coator ou sofrer as consequências da 
ameaça. 
 Requisitos – art. 151, do CC: 
� Causa determinante do nj – a grave ameaça ou violência deve ser a 
causa da realização do nj. Há relação de causalidade entre a coação e o 
ato extorquido. 
� Injusta – deve ser contrária ao direito ou abusiva. Não há coação na 
ameaça de praticar ato amparado por lei (art. 153, do CC). 
� Dano iminente – a ameaça deve se referir a dano atual (iminente) ou 
dano futuro quando inevitável. Não constitui coação a ameaça de um 
mal impossível, remoto ou evitável. 
� Dano grave – a coação deve incutir na vítima um fundado temor de dano 
a bem que considera relevante. Dano pode ser moral ou patrimonial. 
Para aferir a gravidade da coação, considera-se o caso concreto: 
circunstâncias de fato e condições pessoais da vítima. Não se considera 
o critério homem médio – art. 152, do CC. 
� Deve ser dirigida a pessoa (paciente), sua família, ou seus bens. Pode 
ser dirigida a pessoa não pertencente à família do paciente (amigo). 
Caberá ao juiz avaliar as circunstâncias do ato e decidir se houve 
coação. 
Consequência – negócio anulável (art. 171, II, do CC). 
Excluem da Coação – art. 153, do CC: 
• Ameaça do exercício normal de um direito (a coação deve ser injusta). 
Ex.: Se não pagar o aluguel, recorrerei à Justiça. 
• Simples temor reverencial (a coação deve ser grave) 
Coação de terceiro: 
(i) Nj anulável se o beneficiário soube ou devesse saber da coação (art. 
154, do CC). Respondem solidariamente o autor da coação e a parte 
beneficiada. 
(ii) Nj válido se beneficiário não soube ou não devesse saber da coação 
(art. 155, do CC). O autor da coação responderá por perdas e danos. 
 
d. Estado de perigo – é a situação de extrema necessidade que conduz a 
pessoa a celebrar nj no qual assume obrigação desproporcional e 
excessiva. Ocorre quando alguém, premido da necessidade de salvar-se ou 
salvar a pessoa de sua família, de grave dano conhecido pela outra parte, 
assume obrigação excessivamente onerosa (art. 156, do CC). Obs.: Salvar 
pessoa próxima – no caso de não pertencente à família do declarante, o juiz 
decidirá segundo as circunstâncias. Ex.: Cirurgião que exige honorários 
excessivos para atender paciente em emergência. 
Consequência: Nj anulável (art. 171, II, do CC). Obs.: ao estado de perigo 
aplica-se, por analogia, o disposto no art. 157, § 2º. , do CC. Não se 
decretará a anulação do nj se for oferecido suplemento suficiente, ou se a 
parte favorecida concordar com a redução do proveito. Enunciado 148, da 
III Jornada de DC. 
Elementos: 
(i) Situação de necessidade, decorrente da iminência de dano atual e grave; 
(ii) Nexo de causalidade entre a declaração e o perigo de grave dano – o 
perigo de dano deve ser o motivo determinante para a declaração de 
vontade. 
(iii) Pessoa ameaçada de dano – próprio declarante; sua família; pessoa 
não pertencente à família, avaliado pelo juiz. 
(iv) Conhecimento do perigo pela parte beneficiada – se a parte não sabia 
do perigo (boa-fé), não se anula o nj, reduzindo-se o excesso contido na 
proposta onerosa. 
(v) Obrigação excessivamente onerosa – deve haver desequilíbrio 
contratual decorrente da desproporcionalidade entre as prestações 
avençadas. 
e. Lesão – é o prejuízo decorrente da desproporção existente entre as 
prestações de um nj, em razão do abuso da inexperiência ou da 
necessidade de uma das partes. Ocorre quando uma pessoa sob 
necessidade, oi por inexperiência, se obriga a prestação manifestamente 
desproporcional ao valor da prestação oposta (art. 157, do CC). Ex.: 
Empregado que compra mantimentos em armazém da própria fazenda a 
preços exorbitantes. 
Consequência: Nj anulável (at. 171, II, do CC). Não se decretará a anulação 
do nj se for oferecido suplemento suficiente, ou se a parte favorecida 
concordar com a redução do proveito. (art. 157, § 2º. , do CC). 
Requisitos: 
a. Objetivo (material) – manifesta desproporção entre as prestações 
recíprocas. 
b. Subjetivo – inexperiência ou premente necessidade da parte lesada – a 
necessidade se configura na impossibilidade de evitar o contrato. Dolo de 
aproveitamento – intenção de auferir vantagem exagerada às custas de 
outrem. 
 
