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História da África: 
Questões Gerais 
Introdutórias
Material Teórico
Responsável pelo Conteúdo:
Prof. Ms. Avelar Cezar Imamura
Revisão Textual:
Profa. Ms. Rosemary Toffoli
A África Independente e o Contexto Mundial
5
• Introdução
• Conflitos e tensões
• A nova África do Sul
• As transformações econômicas e sociais
• África, diamantes e os senhores da guerra
• A China negra
• De escravos a cobaias
 · Entender a África independente dentro do contexto do capitalismo global, 
a relação com os organismos internacionais, os grandes desafios e dilemas 
para o desenvolvimento da África.
Caro(a) aluno(a),
Leia atentamente o conteúdo desta Unidade, que lhe possibilitará conhecer as dimensões 
econômica, social e política do processo de independência nas nações do Continente Africano 
e suas relações mundiais.
Você também encontrará atividade composta por questões de múltipla escolha, relacionada 
ao conteúdo estudado. Além disso, terá a oportunidade de trocar conhecimentos e debater 
questões no fórum de discussão.
É extremante importante que você consulte os materiais complementares, pois são ricos 
em informações, possibilitando-lhe o aprofundamento de seus estudos sobre este assunto.
Bons estudos!
A África Independente e o Contexto Mundial
6
Unidade: A África Independente e o Contexto Mundial
Contextualização
Para iniciar esta Unidade, com base na ilustração abaixo, reflita sobre a partilha da 
África entre as nações europeias. Trata-se de uma representação dos interesses da Europa 
em relação à África, grande fornecedora de mão de obra escrava, usada especialmente 
na exploração do Novo Mundo, a América, entre os séculos XVI e XIX. A figura mostra a 
partilha da África pela Europa.
África 1937 - 1945
África ocidental francesa
Argélia Líbia
Egíto
Nigéria
Costa do OuroLibéria Camarões
Angola
Madagascar
Sudão
anglo-egípcio
Quênia
Uganda
Marrocos
Território controlado pela
União Sul-Africana
Inglês
Francês
Português
Belga
Espanhol
Itáliano
Rio do
Ouro
Marrocos
Espanhol
Guiné
espanhola
Guiné
portuguesa
Oceano
Atlântico
Oceano
Índico
União
Sul-africana
Sudoeste
africano
Rodésia
do norte
Somálilândia
África
Oriental Italiana
Tanganica
Congo
belga
Somália
britânica
Rodésia
do sulBechuana
lândia
Áf
ric
a e
qu
ato
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l fr
an
ce
sa
Colônias - Territórios - Protetorados
Estados independentes
7
Introdução
A luta pela soberania das colônias da África governadas por potências europeias não termina 
com a independência política dos países desse continente. Torna-se determinante que esses 
novos países consigam agora suas independências econômicas, sociais e políticas. Além de se 
inserirem no mapa mundial e descobrir qual foi o efeito gerado e produzido pela África sobre 
os países e potências do Ocidente, em um movimento contrário – uma vez que são conhecidos 
os resultados da influência europeia na África entre os séculos XVI e XIX.
Ao combater pela conquista de sua própria independência, a África contribuiu também 
para modificar o curso da história europeia, inclusive, mundial. Evidentemente, desde 1935, e 
especialmente no período pós Segunda Guerra Mundial (1939-1945), a África foi incorporada 
e participou mais estreitamente do que nunca do sistema mundial, sendo importante ressaltar 
que ela não era simplesmente um continente passivo submetido às ações dos demais. 
As próprias ações da África igualmente contribuíram para transformar os destinos de outros. 
Se é verdade que a África foi, como continente, submetida pela Europa, pelo conflito que a 
forçou a se reconhecer a si própria; por sua vez, a Europa foi forçada, em certa medida, a 
assimilar a lição de responsabilidade internacional e de humildade democrática que o desafio 
africano lhe impunha. Toda a história da descolonização no século XX também deve ser vista 
como um processo pelo qual os oprimidos acabaram por compreender plenamente quem 
são eles na realidade, ao passo que os opressores começavam a aprender sobre a humildade 
inerente ao sentimento de ter que prestar contas ao mundo inteiro, em matéria de humanidade. 
A história da África desde 1935 deve ser recolocada no contexto dessas contradições maiores. 
(MAZRUI, 2010, p. 10).
