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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO DE CIÊNCIAS RURAIS - CAMPUS DE CURITIBANOS Disciplinas: CNS7111 - BIOTECNOLOGIA VEGETAL Professores: Lírio Luiz Dal Vesco e Kelen Haygert Lencina – Semestre: 9º. Acadêmico (s): Mariah Rosa, Gabrielle Cruz de Andrade, William Matheus e Mateus Ganasini. Matrícula(s): 17102047, 17102039, 16203650, 17102086 PRODUÇÃO DE SEMENTES SINTÉTICAS E UNIDADES ENCAPSULÁVEIS E BIORREATORES DE IMERSÃO TEMPORÁRIA E ACLIMATIZAÇÃO 1. INTRODUÇÃO 1.1 Produção de semente sintética e unidade encapsuláveis As sementes sintéticas são definidas como embriões somáticos encapsulados, brotos ou outros tipos de propágulos, que possam ser utilizados para cultivo in vitro e ex vitro. Essa tecnologia deixa evidente a capacidade de multiplicação de plantas via embriogênese somática. Tais sementes possuem múltiplas vantagens sobre a propagação organogênica, incluindo a facilidade de manuseio, maior potencial de armazenamento, escala, produção e apresenta baixo custo (MONDO; CÍCERO, 2008). O alginato de sódio é um produto extraído de algas marinhas marrom da família Phaeophyceae, e se tornou o principal gel para encapsulamento, em razão das suas propriedades gelificantes, as quais são: baixo custo, ausência de toxicidade, gelifica em temperatura ambiente e facilidade de uso (GUERRA; DAL VESCO, 2007). As unidades encapsuláveis é uma técnica associada ao uso de propágulos com tamanho máximo de 8 mm, capaz de ser convertido em plântulas normais, apresentando vigor de conversão em condições ambientais e tolerância ao estresse causado durante a manipulação dos propágulos (GUERRA; DAL VESCO, 2007). 1.2 Biorreatores de imersão temporária A tecnologia utilizada pelo biorreator de imersão temporária proporciona a produção de mudas em larga escala, com maior rapidez e eficiência em relação aos demais métodos utilizados, reduzindo o custo dos propágulos utilizados (ZIV, 2000). Esses biorreatores vêm sendo utilizados com sucesso para a multiplicação rápida de brotos, consistindo em um novo conceito de utilização de meio líquido para a micropropagação. Esse método utiliza frascos contendo as culturas de proliferação que recebem líquidos em sistema de bombeamento temporário, ocorrendo um aumento substancial na taxa proliferativa (ALVARD et al., 1993). 1.3 Aclimatização O processo de aclimatização é definido como a transferência de um organismo, especialmente plantas, para um novo ambiente, sendo o processo realizado artificialmente (TOMBOLATO et al., 1998). A aclimatização tem por objetivo reduzir o estresse causado pela diferença entre as condições de cultivo in vitro e as condições externas de crescimento (PASQUAL et al., 2001). Na fase de aclimatização, as mudas são retiradas do meio de cultivo e transferidas para os recipientes contendo os substratos, que podem influenciar na resposta das mudas, através de características físicas, químicas e biológicas (GONÇALVES, 1995). 2. JUSTIFICATIVA Através da aula prática na qual visa o estudo de tecidos vegetais, torna-se possível observar o potencial que a biotecnologia proporciona, podendo utilizar o estudo de tecidos vegetais como ferramentas de melhoramento vegetal, multiplicação de material genético e também produção de mudas livres de vírus, aspectos fundamentais para aqueles que trabalham no meio agrícola e florestal. 3. OBJETIVOS 3.1.Objetivo geral Obtenção de um conhecimento mais detalhado sobre as tecnologias e técnicas envolvidas durante os processos de manipulação de organismos vivos, nos quais com o intuito de gerar produtos e serviços, tanto quanto o estudo das características pertencentes a cada processo. Elaborar sementes sintéticas, no nosso caso apenas discutimos sobre como se produz as sementes sintéticas, não produzimos, pois não tínhamos os materiais necessários, além disso, realizamos a produção de unidades encapsuláveis e compreendemos os princípios da aclimatização de brotações e o funcionamento dos BIT. 3.2. Objetivo específico 1. Compreender como se produz sementes sintéticas e produzir unidades encapsuláveis; 2. Realizar a aclimatização de mudas, brotações e sementes sintéticas produzidas em laboratório; 3. Visualizar diferentes estádios de diferentes embriões somáticos e microbrotos; 4. Avaliação final dos ensaios 1 e 2. 