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Complementação Pedagógica Coordenação Pedagógica – IBRA DISCIPLINA Relações Étnico Raciais e Afrodescendências ca 02 1. A África 4 2. História da África Antes da Chegada do Europeu 9 3. Como os Africanos Lidavam com o Passado: Oralidade, Mitos, Ritos 16 4. A África Sob o Imperialismo Colonialista no Séc. XIX 25 Colonização Francesa 26 Colonização Inglesa 27 Colonização Alemã 28 Colonização Italiana 28 O Congo Belga 28 Espanha e Portugal 28 Sobre a África do Sul 28 5. Os Processos de Descolonização e de Independência da África no Séc. Xx 32 6. Referências Bibliográficas 37 03 4 APOSTILA A ÁFRICA 1. A África Fonte: Província Santo Antônio1 e acordo com Richter (s/d, s/p) o continente africano é ampla- mente conhecido pelas suas belezas naturais, principalmente quando se refere à grandiosa vida selvagem. Porém, o que encontramos de imen- so neste continente é uma enorme diversidade física e socioeconômica, pois existe neste espaço desde exten- sos vales férteis, aonde a vida parece não ter fim, até desertos gigantes, como é o caso do Saara, o maior do 1 Retirado em https://www.ofm.org.br/ mundo. O contraste da pobreza e riqueza também é muito visível por toda sua extensão continental, sen- do caracterizado principalmente pe- las péssimas condições de vida em muitos países. (...) Em consequência a esta diversidade, não é tarefa fácil dividir a África por regiões devido a sua heterogeneidade ao longo do continente. Porém, podem-se defi- nir duas formas básicas de classifi- cação regional: as questões físicas D 5 APOSTILA A ÁFRICA localização geográfica e questões humanas cultura/ocupação. (RICH- TER, s/d, s/p) Ainda conforme Richter (s/d, s/p), ao visualizar um mapa da Áfri- ca, pode-se ver que dividir o mesmo por regiões a partir da sua loca- lização espacial nos sentidos Norte, Sul, Leste e Oeste, é bem possível. Dessa forma, classifica-se o conti- nente em cinco regiões distintas quanto a sua posição geográfica: Norte da África, Oeste da África, África Central, Leste da África e Sul da África. Norte da África: como o próprio nome já diz, é a área situada ao norte do continente e que vem a ser ba- nhado pelo Mar Mediterrâneo, em sua maioria, fazendo parte desta re- gião cinco países. Também não se pode esquecer que ao sul desta re- gião se encontra o deserto do Saara. Oeste da África: é uma região muito confusa do ponto de vista po- lítico. São quinze nações que divi- dem um espaço caracterizado por áreas desérticas (Saara, ao norte) e florestas tropicais. Em sua economia local, a exploração de petróleo des- taca-se com uma atividade bem atraente para os países. África Central: caracterizada pe- los inúmeros conflitos da década de 90 que marcaram profundamente a região, a África Central ficou conhe- cida no mundo pelos conflitos no Zaire que o transformaram em Re- pública Democrática do Congo. Oito países fazem parte desta região, destacada por grandes florestas tro- picais em razão de estar na latitude zero do globo. Leste da África: também conheci- da como “Chifre da África”, por sua forma física do extremo leste africa- no, é uma área bem diversificada por ter países bem estruturados e urba- nizados, como é o caso do Quênia, e em contraponto a isto, existe à So- mália e Etiópia, nações mergulhadas em problemas gerados pelas suas guerras civis. Nesta região encon- tram-se dez países bem distintos, tanto nos aspectos físicos como hu- manos. É na divisa entre Uganda, Tanzânia e Quênia que existe o lago Vitória, que é considerado a nas- cente do rio Nilo. Sul da África: o extremo sul africa- no é representado pelas diferenças existente ente os onze países no campo socioeconômico, principal- mente, pois o contraste entre a Áfri- ca do Sul, nação bem desenvolvida, se comparada aos outros países afri- canos, em relação aos demais é visi- velmente percebido. Este país exerce um poder centralizador nesta re- gião, onde a economia é seu ponto forte. Observa-se também uma di- versidade natural neste espaço, em razão de possuir grandes vales fér- teis e vastos desertos como o Kala- 6 APOSTILA A ÁFRICA hari, sendo no delta do Okavan- go(Botsuana) acontece uma das maiores e mais impressionantes mi- grações do mundo, a dos nus. (RICHTER, s/d, s/p) Nesse âmbito, segundo Rich- ter (s/d, s/p) analisar a África desta- cando suas características culturais promove uma divisão bem diferente da anterior. Ao observar o continen- te africano pela sua ocupação ao lon- go dos anos, classifica-se a África em duas regiões: África “branca” (cultu- ra árabe) e África “negra” (culturas locais). Isto é possível em virtude da influência que a região norte da Áfri- ca(árabe) sofreu da ocupação dos povos do Oriente Médio(Ásia) du- rante os tempos, tendo como resul- tado um espaço totalmente adverso da África “negra”, sendo esta última caracterizada pelas culturas regio- nais provindas de milenares tribos africanas. Também é possível desta- car a própria cor da pele dos africa- nos nessas duas regiões: os descen- dentes de árabes possuem uma tez clara, em grande parte, enquanto que os africanos relacionados com as culturas tribais já têm uma cor mais negra. Sendo assim, a África vem a ser o resultado de anos de ocupação e influência das mais diversas cultu- ras do mundo que remodelaram e transformaram seu continente num espaço diversificado e muitas vezes carente de recursos econômicos, por outro lado, suas belezas naturais são únicas e, por enquanto, estão per- manentes em todo seu território. (RICHTER, s/das/p) Divisão Física(localização) da África: Norte da África Argélia, Egito, Líbia, Marrocos, Saara Ocidental e Tunísia. Oeste da África Benin, Burkina Faso, Cabo Verde, Gâmbia, Gana, Guiné, Guiné-Bissau, Libéria, Mali, Mauritânia, Níger, Nigéria, Senegal, Serra Leoa e Togo. África Central Camarões, Congo, Gabão, Guiné Equatorial, República Centro-Africana, República Democrática do Congo, São Tomé e Príncipe e Chade. Leste da África Burundi, Djibuti, Eritréia, Etiópia, Quênia, Ruanda, Somália, Sudão, Tanzânia e Uganda. Sul da África África do Sul, Angola, Botsuana, Lesoto, Madagascar, Malauí, Moçambique, Namíbia, Suazilândia, Zâmbia e Zimbábue. Fonte: RICHTER, Denis. (S/d, s/p) 7 APOSTILA A ÁFRICA Divisão Sócio econômica da África: África “branca” Argélia, Djibuti, Egito, Eritréia, Etiópia, Líbia, Mali, Marrocos, Mauritânia, Níger, Saara Ocidental, Somália, Sudão e Tunísia. África “negra” Benin, Burkina Faso, Cabo Verde, Gâmbia, Gana, Guiné, Guiné-Bissau, Libéria, Nigéria, Senegal, Serra Leoa, Togo, Camarões, Congo, Gabão, Guiné Equatorial, República Centro-Africana, República Democrática do Congo, São Tomé e Príncipe, Chade, Burundi, Quênia, Ruanda, Tanzânia, Uganda, África do Sul, Angola, Botsuana, Lesoto, Madagascar, Malauí, Moçambique, Namíbia, Suazilândia, Zâmbia e Zimbábue. Fonte: RICHTER, Denis. (S/das/p) Fonte: