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PSICOLOGIA HOSPITALAR
O PSICÓLOGO HOSPITALAR NA UTI 
NEONATAL
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Olá!
Objetivo desta Aula
Ao final desta aula, o aluno será capaz de:
1- Entender a estrutura física da UTI Neonatal;
2- Entender a importância da interação mãe-bebê;
3- Entender a rotina da Psicologia na UTI Neonatal.
Introdução
A relação com a mãe é de extrema importância para o desenvolvimento saudável do bebê. Porém, esta relação
pode ser prejudicada quando ele nasce prematuro e necessita de hospitalização em uma UTI.
A Psicologia, em atuação interdisciplinar, poderá auxiliar esta mãe a se adaptar à realidade do prematuro,
diminuindo o distanciamento necessário imposto pela internação, para a construção de uma relação saudável
com o recém-nascido.
As pesquisas nesta área têm demonstrado a importância da vinculação mãe-bebê como um fator preventivo de
problemas emocionais e escolares nestas crianças.
Sendo assim, cabe à equipe de saúde favorecer esta aproximação quando o distanciamento se tornar mais
evidente.
É isso que veremos na nossa última aula. Bons estudos!
1 A importância da mãe junto ao bebê recém-nascido
Ao longo do tempo, a relevância dada à presença da mãe junto ao bebê passou por várias modificações.
No século passado, Budin, citado por Baptista, et al, acreditava ser importante a presença das mães junto ao
berçário dos prematuros, liberando-as para os cuidados básicos para com seus filhos.
Budin atribuía essa importância por acreditar que as mães que se mantinham mais afastadas de seus filhos
perdiam o interesse por eles, por não poder cuidar deles.
Por volta de 1900, os pais foram desmotivados a ter contato com seus filhos, em virtude do alto índice de
morbidade e mortalidade dos recém-nascidos, por causa de infecções, o que gerou um rigoroso isolamento.
No período da II Guerra Mundial, faltavam cuidadores para os bebês, o que trouxe as mães de volta para esse
papel de cuidado. Este fato causou um nítido decréscimo da mortalidade infantil da época.
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Porém, foi somente por volta de 15 a 20 anos atrás que os pais de fato passaram a ter a oportunidade de cuidar
de seus filhos sem risco de saúde.
2 A Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTI – NEO)
Quando uma mulher descobre que está grávida, surge toda uma expectativa com relação ao bebê. Essa
expectativa diz respeito ao bebê sendo cuidado pela mãe em casa.
Contudo, algumas intercorrências envolvendo o recém-nascido levam a uma separação entre ele e sua mãe, para
que ele receba os cuidados especializados necessários em uma UTI Neonatal ficando, portanto, em incubadoras.
A UTI Neonatal é descrita pelos autores BAPTISTA, et al (2012, p.122) como um local em que os bebês recebem
cuidados intensivos, 24 horas por dia, tanto da equipe médica como da enfermagem.
Para controlar o quadro clínico do recém-nascido e seus sinais vitais, é necessária a utilização de aparelhos como
os monitores cardiorrespiratórios, ventiladores mecânicos, oxímetros, fototerapia etc.
São esses os diagnósticos mais comuns observados em uma UTI - Neo:
Prematuridade;· 
Membrana hialina;· 
Síndrome de aspiração de mecônio;· 
Anoxia neonatal;· 
Hidrocefalia;· 
Malformação congênita;· 
Mielomeningoceles;· 
Hipoglicemia;· 
Icterícia fisiológica;· 
Doença hemolítica do recém-nascido por incompatibilidade do sangue.· 
3 Equipe da UTI- Neo
A equipe da UTI - Neo é composta por médicos especializados em recém-nascidos (até as quatro primeiras
semanas de vida), que são chamados de médicos neonatologistas, bem como enfermeiros, técnicos e auxiliares
de enfermagem, psicólogos, fisioterapeutas, assistentes sociais, fonoaudiólogos etc.
Tanto a equipe de saúde quanto os diagnósticos se diferenciam de acordo com a instituição, seu público-alvo etc.
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4 Relação mãe-bebê
As pesquisas relacionadas à relação mãe-bebê apontam para a importância desta interação e acrescentam que o
processo de apego ocorre também com o cuidador, que pode ser a própria mãe, ou o pai ou qualquer outra
pessoa que assuma esta função, e não somente com a mãe.
