@import url(https://fonts.googleapis.com/css?family=Source+Sans+Pro:300,400,600,700&display=swap); Conceito de memória: Exercícios e Desafio.QUESTÕES DE 1 A 5:1. Entendimentos sobre o conceito de memória exigem trânsito entre diferentes áreas do conhecimento, entre o passado e o presente, entre o eu e o outro.\u201cMemória são as ruínas de Roma, as ruínas de nosso passado; memória tem sistema imunológico, uma mola e um computador. Memória é nosso senso histórico e nosso senso de identidade pessoal (sou quem sou porque me lembro de quem sou)" (IZQUIERDO, 1989, p.89).Ivan Izquierdo (1937-2021), argentino naturalizado brasileiro, foi um proeminente médico e pesquisador no cenário mundial, que de sobremaneira contribuiu com estudos sobre a fisiologia da memória, aprendizagem, tendo publicado mais de 500 artigos científicos sobre o tema. Para o autor, as pessoas são resultado daquilo de que se lembram e, também, do que não gostariam de lembrar.Assinale a alternativa correta sobre história, memória e funcionamento da memória.Resposta: No hipocampo, a região CA3 do cérebro está envolvida na separação dos padrões de memória.Explicação: As memórias estão guardadas em um grupo de sinapses; há, portanto, uma mistura importante e não um lugar específico ou uma região específica. Isso significa, por exemplo, que uma lesão em uma região em que se encontra determinada memória não necessariamente acarreta sua perda. O registro dessa memória em outro lugar pode cobrir a falha causada pela lesão. O engrama é a representação neural de um traço de memória. Lashley, ao remover parte do cérebro de ratos para verificar se havia perda de registro sobre o caminho de um labirinto já aprendido, constatou que a parte do cérebro responsável pela memória não havia sido removida, pois o rato continuava percorrendo o caminho armazenado. A conclusão é de que os engramas estão distribuídos por todo o córtex. O hipocampo está divido em três regiões: CA1, CA2 e CA3. Enquanto a CA1 protagoniza a formação das memórias declarativas de longo prazo, a CA2 está envolvida na memória social, a CA3 codifica eventos similares em representações diferentes \u2013 o que contribui para que memórias muito semelhantes não interfiram umas nas outras. Para Platão, a memória funcionava como um elo entre os mundos perceptual e racional; para Aristóteles, seu pupilo, as diferentes relações que se estabelecem entre experiências e estímulos acabam por constituir a memória. O pensamento de Aristóteles influenciou sobremaneira outros teóricos, especialmente com relação às interferências e às falsas memórias, via associação. Para ele, as três leis de associação são: semelhança, contraste e contiguidade. Por fim, o processamento da memória humana requer três principais capacidades: 1) codificação, a informação entra no sistema; 2) armazenamento, guardo a informação; e 3) evocação, quando encontramos e mobilizamos determinada memória.2. \u200b\u200b\u200b\u200b\u200b\u200bEmbora algumas formas de memória possam estar localizadas em partes específicas do cérebro, no campo da neurociência, de forma geral, tem-se o entendimento de que partes diferentes e distribuídas do cérebro são usadas durante o processamento da memória.Nesse sentido, assinale a alternativa correta sobre processamento da memória e funções psíquicas superiores.Resposta: \u200b\u200b\u200b\u200b\u200b\u200b\u200bEm termos neurobiológicos, pode-se afirmar que o lobo temporal médio tem uma participação importante no processo de formação das memórias.Explicação : A memória sensorial perfaz uma forma de armazenamento da memória que envolve os sentidos e fica armazenada tempo o suficiente para que o cérebro separe o que é útil e descarte o que não é. Essa informação é, então, transferida para o sistema de memória de curta duração, temporariamente. Tal sistema retém certa quantidade de informação por um breve período. A memória de longa duração, por sua vez, é capaz de reter uma informação por um longo período. No campo de estudos ampliados da psicologia, a memória é entendida como uma função psíquica. Vygotsky introduz a teoria das funções psíquicas superiores como funções mentais que caracterizam o comportamento consciente do homem, por exemplo, atenção voluntária, percepção, memória e pensamento. A plasticidade dos neurônios também pode manifestar-se a partir da formação da memória. Nesse âmbito, os fenômenos eletroquímicos conhecidos como traços de