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Economia, Teoria e Politica

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Economia
Teoria e Política
F r a n c i s c o M O C H Ó N 
Revisão Técnica e Adaptação
CARLOS ROBERTO MARTINS PASSOS 
Tradução da 
5a edição
Visite nosso site:
www.mcgraw-hill.com.br
Economia: Teoria e Política colabora com o professor na tarefa de apresentar ao aluno a forma de raciocinar própria 
da Economia ao oferecer uma introdução clara e rigorosa dos princípios da Economia moderna. Para despertar o 
interesse desse aluno que entra em contato pela primeira vez com a Economia e abordar de forma intuitiva os 
conceitos econômicos, o autor recorre a exemplos e aplicações, evitando, na medida do possível, os argumentos 
baseados na teoria econômica formal.
Revisada e adaptada pelo Professor e Economista Carlos Roberto Martins Passos, a obra de Francisco Mochón 
destaca-se pelas seguintes características:
Inserções ao longo do texto e novos apêndices no final dos capítulos tornam o livro mais próximo da realidade 
brasileira.
Texto agradável, de fácil leitura e compreensão, faz uma abordagem de todos os conceitos que um estudante 
de Economia deve conhecer, mas de uma forma relativamente concisa.
Problemas de caráter econômico são apresentados tanto no nível do Estado, como no das atividades 
profissionais e empresariais, e até mesmo na vida cotidiana.
Gráficos, quadros, figuras e notas complementares ilustram e enriquecem o conteúdo estudado.
Aplicações
Livro-texto para as disciplinas Introdução à Economia e Teoria Econômica dos cursos de graduação em Economia 
e Administração. Recomendado também para economistas e administradores que desejem atualizar seus 
conhecimentos na área.
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Economia: Teoria e Política
MOCHÓN 
 
5
a edição
Francisco MOCHÓN MORCILLO
Catedrático de Teoria Econômica
Facultad de Ciencias Económicas
Universidad Nacional de Educación a Distancia
Tradução
Fátima Conceição Murad
Leila de Barros
Sheila Clara Dystyler Ladeira
Revisão Técnica e Adaptação
Carlos Roberto Martins Passos
Economista com graduação e pós-graduação pela 
Universidade de São Paulo – USP 
Lecionou nos cursos de graduação da PUC/SP, FMU e UNIP, 
na pós-graduação da FASP e da Faculdade São Luís, e no MBA
em Finanças do Ibmec e no IbmesLaw, do Ibmec Educacional
Bangcoc Beijing Bogotá Caracas Cidade do México 
Cingapura Londres Madri Milão Montreal Nova Delhi Nova York
Santiago São Paulo Seul Sydney Taipé Toronto
ECONOMIA
TEORIA E POLÍTICA
Tradução da 5a Edição Espanhola
472 - CAPÍTULO 20 - AS POLÍTICAS MACROECONÔMICAS NOS MODELOS CLÁSSICO, KEYNESIANO E DA SÍNTESE
Alguns esclarecimentos à explicação monetarista
Embora a quase totalidade dos economistas aceite a re-
lação entre infl ação e quantidade de moeda e tome como 
referência a teoria quantitativa para explicar os determi-
nantes no longo prazo do nível de preços e da taxa de 
infl ação, vale assinalar que não é apenas para fazer fren-
te às transações que se demanda moeda, mas a moeda é 
demandada também como ativo (ver Capítulos 15 e 16). 
Nesse caso, a demanda de moeda, em certas circunstân-
cias, pode absorver os aumentos da oferta monetária sem 
que se produzam necessariamente alterações de preços. 
Considere-se também que a velocidade de circulação da 
moeda não é constante (ver Capítulo 16), de forma que a 
relação entre oferta monetária e nível de preços no curto 
prazo não é tão direta como defendem os monetaristas, 
rechaçando, portanto, a neutralidade clássica do dinhei-
ro. A validade da hipótese monetarista limita-se ao longo 
prazo e somente sob certas suposições.
