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4 Apostila - A Nova Guerra Fria e a queda do Muro de Berlim

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- -1
SEGURANÇA INTERNACIONAL
A “NOVA GUERRA FRIA” E A QUEDA DO 
MURO DE BERLIM
- -2
Olá!
Nesta aula, Trataremos dos períodos conhecidos como “Coexistência Pacífica e Nova Guerra Fria”. Para tanto,
estudaremos conceitos muito debatidos durante o período, tais como, segurança abrangente e o dilema da
segurança. Eles nos permitirão analisar acontecimentos importantes da Guerra Fria, tais como, a Crise dos
Mísseis, a Distensão Nuclear e os eventos da década de 80, quando a União Soviética começa a dar sinais de
exaustão.
Nesse período, profundas mudanças políticas ocorrem na URSS que culminaram com a retomada das
negociações para o fim da corrida armamentista entre as superpotências. Além disso, analisaremos a queda do
Muro de Berlim, um dos marcos do fim da Guerra Fria.
Ao final desta aula, você será capaz de:
1. Definir os períodos da “Coexistência Pacífica e Nova Guerra Fria”.
2. Compreender os conceitos de segurança abrangente e dilema da segurança.
3. Analisar a Crise dos Mísseis e a Distensão Nuclear.
4. Identificar os sinais de exaustão da União Soviética na década de 80.
5. Relacionar as reformas políticas e econômicas na URSS e a retomada das negociações para o fim da corrida
armamentista entre as superpotências.
6. Relacionar a queda do Muro de Berlim e o desfecho da Guerra Fria.
1 A nova guerra fria
A bipolarização do sistema internacional entre Estados Unidos (capitalismo) e União Soviética (socialismo) que
vigorou do fim da Segunda Guerra Mundial à Crise do socialismo real, no final dos anos 1980, estabeleceu as
bases da nova ordem mundial e, consequentemente, para as questões que dizem respeito à segurança
internacional neste período.
No final da aula 3, identificamos que a constante hostilidade entre as duas superpotências durante a corrida
armamentista e tecnológica nunca se transformou em conflito direto, mas oscilou de intensidade e gerou um
cenário de tensão, insegurança e incerteza, principalmente para os Estados-satélites.
Tradicionalmente, a é dividida em três fases: Guerra Fria 
A expressão «guerra fria» é devida ao banqueiro Bernard Banich, conselheiro de Roosevelt.
• A Guerra Fria "Clássica", ou a fase "quente" (1945 a 1955).
• O período do Degelo ou fase da Coexistência Pacifica (1955 a 1979).
•
•
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• O período do Degelo ou fase da Coexistência Pacifica (1955 a 1979).
• A fase da "Nova Guerra Fria" (1979 a 1989).
Como explicado anteriormente, há quem caracterize o período entre 1969 e 1979, como a Détente (distensão), o
início do concerto americano-soviético. Vamos, então, explorar esses períodos para compreender melhor como
em 1989 a segurança internacional passa a ter uma raiz ideológica.
A fase “Clássica” ou quente já se esboçava na disputa entre Estados Unidos e União Soviética nos estertores da
Segunda Guerra Mundial. Aliás, já estudamos que a origem da Guerra Fria não é um Contudo, ponto pacífico.
para efeitos didáticos, a formulação da pode ser considerada um marco inicial daDoutrina Truman (1947)
Guerra Fria.
No Campo da Segurança Internacional a Doutrina Truman se consubstanciará no Tratado do Atlântico Norte em
1949, criando uma aliança político-militar com objetivos “defensivos”, inicialmente, composta por países da
Europa Ocidental, EUA e Canadá – Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN).
A resposta Soviética foi a criação do Comitê de informação dos Partidos Comunistas e Operários (KOMINFORM),
também em 1947, para unificar a ação comunista Oriental, transmitindo a orientação soviética aos partidos
comunistas de cada país de seu bloco e garantir o controle político sobre o (“Sovietização” daLeste europeu 
Europa Oriental).