Web Busca/África 8 9 APOSTILA A ÁFRICA 2. História da África Antes da Chegada do Europeu Fonte: Comunicado2 e acordo com Barbosa (2007, p.1) uma primeira observação necessária a esta história é a com- preensão da sua amplitude. Falar em História da África é falar sobre a história humana. Afinal, foi lá que surgiu o homo sapiens, cerca de 160 mil anos atrás. (...) A importância do continente no Mundo Antigo é hoje inegável. Sobretudo a partir da ascendência civilizatória milenar do Egito Faraônico sob as civilizações que beiravam o Mediterrâneo: per- sas, assírias, hititas, cretenses, helê- nica, hebraica e outras. Assim como influenciou interiormentea África, desde o Alto Nilo e abaixo, entre os núbios e cuxitas, na época do Impé- rio de Kusch (aproximadamente 100 0-0a.C.). (BARBOSA, 2007, p.1) 2 Retirado em https://ceert.org.br/ Continuando, Barbosa (2007, p.1) aponta que se trata de uma his- tória de sete mil anos, que formou a base sócio cultural da maioria das civilizações humanas na antiguida- de. Algo que foi consolidado com a formação da cultura helenística e a construção da célebre Biblioteca de Alexandria, após as conquistas de Alexandre, o Grande(356-323a.C.). É difícil resumir a amplitude daque- le fenômeno histórico. Ele se refere, primordialmente, a influência que a cultura egípcia teve para a expansão das artes, das ciências empíricas (matemática, geometria, biologia, astronomia, etc.), da filosofia da na- tureza e do pensamento religioso (Diop,1983). Em língua portuguesa, D 10 APOSTILA A ÁFRICA o leitor encontrará uma introdução a esta vasta história no segundo volu- me da grandiosa obra Historia Geral da África, escrito sob a coordenação da UNESCO. Após quatro mil anos de histó- ria, a civilização egípcia entrou em processo de decadência que iria cul- minar com as invasões do último milênio a.C. É uma queda que enfra- queceu também os seus vizinhos africanos, núbios e cuxitas. Na vira- da do último milênio para nossa Era, a África assiste a outro fenômeno relevante em sua história: as migra- ções populacionais para a África Austral subsaariana. Salvo melhor juízo, foram estas migrações que trouxeram a manipulação do ferro e do bronze para esta vasta região ao Sul da África. Um saber essencial para a criação de instrumentos agrí- colas mais desenvolvidos, além de armas mais letais. O historiador Jo- seph Ki-Zerbo traz esta hipótese no seu conhecido livro História da Áfri- ca Negra (1979). Talvez por esta razão, em di- versos mitos de origem dos povos da África Austral e Ocidental se observa a referência ao grande ancestral co- mum, geralmente conhecedor do poder da metalurgia: guerreiro ou agricultor. Na mesma época vê-se também a ocupação da ilha de Ma- dagascar. Esta ocupação, todavia, não foi realizada primeiramente pe- los africanos, mas pelos aborígines indonésios, na virada do último mi- lênio. Posteriormente, ela foi tam- bém ocupada por povos nativos afri- canos, formando uma cultura e po- pulação hibrida. Uma visão introdu- tória a esta história singular se en- contra em Pierre Bertaux: África: desde la pre história hasta los esta- dos actuales (1972). (BARBOSA, 2007, p.2) Outro fato coloca Barbosa (20 07, p. 2) que vem sendo recuperado em relação à África é a história da civilização de Axum, entre os séculos I e V(d.C.). Fonte: https://mundoeducacao.bol.uol.com. br/ Tal civilização era localizada no Nordeste da África, atual Etiópia (leste e norte), Somália, Sudão e Eri- tréia; fazia divisa com o Mar Verme- lho. O surgimento de Axum esteve historicamente ligado a sua locali- 11 APOSTILA A ÁFRICA zação privilegiada, próxima aos antigos núcleos urbanos cu-xumitas, egípcios e árabes. Devido às trocas culturais que tal proximidade propi- ciava, a formação étnica e cultural dos auxumitas tinha um caráter hí- brido. Sua população era majorita- riamente negroide. Sua cultura, en- tretanto, tinha características semi- tas, embora transformados. Sabe-se da presença de tradições como a circuncisão e a excisão infantil, além do relativo respeito ao Sabá e a presença de cantos de origem judaica (MUNANGA, ETAL). Durante os séculos III à V, a civilização de Axum adquiriu caráter imperial, impondo submissão aos reinos vizinhos da região Noroeste da África (em particular, Meroé, an- tiga capital de Kush) e da Arábia meridional. Essa expansão de Axum permitiu-lhe assumir o controle de vastas terras cultivadas, até o Mar Vermelho. Por este poder ocupou posição intermediária no comércio marítimo do Indico, entre os Impé- rios do Oriente (Chineses, Mongóis e Hindus) e o Império Romano, en- tão em decadência (Munanga, et al, apud Barbosa, 2007, p. 2). Da Ilha de Moçambique até a costa Indiana, estendendo-se ao longo do Indico, havia um circuito de centenas de ci- dades que em diferentes fases res- pondiam por grande absorção de trocas com as sociedades africanas. A partir do século V, quando passa por crise social, a civilização auxumita foi reapropriada pelo Rei- no Etíope. Todavia, sua caracterís- tica hibrida tradicional foi abando- nada com a adoção do cristianismo, que havia chegado à região por volta do século IV. Após a decadência de Axum, a história da África, em es- pecial, do Norte e Nordeste, esteve diretamente ligada à rápida expan- são islâmica no continente, a partir do final do século VII. A velocidade desta expansão islâmica na África é marcante. Ema penas cinquenta anos os muçulma- nos (originários ou convertidos) haviam dominado todo o Norte da África, de Alexandria até Cartago. Entretanto, devido às guerras inter- nas pelo controle do legado de Mao- mé, os islâmicos não mantiveram a unidade original. Na África, ao Nor- te, três Impérios foram resultado deste conflito inter-islâmico: Fatí- mida(X), Almorávidas(XII) d Al- moádas (XIII). Uma caracterização destes pode ser encontrada em Bre- ve história da África, de Roland Oli- vere J.D.Fage. A importância destes Impérios muçulmanos não está ape- nas em sua centralidade na região subsaariana e egípcia, mas também por sua relevância na área subsaa- riana. Em particular, nos Reinos e Impérios africanos da África Suda- 12 APOSTILA A ÁFRICA nessa (Noroeste), a partir do século X, como Gana, Mali, Songai, K anem-Bornu, Iorubás e Hauçás. Na África, pois, a consolidação do mundo muçulmano favoreceu a con- solidação de Estados e Reinos su- dânicos durante a época medieval. Seu papel era primordialmente mer- cantil. (BARBOSA,2007, p. 3) Ainda de acordo com Barbosa (2007, p.3) tal influência se explica, em grande parte, pelo aumento da escala do mercado internacional via terrestre ou marítima (Oceano Indi- co e Pacífico), entre os séculos X e XIV. Era um comércio em que os europeus tinham papel secundário, diante da expansão dos Impérios muçulmano, chinês e mongol. É impossível resumir a riqueza da história desses Reinos e Impérios africanos desta época em poucas