20.4 Os efeitos da infl ação
A infl ação tem custos reais que dependem de dois fato-
res: de que a infl ação seja esperada ou não, e de que a 
economia tenha ajustado suas instituições para enfren-
19 Na realidade, a velocidade de circulação da moeda não é constante. A rela-
ção PIB/moeda depende, em primeiro lugar, das taxas de juros e da dispo-
nibilidade de alternativas à manutenção de moeda. Assim, quando as taxas 
de juros são elevadas e as economias domésticas podem ter bons substitutos 
da moeda, a velocidade tenderá a ser maior que em uma economia em que 
não há substitutos próximos da moeda. A velocidade de circulação também 
depende do nível de preços. Dessa forma, a velocidade de circulação é alta 
nas situações em que o público tem pouca moeda em relação à sua renda. 
Isso ocorre quando o custo de oportunidade de ter moeda é elevado, como 
ocorre em um país com alta taxa de infl ação. Um terceiro fator que infl ui na 
velocidade de circulação da moeda é a renda real. Quando aumenta a renda 
real, a velocidade de circulação tende a subir.
esaito
Retângulo
ECONOMIA: TEORIA E POLÍTICA - 473
tá-la (incorporando a infl ação aos contratos de trabalho e 
arrendamento de capital e revendo os efeitos do sistema 
fi scal diante de uma situação infl acionária).
20.4.1 A infl ação esperada
No contexto de uma economia fechada, quando a infl a-
ção é esperada e as instituições passaram por adaptações 
para compensar seus efeitos, os custos da infl ação são de 
apenas dois tipos. Os primeiros, denominados custos de 
“sola de sapatos”, decorrem do incômodo de precisar ir 
com muita freqüência às instituições fi nanceiras para sacar 
dinheiro e poder ajustar os saldos reais desejados à per-
da de poder aquisitivo da moeda provocada pela alta de 
preços. O outro tipo de custos decorre da necessidade de 
mudar os preços constantemente, o que implica alterar as 
listas de preços e os menus e, por isso, são conhecidos ge-
nericamente como custos de “menu”.
Os custos de sola de sapatos são os recursos 
desperdiçados quando a infl ação estimula os indivíduos a reduzir 
a manutenção em mãos de moeda. Os custos de menu são os 
custos de modifi car os preços.
Quando as instituições não conseguem ajustar seu com-
portamento à infl ação, surgem custos adicionais, mesmo 
que a infl ação seja esperada, e eles decorrem fundamental-
mente das distorções fi scais.
A infl ação esperada e os impostos
Com a infl ação, há uma mudança das faixas tributárias na 
medida em que aumenta a proporção de impostos que se pa-
gam por uma quantia dada de renda real. Essa mudança não 
afetaria os contribuintes se os impostos representassem uma 
proporção constante da renda nominal, pois, nesse caso, eles 
pagariam em impostos a mesma proporção de sua renda. 
Porém, visto que a proporção dos impostos tende a aumentar 
com o nível de renda nominal, a infl ação, ao elevar a renda 
nominal, mas não a renda real, faz que os impostos aumen-
tem. É o que se conhece como o imposto da infl ação.
O imposto da infl ação é como um imposto sobre todas as 
pessoas que têm dinheiro.
Os impostos sobre a renda procedente do capital tam-
bém são uma fonte de problemas, já que parte dos ganhos 
de capital — isto é, a apreciação dos ativos — se deve à 
infl ação e não são realmente ganhos de capital.
A infl ação esperada e as taxas de juros
Durante os períodos infl acionários, os prestamistas exi-
gem uma compensação pela depreciação do poder aqui-
sitivo da moeda que emprestam. Portanto, a taxa de juros 
nominal ou taxa de mercado tende a levar consigo uma 
quantidade extra de moeda de modo a compensar a perda 
de poder aquisitivo da quantia emprestada. Essa quantia 
N o t a C o m p l e m e n t a r 2 0 . 3 - O p a p e l d a m o e d a n a e c o n o m i a s e g u n d o o s m o n e t a r i s t a s e o s k e y n e s i a n o s
Monetaristas
1. A função demanda de moeda é muito estável. As mudanças na 
quantidade de moeda são o fator-chave para explicar a evolu-
ção da demanda agregada.
2. No longo prazo, o produto nacional tende ao nível potencial, 
de forma que uma alteração na quantidade de moeda recairá 
sobre os preços e não sobre o produto real. O crescimento da 
quantidade de moeda determina a taxa de infl ação no longo 
prazo.
3. A dicotomia entre as variáveis reais e nominais é algo cer-
to, pois mudanças na quantidade de moeda não afetam as 
variáveis reais. A moeda é neutra. 