•
•
Saiba mais
O Presidente Truman pede ao Congresso Norte-americano ajuda econômica e militar para os
governos europeus, especialmente a Turquia e a Grécia. Os EUA passaram a assumir a tarefa de
“protetores” da democracia, reagindo a avanços socialistas, O Plano Marshall (1947) ajuda
econômica para Europa é considerado o “braço econômico da Doutrina Truman.
Saiba mais
A Bipolarização já se delineava ao fim da Segunda Guerra Mundial fruto, em grande medida, do
crescimento da URSS, do declínio da França, da Inglaterra e da Alemanha, e da consolidação
dos EUA como única potência capitalista, capaz de fazer frente ao poderio soviético, Os marcos
dessa bipolarização foram definidos nos tratados de Yalta e Potsdam. À divisão da Europa, em
áreas de influência soviética e capitalista, esboçava o confronto ideológico, político, militar e
estratégico entre as duas superpotências.
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Além disso, em 1949, criou o Conselho para Assistência Econômica Mútua (COMECOM) pra ajudar na
reconstrução do Bloco Socialista, já que não aceitava recursos do Plano Marshall, entendido como mecanismo de
dominação capitalista.
Quanto à questão da segurança, a resposta aconteceu em 1955, quando a cria aliança militar do Bloco URSS
Socialista, trata-se da Organização do Tratado de Assistência Mútua da Europa Oriental, mas conhecido como
“Pacto de Varsóvia”.
A URSS terminou a Segunda Guerra com muitas baixas invejável, mas emergia como a grande potência
continental ante uma Europa destruída. Mais do que isso, a vitória sobre os nazistas foi acompanhada do avanço
das tropas do Exército Vermelho que derrotaram os exércitos alemães nos vários países do Leste europeu
impondo governos socialistas aos mesmos. Criou-se, assim, um cinturão de países socialistas em torno da URSS,
o que Winston Churchill chamaria de uma “Cortina de Ferro” sobre a Europa. Mais do que isso, o Exército
Vermelho foi o único exército a vencer as forças nazistas em terra. Consolidou-se, dessa forma, a ideia de que o
socialismo era a única força capaz de deter o nazismo e assegurar a liberdade – importante bandeira na pregação
socialista em todo o mundo.
Em contrapartida, a assistência norte-americana para a reconstrução soviética, acertada na conferência de Teerã
de 1943, nunca aconteceu. Tudo indica que o bloqueio soviético de Berlim, em 1948, que marcou o início da
tensão, teria como objetivo retaliar a doutrina antissoviética dos EUA, a Doutrina Truman, que pregava a
contenção da URSS e do expansionismo dos regimes comunistas a qualquer custo.
A Doutrina Idanov, correlata soviética à Doutrina Truman, percebia a URSS sob constante ameaça das potências
imperialistas e que não deveria poupar esforços para defender-se, sendo o maior desses esforços a expansão do
comunismo pelo mundo.
Saiba mais
A versão econômica da Doutrina Truman foi o Plano Marshall, criado para financiar a
reconstrução econômica da Europa Ocidental, como forma de reverter o quadro de debilidade
das democracias ocidentais e do capitalismo diante da penetração soviética. A ajuda do Plano
Marshall foi oferecida aos países da Europa envolvidos na II Guerra Mundial, inclusive à URSS.
Stálin rejeitou o dinheiro americano e denunciou o Plano Marshall como uma declaração de
guerra econômica à URSS. Além disso, impediu os países ocupados pela URSS (Polônia, Países
Bálticos, Tchecoslováquia, Romênia, Hungria, Bulgária e Alemanha Oriental) de aceitá-lo. Como
resposta ao Plano Marshall, a URSS criou o Conselho de Assistência Econômica Mútua
(COMECOM), com o objetivo de organizar economicamente o bloco socialista.