Porém, o que se percebe na maioria das vezes é que, inicialmente, o contato mais direto que o bebê tem é com a
mãe.
A partir de seu desenvolvimento, da sua independência, os laços tendem a se estender para além da mãe,
aumentando assim seus vínculos sociais naturais com o pai e com outras pessoas significativas.
Com isso, a interação com a mãe vai tendo um decréscimo à medida que outras pessoas também se tornam
importantes para a vida da criança.
As pesquisas na área da relação mãe-bebê sempre ocupou a Psicologia, porém as pesquisas têm crescido desde a
década de 50.
5 Estudos de pais e bebês hospitalizados
Os primeiros estudos de pais e bebês hospitalizados em UTI-Neo aconteceram por volta de 20 anos, a partir da
observação da equipe de saúde. Esta percebeu que muitos bebês retornavam ao serviço pediátrico com
diagnóstico de espancamento, e a maioria deles tinham sido prematuros.
Provavelmente tais espancamentos estavam relacionados às deficiências nas vinculações e o apego entre o
cuidador e o bebê, sendo esta então a principal motivação para os estudos nesta área.
As teorias psicológicas fundamentadas na Psicanálise, na Psicologia do Desenvolvimento e nas teorias
comportamentais apontam a importância da interação mãe-bebê como um dos principais fatores para a
explicação do tipo de desenvolvimento e da problemática apresentada pela criança em idades mais avançadas.
Autores da Psicologia ressaltam ainda que a prevenção de problemas nesta interação deve acontecer desde o pré-
natal, visto que a atenção psicológica e social desde cedo pode facilitar à gestante e as futuras mães melhores
condições para acolher seu filho quando do seu nascimento.
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6 Fases de afeiçoamento
Klaus e Kennel (1993, citados por Baptista, et al, 2012, p. 124) apresentam algumas fases chamadas por eles de
fases de afeiçoamento. Eles apontam a importância dessas fases para a construção do vínculo entre os pais e seus
bebês. Essas fases são:
Planejamento da gestação (antes da gestação);· 
Confirmação da gestação;· 
Aceitação da gestação;· 
Percepção dos movimentos fetais;· 
Início da aceitação do filho como um indivíduo (durante a gestação);· 
Ver, tocar, cuidar do bebê e aceitá-lo neonato como um indivíduo à parte (após o nascimento).· 
7 O papel do psicólogo e a rotina diária do Serviço de 
Psicologia na UTI-Neo
É claro que o recém-nascido precisa das atenções voltadas para os cuidados com seus problemas de saúde.
Além disso, é importante avaliar todas as questões psicológicas e sociais, com o intuito da promoção de um
trabalho interdisciplinar que está relacionado com a avaliação de todos os aspectos que podem de alguma forma
afetar no nascimento e na hospitalização de um bebê com algum comprometimento.
A Psicologia tem trabalho com a avaliação e a intervenção psicológica junto aos pais, familiares e equipe de
saúde, com o objetivo da vinculação inicial com o bebê, o bom contato entre os profissionais da equipe de saúde
e destes com o cuidador.
A equipe de saúde também pode realizar trabalhos voltados para a prevenção de problemas relacionados às
questões psicossociais e adaptação à rotina hospitalar.
Por exemplo: incentivo ao acompanhamento pré-natal, prevenção de gravidez indesejada, alimentação adequada
da gestante, assim como programas voltados à informação sobre os problemas de saúde do feto detectados ainda
na gravidez e após o nascimento (BAPTISTA, et al, 2012, p.123).
8 Serviço de Psicologia de um hospital-escola
O relato desta rotina foi extraído na íntegra dos autores (BAPTISTA; AGOSTINHO; BAPTISTA e DIAS, 2012, p.
