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PRÁTICA EM GESTÃO: MODELAGEM ORGANIZACIONAL Johny Henrique Magalhães Casado Estruturas organizacionais OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM > Identificar estruturas organizacionais. > Reconhecer as especificidades das diferentes estruturas. > Relacionar estruturas organizacionais com negócios existentes. Introdução O estudo das estruturas organizacionais das empresas nos ajuda a atingir uma melhor compreensão dessas. É por isso que, para todos que pretendem atuar em uma determinada empresa, se faz necessário entender como a estrutura organizacional apresentada pode interferir na forma como a empresa se organiza e alcança seus resultados. Por vezes também chamada “design organizacional”, a estrutura pode ser influenciada pela maneira como gerentes, assessores, especialistas e consultores atuam e interferem na forma como a empresa se organiza, divide suas tarefas e coordena as suas atividades. O fator humano, portanto, é relevante para o sucesso da estrutura organizacional escolhida pela empresa, tendo impacto também nos níveis de produtividade. O processo de divisão do trabalho, executado dentro da organização em diversas tarefas, e a necessidade de se coordenar a realização dessas tarefas são fatores que exercem influência sobre a estrutura organizacional das empresas. Sendo assim, o entendimento do modo como esse tipo de decisão influencia e ajuda a definir o sucesso de uma organização se torna indispensável para aqueles que atuam ou pretendam atuar na gestão de empresas. Considerando-se a importância da estrutura organizacional para os resul- tados da empresa, surgem algumas dúvidas no processo de gestão, dentre as quais se podem destacar duas como principais. A primeira delas diz respeito à definição de qual seria a estrutura ideal a ser apresentada por uma organização. Já a segunda está relacionada ao modo como os gestores poderiam redesenhar a estrutura organizacional com o intuito de obter melhores resultados e adaptá- -la às necessidades e aos anseios das empresas, bem como atender a fatores contingenciais e situacionais. Neste capítulo, você poderá aprender a identificar a estrutura organizacional das empresas a partir de conceitos e de tipos de estruturas organizacionais que serão aqui apresentados. Para facilitar o seu aprendizado, também serão esta- belecidas neste capítulo relações entre estruturas organizacionais e negócios existentes. Estruturas organizacionais: divisão e coordenação de tarefas O exercício da gestão de qualquer tipo de organização demanda o entendi- mento de que toda atividade humana realizada dentro de uma empresa origina duas situações básicas: a divisão do trabalho em tarefas e a necessidade de coordenação entre elas. É somente a partir da consideração dessas situações que se torna possível compreender o que é a estrutura organizacional. Levando isso em conta, Henry Mintzberg, autor cuja obra é fundamental para o estudo do tema, define a estrutura de uma organização como “[...] a soma total das maneiras pelas quais o trabalho é dividido em tarefas distintas e, depois, como a coordenação é realizada entre essas tarefas” (MINTZBERG, 2015, p. 13). Aos gestores cabe, então, a árdua tarefa de buscar redesenhar a estrutura organizacional das empresas por eles lideradas, de modo a alcançar melhores resultados ou, ainda, utilizar os diferentes componentes dessa estrutura para realizar alterações na forma como a organização está apresentada. Desse modo, a fim de alcançar o que se espera deles, os gestores precisam enxergar a estrutura organizacional como sendo dotada de elementos que devem proporcionar harmonia interna entre as partes e garantir uma consistência básica para toda a organização. Há uma estreita relação entre a forma como as organizações estão estru- turadas e alguns fatores situacionais. Entre eles, é possível citar o tempo de vida da organização, o seu tamanho, o tipo de ambiente em que ela funciona e o sistema técnico de que ela faz uso — todos esses fatores são de suma Estruturas organizacionais2 importância para compreender a estrutura organizacional. Para além disso, deve-se observar que exercem