linhas. Geralmente formados antes da chegada dos muçulmanos à re- gião, suas riquezas estavam associa- das ao comércio com estes, baseado no fornecimento do marfim, cativos e, sobretudo, ouro. É pelo controle dessas rotas do ouro na região sub- saariana, que muitos destes Reinos e Impérios foram construídos e des- truídos no período de domínio um- çulmano, entre os séculos X e XV. Além do comércio, tais socie- dades viviam da pesca (sobretudo songaís), agricultura e produção artística. Em especial, os hauçás e iorubás, que eram hábeis artesões e tintureiros. Uma arte apreciada no Golfo de Benim, na África Ocidental. A vida urbana estava geralmente as- sociada à capital dos Reinos, com a morada dos soberanos, a adminis- tração e uma praça pública para o comercio. Com exceção dos hauçás, os camponeses ficavam fora dos núcleos urbanos. Eram civilizações que pos- suíam culturas próprias e estruturas distintas, com ascendência religiosa diferenciada. Possuíam um vasto panteão de divindades relacionadas às forças da natureza e aos antigos fundadores do Reino. Os iorubás, em particular, tinham um complexo e sofisticado sistema cultural, basea- do na hierarquia e nas influências recíprocas de suas principais cida- des: Ifé, Benin e Oio. O livro citado de Joseph Ki-Zerbo (1979) é impor- tante fonte de informação sobre a África Sudanesa à época. Além desses Impérios eReinos sudaneses, durante a época me- dieval a África viu o surgimento de duas civilizações relevantes na Áfri- ca Central: Império de Monomotapa e o Reino do Congo. O Império de Monomotapa ocupava uma vasta área entre o atual Zimbábue, África do Sul, Malavi e Moçambique. Sua origem está associada à chegada dos Xonasa região, que teriam coloni- zado as populações locais. Do século 13 APOSTILA A ÁFRICA XII ao XV, construíram centros ur- banos consideráveis, dos quais as muralhas de pedras ainda existentes são provas vivas, em particular a Acrópole e a Muralha do “Grande Zimbábue”. Criadores de gado, os monomotapas eram também hábeis comerciantes, estabelecendo trocas com os muçulmanos e mercadores chineses, pelo porto de Sofala, con- trolado pelos primeiros. (BARBOSA, 2007, p. 4) A Costa Oriental da África, aponta Barbosa (2007, p.4), entre os séculos XI e XIX foi um importante centro de comércio marítimo entre africanos, árabes e chineses. Sabe-se que existiam dezenas de cidades pa- ra este fim nesta Costa, desde Mo- çambique até a Etiópia. Entre estes, Quilóa, Pate, Mogadiço e Zanzibar. Na Costa Oeste da África Central, vê- se também o surgimento do chama- do Reino do Congo durante o século XIV, ocupando uma área entre a atual Angola, República Democrá- tica do Congo e Zaire. Tratava-se, em verdade, de uma confederação de cidades. O reino do Congo foi um importante núcleo urbano da região. Estima-se que quando os portugue- ses chegaram com Diego Cão, em 1482, sua população chegava aos milhões de habitantes. Possuía uma estrutura política descentralizada, tendo por base as chefias das aldeias e o soberano, intitulado de Manicon- go. Essa estrutura social foi signifi- cativamente alterada com a chegada dos portugueses. Após a instauração do Regimento de 1512, o Congo se transformou em poder interme- diário de Portugal na Costa Oci- dental africana. Foi dela, em1532, que os portugueses enviaram os pri- meiros africanos escravizados para São Vicente, Brasil. Durante o século XVI, por in- teresse dos portugueses, outro po- der local, o Reino de Angola, se constitui como porta de saída para o tráfico. Pela ação destes dois polos, veio grande parte dos africanos es- cravizados para o Brasil durante os séculos XVI, XVII e XVIII. Eram de origem bantu. Uma ampla comuni- dade étnica, definida por sua iden- tidade linguística e cultural com di- versos povos distintos da Costa Les- te e Oeste da África Central. Após a ação colonizadora dos portugueses, outras nações euro- peias entre os séculos XVI e XVII construíram fortes ao longo do lito- ral africano. Sobretudo na chamada Costado Ouro (desde então, Costa dos Escravos), Noroeste da África. Eram principalmente holandeses, ingleses, franceses e espanhóis. Tra- tava-se de uma luta pelo acesso à maior riqueza africana: pessoas. Um comércio escravista de alto poder lucrativo. 14 APOSTILA A ÁFRICA Fonte: http://jornalcultura.sapo.ao/ Evidentemente, como referi- do, o tráfico de escravos já existia no continente antes da chegada dos eu- ropeus, no século XV. Segundo esti- mativas, foi um comércio que escra- vizou cerca de cinco milhões de afri- canos. O número era grandioso, mas não se aproxima, segundo cálculos atuais, dos cerca de quinze milhões de pessoas envolvidas no tráfico mo- derno, desde o século XV. Ademais, o tráfico ocidental tinha uma alta taxa de mortalidade. Estima-se que ela tenha sido de 80%. Ou seja, para cada pessoa viva que chegava cativa à colônia, havia cinco pessoas mor- tas no processo de escravização (captura, prisão e transporte). Se tais dados estiverem corretos, se conclui que o tráfico acarretou, pelo menos, em setenta e cinco milhões de mortos. Trata-se do maior geno- cídio da história humana. Dois estu- dos que tratam do assunto desde uma perspectiva histórica são: A es- cravidão na África: uma história de suas transformações (2002), de Paul Lovejoye Decómo. Europa subde- sarolló a África(1982), de Walter Rodney. (BARBOSA, 2007, p.5) 16 APOSTILA A ÁFRICA 3. Como os Africanos Lidavam com o Passado: Ora- lidade, Mitos, Ritos Fonte: Notibras3 ara Menezes, Castro (2007, s/p) a compreensão do mundo por meio de imagens precede àquela da oralidade. A aquisição dos códi- gos verbais é apreendida pelos hu- manos primeiramente como enten- dimento dos sons e posteriormente da escrita. Entretanto, a primeira expressão gráfica das crianças se estabelece por meio da criação de imagens, de desenhos e a aquisição 3 Retirado em https://www.notibras.com/ da escrita acontece em geral por meio da educação formal. Aguiar (2004, apud Menezes, Castro, 2007, s/p) observa que o ser humano só tem lembranças de sua infância a partir do momento em que aprende a falar, pelo fato que a vida anterior está codificada em imagens que se manifestam prova- velmente em sonhos, sensações, sentimentos. Corrobora ainda essa P 17 APOSTILA A ÁFRICA ideia ao dizer que pelo fato da lin- guagem imagéticas e analógica não pode ser construída com negativas “é muito difícil, senão impossível conceber uma cena negativa usando recursos plásticos”. Em outras pala- vras a imagem tem um maior com- promisso com o indiscutível, com a verdade. Pré-concebidamente, a ques- tão da oralidade está frequentemen- te ligada a povos ágrafos, ou melhor, tem-se como verdadeiro que o co- nhecimento, a história de uma socie- dade é transmitida por meio do oral em grupos que não tem o domínio da escrita, são desprovidas de grafia, contrapondo-se às sociedades letra- das, alfabetizadas. A cultura