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CIRURGIA Carolina Ferreira -Choque: é caracterizado por um quadro de hipoperfusão tecidual sistêmico agudo devido a uma incapacidade do sistema circulatório em atender as demandas metabólicas, levando a disfunções orgânicas -No politraumatizado, a causa + comum é a hipovolemia decorrente da hemorragia Logo, toda vítima de trauma que se apresente fria e taquicárdica está em choque hipovolêmico até que se prove o contrário. -Pode ser dividido didaticamente em 3 fases: 1. 1º fase: ocorre quando os prejuízos são reversíveis e os mecanismos compensatórios estão intactos; o tto é a reposição volêmica, iniciando-se c/ 1.000 mL de cristaloide e reavaliando- se continuamente 2. 2º fase: há o desarranjo microvascular e a disfunção de 1 ou + órgãos 3. 3º fase: as alterações são graves e irreversíveis, c/ lesões teciduais estabelecidas e alterações de repolarização cardíaca e das membranas em geral. A insuficiência respiratória decorrente do choque é um evento tardio e só deve ocorrer na 3º fase. -PAM: DC x RVS -RVS: • Cerca de 70% da volemia encontra-se no leito venoso • Cerca de 20% da volemia encontra-se no leito arterial • Cerca de 10% da volemia encontra-se no leito capilar -DC é determinado basicamente por 4 fatores: pré-carga (retorno venoso- volume enchimento diastólico), pós-carga (representa a “rampa” imposta à ejeção ventricular-RVS), contratilidade miocárdica e FC - Pré-carga (retorno venoso), pós-carga, contratilidade miocárdica = determinam o volume de sangue bombeado a cada batimento =DÉBITO SISTÓLICO - Pós-carga prejudica o esvaziamento ventricular DC= DS x FC -Pressão capilar pulmonar encunhada (PCP)= reflete as pressões de enchimento do esquerdo -Pressão venosa central (PVC) = reflete as pressões de enchimento do direito -DO2: é a oferta de oxigênio que é levada aos tecidos em unidade de tempo, depende das seguintes variáveis- DC, HB, SatO2 -Queda expressiva da DO2: choques hipodinâmicos (hipovolêmico, cardiogênico, obstrutivo) -Taxa de extração tecidual de oxigênio (TEO2): representa o percentual de O2 ofertado aos tecidos que é efetivamente extraído TEO2=VO2/DO2x100. -VO2= consumo tecidual de oxigênio/unidade de tempo Lembre-se nem a hipoxemia, nem a anemia resultam na queda da DO2, isso ocorre porque a hipoxemia aumenta a hemoglobina e a anemia eleva o DC FISIOLOGIA -A resposta inicial do organismo diante da perda sanguínea consiste em vasoconstrição periférica (circulações cutânea, muscular e visceral) na tentativa de preservar a perfusão de órgãos nobres (rins, coração e cérebro). Ocorre também da FC c/ o intuito de manter o DC. Na maioria das vezes, a taquicardia é o sinal + precoce do choque. -A vasoconstrição e o da FC decorrem da liberação de catecolaminas endógenas, que a RVS. Inicialmente, c/ a vasoconstrição e o da FC e da PA permanece inalterada. Se a perda sanguínea persistir, sem haver reposição, o paciente apresentará hipotensão. Se o processo ñ for revertido, ocorrerão, em sequência, lesão celular progressiva, agravamento do edema tecidual e morte celular. Esse processo é resultante da perda sanguínea e da hipoperfusão. -Ocorre da seguinte forma: • Choque hipovolemico→ do volume intravascular • Choque cardiogênico→ perda da bomba e do volume sistólico • Choque distribuitivo/neurogenico ou séptico→ da pré-carga e da RVS DIAGNÓSTICO do DC Hipotensão má perfusão tecidual + do ácido láctico(acidose) e insuficiência orgânica CIRURGIA Carolina Ferreira -Os 1º sinais clínicos do choque são: taquicardia + vasoconstrição cutânea (pele fria e diaforética (pegajosa)) + da pressão de pulso (# entre pressão sistólica e diastólica) + queda da PA (fase tardia) + sudorese + oligúria ou anúria + alteração no nível de consciência (confusão mental ou coma) -FC considerada como taquicardia conforme a idade: ▪ Lactente: > 160 bpm ▪ Pré-escolar: > 140 bpm ▪ Púbere: > 120 bpm ▪ Adulto: > 100 bpm CHOQUE HIPOVOLÊMICO -É resultante da redução do volume intravascular 2º a perda