8
Unidade: A África Independente e o Contexto Mundial
Conflitos e tensões
A ordenação da economia mundial construída nos séculos XIX e XX não mudou 
substancialmente. A exploração continua em menor ou maior grau, em quase todos os países 
africanos, que não conseguiram consolidar a sua soberania política como uma verdadeira 
independência econômica. Após meio século de formação política, da maioria dos novos 
estados do continente, a África ainda tem como problema estrutural aqueles herdados do 
colonialismo e do imperialismo, segundo os quais as diferentes formas de organização 
permanecem atrelados ao jogo neocolonial (ANJOS, 2006, p.77).
Percebe-se que a abundância de recursos minerais, objetos de cobiça e exploração de 
séculos da África, continua sendo, sem dúvida, a questão estrutural dos conflitos políticos, já 
que o continente possui taxas significativas dessas riquezas no cenário global.
Riquezas Enterradas Da África
 · 80% das jazidas de diamante conhecidas.
 · 60% do ouro do mundo ocidental.
 · 30% do alumínio mundial está na África.
 · 35% das reservas de zinco do ocidente.
 · As maiores reservas de cobre estão na Zâmbia e na República Democrática do Congo.
 · 50% dos depósitos de fosfato estão no Marrocos.
FONTE: Educação, Africanidades, Brasil, 2006.
Os demais conflitos existentes entre as nações africanas estão ligados às heranças coloniais 
que ainda não foram rompidas; às desavenças oriundas de grupos étnicos africanos causadores 
de extensos movimentos migratórios e pelos questionamento das fronteiras históricas dos 
antigos reinos em relação aos limites retilíneos impostos pelos estados europeus.
África - Conflitos Político-Territoriais - anos 80
Fonte: ANJOS, R.S.A. Projeto retratos da África. Revista Humanidades Ano VI – Editora UnB, Brasília
MALIMARITÂNIA
COSTA DO
MARFIM
NIGER
NIGÉRIA
CHADE
ÁFRICA CENTRAL
CAMARÕES RUANDA
ZAIRE
GABÃO
CONGO UGANDA
ARGÉLIA
MARROCOS
SAARA
OCIDENTAL
SENEGAL
LÍBIA
TUNÍSIA
EGÍTO
SUDÃO
ERITRÉIA
ETIÓPIA
SOMÁLIA
MADAGASCAR
LESOTHO
ÁFRICA
DO SUL
NAMÍBIA
BOTSUANA
ANGOLA
ZÂMBIA
ZIMBABUE
MOÇAMBIQUE
TANZÂNIA
SUAZILÂNDIA
QUÊNIA
Base militar britânica
Território invadido pelo
Marrocos
Países da “Linha de frente”
Território em crise aguda
Base militar francesa
Incidente de fronteira
Base militar americana
Território em tensão
Território ocupado ilegalmente
pela África do Sul
0 500 1000 1500 Km
9
A nova África do Sul
A possível dissolução da aliança entre racismo e capitalismo na África do Sul apresenta-se 
como a característica central do período atual. Capitalismo e apartheid: estariam eles em 
vias de tornarem-se incompatíveis? Embora o apartheid possa não derivar da ruptura da 
sua aliança, o capitalismo na África do Sul é perfeitamente capaz, por sua vez, de manter-se 
intacto, uma vez terminada a luta. O reino político provavelmente não conheceria o socialismo.
Glossário
Apartheid: termo empregado para designar a separação racial 
imposta aos negros pela maioria branca na África do Sul
Pode-se observar que, em 1980, na África do Sul, teve início os primeiros sinais dessa 
evolução do nascimento de um novo país. Os otimistas não hesitarão em destacar semelhanças 
com a revolução etíope de 1974 ou com a revolução iraniana de 1979, ambas iniciadas 
por meio de manifestações de rua e desenvolvidas até o sucesso total. O Irã e a Etiópia 
pré-revolucionários viviam, um à imagem do outro, sob a égide de uma aliançaentre um 
regime interno feudal e o capitalismo internacional. Embora os dois regimes vigentes no Irã e 
na Etiópia estivessem estabelecidos há séculos e mais séculos, eles foram, todavia, derrubados 
após poucos meses de manifestações. (MAZRUI, 2006, p.145)
A aliança entre o feudalismo interior e o capitalismo internacional esvair-se-ia rapidamente. 
