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1 FACULDADE ÚNICA DE IPATINGA 2 PRÁTICA PEDAGÓGICA INTERDISCIPLINAR: TRANSTORNOS GLOBAIS DO DESENVOLVIMENTO DO DESENVOLVIMENTO 1ª edição Ipatinga – MG 2022 3 FACULDADE ÚNICA EDITORIAL Diretor Geral: Valdir Henrique Valério Diretor Executivo: William José Ferreira Ger. do Núcleo de Educação a Distância: Cristiane Lelis dos Santos Coord. Pedag. da Equipe Multidisciplinar: Gilvânia Barcelos Dias Teixeira Revisão Gramatical e Ortográfica: Izabel Cristina da Costa Revisão/Diagramação/Estruturação: Bruna Luiza Mendes Leite Fernanda Cristine Barbosa Guilherme Prado Salles Lívia Batista Rodrigues Design: Bárbara Carla Amorim O. Silva Élen Cristina Teixeira Oliveira Maria Eliza Perboyre Campos © 2021, Faculdade Única. Este livro ou parte dele não podem ser reproduzidos por qualquer meio sem Autorização escrita do Editor. Ficha catalográfica elaborada pela bibliotecária Melina Lacerda Vaz CRB – 6/2920. NEaD – Núcleo de Educação a Distância FACULDADE ÚNICA Rua Salermo, 299 Anexo 03 – Bairro Bethânia – CEP: 35164-779 – Ipatinga/MG Tel (31) 2109 -2300 – 0800 724 2300 www.faculdadeunica.com.br 4 Menu de Ícones Com o intuito de facilitar o seu estudo e uma melhor compreensão do conteúdo aplicado ao longo do livro didático, você irá encontrar ícones ao lado dos textos.Eles são para chamar a sua atenção para determinado trecho do conteúdo, cada um com uma função específica, mostradas a seguir: São sugestões de links para vídeos, documentos científicos (artigos, monografias, dissertações e teses), sites ou links das Bibliotecas Virtuais (Minha Biblioteca e Biblioteca Pearson) relacionados com o conteúdo abordado. Trata-se dos conceitos, definições ou afirmações importantes nas quais você deve ter um maior grau de atenção! São exercícios de fixação do conteúdo abordado em cada unidade do livro. São para o esclarecimento do significado de determinados termos/palavras mostradas ao longo do livro. Este espaço é destinado para a reflexão sobre questões citadas em cada unidade, associando-o a suas ações, seja no ambiente profissional ou em seu cotidiano. 5 SUMÁRIO INTRODUÇÃO AOS TRANSTORNOS E DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM ................................................................................................................... 7 1.1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 7 1.2 RECURSOS DE ENSINO.......................................................................................... 11 FIXANDO O CONTEÚDO ...................................................................................... 14 OS FATORES INTRA E EXTRAESCOLARES ASSOCIADOS ÀS DIFICULDADES E AOS TRANSTORNOS DE APRENDIZAGEM .............. 19 2.1 FATORES INTRAESCOLARES ASSOCIADOS ÀS DIFICULDADES E OS TRANSTORNOS DE APRENDIZAGEM..................................................................... 20 2.2 FATORES EXTRAESCOLARES ASSOCIADOS ÀS DIFICULDADES E OS TRANSTORNOS DE APRENDIZAGEM..................................................................... 21 2.3 A IMPORTÂNCIA DA RELAÇÃO DA FAMÍLIA E DA ESCOLA NAS DIFICULDADES E NOS TRANSTORNOS DE APRENDIZAGEM ......................................................... 22 FIXANDO O CONTEÚDO ...................................................................................... 27 OUTRAS CONDIÇÕES QUE PODEM INTERFERIR NA APRENDIZAGEM .............................................................................................................31 3.1 DEFICIÊNCIA VISUAL, AUDITIVA E MOTORA....................................................... 32 3.2 TRANSTORNO DE DÉFICIT DE ATENÇÃO COM HIPERATIVIDADE (TDAH)........... 34 3.3 SÍNDROME DE DOWN ........................................................................................... 37 3.4 TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA (TEA) ....................................................... 38 FIXANDO O CONTEÚDO ...................................................................................... 40 PRINCIPAIS TRANSTORNOS DA APRENDIZAGEM: TRANSTORNOS DA MATEMÁTICA, DA EXPRESSÃO ESCRITA E DA LEITURA.....................44 4.1 INTRODUÇÃO........................................................................................................ 44 4.2 ESPECIFICAÇÃO DE CADA TRANSTORNO DE APRENDIZAGEM......................... 46 4.3 QUADRO COMPARATIVO DOS TRANSTORNOS DE APRENDIZAGEM ................ 47 FIXANDO O CONTEÚDO ...................................................................................... 49 IMPACTOS PSICOSSOCIAIS DAS DIFICULDADES E DOS TRANSTORNOS DE APRENDIZAGEM...................................................53 5.1 INTRODUÇÃO........................................................................................................ 53 5.2 RESULTADOS E CONSEQUENCIAS DAS DIFICULDADES E DOS TRANSTORNOS DE APRENDIZAGEM.................................................................................................... 53 FIXANDO O CONTEÚDO ...................................................................................... 59 MODELOS DE INTERVENÇÃO NAS DIFICULDADES E NOS TRANSTORNOS DE APRENDIZAGEM ..................................................62 6.1 TRABALHANDO A AUTOESTIMA DO ESTUDANTE COM DIFICULDADE OU TRANSTORNO DE APRENDIZAGEM ...................................................................... 62 6.2 A RELAÇÃO DA ESCOLA E DA FAMÍLIA DO ESTUDANTE COM DIFICULDADE OU TRANSTORNO DE APRENDIZAGEM ...................................................................... 63 6.3 ESTIMULANDO O RECONHECIMENTO DA POTÊNCIA DOS ESTUDANTES PELOS PARES..................................................................................................................... 64 FIXANDO O CONTEÚDO ...................................................................................... 67 UNIDADE 01 UNIDADE 02 UNIDADE 03 UNIDADE 04 UNIDADE 05 UNIDADE 06 6 TRANSTORNOS GLOBAIS DO DESENVOLVIMENTO ...........................70 7.1 TRANSTORNOS GLOBAIS DE DESENVOLVIMENTO – TGDS.................................. 70 7.2 AUTISMO ............................................................................................................... 73 FIXANDO O CONTEÚDO ...................................................................................... 79 SÍNDROME DE RETT..............................................................................84 8.1 SÍNDROME DE RETT: BREVE HISTÓRICO................................................................ 84 8.2 SÍNDROME DE RETT: CONCEITO........................................................................... 86 8.3 CAUSAS................................................................................................................. 87 8.4 QUADRO CLÍNICO................................................................................................ 88 8.5 DIAGNÓSTICO CLÍNICO ...................................................................................... 89 8.6 APRENDIZAGEM.................................................................................................... 91 FIXANDO O CONTEÚDO ...................................................................................... 93 SÍNDROME DE ASPERGER ...................................................................98 9.1 SÍNDROME DE ASPERGER: BREVE HISTÓRICO ..................................................... 98 9.2 SÍNDROME DE ASPERGER: CONCEITO................................................................. 99 9.3 DIAGNÓSTICO .................................................................................................... 100 9.4 TEORIA DA MENTE............................................................................................... 103 FIXANDO O CONTEÚDO .................................................................................... 107 SÍNDROME DE HELLER ......................................................................112 10.1 TRANSTORNO DESINTEGRATIVO DA INFÂNCIA (HELLER): BREVE HISTÓRICO. 112 10.2 TRANSTORNODESINTEGRATIVO DA INFÂNCIA (HELLER): CONCEITO ............ 113 10.3 SINTOMAS ........................................................................................................... 114 FIXANDO O CONTEÚDO .................................................................................... 117 TRANSTORNO GLOBAL DO DESENVOLVIMENTO E A APRENDIZAGEM................................................................................123 11.1 DEFICIÊNCIA INTELECTUAL ................................................................................. 123 11.2 SÍNDROME DE DOWN ......................................................................................... 126 11.3 MICROCEFALIA................................................................................................... 127 11.4 SÍNDROME DE GUILLAIN-BARRÉ (SGB).............................................................. 128 FIXANDO O CONTEÚDO .................................................................................... 130 DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM ................................................133 12.1 AS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM.............................................................. 133 12.2 CONCEITO DE DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM .......................................... 133 12.3 DISGRAFIA E DISORTOGRAFIA........................................................................... 138 12.4 DISLEXIA .............................................................................................................. 141 12.5 DISCALCULIA ...................................................................................................... 143 FIXANDO O CONTEÚDO .................................................................................... 