de sangue ou fluidos e eletrólitos, gerando assim uma redução da pré-carga (queda do volume de enchimento diastólico) o que eleva uma redução do DC. Assim, a resistência vascular sistêmica (RVS) numa tentativa de manter a perfusão de órgãos vitais. -Causas: • Hemorragias: digestivas, rotura aórtica, pancreatites hemorrágicas, fraturas e traumas • Perda de líquidos: diarreia, vômitos e poliúria • Sequestro de líquidos: queimaduras, peritonites, colites • Drenagem de transudatos: ascite e hidrotórax -O sangue é responsável por 7% do peso corpóreo nos adultos e, nas crianças, por 8 a 9%, sempre considerado o peso ideal. Assim, um adulto de 70 kg tem, aproximadamente, 5 L de sangue. É útil lembrar que fraturas e lesões de partes moles podem ser responsáveis por alterações hemodinâmicas. A perda sanguínea local pode ser volumosa. Em fraturas de ossos longos, como úmero e tíbia, há perda de cerca de 750 mL. Fraturas do fêmur podem sangrar até 2.000 mL. Em fraturas da bacia, vários litros de sangue podem acumular-se no retroperitônio. A lesão de partes moles acarreta, também, edema local com perda adicional de líquido, ainda + o volume intravascular -É o tipo + frequente de choque. A redução do volume pode ser devida a uma hemorragia (+ frequente) em que há perda tanto de eritrócitos quanto de plasma, ou a uma perda isolada de plasma, que ocorre em casos + específicos. A hemorragia pode ser externa (traumas) ou interna (úlcera perfurada). A fim de recuperar a perfusão tecidual o organismo lança mão de estratégias fisiológicas como a ativação simpática. Essa ativação desencadeia 3 respostas principais: 1. Contração das arteríolas: RVP 2. Contração das veias: o retorno venoso e, consequentemente a pré-carga 3. Efeitos diretos: o da FC (efeito cronotrópico positivo) e o da força de contração do coração (efeito inotrópico positivo). Esses efeitos atuam em conjunto contribuindo p/ o da PA -Dividido em: • Hemorrágico: pode ser relacionado ao trauma, em que há hipovolemia devido a perda de sangue e destruição tecidual. Ou não relacionado ao trauma, como ocorre no sangramento espontâneo por coagulopatia ou iatrogênico, hemoptise maciça e hemorragia digestiva. • Não hemorrágico: perda de volume pelo trato gastrointestinal (diarreia, vômitos), rins (excesso de diurético, estado hiperosmolar hiperglicêmico), perda p/ o 3º espaço (pancreatite aguda, obstrução intestinal), queimaduras, hipertermia. -Fisiopatologia: da atividade simpática + hiperventilação + vasoconstrição venosa + hipoperfusão tecidual metabolismo anaeróbio → lactato DC inicial FC RVS -Manejo: REPOSIÇÃO VOLÊMICA- restauração da perfusão tecidual + da pré-carga + restauração do DC -TRÍADE LETAL: HIPOTENSÃO + ACIDOSE + HIPOTERMIA CHOQUE CARDIOGÊNICO -Consiste na falência do mecanismo de bomba do coração, causando da pós-carga. Normalmente, a FC está normal, c/ hipotensão -Principais causas: IAM, valvopatias, ICC, cardiomiopatias, arritmias e miocardite -Fisiopatologia: DC inicial FC RVS CHOQUE DISTRIBUTIVO -É o choque + grave e c/ pior prognóstico devido à falha do mecanismo compensatório. CIRURGIA Carolina Ferreira -No choque distributivo, a má perfusão é resultado de uma vasodilatação periférica global que ocasiona drástica redução da RVS, comprometendo o fornecimento de O2 pelos capilares e a captura de O2 pelos tecidos. Nesse caso, o DC encontra-se preservado, dado que ñ há qualquer problema nem c/ a bomba cardíaca, nem c/ o volume circulante de sangue. OCORRE DIMINUIÇÃODA RVS -Resumindo: perda do controle vasomotor e ao distúrbio microcirculatório= vasodilatação arteriolar e venular (choque séptico) -É importante observar que o choque distributivo é a única modalidade de choque em que ocorre vasodilatação Em todos os outros tipos de choque vai ocorrer uma vasoconstrição reflexa, que ocorre como mecanismo compensatório determinado pela ativação simpática. No choque distributivo esse mecanismo compensatório ñ consegue atuar, já que a musculatura lisa arteriolar se encontra