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2 A nova guerra fria e a queda do muro de Berlim
Uma das primeiras crises durante a Fase Clássica da Guerra Fria ocorreu em entre 1948 e 1949, quandoBerlim 
URSS impõe um bloqueio terrestre e ferroviário a Berlim, cidade dividida em quatro maszonas de ocupação,
localizada na parte oriental da Alemanha, e, portanto, sob influência soviética. Essa reação a possibilidade de
unificação administrativa da parte capitalista gerou um impasse, pois o acesso só podia ser feito pelo ar. Apesar
de os americanos terem organizado uma ponte-aérea para abastecer a cidade, a situação não podia persistir. A
resolução diplomática desse incidente acabou criando a República Federal da Alemanha – RFA (capital Bonn),
sob governo do Chanceler KonradAdenauer e a República Democrática Alemã – RDA, inspirada no modelo
soviético, com capital em Berlim Oriental.
Você pôde concluir que a negociação se dava de forma bilateral, uma vez que a ONU, criada em 1945, viu
“congelada” a sua capacidade de intervenção, quando as superpotências começaram a usar seu poder de veto, no
Conselho de Segurança. Como os pactos militares não eram celebrados no âmbito da Organização, sua ingerência
nas “guerras marginais” foi inviabilizada.
Se institucionalmente a relação entre as superpotências estava embargada, a dissuasão do emprego da força se
dava por questões materiais: a detenção de armas nucleares. Essa situação garantia o equilíbrio entre os dois
blocos - o “equilíbrio do terror”.
A , neste sentido, pode ser entendida como a primeira oportunidade das superpotênciasGuerra da Coreia
medirem forças num conflito sem se enfrentarem diretamente. O fim da Segunda Guerra Mundial no Pacífico
significou também o fim da dominação japonesa sobre várias nações, como é o caso da Coreia.
Saiba mais
De 1949 a 1961, em torno de 3,5 milhões de cidadãos alemães do Leste fugiram por Berlim
Ocidental na RDA para passar à RFA. Para a Alemanha Oriental, esta prática era propaganda
negativa do regime. Assim, em de 15 de agosto de 1961, os alemães orientais construíram um
muro entre os setores oci-dental e oriental de Berlim para impedir o êxodo. Este muro,
apelidado pelos Ocidentais de «muro da vergonha», delimitava materialmente a divisão Leste-
Oeste. Sua destruição só ocorreria em 9 de Novembro de 1989, marcando a reunificação da
Alemanha.
Zonas de ocupação: No final da Segunda Guerra Mundial, o Acordo de Potsdam (1945) dividiu
a Alemanha e sua capital em quatro zonas de ocupação, entre a França, a Grã-Bretanha, os EUA
e a URSS.
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A Coreia, colonizada pelo Japão na Segunda Guerra Mundial, foi libertada pelos americanos e pelos soviéticos.
Dois regimes provisórios foram instalados de um lado e do outro do paralelo 38º. Não confiando em declarações
americanas de que a Coreia não era um desafio estra-tégico para Washington, Moscou e Pequim incentivaram a
Coreia do Norte a invadir a Coreia do Sul (1950). Fazendo uso da política de contenção, Washington reagiu
mobilizando uma operação militar sob os auspícios da ONU para auxiliar a Coreia do Sul. Os chineses, em
resposta, também entraram no conflito para ajudar os norte-coreanos. O conflito que vitimou 2,5 milhões de
mortos e de feridos só se resolveu pelo Armistício de Pan Mun Jon, em 27 de julho de 1953, com a criação de
duas Coreias, uma comunista ao norte do paralelo 38' e a outra aliada dos americanos, ao sul.
A libertação coreana por tropas aliadas, no entanto, criou uma situação inusitada – a divisão do país em dois
setores de ocupação, já que os soviéticos participaram da libertação pelo norte. Conforme definido na
Conferência de Postdam (1945), as Coreias foram divididas pelo paralelo 38º, a parte norte seria de orientação
socialista, enquanto a parte sul, capitalista. Sob o pretexto de violação de tal paralelo, em 25 de junho de 1950,
tropas da Coreia do Norte invadiram e tomaram a capital da Coreia do Sul, Seul.