O apartheid certamente resistiria durante período maior, comparativamente aos regimes do xá 
e de Haïlé Sélassié, mas a supremacia racial tampouco. 
Esse sistema seria derrubado, desta feita, não sob a pressão das ruas ou pela intervenção 
externa de exércitos africanos. Somente uma luta internamente organizada poria termo 
ao apartheid. Os exércitos africanos, susceptíveis de intervirem do exterior, qualificam-se 
indubitavelmente pela organização, entretanto, por definição, eles não fundariam sua ação 
com base no interior. As manifestações de rua nas cidades da África do Sul, por sua vez, ainda 
não constituem uma forma de luta organizada. Estados africanos podem apoiar, alimentar e 
armar os membros de uma frente interna de libertação, todavia, na ausência de uma guerrilha 
interna organizada, com os seus combatentes e sabotadores, a vitória não seria conquistada.
Sanções econômicas internacionais poderiam provocar a mudança decisiva? Falta-nos 
distinguir as sanções ou o boicote de natureza expressiva e as sanções ou o boicote de caráter 
instrumental. O boicote expressivo é um julgamento moral; o boicote instrumental pretende-se 
uma ferramenta política. As sanções internacionais não se desdobrariam, isoladamente, no 
estabelecimento de um sistema ancorado no sufrágio universal. Os boicotes expressivos 
tendem a elevar o moral dos oprimidos, os boicotes instrumentais do Ocidente podem incitar 
o regime a liberalizar-se, mas não a ponto de instaurar um sistema realmente democrático. 
Conduzida internamente, a luta armada é, portanto, convocada a compor o núcleo da 
revolução. (MAZRUI, 2006, p.146)
Outra questão paira sobre as armas nucleares da África do Sul, que poderiam ser usadas 
para manter o apartheid. Há um quarto de século, Kwame Nkrumah advertia a África sobre 
duas espadas de Damoclès, suspensas sobre a sua cabeça: o racismo, por um lado, e a arma 
nuclear em mãos hostis, por outro. À época, os franceses testavam as suas armas nucleares no 
Saara. O norte da África sofria, portanto, uma profanação nuclear e o sul, uma violação racial.
10
Unidade: A África Independente e o Contexto Mundial
Posteriormente, a França ajudou Israel a dominar os seus próprios meios nucleares, em 
Demona, e Israel, por sua vez colaborou para dotar a África do Sul da arma nuclear. Mas o 
armamento nuclear disponível ao regime poderia mudar algo quanto ao futuro reservado ao 
apartheid? A resposta é: “Não” ou, mais precisamente: “Não, ao menos, com relevância.” 
(MAZRUI, 2006, p.146)
A África do Sul pode utilizar seu estatuto de potência nuclear para intimidar Estados vizinhos 
ou dissuadir países como a Nigéria, mas ela não pode empregar as suas armas nucleares nas 
ruas de Soweto. 
No momento em que o racismo desfavorece em demasia o funcionamento das leis da oferta 
e da procura e quando o racismo econômico perde a sua eficácia, o capitalismo tende a se 
sentir traído. Foi o que aconteceu na época do tráfico dos escravos. Durante certo tempo, o 
capitalismo assentou a sua prosperidade sobre a escravatura, em seguida, concomitantemente 
ao aumento da eficácia das técnicas, o recurso a uma mão de obra servil justificou-se de menos 
em menos em relação ao trabalho assalariado. (MAZRUI, 2006, p.147)
A Grã-Bretanha, de principal potência escravista no século XVIII, tornou-se a principal 
potência abolicionista do século XIX. Outrossim, a aliança entre o capitalismo e o apartheid 
justificara-se − embora de forma míope – no plano econômico, inclusive, atualmente. Se hoje 
ela se encontra comprometida, é porque o capitalismo poderia tirar proveito da abolição do 
apartheid:
1 O poder de compra dos negros poderia doravante elevar-se em proporções espetaculares, caso o sistema se tornasse, por pouco que fosse, mais equitativo.
2 O nível de competência dos negros melhorou, permitindo, dessa forma, o emprego das forças produtivas com mais eficácia que outrora.
3
Uma melhoria do sistema de educação e de formação dos negros poderia 
transformar, em pouco tempo, a África do Sul em uma espécie de Austrália negra 
− um país rico e fortemente industrializado.