memória são capazes de dois tipos de alterações: 1) estruturais (morfológicas), pois ocorre a formação de novos circuitos neuronais, de novos prolongamentos dos axônios e de bainhas dendríticas novas; e 2) funcionais, nestas, ocorre a formação de novos canais iônicos e de novas proteínas sinalizadoras para o aperfeiçoamento das sinapses. O lobo temporal médio inclui a amígdala, o hipocampo e o córtex circundante, que atua armazenando aspectos da memória em formação e possibilita a continuidade da experiência, a partir da interação com outras áreas corticais que sustentam a percepção e a memória imediata.3. O sistema nervoso central e periférico tem plasticidade neuronal, que é a capacidade do cérebro humano de adaptar sua função e seu perfil químico de acordo com estímulos ambientais externos ou eventos traumáticos.Armando, 66 anos, sofreu um acidente vascular cerebral. Ele ficou com alguns danos na memória decorrentes desse evento.Sobre a plasticidade neuronal e o caso de Armando, aponte a alternativa correta.Resposta: \u200b\u200b\u200b\u200b\u200b\u200b\u200bO processo de envelhecimento acarreta mudanças no sistema nervoso, como a redução na quantidade de neurônios e a diminuição na velocidade de condução nervosa, mas ainda assim a plasticidade neural pode acontecer durante toda a vida.Explicação: A plasticidade neuronal, apesar de poder ser afetada pelos processos naturais de envelhecimento, que acarreta a perda de neurônios e a capacidade de sinapse, não perde sua função em nenhum momento da vida do indivíduo. A plasticidade neuronal tem caráter ontogênico. A capacidade de plasticidade depende da lesão, incluindo as decorrentes de acidente vascular cerebral, que podem ou não ser severas a ponto de causar danos irreversíveis. O processo de envelhecimento, de fato, afeta a capacidade do sistema nervoso como um todo, mas pesquisadores da área de saúde têm apresentado resultados de pesquisas que apontam para a possibilidade de que algumas técnicas e tratamentos estimulem a neuroplasticidade para amenizar tais efeitos, ao longo do ciclo vital humano, considerando as diferentes fases de desenvolvimento. Neurônios não fazem divisão celular, são células amplamente especializadas, não possuem a proteína necessária para se reproduzir, e a lesão ter sido provocada por acidente ou por doença degenerativa não interfere diretamente na neuroplasticidade, o que importa é a capacidade de reconexão dos circuitos cerebrais lesionados e a extensão das perdas de conectividade que advém da lesão. Então, a reabilitação neurológica depende da área lesada, da extensão da lesão, das partes que se mantiveram íntegras, da efetividade dos estímulos e da (re)aprendizagem.4. A memória, sua história e seu conceito fazem parte dos estudos psicológicos da memória. Ela representa uma importante função psíquica e tem reverberações subjetivas e sociais singulares na vida dos indivíduos.A partir disso, analise as afirmações que seguem:I- A memória sempre representou uma instância importante e, em algumas civilizações, era interpretada como uma capacidade divina e benevolente, capaz de dotar os homens com diversas habilidades artísticas e literárias para que eles passassem as histórias dos povos ao longo dos tempos.II- A memória, por ser uma função psíquica com manifestações clínicas bem demarcadas, tem um nível hierárquico entre sua função como memória, identidade do sujeito, memória e identidade social. A memória singular de cada sujeito se sobrepõe às memórias coletivas.III- A memória é um fenômeno construído de maneira social e coletiva e é imprescindível para os sujeitos, uma vez que a personalidade é construída de acordo com a memória das experiências de cada pessoa.IV- A psicologia da memória, pelo seu caráter experimental, invariavelmente combate o reducionismo como o caminho a ser tomado pelas teorias psicológicas de modo ampliado. Esse fato tem ocupado a centralidade no debate das pesquisas da área desde os anos de 1960.Após avaliar os enunciados, marque a resposta correta.Resposta: \u200b\u200b\u200b\u200b\u200b\u200b\u200bI e III estão corretas.Explicação: Na Grécia Antiga, a memória tinha um caráter divino, representado pela deusa Mnemosine\u200b\u200b\u200b\u200b\u200b\u200b\u200b e suas filhas, as musas, que eram responsáveis por inspirar os homens. A deusa da memória era também responsável pela criação da linguagem. A memória, mesmo como uma função psíquica que pode