4. MATERIAL E MÉTODOS 4.1 Produção de semente sintética e unidade encapsulável Na aula prática 07, que ocorreu no dia 28/04/2023, realizamos as últimas avaliações dos ensaios de estabelecimento do Hortelã (Mentha sp.) e dos ensaios de multiplicação do Bambu (Guadua chacoensis) in vitro. Além disso, realizamos a produção de semente sintética e unidades encapsulável, a qual utilizamos como material os microbrotos, segmentos nodais/embriões somáticos (ES), sendo assim, seguimos o protocolo abaixo: 1. Identificamos e isolamos os microbrotos e segmentos nodais/embriões somáticos; 2. Mergulhamos os microbrotos e os segmentos nodais em solução de alginato de sódio a 2,0%, acrescido ou não de soluções nutritivas e fitorreguladores; 3. Com um micropipetador retiramos cada microbroto, segmento nodal/embriões somáticos juntamente com uma gota da solução de alginato; 4. Mergulhamos a gota em solução de CaCl2 (100 mM), para permitir a formação do complexo “alginato de cálcio”, pela saída de Na+ e entrada de Ca++ (agente geleificante), formando uma gota geleificada (cápsula); 5. Retiramos a cápsula da solução de cálcio após 5 minutos, porém o recomendado seria de 20-30 minutos, para que a mesma adquira consistência firme; 6. Enxaguamos em água por 5 minutos para retirar o excesso de Ca++; 7. Armazenamos em geladeira a 4 C, BOD ou criopreservar em nitrogênio líquido (- 196ºC) por um período estabelecido a cada sistema e/ou espécie; 8. Antes do plantio, as cápsulas de hidrogel devem ser descomplexadas em solução de KNO3 (200 mM), para facilitar o desenvolvimento dos microbrotos, segmentos nodais ou a germinação embriões somáticos. 4.2 Biorreatores de imersão temporária Na aula prática 07, que ocorreu no dia 28/04/2023, também realizamos a visualização de como funciona e produz o sistema de biorreatores de imersão temporária. É necessário utilizar alguns materiais para fazer a montagem do equipamento, tais como: mangueira de silicone, válvulas, filtros de ar, rolha de silicone, tubos de vidro ou plástico, reservatório de meio de cultura, recipiente para cultivo e compressor de ar. Portanto, nos biorreatores temporários os explantes são imersos no meio de cultura em intervalos regulares, sendo que, no primeiro vidro/plástico fica os explantes e no segundo o meio de cultura. Os dois recipientes são interligados por uma mangueira de silicone (autoclavável), onde o meio de cultura deve passar, como demonstrado na figura 01. O sistema funciona por meio de um compressor de ar, que ativo, direciona o meio de cultura para o recipiente onde se encontram os explantes, esse movimento ocorre por conta da pressão. O meio de cultura fica em contato com os explantes pelo tempo determinado e após, sendo que a mangueira do compressor de ar é conectada a mangueira do vidro/plástico que contém os explantes e então o meio de cultura é direcionado para o recipiente vazio. É importante lembrar que, nas mangueiras onde o ar passa há um filtro com 0,22 µm para que o mesmo seja esterilizado. 