4 A oposição ao apartheid cria atualmente uma atmosfera de instabilidade malsã e inapropriada para o capitalismo.
5 Finalmente, a instabilidade, por sua vez, engendra a incerteza; assim, o investimento capitalista exige uma relativa previsibilidade do porvir.
Ademais, a escalada da repressão na África do Sul escandaliza importantes frações da opinião 
pública ocidental, desencadeando a pressão destes grupos sobre as empresas comerciais e as 
redes de lojas. Entre as grandes sociedades ocidentais que retiraram os seus investimentos 
figuram notadamente: a IBM, a General Motors, o Barclays Bank, a Coca-Cola e a Kodak. 
Anteriormente a elas, numerosas instituições haviam fechado as suas contas no Barclays Bank 
seguindo, nesta ocorrência, o exemplo oferecido pela Nigéria há alguns anos.
Enfim, os meios empresariais receiam que uma luta prolongada contra o racismo degenere 
em um combate contra o capitalismo, em consequência de uma radicalização do movimento 
ativista (à imagem do ocorrido em Angola, em Moçambique e, em certa medida, no Zimbábue). 
11
Cedo ou tarde, o capitalismo deverá reduzir as suas perdas − e romper os seus elos com o 
apartheid. Em situação de plena evolução, ele deve proteger os seus interesses. (MAZRUI, 
2006, p.147).
Em nenhum outro lugar da África, o reino político pode receber tanto em troca quanto na 
África do Sul. A potente industrialização criada pela mão de obra negra e pela técnica ocidental, 
as enormes reservas minerais reservadas ao país pela natureza, a disciplina forjada na longa 
luta dos africanos pela justiça e as novas vantagens que lhe conferem o estatuto de potência 
nuclear constituem, com efeito, fatores que reforçam consideravelmente o significado de um 
reino político sul-africano, cujo futuro estaria em mãos da maioria antes do final deste século.
O dia em que toda a riqueza da África estiver efetivamente sob a autoridade soberana da 
África − da Cidade do Cabo ao Cairo, de Dar es-Salaam a Dakar − poder- se- á, enfim, julgar 
com todo rigor a exortação imperecível de Kwame Nkrumah: 
“Procurai primeiramente o reino político 
e todo o restante vos será dado em 
suplemento.” (MAZRUI, 2006, p.149)
12
Unidade: A África Independente e o Contexto Mundial
As transformações econômicas e sociais
Ao longo dos anos 1945-1948, a aspiração por uma vida melhor e distinta manifestou-
se de modo por vezes explosivo, em razão do regime político-econômico imposto durante a 
guerra. Os excessos do “esforço de guerra”− trabalhos forçados e confisco de produtos −, a 
penúria e as vertiginosas altas nos preços criaram um mercado negro e, em combinação com 
bloqueios salariais e métodos autoritários da chefaria e das autoridades coloniais, produziram, 
em conjunto, uma situação que se tornou insuportável quando a paz foi restabelecida.
Nesse contexto, a aspiração das elites em verem reconhecidos os seus direitos e a sua 
vocação em desempenhar um papel político-econômico apoiar-se-á sobre um profundo 
movimento popular, no qual as reivindicações econômicas estão estreitamente associadas às 
reivindicações anticoloniais, tais como a abolição do trabalho forçado e da discriminação racial 
e a concessão de direitos políticos.
Essa unanimidade esconde divergências que aparecem desde o fim dos anos 1940 e, 
sobretudo, apos as independências. No que diz respeito a certos setores burgueses, o objetivo 
limita-se a ocupar o lugar dos europeus;quanto às massas, a aspiração pela libertação nacional 
está indissociavelmente ligada a um projeto de libertação social. 
Certos líderes originários da elite (dentre os quais uma minoria de formação escolar baseada 
no tipo europeu) transformam-se em porta-vozes destes anseios populares; prosseguir este 
caminho até as últimas consequências supõe a aceitação, por parte destas camadas sociais, 
do “seu suicídio como classe”, para retomar uma célebre fórmula de Amilcar Cabral, este 
itinerário não foi o mais frequente. (MAZRUI, 2006, p.193)
Nos anos pós a Segunda Guerra, a penúria se manteve e os primeiros “planos” implementados 
nas colônias visavam reforçar o papel dessas últimas como fornecedoras de matérias-primas. 