146 RESPOSTAS DO FIXANDO O CONTEÚDO.........................................151 REFERÊNCIAS......................................................................................... 153 UNIDADE 07 UNIDADE 08 UNIDADE 09 UNIDADE 10 6 UNIDADE 12 UNIDADE 11 7 INTRODUÇÃO AOS TRANSTORNOS E DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM 1.1 INTRODUÇÃO Neste livro serão tratados principalmente dois temas de extrema relevância para a educação escolar: as dificuldades e os transtornos de aprendizagem. O objetivo principal é compreender o porquê alguns estudantes têm dificuldade para aprender, aprendem menos do que o esperado ou, simplesmente, não aprendem o conteúdo escolar. A dificuldade para entender determinado conteúdo específico ou mesmo uma ou mais disciplinas pode ter diversas razões, como serão abordadas no próximo capítulo desse livro. De acordo Siqueira e Gurgel-Giannetti (2010), o mau desempenho na escola é “Um rendimento escolar abaixo do esperado para determinada idade, habilidades cognitivas e escolaridade” (p. 80). Ainda segundo os mesmos autores, no déficit de aprendizagem não há motivo orgânico, suas causas podem ser: por questões culturais, escolares, emocionais, decorrentes de dificuldades de ouvir e/ou enxergar, principalmente antes de detectados e tratados ou corrigidos, como o uso de óculos de grau ou de aparelho de audição, (SIQUEIRA; GURGEL-GIANNETTI, 2010). São possíveis consequências do mau rendimento escolar: problemas emocionais (como baixa autoestima e desmotivação), abandono escolar, preocupações familiares e dificuldade de aprendizagem, dentre outros. Já o transtorno de aprendizagens “Relaciona-se com problemas na aquisição e desenvolvimento de funções cerebrais envolvidas no ato de aprender.” (SIQUEIRA; GURGEL-GIANNETTI, 2010, p. 80). Ainda de acordo com esses autores, os transtornos de aprendizagem acometem de 5% a 17% da população e podem perdurar por toda vida do indivíduo. Conforme será abordado mais adiante, sua classificação ocorre de acordo com a área educacional afetada: transtornos da matemática, da expressão escrita e da leitura. UNIDADE 01 8 Um ponto que deve ficar evidente é que profissionais de educação, como professoras e pedagogas, não podem realizar nenhum tipo de diagnóstico de transtornos de aprendizagens, pois não têm formação para tal. Caso constatem que o estudante apresenta algum sinal que chamou a atenção, é importante que acionem a coordenação escolar e a família para encaminhá-lo para a profissional capacitada, como psicóloga, pediatra ou terapeuta ocupacional, para a realização da avaliação necessária, seguindo os padrões de cientificidade necessários nesses casos e, concomitante à avaliação e possível tratamento, ocorra também o serviço de apoio escolar. Outro ponto relevante a ser elucidado é a questão da diversidade: todas as pessoas são diferentes, têm a sua singularidade, com os adultos é assim e com as crianças também. Tem criança que prefere sorvete de flocos, outra de creme, algumas gostam de brincar de carrinho, outras de faz de conta. Aceitando essas diferenças entre as preferências, é preciso considerá-las também no processo de ensino-aprendizagem: os estudantes têm ritmos e modos de aprendizagem diferentes, alguns são mais rápidos na compreensão de problemas matemáticos, outros na resolução de questões de português. Um aluno que demora um pouco mais para aprender, não necessariamente tem uma dificuldade ou um transtorno de aprendizagem. 9 Entre adultos, é comum, por exemplo, na faculdade, que alguns estudantes gravem as aulas, pois aprendem mais escutando, outros preferem fazer anotações, têm aqueles que gostam de estudar em grupo, pois se beneficiam das trocas com os colegas e, o oposto, há aqueles que só conseguem aprender em silêncio total, preferencialmente, sozinhos. Mas, geralmente, não há essa liberdade nas escolas. Apesar disso, essas diferenças precisam ser respeitadas, principalmente na instituição escolar e desde os anos iniciais da escolarização. E esse é um grande desafio, afinal, as escolas e professoras precisam seguir um plano de aula e, muitas vezes, alguns estudantes não conseguem acompanhar as atividades propostas, o dilema então é: “Parar e compreender o motivo de ele não estar assimilando o assunto abordado, para poder intervir, correndo o risco de atrasar a matéria para toda a turma, ou seguir em frente e conseguir ‘vencer’ o conteúdo?”. Quanto mais a professora conhecer as suas turmas, mais fácil vai ser identificar o perfil de cada aluno, como cada um aprende. Mas esse também é um desafio, especialmente em turmas muito grandes, por isso, é importante que a educadora tenha consciência de que seu papel não é simplesmente “passar matéria” ou depositar conteúdo na cabeça dos alunos, como na educação bancária, criticada por Freire (1997), mas é também conhecer os estudantes e reconhecê-los como sujeitos. Para que a educação deixe de ser bancária e passe a ser libertadora, Freire (1997) propõe que ela seja dialógica, que haja um reconhecimento da humanidade da educadora e das educandas, é importante que o processo de ensinar e de aprender seja baseado na crença das pessoas: de que elas têm uma história que precisa ser considerada e respeitada dentro da escola e de que elas são capazes de aprender (FREIRE, 1997). Apesar de o pensamento Freireano ser comumente utilizado para tratar das desigualdades sociais, é possível utilizá-lo como uma contribuição para analisar o 10 caso de estudantes que não aprendem como o esperado, seja por possuírem dificuldades ou transtornos de aprendizagem. Na educação bancária (FREIRE,1997), o conteúdo é “passado” para todos os alunos da mesma maneira, foca-se na igualdade, em tratar todos como iguais. Suas singularidades não são consideradas, assim como suas histórias de vida, seus interesses, suas potencialidades e sua forma de aprender. No processo educativo, o importante é buscar a equidade, que é uma forma de diminuir (ou mesmo acabar com) as desigualdades na aprendizagem, que são geradas por diversos fatores sociais, psicológicos ou biológicos. Abaixo apresentamos uma charge que ajuda a compreender a diferença entre igualdade e equidade: Figura 1: Charge igualdade e equidade Fonte:Disponível em: https://bit.ly/3OaLDoV. Acesso em: 15 mar. 2022. 11 Se todos os estudantes não aprendem de maneira igual (assim como não possuem a mesma altura, como na charge acima), não é possível oferecer as mesmas ferramentas para todos. Por exemplo, o uso das mãos para auxiliar as atividades com números pode ser benéfica para alguns alunos, mas, para outros, o melhor seria usar fichas com desenho das quantidades ou até mesmo cantar uma música sobre os números (fazendo os números com as mãos, se fosse necessário). 1.2 RECURSOS DE ENSINO Abaixo são apresentados exemplos de diferentes ferramentas que podem ser utilizadas na aprendizagem de letras: - Fichas: As fichas auxiliam as crianças a relacionarem as imagens, às letras e às palavras, dependendo do que está sendo ensinado. Figura 2: Ficha palavras e desenhos: letra A Fonte: Disponível em: https://bit.ly/3MSD29j. Acesso em: 15 mar. 2021. - Música: A música é um instrumento muito difundido na escolarização, além de ser dinâmica e possibilitar que os estudantes cantem e dancem (dependendo do objetivo da atividade), ela pode facilitar a aprendizagem e a memorização. Alfabita, do Mundo Bita Letra A pro amanhã amanhecer 12 B pra balançar o berço do bebê Cochilar em casa com a letra C D pra dividir delícias com você E na escola a gente escreve com a letra E Com F fazemos feliz quem também nos fizer De grão em grão com letra G o galo engordou Com letra H um hipopótamo histérico Imaginação se faz com letra I J pro jantar que já já vai sair Letra K eu quero um suco de kiwi Um lugar legal com L logo ali Com M um mundo musical feito de mágica Nosso novo navio vai com N navegar O ornitorrinco bota ovo com a letra O Com letra P pipoca na panela é bem melhor Um quilo de queijo com a letra Q Rápido com R o rato vai roer S o sapo samba mesmo sem saber Letra T tem trapalhada na TV A união do universo tem a letra U Com V de ventania vamos voando pro sul Quem tem a senha da wi-fi com W pra dizer Com X tem xícara de chá pro xerife beber Y yakisoba pro chinês Letra Z a zebra disse em português Pra formar novas palavras incríveis Basta misturar as letras outra vez Em cartas, poesias, prosas, poemas de amor Cada sentença dita tem seu devido valor Então coloque agora na caixola o ABC Pois nessa vida a gente não se cansa de aprender Fonte: Disponível em: https://bit.ly/3OfYMNN. Acesso em: 14 mar. 2022. Para finalizar essa introdução acerca das dificuldades e os transtornos de aprendizagem, reflita sobre o que se pede no quadro abaixo: 13 14 FIXANDO O CONTEÚDO 1. (AMEOSC- 2021). Julgue o excerto abaixo. Paulo Freire (1921-1997) foi um educador brasileiro cujas ideias sobre o papel da educação provaram ser extremamente importantes. Paulo Freire foi um crítico ferrenho da chamada "educação bancária". Segundo ele, nesse modelo educativo, o aluno se transforma em mero "recipiente" a ser enchido pelo professor. O professor, para Freire, deve romper com esse modelo educativo e se comprometer com uma educação problematizadora e libertadora focada nas consciências humanas com o objetivo de transformar o mundo a sua volta. Após análise, o excerto acima está: a) O excerto está parcialmente correto, uma vez que Paulo Freire não defende um modelo de educação libertadora. b) O excerto está parcialmente correto, uma vez que Paulo Freire não foi um crítico da educação bancária. c) O excerto está completamente correto. d) O excerto está parcialmente correto, uma vez que a educação bancária entende que o estudante deve participar ativamente do processo educativo. e) O excerto está completamente errado. 