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O comércio é inerente ao ser humano e o acompanha desde o início da civilização. Conhecer o surgimento e a evolução do comércio internacional é, igualmente, conhecer as bases que desenvolveram essa atividade econômica, social e cultural, em diferentes povos e épocas. Além disso, esse entendimento nos ajuda a compreender melhor seu funcionamento atual. Em vista disso, nesta webaula, aprenderemos sobre as teorias do comércio internacional. Teorias do comércio internacional Diversos questionamentos surgem ao estudar o comércio exterior, tais como: por que duas nações distintas comercializam? É melhor para ambas o comércio mútuo? Quais produtos devem ser comercializados? Diversas teorias surgiram nos últimos séculos para explicar a existência do comércio global e os seus fundamentos. As teorias do comércio internacional explicam como o comércio evolui com o tempo, como afeta as relações da sociedade e como contribui para o desenvolvimento econômico dos países. A compreensão dessas teorias é essencial para enxergamos as razões para a existência do comércio entre as nações, bem como entender por que alguns países exportam produtos agrícolas, enquanto outros exportam produtos manufaturados. A seguir, conheça cada uma das teorias do comércio internacional. Teoria mercantilista No desenvolvimento das teorias de comércio internacional, a teoria mercantilista surge como a precursora nos estudos do funcionamento do comércio entre países, no contexto de consolidação e fortalecimento dos estados absolutistas. Essa teoria surgiu no período compreendido entre os anos 1500 e 1750 (séculos XVI e XVIII), que �cou conhecido como a era da “Revolução Comercial”. Para os mercantilistas, o acúmulo de ouro e prata era essencial para o fortalecimento e a consolidação dos estados absolutistas e isso seria possível com o aumento contínuo das exportações e a adoção de restrições às importações, com o objetivo de obter sucessivos superávits na balança comercial (resultado da conta: exportações – importações). A partir da segunda metade do século XVIII, a capacidade industrial é alavancada com a primeira Revolução Industrial e o modelo mercantilista, de cunho protecionista, começa a ser substituído pela concepção de um comércio mais livre e sem interferência do estado ou do rei, defendido pelas teorias clássicas. Surgem assim as teorias das vantagens absolutas e das vantagens comparativas. Teoria das vantagens absolutas A teoria das vantagens absolutas foi formulada por Adam Smith, um estudioso escocês, considerado o fundador da economia moderna, que foi o primeiro a refutar o modelo mercantilista com a sua obra A riqueza das nações, de 1776. Para Smith (1983), a especialização produtiva, incentivada pela divisão internacional do trabalho e pelas trocas realizadas no comércio exterior leva ao aumento do bem-estar das populações. A teoria a�rma que cada nação deverá focar na produção de bens que lhe proporcionem vantagem absoluta, ou seja, concentrar seus esforços no que pode produzir a custo mais baixo e trocar o Comércio Internacional Teorias do comércio internacional Você sabia que seu material didático é interativo e multimídia? Isso signi�ca que você pode interagir com o conteúdo de diversas formas, a qualquer hora e lugar. Na versão impressa, porém, alguns conteúdos interativos �cam desabilitados. Por essa razão, �que atento: sempre que possível, opte pela versão digital. Bons estudos! Agora que você conhece as teorias apresentadas é capaz de argumentar sobre os pontos favoráveis ao comércio internacional para qualquer empresa. excedente dessa produção por produtos com custos menores produzidos em outros países. No entanto, o ponto fraco dessa teoria reside no fato de considerar o fator de produção “trabalho” como o único custo produtivo. Teoria das vantagens comparativas Em contraponto à teoria das vantagens absolutas surgiu a teoria das vantagens comparativas, desenvolvida por David Ricardo (VASCONCELLOS, 2011). Essa teoria procura ressaltar que, no âmbito das trocas internacionais, é de fundamental importância que os países se especializem na produção dos itens para os quais tenham maiores vantagens relativas na produção. Ricardo apresentou que o comércio será vantajoso até em situações em que um país possa produzir tudo internamente a custos inferiores do que em outra nação, desde que, em termos relativos, as produtividades de cada uma forem, de certa forma, diferenciadas (VASCONCELLOS, 2011). Modelo Heckscher-Ohlin (HO) As teorias das vantagens absolutas e das vantagens comparativas não conseguiram explicar os motivos pelos quais os custos são menores e o trabalho é mais e�ciente em um país do que em outro, para a produção do mesmo produto. Nesse contexto, surge o modelo Heckscher-Ohlin (HO), que busca explanar os motivos e os ganhos do comércio internacional por meio das diferenças estruturais e da disponibilidade de recursos produtivos de um país (comparativamente a outro). Um país tem vantagem comparativa na produção do bem que usa mais intensamente o seu fator produtivo mais abundante. Os fatores podem ser: trabalho, capital, terra e recursos naturais. Novas teorias do comércio internacional Paul Krugman contribui para as “novas teorias do comércio internacional” com a introdução dos conceitos de economia de escala, na qual os países vão se especializar e fazer comércio entre si, mesmo na ausência de diferenças entre eles, em termos de recursos produtivos ou tecnologia (KRUGMAN; OBSTFELD, 2010). Com a ampliação do comércio internacional, existe a tendência de os custos unitários serem mais baixos com uma produção maior e isso geraria aumento da rentabilidade dos negócios. Outra contribuição dada por Krugman à nova teoria do comércio internacional se dá pela existência do comércio intra�rmas, por meio da concorrência monopolística (KRUGMAN; OBSTFELD, 2010). O comércio intra�rmas caracteriza-se por relações de comércio entre o mesmo setor, por exemplo, no setor de automóveis. Mesmo que determinado país realize a produção e exportação de automóveis, também é possível que ocorra importação de outros veículos que não são fabricados na indústria local, permitindo o ganho de escala na produção e comercialização. É interessante destacar que Michael Porter (1989), em sua obra A vantagem competitiva das nações, contribui para os estudos da teoria do comércio internacional, ao introduzir o conceito de “vantagens competitivas”. Segundo o autor, o único fator que pode explicar a competitividade dos países é o da “produtividade nacional” que corresponde ao rendimento produzido por uma unidade de trabalho ou de capital. Porter (1989) a�rma que nenhuma nação conseguirá ser competitiva em todos os setores, mas, somente em alguns (denominados de “clusters”), no interior dos quais as empresas concorrem de forma global. Pesquise mais Para conhecer mais sobre as teorias clássicas, neoclássicas e modernas relativas ao comércio internacional, pesquise mais em: VILLELA, A. B.; BRUCH, K. L. Ensaios sobre as teorias de comércio internacional. In: VIEIRA, A. C. P.; ZILLI, J. C.; BRUCH, K. L. (org.). Propriedade intelectual, desenvolvimento e inovação: ambiente Institucional e organizações. Criciúma: EDIUNESC, 2017.
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