Posteriormente, esses objetivos seriam um pouco modificados, guardando, contudo, o seu foco 
no desenvolvimento de produções primárias e nos investimentos orientados essencialmente 
para equipamentos indispensáveis, como portos, aeroportos, estradas e centrais elétricas. 
As necessidades de otimizar o emprego na economia de mão de obra suficientemente 
qualificada e em boas condições de saúde, conjugadas com as aspirações da população, 
tiveram como efeito incitar as autoridades coloniais em fazer um esforço nos setores da saúde, 
da educação, entre outros. (MAZRUI, 2010, p. 193)
Já o atraso econômico da África Ocidental − onde persiste a “economia de tráfico” −, 
agravado pelos anos de guerra, tornou indispensável uma participação dos Estados coloniais 
nos investimentos de além-mar, o que fora geralmente excluído no pré-guerra. O vocábulo e 
o mito da “ajuda” terão o seu surgimento. 
No quadro dessa economia de tráfico, até o fim dos anos 1950, as produções agrícolas para 
exportação se desenvolvem, mas também as indústrias de extração, praticamente ausentes no 
domínio francês antes de 1949-1951, alcançam certo ímpeto. As indústrias de transformação 
começam a ganhar força, essencialmente nas capitais-porto, sob a forma de indústria de 
“substituição das importações” ou da primeira transformação, beneficiamento, de produtos 
exportáveis. (MAZRUI, 2006, p.194)
13
No plano social, esse período proporciona a criação de novas escolas primárias, enquanto 
colégios universitários são abertos em Ibardan, na Nigéria, e em Legon, na Costa do Ouro 
(atual Gana). Após a guerra, a urbanização também apresenta um grande impulso, pois os 
jovens desempregados, tendo deixado a escola, abandonam em número cada vez mais elevado 
os campos, para buscar nas cidades emprego e distração. 
Além disso e, ao mesmo tempo, africanos ocidentais, tendo recebido no estrangeiro uma 
educação e uma formação de advogados, médicos ou engenheiros (sobretudo, advogados) 
começam a retornar ao país, em número cada vez maior, principalmente na África Ocidental 
Britânica (MAZRUI, 2006, p.194)
Todas essas transformações provocam um constante aumento, por um lado, no número 
dos membros da burguesia no conjunto das profissões liberais, − advogados, médicos, 
universitários, funcionários públicos, bem como nos meios pequeno-burgueses africanos dos 
homens de negócio − e, por outro lado, no peso social da classe laboral formada por professores, 
mecânicos, motoristas, mineiros, ferroviários, comerciários e pequenos comerciantes africanos. 
Tais transformações desembocam, sobretudo, em uma cada vez maior concentração de 
desempregados, tendo abandonado a escola em algumas cidades, ora capitais, ora centros 
administrativos ou mineiros. Nas zonas rurais, onde continua a viver grande parte da população 
africana, assiste-se também a um crescimento regular no número de cultivadores de cacau, 
de plantadores de amendoim, de produtores de café e de trabalhadores rurais, sobretudo na 
Costa do Ouro, na Nigéria e na Costa do Marfim. 
As quatro colônias britânicas são sensivelmente desenvolvidas, comparativamente aos 
limítrofes e circundantes territórios francês e português. No plano econômico, elas têm uma 
rede ferroviária mais ramificada e a sua produção agrícola e mineral é muito maior. No plano 
sociocultural, a Nigéria, cuja população supera em número o total de habitantes das colônias 
francesas, pode se gabar da existência, já secular, de uma elite anglicizada (advogados, pastores, 
professores) e de uma imprensa africana também quase secular. (MAZRUI, 2006, p.194) 
Não se pode deixar de notar as mudanças ocorridas na África Ocidental durante a década 
posterior à Segunda Guerra Mundial. Se foi necessário às potências imperialistas europeias, 
cerca de vinte anos, a partir de 1880, dividirem e ocuparem a África, a maioria dos Estados 
africanos, por sua vez, foi necessário, aproximadamente, o mesmo tempo para alcançarem a 
sua independência e soberania política após a guerra. (MAZRUI, 2006, p.195)
Nas quinze colônias da África Ocidental, onze haviam reconquistado sua soberania política 
desde 1960, o seu número não atingira menos de nove somente no ano de 1960; houve, 
ainda, nessa região a ocorrência de duas outras reconquistas de soberania, entre 1961 e 
1965; e, finalmente, ainda duas últimas conquistaram a sua independência, em 1973 e 1974. 
