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Trabalho de choque

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Curso de Medicina Veterinária
Choque 
Caxias do Sul
2022
Introdução
	O choque é um colapso generalizado causado por uma diferença entre o volume de sangue e o volume a ser preenchido no sistema circulatório. O mais comum é quando o volume de sangue é inferior ao que precisa ser preenchido (Borges, Carvalho & Serufo, 2012). 
	As causas mais comuns de choque são perda de sangue, redução de débito cardíaco ou perda do controle vasomotor periférico. O choque frequentemente leva o animal a óbito (Borges, Carvalho & Serufo, 2012).
Choque Hipovolêmico
 O choque hipovolêmico é causado pela perda de volume sanguíneo. A etiologia mais frequente é a hemorragia, mas perdas agudas de plasma, água e eletrólitos também são causas dessa manifestação, a perda de volume sanguíneo também pode ocorrer de forma ilusória na exsudação tecidual, como em queimaduras graves e lesões compressivas, ou ainda a perda de sangue pode ser por meio de diarreia ou vômitos. Antes que se desenvolva o choque hipovolêmico, faz-se necessária a perda de uma extensa quantidade de sangue. Os animais saudáveis podem perder até 1/4 de seu volume sanguíneo sem a manifestação imediata de sinais clínicos, e pode ser necessária a perda de metade do volume sanguíneo para levar o animal ao óbito. Em casos de grande perda sanguínea, ocorre uma queda na pressão sanguínea arterial e débito cardíaco. Conforme ocorre a perda de sangue, os testes sanguíneos relacionados ao volume globular (hematócrito) revelam redução nos valores, também há diminuição nos leucócitos e nas plaquetas. 
 As alterações microscópicas variam conforme o órgão afetado: Hiperemia, focos de necrose e hemorragia, erosões da mucosa, edema subepitelial, exsudação serosa são algumas das alterações.
 Os sinais clínicos que mais se destacam nos pacientes são: fraqueza, pressão arterial mais baixa, inatividade, tristeza, cansaço, hemorragia, respiração ofegante, dificuldade para respirar, entre outros. 
 No diagnóstico é constatado o aumento da frequência cardíaca com aumento da resistência vascular sistêmica e elevação da pressão arterial. Ocorre redução da temperatura, oligúria ou anuria pela ativação do hormônio antidiurético e isquemia intestinal devido à hipóxia. A presença de outros achados no exame físico como palidez de mucosas e perda da consciência pode ser observada.
 A expansão do volume sanguíneo, por meio da fluidoterapia, constitui a principal terapia inicial. O tratamento é baseado em metas que otimizem o débito cardíaco e a pressão arterial e ao incremento no transporte de oxigênio no sangue. Estas são alcançadas através da redução nos níveis de lactato, estabilização da temperatura, melhora na coloração de mucosas, estabelecimento de pulso palpável e na recuperação da consciência do paciente (RABELO, 2010). 
 
 
Choque: lesões de choque pós-cirúrgico em intestino de cão. Hiperemia e hemorragia acentuadas do duodeno
Choque Cardiogênico
 O choque cardiogênico é uma condição de hipoperfusão tecidual sistêmica e diminuição do débito cardíaco ocasionada por disfunção cardíaca pré-existente, a emergência se dá pela incapacidade do coração de bombear sangue. O coração pode deixar de gerar volume e débito cardíaco adequados devido à contração reduzida, a cardiomiopatia dilatada é a causa mais comum que leva ao choque cardiogênico, a frequência cardíaca está tipicamente aumentada, assim como no choque hipovolêmico, a fim de compensar a diminuição do débito cardíaco.
 Hiperemia, focos de necrose e hemorragia, erosões da mucosa, edema sub epitelial, exsudação serosa são algumas das alterações.
 Os sinais clínicos que mais se destacam nos pacientes são: aumento da frequência cardíaca e respiratória, fraqueza, pressão arterial mais baixa, inatividade, tristeza, cansaço, entre outros.
 O diagnóstico clínico é feito diante de sinais de hipoperfusão tecidual, hipotensão grave e persistente e sinais de congestão pulmonar. Exames laboratoriais, de imagem e eletrocardiografia possuem grande importância na complementação do diagnóstico, o qual deve ser diferenciado das outras causas de choque. 
 O tratamento é direcionado para a otimização do desempenho sistólico e diastólico, melhoria da administração de oxigênio ao miocárdio e correção de distúrbios do ritmo, quando indicado, também podem ser usados fármacos para o controle de ansiedade, diuréticos, a auscultação cardíaca e a aferição da pressão arterial devem ser feitas periodicamente para acompanhamento do paciente.
Choque Vasculogênico
O choque vasculogênico ocorre quando há aumento da capacitância vascular sem perda do volume intravascular.
a) Anafilático
É um colapso circulatório que se caracteriza pela ligação de antígenos a anticorpos. A ativação da ligação entre as imunoglobulinas E (IgE) e o antígeno gera liberação de histamina ocasionando em uma insuficiência circulatória periférica, causando dilatação arteriolar e venosa. Os sinais clínicos se caracterizam por redução de pressão arterial e de retorno venoso de sangue ao coração. O diagnóstico do choque anafilático é essencialmente clínico (Cheville, 2009). 
b) Neurogênico 
O choque Neurogênico é mediado pelo sistema nervoso. É muito comum em contenção de animais silvestres e mamíferos. A sobrecarga nervosa estimula à vasodilatação periférica ocasionando na perda de volume sanguíneo circulante. Não deve ser confundido com desmaio (Cheville, 2009). 
c) Séptico
O choque Séptico é causado por grandes infecções por bactérias que levam ao choque com a liberação de toxinas. Essas toxinas atuam liberando catecolaminas nas terminações simpáticas pós-ganglionares, além disso, estimulam os macrófagos a liberar citocinas (Cheville, 2009). 
Conclusão
 Diante da gravidade dos choques citados, é indispensável conhecer a fisiopatologia e as especificidades de cada modalidade de choque. 
 Mesmo necessitando de mais estudos para maior entendimento e sendo muito complexo, hoje se pode afirmar que há como diagnosticar e tomar uma conduta adequada a tempo de salvar um paciente neste quadro.
Referências bibliográficas
BORGES, I.N., CARVALHO, J.S., SERUFO, J.C. Abordagem geral do choque anafilático. Revista de Medicina de Minas Gerais. v.22. n. 2. pág 174-180, 2012. 
Cheville, Norman F. Introdução à patologia veterinária / Norman F. Cheville; [tradução Fabiana Buassaly]. – Barueri, SP : Manole, 2009
TRENTINI, M. C. Choque. Botucatu-SP, 2011. 20 f. Trabalho de Conclusão de Curso – Faculdade de Medicina Veterinária Zootecnia – Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” – UNESP
Nagib, Martha Girardi Choque cardiogênico em cães - Revisão de literatura. / Martha Girardi Nagib; orientação de Gláucia Bueno Pereira Neto. – Brasília, 2017

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