seriamente lesada, ñ respondendo ao estímulo simpático. Por esse motivo, é o tipo de choque + grave, apresentando pior prognóstico e > índices de mortalidade -Causas: choque séptico, SIRS, choque anafilático, choque neurogênico, reação a drogas e toxinas, insuficiência adrenal e coma mixedematoso -Fisiopatologia: FC tentativa de DC RVS inicial -A vasodilatação periférica que leva ao choque distributivo pode ser causada por subtipos de choque: • Séptico: inflamação -> ativação imunológica -> lesão endotelial -> da permeabilidade vascular + síntese de óxido nítrico • Anafilático: prurido, rash cutâneo, rouquidão, dispneia, manifestações do TGI • Neurogênico: ocorre lesão da medula espinal acima do nível torácico superior, grave TCE ou fármacos anestésicos, acontece devido à perda do tônus simpático, a pele é quente e seca CHOQUE NEUROGÊNICO -Ocorre devido a má perfusão tecidual pela perda súbita do tônus vascular -Tônus vascular é um estado de ligeira contração mantido nos vasos sanguíneos pelo SNA, e é crucial p/ a manutenção da PA e da PEC -Fisiopatologia: perda do tônus vascular → dilatação das arteríolas e das vênulas da RVP e do retorno venoso Choque -Causas: anestesia geral profunda (por excessiva depressão do centro vasomotor), uso de drogas ou fármacos que deprimem o SNC, anestesia espinhal (por bloqueio da descarga simpática acima da medula espinhal) ou por lesão cerebral difusa que cause paralisia vasomotora CHOQUE OBSTRUTIVO -O choque obstrutivo é ocasionado por uma obstrução ou uma compressão dos grandes vasos ou do próprio coração, É QUANDO OCORRE O IMPEDIMENTO AO ENCHIMENTO VENTRICULAR HÁ SINAIS DE BAIXO DÉBITO -Pode ocorrer por diversas causas, porém 3 merecem destaque: 1. Pneumotórax hipertensivo: é uma situação aguda de da pressão intratorácica. As grandes veias sofrem pressão em sua superfície externa o que seu calibre. A lei de Poiseuille, diz que ñ é necessário uma muito grande no calibre do vaso p/ que seu fluxo significativamente. No entanto, há casos em que o calibre é extremamente ou o vaso é até mesmo colapsado. As estruturas torácicas podem se desviar lateralmente, inclusive a veia cava. No entanto, como ela encontra-se fixa no forame da VCI, ao desviar-se, ela sofre estrangulamento. Neste caso o retorno venoso estaria seriamente comprometido, por conseguinte o DC, ocasionando o choque 2. Tamponamento cardíaco: ocorre um acúmulo de líquido entre as lâminas parietal e visceral do pericárdio seroso do . Como o pericárdio fibroso tem uma consistência firme, ele impede que esse acúmulo de líquido no pericárdio seroso se faça de forma a o volume do pericárdio como um todo. Logo, ocorre um concêntrico do pericárdio, comprimindo o coração. A compressão do compromete sua dilatação na diástole, comprometendo o volume diastólico final, o DC e levando ao choque 3. Tromboembolismo pulmonar: a existência de um trombo na circulação venosa, normalmente em MMIIs, pode ser o ponto de partida p/ a ocorrência deste choque. O atrito entre o trombo e o fluxo sanguíneo acaba por destacar pequenos êmbolos. Esses êmbolos seguem p/ o coração direito, ganham as artérias pulmonares e chegam aos capilares pulmonares. O pequeno calibre destes vasos faz c/ que os êmbolos fiquem estacionados, formando microtrombos e obstruindo os capilares pulmonares. C/ a rede capilar significativamente obstruída, ñ há quantidade considerável de sangue p/ retornar ao . Como pouco sangue chega ao átrio esquerdo, pouco sangue será entregue CIRURGIA Carolina Ferreira ao ventrículo esquerdo e, por conseguinte, pouco sangue será bombeado p/ o organismo (baixo DC). Essa situação hemodinâmica provoca, portanto, o choque -Outras causas: ▪ Obstrução do débito de VD: embolia pulmonar, hipertensão pulmonar aguda. ▪ da pressão intratorácica: pneumotórax hipertensivo, ventilação mecânica com altos valores de PEEP. ▪ Obstrução extrínseca ou de estruturas adjacentes ao coração: síndrome da veia cava superior, tumores mediastinais. -Fisiopatologia: DC final DC RVS