uma considerável influência sobre a estrutura organizacional a relação da organização com o ambiente do seu negócio, a forma como ela cresce e se desenvolve e a maneira como ela divide interna- mente suas tarefas. Ademais, cabe salientar que esses fatores sofrem grande influência dos indivíduos dentro da empresa. Ressalte-se também que a descentralização é um dos parâmetros que influencia no design estrutural em uma organização. Portanto, gestores e responsáveis pelos negócios devem considerar quando e como descentralizar, se isso apresentar possibilidades reais de melhor desempenho. Segundo Mintzberg (2015, p. 13), “[...] o design de uma estrutura organi- zacional eficaz — de fato, mesmo o diagnóstico dos problemas de muitas organizações ineficazes — parece envolver a consideração de apenas algumas configurações básicas”. Organizações eficazes são aquelas que apresentam em seu desenvolvimento um “[...] conjunto coeso de relações entre planejamento da estrutura, a idade, o tamanho, a tecnologia da empresa e as condições existentes no ramo industrial no qual se acha operando” (MORGAN, 1996, p. 190). Sendo assim, os gestores deverão atuar dentro da estrutura organi- zacional buscando apresentar as melhores formulações estratégicas, isto é, que possibilitem tirar todas as vantagens de cada tipo de estrutura. Por isso, é necessário que os gestores conheçam a estrutura para que possam, a partir de suas decisões, obter os melhores resultados que tal estrutura pode proporcionar. Essas premissas que foram apresentadas permitem concluir que, para haver organizações eficazes, é preciso que a estrutura organizacional obtenha consistência entre os parâmetros do design e os fatores contingenciais. Em suma, os parâmetros de design “[...] representam os meios pelos quais se determina como as diversas atividades organizacionais serão divididas, em um primeiro momento, para em seguida, estabelecer de que forma tais atividades serão coordenadas” (MINTZBERG, 2003 apud AGUIAR; MARTINS, 2006, p. 56). Tipos de estruturas organizacionais Uma vez que os resultados apresentados pelas organizações são fortemente influenciados pelos modelos organizacionais, faz-se necessário que os ges- tores compreendam como cada um desses modelos afeta a eficácia de suas organizações. Além dos modelos, também exerce influência sobre a eficá- cia da estrutura organizacional a forma como os parâmetros do design se Estruturas organizacionais 3 configuram e se apresentam. Responsáveis por representar os meios pelos quais é possível determinar como as diversas atividades organizacionais se desenvolvem, esses parâmetros “[...] formam um sistema integrado em que cada um deles está vinculado a todos os outros: qualquer mudança em um parâmetro provoca mudança em todos” (MINTZBERG, 2015, p. 112). Há quatro grupos específicos de design — design das posições, design da superestrutura, design dos vínculos laterais e design do sistema de tomada de decisões —, cada um deles possuindo relação com dois ou mais parâmetros relacionados à abordagem da configuração de Mintzberg (2015). No Quadro 1, é possível observar os quatro principais tipos de parâmetros de design. Quadro 1. Parâmetros de design Grupo Parâmetro de design Design das posições Especialização da tarefa Formalização do comportamento Treinamento e doutrinação Design da superestrutura Agrupamento em unidades Tamanho da unidade Design dos vínculos laterais Sistemas de planejamento e controle Instrumentos de vínculo Design do sistema de tomada de decisões Descentralização vertical Descentralização horizontal Fonte: Adaptado de Mintzberg (2015). Compreender a estrutura organizacional e todas as suas muitas singulari- dades possibilita aos gestores entender de que forma essa estrutura impacta diretamente no trabalho, na eficácia, nas relações de autoridade,no trabalho das equipes e na forma como a organização está departamentalizada. Por isso, é importante que se considerem também os mecanismos de coordenação que surgem nas estruturas das organizações. Na Figura 1, são apresentados os cinco mecanismos de coordenação da estrutura organizacional. Estruturas organizacionais4 O ajustamento mútuo coordena o