2. (AMEOSC- 2021). Na metodologia de Freire o mestre se posiciona ao lado de seus aprendizes para que juntos possam organizar as atividades desenvolvidas nas classes, todas baseadas no debate de temáticas sócio-políticas, inerentes ao contexto vivenciado por eles. Assim, seu método não age apenas no circuito educativo, mas também na economia, na política e nas demais esferas da vida em sociedade. Conhecer as diferentes tendências pedagógicas é fundamental na prática docente. Esse fator contribui para o desenvolvimento de uma atuação mais consciente e baseada nas principais demandas de aprendizagem. Considerando as tendências pedagógicas contemporâneas, a alternativa que mais se adequa a linha de trabalho do educador Paulo Freire, é: 15 a) Libertadora. b) Tradicional. c) Liberal. d) Renovada. e) Bancária. 3. (VUNESP - UFTM – 2018). No livro Pedagogia da Autonomia – Saberes necessários à prática educativa, Paulo Freire aborda a “questão da formação docente ao lado da reflexão sobre a prática educativo-progressiva em favor da autonomia do ser dos educandos”. Nessa obra, Freire (1996) analisa as diferentes exigências do ensinar e, dentre elas, afirma que “ensinar exige respeito aos saberes dos educandos”. Para tal, o autor argumenta que a escola deve: a) Fazer com que os alunos compreendam que somente os conhecimentos formais são merecedores de crédito. b) Limitar-se a transferir os conteúdos aos alunos, uma vez que ela não é partido político para discutir a realidade em que vivem. c) Estabelecer uma necessária “intimidade” entre os saberes curriculares fundamentais aos alunos e a experiência social que eles têm como indivíduos. d) Modelar o comportamento dos alunos pela apresentação de materiais em cuidadosa sequência. e) Adotar processos e estratégias neutros e eficazes para a aprendizagem dos alunos. 4. Ao constatar que uma aluna apresenta dificuldade para aprender e não está conseguindo acompanhar o restante da turma, uma professora busca usar estratégias metodológicas diferenciadas com essa estudante, com apoio de fichas diferentes das usadas com as outras estudantes. Provavelmente essa professora acredita: a) Que todas as alunas são iguais e, por isso, age baseando-se na igualdade. b) Que todas as alunas são diferentes e, por isso, age baseando-se na igualdade. c) Que todas as alunas são iguais e, por isso, age baseando-se na equidade. d) Que todas as alunas são diferentes e, por isso, age baseando-se na desigualdade. e) Que todas as alunas são diferentes e, por isso, age baseando-se na equidade. 16 5. (Adaptada de Instituto Consulplan Órgão: Prefeitura de Pitangueiras – 2021). As dificuldades de aprendizagem resultam de muitos aspectos que interferem na aquisição de novos esquemas, ou seja, na reorganização do cérebro para produção de novos comportamentos. Diante do exposto, analise as afirmativas a seguir. I. Todo fracasso escolar está relacionado direta ou indiretamente a um problema na saúde do aprendiz. II. As dificuldades de aprendizagem são identificadas pelo educador por meio da observação de comportamentos ou habilidades, gerais ou característicos, que destoam da maioria dos alunos e que comprometem o desenvolvimento do estudante, segundo o padrão mais frequente na escola. III. Embora a aprendizagem ocorra no cérebro, nem sempre ele é a causa original das dificuldades observadas; as falhas na aprendizagem podem estar relacionadas ao indivíduo, ao ambiente ou a ambos. Está(ão) correta(s) a(s) afirmativa(s) a) I, apenas. b) I, II e III. c) II e III, apenas. d) I e II, apenas. e) III, apenas 6. Sobre as dificuldades e os transtornos de aprendizagens, marque a alternativa correta: a) São sinônimos. b) Na dificuldade de aprendizagem a causa é sempre orgânica. c) A professora é a profissional mais indicada para realizar o diagnóstico de transtorno de aprendizagem. d) As causas do transtorno de aprendizagem estão relacionadas à escola e/ou ao ambiente escolar. e) A classificação da dificuldade de aprendizagem ocorre de acordo com a área 17 educacional afetada: transtornos da matemática, da expressão escrita e da leitura. 7. Analise a charge abaixo e depois escolha a melhor resposta para a questão proposta: Figura 3:Igualdade X Equidade Fonte: Disponível em: https://bit.ly/2PXiW0Y. Acesso em: 15 mar. 2022. É correto afirmar que a referidacharge: a) Defende a ideia de igualdade, afinal, só assim alcançaremos um mundo mais justo. b) Mostra que mais justo do que a igualdade é a equidade, pois cada animal possui características que irão facilitar ou dificultar a tarefa de subir na árvore. c) Afirma que igualdade e equidade são a mesma coisa, pois todos os animais irão conseguir subir na árvore da mesma maneira. d) Defende a neutralidade dos avaliadores que devem fazer avaliações iguais para todos os estudantes. e) Mostra que a igualdade nem a equidade deve ser buscada na avaliação, pois isso seria injusto. 8. Quando uma professora percebe que um aluno está apresentando dificuldades para acompanhar o ritmo de aprendizado da sala, ela deve: 18 a) Realizar o diagnóstico de qual transtorno de aprendizagem esse aluno tem. b) Pedir para a família mudar esse aluno para uma escola mais fraca. c) Pesar o aluno para saber qual a dosagem do remédio ritalina ela irá prescrever. d) Exigir que a família pague uma professora particular para que o aluno aprenda fora do horário da escola. e) Marcar uma reunião entre família e escola para que possam conversar sobre o aluno. 19 OS FATORES INTRA E EXTRAESCOLARES ASSOCIADOS ÀS DIFICULDADES E AOS TRANSTORNOS DE APRENDIZAGEM Nem tudo o que acontece no ambiente escolar tem origem na escola, ou seja, existem fatores extraescolares que determinam a escolarização dos estudantes e, tanto nas dificuldades quanto nos transtornos de aprendizagens, os fatores intra e extraescolares devem ser considerados. E esse será o tema da discussão da segunda unidade desse livro. Como forma de facilitar a aprendizagem, esse capítulo será dividido em tópicos: primeiro) os fatores intraescolares e segundo) os fatores extraescolares, mas é importante considerar que esses fatores se determinam mutuamente, o que ocorre dentro da escola influencia o que acontece fora dela e a recíproca também é verdadeira. Por exemplo, se um aluno tem o costume de ajudar o pai a contar a quantidade de ovos necessária nas receitas culinárias, provavelmente ele terá mais facilidade na hora de aprender os números na escola. Como a relação da família e da escola é extremamente importante, ela será abordada no terceiro e último tópico desta unidade. Vale destacar que as dificuldades de aprendizagem são multideterminadas (GIESELER, 2017), ou seja, não possuem apenas uma única determinação, um único fator que as explica, mas sim, são resultado da junção de diversos motivos. Por outro lado, os transtornos de aprendizagem têm como causa disfunções do sistema nervoso central (CANCIAN; MALACARNE, 2019, s.p.). Erro! Fonte de referênci a não encontra da. 20 2.1 FATORES INTRAESCOLARES ASSOCIADOS ÀS DIFICULDADES E OS TRANSTORNOS DE APRENDIZAGEM De acordo com Gieseler (2017, p. 26), dentre todos os fatores que determinam as dificuldades escolares, os intraescolares são mais “decisivos no sucesso ou fracasso escolar de uma criança, pois é na escola que ela realiza descobertas voltadas ao letramento, à aritmética, dentre outras.”. Essa autora afirma que a escola precisa ser: acolhedora, estimulante e adaptada ao contexto cultural das alunas e sua família. Quando se trata dos fatores intraescolares relacionados às dificuldades de aprendizagem, deve-se considerar: - o ambiente físico (salas devidamente ventiladas e iluminadas, com tamanho suficiente, providas de móveis e recursos tecnológicos necessários, banheiros e refeitórios limpos, espaços coletivos estimulantes), - qualidade do ensino (currículos e conteúdos adequados), - relação de cooperação entre as pessoas (estudantes entre si, professores entre si, estudantes/professores/direção/funcionárias/famílias/entorno escolar), - tarefas escolares (acessíveis aos alunos, de acordo com sua etapa do desenvolvimento, motivadoras e que façam sentido em termos de aprendizagem). (GIESELER, 2017). Já quanto aos transtornos de aprendizagem, apesar de suas causas não serem intraescolares, pois são neurológicas, a forma como a escola lida com esses transtornos pode ser determinante para a trajetória escolar, seja a sua continuidade ou a sua interrupção. Se a escola segrega o aluno que tem dificuldade ou transtornos de aprendizagem e não reconhece as suas diferenças no processo de aprendizagem, tratando-o de forma igual aos outros estudantes, há grandes chances de isso gerar sofrimento, além do sentimento de incapacidade, da não aprendizagem e, inclusive, do abandono escolar. Tal como abordado na Figura 1 deste livro, em que são mostrada três pessoas de diferentes alturas que assistem a uma partida de futebol e recebem um caixote para facilitar a visão: uma das pessoas não precisa do caixote, pois sua altura é suficiente para garantir a sua visibilidade do jogo, outra precisa de um caixote pequeno e outra, por se mais baixa, precisa de um caixote maior. A escola deve acolher todos os estudantes, sejam aqueles que possuem leves e passageiras dificuldades de aprendizagem, sejam aqueles que sofrem de 21 transtornos de aprendizagem graves. Para tanto, precisa se mostrar disponível a lidar e a aceitar as diferenças, isso vai fazer com que todos aprendam a lidar com as diversidades. 