africana é pautada pela oralidade, pelo poder que é outorgado à palavra falada. A palavra possui poder de ação e aque- le que não a usa equivale a um ser incompleto, privado de uma parte essencial de seu corpo. (MENEZES, CASTRO,2007, s/p) Continuando, Menezes, Castro (2007, s/p) apontam que segundo Bâ (2003) o poder da palavra falada possui uma energia vital, com ca- pacidade criadora e transformadora do mundo, garante e preserva ensi- namentos “a tradição oral é a grande escola da vida”. O autor diz ainda que a tradição oral é ao mesmo tem- po: “religião, arte, ciência história, divertimento, recreação, pois todo pormenor nos remonta à Unidade primordial”. A narrativa africana é forma de registro tão complexa quanto à escrita, e incorpora música, dança, interpretação, entonação, o que tal- vez expresse melhor essa energia vital. Existe nela uma integração completa entre o verbal e o não ver- bal, a palavra e o gesto, a relação da palavra falada e como ela deve ser falada. (...) para compreender a rea- lidade não há que se separar as par- tes, isolando as áreas do conheci- mento, pois a compreensão de cada parte, mesmo resguardadas suas es- pecificidades, remonta ao todo, sem hierarquizações de conhecimentos e saberes. Tendo por base a iniciação e a experiência, o homem que se for- ma na tradição oral é conduzido à sua totalidade (JESUS, 2005, apud MENEZES, CASTRO,2007, s/p). A verbalização conforme Me- nezes, Castro, (2007, s/p) tem tama- nha importância na África que existe uma posição de destaque na socie- dade para profissionais treinados em memorização e transmissão da memória cultural da comunidade. Esses indivíduos armazenam sécu- los de crenças, costumes, lendas, li- ções de vida, segredos. Tem o com- promisso com a verdade, pois acre- ditam que a mentira pode provocar o desequilíbrio e desarmonia da co- munidade ocasionada pela perda da 18 APOSTILA A ÁFRICA sua energia vital. Jesus(2005) ao citar Vansina – “a oralidade é uma atitude diante da realidade e não a ausência deuma habilidade” - acres- centa que as sociedades de tradição oral partem desse princípio, pois a fala não é mero elemento de comu- nicação cotidiana, mas um meio de perpetuar a história comum, um meio de preservar a sabedoria an- cestral. Segundo Pierce (apudSan- taella,1999) além da linguagem ver- bal escrita, o modo de codificação alfabética ocidental de origem grega, existem outras formas decodificação escrita, diferente da linguagem alfa- beticamente articulada, tais como hieróglifos, pictogramas, ideogra- mas, formas limítrofes do desenho. Partindo do mesmo princípio de Vansina e a despeito dos pressu- postos encontrados nos livros de história, os povos africanos, apesar da tradição oral estão entre os pri- meiros a desenvolver em sistemas de escrita. Além dos hieróglifos egíp- cios, existem diversos sistemas de escrita desenvolvidos antes da in- fluência árabe. O fato de priorizarem a verbalização não demonstra inca- pacidade de produzir em sistemas de grafia. Retomando-se o que foi dito anteriormente sobre o compro- misso que tanto a oralidade como a imagem tem com a verdade, pode-se concluir ainda que o fato dos siste- mas de escrita sociedades orais afri- canas serem basicamente figurati- vos têm aí sua origem. As inúmeras composições gráficas observadas na arquitetura e design africanos sejam nos objetos de uso cotidiano, ritua- lísticos, ou mesmo decorativos tem a finalidade de registrar e transmitir conhecimento. Esses símbolos com- binados transmitem mensagens. Não são considerados alfabetos ver- dadeiros porque não existe uma for- ma única de leitura, podem ser in- terpretados, mas não lidos. Entre- tanto, primeiramente, a definição de termo alfabeto é de “qualquer siste- ma de sinais estabelecidos para re- presentar letras, fonemas ou pala- vras”. Por outro lado, o ato de ler não está restrito à visualização e enten- dimento da coisa escrita com alfa- beto, mas significa também perceber (sinais, signos, mensagem) seja por meio da visão, do tato, compreen- dendo-lhes o significado. A questão da interpretação é também contes- tável, uma vez que qualquer texto ou contexto está sujeito a interpreta- ções diferentes dependendo do pon- to de vista. De acordo com National Museum Of African Artossistemas de escrita africanos desafiam com- preensões convencionais da palavra escrita como algo estático aplicado só ao papel e demonstrando outras formas dinâmicas e criativas do uso da escrita, ou da ideia de escritura. (MENEZES, CASTRO,2007, s/p) 19 APOSTILA A ÁFRICA Nesse âmbito Menezes, Castro (2007, s/p) colocam que baseando- nos em Nascimento(1996) e na do- cumentação do National Museum Of African Art podemos destacar os seguintes sistemas de escrita afri- canos, os quais podem aparecer in- dividualmente ou em conjunto: Pictóricos: os grafemas (a me- nor unidade construtiva num sistema de escrita) consti- tuem-se de imagens icônicas; Ideográficos: símbolos abstra- tos que por convenção, carre- gam conceitos, ideias; Fonológicos (alfabéticos ou si- lábicos): que representam os sons da linguagem (fonemas- unidade mínima distintiva no sistema sonoro de uma língua- ou sílabas) e que em conjunto representam palavras e permi- tem compreensão mais ime- diata; Escrita por meio de objetos: arranjos convencionais de pe- ças para transmissão de infor- mações. Um dos exemplos mais inte- ressantes do ponto de vista da ex- pressão gráfica são os pictogramas da etnia Edo (ou Ido), do Benine sul da Nigéria, que combinam cores e gráficos que podem ser observados na figura abaixo. O sistema baseia- se em círculos, círculos combinados com setas e pontos. As setas posi- cionam-se acima ou abaixo dos cír- culos, e os pontos podem aparecer acima, abaixo, à esquerda ou direita dos mesmos. As cores utilizadas são sete cores: vermelho, laranja, ama- relo, verde, azul, cian-azul-violeta. Os textos são apresentados em for- ma de matriz, com sete linhas e re- presentados em conjuntos de sete linhas e sete colunas (os mais co- muns–podendo às vezes aparecer nove colunas) sendo que as cores nunca se repetem na mesma coluna. Por outro lado, os símbolos são sem- pre os mesmos em cada coluna. Co- mo ideogramas têm-se os seguintes exemplos: o sistema gráfico Nsibidi utilizado por povos do sudeste da Nigéria e sudoeste de Camarões pa- ra transmitir ensinamentos de filo- sofia; os Adinkra, talvez os mais co- nhecidos, usados pelos Akan/ Ashanti; os Sona ou Tusona, sistema de povos de Angola e Zâmbia. (ME- NEZES, CASTRO,2007, s/p) Escrita do Povo e do, Que Combina Sinais e Figuras Fonte: MENEZES, CASTRO (2007, s/p) 20 APOSTILA A ÁFRICA Para Osunbunmi (s/d, s/p) a escravidão não congelou a alma, nem paralisou o pensamento dos Mandinga, Yoruba, Bantu, Fanti, Asanti, E wê-Fon ou Akan. É a hora de esquecer o esquecimento. A me- mória existe e há memórias que sur- gem em contos e relatos, em