trabalho dentro da organização a partir da comunicação informal que está estabelecida nele — pode-se afirmar que o controle do trabalho permanece nas mãos dos profissionais operacionais da empresa. No entanto, ressalte-se que, dada a sua simplicidade, esse mecanismo de coordenação é mais utilizado em organizações simples, que não demandam grande complexidade em sua gestão. Para as pequenas e médias empresas (nas quais poucos produtos e serviços são comercializados, poucos clientes são atendidos e, principalmente, um número muito reduzido de colaboradores compõe a equipe), o ajustamento mútuo é mais indicado, devido à baixa complexidade do negócio e da estrutura organizacional. À medida que as organizações se tornam menos simples, passam a se fazer necessários sistemas de coordenação mais sofisticados que possibilitem às empresas atender às novas necessidades que surgem. Isso ocorre, em geral, quando elas passam a contar com mais de cinco colaboradores. É a partir desse ponto que, para Mintzberg (2014), se deve implementar uma certa hierarquia e uma melhor divisão de tarefas. A supervisão direta surge, então, como uma alternativa de coordenação para as organizações que apresentam maior complexidade. Nesse meca- nismo de coordenação, um indivíduo passa a ser responsável pelo trabalho Figura 1. Os cinco mecanismos de coordenação da estrutura organizacional. Fonte: Adaptada de Mintzberg (2007). Estruturas organizacionais 5 de duas ou mais pessoas, orientando-as, monitorando seus resultados e contribuindo para que elas sejam corretamente instruídas. Um exemplo de supervisão direta é a relação estabelecida em um time de vôlei, em que um único técnico coordena todos os jogadores. A esse técnico, portanto, cabe a função de supervisor direto, sendo responsável pela coordenação, pelo monitoramento e pelo treinamento dos jogadores. O trabalho dentro de uma organização também pode ser realizado sem o ajustamento mútuo e sem a supervisão direta. Nesse caso, o trabalho é executado a partir da padronização, que se divide em três tipos: padroniza- ção dos processos de trabalho, padronização dos resultados do trabalho e padronização das habilidades apresentadas pelos trabalhadores. Na padronização dos processos de trabalho, o conteúdo do trabalho apre- sentado pelos colaboradores é especificado ou programado, como ocorre nas organizações com linhas de produção em sua estrutura produtiva. Pode-se observar um exemplo desse tipo de padronização quando uma organização prestadora de serviços de interesse público — que, para isso, deve apresentar boas práticas na gestão de custos — estabelece como obrigatório para seus profissionais do departamento de compras que todas as aquisições por eles efetuadas devem ocorrer a partir da análise de três orçamentos distintos (MINTZBERG et al., 2007). No caso da padronização dos resultados do trabalho, a forma como os colaboradores entregam seus trabalhos deve atender a padrões previa- mente estabelecidos pela organização. Os resultados do trabalho, também chamados outputs, demandam que a coordenação entre as tarefas seja predeterminada e clara, de modo que os colaboradores saibam exatamente como deverão entregar seu trabalho. Um exemplo desse tipo de coordenação pode ser visto quando o departamento de entrega de uma empresa recebe uma ordem eletrônica sobre o local onde as entregas deverão ocorrer, não havendo, portanto, necessidade de uma ordem humana para coordenar a sua atividade (LIMA et al., 2014). Por fim, a padronização das habilidades apresentadas pelos trabalhadores surge como alternativa porque, segundo Mintzberg (2015, p. 17), “Às vezes, nem o trabalho nem seus outputs podem ser padronizados, embora a coordena- ção pela padronização possa ainda ser exigida. A solução [...] é padronizar o trabalhador, se não o próprio trabalho ou seus outputs”. Nesse mecanismo, os trabalhadores são treinados antes de iniciarem os trabalhos dentro da organização. Exemplos disso são escolas técnicas como o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (SENAC) ou o Serviço Nacional de Aprendizagem Estruturas organizacionais6 Industrial (SENAI), que capacitam mão de obra especificamente para algumas