No fundo, os comunistas queriam unificar o território sob seu regime político.
A invasão foi considerada ilegítima e tropas da ONU, sob a liderança dos Estados Unidos, entraram no conflito
fazendo as tropas norte-coreanas retroceder até a capital da Coreia do Norte, Pyongyang. Em m função do
avanço ocidental, a China também entra no conflito e apoia os norte-coreanos.
A entrada da China equilibrou a guerra, assim os Estados Unidos buscam uma solução diplomática. Em 1953 foi
assinado o Armistício de Panmunjon, acordo que restabelecia as fronteiras das Coreias e interrompeu os
conflitos na região.
Note que o armistício não é o mesmo que um acordo de paz.
Essa fase mais quente da bipolarização prolongou-se até 1953, quando a morte de Stálin e o Armistício de
Munjam na Coreia abrem caminho para uma relação chamada de coexistência pacífica.
As superpotências começavam a dar sinais de estarem mais conformadas com a situação que Raymond Aron
definiu com o axioma «guerra improvável, paz impossível.
Por um lado, a guerra era improvável porque a dissuasão nuclear impedia as superpotências de transformar a
guerra fria em um confronto armado direto. Caso este ocorresse, significaria mútua destruição.
Por outro, a paz era impossível porque os objetivos das superpotências eram antagônicos. A URSS queria
implementar seu sistema político em escala mundial e o mundo ocidental desejava o fim do comunismo por
conversão ou por extinção.
A segunda fase da Guerra Fria, a "Coexistência Pacifica", portanto, advém desta percepção de um Dilema de
. John Herz definiu o da seguinte forma:Segurança
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David Hume já enunciava a mesma ideia da seguinte forma: “Teu grão está maduro hoje; o meu estará amanhã,
Seria benéfico para ambos que eu trabalhasse contigo hoje e que tu trabalhasses comigo amanhã. Não sinto afeto
por ti, e sei que tu também não o sentes por mim. Por isso, eu não colocaria empenho especial se trabalhasse
para ti; e se ambos trabalhássemos para ti, esperando que me devolvesses o favor, sei que me sentiria logrado e
que dependeria em vão de sua gratidão. Portanto, deixo que trabalhes só; tu me tratas da mesma maneira. As
estações mudam e ambos perdemos nossas colheitas por falta de confiança e segurança mútua”.
Estados que não se equipam militarmente tornam-se vulneráveis a ataques externos; os que se armam, tornam-
se uma ameaça aos outros Estados. O dilema entre armar-se ou não foi elaborado durante a guerra fria por para
explicar o fenômeno que acontece toda vez que um Estado busca se armar para obter segurança.
Em última análise, o Dilema de Segurança é a versão da Guerra Fria do em outrasDilema do Prisioneiro,
palavras, trata-se de uma ao período da Coexistência Pacífica. Senãoaplicação do dilema do prisioneiro
vejamos:
• Suponha que dois países rivais devem decidir se construirão ou não um arsenal de bombas de 
hidrogênio.
• Construir um arsenal termonuclear demorará anos e pode ser feito em segredo.
• Cada nação tem que tomar sua decisão sem conhecer a decisão da outra.
• Cada nação busca ser a mais forte, o que ocorrerá se construir o arsenal e a outra nação não.
• Inversamente cada uma teme ser a mais fraca, o que ocorrerá se ela não construir o arsenal e a outra o 
fizer. 
• Não há grande ganho, se houver algum, caso as duas nações construam a Bomba H.
• Elas ficarão mais pobres do que seriam se não tivessem construído a bomba.
• Pior, uma vez construída há risco de que a bomba seja usada. 
• Ninguém mais poderá dormir tranquilo.
