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Página 1 de 4 IBET – INSTITUTO BRASILEIRO DE ESTUDOS TRIBUTÁRIOS Módulo IV: Controle da Incidência Tributária Seminário IV: Imunidade e Normas Gerais do Direito Tributário Aluno: Gabriel de Sousa Lopes 1. Explique bem o que é a imunidade e estabeleça suas diferenças em relação a isenção, não incidência e incidência tributária. O conceito de imunidade tributária pode ser aplicável às taxas, às contribuições e contribuições de melhoria? A imunidade tributária representa um limite estabelecido pela Constituição para o poder de tributação. Alguns estudiosos a consideram como uma forma de exclusão de incidência tributária. Este conceito está estritamente ligado à Constituição e só pode ser aplicado por meio dela. A imunidade difere da isenção, que é concedida por meio de leis ordinárias ou complementares para excluir a aplicação do tributo em certas situações, com o objetivo de promover o crescimento econômico, interesses fiscais ou outros motivos. A não incidência ocorre quando não há fato gerador ou hipótese de incidência que justifique a aplicação do tributo, ou seja, é o oposto da incidência. Alguns estudiosos, como Aliomar Baleeiro, argumentam que a imunidade constitucional e a não incidência são conceitos semelhantes. De acordo com a Constituição, a imunidade tributária se aplica a taxas (Artigo 5º, XXXIV, CF), impostos (Artigo 150, VI, CF) e contribuições para a seguridade social (Artigo 195, § 7º, CF). No entanto, as imunidades mais significativas são aquelas que se aplicam especificamente aos impostos. É importante notar que o Artigo 195, § 7º, da CF, utiliza o termo "isenção" ao mencionar as contribuições. No entanto, na realidade, refere-se à imunidade, que é a proibição, estabelecida pela Constituição, da cobrança do tributo. 2. As imunidades são cláusulas pétreas na Constituição Federal? Uma Emenda Constitucional pode revogar alguma das imunidades dispostas na Carta Magna? As normas constitucionais que veiculam imunidades são autoaplicáveis ou dependem de regulamentação infraconstitucional? Página 2 de 4 As imunidades não podem ser consideradas cláusulas pétreas dentro da Constituição Federal. Portanto, é possível revogá-las por meio de emendas constitucionais. Essas são normas que já têm sua estrutura completamente delineada no texto constitucional, não requerendo regulamentação adicional para limitar seu conteúdo e alcance. Assim sendo, a modificação das normas de imunidade não pode ser realizada pelo legislador comum por meio de normas infraconstitucionais, sendo permitida apenas por meio de emendas constitucionais. Nesse contexto, as imunidades constitucionais são autoaplicáveis, embora seja permitido que regulamentos infraconstitucionais estabeleçam procedimentos e esclareçam sua extensão e aplicação, garantindo assim a efetivação dos benefícios. 3. Na sua opinião, são imunes: b) quanto ao IPTU: o imóvel destinado à locação, pertencente à mesma entidade (vide anexo III); e os cemitérios particulares (vide anexo IV); Aplica-se o dispositivo da imunidade nos casos de locação de imóvel e cemitérios particulares desde que os espaços estejam vinculados às atividades essenciais da instituição. Importante salientar que para a aplicação do benefício da imunidade nos casos os cemitérios particulares são necessários comprovar as extensões de entidade de cunho religioso, e, portanto, abrangidos pela garantia constitucional. c) quanto ao ITR: as áreas de reserva indígena, bem como a renda auferida pelos indígenas (vide Petição n. 3388 STF). Justifique sua resposta. (vide STF, Petição n. 3388, DJ 04/02/14); As áreas de reserva indígenas são imunes ao ITR, visto que são considerados bens da União, de acordo com o artigo 20, XI, da CF. e) quanto aos serviços “públicos” prestados por sociedades de economia mista (vide anexo VI e VII); As empresas públicas e as sociedades de economia mista delegatárias de serviços públicos essenciais, que não distribuam lucros a acionistas privados nem ofereçam risco ao equilíbrio concorrencial, são beneficiárias da imunidade tributária recíproca prevista no artigo 150, VI, ‘a’, da Constituição Federal. f) quanto aos serviços “públicos” prestados por sociedades de economia mista cujas ações sejam negociadas na bolsa de valores (vide anexo XIII). Página 3 de 4 Há imunidade, desde que os serviços prestados cumpram a sua função social sendo relevante ao interesse da coletividade. A simples negociação em bolsa não afasta o instituto da imunidade. 4. Como deve ser interpretado o disposto no art. 150, VI, “d” da CF: “livro, jornais e periódicos e o papel destinado a sua impressão”. Pode-se dizer que livros e periódicos eletrônicos (“e-books”), bem como o material utilizado para sua comportá-los (“e-book readers”) são imunes com fundamento neste dispositivo? E os Tablets? (Vide anexos XII e XIII e considere para sua resposta, os fundamentos utilizados pelos Ministros do STF no julgamento dos RE 330.817 e RE 595.676). A imunidade descrita no artigo 150, VI, “d”, da CF/88, deve ser observada em sentido amplo, isto significa dizer que ela de ser aplicada como instrumento que assegura a divulgação de conhecimento e a liberdade de informar e ser informado. Com o fenômeno da evolução tecnológica, a imunidade deve ser aplicada deve ser aplicada visando a função social dos livros e jornais e não a característica física do material. Tendo em vista que a função dos periódicos é transmissão de informação e reprodução de mensagens, entendo que a imunidade deve alcançar os “e-books”, “e-books readers” e qualquer outro meio de difundir as notícias. Contudo, em se tratando de tablet, a jurisprudência do STF não os enquadra para fins de aplicação da imunidade, tendo como fundamento que a finalidade desse dispositivo não é apenas a divulgação de mensagens. 5. No caso da imunidade para as instituições de assistência social sem fins lucrativos, o cumprimento do art. 14 do CTN é suficiente para garantir sua aplicação ou ainda é necessária a comprovação do caráter assistencial e filantrópico previsto no art. 203 da CF/88? É possível que lei ordinária garanta sua aplicação? (Vide anexo XIV).] O artigo 150, VI, “c” da CF/88, permite a aplicação da imunidade para as instituições de assistência social, desde que atendidos os requisitos estabelecidos em lei. Dessa forma, deverá comprovar a sua finalidade social, bem como, a sua característica de atuação sem lucros. Contudo para que seja imune não deve obrigatoriamente prestar a assistência nos termos de todos os enunciados do artigo 203, pois o dispositivo tem como objetivo apenas demonstrar o que é considerado assistência social, sem, no entanto, trazer qualquer exigência de realização, pela entidade, de todas as ações ali discriminadas. Página 4 de 4 6. Explicar as diferenças entre as correntes dicotômica e tricotômica na aplicação das normas gerais de direito tributário. Precisar o sentido da expressão “normas gerais de direito tributário”, diferenciando lei complementar nacional e lei complementar federal. A função das correntes dicotômica e tricotômica na aplicação das normas gerais de direito tributário tem relação com a função da lei complementar no nosso ordenamento jurídico. A corrente dicotômica entende que o artigo 146 da CF tem somente duas funções que são de: I - legislar sobre os conflitos de competência; e II - regular limitações ao poder de tributar. No entanto, aqueles que seguem a corrente tricotômica entendem que a lei complementar possui três funções distintas: I - os conflitos de competência; II - regular limitações ao poder de tributar; e III – estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária. O termo “normas gerais” utilizado no inciso II do artigo 146 pode ser considerado como sendotodas as normas estabelecida pelo legislativo tendo a função de construir regras de tributação.