Quatro dessas colônias eram britânicas − a Nigéria, a Costa do Ouro (atual Gana), a Serra 
Leoa e a Gâmbia − e nove francesas − o Daomé (atual Benin), a Guiné, a Costa do Marfim, 
o Sudão (atual Mali), a Mauritânia, o Níger, o Senegal, o Togo e o Alto Volta (atual Burkina 
Faso); as outras eram portuguesas: o Cabo Verde e a Guiné Bissau. 
A Costa do Ouro foi a primeira dentre as colônias britânicas a ganhar a sua batalha pela 
derrubada do colonialismo; a ela seguiu-se a Nigéria, em seguida a Serra Leoa e, enfim, 
a Gâmbia. Entre as colônias francesas, a Guiné foi a primeira a emancipar-se, em 1958, 
seguida pelas outras que, em sua totalidade, reconquistaram a sua soberania no desenrolar do 
único ano de 1960. As últimas colônias da África Ocidental a rejeitar o colonialismo foram as 
colônias portuguesas do Cabo Verde e da Guiné Bissau.
14
Unidade: A África Independente e o Contexto Mundial
África, diamantes e os senhores da guerra
Nesse contexto, pode-se perceber que, nas vitrines reais ou nas das lojas virtuais da 
internet, os produtos mais procurados e expostos são os que levam algum tipo de tecnologia 
eletrônica. São verdadeiros objetos de desejo de milhares e milhões de pessoas (diga-se, 
consumidores) espalhadas pelo mundo. E que, a cada dia, ganham mais divulgação nas 
diversas mídias existentes na atualidade. No entanto, por trás de muitos desses produtos há 
muito mais que tecnologia: há uma história que leva ao continente africano. Uma cadeia 
de negócios que envolvem as guerras e os conflitos internos daquela região. (CAMPOS, 
CLARO, DOLHNIKOFF, 2012, p.343)
Como registrado na unidade anterior (A Luta pela Soberania Política na África), o continente 
africano responde por 80% das reservas de coltan (columbita-tantalita, ou apenas “coltan”, 
essencial para as indústrias de eletrônicos), que estão localizadas na República Democrática do 
Congo. Computadores, telefones celulares, aparelhos de DVD, videogames e câmeras digitais 
usam essa liga metálica em suas linhas de produção. No entanto, para sair dessas minas e até 
chegar aos celulares, por exemplo, percorrem um caminho marcado por guerras e mortes. 
“Sua exploração é apontada como um dos principais combustíveis 
que alimenta a guerra civil no país. Mas há outros: reservas de 
diamantes, cobaltos e cobre. Uma rede que envolve governo, 
grupos armados, empresas multinacionais, indústria armamentista 
e exploração do trabalho infantil. Um comércio que já deixou 
um saldo de mais de 3 milhões de mortos” (CAMPOS, CLARO, 
DOLHNIKOFF, 2012, p.343.) 
Outra importante fonte de cobiça para os mercadores consumidores de todo o mundo são 
as pedras preciosas, em especial, o diamante, considerado a “pedra rei”, símbolo de poder 
e riqueza. Porém, por ser o mineral mais resistente,tem importância para a indústria, uma 
vez que é usado para cortar, tornear, polir e furar outros materiais. A África, mais uma vez, 
é o continente em que as jazidas de diamante estão presentes em 17 dos seus 53 países. 
O continente o responsável pela produção de 60% das pedras consumidas no mundo, um 
mercado que movimenta bilhões de dólares por ano.
Países como Angola e Serra Leoa têm o controle de seus recursos 
naturais disputados pelo Estado e grupos armados. As mineradoras 
e seus intermediários são responsáveis pelo estímulo à guerra, 
fornecendo armas e soldados, realidade bem retratada no filme 
“Diamante de Sangue” (Edward Zwick, 2006, Warner Bros. Pictures).