4.3 Aclimatização Na aula prática 07, que ocorreu no dia 28/04/2023, também realizamos o processo de aclimatização. Sendo que é necessário utilizar alguns materiais, tais como: pinça, tesoura, bandejas de plástico transparente, borrifador com água, becker com água, becker com solução KNO3. Portanto, para a realização da aclimatação, o primeiro passo é retirar com cuidado as brotações ou mudas dos frascos, em seguida,é realizada a lavagem de resíduos de meio de cultura. Após isso, é feito o transplante para bandejas com substratos, cuja composição foi previamente determinada de acordo com a necessidade de cada espécie, então, as bandejas são transferidas para ambiente de túnel de aclimatização com irrigação intermitente utilizando micro aspersão. As mudas deverão ser mantidas por períodos de 20-30 dias, nestas condições controladas e com menos de 50% da luminosidade. Sendo assim, seguimos o protocolo abaixo: 1) Retiramos com cuidado as brotações ou mudas dos frascos; 2) Realizamos a lavagem de resíduos de meio de cultura; 3) Mantemos constantemente hidratadas. Transplantamos para as bandejas com substratos, cuja composição foi previamente determinada de acordo com a necessidade de cada espécie e borrifamos para manter a umidade; Figura 01.Tecnologia de Biorreatores e Propagação Fotoautotrófica. Fonte: Embrapa (2015). 4) Transferirmos as bandejas para ambiente de túnel de aclimatização com irrigação intermitente utilizando micro aspersão; 5) E por fim, manter as mudas por períodos de 20-30 dias, nestas condições controladas e com menos de 50% da luminosidade. 4.4 Avaliação final dos ensaios (ensaio 1 e ensaio 2) Na prática 06, que ocorreu no dia 20/04/2023 realizamos, novamente, as avaliações dos ensaios de estabelecimento do Hortelã (Mentha sp.) e dos ensaios de multiplicação do Bambu (Guadua chacoensis) in vitro. Além disso, visualizou-se no datashow diferentes tipos celulares, culturas embriogênicas e estádios de desenvolvimento de Feijoa - Acca sellowiana, a qual identificou-se os diferentes estágios de desenvolvimento dos embriões somáticos desta espécie. E também visualizou-se os microbrotos de bromélia - Vriesea reitzii. Posteriormente, discutimos como se realiza a produção de sementes sintéticas e realizamos a produção de unidades encapsuláveis, bem como a avaliação dos ensaios 1 e 2. 5. RESULTADO E DISCUSSÕES 5.1 Avaliação do desenvolvimento das espécies Mentha sp e Guadua chacoensis Tabela 01. Desinfestação e indução in vitro (estádio 1) Hortelã Mentha sp. Data de inoculação: 23/03/23. Data de Avaliação: 27/04/23. N° de dias/semanas: 34 dias. Fonte: Os Autores (2023) Tabela 02. Desinfestação e indução in vitro (estádio 1) Hortelã Mentha sp. Data de inoculação: 05/04/23. Data de Avaliação: 27/04/23. N° de dias/semanas: 22 dias. Tabela 03. Ensaio de Multiplicação in vitro (Estádio 2) da espécie Guadua chacoensis. Data de inoculação: 30/03/23. Data de Avaliação: 27/04/23. N° de dias/semanas: 21 dias. Fonte: Os Autores (2023) Fonte: Os Autores (2023) Fonte: Os Autores (2023) A figura abaixo juntamente com a tabela 2, representam o desenvolvimento de Mentha sp com 34 dias de inoculação, mostrando desenvolturas significantes, como por exemplo as folhas, que no meio Ms A1 foi o explante que teve a melhor resposta, com um total de 21 folhas, e em sequência, veio o meio Ms de meia concentração A1 com 13 folhas. O tratamento B1 respondeu muito bem no fator altura, atingindo 11,5 cm, se tornando o destaque em relação aos demais, por outro lado, a menor altura se encontrou no meio Ms de meia concentração na amostra A1. As raízes pouco se desenvolveram em todos os tratamentos, que houve formação de 0 até 3 raízes, formando 1 raiz no tratamento Ms de meia concentração amostra A1, 2 raízes no meio Ms A1 e 3 raízes no meio Ms de meia concentração A2, e no meio B1 não houve formação de raízes (figura 2) Na figura 3 e tabela 3, é possível observar o desenvolvimento da espécie Guadua chacoensis, e analisar o comportamento da multiplicação no meio Ms, que de modo geral, obteve os melhores resultados de desenvolvimento quando comparado com os demais tratamentos. A amostra A2 do meio Ms foi o meio que se desenvolveu de forma mais uniforme, em todos os fatores, diferente da amostra A1 do mesmo meio, que teve o desenvolvimento de seus elementos de maneira mais distribuída, com 3 colmos, 8 folhas, 2 raízes e uma altura de 4 