inicial CHOQUE SÉPTICO -É decorrente de uma infecção grave, disseminada p/ todo o organismo. Ocorre normalmente em ambiente hospitalar e acomete indivíduos c/ o sistema imune comprometido ou aqueles que realizaram procedimentos invasivos -Fisiopatologia: infecção local é transmitida a outros tecidos pela corrente sanguínea →sepse toxinas produzidas pelos causadores da infecção induzem à produção de mediadores inflamatórios como interleucinas, bem como a síntese de óxido nítrico→ essas substâncias têm uma potente ação vasodilatadora → a RVP, PA e a PEC da pré-carga e do retorno venoso, o DC → ATIVAÇÃO DA RESPOSTA SIMPÁTICA(TAQUICARDIA) → ñ consegue reverter a vasodilatação, devido a microcirculação estar seriamente afetada ocorre também da permeabilidade vascular → perda de plasma p/ os espaços intersticiais e de proteínas→ a pressão coloidosmótica nos capilares e induz a uma perda ainda > de plasma, agravando o choque. -Hemodinâmica da sepse: interação complexa entre micro-organismo e hospedeiro →vasodilatação sistêmica RVS DC DC CHOQUE ANAFILÁTICO -A má perfusão tecidual no choque anafilático também é resultado de uma vasodilatação generalizada e tem hemodinâmica semelhante ao choque séptico -Causa: é alergia -No choque anafilático, o pct sofre uma reação alérgica ao ser exposto a um antígeno, a que é previamente sensível. -Fisiopatologia: interação antígeno-anticorpo, mediada pela imunoglobulina E, é extremamente significativa e provoca a degranulação de mastócitos c/ consequente liberação de histamina histamina produz venodilatação, o retorno venoso; vasodilatação arteriolar, a RVP; e da permeabilidade vascular, causando extravasamento de plasma e proteínas dos capilares p/ os espaços intersticiais o grande da permeabilidade pode produzir o edema de glote, que muitas vezes leva ao óbito antes mesmo que o choque circulatório se instale -Nem toda reação alérgica produz choque anafilático. A intensidade e a distribuição dessa reação irão depender do grau de hipersensibilidade do indivíduo àquele determinado antígeno. No entanto, há casos em que tal reação é tão significativa que leva o indivíduo à morte em poucos minutos. AVALIAÇÃO INICIAL DO PACIENTE C/ CHOQUE HEMORRÁGICO -O pct traumatizado em choque é sempre tratado inicialmente como hipovolêmico, c/ o objetivo de restabelecer as perfusões orgânica e celular c/ sangue adequadamente oxigenado. O princípio básico é interromper o sangramento e repor as perdas de volume. -Durante a avaliação de via aérea, lembrar de fornecer O2 suplementar p/ manter os níveis de saturação de HG acima de 95%. A avaliação neurológica do paciente provavelmente estará alterada e ñ implicará, necessariamente, lesões intracranianas, podendo refletir apenas a perfusão inadequada do cérebro. -A dilatação gástrica pode ser causa de hipotensão inexplicada ou de arritmias cardíacas, por estímulo vagal. Está frequentemente presente no traumatizado, principalmente na criança, e torna difícil o tto do choque, além de elevar o risco de aspiração do conteúdo gástrico. Deve-se passar uma sonda nasogástrica ou orogástrica, p/ descompressão, e aspirá-la p/ remover o conteúdo gástrico. Em todo politraumatizadoque esteja em choque, deve ser colocada uma sonda urinária p/ monitorização contínua da diurese e avaliação da presença de hematúria, exceto em caso de suspeita de traumatismo uretral. CIRURGIA Carolina Ferreira TRATAMENTO DO CHOQUE HEMORRÁGICO -A 1º etapa no tto das hemorragias é o controle do sangramento. Hemorragias externas devem ser comprimidas ou tratadas c/ elevação do membro. Podem-se utilizar torniquetes em situações de exceção, como na amputação traumática ou no sangramento externo arterial, no qual a compressão ñ é efetiva. A 10ª edição do ATLS preconiza que o tempo ideal em caso estritamente necessário é ñ + do que 1 hora; caso o tto cirúrgico ñ possa ser providenciado nesse tempo, deve-se desgarrotear. Medidas hemostáticas, como suturas, ñ devem ser feitas durante o exame primário. -A reposição