Glossário
Diamante de Sangue: O título do filme refere-se a diamantes extraídos 
em zonas de guerra e vendidos para financiar conflitos e, assim, gera 
o lucro dos senhores da guerra e empresas de diamantes em todo o 
mundo. Ambientado durante a Guerra Civil de Serra Leoa, em 1996-
2001, o filme retrata um país dilacerado pela luta entre partidários 
do governo e forças insurgentes. Além de retratar atrocidades dessa 
guerra, incluindo amputação pelos rebeldes de mãos de pessoas para 
desencorajá-los de votar nas próximas eleições.
Capa do livro do jornalista e antropólogo 
Rafael Marques, “Diamantes de Sangue”
Editora Tinta da China
15
Já na Angola, país rico em diamante e petróleo, o conflito envolve duas organizações armadas, 
que disputam o poder desde a independência do país, em 1975: o MPLA (Movimento Para a 
Libertação de Angola), atualmente no governo e que controla as reservas petrolíferas; e a Unita 
(União para a Independência Total de Angola), controladora do mercado de diamantes, que são 
vendidos e trocados por armamentos usados no enfrentamento ao governo. Mesmo com o fim 
do confronto, em 2002, essa guerra deixou um rastro mortal: cerca de 10 milhões de minas 
terrestres ainda estão espalhadas pelo país, colocando em risco grande parte da população, que 
já possui milhares de mutilados (CAMPOS, F; CLARO, R; DOLHNIKOFF, 2012, p.344)
Continente Africano
Guerrilha - Guerra Civil - Conflitos Internacionais - 2003
Fonte: Atlas Des 193 Étatus du Monde – Edition Quest – France. 2003
MALIMAURITÂNIA
COSTA DO
MARFIM
NIGER
NIGÉRIA
CHADE
ÁFRICA CENTRAL
REPÚBLICA
DEMOCRÁTICA
DO CONGO
CAMARÕES
GABÃO
CONGO UGANDA
BURUNDI
ARGÉLIA
MARROCOS
SAARA
OCIDENTAL
SENEGAL
LÍBIA
TUNÍSIA
EGÍTO
SUDÃO
ERITRÉIA
ETIÓPIA
SOMÁLIA
MADAGASCAR
LESOTHO
ÁFRICA
DO SUL
NAMÍBIA
TANZÂNIA
SUAZILÂNDIA
QUÊNIA
ANGOLA
BOTSUANA
ZÂMBIA
ZIMBABUE
MOÇAMBIQUE
Países com con�ito interno
(Guerra Civil)
Países com tensão interna
(Guerrilha)
Países com con�ito
internacional 0 500 1000 1500 Km
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Unidade: A África Independente e o Contexto Mundial
A China negra
O forte crescimento econômico da China é um dos motivos por se interessar pelo continente 
africano. Uma vez que existe grande demanda por matéria prima. Os chineses estão na África 
em busca de petróleo, já que possuem dificuldades de acesso à produção do Oriente Médio 
– controlado, em sua grande parte, pelos Estados Unidos e países europeus, concorrentes 
diretos da produção chinesa. Sudão, Nigéria, Guiné-Bissau, Congo-Brazaville e Gabão são os 
principais fornecedores de petróleo para a China.
Além do petróleo, as importações da China incluem algodão do Congo, minério de ferro e 
platina da Zâmbia e madeira do Gabão, Camarões e Congo-Brazzaville (CAMPOS, F; CLARO, 
R; DOLHNIKOFF, 2012, p.345).
Em contrapartida, os investidores chineses investem em infraestrutura, como a reconstrução 
de linhas de trem em Angola e projetos de barragens no Sudão, Etiópia e Zâmbia. Sem contar 
que os produtos chineses chegam aos mercados de toda a África. Ressalte-se que, apenas na 
Etiópia, 90% dos produtos comercializados são de origem chinesa. Atualmente, cerca de 80 mil 
chineses trabalham e vivem na África, fato que barateia ainda mais a produção dos equipamentos 
vendidos em todo o mundo. (CAMPOS, F; CLARO, R; DOLHNIKOFF, 2012, p.345)
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De Escravos a Cobaias
Se os recursos naturais do continente africano são cobiçados por nações da própria região e 
de países da Europa e América, pode-se dizer que os próprios africanos também são desejados 
por outro tipo de empresários: os donos das empresas farmacêuticas. Escravizados durante 
quatro séculos, agora os africanos servem de cobaias para teste de novos medicamentos feitos 
pelos laboratórios farmacêuticos. Uma das desculpas para “ocupar” a África com as indústrias 
de medicamentos está na Aids, onde a epidemia da doença fez suas maiores vítimas.