4. A oferta de moedaé exógena: as mudanças na quantidade de 
moeda infl uem principalmente nos preços e estes são pouco 
infl uenciados por outras variáveis.
5. Toda política fi scal que não seja acompanhada de uma mu-
dança na quantidade de moeda somente deslocará a iniciativa 
privada, mas não terá efeitos apreciáveis sobre a atividade 
econômica real.
Keynesianos
1. A demanda de moeda não é muito estável (pelo motivo espe-
culação). Por essa razão, a velocidade de circulação não pode 
ser considerada constante, e a incidência da quantidade de 
moeda sobre a demanda não é direta.
2. A economia no curto prazo normalmente não tende a situar-
se em uma posição próxima ao pleno emprego. Isso justifi ca 
apelar à política fi scal para intervir na atividade econômica.
3. A dicotomia clássica entre variáveis reais e variáveis nomi-
nais nem sempre se cumpre. A moeda não é neutra no curto 
prazo.
4. A quantidade de moeda é endógena: depende do comporta-
mento das demais variáveis econômicas, e as autoridades aco-
modam seu crescimento à atividade econômica. A quantidade 
de moeda infl ui em outras variáveis e estas, por sua vez, na 
quantidade de moeda. Por isso, a moeda não é neutra.
5. Dada a instabilidade da velocidade de circulação da moeda, 
a política monetária não é um instrumentos útil, sobretudo 
quando se pretende tirar a economia de uma depressão. Já a 
política fi scal terá um efeito líquido sobre a atividade, pois o 
efeito-deslocamento não é apreciável.
474 - CAPÍTULO 20 - AS POLÍTICAS MACROECONÔMICAS NOS MODELOS CLÁSSICO, KEYNESIANO E DA SÍNTESE
extra é igual à taxa de infl ação esperada. Esta é a chamada 
equação de Fisher.
Taxa de juros
nominal =
Taxa de juros
real –
Taxa de
infl ação [20.2]
A equação de Fisher estabelece que um aumento da infl ação 
se refl ete de forma total nas taxas de juros nominais.
Com a renda gerada pelos juros ocorre o mesmo pro-
blema já apontado para a renda procedente do capital. 
Assim, suponhamos que, ao longo de um ano, os preços 
aumentem 10% e que a taxa de juros nominal se eleve na 
mesma porcentagem, de modo que a taxa de juros real 
(taxa de juros real = taxa de juros nominal – taxa de in-
fl ação) não varia. Se o governo tribute a renda procedente 
dos juros nominais, digamos, por exemplo, com um taxa 
de 30%, leva-se em impostos 3% (0,30 . 10%) da prime 
de infl ação. Em outras palavras, a taxa de juros real rece-
bida pelas prestamistas, depois de deduzidos os impostos, 
se reduz em 3%, e com isso, mais uma vez, as receitas do 
Estado aumentam graças à infl ação, nesse caso, à custa 
dos prestamistas. 
20.4.2 A infl ação não-esperada 
Os efeitos da infl ação não-esperada sobre o sistema eco-
nômico podem ser classifi cados em dois grandes grupos: 
efeitos sobre a distribuição da renda e sobre a riqueza e 
efeitos sobre a alocação dos recursos produtivos. Além 
disso, vamos tratar dos efeitos da infl ação sobre a produ-
ção e o emprego.
Efeitos sobre a distribuição da renda
Os efeitos da infl ação sobre a distribuição da renda 
e sobre a riqueza são os mais visíveis e os que mais se 
destacam.
A infl ação prejudica os indivíduos que recebem ren-
das fi xas em termos nominais e, em geral, os que recebem 
rendas que crescem menos que a infl ação. Um exemplo 
típico desses grupos costumam ser os aposentados e os 
pensionistas.
É comum também se afi rmar que a infl ação favore-
ce os devedores nominais e prejudica os credores em 
termos monetários. Os credores acertam empréstimos 
em termos monetários, no sentido de que o devedor se 
compromete a devolver uma quantidade fi xa de moe-
da por período. Se o pagamento é feito mediante uma 
quantidade fi xa em termos monetários em uma situação 
infl acionária, o valor dessa soma decresce. Dado que 
os contratos de empréstimos costumam ser negociados 
para um período de vários anos, se o credor não conse-
guir elevar a taxa de juros monetária, seu rendimento 
real se reduzirá.