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Saiba mais
Dilema do Prisioneiro (Teoria dos Jogos): Dois ladrões são presos, mas as provas não são
conclusivas e a polícia vai conseguir condená-los a no máximo um ano de prisão, A promotoria
oferece um acordo aos dois, se um “abrir o bico”, fica livre por cooperar com a Justiça e o outro
fica preso por cinco anos. Mas se os dois cooperarem, ambos ficarão presos por três anos. Os
dois não podem se comunicar e não tem como saber o que o outro vai fazer. A melhor solução
do problema é ficar livre, mas para isso um lado tem que trair o outro, já que só é possível sair
Livre cooperando com a Justiça enquanto o comparsa se recusa a falar, A pior situação possível
é ser traído e ficar preso cinco anos. Considerando os dois envolvidos, a melhor solução
possível é ficar preso um ano, mas para isso o ladrão tem que se manter quieto e confiar que o
outro vai fazer a mesma coisa. Se não há confiança, a melhor linha de ação é cooperar com a
Justiça, há uma chance de sair livre de acusações e na pior das hipóteses os dois vão cumprir
uma pena intermediária. O Dilema do Prisioneiro é uma ótima ferramenta para entender o que
faz as pessoas cooperarem e porque vale a pena cooperar.
- -8
Quadro 1 - Aplicação do dilema do prisioneiro
As armas, construídas para aumentar a segurança, teriam efeito oposto. Vejano quadro abaixo o Dilema da
Bomba H:
O pior cenário certamente seriam ambas construir a bomba, por isso cooperar é tão importante. A coexistência
pacífica não foi resultado de um processo de cooperação, muito ao contrário. O processo de coexistência pacífica
não esteve livre de . A Questão do no Egito (1956) assim como a Crise dosconflitos ou crises Canal de Suez,
Mísseis, em Cuba (1962) são exemplos desses momentos de instabilidade que se alternavam aos de distensão.
No entanto, a , em particular, mostrou que a guerra deveria ser evitada. O mundo passou por Crise dos Mísseis
um período de grande tensão por causa da possibilidade de uma Para se ter uma ideia danova guerra mundial.
repercussão deste acontecimento note o título especial da revista VEJA de outubro de 1962:
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Fonte: Revista VEJA
Quando o presidente Dwight Eisenhower deixou o posto, ele alertou a nação sobre O perigo de um complexo
industrial-militar, um termo abrangente que descrevia uma jarga rede de individuos e instituições que
trabalhavam no desenvolvimento de armas e tecnologia bélica. Uma crescente conscientização quanto à tensão
entre os países, especialmente entre os Estados Unidos e a Rússia, só serviu para aquecer ainda mais a guerra
fria. Em certo momento, os norte-americanos foram encorajados pelo presidente Kennedy a construir ou
comprar abrigos antibombas, como forma de evitar os perigos de um ataque nuclear. As pessoas acataram o
conselho e logo um frenesi de construção de abrigos (que durou cerca de um ano) tomou conta de muitos norte-
americanos.
Saiba mais
A primeira metade dos anos 60 provou ser uma das mais difíceis eras da corrida nuclear. Entre
1960 e 1964, França e China entraram para o grupo de nações equipadas com armas
nucleares, testando projetos próprios. Os soviéticos testaram a bomba mais poderosa que já foi
explodida, um dispositivo de 58 megatons, detonado na atmosfera.
- -10
Eventos da Guerra Fria, em geral, não ocorrem gratuitamente. A Crise dos Mísseis não foge a essa regra. Para
entender o projeto soviético de instalar bases de mísseis nucleares em Cuba, devemos lembrar que em 1961, os
Estados Unidos instalaram mísseis nucleares na Turquia, uma fronteira natural com a União Soviética. Além
disso, no mesmo ano, os Estados Unidos promoveram uma desastrosa a Cuba, Estado aliado a Uniãoinvasão 
Soviética.