volêmica, quando indicada, deve ser precoce. Preconiza-se a punção de 2 acessos venosos periféricos, já que o fluxo de líquido será > quanto + curto e calibroso for o cateter (lei de Poiseuille). No ato da punção, deve ser colhida uma amostra de sangue p/ tipagem, dosagem de hemoglobina, hematócrito (controle do quadro hemorrágico), amilase, beta-HCG e eventuais exames toxicológicos. -A passagem de cateter venoso central ñ deve ser realizada no atendimento inicial, pois, além de consistir em um acesso longo e fino, apresenta o risco de punção iatrogênica c/ pneumotórax ou hematoma da carótida. Na impossibilidade de acesso periférico, devem ser realizadas as dissecções venosas (flebotomias). Em pacientes pediátricos, é possível realizar o acesso intraósseo, que deverá ser utilizado apenas durante a reanimação e c/ equipamento adequado. Atualmente está cada vez + utilizado o acesso intraósseo em adultos, por meio de dispositivos desenvolvidos p/ perfurar a tíbia de adultos, que apresentam > resistência do que as de crianças. A punção é feita na superfície anteromedial da tíbia, de 1 a 3 cm abaixo da tuberosidade tibial. -P/ a reposição volêmica, devem ser utilizadas soluções cristaloides isotônicas aquecidas, preferencialmente a 39 °C. O Ringer lactato é a solução preferencial por apresentar composição + semelhante à do plasma. Mesmo assim, há risco de acidose hiperclorêmica, principalmente entre pacientes c/ insuficiência renal. Preconiza-se uma reposição inicial de 1.000 mL, e volumes subsequentes devem basear-se na resposta do paciente. A reposição adequada de volume deve restabelecer, no adulto, o débito urinário de aproximadamente 0,5 mL/kg/h. Na criança de 0 a 3 anos, o objetivo é uma diurese de 2 mL/kg/h; na criança de 3 a 5 anos, de 1 mL/kg/h; entre 5 e 12 anos, espera-se atingir de 0,5 a 1 mL/kg/h. A resposta à reposição volêmica inicial pode ser rápida, transitória ou mínima ou ausente a hipotensão permissiva ñ deve ser utilizada na presença de trauma cranioencefálico. -Os pacientes c/ resposta transitória apresentam sangramento persistente ou reanimação inadequada até o momento. Aqueles c/ resposta mínima ou ausente provavelmente necessitam de intervenção cirúrgica imediata p/ controle hemorrágico, porém devem ser lembradas as causas de choque ñ hemorrágico, como o cardiogênico por contusão cardíaca ou tamponamento, e o pneumotórax hipertensivo, como causa do choque que não responde à reposição volêmica. -Agentes hemostáticos (ácido tranexâmico ou ácido aminocaproico) são medidas auxiliares no controle da hemorragia do paciente traumatizado. O ácido tranexâmico é um agente antifibrinolítico cujo uso se sustenta no conceito que as hemorragias exanguinantes levam a ativação do plasminogênio que convertido a plasmina é a principal proteína responsável pela dissolução do coágulo, fazendo que as hemorragias vultosas sejam relacionadas a hiperfibrinólise. O ácido tranexâmico deve ser usado por via venosa, 1 g dentro das primeiras 3 horas do trauma. -Reposição de sangue: o sangue deve ser reposto na forma de concentrado de hemácias. O objetivo é a capacidade de transporte de O2 do volume intravascular. Está indicada transfusão a pacientes c/ perda estimada > que 30% do volume sanguíneo total (choque grau III). Idealmente, devem ser feitas provas cruzadas, utilizando sangue c/ tipo específico ABO e Rh. Na indisponibilidade do tipo específico ou na falta de tempo, deve-se utilizar sangue tipo O e, em mulheres em idade fértil, Rh negativo. A hipocalcemia é um evento temido após transfusões maciças por acarretar alterações no estímulo elétrico cardíaco (alargamento do intervalo QT), insuficiência ventricular aguda, convulsão e hipotensão. Pode ocorrer pelas grandes quantidades de ácido cítrico na transfusão rápida de grandes volumes de plasma (> que 20 mL/kg ou de 50 a 150 mL/min), ou plaquetas, levando à redução de 40 a 50% dos valores normais de cálcio iônico, que retornam ao valor normal em poucos minutos após a interrupção