Além disso, como já salientamos, a infl ação benefi cia 
o Estado, de um lado, porque as distorções fi scais fazem 
que aumentem os impostos e, de outro, porque boa parte 
de seus gastos em termos reais costuma decrescer. Isso se 
deve a que uma parte dos juros e a amortização dos títulos 
da dívida pública vêm especifi cadas em termos monetá-
rios, e o resultado é que o custo da dívida em termos reais 
se reduz à custa das receitas reais dos detentores desses 
títulos. Desse modo, o setor público é claramente benefi -
ciado pela infl ação.
Vale ainda comentar os efeitos da infl ação sobre a ri-
queza e sua distribuição. Dado que a infl ação supõe uma 
redução no valor da moeda, isso signifi cará uma redução 
do valor real das poupanças e afetará os agentes econômi-
cos em função da proporção da riqueza que estes mante-
nham em moeda e em ativos de valor nominal fi xo.
Efeitos sobre a atividade econômica
A infl ação também terá efeitos perturbadores sobre a 
atividade econômica ao alterar a estrutura de preços re-
lativos, pois, como é lógico, nem todos os preços abso-
lutos aumentam por igual. Dado que os preços relativos 
são os sinais que orientam o funcionamento do mercado, 
uma alteração de sua estrutura implica uma perturbação 
na alocação de recursos na medida em que a informação 
é difi cultada.
A infl ação, ao alterar a estrutura dos preços relativos, tem 
efeitos perturbadores sobre a atividade econômica.
A origem do problema costuma residir em que certos 
responsáveis por atividades que não encontram demanda 
sufi ciente para seus produtos pressionam para que os pre-
ços sejam superiores aos custos de produção, pois só as-
sim poderão cobrir seus custos reais e continuar produzin-
do. Essa pressão ocorrerá independentemente das pressões 
infl acionárias. É comum que, no contexto de um processo 
infl acionário, os preços de certos bens e serviços tenham 
aumentos que não respondem a tensões pelo lado da de-
manda, mas sim à capacidade de determinadas empresas 
para fi xar os preços, em razão da existência de situações 
não competitivas. Nesses casos, a infl ação será, na verda-
de, a desculpa que permite ao empresário encobrir sua ine-
fi ciência ou a falta de demanda para seu produto.
ECONOMIA: TEORIA E POLÍTICA - 475
A validação desses pedidos, por meio de políticas artifi -
ciais de demanda e preços “administrados”, contribuiu para 
causar sérias distorções no sistema produtivo, pois se pro-
duziram bens e serviços que não teriam sido viáveis econo-
micamente sem essa determinada porcentagem acima do 
custo marginal. Ao contrário, outros bens e serviços, talvez 
até mais necessários socialmente, não foram elaborados 
porque os fatores produtivos não tiveram motivação para 
buscar novas colocações, fazendo que as defasagens entre 
a oferta e a demanda sejam cada vez mais profundas.
De todo modo, os efeitos mais signifi cativos da infl a-
ção em termos da atividade econômica, isto é, a produção 
e o emprego, fi cam evidentes quando se adota uma pers-
pectiva internacional.
Os países que apresentam taxas de infl ação maiores 
verão seus produtos perderem competitividade, o que in-
cidirá negativamente sobre suas exportações.
A incerteza
A incerteza gerada pelos processos infl acionários foi des-
tacada como um elemento negativo que afeta a produção. 
Em particular, tem-se assinalado que a incerteza decorrente 
da infl ação difi culta os controles e os cálculos de retornos 
dos investimentos. Dessa maneira, o investimento se res-
sente, o que faz que a acumulação de capital e, paralela-
mente, a produtividade sejam seriamente afetadas.
A incerteza se manifesta nos cálculos de investimentos 
em termos de uma quantia extra de moeda para compensar 
riscos mais altos, e impede que um pacote normal de proje-
tos de capital satisfaça os critérios fi nanceiros aceitáveis. O 
défi cit em investimentos se concentrará em investimentos 
no longo prazo, já que esse tipo de investimento é mais 
sensível à incerteza e à instabilidade associada à infl ação.
A incerteza ligada aos processos infl acionários incide 
negativamentesobre a produção e sobre o crescimento ao elevar 
a quantia adicional de moeda para compensar o risco.