Na África subsaariana, o número de portadores do vírus HIV superou a marca de 25 
milhões infectados pela doença. De posse desses números, e do conhecimento da instabilidade 
política e falência econômica de muitos países africanos, a indústria farmacêutica tem feito da 
região o cenário perfeito para os testes de novos medicamentos, uma vez que o custo deles é 
até cinco vezes menos que nos ditos países desenvolvidos.
Um dos exemplos é a empresa Gilead Laboratorie, cujas pesquisas são financiadas pelo 
governo dos Estados Unidos e por instituições beneficentes. Os testes acontecem, especialmente, 
em países como Botsuana, Malavi e Gana. (CAMPOS, F; CLARO, R; DOLHNIKOFF, 2012, p.345)
Glossário
Giled Laboratorie: indústria de laboratório de pesquisa farmacêutica, criada em 
1987, que atende aos mercados da América do Norte, América do Sul (inclusive com 
escritório em São Paulo, Brasil), Europa, Ásia-Pacífico. Segundo a Giled, é uma empresa 
biofarmacêutica que descobre, desenvolve e comercializa terapias inovadoras em áreas 
da medicina com necessidades não atendidas, cuja missão é promover o tratamento de 
pacientes que sofrem com enfermidades potencialmente fatais em todo o mundo. 
A África continua, mesmo no século XXI, sofrendo as consequências da exploração de 
que tem sido vítima durante muitos séculos. Por trás das justificativas políticas, étnicas ou 
religiosas para os diversos conflitos que assolam o continente africano, há um elemento 
decisivo que direciona os massacres noticiados todos os dias pela imprensa no mundo 
todo: o domínio dos seus recursos naturais e das suas riquezas. (CAMPOS, F; CLARO, R; 
DOLHNIKOFF, 2012, p.345).
Com um cenário tão contraditório, se faz necessário refletir sobre as ideias e mentalidades 
que ainda envolvem o negro africano que foi escravizado e, por séculos, reduzido à mercadoria. 
E que ainda necessita provar a todo instante que é um povo provido de conhecimentos, 
riquezas e elementos culturais. E desfazer o conceito e o preconceito que se perfazem há anos:
“O termo africano ganha um significado preciso: negro. Ao qual 
se atribui um amplo espectro de significações negativas: como 
frouxo, fleumático, indolente e incapaz. Todas elas convergindo 
por uma imagem de inferioridade, primitivismo (...) E pela ocultação 
da complexidade da dinâmica cultural da própria África. Considera-
se que o continente não tem povo, não tem nação ou Estado. Não 
tem passado. Logo, não tem História”(HERNANDEZ, 2005, p.19).
Glossário
Fleumático: que é insensível ao sofrimento e à dor.
Indolente: que não possui força para fazer alguma coisa; que age com preguiça; 
preguiçoso. Que não se dedica naquilo que realiza; que não tem cuidado; desleixado.
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Unidade: A África Independente e o Contexto Mundial
Material Complementar
Para complementar os conhecimentos adquiridos nesta Unidade, leia as seguintes obras:
Livros:
A África na sala de aula, de Leila Leite Hernandes.
Estrutura Espacial do Imperialismo, a independência política no século XX e 
o contexto geopolítico contemporâneo, de Rafael Sanzio Araújo Anjos.
Ambos enriquecerão sua compreensão sobre os aspectos da descolonização e os processos 
de independênciada África.
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Referências
ANJOS, Rafael Sanzio Araújo. Estrutura Espacial do Imperialismo, a independência 
política no século XX e o contexto geopolítico contemporâneo.In: Educação, 
Africanidades, Brasil. Brasília: UnB, 2006.
CAMPOS, F; CLARO, R; DOLHNIKOFF, M. História nos dias de hoje. São Paulo: Leya, 
2012. 
HERNANDEZ, Leila Maria Gonçalves Leite. A África na sala de aula. Visita à história 
contemporânea. São Paulo: Editora Summus, 2005.
MAZRUI, Ali A. WONDI, Christophe. História geral da África, VIII: África desde 1935. 
Brasília: Unesco, 2010.
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Unidade: A África Independente e o Contexto Mundial
Anotações

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