funções demandadas pelos diferentes tipos de organizações. Os mecanismos de coordenação dentro das organizações devem ser imple- mentados de acordo com o crescimento da própria estrutura organizacional. Conforme Mintzberg (2015, p. 15): À medida que o trabalho organizacional torna-se mais complicado, o meio favo- recido de coordenação parece passar do ajustamento mútuo para a supervisão direta e, depois, para a padronização, preferivelmente dos processos de trabalho, diferentemente dos outputs ou mesmo das habilidades, que retornam, finalmente, ao ajustamento mútuo. Os gestores devem estar atentos para que não sejam aplicados mecanis- mos de coordenação diferentes dos que são necessários de acordo com a estrutura organizacional apresentada. Sendo assim, importa salientar que analisar como a organização se apresenta e saber gerir suas necessidades e seus recursos são funções indelegáveis e de grande importância dos ges- tores, para os quais, portanto, se torna imprescindível o conhecimento dos mecanismos de coordenação. As organizações são pensadas e estruturadas com o intuito de definir e dirigir fluxos entre todas as suas partes. Por isso, os gestores devem atentar ao modo como vão direcionar tais fluxos, de modo que bons resultados possam ser alcançados. Para tanto, é necessário compreender a estrutura organizacional, que, de acordo com Mintzberg (2007), se divide em cinco partes específicas, conforme Figura 2. Estruturas organizacionais 7 O núcleo operacional das organizações caracteriza-se por ser onde se podem observar os operadores, cuja função é executar os trabalhos ligados à produção dos produtos ou à prestação dos serviços ofertados pela organiza- ção. Em pequenas organizações, o núcleo operacional tem por característica ser autossuficiente e atuar sem supervisão; nesse caso, o mecanismo de coordenação utilizado é o ajustamento mútuo. Os operadores de uma organização desempenham quatro funções espe- cíficas e de grande importância para os negócios. 1. Asseguram que a organização tenha os inputs necessários para iniciar o seu processo produtivo. 2. Atuam na transformação dos inputs em outputs, ou seja, eles efetiva- mente transformam insumos e matérias-primas em produtos e serviços. 3. Realizam a distribuição dos outputs, pois são os responsáveis por distribuir fisicamente os produtos por eles produzidos. 4. Fornecem apoio para que a organização possa realizar o seu processo produtivo, podendo, assim, comercializar seus produtos e serviços aos seus clientes. Figura 2. A organização em cinco partes. Fonte: Adaptada de Mintzberg (2007). Estruturas organizacionais8 Ao discorrer acerca do núcleo operacional, Mintzberg (2015, p. 23) afirma que ele é: [...] o coração de qualquer organização, a parte que produz os outputs essenciais que a mantêm viva. Entretanto, com exceção das organizações muito pequenas, elas também necessitam de componentes administrativos. Estes compreendem a cúpula estratégica, a linha intermediária e a tecnoestrutura. A parte da organização em que estão as pessoas com a responsabilidade global sobre ela é denominada cúpula estratégica. De acordo com Mintzberg (2015, p. 24), essa parte é “[...] encarregada de assegurar que a organização cumpra sua missão de modo eficaz e também que atenda às necessidades dos que a controlam ou que detêm poder sobre ela”, tais como os sócios, os órgãos governamentais ou os gruposda sociedade que exercem algum tipo de pressão sobre a organização. A cúpula estratégica da organização é responsável por formular a estraté- gia que a empresa deverá seguir. Sendo assim, é importante considerar que, dentro de uma organização, a estratégia tem como função definir os planos e o padrões que serão apresentados pela empresa. É por meio da estratégia que também são definidas as posições e as perspectivas do negócio. Para determinar a melhor estratégia a ser implementada, as organizações devem considerar que as estratégias são deliberadas e emergentes. Em algumas situações, elas são deliberadas porque seguem corretamente o planeja- mento realizado para a sua implementação. Entretanto, em outras, elas são emergentes; isso ocorre quando padrões e planejamentos são