A invasão fracassada à Baía dos Porcos, em Cuba, em abril de 1961 era parte de um da CIA para derrubar q lider
do país, Fidel Castro e substituí-lo por um governo não comunista, politicamente alinhado aos Estados Unidos. O
presidente John ennedy aprovou o plano que previa a invasão da ilha por um grupo de exilados cubanos,
treinados pela CIA. O ataque, porém, alhou depois que os bombardeiros de apoio fracassaram em seus ataques e
os invasores terminaram mortos ou capturados.
Fotografia de uma base de mísseis balísticos em Cuba, usada como prova para o bloqueio naval a Cuba, ordenado
pelo presidente John Kennedy durante a crise dos mísseis naquele país, em 24 de outubro de 1962.
Quando no ano seguinte, em 14 de outubro, aviões de espionagem U-2 avistam as bases de mísseis nucleares
soviéticos em construção e apontadas para os Estados Unidos, a crise internacional estava deflagrada. Entre os
dias 16 e 29 de outubro, o mundo assistiu a uma nervosa negociação entre o presidente Kennedy e o primeiro-
ministro soviético Nikita Khrushchev, que levou à remoção dos mísseis. Os soviéticos terminaram por ceder,
- -11
tendo em contrapartida, secretamente, a retirada dos mísseis norte-americanos da Turquia. A crise, contudo, foi
o momento em que o mundo esteve mais perto de uma guerra nuclear.
Vem desta época, portanto, o conceito de Destruição Mútua Assegurada, conhecido em inglês como MAD, ou
"loucura". Caso ocorresse um ataque nuclear, o mais provável seria o contra-ataque e a destruição de ambas as
nações. Assim, no fim dos anos 60 surgiram novos esforços para desacelerar ou deter a corrida nuclear. Os dois
rivais instalaram uma linha direta de contato para facilitar a negociação em caso de nova crise.
Fonte: Infoescola.com
Charge ilustrando a Crise dos Mísseis. O presidente norte-americano John Kennedy e o Primeiro Ministro
soviético Nikita Kruschev numa queda de braços sentados sobre mísseis.
O Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares, assinado em julho de 1968, para impedir qualquer país, até
ali não equipado com armas nucleares, de adquiri-las deve ser entendido dentro desse espírito de distensão.
Lembre-se de que a fase de 1969 a 1979 reflete essa reaproximação.
O primeiro Tratado de Limitação de Armas Estratégicas (SALTI), entre os EUA e a URSS, também começou a ser
negociado em Helsinki, Finlândia, em novembro de 1969 e o mundo estava a caminho da distensão nuclear, com
um relaxamento da hostilidade entre os países e tentativas de compreensão mútua.
As negociações do SALT | adentraram os anos 70. Somente, em maio de 1972, Nixon e Brezhnev assinaram uma
série de tratados, entre os quais o Tratado de Mísseis Antibalísticos (ABM). Este tratado foi um importante
avanço, pois embora fossem sistemas de defesa, o excesso de antimisseis poderia encorajar o ataque. Se um país
- -12
soubesse que tinha uma chance superior de deter os ataques adversários, teria menos a perder em uma guerra
nuclear, Com o Tratado ABM, os Estados Unidos concordaram que cada pais poderia manter apenas duas
posições de defesa antimisseis.
O presidente Richard Nixon e o líder russo Leonid Brezhnev assinam o tratado SALT, que congelava certos
sistemas de armas dos EUA e URSS, em 26 de maio de 1972, no Kremlin, Moscou, Rússia.
Uma segunda série de negociações foi concluída em 1979 com a assinatura do tratado SALT II, que reconhecia 
inovações tecnológicas que permitiram às superpotências continuarem a produzir armamentos. 