mitos e crenças, em toques e silêncios de tambores. Também no gesto, na dança e na ética do viver ou do morrer. Os escravos africanos trazidos durante os quase quatro séculos de regime escravocrata eram originá- rios das regiões do Sudão ocidental, da África equatorial e de Angola. Suas origens étnicas puderam ser reconstruídas através das pesquisas feitas nas últimas cinco décadas. Ao serem estas culturas um fator que define a identidade de uma boa par- te das Américas, os estudos feitos até hoje sobre as etnias africanas, embo- ra numerosos, ainda são insufi- cientes. A pesquisa sistemática das culturas que deram origem aos gru- pos afro-caribenhos não existe em muitos de nossos países. A aborda- gem da África ocorre a partir da de- mografia, que utiliza dados, às vezes falsos, da demografia escravagista para a reconstrução da história. O estudo da oralidade na África negra tem acontecido desde perspectivas diferentes, conforme as disciplinas que se interessaram no tema. Os folcloristas viram, nestas formas de expressão cultural, sobrevivências de tradições desaparecidas. Para os etnologistas, é um reflexo da socie- dade contemporânea e uma maneira de ensinar ou transmitir os valores de grupo. Os psiquiatras, seguindo Freud, explicam-nas como maneiras de expressar os problemas psico- lógicos. (OSUNBUNMI, s/d, s/p) Conforme Osunbunmi (s/d, s/p) a literatura oral africana é tudo isso ao mesmo tempo, mas não de- vemos esquecer que um mito, um conto, um provérbio, uma adivinha- ção é uma criação grupal, e deve ser vista assim, portanto, tem certas regras e para compreendê-la, é pre- ciso analisar sua forma e seu con- teúdo a partir de um enfoque mul- tidimensional. O estudo deve ser feito seguindo as linhas essenciais que a definem. Cada texto oferece vastas pos- sibilidades de análise, que vinculam as obras de literatura oral com outros aspectos da mesma cultura. A língua, a base léxica e a sintaxe são fatores que, dada sua dimensão na oralidade tradicional, fazem com que a mesma seja uma forma de expressão mais rica que a língua correntemente falada. Na tradição oral, há fórmulas de abertura e de encerramento, modalidades, ono- matopeias, diminutivos e aumenta- tivos, etc. Há gêneros fixos e livres; 21 APOSTILA A ÁFRICA nos primeiros, o texto permanece inalterável (provérbios, enigmas, fórmulas, esconjuros) e, por isso, a língua é arcaica. Já nos gêneros li- vres, a formulação, de fato, pode mudar (contos, relatos, etc.). Os sistemas narrativos ante- riormente mencionados têm variá- veis que dependem do narrador e de seu auditório. Alguns contos são mi- mados e formam um pré-teatro. Ne- nhum narrador transmite palavra por palavra o texto recebido por tradição oral; nesta liberdade reside justamente a riqueza e a diversidade da literaturafalada. Algumas socie- dades têm a tradição de relatar his- tórias em grupo. Por exemplo, nar- ram contos entre duas ou mais pessoas, fazem mímica, cantam em coro, etc. A gramática do conto envolve uma estrutura narrativa, como exemplo, as sequências nas que se deve repetir. A linguagem dos rela- tos oferece uma infinita variedade de vocabulário, segundo a sociedade emissora da obra. Afirma-se que não existe uma sociedade no mundo que não tenha, em seu acervo, criações como essas, que se transmitem na tradição cultural. Em algumas so- ciedades, estas formas se conservam e obedecem à necessidade de manter vivos certos elementos da cultura, que não se conservam de nenhuma outra maneira. É o caso dos relatos e das reconstruções genealógicas con- servadas na África através dos sé- culos, associados aos feitos impor- tantes (míticos em alguns casos) de heróis de cada etnia. Este é o patri- mônio depositado nos Gritos, esses portentosos historiadores orais Peuls do Sudão ocidental. (OSUN- BUNMI, s/d, s/p) No vocabulário dos relatos, os atores: homens, animais, plantas, gênios, etc., ocupam seu lugar e pos- suem um simbolismo particular em cada sociedade. Estes elementos permitem a criação de um repertório de metáforas e metonímias. As ações e os gestos podem ser de compreen- são universal, ou particular da so- ciedade em questão. Os acessórios do narrador (joias, vestimenta, fan- tasia, etc.) também têm um valor simbólico. Cada mito (muitos contos são restos de mitos) deve ser decodifi- cado, pois nele há uma mensagem implícita. O relato se decodifica no decurso de sua repetição. Ao lado da mensagem implícita está a mensa- gem explícita, que não tem a mesma importância, pois não modifica a estrutura interna do texto. A função dos motivos explícitos é marcar o final do conto, do relato, ou de uma reconstrução genealógica. A oralida- de, portanto, transmite a mensagem de uma maneira indireta comum a linguagem codificada. Já o simbo- 22 APOSTILA A ÁFRICA lismo, que é múltiplo nos contos, pode diminuir ou aumentar os con- flitos internos de uma sociedade. Na oralidade, os africanos con- servaram uma fonte viva de suas culturas tradicionais. Ao recupera- rem a palavra, os novos países inde- pendentes, livres do peso do colo- nialismo, puderam reconstruir sua ancestralidade e delinear seus pro- jetos de cultura nacional. Os “livros” da experiência milenar africana fo- ram guardados na memória dos ido- sos. “Quando morre um ancião, diz Hampaté Bâ, africano, se perde uma biblioteca”. A história não escrita dos po- vos africanos pode ser procurada no inconsciente da vida social, isto é, nas estruturas, analisando a cultura e a literatura oral em todos os seus gêneros. Contudo, ao se admitir que cada sociedade tem uma cultura e uma história, a consciência histórica começa a se delinear. A consciência nasce ao espírito de uma ideologia global que superou as divisões étni- cas de um país, para dar lugar a uma reconstrução paciente das sequên- cias temporárias com a ajuda de todas as ciências auxiliares: arqueo- logia, etno botânica, glotocronolo- gia, etnologia, etc. A oralidade não é só o espelho de uma sociedade, tam- bém pode mostrar as contradições internas, sociais e psicológicas que se tornam perceptíveis na palavra. O fator persistência está ligado a uma instituição muito importante, im- prescindível, e só aprofundando em seu estudo, poderemos chegar a co- nhecer a alma africana. Estamos fa- lando no tambor. Raramente, os historiadores e os etnologistas oci- dentais abordaram o estudo da rít- mica percutiva como substituta da escritura na África. (OSUNBUNMI, s/d, s/p) Concluindo, Osunbunmi (s/d, s/p) diz que os tambores são o elo com o passado; sendo um meio de comunicação, de acompanhamento de danças, de transmissão de men- sagens sagradas ou profanas, o tam- bor foi o guardião da memória-re- cordação, como se denomina a capa- cidade dos africanos de conservar, transmitindo de pais para filhos, os valores de sua tradição e os códigos de sua identidade, unificando as emoções coletivas. A glotocronologia é uma téc- nica