2.2 FATORES EXTRAESCOLARES ASSOCIADOS ÀS DIFICULDADES E OS TRANSTORNOS DE APRENDIZAGEM Os fatores extraescolares são aqueles que não dependem da escola e/ou ocorrem fora do seu ambiente. De acordo com Gieseler (2017), baseando-se em Smith (1986), são fatores extraescolares que podem influenciar as dificuldades de aprendizagem: - Características individuais: aquilo que o sujeito apresenta, como por exemplo: • Habilidades e estilos cognitivos • Motivação • Maturidade socioemocional • Personalidade e temperamento • Processamento da informação. - Característica fisiológicas: aquelas referentes ao organismo/corpo do estudante • Fatores orgânicos, hereditários e bioquímicos. - Família: relacionada às condições socioeconômicas, culturais e de organização da família, como, por exemplo: • Qualidades de nutrição e estimulação • Diferenças socioculturais • Clima emocional • Toxinas ambientais • Pais como modelo. Abaixo, como forma de representar graficamente os fatores intra e extraescolares que influenciam as dificuldades e os transtornos de aprendizagem, será apresentado o Cubo de Syracuse, desenvolvido por Corine Smith (1986) (citada por Gieseler, 2017): 22 Figura 4: Cubo de Syracuse Fonte: Disponível em: https://bit.ly/3txbzmM. Acesso em: 15 mar. 2021. A análise desse cubo permite compreender que os fatores que influenciam as dificuldades e os transtornos de aprendizagem têm várias faces que se relacionam, a escola, a família, as tarefas e as características dos alunos (tanto biológicas como as aqui nomeadas como individuais) influenciam umas às outras. Não é possível explicar a escolarização de um estudante, suas habilidades e dificuldades no ambiente escolar considerando apenas um desses lados/elementos. Para ter uma compreensão da complexidade que é o processo de aprendizagem (ou de não aprendizagem), fatores intra e extraescolares devem ser analisados. 2.3 A IMPORTÂNCIA DA RELAÇÃO DA FAMÍLIA E DA ESCOLA NAS DIFICULDADES E NOS TRANSTORNOS DE APRENDIZAGEM De acordo com Toledo e Gonzáles (2007, p. 403) ao se tratar de estudantes, “a família e a escola são os dois contextos ambientais de aprendizagem mais significativos, e ambos terão uma influência decisiva na orientação de seu futuro pessoal.” Os autores citados acima destacam a importância de essas duas instituições terem linguagem e interesses confluentes, bem como confiarem uma na outra, além de serem flexíveis e abertas para se adequarem às necessidades dos estudantes 23 (TOLEDO E GONZÁLES, 2007), independentemente a qual contexto social pertencem. Apesar de as pesquisas (DESSEN; POLONIA, 2007; NOGUEIRA, 2005; SZYMANSKI, 2009) apresentarem os benefícios da construção e manutenção de uma relação saudável entre escola e família, esse tem sido um grande desafio paraambas as instituições. Com frequência, na prática, vivencia-se uma troca de acusações, principalmente quando o estudante apresenta alguma dificuldade ou transtorno de aprendizagem: a família culpa a escola e a escola culpa a família. De acordo com Toledo e Gonzáles (2007, p. 405), existe uma espécie de “sequência geral de estados emocionais que são experimentados de maneira típica” por pais cujos filhos apresentam “características diferenciadas na aprendizagem”, a qual será apresentada a seguir (não podemos afirmar que todas as famílias irão vivenciar todas as etapas a seguir e nem que elas serão vividas na ordem exposta): - Choque: susto inicial, forte abalo, sentimento de medo pelo que está por vir. - Negação: forma de fuga para não lidar com o problema, muitos pais encontram desculpas para justificar a não aprendizagem do filho (“Ele está cansado”, “A professora é muito rígida”, “A escola não é boa” são exemplos de frases ditas pelos familiares). - Culpa: ao buscar uma justificativa para o problema, muitos pais, principalmente mães, acabam se culpando, acham que o filho tem dificuldades na escola porque ela trabalha fora, porque ela e o pai da criança se separaram ou porque não conseguem pagar uma escola de melhor qualidade para a criança. - Raiva: sentimento de rancor, de ódio, que pode acabar se voltando contra a criança ou a escola. - Aceitação: necessariamente, “não significa gostar das coisas como são. Significa, para os pais, aceitar seu filho como uma criança tal como é.” (TOLEDO; GONZÁLES, 2007, p. 405), é aceitar a diversidade, que cada criança é uma, tem suas potencialidades e dificuldades, seu tempo e suas preferências, inclusive no processo de aprendizagem. Quadro 1: Reações emocionais típicas dos pais diante das características diferenciadas de aprendizagem de seus filhos Estados emocionais Descrição Choque Susto inicial, forte abalo, sentimento de medo pelo que está por vir. 24 Negação Forma de fuga para não lidar com o problema, muitos pais encontram desculpas para justificar a não aprendizagem do filho (“Ele está cansado”, “A professora é muito rígida”, “A escola não é boa” são exemplos de frases ditas pelos familiares). Culpa Ao buscar uma justificativa para o problema, muitos pais, principalmente mães, acabam se culpando, acham que o filho tem dificuldades na escola porque ela trabalha fora, porque ela e o pai da criança se separaram ou porque não conseguem pagar uma escola de melhor qualidade para a criança. Raiva Sentimento de rancor, de ódio, que pode acabar se voltando contra a criança ou a escola. Aceitação: Necessariamente, “não significa gostar das coisas como são. Significa, para os pais, aceitar seu filho como uma criança tal como é.” (TOLEDO; GONZÁLES, 2007, p. 405), é aceitar a diversidade, que cada criança é uma, tem suas potencialidades e dificuldades, seu tempo e suas preferências, inclusive no processo de aprendizagem. Fonte: Adaptado de Gonzáles (2007, p. 405). Durante toda essa evolução entre perceber que seu filho tem alguma característica diferenciada na aprendizagem e aceitar esse traço, a escola deve ser acolhedora com a família, deve se mostrar presente e disposta a construir conjuntamente um plano educacional adequado para esse estudante. A escola deve levar em consideração: - se a instituição escolar foi quem alertou a família sobre a possibilidade de a criança ter alguma dificuldade ou transtorno de aprendizagem (e como a família reagiu a esse alerta), - se a família aceita que a criança tem alguma dificuldade ou transtorno de aprendizagem, - se a criança já passou por algum especialista, foi avaliada, tem diagnóstico, fez ou faz acompanhamento interventivo e - se a família tem condições psicológicas e financeiras de arcar com o acompanhamento profissional necessário para garantir a aprendizagem da criança, se for o caso. A escola deve deixar claro para a família que é uma parceira nesse processo. Em algumas situações, a escola pode inclusive orientar a família a buscar apoio não apenas para a criança, mas também para os pais, para aceitarem melhor a situação e conseguirem sair das etapas de choque, negação, culpa e raiva para alcançarem 25 a aceitação. Pode ser indicado que a família faça acompanhamento psicológico, seja psicoterapia familiar, de casal ou individual. Se a escola é bem informada e conhece a rede de serviço, por exemplo de saúde, seja de políticas públicas ou particular, essa indicação pode auxiliar a família a diminuir o tempo para buscar ajuda especializada, por isso a importância de a escola conhecer o seu entorno. De forma consciente de que cada instituição tem uma função no processo educativo, a relação entre escola e família, especialmente aquela cujos filhos apresentam dificuldades e transtornos de aprendizagem, deve ser pautada pelo diálogo e pela colaboração, uma instituição deve confiar que a outra está fazendo o seu melhor e ambas devem manter a outra informada sobre o processo de aprendizagem: desafios a serem vencidos, progressos realizados, novas metodologias e novos tratamentos iniciados. 26 27 FIXANDO O CONTEÚDO 1. (Adaptada de Secretaria de Estado de Educação/Minas). Na relação escola- família, um diretor, visando a ampliar as possibilidades dos alunos de sua escola, propõe ao coordenador pedagógico que organizem uma reunião com os pais com o objetivo de apoiá-los na consolidação de atitudes de valorização e estímulo à aprendizagem de seus filhos. Essa iniciativa contribui para a a) Mistura de papéis que acontece atualmente entre a família e a escola, em que cada uma dessas instituições delega à outra a educação formal dos alunos. b) Consolidação da parceria escola-comunidade, ao propiciar espaços de interação eficazes com foco na aprendizagem dos alunos. c) Desprofissionalização do professor, já que ao colocar os pais no lugar de educadores banaliza o exercício docente profissional. d) Conscientização dos pais a respeito das dificuldades e dos desafios de educar crianças e jovens na atualidade. e) Aumentar o trabalho das professoras sem uma justificativa, já que provavelmente não vai haver nenhum benefício advindo dessa ação. 2. (FUNIVERSA- 2016). No que se refere à participação da família na escola, assinale a alternativa correta. a) A participação dos pais nas atividades da escola deve se resumir ao acompanhamento das tarefas escolares de seus filhos. b) Devem ser incentivados a participar das associações de pais e dos conselhos escolares somente aqueles cujos filhos tenham maior rendimento na vida escolar. c) As escolas devem inserir, em seu projeto pedagógico, espaço para valorizar, reconhecer e trabalhar as práticas educativas familiares e utilizá-las como recurso importante nos processos de aprendizagem dos alunos. d) A participação da família nas reuniões de entregas de notas e nas festas promovidas pela escola é o suficiente para configurar apropriada participação na 28 vida escolar. e) As iniciativas de parceria devem partir da família, uma vez que a escola está sempre aberta a recebê-las e inclui-las no processo de ensino e aprendizagem de seus filhos. 3. (FUNIVERSA – 2010). Quando se pensa o sucesso ou o fracasso escolar, geralmente se fala no papel das famílias como possibilitadoras de aprendizagem. A esse respeito, assinale a alternativa correta. a) As famílias de classes baixas não podem fornecer qualidade de vida satisfatória, alimentação adequada e acesso a diversas formas de cultura; por isso, seus filhos estão fadados ao fracasso escolar. b) A falta de estrutura familiar é um sintoma que deve ser considerado de forma única, isolado, na análise sobre o sucesso ou fracasso escolar. c) São consideradas famílias produtoras de problemas de aprendizagem somente aquelas que estão em situação de risco e de pobreza. d) A família também é responsável pela aprendizagem da criança, já que os pais são os primeiros ensinantes e suas atitudes irão determinar a modalidade de aprendizagemdos filhos. e) Para identificar os problemas de aprendizagem, não é preciso distinguir aquilo que é próprio da criança, em termos de dificuldades, daquilo que ela reflete em termos do sistema em que se insere. 