20.4.3 Os agentes econômicos e a luta contra a 
infl ação
A persistência da infl ação faz que esta seja prevista com 
maior ou menor acerto pelos agentes econômicos, fazen-
do que estes a incorporem ao seu comportamento para 
defender-se de seus efeitos adversos.
A infl ação e o mercado de trabalho
Comecemos pelos trabalhadores. O trabalhador, ao aceitar 
determinado salário, não pensa unicamente em termos de 
salário nominal, mas também no salário real que espera 
obter, o qual, logicamente, dependerá da taxa de infl ação 
prevista. Se os trabalhadores aceitam determinado salário 
nominal e os preços aumentam, o poder aquisitivo se re-
duzirá. Porém, se os trabalhadores não padecem de ilusão 
monetária e prevêem que os preços vão subir, pressiona-
rão para elevar seu salário nominal, de modo que o poder 
aquisitivo deste não se reduza.
Nesse sentido, os aumentos salariais em termos nomi-
nais são uma tentativa de defesa por parte dos trabalha-
dores diante da perda de poder aquisitivo provocada pela 
infl ação, e essa atitude defensiva constitui a base da espiral 
preço-salários analisada anteriormente. Do mesmo modo, 
se as empresas souberem que os custos de produção se ele-
varão em decorrência dos aumentos salariais, vão procurar 
se defender, elevando novamente os preços.
A infl ação e o mercado fi nanceiro
Não só no mercado de trabalho se prevê a infl ação e se 
adotam medidas defensivas, como também no mercado 
fi nanceiro. Assim, como já dissemos (Equação [20.2]), os 
prestamistas não se preocupam apenas com a devolução 
do principal acrescido dos juros, mas igualmente com o 
valor real das quantidades a receber. Por isso, tratarão de 
impor uma taxa de juros real que seja igual à taxa de juros 
nominal, menos a taxa de infl ação esperada.
Do mesmo modo, a infl ação prevista induz o público a 
alterar a composição de sua disponibilidade tanto de moeda, 
quanto de títulos, obrigações e outros bens. Alguns des-
ses ativos protegem seus proprietários contra a infl ação 
e outros não. Por esse motivo, quando se esperam fortes 
tensões infl acionárias, aumenta a demanda de ativos imu-
nes à infl ação e diminui a demanda dos que podem ser 
afetados negativamente por ela.
Em termos mais gerais, devemos assinalar que em países 
com fortes e longos períodos de infl ação, costuma haver 
um deslocamento de ativos fi nanceiros para ativos físi-
cos. Os ativos físicos geralmente mantêm seu valor com 
relação a outros bens. Por essa razão, é comum que em 
épocas de infl ação as poupanças sejam investidas em ati-
vos, tais como casas, terrenos ou metais preciosos, o que 
faz que a demanda desse tipo de ativos se eleve e, conse-
qüentemente, seu preço aumente. Além disso, é comum 
ter parte da liquidez em divisas de países com moedas 
estáveis. Nesse sentido, o dólar, o euro e o iene costumam 
atuar como moedas-refúgio.
As políticas de estabilização
À luz da análise das teorias explicativas da infl ação e da 
própria evidência empírica, a fórmula comumente ado-
476 - CAPÍTULO 20 - AS POLÍTICAS MACROECONÔMICAS NOS MODELOS CLÁSSICO, KEYNESIANO E DA SÍNTESE
tada para combater as tensões infl acionárias consiste em 
executar políticas contracionistas de demanda e de custo, 
tanto monetaristas quanto fi scais. De todo modo, no lon-
go prazo, a chave para combater a infl ação está em con-
trolar o crescimento da quantidade de moeda e vinculá-la 
às necessidades da atividade produtiva da economia.
Por sua vez, para tentar combater a infl ação, os gover-
nos às vezes utilizam políticas de rendas a fi m de infl uir 
diretamente nos salários e nos preços. Assim, o governo 
pode facilitar acordos com os sindicatos e com os em-
presários para moderar o crescimento dos salários e dos 
preços.
Às vezes, os governos aprovam medidas legislativas 
que procuram controlar os salários e os preços. Essas leis 
são chamadas controles de preços e salários; seu obje-
tivo é regular e limitar os preços e os salários que as em-
presas podem pagar.