Um dos avanços norte-americanos na tecnologia de armas nucleares no período foram os veículos múltiplos de
reentrada direcionáveis de maneira independente (MIRA, misseis equipados com múltiplas ceivas capazes de
atingir alvos distintos. Os MIR poderiam facilmente superar um sistema limitado de defesa composto de apenas
duas posições de defesa antimísseis. O Tratado ABM não considerou essa inovação e, durante os anos 70 norte-
americanos e soviéticos acrescentariam mais de 12 mil armas atômicas aos seus estoques.
O tratado estabelecia limites para o número de armas que um país poderia ter e para o ritmo de avanço da
tecnologia bélica.
O presidente Jimmy Carter, que assinou o tratado originalmente, suspendeu sua aplicação em janeiro de 1980
quando os soviéticos invadiram o Afeganistão, o que prepararia o terreno para a década difícil que se seguiria.
A distensão, no entanto, tem também outros fatores impulsionadores: A cisma entre a China e a URSS, já que o
rompimento no interior do bloco socialista gerou a possibilidade de novas alternativas na política internacional
- -13
que não o alinhamento a uma das superpotências; a maior autonomia da França dentro do bloco capitalista, e o
surgimento de uma nova clivagem norte-sul – o Estavam estabelecidas, portanto, asTerceiro Mundo.
circunstâncias que permitiriam a Detènte.
Vários países asiáticos, africanos e latino-americanos afirmam-se como neutros em relação aos dois blocos. Essas
nações, muitas independentes pés décadas ou às vezes séculos de colonialismo, passam a ter peso cada vez
maior nas instituições internacionais.
Além da distensão os anos 70 são marcados pela chegada de dois novos membros ao grupo de países detentores
de armas nucleares – a além do primeiro acidente nuclear em uma grande potência, o Índia e o Paquistão;
episódio na usina nuclear em Three Mile Island, Pensilvânia, em 1979. Apesar de não causar vítimas, o incidente
chamou atenção para a necessidade de regulamentação de segurança.
A Índia começou a testar tecnologia nuclear em 1974 - um teste subterrâneo foi conduzido em 18 de maio, sob o
Codinome "Buda Sorridente”. Não se tratava de umaarma com aplicações bélicas práticas e as autoridades
indianas afirmaram que o teste tinha fins “pacíficos”. O teste recebeu atenção internacional negativa, já que mais
um país havia adquirido capacidades nucleares. Isso levou o Paquistão, rival tradicional da Índia, a responder
com testes nucleares alguns anos mais tarde.
A eleição do republicano Ronald Reagan, em 1980, à presidência dos Estados Unidos, marca o início da última
fase da Guerra Fria, a chamada “nova Guerra Fria”. Os republicanos foram eleitos com o apoio do complexo
industrial-militar o que tornou os gastos militares uma prioridade no orçamento. O discurso também
recrudesceu quando Reagan se referiu a URSS como o “império do mal”.
A política externa norte-americana também reflete essa retórica da Guerra Fria, principalmente no trato de
questões como a Nicarágua e o Irã, só para citar algumas. O plano conhecido como “Guerra nas Estrelas”,
dispendioso sistema espacial de defesa contra mísseis balísticos, e também conhecido como "Guerra nas
 envolvendo satélites espaciais, acelerou ainda mais a corrida armamentista.Estrelas",
Do lado soviético, a tentativa de acompanhar o ritmo militar norte-americano esbarrou na necessidade de
reestruturação econômica da União Soviética.
A URSS sofreu forte boicote dos Estados Unidos por ter invadido o Afeganistão e apoiado os sírios na guerra civil
libanesa, os sandinistas na Nicarágua, e boa parte dos movimentos ditos de esquerda no mundo.
A ascensão de Mikhail Gorbatchev ao poder na URSS, em 1985, marca o início de um período de significativas
transformações.
As mudanças de ordem estrutural propostas por Gorbatchev visavam à modernização do país e o fim da elite
burocrática solidificada no país.
- -14
Tais reformas precisavam ser conduzidas com muito cuidado, pois exigir mais sacrifícios da população seria
como acender o estopim do caos político que poderia gerar um conflito interno, ou a volta da linha dura.