4. De acordo com o Cubo de Syracuse, desenvolvido por Corine Smith (1986), são fatores que interferem nas dificuldades de aprendizagem: a) Familiares e escolares, apenas. b) Biológicos e individuais, apenas. c) Escolares e de tarefas, apenas. d) Individuais e escolares, apenas. e) Escolares, individuais, biológicos, familiares e de tarefas. 5. Sobre a relação entre os fatores escolares e as dificuldades aprendizagem, marque a alternativa verdadeira: 29 a) Todas as dificuldades de aprendizagem são resultado de fatores intraescolares. b) Como as dificuldades escolares são causadas por problemas individuais, a escola não pode auxiliar nesses casos. c) Quando constatar algum tipo de dificuldade de aprendizagem, a professora tem a obrigação de diagnosticar e medicar os alunos. d) Mesmo quando a causa da dificuldade de aprendizagem não for relacionada ao ambiente intraescolar, a escola pode auxiliar o aluno. e) As causas das dificuldades de aprendizagem estão sempre relacionadas às famílias desestruturadas dos estudantes. 6. As causas dos transtornos de aprendizagem são: a) A forma de criação familiar. b) A baixa qualidade das escolas. c) A dificuldade de relacionamento do estudante com as professoras. d) Disfunções do sistema nervoso central. e) A falta de motivação do estudante. 7. (Adaptada de IF-PA - 2019). Ciasca (2004) indicou uma classificação ao abordar os problemas de aprendizagem. Distúrbio de aprendizagem (TA) é compreendido como uma disfunção do Sistema Nervoso Central, relacionada à “falha” no processo de aquisição e processamento da informação, tendo, desta forma um modo funcional. Diferentemente é a Dificuldade Escolar (DE) que está arrolada nomeadamente a um problema de ordem e origem pedagógica, emocional e/ou sociocultural. A partir dessa concepção podemos concluir que: a) A dificuldade escolar abrange condições orgânicas que evitam o indivíduo de aprender. b) O distúrbio de aprendizagem ocorre independentemente de oportunidades sociais e culturais apropriadas. c) O distúrbio de aprendizagem se relaciona a questões emocionais, familiares, sociais, motivacionais, relação professor-aluno, programas escolares inadequados entre outros. d) Os subtipos específicos de dificuldades escolares são: transtornos das habilidades 30 acadêmicas, transtorno de linguagem e fala, transtorno das habilidades motoras. e) A dificuldade escolar está vinculada a uma disfunção no sistema nervoso central (snc), cuja falha jaz no processo de aquisição e/ou desenvolvimento das habilidades escolares. 8. Quando um estudante passa por uma avaliação e é constatado um transtorno de aprendizagem: a) Ele deve interromper seus estudos e focar no acompanhamento da psicóloga, da terapeuta ocupacional e da neuropediatra. b) Ele não deve dar continuidade aos seus estudos, pois vai atrapalhar o restante da turma. c) Ele tem o direito de continuar a estudar, inclusive com o seu acolhimento, a escola ensinará aos outros alunos sobre o respeito à diversidade. d) Ele deve parar de estudar, pois não aprenderá nada na escola. e) Ele só pode continuar a estudar depois que a professora o diagnosticar. 31 OUTRAS CONDIÇÕES QUE PODEM INTERFERIR NA APRENDIZAGEM Nessa unidade serão apresentadas as deficiências visual, auditiva e motora, os Transtornos de Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) e do espectro autista e a Síndrome de Down que, apesar de não serem transtornos de aprendizagem podem, de alguma forma, interferir no processo de escolarização. Em qualquer um dos casos, além de acolher esses alunos e sua família, é muito importante que a escola esteja preparada: tanto em termos arquitetônicos quanto em termos de formação e de relacionamento, de como receber os estudantes. A escola deve ser acessível em todos os sentidos, livre de todo o tipo de barreira! Um ponto muito importante é que a escola consiga identificar as potencialidades dos alunos, isso vai ser determinante para a sua autoestima, além do reconhecimento dos outros colegas. É também de extrema relevância que a escola esteja junto da família, orientando-a quanto ao acompanhamento necessário para que o estudante consiga aprender e socializar. A escola deve manter-se disponível para os profissionais que acompanham o aluno, seja para informar sobre a sua escolarização, seja para saber como está o tratamento ou para se orientar. Estudar sobre essas condições e a escolarização implica em um compromisso ético das professoras, especialmente em um momento em que tem ocorrido um número tão alto de estudantes medicalizados (FRANCO; MENDONÇA; TULESKI, 2020). É óbvio que em alguns casos, algumas pessoas com determinadas síndromes e Erro! Fonte de referênci a não encontra da. 32 transtornos precisam do auxílio de remédios, mas, é sabido que muitas vezes há um uso indiscriminado dos fármacos. A escola precisa se responsabilizar pelo seu papel político educativo de instituição crítica transformadora e posicionar-se contrária à medicalização descontrolada de crianças e adolescentes, considerando que há uma verdadeira patologização da vida de uma forma geral e, especificamente, da infância. O uso de remédios tem efeitos colaterais, bem como pode acarretar possíveis graves consequências para o desenvolvimento saudável das crianças (FRANCO; MENDONÇA; TULESKI, 2020). Além disso, a medicalização da infância é sintoma de uma sociedade que considera que tudo pode ser resolvido com a medicina e com remédios, os contextos escolar e familiar não são levados em conta (BENEDETTI et al.; 2018). 3.1 DEFICIÊNCIA VISUAL, AUDITIVA E MOTORA Tanto na deficiência visual, quanto na auditiva e na motora existem gradações, isso significa que o aluno pode ser cego (ou ter uma visão subnormal), ser surdo (ou ter uma perda parcial da audição), ter paralisia nos membros inferiores e/ou superiores (ou ter dificuldade na marcha e/ou na movimentação dos braços). Nos casos mais graves de deficiência, muito provavelmente o estudante vai chegar à escola com o diagnóstico ou, pelo menos, com o conhecimento da sua condição. Já no caso de perdas parciais da capacidade, pode ser que a professora perceba alguma dificuldade do aluno e isso faça com que a família busque o profissional adequado (médico, fonoaudióloga) para realização da avaliação, definição do diagnóstico e execução de tratamento. Essa dificuldade pode ser de aprendizagem (porque o aluno não consegue enxergar o quadro, por exemplo), 33 para seguir as regras (porque o estudante não escuta quando toca a sinalização do término do recreio) e/ou de socialização (quando o aluno é sempre o último a ser escolhido no time de esporte porque os colegas não acham que ele é ágil o suficiente). Não necessariamente o estudante com deficiência vai ter alguma dificuldade de aprendizagem, inclusive porque ele pode compensar com outra capacidade, por exemplo, o aluno cego provavelmente terá o tato muito desenvolvido se for estimulado. Para tanto, sua família deve garantir que ele: Tenha consciência de que todas as pessoas são diferentes umas das outras, possuem facilidades e dificuldades. Seja aceito e se aceite, seja constantemente motivado e estimulado. Faça o acompanhamento adequado (vá periodicamente ao oftalmologista, faça sessões de fonoaudiologia e/ou de fisioterapia etc.), Use os aparelhos corretivos necessários (como aparelho de audição, óculos, andador). Já a escola deve assegurar que: Esse aluno faça parte da escola, participe de todas as atividades e não apenas “esteja lá”, Seja estimulado, tenha suas necessidades respeitadas e suas potencialidades exaltadas, como todos os estudantes, Não existam barreiras arquitetônicas que dificultem o seu acesso e permanência, para tanto, em seu prédio devem existirrampas ou elevadores, corrimãos, sinalização no chão e nas paredes para que as pessoas com deficiência visual consigam identificar onde estão, as portas devem ser amplas para a passagem de andadores e cadeiras de roda, os banheiros devem ser acessíveis para todas as pessoas, entre outros. Os funcionários devem entender o seu papel no acolhimento desses alunos, desde a sua chegada até a garantia de seu direito de permanência na escola. A forma como professoras, direção e outros profissionais lidam com todos os estudantes, inclusive os com deficiência, é um aprendizado para a comunidade escolar. É um recado de que “nessa escola, aceitamos a 34 diversidade, respeitamos as diferenças.”. Para tanto, é muito importante a formação continuada não apenas das professoras, mas de toda a equipe, seja da portaria, da limpeza, da secretaria, da cozinha. A metodologia, as avaliações e os recursos usados em sala de aula devem ser adequados para todos os alunos e isso deve ser pensado antes do início da aula, para tanto, mantenha a organização! Durante a aula, tentar “dar um jeitinho” para que o estudante com deficiência acompanhe é contra o que está previsto por lei, vai constrangê-lo, além de dificultar a sua aprendizagem e integração à turma. Diante do exposto, constata-se que se o estudante faz o acompanhamento de saúde adequado para a sua deficiência e se a escola consegue garantir que em suas dependências não existem barreiras arquitetônicas ou atitudinais e que seu currículo e metodologia estão adequados, esse conjunto pode significar que todos os estudantes, inclusive os que têm alguma deficiência vão conseguir aprender. 