cm. A amostra que teve mais dificuldade no desenvolvimento foi o A1 do meio A1B2, não havendo formação de folhas, desenvolvendo 1 raiz, 2 colmos e aproximadamente 1,65 cm de altura. Figura 2. Desenvolvimento de Mentha sp (estádio 1) in vitro. Fonte: Os Autores (2023) 5.1 Produção de semente sintética e unidade encapsuláveis Através da aula prática, obtivemos conhecimento sobre a formação das unidades encapsuláveis e da importância das técnicas de complexação, descomplexação e importância de sementes sintéticas e unidades encapsuláveis na produção de mudas. Figura 3. Análise do ensaio de multiplicação in vitro da espécie Guadua chacoensis Fonte: Os Autores (2023) Figura 4. Aula prática de produção de semente sintética e unidades encapsuláveis: A) Explante saudável, sem presença de contaminação com crescimento radicular saudável; B) Explante saudável, sem presença de contaminação com crescimento radicular saudável; C) Materiais utilizados; D) Microbrotos e segmentos nodais ou embriões somáticos; E) Isolamento e separação dos microbrotos e segmentos nodais ou embriões somáticos; F) Microbrotos e segmentos nodais sendo mergulhados em solução de Cloreto de Cálcio e Alginato de Sódio; G) Gota da solução de Alginato formada e geleificada. Fonte: Os Autores (2023) 5.2 Biorreatores de imersão temporária Atua na intenção de reduzir a manipulação através de repicagem, melhorar as condições ambiente, aumentar as taxas de proliferação, além de ter um bom custo/benefício, uma vez que produz em larga escala com baixo custo. 5.3 Aclimatização O conhecimento acerca da aclimatização foi importante para entendermos o processo de ajuste da muda com o ambiente real. Entender que a muda esteve sob Figura 5. Aula prática de aclimatização: A) Transplante da cápsula para bandeja; B) Unidade encapsulada semeada na bandeja; C) Início das brotações. Fonte: Os Autores (2023) condições controladas de maneira externa, e que sob condições reais do ambiente, sem a aclimatização a sobrevivência da muda fica comprometida. 5.4 Avaliação final dos ensaios (ensaio 1 e ensaio 2) A avaliação é importantíssima e de processo contínuo para a compreensão e fornecimento de dados com o objetivo de gerar informações sobre o que ocorreu durante o processo do estabelecimento das culturas in vitro. 6. CONCLUSÃO Através do conhecimento prático em laboratório foi possível compreender as tecnologias associadas à produção de mudas por meio da cultura de tecidos, assim como os processos de estabelecimento e avaliativo dos explantes. A produção de unidades encapsuláveis, o conhecimento sobre sementes sintéticas e aclimatização, estimulam a pesquisa e avanço no estabelecimento de mudas diretamente à campo, demonstrando o caminho que a biotecnologia segue e sugere inovação para profissionais da área de Engenharia Florestal e Agronomia. 7. REFERÊNCIAS ALVARD, D.; COTE, F.; TEISSON, C. Comparison of methods of liquid medium culture for banana micropropagation – Effects of temporary immersion of explants. Plant Cell Tissue and Organ Culture, v.32, p.55-60, 1993. GONÇALVES, A. L. Substratos para a produção de mudas de plantas ornamentais. In: Minami, K. (Ed.) Produção de mudas de alta qualidade em hortaliças. São Paulo: T. A. Queiroz, cap. 14, p. 107-115, 1995. GUERRA, M. P.; DAL VESCO, L. L. Sementes Sintéticas e Unidades Encapsuláveis. Ornamental Horticulture, v. 13, p. 2011-2022, 2007. MONDO, V. H. V.; CICERO, S. M. Aspectos sobre a tecnologia de sementes sintéticas. Informativo ABRATES, v. 18, n. 1, p. 2, 2008. PASQUAL,M.; CHALFUN, N. N. J.; RAMOS, J. D. Aplicações na propagação de plantas. Lavras: UFLA/FAEPE, p. 81, 2001. TOMBOLATO, A. C. et al. O cultivo de tecidos e transformação genética de plantas. Brasília: EMBRAPA/CNPH, v. 1, 864p.1998. ZIV, M. Bioreactor Technology for plant micropropagation. Horticultural reviews, v.24, p.1-30, 2000.
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