Gorbatchev implementa dois políticas: um de reestruturação econômica – a Perestroika, e a outra uma política
de transparência, democrática, com a prerrogativa da participação popular – a glasnost.
A Perestroika consistia em resolver problemas como a ineficiência da produção agrícola e industrial, os
excessivos gastos com a corrida armamentista, a estrutura política e econômica excessivamente burocratizada, e
a falta de opções para os modelos de produção impostos, alheios à realidade da população.
Já a Glasnost, a abertura política, possibilitou tratar de problemas étnico-nacionais, que anos de linha dura
esconderam.
Contraditoriamente, ao buscar um meio de reformar as estruturas políticas, econômicas e sociais do país,
Gorbatchev criou uma situação em que o país é obrigado a se voltar para seus próprios problemas, se
distanciando de seus objetivos da Guerra Fria.
Por muito tempo, o muro foi um símbolo da tensão entre os soviéticos e os EUA, e a guerra fria terminou, de fato,
dois anos mais tarde, quando a União Soviética deixou de existir. Os norte-americanos anunciam o “Fim da
História”, ou seja, a vitória norte-americana na Guerra Fria e o surgimento de uma nova ordem. Este será nosso
alvo na aula 5.
Saiba mais
Livros:
KENNEDY, Paul. . Rio de Janeiro: Elsevier, 1989.Ascensão e queda das grandes potências
SARAIVA, José Flávio Sombra (Org.). .História das relações internacionais contemporâneas
São Paulo: Saraiva, 2007.
Sites:
Veja também um vídeo sobre: .A Guerra Fria
Filmes:
São inúmeras as opções de filmes que retratam a Guerra Fria, tais como:
• K-19 -The Widowmaker - no auge da Guerra Fria, em junho de 1961, o 
submarino nuclear russo, K-19, numa missão de espionagem, descobre que o 
reator está vazando e precisa evitar um desastre nuclear. Caso o submarino não 
aguente a temperatura, a explosão pode disparar as ogivas nucleares a bordo e 
dar o primeiro passo para uma guerra nuclear.
• 007 - O Amanhã nunca Morre - Magnata da mídia tenta desestabilizar a 
economia mundial armando um confronto entre as superpotências, numa 
tentativa de conseguir níveis mais altos de audiência para seu aglomerado de 
mídia, Bond precisa impedir a 3ª Guerra Mundial. ]- The Good Shepherd (O Bom 
Pastor) Por conta de seus valores pessoais, rapaz acaba sendo recrutado para 
trabalhar na recém-inaugurada Agência de Inteligência Central, do governo 
norte-americano. Lá, toma contato com a paranoia envolvendo a Guerra Fria.
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http://www.youtube.com/watch?v=3pK3VYzw85g&feature=player_embedded
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O que vem na próxima aula
Na próxima aula, você estudará os seguintes assuntos:
• Repercussão do fim da Guerra Fria nos estudos de segurança.
• Sistema unipolar ou hegemônico. Papel dos Estados Unidos na nova ordem mundial.
• Contribuição teórica da Escola de Copenhague aos estudos de segurança.
CONCLUSÃO
Nesta aula, você:
• Definiu os períodos da “Coexistência Pacífica e Nova Guerra Fria.”
• Compreendeu os conceitos de segurança abrangente e dilema da segurança.
• Analisou a Crise dos Mísseis e a Distensão Nuclear.
• Identificou os sinais de exaustão da União Soviética na década de 80.
• Relacionou as reformas políticas e econômicas na URSS e a retomada das negociações para o fim da 
corrida armamentista entre as superpotências.
• Relacionou a queda do Muro de Berlim e o desfecho da Guerra Fria.
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	Olá!
	1 A nova guerra fria
	2 A nova guerra fria e a queda do muro de Berlim
	O que vem na próxima aula
	CONCLUSÃO

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