3.2 TRANSTORNO DE DÉFICIT DE ATENÇÃO COM HIPERATIVIDADE (TDAH) De acordo com a Associação Brasileira de Déficit de Atenção (ABDA), esse é um transtorno neurobiológico, de causas genéticas, que aparece na infância e frequentemente acompanha o indivíduo por toda a sua vida. Ele se caracteriza por sintomas de desatenção, inquietude e impulsividade. Sobre os critérios para diagnóstico de TDAH, Siqueira e Gurgel-Giannetti (2011) apontam que: - Os sintomas de desatenção, hiperatividade e impulsividade devem ocorrer em dois ou mais contextos, por exemplo, em casa e na escola. - Devem ser constatados seis ou mais sintomas, por mais de seis meses. 35 Dentre os sintomas de desatenção estão (SIQUEIRA; GURGEL-GIANNETTI, 2011, p. 83): - frequentemente deixa de prestar atenção a detalhes ou comete erros por descuido em atividades escolar, de trabalho ou outras; - com frequência tem dificuldades para manter a atenção em tarefas ou atividades lúdicas; - com frequência parece não escutar quando lhe dirigem a palavra; - com frequência não segue instruções e não termina seus deveres escolares, tarefas domésticas ou deveres profissionais (não devido a comportamento de oposição ou incapacidade de compreender instruções); - com frequência tem dificuldade para organizar tarefas e atividades; - com frequência evita, antipatiza ou reluta a envolver-se em tarefas que exijam esforço mental constante (como tarefas escolares ou deveres de casa); - com frequência perde coisas necessárias para tarefas ou atividades (por exemplo, brinquedos, tarefas escolares, lápis, livros ou outros materiais); - é facilmente distraído por estímulos alheios às tarefas; - com frequência apresenta esquecimento em atividades diárias. Dentre os sintomas de hiperatividade estão (SIQUEIRA; GURGEL-GIANNETTI, 2011, p. 83): - frequentemente agita as mãos ou os pés ou se remexe na cadeira; - frequentemente abandona sua cadeira em sala de aula ou outras situações nas quais se espera que permaneça sentado; - frequentemente corre ou escala, em situações nas quais isso é inapropriado (em adolescentes e adultos, pode estar limitado a sensações subjetivas de inquietação); - com frequência tem dificuldade para brincar ou se envolver silenciosamente em atividades de lazer; - está frequentemente “a mil” ou muitas vezes age como se estivesse a todo vapor; - frequentemente fala em demasia. Dentre os sintomas de impulsividade estão (SIQUEIRA; GURGEL-GIANNETTI, 2011, p. 83): - frequentemente dá respostas precipitadas antes de as perguntas terem sido completadas; - com frequência tem dificuldade para aguardar sua vez; - frequentemente interrompe ou se mete em assuntos de outros (por exemplo, intromete-se em conversas ou brincadeiras). 36 Algumas estratégias que devem ser adotadas na escola: Arrumar as cadeiras de forma que permita a movimentação da professora por toda a sala, tendo acesso a todos os alunos. Manter os alunos com potencial de distraibilidade sentados próximo à professora (sem parecer punitivo). Colocar sentados do lado do estudante com TDAH alunos que são modelos de atenção (evitando comparações entre eles). Localizar a cadeira do estudante longe da janela e corredor, minimizando distratores visuais e auditivos. As orientações apresentadas abaixo foram retiradas do site a ABDA e podem auxiliar as professoras que têm alunos com TDAH no planejamento e condução das aulas, bem como na organização da sala: Usar ferramentas organizadoras, como agendas, listas de tarefas, quadro de avisos e cronogramas. Conscientizar os alunos com TDAH do tipo de prejuízo que o comportamento impulsivo pode trazer tanto para ele quanto para o grupo. Evitar instruções muito longas e parágrafos muito extensos. Conversar com o estudante e seus pais sobre o método mais fácil de estudo em casa. Saber quais são os sintomas do TDAH e buscar conhecer estratégias escolares para serem usadas com esses alunos pode facilitar a sua escolarização: tanto sua relação com os colegas quanto a sua aprendizagem. 37 3.3 SÍNDROME DE DOWN De acordo com González e González (2007) as pessoas com Síndrome de Down podem apresentar alguns problemas, dentre eles, destacamos: respiratório, visual, motor, auditivo, cardíaco, gastrointestinal. Ainda segundo esses autores, não é possível falar em “um tipo de aprendizagem homogênea” entre os estudantes com Down, “pois existem diferentes tipos de aprendizagens, com alterações variadas de acordo com cada pessoa.” (GONZÁLEZ & GONZÀLEZ, 2007, p. 92). Como geralmente os estudantes com Síndrome de Down têm dificuldades no processamento da informação e na memória de curto prazo, sugere-se que sejam exploradas atividades do tipo manipulativas e visuais (GONZÁLEZ; GONZÁLEZ, 2007). Abaixo serão apresentadas estratégias que podem ajudar na escolarização de estudantes com Down, todas foram retiradas do site Movimento Down: Quadro 2: Orientações para a escolarização de crianças com Síndrome de Down Para lidar com a deficiência visual: Coloque a criança perto do adulto num trabalho de grupo. Ofereça imagens e fotos maiores. Utilize jogos e materiais de aprendizagem coloridos e chamativos. Fonte: https://bit.ly/3xPanOl Acesso em: 15 abr. 2022. Quadro 3: Orientações para a escolarização de crianças com Síndrome de Down Para lidar com a deficiência auditiva: Fale diretamente à criança. Acentue o início e o final das frases. Reforce a fala com expressões faciais, sinais ou gestos. Reforce a fala com apoio visual – imagens impressas, fotos, materiais concretos. Quando outra criança responder, repita as respostas delas em volume alto. Reformule ou repita palavras e frases que possam não ter sido bem ouvidas. Fonte: https://bit.ly/3mM8uMcg Acesso em: 15 abr. 2022. 38 Quadro 4: Orientações para a escolarização de crianças com Síndrome de Down Para ajudar na consolidação e na retenção de novas habilidades: Ofereça tempo extra e oportunidades para repetições adicionais e reforço. Apresente novas habilidades e conceitos de maneiras variadas, usando materiais concretos, práticos e visuais sempre que possível. Siga em frente no programa, mas verifique continuamente se as habilidades aprendidas anteriormente não foram oprimidas pelos estímulos mais recentes. Ofereça tempo extra e oportunidades para repetições adicionais e reforço. Apresente novashabilidades e conceitos de maneiras variadas, usando materiais concretos, práticos e visuais sempre que possível. Siga em frente no programa, mas verifique continuamente se as habilidades aprendidas anteriormente não foram oprimidas pelos estímulos mais recentes. Fonte: https://bit.ly/3OhouBd Acesso em: 15 abr. 2022. Diante do exposto, alguns ajustes na condução da aula e forma de acompanhamento que a professora exerce com os estudantes com Síndrome de Down podem facilitar a sua escolarização. 3.4 TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA (TEA) De acordo com o site da Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), o TEA refere-se “a uma série de condições caracterizadas por algum grau de comprometimento no comportamento social, na comunicação e na linguagem, e por uma gama estreita de interesses e atividades que são únicas para o indivíduo e realizadas de forma repetitiva.” 39 Um desafio na escolarização de estudantes com TEA é o uso da linguagem, de acordo com Nunes, Barbosa e Nunes (2021), baseadas em diversas pesquisas, uma em cada 54 crianças do mundo são afetadas por esse transtorno e, dessas, mais de um terço não compreende ou utiliza a fala. Dessa maneira, a escola precisa se adequar a essa realidade. De acordo com site Diversa, do Instituto Rodrigo Mendes, não existe uma forma de tratar todos os alunos autistas, assim, não há uma receita. Ainda como divulgado referido site, o professor não precisa ser especialista em autismo, o importante é que busque conhecimento e, principalmente, conheça o seu estudante, independentemente se ele tem ou não o transtorno. No contexto escolar, mantenha a rotina organizada e certifique-se que todos os alunos compreenderam as atividades, especialmente se houver alguma mudança. Alterne momentos individuais e em grupo. As estratégias a seguir foram retiradas do site Adapte Educação: Mostre a escola e toda a equipe de profissionais Se possível, estimule que o aluno conheça a instituição escolar antes do início das aulas. Planeje e organize como ocorrerá a comunicação na escola. Apresente a rotina de diversas maneiras, como de forma falada e visual. Prepare um conjunto de ferramentas sensoriais individual (respeitando o desenvolvimento e os gostos do estudante). Reforce positivamente a criança por sua coragem em ter ido à escola. Por mais que o estudo e a experiência possam ajudar a professora a lidar com os desafios do seu trabalho, o encontro com cada estudante é único. Ela deve ficar atenta para conseguir criar um ambiente de estudo adequado para que o aluno consiga, de fato, aprender, respeitando sempre as suas potencialidades e limitações. 40 FIXANDO O CONTEÚDO 1. (Fundação Catarinense de Educação Especial) Leia o texto abaixo. Condição para utilização, com segurança e autonomia, total ou assistida, dos espaços, mobiliários e equipamentos urbanos, das edificações, dos serviços de transporte e dos dispositivos, sistemas e meios de comunicação e informação, por pessoa portadora de deficiência ou com mobilidade reduzida. O texto refere-se à definição de: a) Barreiras. b) Ajuda técnica. c) Acessibilidade. d) Desenho universal. e) Tecnologia assistiva. 2. (CETREDE 2021) Espera-se do professor durante o processo de ensino que ele desenvolva um conjunto de posturas que possam favorecer a aprendizagem do estudante e ao mesmo tempo propiciem um ambiente acolhedor e inclusivo. Marque a alternativa que contém atitudes éticas e posturas, esperadas do professor, no exercício profissional. Alternativas a) Ser ético; ter compromisso com a educação; ter respeito à heterogeneidade dos educandos em termos de raça, de crenças, de limitações cognitivas ou físicas e de classe social; ser aberto às inovações pedagógicas; ser reflexivo sobre a sua prática. b) Ser ético; ter compromisso com a educação; ter respeito à heterogeneidade dos educandos em termos de raça, de crenças, de limitações cognitivas ou físicas e de classe social; não estar aberto às inovações pedagógicas; ser reflexivo sobre a sua prática. c) Ser ético; ter compromisso com a educação; ter respeito à heterogeneidade dos educandos em termos de raça, de crenças, de limitações cognitivas ou físicas e de classe social; não estar aberto às inovações pedagógicas; não refletir sobre a sua prática. 