A incerteza ligada aos processos infl acionários incide 
negativamente sobre a produção e sobre o crescimento ao elevar 
a quantia adicional de moeda para compensar o risco.
A indexação
A alternativa para enfrentar a infl ação consiste em tentar 
aprender a conviver com ela, em particular, procurando 
ajustar totalmente as instituições da economia à infl ação. 
Nesse sentido, conviver com a infl ação signifi ca introdu-
zir a indexação de forma generalizada, tanto nos contra-
tos como na fi xação dos preços. Mediante a indexação, 
todos os pagamentos seriam ajustados automaticamente 
aos efeitos da infl ação.
Na prática, a indexação traz problemas, pois há defa-
sagens entre o momento em que os preços variam e o mo-
mento em que todos os pagamentos podem ser ajustados. 
Além disso, os desajustes fi scais, como já dissemos, são 
difíceis de evitar.
A indexação também apresenta o inconveniente de 
que quando os agentes se habituam a conviver com a in-
fl ação, sofre-se um viés infl acionário e se começa a acre-
ditar que a taxa de infl ação pode aumentar sem que isso 
traga maiores conseqüências. Contudo, dados os “custos 
de sola de sapatos” e os “custos de menu”, e considerando 
que os ajustes da indexação são sempre imperfeitos, os 
custos de uma infl ação alta seriam elevados. Basta pensar 
nos processos infl acionários experimentados no Brasil, 
Argentina ou Israel. Além disso, há o perigo de se gerar 
um processo de infl ação progressiva que conduza a um 
período de hiperinfl ação (ver Nota Complementar 20.4).
Conseqüentemente, em algum momento será preciso 
lutar contra a infl ação e, dessa perspectiva, argumenta-se 
que vale mais lutar hoje que no futuro, quando a taxa de 
infl ação e os custos que isso acarreta forem maiores.
Quando adotamos uma perspectiva internacional, a con-
veniência de combater a infl ação para evitar as perdas de 
competitividade (ou a necessidade de recorrer sistema-
ticamente à desvalorização da moeda nacional) torna-se 
ainda mais evidente. Nesse sentido, a luta contra a in-
fl ação deve contemplar uma política monetária restritiva, 
que contribua para quebrar as expectativas infl acionárias, 
acompanhada de uma política fi scal austera que reduza o 
défi cit público.
N o t a C o m p l e m e n t a r 2 0 . 4 - A h i p e r i n f l a ç ã o e a d e f l a ç ã o
A hiperinfl ação 
Uma economia é afetada por um período de hiperinfl ação quan-
do os preços crescem a taxas superiores a 50% ao mês. Quando 
isso ocorre, os indivíduos tratam de se livrar da moeda líquida de 
que dispõem antes que os preços cresçam mais e façam que o di-
nheiro perca mais valor ainda. Esse fenômeno é conhecido como 
fuga da moeda, e consiste na redução dos saldos reais que os 
indivíduos possuem, pois a infl ação encarece a posse de moeda. 
 As hiperinfl ações são excepcionais e extremas. Comumente, 
aparecem associadas a confl itos políticos, a guerras e suas seqüe-
las ou a revoluções sociais.
 Ao longo da história, surgiram diversos períodos de hiperin-
fl ação, e o caso mais conhecido é o da Alemanha no período 
posterior à Primeira Guerra Mundial (1922–1923). Basta um 
único dado para indicar a intensidade da hiperinfl ação: no mês 
de outubro de 1923, os preços cresceram 29.720%.
Uma hiperinfl ação desse tipo desorganiza a produção e os mer-
cados, e redistribui de forma considerável a renda e a riqueza.
A defl ação
A defl ação ocorre quando a taxa de infl ação é negativa. Nesse 
sentido, o contrário da infl ação é a defl ação e ela ocorre quando 
o nível geral de preços está caindo. Trata-se de um fenômeno 
relativamente pouco freqüente.
 As defl ações prolongadas, nas quais os preços se reduzem 
de forma ininterrupta durante vários anos, estão associadas a pe-
ríodos de depressão, como a década de 1930 ou a de 1890. Mais 
recentemente, o Japão iniciou uma defl ação em fi nais da década 
de 1990, período em que sua economia sofreuuma recessão pro-
longada, da qual ainda não saiu totalmente.

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