para calcular a separação tem- poral entre duas línguas que se su- põe aparentadas. Está baseada na percentagem de palavras que são substituídas por outras. Morris Swa- desh baseando-se em dados de dife- rentes famílias linguísticas, cuja his- tória é conhecida por documentos, estimou que devido a mudanças in- ternas e contribuições externas, aproximadamente 14% das palavras básicas do vocabulário de uma lín- 23 APOSTILA A ÁFRICA gua são substituídos a cada intervalo de mil anos. Aglotocronologia é um método de estudo cujos resultados não podem ser precisos. De qual- quer forma, está proposta para a investigação da evolução daquelas línguas que carecem de textos es- critos, pelo que há que descartar o método comparativo, usado para a reconstrução do indo-europeu e buscar alternativas de investigação. A dança não se desenvolve sem o tambor, que é a escritura sonora que o dançarino deve acompanhar a oler, ouvindo, seu ditado. A escritura do tambor, “pode difundir as notí- cias mais rapidamente que a escri- tura gráfica”. Para compreender o valor semântico do tambor, é neces- sário remeter-se às línguas africa- nas, que são sistemas fônicos com estratos sonoros que dão às palavras um significado diferente, conforme a gravidade sonora dos vogais. Os sistemas de escritura são pouco ade- quados para escrever os tons graves, agudos e intermédios, sobretudo estes últimos. Em nenhuma escritu- ra existem signos que possam repre- sentá-los. Em troca, o tambor re- produz com fidelidade a linguagem tonal das línguas africanas. A linguagem do tambor é, por- tanto, a reprodução imediata e na- tural da língua: é uma “escritura” inteligível para qualquer pessoa que tenha a prática suficiente, só que, ao invés de se dirigir à vista, está des- tinada ao ouvido. O europeu jovem aprende a relacionar, na escola, os sinais óticos com os sentidos; do mesmo modo, o africano jovem ti- nha que aprender outrora a arte de captar os sinais acústicos do tambor. (OSUNBUNMI, s/d, s/p) 24 25 APOSTILA A ÁFRICA 4. A África Sob o Imperialismo Colonialista no Séc. XIX Fonte: Estudo Help4 egundo Bergamini (2008, s/p) até fins do século XVIII, a ex- pansão colonizadora da Europa der- ramou-se principalmente pelo con- tinente americano. A colonização foi alimentada pela Revolução Comer- cial e teve, portanto, caráter mercan- tilista. Visava a enriquecer e forta- lecer o Estado, mediante a obtenção 4 Retirado em https://estudo-help.com.br/ de colônias: fontes de renda, pela exploração das suas riquezas e pelo regime do monopólio. O colônialis- mo europeu mercantilista procura- va, sobretudo, metais preciosos (ou- ro, prata) e produtos tropicais, cuja venda sustentava os exércitos das metrópoles e financiava as constan- tes e exaustivas guerras, provocadas S 26 APOSTILA A ÁFRICA pelas ambições nacionalistas na Europa. No século XIX– de par com a Revolução Industrial–surgiu um no- vo expansionismo europeu, de cu- nho imperialista, que se lançou à conquista dos demais continentes, com exceção da América (defendia pela doutrina Monroe). Este novo imperialismo europeu estendeu-se especialmente pela África e a Ásia. Não era apenas colonialista (do anti- go tipo mercantilista): também era estratégico (militar)e econômico. Cobiçava novas fontes de matérias- primas; não ouro e especiarias, mas elementos indispensáveis à indús- tria. E ambicionava novos merca- dos. (BERGAMINI, 2008, s/p) Para Bergamini (2008, s/p) havia necessidade de novas fontes de matérias- primas,sobretudo fer- ro, cobre, petróleo, manganês, trigo, algodão e de novos mercados para o consumo dos produtos industriais das metrópoles; super população da Europa e consequente necessidade de novas áreas para o excesso de habitantes. Os colonos continua- riam a ser cidadãos e forneceriam contingentes humanos para os exér- citos das metrópoles; necessidade de aplicação dos capitais excedentes; desejo da conquista de bases estraté- gicas (sobretudo para segurança do tráfico marítimo); espírito e ambi- ções nacionalistas. (...) (BERGA- MINI, 2008, s/p) Colonização Francesa Segundo Bergamini (2008, s/p) em1830, sob o reinado de Car- los X, iniciou-se a conquista da Ar- gélia. Terminou em 1857, sob o rei- nado de Napoleão III. Fonte: https://francesobjetivo.com.br/ A Tunísia foi facilmente ocu- pada em 1881 (provocando o desa- grado da Itália). A conquista do Marrocos (1900-1912) deu margens à “questão marroquina” franco-ale- mã. A oposição da Alemanha às atividades colonialistas da França, no Marrocos, provocou dois graves incidentes, que quase desencadea- ram a guerra: o de Tanger (1905) e o de Aghâdir (1911). A final após obter concessões territoriais no Congo (Camerun, hoje República de Cama- rões), a Alemanha consentiu (1911) no protetorado francês sobre o Mar- rocos, o qual foi oficialmente estabe- 27 APOSTILA A ÁFRICA lecido em 1912. De 1855 a 1900, a França conquistou o Sudão (África Ocidental Francesa): Saara, Senegal, Guiné, Costa do Marfim, Dahomey (Daomé) e os territórios do Niger. De 1875 a 1885 apossou-se de imen- so território à margem direita do Congo e do seu afluente Ubangui. (África Equatoriana Francesa). Em Madagáscar, a colonização francesa começou no século XVII. Mas a conquista de toda a ilha só se realizou numa campanha mili- tar em fins do século XIX (1895- 1896). A Somália francesa (em fren- te ao estreito de Babel Mandeb) foi conquistada em 1888. Colonização Inglesa A Inglaterra apoderou-se, a pouco a pouco, das partes mais va- liosas da África: Região leste: Em 1882, estabele- ceu o protetorado britânico sobre o Egito. Mais tarde realizou novas conquistas, formando um bloco uni- do de possessões, no leste africano: África Ocidental Britânica, hoje Quênia (1884), Rodésia (1889), Uganda (1890), Sudão Anglo-Egíp- cio (1898). Região ocidental: Apoderou-se de Gâmbia, Serra Leoa, Costa de Ouro e Nigéria. Região sul: No sul, desde a guerra com Napoleão, possuía a colônia do Cabo (arrancada aos holandeses). Em 1885, descobriram-se minas de ouro em Johanesburgo (Transvaal). Pouco depois, a Inglaterra provocou a guerra contra os bôers, calvinistas de origem holandesa, agricultores, estabelecidos em duas pequenas repúblicas–Transvaal e Orange– as quais, após a vitória inglesa(1899- 1902), foram ligadas às colônias do Cabo e de Natal. Todas elas, juntas, formaram em 1910 a União Sul- Africana. Transvaal foi uma das provín- cias da África do Sul entre 1910 e 1994, com capital em Pretória. A província como tal já não existe. Em 1994, o território do Transvaal foi dividido em quatro novas provín- cias: Gauteng, Noroeste, Limpopo e Mpumalanga. A lise encontra Wit- watersrand, o complexo industrial mais importante da África do Sul. No século XIX, Transvaal designava os territórios que se constituíram em uma república bôer denominada Zuid-Afrikaansche Republiek (Re- pública sul-africana), informalmen- te referida como República do Transvaal. Esses territórios ocupa- vam toda a parte norte da África do Sul, situados a montante do rio Vaal até ao rio Limpopo. Anexado pelos Britânicos em 1902, o Transvaal tornou-se, em1910, uma das quatro províncias sul-africanas. 