41 d) Não ser ético; não ter compromisso com a educação; ter respeito à heterogeneidade dos educandos em termos de raça, de crenças, de limitações cognitivas ou físicas e de classe social; não estar aberto às inovações pedagógicas; ser reflexivo sobre a sua prática. e) Ser ético; ter compromisso com a educação; ter respeito à heterogeneidade dos educandos em termos de raça, de crenças, de limitações cognitivas ou físicas e de classe social; não ser disponível para o trabalho coletivo; não ser reflexivo sobre a sua prática, avaliando-a constantemente, para redirecioná-la; não ter compromisso político com a preservação do meio-ambiente. 3. Sobre a aprendizagem de estudantes com síndrome de Down é correto o que se afirma em: a) Cada uma tem um tipo de aprendizagem. b) Todas possuem o mesmo tipo de aprendizagem. c) Devem ser evitadas atividades visuais. d) Como eles têm dificuldade de memorização, não conseguem aprender. e) Por terem diferentes tipos de deficiência, como visual e motora, não conseguem aprender. 4. A professora que tem em sua sala alunos com Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) deve: a) Usar ferramentas que auxiliam na organização e planejamento, como agendas. b) Manter-se disponível para conversar com a família sobre a escolarização do estudante. c) Cuidar da disposição das carteiras e da organização da sala. d) Manter um diálogo sincero com o aluno. e) Todas as alternativas acima. 5. Você é professora e, na primeira semana letiva, percebe que um aluno apresenta comportamentos de desatenção, hiperatividade e impulsividade durante as aulas. Com essas informações, é possível afirmar que: 42 a) Esse estudante tem transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH). b) Esse aluno tem transtorno do Espectro Autista. c) Esse estudante tem deficiência auditiva, visual e motora, pois não obedece às regras e não fica sentado em sua carteira. d) A escola deve chamar a família desse aluno e informar que vai iniciar o diagnóstico desse aluno. e) A professora deve continuar a acompanhar o estudante e, caso esses comportamentos persistam, deve chamar a família para uma reunião. 6. Analise as frases abaixo e, posteriormente, responda à questão proposta. ( ) A responsabilidade sobre a escolarização do estudante com deficiência é da professora, afinal, é ela que lida diariamente com ele. ( ) Para receber estudantes com Síndrome de Down, a professora tem que ter especialização no assunto. ( ) O prédio da escola tem de ser livre de barreiras arquitetônicas para melhor receber os alunos com deficiência. ( ) Para que as dificuldades de aprendizagem dos alunos sejam amenizadas, é imprescindível que haja uma integração entre a escola, a família e os profissionais que o acompanham. a) F – F – V – V. b) V – V – V – V. c) F – F – F – F. d) V – V – F – F. e) V – V – F – V. 7. Complete a frase a seguir com os termos mais adequados: Os transtornos de Déficit de Atenção e Hiperatividade e do Espectro Autista ________________ transtornos da aprendizagem._____________ podem trazer consequências para a escolarização do indivíduo. a) Não são/ E, por isso. 43 b) São/ Mesmo assim. c) Não são/ Mesmo assim. d) São/ E, por isso. e) Podem ser/ Mesmo assim, não. 8. Leia a tirinha abaixo. Figura 5: A medicalização da infância Fonte: https://bit.ly/3HkcVXZ Acesso em: 16 abr. 2022. Considerando que a Ritalina é o nome comercial de um medicamento utilizado no tratamento do TDAH, é correto afirmar que o quadrinho: a) Faz uma crítica ao uso de indiscriminado da Ritalina. b) Faz uma crítica às crianças que não sabem se comportar. c) Culpabiliza as famílias por não saberem educar as crianças.d) Faz uma crítica aos pais que não medicam as crianças. e) Mostra que a criança está com inveja do Vitor, pois queria tomar Ritalina. 44 PRINCIPAIS TRANSTORNOS DA APRENDIZAGEM: TRANSTORNOS DA MATEMÁTICA, DA EXPRESSÃO ESCRITA E DA LEITURA 4.1 INTRODUÇÃO Nesta unidade serão apresentados os principais transtornos da aprendizagem, seguindo a classificação do Manual Diagnóstico e Estatísticos de Transtornos Mentais (DSM), da Associação Americana de Psiquiatria (APA), 5ª versão (2014): com prejuízo na leitura, na expressão escrita ou na matemática. Esses são nomeados como transtorno específicos de aprendizagem De acordo com o DSM V (2014), a incidência desses transtornos é de 5 a 15% entre crianças em idade escolar. Já entre os adultos, apesar de não haver uma porcentagem oficial, calcula-se que seja de aproximadamente 4%. São utilizados quatro critérios para diagnóstico dos transtornos específicos de aprendizagem (APA, 2014, pp. 66-67): • Dificuldades na aprendizagem e no uso de habilidades acadêmicas, conforme indicado pela presença de ao menos um dos sintomas descritos no item a seguir, que tenha persistido por pelo menos 6 meses, apesar das intervenções. Ou seja, não pode ser considerado um transtorno de aprendizagem se o estudante apresenta uma dificuldade há menos de seis meses. (grifo da autora) • “As habilidades acadêmicas afetadas estão substancial e quantitativamente Erro! Fonte de referênci a não encontra da. 45 abaixo do esperado para a idade cronológica do indivíduo, causando interferência significativa no desempenho acadêmico ou profissional ou nas atividades cotidianas.” • As dificuldades de aprendizagem iniciam-se durante a escolarização e podem se manifestar ao longo dos anos escolares, de acordo com as exigências. Isso significa que um estudante não vai, necessariamente, apresentar uma dificuldade de aprendizagem logo nos primeiros anos de escolarização. • As dificuldades de aprendizagem não podem ser explicadas por outras deficiências, como as intelectuais, de visão ou audição, outros transtornos mentais ou neurológicos, vulnerabilidade psicossocial, falta de conhecimento da língua de instrução acadêmica ou instrução educacional inadequada. Esse item é importante no caso de estudantes com baixa acuidade visual não tratada (ou outra deficiência), nem com aqueles que não dominam a língua, por exemplo, os refugiados, ou aqueles que não estudaram em escolas de qualidade, dessa forma, o diagnóstico de transtorno de aprendizagem deve considerar não apenas a dificuldade, mas o contexto do estudante. Ainda de acordo com o DSM V (2014, pp. 67-68), os transtornos de aprendizagem podem ser categorizados de acordo com a sua gravidade: • Leve: o sujeito é “capaz de compensar ou funcionar bem quando lhe são propiciados adaptações ou serviços de apoio adequados, especialmente durante os anos escolares.” Apresenta “alguma dificuldade em aprender habilidades em um ou dois domínios acadêmicos”. • Moderada: nessa categoria, o estudante tem “dificuldades acentuadas em aprender habilidades em um ou mais domínios acadêmicos, de modo que é improvável que o indivíduo se torne proficiente sem alguns intervalos de ensino 46 intensivo e especializado durante os anos escolares.”. Para que ele consiga executar as atividades escolares, cotidianas ou laborais, podem ser necessários alguns ajustes ou mesmo serviços auxiliares. • Grave: Diferentemente das duas categorias anteriores, aqui há o prejuízo de aprendizagem em vários domínios acadêmicos, sendo que dificilmente esse estudante consiga aprender “sem um ensino individualizado e especializado contínuo durante a maior parte dos anos escolares” e “mesmo com um conjunto de adaptações ou serviços de apoio adequados em casa, na escola ou no trabalho, o indivíduo pode não ser capaz de completar todas as atividades de forma eficiente.” Conforme afirmado anteriormente, as pedagogas e professoras não têm formação para realizar o diagnóstico dos transtornos de aprendizagem. Esses são feitos com a aplicação de instrumentos de medidas de desempenho padronizadas administrados de maneira individual, além da avaliação clínica. (DSM V, 2014). 4.2 ESPECIFICAÇÃO DE CADA TRANSTORNO DE APRENDIZAGEM De acordo com o DSM V (2014, p. 66): • Com prejuízo na leitura Leitura de palavras de forma imprecisa ou lenta e com esforço. Por exemplo, o estudante lê palavras isoladas em voz alta, de forma incorreta ou lenta e hesitante, frequentemente adivinha palavras, tem dificuldade de soletrá-las. • Com prejuízo na expressão escrita Dificuldade para compreender o sentido do que é lido. Por exemplo, pode até ler o texto com precisão, mas não compreende a sequência, as relações, as inferências ou os sentidos mais profundos do que leu. 47 Dificuldades para ortografar (ou escrever ortograficamente). Por exemplo, pode adicionar, omitir ou substituir letras. Dificuldades com a expressão escrita. Por exemplo, comete múltiplos erros de gramática ou pontuação nas frases; emprega organização inadequada de parágrafos; expressão escrita das ideias sem clareza. • Com prejuízo na matemática: Dificuldades para dominar o senso numérico, fatos numéricos ou cálculo. Por exemplo, entende números, sua magnitude e relações de forma insatisfatória; conta com os dedos para adicionar números de um dígito em vez de lembrar o fato aritmético, como fazem os colegas; perde-se no meio de cálculos aritméticos e pode trocar as operações. Dificuldades no raciocínio. Por exemplo, tem grave dificuldade em aplicar conceitos, fatos ou operações matemáticas para solucionar problemas quantitativos. 4.3 QUADRO COMPARATIVO DOS TRANSTORNOS DE APRENDIZAGEM Como forma de facilitar a compreensão, abaixo encontra-se um quadro síntese com informações sobre os transtornos de aprendizagens abordados ao longo desse capítulo. 