UNIDADE II - Teoria Geral Dos Contratos (parte II) - Formação Contratual - 
(CCB arts 427 a 435) (26.02.T37) 
 
II. 2. Negociações preliminares 
2. Negociações preliminares 
O contrato é um acordo de vontades que tem por fim criar, modificar ou 
extinguir direitos. A formação do contrato pressupõe a ocorrência de duas 
manifestações de vontade: a proposta e a aceitação. 
As negociações preliminares, também chamada de fase de puntuação, 
caracterizam-se pela sondagem de informações e condições necessárias 
para a equalização dos interesses dos contratantes. Em regra, até aqui, não 
vinculam as partes porque ainda não houve consentimento. 
Exceções: (i) Expectativa de contratar, o que pode gerar responsabilidade 
civil pré-contratual e (ii) responsabilidade civil pré-contratual, pautada no 
dolo ou na culpa sempre que a conduta causar prejuízos (princípio da boa-
fé objetiva). 
 
UNIDADE II - Teoria Geral Dos Contratos (parte II) - Formação Contratual - 
(CCB arts 427 a 435) 
 
 3. Objeto: Objeto lícito, possível,determinado ou determinável no 
momento de sua execução e economicamente apreciável. 
a. Lícito: o objeto não pode ser contrário à lei, à moral, aos princípios 
de ordem pública e aos bons costumes. Se ilícito, contrato nulo. 
Ex.: herança de pessoa viva – art. 426, do CC. 
b. Possibilidade física ou jurídica do objeto – caso contrário, nulidade 
absoluta do contrato. 
c. Determinação de seu objeto – deve ser, pelo menos, determinável. 
Deve indicar, pelo menos, gênero e quantidade. 
d. Economicamente apreciável – deverá versar o interesse capaz de 
se converter, direta ou indiretamente, em dinheiro. Ex. venda de um 
grão de arroz, em regra, não interessa ao Direito. Uma semente 
única e especial, sim. 
 
4. Fases de formação: Proposta e Aceitação 
 Proposta 
Proposta: também denominada oferta, policitação ou oblação, a proposta é 
um nj unilateral, que cria para o proponente a obrigação de cumpri-la (tem 
força vinculante). A oferta traduz uma vontade definitiva de contratar, 
constituindo elemento de formação contratual. 
I. Características: a proposta deve ser inequívoca, precisa e completa. É 
receptícia, só produzindo efeitos ao ser recebida pela outra parte. 
Vincula o proponente. 
Art. 427, do CC. A proposta de contrato obriga o proponente, se o contrário 
não resultar dos termos dela, da natureza do negócio, ou das circunstâncias 
do caso. 
III. Proposta não obrigatória: 
(i) Se contiver cláusula expressa a respeito – Ex.: Proposta sujeita a 
confirmação; 
(ii) Em razão da natureza do negócio – Ex.: Propostas abertas ao público 
limitadas ao estoque existente; 
(iii) Em razão das circunstâncias do caso: 
a. Se for feita sem prazo determinado a uma pessoa presente e não for 
imediatamente aceita; 
b. Se, feita sem prazo a pessoa ausente, tiver decorrido tempo suficiente 
para chegar a resposta ao conhecimento do proponente; 
c. Se, feita a pessoa ausente, não tiver sido expedida a resposta dentro do 
prazo dado; 
d. Se, antes dela, ou simultaneamente, chegar ao conhecimento da outra 
parte a retratação do proponente. 
 
Art. 428, do CC. Deixa de ser obrigatória a proposta: 
I - se, feita sem prazo a pessoa presente, não foi imediatamente aceita. 
Considera-se também presente a pessoa que contrata por telefone ou por 
meio de comunicação semelhante; 
II - se, feita sem prazo a pessoa ausente, tiver decorrido tempo suficiente 
para chegar a resposta ao conhecimento do proponente; 
III - se, feita a pessoa ausente, não tiver sido expedida a resposta dentro do 
prazo dado; 
IV - se, antes dela, ou simultaneamente, chegar ao conhecimento da outra 
parte a retratação do proponente. 
Oferta ao público: 
Art. 429. A oferta ao público equivale a proposta quando encerra os 
requisitos essenciais ao contrato, salvo se o contrário resultar das 
circunstâncias ou dos usos. 
Parágrafo único. Pode revogar-se a oferta pela mesma via de sua 
divulgação, desde que ressalvada esta faculdade na oferta realizada. 
 