28 APOSTILA A ÁFRICA Colonização Alemã Tendo de realizar, primeira- mente, a sua unidade nacional– a Alemanha apareceu tardiamente no cenário colonial africano. Mesmo assim, obteve o Camerun, hoje repú- blica dos Camarões (1884), e Togo (1885), no golfo da Guiné. Ainda em 1884 conquistou a África do Sudo- este, hoje fideicomisso da ONU. Em 1885 apoderou-se da África Orien- tal, hoje Tanzânia. A Alemanha per- deu todas as suas colônias africanas, após a Primeira Guerra Mundial. Colonização Italiana A Itália também entrou tardia- mente na “corrida colonialista”. Ob- teve a Eritréia(1885), no Mar Ver- melho, e a Somália italiana (1892), no Oceano Índico. Mas, ao tentar conquistar a Abissínia, sofreu a esmagadora derrota de Ádua (1896), às mãos dos soldados do “negus” MenelikII, o soberano etíope. Em 1911, arrebatou aos turcos a Tripo- litânia e a Cirenaica, que foram reu- nidas sob o novo nome de Líbia. O Congo Belga O Congo é uma enorme e riquíssima região central da África. Foi, primeiramente (1885-1908), propriedade particular de Leopoldo II, rei dos belgas. Em 1908, a Coroa belga vendeu esse território à Nação. O Congo passou a ser, colônia da Bélgica. Espanha e Portugal A Espanha obteve, em 1885, pequenos territórios de reduzido va- lor: Rio de Oro e a Guiné espanhola. E, mais tarde(1912), um pequeno protetorado na região norte do Mar- rocos. Portugal conservou, além da pequena Guiné portuguesa, duas vastas colônias: Angola e Moçambi- que. (BERGAMINI, 2008, s/p) Sobre a África do Sul De acordo com Rosa (s/d, s/p) os europeus tomam contato com a região em 1487, quando o navegador português Bartolomeu Dias contor- na o Cabo da Boa Esperança. Ponto estratégico na rota comercial para a Índia, e habitada por grupos negros de diversas etnias (bosquímanos, khoi, xhosas, zulus), a região do Ca- bo começa a ser povoada por imi- grantes holandeses no século XVII. Lentamente, os colonos passam a considerar a região como sua pátria e adotam uma língua própria, o afri- câner. Em 1806, os ingleses tomam a Cidade do Cabo e lutam, simulta- neamente, contra os nativos negros e os descendentes de holandeses 29 APOSTILA A ÁFRICA (bôeres), como objetivo de se ins- talar na região. Os choques levam os bôeres a emigrar maciçamente para o Nordeste (a Grande Jornada, em 1836), onde fundam duas repúblicas independentes, o Transvaal e o Estado Livre de Orange. A entrada de colonos ingleses em Orange e no Transvaal provoca tensões que resultam na Guerra dos Bôeres (1899-1902) e termina com a vitória dos ingleses. Os estados bôe- res são anexados pela Coroa britâ- nica e, em1910, juntam-se às colô- nias do Cabo e de Natal para cons- tituir a União Sul-Africana. A po- pulação bôer passa a se chamar africâner. A partir de1911, a minoria branca, composta de ingleses e africânderes, promulga uma série de leis com o objetivo de consolidar o seu poder sobre a população, majo- ritariamente negra. Essa política de segregação racial (apartheid, do afri- câner separação) é oficializada em 1948, com a chegada ao poder do Partido Nacional(PN)–a força polí- tica dominante por mais de 40 anos. O apartheid impede o acesso dos ne- gros à propriedade da terra, à par- ticipação política e às profissões de melhor remuneração. Também obri- ga os negros a viver em áreas separa- das das zonas residenciais brancas. Os casamentos mistos e as relações sexuais entre pessoas de raças diferentes tornam-se ilegais. (ROSA, s/d, s/p) Ainda de acordo com Rosa (s/d, s/p) a oposição ao regime do apartheid toma forma na década de 50, quando o Congresso Nacional Africano (CNA), organização negra fundada em 1912, lança campanha de desobediência civil. Em 1960, a polícia mata 67 negros que partici- pavam de uma manifestação lide- rada pelo CNA em Sharpeville, uma favela situada a 80km de Johanes- burgo. O “massacre de Sharpeville” provoca marchas de protestos em todo o país. Como consequência, o CNA é declarado ilegal. Seu líder,Nelson Mandela, é preso em 1962 e depois condenado à prisão perpétua. Fonte: https://www.dw.com/ Em 1961, a África do Sul obtém sua independência completa, após um plebiscito que decide por sua saída da Comunidade Britânica. Nos go-vernos dos primeiros-ministros Hendrik Verwoerd (1958-1966) e 30 APOSTILA A ÁFRICA B.J. Voster (1966-1978), a política do apartheid agrava-se. Uma série de leis aprovadas nesse período clas- sifica e separa os negros em diversos grupos étnicos e linguísticos, geran- do um processo que desemboca, em 1971, na criação dos bantustões–dez nações tribais independentes, insta- ladas em uma área correspondente a 13% do território sul-africano, onde os negros são confinados. O domínio branco começa a enfraquecer-se com o fim do im- pério colonial português (1975) e a queda do governo de minoria branca na Rodésia (atual Zimbábue), em 1980. Em1984, uma revolta popular contra o apartheid leva o governo a decretar a Lei Marcial. A comuni- dade internacional reage: vários paí- ses decretam sanções econômicas como meio de pressão pelo fim do apartheid. (...) Em 1987, o Partido Nacional perde votos entre os elei- tores brancos, tanto à direita (Parti- do Conservador, para quem o gover- no deveria ser mais “duro” contra os negros quanto à esquerda (Partido Democrático, que queria acelerar as reformas). Mas as mudanças signifi- cativas teriam de esperar até a posse de um novo presidente: Frederikde Klerk, que substitui Botha em 1989. Em fevereirode1990, Mandela é li- bertado e o CNA recupera a legali- dade. De Klerk revoga leis racistas e inicia o diálogo com o CNA. Sua polí- tica, criticada pela direita, é legiti- mada por um plebiscito só para brancos, realizado em 1992, em que 69% dos votantes se pronunciam pelo fim do apartheid. (ROSA, s/d, s/p) 31 32 APOSTILA A ÁFRICA 5. Os Processos de Descolonização e de Indepen- dência da África no Séc. Xx Fonte: Conhecimento Cientifico5 descolonização na África pas- sou por várias etapas até que os países sob a influência estrangei- ra conseguissem alcançar a indepen- dência. As principais organizações que contribuíram para o arranque deste processo foram a Sociedade das Nações -SDN- (no pós Primeira Guerra Mundial) e a ONU (no pós Segunda Guerra Mundial). ASDN, com o fim das hostilidades interna- cionais em 1918, decidiu retirar os 5 Retirado em https://conhecimentocientifico.r7.com/ privilégios que os países perdedores tinham sobre as suas colônias afri- canas. Consequentemente, a Itália e a Alemanha tiveram de abdicar da sua condição de países colonizado- res, uma vez que as colônias que controlavam foram atribuídas aos países vencedores. A Organização das Nações Unidas