128-129), em que eles descrevem esta rotina do serviço de Psicologia de um hospital-escola:
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1- Passar pelas salas da UTI-Neo, para verificar quem são os bebês internados e se houve modificação na 
quantidade de aparelhagem de monitoração deles;
2- Contatar a equipe de saúde (médicos e equipe de enfermagem), com o objetivo de: Verificar o nascimentode 
novos bebês;
Verificar as percepções da equipe em relação ao estado psicológico dos pais (ex.: se houve interesse dos pais em
saber o diagnóstico, se mostram desejo de contatar o bebê etc.);
Obter informação do diagnóstico atual e do prognóstico dos recém-nascidos;
3- Iniciar o preenchimento de dados da ficha de avaliação psicológica, através do prontuário do recém-nascido 
(ex.: dados de identificação dos pais, história gestacional, diagnóstico do bebê, entre outros);
4- Contato com a mãe do bebê hospitalizado, visando: 
Apresentação do psicólogo e do Serviço de Psicologia como parte do atendimento interdisciplinar da UTI-Neo;· 
Coleta dos dados para completar as informações da ficha de avaliação;· 
Avaliação sobre a compreensão da mãe em relação ao motivo da internação;· 
Avaliação das reações psicológicas frente à hospitalização do recém-nascido (ex.: choro, apatia, sono,· 
alimentação, comunicação, contato pessoal, apoio familiar, medo, expectativas positivas e negativas dos pais
etc.);
5- Acompanhamento da mãe à UTI-Neo, com o objetivo de: 
Verificar e avaliar se existem comportamentos de olhar e tocar o RN, bem como de falar com ele;· 
Orientar a mãe na manutenção com o bebê, principalmente tocando, falando e visitando-o. Dar informações de· 
como se deve ordenhar o leite e, quando possível, amamentar o bebê;
Informar e orientar sobre a rotina da UTI-Neo;· 
6- Discussão de caso com a equipe de saúde, visando ao parecer psicológico, com o objetivo de fornecer 
informações de como lidar com a mãe e familiares;
7- Acompanhamento diário da mãe, durante a permanência do RN na UTI-Neo; 
8- Trabalho conjunto com a Assistência Social, quando necessário, referente aos aspectos psicossociais (ex.: falta 
de recursos financeiros da família para transporte, alimentação e manutenção medicamentosa do RN, entre
outros).
Saiba mais
Assista ao vídeo: Série mãe especial - a luta das mães que têm filhos na UTI Neonatal
Disponível Acesso em 7 mar. 2013.aqui
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Dica de leitura:
• BITENCOURT, A. G. V.; et al. Análise de estressores para o paciente em Unidade de Terapia Intensiva. 
Rev. Bras. Ter. Intensiva, São Paulo, v. 19, n. 1, mar. 2007.
• COSTA, Roberta; PADILHA, Maria Itayra. Saberes e práticas no cuidado ao recém-nascido em terapia 
intensiva em Florianópolis (década de 1980).
• MORENO, Regina Lúcia Ribeiro; JORGE, Maria Salete Bessa; MOREIRA, Rui Verlaine de Oliveira. 
Vivências maternais em unidade de terapia intensiva: um olhar fenomenológico. Rev. Bras. Enferm. 
Brasília, v. 56, n. 3, jun. 2003.
• SOUZA, Kátia Maria Oliveira de; FERREIRA, Suely Deslandes. Assistência humanizada em UTI neonatal: 
os sentidos e as limitações identificadas pelos profissionais de saúde. Ciênc. Saúde Coletiva, Rio de 
Janeiro, v. 15, n. 2, mar. 2010.
• VENTURA, Claudiane Maria Urbano; ALVES, João Guilherme Bezerra; MENESES, Jucille do Amaral. 
Eventos adversos em Unidade de Terapia Intensiva Neonatal. Rev. Bras. Enferm. Brasília, v. 65, n. 1, fev. 
2012 .
CONCLUSÃO
Nesta aula, você:
• Entendeu o que é uma Unidade de Terapia Intensiva – Neonatal;
• Entendeu como é o espaço físico da UTI, bem com os principais tipos de diagnósticos que são recebidos 
nesta unidade;
• Conheceu a composição e o papel dos profissionais que compõem o quadro dentro de uma UTI – Neo;
• Identificou o papel do psicólogo junto ao paciente, aos familiares e à equipe de saúde.
Referências
BAPTISTA, A. S. D.; et al. A atuação do psicólogo em Unidade de Terapia Intensiva Neonatal – UTI-NEO. In:
BAPTISTA, M. N.; DIAS, R. R. (org.) Psicologia Hospitalar: teoria, aplicações e casos clínicos. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2012 (p. 121-138).
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