seguidos e a empresa acaba optando por agir de acordo com a estratégia que emerge da situação (MINTZBERG; AHLSTRAND; LAMPEL, 2010). Ligando o núcleo operacional à cúpula estratégica, está a linha inter- mediária, que é característica de organizações médias e grandes. Nessas organizações, é possível observar gerentes intermediários que desempenham inúmeras funções ligadas ao fluxo de supervisão e que interligam as áreas estratégicas e operacionais. Esses gerentes têm por função coletar informa- ções de feedback sobre o desempenho de sua unidade e repassar algumas delas aos gerentes que estão acima deles — agregando-as, frequentemente, ao processo —, bem como intervir no fluxo de decisões (MINTZBERG, 2015). A tecnoestrutura compreende os sistemas de apoio que a organização possui. Nessa parte, encontram-se os analistas e os assessores que auxiliam com subsídios aos tomadores de decisões no negócio. Esses assessores e Estruturas organizacionais 9 analistas podem ser divididos em três grupos específicos, como apresentado na Figura 3. Por fim, há a assessoria de apoio. Encontrada somente em grandes corpo- rações, a sua função é dar suporte à organização em assuntos que não estejam relacionados ao seu fluxo do trabalho operacional. Dentre os principais tipos de assessoria de que uma organização pode dispor, destacam-se: � assessoria em pesquisa e desenvolvimento (P&D); � assessoria jurídica; � assessoria em inovação; � assessoria em comunicação; � assessoria em marketing; � assessoria contábil e fiscal; � assessoria em meio ambiente. Saliente-se que não existe uma definição única e coesa a respeito de qual assessoria de apoio deve ser adotada, pois essa é uma decisão muito personalizada de cada organização. Em geral, essa escolha depende das demandas mais estratégicas da organização. Enquanto algumas organizações têm em suas assessorias de apoio setores ligados ao campo jurídico, outras organizações definem o setor ligado a P&D como o seu mais importante setor de assessoria de apoio (MINTZBERG et al., 2007). Investir em P&D faz parte do dia a dia de muitas organizações. Sendo assim, dispor de assessoria de apoio para esse setor é importante Figura 3. Tipos de analistas da tecnoestrutura. Fonte: Adaptada de Mintzberg (2015). Analistas Analistas de sistemas e métodos Analistas de planejamento e controle Analistas de pessoal Padronizam os processos de trabalho Padronizam os outputs Padronizam as habilidades Estruturas organizacionais10 para que tais organizações possam ter informações e subsídios em seus pro- cessos de tomada de decisões. O Brasil é conhecido por ser um país que investe pouco em P&D. Para conhe- cer um pouco mais sobre essa realidade, veja o levantamento apresentado na matéria “Investimento em pesquisa e desenvolvimento no Brasil e em outros países: o setor privado”, disponível no site do Senado Federal. Estruturas organizacionais em negócios O estudo proposto por Minztberg (2015) traz cinco modelos organizacionais que apresentam, juntamente àqueles que lhes são constitutivos, elementos capazes de explicar tendências para a eficácia ou não das organizações. Veja esses modelos a seguir. 1. Organização empreendedora (ou estrutura simples): nesse tipo de organização, a cúpula estratégica é a sua parte mais importante. 2. Organização mecânica (ou burocracia mecânica): nesse tipo de orga- nização, a tecnoestrutura é a sua parte mais importante. 3. Organização profissional (ou burocracia profissional): nesse tipo de organização, o núcleo operacional é a sua parte mais importante. 4. Organização diversificada (ou forma divisionalizada): nesse tipo de organização, a linha intermediária é a sua parte mais importante. 