deliberou, no fi- nal da Segunda Guerra Mundial e com a ajuda dos EUA, que a Europa A 33 APOSTILA A ÁFRICA deveria desfazer-se do seu passado colonialista, conferindo a indepen- dência aos países africanos. Deste modo, com o fim da Pri- meira Grande Guerra, a Alemanha foi forçada, em 1920, a deixar o Togo (que controlava desde 1884), os Ca- marões (em1916) e a África Oriental Alemã (a mais importante colônia daquele país). A Itália, outra das po- tências colonizadoras, também per- deu o domínio africano em pouco tempo. A Líbia, que os italianos ti- nham anexado ao seu território em 1912, foi perdida durante a Primeira Guerra Mundial, embora em 1918 a Itália a tenha reconquistado. Com a subida de Mussolini ao poder, em 1925, os italianos tentaram invadir a Etiópia. Como consequência do ato imperialista, a Sociedade das Na- ções interveio, declarando a Itália um Estado agressor, ao qual foram impostas retaliações econômicas. Mas o conflito com os etíopes conti- nuou e, em 1936, a Etiópia foi ane- xada às colônias italianas. Este país conseguiu a independência em 1942, graças à debilitação que a Itália so- freu com a participação na Segunda Guerra Mundial. Com o fim deste conflito a Itália é forçada a renunciar às suas colônias, das quais abre mão, continuando apenas, até1960, com o domínio sobre a Somália. Entre 1941 e 1945 mantiveram-se como grandes potências colonialistas Portugal, In- glaterra, França e Bélgica. (INFO- PÉDIA, s/d, s/p) Ainda de acordo com a Infopé- dia (s/d, s/p) o domínio britânico centrava-se na África do Sul (que compreendia o Cabo, Natal, os Esta- dos Livres de Orange e o Transvaal). Esta junção de colônias deu origem à União da África do Sul, que tinha participado em ambas as guerras mundiais. Nos anos 30, a Inglaterra iniciou o regime do apartheid, que consistia na separação das raças branca e negra, a nível político, eco- nômico e social. A atitude britânica foi constantemente criticada pela ONU, e em 1961 a União da África do Sul deixou de estar inserida na Com- monwealth3, passando a República da África do Sul, sob o estatuto de independente. A maior oposição ao colonialismo britânico veio do Egito, que conseguiu a independência em 1953 depois de alguns anos de con- fronto entre a resistência naciona- lista e as tropas monárquicas. A luta dos egípcios foi determinante para a descolonização do mundo africano, uma vez que serviu de exemplo para países como o Sudão, que rapidamente se empenhou na conquista da independência em 1956. As colônias francesas esten- diam-se pelo norte e noroeste do continente africano: Argélia, Tunísia 34 APOSTILA A ÁFRICA e Marrocos. Este último foi o país que maior resistência trouxe ao do- mínio francês. Em 1921 organizou- se um movimento armado que luta- va pela independência, e só em 1926, com a ajuda de Espanha, é que a França conseguiu fazer capitular o líder do grupo. Novos levantamen- tos tiveram lugar entre 1943 e 1944. A independência foi concedida pela França em Março de 1956. A Bélgica teve o seu maior desafio no Congo. Em1960, dezessete antigas colônias tinham alcançado a independência, fato que trouxe novo alento à po- pulação congolesa. Commonwealth (em inglês: Commonwealth of Nations) é uma associação de territórios autôno- mos, mas dependentes do Reino Unido, criada em 1931 e formada atualmente por 54 nações, a maioria das quais independentes, mas in- cluindo algumas que ainda mantêm laços políticos com a antiga potência colonial britânica. Fonte: https://escolaeducacao.com.br/ A Commonwealth tem histo- ricamente por objetivo promover a integração entre as ex-colônias do Reino Unido, concedendo benefícios e facilidades comerciais, mas agora os seus objetivos incluem a assis- tência educacional aos seus países- membros e a harmonização das suas políticas. Atualmente os países da Comunidade representam cerca de 30% de todo o comércio mundial. A maioria dos membros da Common- wealth são antigas colônias do Reino Unido, com duas notáveis exceções, Moçambique e Ruanda. Moçambi- que foi colônia portuguesa e se tornou membro em 1995, graças ao apoio dos seus vizinhos, que foram colônias britânicas. Em 2009 foi a vez do Ruanda, antiga colônia belga, se tornar membro. Nem todas as ex- colônias do Reino Unido estão na Comunidade. O Zimbábue saiu da Commonwealthem2004. Os Estados Unidos da Amé- rica, ex-colônia britânica, não per- tence à Commonwealth. A guerra civil tornou-se inevi- tável e a Bélgica não conseguiu acal- mar os revoltosos. A independência da então República Democrática do Congo foi proclamada em 30 de Ju- nho desse ano, mas as forças belgas não retiraram do território. Por mais cinco anos verificaram-se vários confrontos internos, motins e uma 35 APOSTILA A ÁFRICA intervenção das Nações Unidas; um caos que acabou com o início da ditadura militar em 25 de novembrode 1965, protagonizada pelo general Mobutu. Portugal foi dos últimos países europeus a deixar as colônias. Depois da Segunda Guerra Mundial, a ONU começou a pressionar a Eu- ropa no sentido de pôr termo às tradições colonialistas. Depois de França e Inglaterra terem deixado grande parte das suas colônias, até ao final da década de 60, a pressão sobre Portugal aumentou, mas Sala- zar não tinha intenções de abando- nar as suas fontes de riqueza. Con- tudo, a independência dos territó- rios sob a administração portuguesa tornou-se inevitável com a queda do regime ditatorial, a 5 de Abril de 1974. A imagem política africana so- freu uma alteração profunda em vin- te anos. Surgidos nas primeiras dé- cadas do século XX, foi no final da Segunda Guerra Mundial que os pe- quenos movimentos nacionalistas e a favor das independências ganha- ram força, levando à queda das po- tências colonizadoras. O processo da descolonização da África só ficou concluído em 1981. As décadas 70 e 80 foram ca- racterizadas pela concretização das últimas independências de países africanos: Guiné-Bissau (1974), Mo- çambique, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe e Angola(1975), Seychel- les(1976), Djibuti e Botsuana (1977), Zimbábue(1980) e Ciskei (1981), embora estas duas repúblicas não sejam Reconhecidas como tal inter- nacionalmente. (INFOPÉDIA, s/d, s/p) 36 APOSTILA A ÁFRICA 37 6. Referências Bibliográficas ALENCASTRO, Luiz Felipe de. Os luso- brasileiros em Angola: constituição do espaço econômico brasileiro no Atlântico Sul 1550-1700. Tese de Livre- Docência. Instituto de Economia da Unicamp, 1994, Campinas. BÂ, Amadou Hampâté Amkoullel. O menino fula. São Paulo: Palas Athena e Casa das Áfricas, 2003. BARBOSA, Muryatan Santana. História da África: uma introdução. 2007. Disponível em<historiaecultura.googlepages.com/Hi storiadaAfrica.pdf>Acessoem: 18.08.2010. BARBOSA, Wilson N. Cultura negra e dominação. Coleção Aldus, n. 9. São Leopoldo: Editora UNISINOS,2002. 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