da infusão. Na verdade, esse fenômeno está + relacionado com a velocidade de infusão da transfusão do que c/ a quantidade de hemocomponentes transfundidos. O tto pode ser feito c/ gluconato de cálcio (30 mg/kg) ou cloreto de cálcio (10 CIRURGIA Carolina Ferreira mg/mL), o qual é preferível, pois o cálcio ionizado é + rapidamente disponível. É importante ressaltar que ñ se deve administrar cálcio pela mesma via de administração do sangue, pois pode ocorrer microembolia pela anulação do efeito quelante do citrato. Considera-se transfusão maciça quando se realiza a transfusão de + de 10 unidades de série vermelha nas primeiras 24 horas ou 4 unidades na 1º hora. Nesses casos, a reposição balanceada precoce de hemácias, plasma e plaquetas deve ser utilizada em detrimento da sobrecarga de cristaloides. A 10ª edição do ATLS sugere os termos de reposição balanceada, hemostática ou reposição e controle de danos (damage control) nessas situações. Não existe ainda um consenso da relação de hemoderivados versus quantitativo de concentrado de hemácias que devem ser utilizados nesses protocolos. -A prevenção de hipotermia deve ser perseguida, e, por causa da possibilidade de coagulopatia, presente em 30% dos pacientes graves, a dosagem de tempo de protrombina, tempo de tromboplastina parcial ativada e contagem de plaquetas têm valor na avaliação inicial na 1º hora, principalmente em pacientes com algum histórico de coagulopatia. O ideal, porém, seria o tromboelastograma, que tem > capacidade de orientar o defeito de coagulação e a reposição do fator adequado. -Avaliação invasiva: a principal causa de resposta inadequada ao tratamento de choque é a hemorragia oculta ou não diagnosticada. Os idosos e os portadores de choque de causa ñ hemorrágica devem ser transferidos p/ UTI p/ adequada monitorização, inclusive da Pressão Venosa Central (PVC). -No pct c/ suspeita de sangramento intracavitário, principalmente abdominal, que ñ responde às medidas de reanimação, a avaliação pelo cirurgião deve ser precoce, pois muitas vezes o controle da hemorragia só é obtido na laparotomia exploradora. PROBLEMAS NO ATENDIMENTO DE PACIENTES COM CHOQUE -Idade: idosos apresentam < atividade simpática em virtude de um déficit de resposta dos receptores às catecolaminas e podem ñ apresentar da FC. Além disso, a doença oclusiva aterosclerótica torna os órgãos vitais extremamente sensíveis à do fluxo sanguíneo. A utilização frequente de medicações crônicas deve ser lembrada: os diuréticos causam depleção crônica de volume, e os BB podem mascarar os sinais de choque. Nesse caso, deve-se utilizar monitorização invasiva + precocemente. Um dado relevante é que há consenso de que acima dos 65 anos deve-se considerar hipotensão pressão arterial quando esta estiver inferior a 110 mmHg. -Atletas: apresentam volume sanguíneo em 15 a 20% e DC em até 6 vezes,além de FC normal na faixa de 50 bpm. Esses pcts têm capacidade compensatória > à perda sanguínea e poucas manifestações de hipovolemia. -Gravidez: há hipervolemia fisiológica, sendo necessária > perda sanguínea p/ manifestar anormalidades de perfusão, tanto p/ a mãe quanto p/ o feto. -Medicamentos e marca-passo: os BB e os BCC alteram significativamente a resposta hemodinâmica à hemorragia. Portadores de marca-passo cardíaco ñ têm da FC por causa da perda sanguínea. Deve ser realizada monitorização da PVC p/ orientar a reposição volêmica. DROGAS VASOATIVAS -Recomenda-se uso de vasopressor p/ pacientes em que ñ houve resposta após a reposição c/ cristaloide ou pacientes c/ hipotensão grave. ▪ NORADRENALINA (1ª escolha): 0,1 mcg/kg/min (5 a 10 mcg/min). a infusão a cada 2 a 5 minutos conforme avaliação clínica ▪ DOPAMINA: < 3 ug/kg/min (dose baixa). > incidência de taquiarritmias e mortalidade ▪ EPINEFRINA: 1ª escolha no choque anafilático (reduz edema de VA) 0,005-0,1 ug/kg/min ▪ VASOPRESSINA: indicada no choque séptico quando há hipotensão refratária 0,01 a 0,04 U/min
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