5. Organização inovadora (ou adhocracia): nesse tipo de organização, a assessoria de apoio é a sua parte mais importante. A fim de melhor entender como as organizações estão relacionadas aos modelos organizacionais propostos por Mintzberg (2015), podemos lançar mão de exemplos do cotidiano. O modelo de organização simples pode ser encontrado nas organizações formadas por apenas um artesão, que é respon- sável pela realização de todas as atividades, desde a compra de insumos, até a produção dos serviços e produtos a serem comercializados. Essa estrutura é muito presente nas empresas caracterizadas como microempreendedor individual (MEI). Já para o modelo de organização mecânica, pode servir-nos como exemplo uma pequena padaria, estabelecimento em que os processos são mais padronizados e é possível que haja divisão do trabalho e padroni- zação das tarefas. O modelo de organização profissional está presente nas empresas em que há de forma mais acentuada uma padronização das habilidades dos Estruturas organizacionais 11 colaboradores. É possível observar claramente que, nessas empresas, as funções dos colaboradores são bem definidas e as suas atividades são claras e limitadas. Como exemplo de organização profissional, pode-se considerar uma empresa com uma linha de produção em que é possível verificar a existência de funções específicas desempenhadas por cada colaborador ou grupo de colaboradores. Exemplificando as organizações que apresentam a forma divisionalizada, há as empresas que comercializam diversos produtos diferenciados. Esse é o caso de uma loja de eletrodomésticos que comercializa itens da linha branca (eletrodomésticos utilizados na cozinha), bem como móveis e eletroeletrô- nicos (p. ex., televisores e telefones celulares). Empresas assim apresentam uma estrutura divisionalizada, visto que muitas delas possuem uma equipe específica para a comercialização de cada um dos produtos em questão. Por fim, as organizações que possuem a configuração denominada adho- cracia são aquelas empresas cuja estrutura é mais orgânica, em que há pouca formalização dos comportamentos e a especialização do trabalho apresenta alto grau de horizontalização. Muitas características da adhocracia podem ser encontradas nas novas empresas, dentre as quais se podem destacar as startups, que garantem aos seus colaboradores maior liberdade de trabalho, menor hierarquia, pouca burocracia e grande foco na inovação dos processos, produtos e serviços ofertados. É necessário, portanto, que as organizações tenham a sua estrutura anali- sada, de modo que se possa compreender como cada uma atua. Como vimos neste capítulo, essa análise se mostra importante para que os gestores pos- sam buscar os melhores resultados possíveis a partir da estrutura existente. Além disso, compreender melhor uma organização auxilia no processo de redesenho dela, processo esse que muitas organizações buscam a fim de que possam atender aos anseios dos seus stakeholders. Referências AGUIAR, A. B.; MARTINS, G. A. A teoria das estruturas organizacionais de Mintzberg e a gestão estratégica de custos: um estudo nas ONGs paulistas. Revista Contabilidade & Finanças, São Paulo, v. 17, n. esp., p. 51-64, 2006. Disponível em: https://www.scielo.br/ scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1519-70772006000400005. Acesso em 10 jul. 2020. LIMA, S. M., et al. Estrutura organizacional das empresas vinculadas à incubadora de base tecnológica da Universidade de Fortalece:uma análise sob a perspectiva de Mintzberg. REGE, São Paulo, v. 21, n. 3, p. 305-324, 2014. Disponível em: https://www. sciencedirect.com/science/article/pii/S1809227616301862. Acesso em 10 jul. 2020. Estruturas organizacionais12 MINTZBERG, H. Criando organizações eficazes: estruturar em cinco configurações. São Paulo: Atlas, 2015. MINTZBERG, H. Managing: desvendando o dia a dia da gestão. Porto Alegre: Bookman, 2014. MINTZBERG, H. et al. O processo da estratégia: conceitos, contextos e casos selecio- nados. Porto Alegre: Artmed, 2007. MINTZBERG, H.; AHLSTRAND, B.; LAMPEL, J. Safari da Estratégia: um roteiro pela selva do planejamento estratégico. Porto Alegre: Artmed, 2010. MORGAN, G. Imagens da organização. São Paulo: Atlas, 1996. Os links para sites da web fornecidos neste capítulo foram todos testados, e seu funcionamento foi comprovado no momento da publicação do material. No entanto, a rede é extremamente dinâmica; suas páginas estão constantemente mudando de local e conteúdo. Assim, os editores declaram não ter qualquer responsabilidade sobre qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links. Estruturas organizacionais 13
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