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Universidade Federal de Pernambuco – Centro de Artes e Comunicação Departamento de Letras – Latim I: Morfologia I Docente: Robson Rodrigues Algumas considerações morfossintáticas sobre a língua latina 1. Da 2ª declinação nominal No resumo anterior, conversamos amplamente sobre as funções sintáticas da língua portuguesa em paralelo aos casos latinos (abro aqui uma observação que talvez eu tenha deixado passar: as correspondências entre ambas as línguas nunca serão 100% compatíveis, e a gente nota isso, por exemplo, quando vemos que no português os advérbios funcionam como adjuntos adverbiais e no latim as classes declináveis que se compartam como adjuntos adverbiais). Também foi apresentada a primeira declinação nominal. Sobre declinação, podemos entender de duas formas: a primeira, como a flexão dos substantivos (e também adjetivos, pronomes e numerais) em casos e, a segunda, como os cinco grupos nos quais o latim organiza seus substantivos e que conseguiremos identificar por meio da desinência do genitivo singular (1ª –ae; 2ª –i; 3ª –is; 4ª – us; 5ª –ei). A primeira declinação, como foi visto, é aquela que o caso genitivo tem a desinência em –ae, mas essa não é a única característica: ela tem a desinência do nominativo singular padrão –a e ela comporta nomes, em sua maioria, do gênero feminino e alguns nomes de homens e profissões tidas como do sexo masculino. As desinências apresentadas e estudadas são comuns a todas as palavras desse grupo. Você já deve ter notado que não há apenas palavras terminadas em –a no latim, como as que vimos nos textos: mulus, monasterium, uinum, monachus... Por serem terminadas em –us e –um eu sei que elas não podem pertencer à primeira declinação, então se eu quiser descobrir a qual grupo elas pertencem, eu devo ir ao dicionário e observar qual letra vem depois dessas formas (que são do nominativo singular). Elas aparecerão assim: mulus, i; monasterium, i; monachus, i. Levando em consideração que eu sei que essa letra que segue o nominativo é a desinência do genitivo, eu sei, automaticamente, que essas palavras pertencem à segunda declinação. Até então sabemos que a segunda declinação tem o genitivo singular em –i, mas outras características desse grupo merecem atenção: diferente da primeira declinação que, como dito, faz o nominativo singular em –a, nesse grupo nós encontraremos quatro desinências desse caso: -us, -er, -ir, e –um. Isso não significa que uma palavra possa ter essas quatro possibilidades de desinências, mas que eu vou ter palavras que vão terminar em -us, outras em -er, uma única (uir – varão, homem) em -ir e outras em –um. Quanto ao gênero, encontraremos algumas palavras do gênero feminino com o nominativo em –us (Saguntus, i; methodus, i; Aegyptus, i, nomes de árvores, e algumas cidades e países), porém grande parte das palavras terminadas com essa desinência são do gênero masculino, assim como as terminadas em –er e a única em –ir. As que fazem o nominativo singular em –um são exclusivamente do gênero neutro. No subgrupo das palavras da segunda declinação que fazem o nominativo em –er, encontramos as que perdem esse –e presente no nominativo e as que o mantêm, como liber, bri (aqui, o i é a desinência do genitivo singular. Esse br ao qual a desinência está ligada faz parte do radical que sofreu alteração: libri) e puer, i (ficando pueri, no genitivo). As palavras que fazem o nominativo singular em –us fazem o vocativo singular em –e, assim: mulus – mule; monachus – monache; dominus – domine, menos Deus, i; agnus, i; chorus, i, que fazem o vocativo singular igual ao nominativo. Filius tem o vocativo irregular fili. As que terminam, no nominativo, em –er, -ir e –um fazem o vocativo singular igual ao nominativo. As palavras do gênero neutro fazem três casos iguais, tanto no singular quanto no plural: nominativo, vocativo e acusativo. E, por fim, algumas palavras que apresentam um i no radical o terão duplicado no caso genitivo: monasterium – monasterii; fluuius – fluuii; auxilium – auxilii. Apontamentos feitos, vamos à tabela da segunda declinação: SINGULAR PLURAL m. m. m. n. m. m. m. n. NOM. mulus puer uir bellum NOM. muli pueri uiri bella VOC. mule puer uir bellum VOC. muli pueri uiri bella GEN. muli pueri uiri belli GEN. mulorum puerorum uirorum bellorum DAT. mulo puero uiro bello DAT. mulis pueris uiris bellis ABL. mulō puerō uirō bellō ABL. mulis pueris uiris bellis ACU. mulum puerum uirum bellum ACU. mulos pueros uiros bella Prática 1. Separe as desinências dos radicais e indique a qual caso (ou casos) elas pertencem: a) uinum; b) mulorum; c) monachos; d) mala; e) hortus; f) magistri; g) poculis; h) cibe; i) auxilia; j) seruō; k) baculo; l) domine 2. Decline: a) dominus, i; b) baculum, i; c) agnus, i; d) lilium, i; e) ager, gri; f) liber, bri. 3. Indique o gênero, caso e número das palavras sublinhadas das orações abaixo: a) Bellona dea est bellorum (Belona é a deusa das guerras); b) deus patientiam filio serui dat (o deus dá paciência ao filho do servo); c) pueri mala amant (os meninos amam as maçãs); d) fluuii hortum circundant (os rios circundam o jardim); e) uir est in hortō (o homem está no jardim); f) equi domini per hortos festinant (os cavalos do senhor disparam pelo jardim); g) pocula plena sunt uini (os copos estão cheios de vinho); h) o mule, ambula! (ó, mulo, caminha!); i) lilia sunt in poculis puerorum (os lírios estão nos copos dos meninos.)
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