Aceitação 
I. Aceitação: é o ato pelo qual o oblato concorda com os termos da 
proposta. A aceitação da proposta implica na formação do contrato. 
II. Características: (i) a anuência deve ser, necessariamente, oportuna 
(tempestiva), integral e sem ressalvas; (ii) a aceitação pode ser: a. 
Expressa, quando o oblato manifesta diretamente seu consentimento; b. 
Tácita, quando de sua omissão possa ser inferida a sua anuência ou 
intenção inequívoca de aceitar a proposta. 
III. Inexistência de força vinculante da aceitação: 
(i) se a aceitação chegar tarde ao proponente, o proponente deve 
comunicar imediatamente ao oblato, sob pena de responder por perdas e 
danos; 
Art. 430. Se a aceitação, por circunstância imprevista, chegar tarde ao 
conhecimento do proponente, este comunicá-lo-á imediatamente ao 
aceitante, sob pena de responder por perdas e danos. 
(ii) arrependimento do aceitante: a aceitação será considerada inexistente 
se antes dela ou com ela chegar ao proponente a retratação do aceitante. 
Art. 433, do CC. 
IV. Contraproposta: a aceitação fora do prazo, com adições, restrições, ou 
manifestações, importará nova proposta. 
Art. 431. A aceitação fora do prazo, com adições, restrições, ou 
modificações, importará nova proposta. 
 
UNIDADE II - Teoria Geral Dos Contratos (parte II) - Formação Contratual - 
(CCB arts 427 a 435) 
5. Tempo e lugar da formação contratual 
É o instante e o local em que o contrato se torna perfeito e acabado, 
compelindo as partes à execução das obrigações assumidas. 
I. Tempo: 
a. Entre presentes: 
(i) Proposta sem prazo: a aceitação deve ser imediata, caso contrário, 
perde a força vinculante. 
(ii) Proposta com prazo: a aceitação deverá ocorrer dentro do prazo 
estipulado, caso contrário, desvincula o proponente. 
b. Entre ausentes: é o contrato celebrado por correspondência (carta, 
telegrama, e-mail, fax, etc.) ou por intermediários. O contrato firmado entre 
ausentes torna-se perfeito, como regra, desde que a aceitação é expedida. 
Não se considera concluído se a retratação chegar antes ou junto com a 
aceitação: 
Art. 433. Considera-se inexistente a aceitação, se antes dela ou com ela 
chegar ao proponente a retratação do aceitante. 
Art. 434. Os contratos entre ausentes tornam-se perfeitos desde que a 
aceitação é expedida, exceto: 
I - no caso do artigo antecedente; 
II - se o proponente se houver comprometido a esperar resposta; 
III - se ela não chegar no prazo convencionado. 
 
II. Lugar: 
Reputar-se-á celebrado o contrato no lugar em que foi proposto (art. 435, do 
CC). Trata-se de regra dispositiva (e não impositiva), isto é, as partes 
podem dispor de modo diverso. As partes podem eleger foro competente 
(foro de eleição), respeitando-se a autonomia da vontade. 
 
6. Efeitos do contrato: a. Efeitos decorrentes da força obrigatória do 
contrato: 
i. Os contratantes se vinculam ao contrato, podendo ser executados ou 
responsabilizados por perdas e danos. 
ii. O contrato deve ser cumprido da forma pactuada. 
iii. As disposições contratuais são irretratáveis e inalteráveis, não podendo 
ser alteradas ad nutum por uma das partes. O vínculo contratual somente 
pode ser desfeito com o consentimento das partes. Pode haver cláusulas 
que permitam a uma das partes se exonerar do contrato de acordo com a 
sua vontade, ou que esse efeito resulte da própria natureza do contrato ou 
que se tenha pactuado o direito de arrependimento. 
iv. O juiz tem que observar o contrato na hipótese de ajuizamento, exceto 
nas situações em que poderá modificá-lo: imprevisão, força maior ou caso 
fortuito. 
Observação: 
1. Caso fortuito: eventos imprevisíveis decorrentes de ato humano, 
como a guerra ou a greve. 
2. Força maior: eventos previsíveis ou imprevisíveis, porém, 
inevitáveis, decorrentes da natureza, como o raio e a tempestade. 
Atenção: Há doutrinadores que pensam dessa forma e outro que 
pensam o contrário. 
 
b. Efeitos do contrato quanto à sua relatividade – efeitos gerais do contrato 
i. Em relação aos contratantes: a força vinculante dos contratos restringe-se 
aos contratantes – às pessoas que o estipularam, direta ou indiretamente 
(por meio de representantes) 
ii. Em relação aos sucessores a título universal e particular: Caso não seja 
intuiutu personae, poderá atingir os sucessores a título universal, crédito e 
débito, sem responder pelos encargos além das forças da herança (art. 
1997 e 1792, do CC). Os sucessores a título singular (cessionário ou 
legatário) são alheios ao contrato, mas os efeitos deste recaem sobre eles. 
iii. Em relação a terceiros – o princípio de que o contrato não beneficia e 
não prejudica terceiro, atingindo apenas as partes, não é absoluto, como 
ocorre no pacto de retrovenda, estipulação a favor de terceiro e contrato por 
terceiro.

Outros materiais