48 Quadro 5: Os principais transtornos de aprendizagem Transtorno de aprendizagem Nome alternativo/ popular Especificação Principais características Com prejuízo na leitura Dislexia - Precisão na leitura de palavras - Velocidade ou fluência da leitura - Compreensão da leitura Leitura de palavras de forma imprecisa ou lenta e com esforço Com prejuízo na expressão escrita Letra feia - Precisão na ortografia - Precisão na gramática e na pontuação - Clareza ou organização da expressão escrita Dificuldade para compreender o sentido do que é lido. Dificuldades para ortografar (ou escrever ortograficamente). Dificuldades com a expressão escrita. Com prejuízo na matemática Discalculia Senso numérico Memorização de fatos aritméticos Precisão ou fluência de cálculo Precisão no raciocínio matemático Dificuldades para dominar o senso numérico, fatos numéricos ou cálculo. Dificuldades no raciocínio Fonte: DSM V (2014), construção da autora. Muito provavelmente, pela proximidade com os estudantes, a professora será uma das primeiras pessoas a identificar os casos de transtornos de aprendizagem, por isso, é importante que ela se mantenha informada sobre esses transtornos. 49 FIXANDO O CONTEÚDO 1. (FGV 2014 - ADAPTADA) Quanto aos transtornos de aprendizagem, assinale a afirmativa correta. a) Os transtornos de aprendizagem dizem respeito apenas à leitura. b) Havendo transtorno de aprendizagem, o nível de realização da criança deve estar substancialmente abaixo do esperado para um aluno com a mesma idade, nível mental e escolarização. c) Não se pode suspeitar do diagnóstico de transtorno de aprendizagem antes da vida asulta. d) O transtorno de aprendizagem se inicia especificamente na adolescência, considerando-se que, na clínica psicopedagógica, vem aumentando expressivamente o número de consultas de adolescentes que apresentam dificuldades na escola. e) Nos casos de transtornos médios a severos, a escola deve providenciar avaliação idêntica à dos demais alunos, priorizando a avaliação por escrito dos conteúdos. 2. (ADVISE 2019 – ADAPTADA) Um dos tipos mais comuns de dificuldades de aprendizagemé o transtorno conhecido como dislexia. Este consiste especificamente em: a) Em ser origem neurobiológica, e que tem como principal característica a dificuldade de ler. b) Ser uma doença crônica que inclui a dificuldade de atenção, hiperatividade e impulsividade. c) Ser um problema psiquiátrico que costuma ser identificado na infância, entre 1 ano e meio e 3 anos que afeta a comunicação e capacidade de aprendizado e adaptação da criança. d) Ser uma perturbação do desenvolvimento caracterizada por dificuldades significativas a nível dos relacionamentos sociais e comunicação não verbal. e) Ser uma doença neuro-degenerativa que provoca o declínio das funções cognitivas, reduzindo as capacidades de trabalho e relação social e interferindo no comportamento e na personalidade da pessoa. 50 3. (GSA CONCURSOS 2019 – ADAPTADA) Existem diferentes dificuldades e transtornos de aprendizagem que interferem no ritmo do aprendizado. São exemplos de transtornos de aprendizagem: I. Disgrafia. II. TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade). III. Dislexia. IV.Discalculia. Estão corretas as opções: a) I, II, III e IV. b) I, III e IV, apenas. c) II e IV, apenas. d) I e III, apenas. e) I e II, apenas. 4. Analise os critérios diagnósticos abaixo: I. Dificuldades na aprendizagem e no uso de habilidades acadêmicas, conforme indicado pela presença de ao menos um dos sintomas descritos, que tenha persistido por pelo menos 6 meses, apesar das intervenções II. As habilidades acadêmicas afetadas estão substancial e quantitativamente abaixo do esperado para a idade cronológica do indivíduo, causando interferência significativa no desempenho acadêmico ou profissional ou nas atividades cotidianas. III. As dificuldades de aprendizagem iniciam-se durante a escolarização e podem se manifestar ao longo dos anos escolares, de acordo com as exigências. IV. As dificuldades de aprendizagem não podem ser explicadas por outras deficiências, como as intelectuais, de visão ou audição, outros transtornos mentais ou neurológicos, vulnerabilidade psicossocial, falta de conhecimento da língua de instrução acadêmica ou instrução educacional inadequada. 51 Estão corretos os seguintes critérios diagnósticos para os transtornos específicos de aprendizagem: a) I e II, apenas. b) III e IV, apenas. c) I, II e III, apenas d) I, II, III e IV. e) Nenhum. 5. De acordo com o Manual Diagnóstico e Estatísticos de Transtornos Mentais (DSM- V), os transtornos específicos de aprendizagem podem ser classificados como gravidade: a) Leve, moderada ou grave. b) Iniciante ou terminal. c) Com possibilidade de intervenção ou sem possibilidade de intervenção. d) Com possibilidade de facilidade de aprendizagem ou com possibilidade de muita dificuldade de aprendizagem. e) Com indicação para frequência em escola regular ou com indicação para frequência em escola especial. 6. Segundo o Manual Diagnóstico e Estatísticos de Transtornos Mentais (DSM- V) são transtornos específicos de aprendizagem aqueles: a) Com prejuízo na leitura, na expressão escrita ou na matemática b) Com prejuízo na aprendizagem global. c) Com dificuldades de impulsividade e hiperatividade. d) Que acometem as pessoas autistas. e) Decorrentes da baixa qualidade da educação escolar. 7. Relacione o nome oficial e alternativo/popular dos transtornos de aprendizagem e, em seguida marque a alternativa correta: a) Transtorno de aprendizagem com prejuízo na leitura (Dislexia), na expressão escrita 52 (“Letra feia”) e na matemática (Discalculia). b) Transtorno de aprendizagem com prejuízo na leitura (Dislexia), na expressão escrita (“Letra feia”) e na matemática (“Número feio”). c) Transtorno de aprendizagem com prejuízo na leitura (Dislexia), na expressão escrita (“Letra feia”) e na matemática (Acalculia). d) Transtorno de aprendizagem com prejuízo na leitura (Alexia), na expressão escrita (“Letra feia”) e na matemática (Discalculia). e) Transtorno de aprendizagem com prejuízo na leitura (Dislexia), na expressão escrita (Aescrita) e na matemática (Discalculia). 8. De acordo com o DSM V, são considerados transtornos de aprendizagem: a) Transtorno de aprendizagem com prejuízo na leitura, na expressão escrita, na matemática e na socialização. b) Transtorno de aprendizagem com prejuízo na leitura, na expressão escrita e na matemática. c) Transtorno de aprendizagem com prejuízo na leitura, na expressão escrita, na matemática, na socialização e no comportamento. d) Transtorno de aprendizagem com prejuízo na leitura, na expressão escrita, na matemática e no comportamento. e) Transtorno de aprendizagem com prejuízo na compreensão, na socialização e no comportamento. 53 IMPACTOS PSICOSSOCIAIS DAS DIFICULDADES E DOS TRANSTORNOS DE APRENDIZAGEM 5.1 INTRODUÇÃO As dificuldades e os transtornos de aprendizagem acarretam várias consequências para a vida do sujeito, não apenas no âmbito escolar. Além disso, podem durar vários anos, não somente durante o processo de escolarização. MazerI, Dal Bello e Bazon (2009) apontam ser difícil determinar quais são as causas e quais são as consequências das dificuldades de aprendizagem. Para essas autoras, os problemas psicossociais, por exemplo, apesar de serem amplamente apontados como causas das dificuldades de aprendizagem, também podem ser efeito delas. 5.2 RESULTADOS E CONSEQUENCIAS DAS DIFICULDADES E DOS TRANSTORNOS DE APRENDIZAGEM São possíveis resultados das dificuldades de aprendizagem (MAZERI, DAL BELLO; BAZON, 2009): Baixa autoestima, Prejuízo na capacidade produtiva, Diminuição da aceitação pelos amigos e familiares, Problemas comportamentais. De acordo com o DSM V (p. 73), os transtornos de aprendizagem podem trazer consequências: Acadêmicas (como baixo desempenho e evasão escolar), Ocupacionais (desemprego, subemprego e menor remuneração, por exemplo) e Relacionadas à saúde mental (incluindo o aumento do risco de suicídio). Erro! Fonte de referênci a não encontra da. 54 Os efeitos para a vida escolar e, posteriormente, laboral são significativos e devem ser considerados. Assim como os resultados para a saúde mental, que trazem grandes riscos para esses sujeitos. Dependendo da forma como a dificuldade ou o transtorno de aprendizagem for abordado, o estudante pode passar a acreditar que não é capaz de aprender. Pesquisas contemporâneas têm tentado compreender de que maneira o saber escolar (ou o não saber) determinam a relação dos estudantes com a escola e mostram como esse processo é um círculo: se o aluno apresenta algum problema de aprendizagem e se a escola não detecta esse problema e/ou não age para resolvê-lo, o estudante pode, em última instância, desistir de estudar, de aprender. O sociólogo Bernard Charlot (2001) realizou uma complexa pesquisa sobre a relação dos jovens com o saber em diversos países, inclusive o Brasil. Ele buscou compreender o motivo de algumas pessoas quererem aprender e outras não. Apesar de comumente a motivação para aprender ser atribuída ao sujeito individualmente, “ele é preguiçoso” ou “ela não gosta de aprender”, Charlot defende que a relação com o saber não é individual, ela é social e é determinada, por exemplo, pelo pertencimento social dos estudantes, pela relação com a escola (enquanto instituição que representa o saber e é destinada para gerar conhecimento). Ainda para Charlot: “Aprender é apropriar-se do que foi aprendido, é tornar algo seu, é ‘interiorizá-lo’. Contudo, aprender é também apropriar-se de um saber, de uma prática, de uma forma de relação com os outros e consigo mesmo.” (2001, p. 20). Se o estudante não se relaciona bem com a escola (professores, demais profissionais e/ou colegas), dificilmente ele irá se relacionar bem com o saber a ponto de apropriá-lo. Essa afirmação mostra como os problemas de aprendizagem podem ser consequência e causa de problemas de adaptação e comportamentais na escola. 55 Charlot continua “O que é aprendido só pode
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