indicar alguma psicopatologia por meio de suas alterações, extrapola seu conceito como memória individual/singular, uma vez que o ser humano, por ser gregário, se envolve com pessoas para formar uma sociedade. A noção de sobreposição entre os dois conceitos de memória não é adequada, pois as memórias têm relação com a construção da personalidade, já vez que as experiências lembradas (de maneira implícita e explícita) irão formar uma ideia do próprio eu, de identidade. O debate do reducionismo foi constante na psicologia nos anos de 1960, época dos estudos em psicologia da memória e, pode-se dizer, continua relevante até hoje em algumas correntes filosóficas. O caráter experimental das teorias é apenas mais um ponto de debate.5. Os estudos da memória, em seus componentes psíquicos e neurobiológicos, integram-se ao desvendar dos processos pelos quais a memória se define, é formada e age na vida dos seres humanos. A memória tem relação com a história pessoal de uma pessoa e de uma sociedade.Sobre a memória:I- A memória pode ser entendida em sua definição em relação à história, como uma capacidade de evocar o passado por meio do presente. O registro da memória permite que as pessoas e o agrupamento de pessoas em sociedades reconheçam sua história.II- A evocação/recuperação é o processo subsequente ao registro inicial na formação da memória. Envolve diferentes regiões corticais, incluindo o hipocampo. O processo de evocação começa logo após o registro do estímulo e pode se estender por horas, dias, meses e até mesmo anos na formação de memórias de longa duração.III- A recordação é um tipo de evocação da memória. Um exemplo de recordação é quando é necessário lembrar de uma fórmula de física durante uma prova. Naquele momento, considerando que a prova é sem consulta, é preciso \u201cpuxar\u201d da memória a fórmula.Após analisar as afirmativas, escolha a alternativa correta.Resposta: I e III estão corretas.Explicação: A memória pode ser definida em um contexto histórico como a capacidade de relacionar um evento atual com um evento passado, da mesma maneira que a memória e história se relacionam por meio da evocação do passado em relação ao presente. A recordação, ao lado do reconhecimento, é para alguns autores um tipo de evocação de memória. A consolidação é o processo subsequente ao registro inicial na formação da memória e envolve diferentes regiões corticais, incluindo o hipocampo. O processo de consolidação começa logo após o registro do estímulo e pode se estender por horas, dias, meses e até mesmo anos na formação de memórias de longa duração. A recordação é a recuperação voluntária de um conteúdo mnêmico sem que alguma percepção externa esteja em jogo.Desafio:A memória é formada por um longo e complexo processo neurofisiológico. As alterações da memória, por consequência, fazem parte dos quadros de doenças que compõem o rol dos transtornos em saúde mental, entre eles, o mal de Alzheimer.Acompanhe a seguinte situação:\u200b\u200b\u200b\u200b\u200b\u200b\u200b\u200b\u200b\u200b\u200b\u200b\u200bResponda às questões a seguir:a) A partir da ficha apresentada, que será repassada aos alunos, relacione a doença degenerativa do mal de Alzheimer às bases biológicas da formação da memória, em especial, a relação entre a memória e o hipocampo, para explicar de maneira aplicada o conteúdo da aula.b) Explique como o conceito de plasticidade neuronal pode auxiliar na compreensão sobre o atendimento de pessoas com mal de Alzheimer e reabilitação cognitiva.Padrão de resposta esperado.a) Uma vez que a memória é uma das funções \u200b\u200b\u200b\u200b\u200b\u200b\u200bmais afetadas em quadros de mal de Alzheimer, esse exemplo de caso é adequado para entender o papel do hipocampo na formação das memórias. O hipocampo é uma das áreas cerebrais prejudicadas pelo Alzheimer e a perda de memória está relacionada a isso. O hipocampo tem um papel na formação das memórias, principalmente as de longa duração, e também participa do processo de evocação das memórias. Ele é dividido em três áreas: região CA1, a principal protagonista da formação de memórias declarativas de longo prazo; região CA2, importante para a memória social; e a região CA3, envolvida na capacidade de codificar eventos similares em representações diferentes, permitindo que o hipocampo consiga que memórias, ainda que parecidas, não interfiram umas nas outras. Além disso, intervém no reconhecimento de determinado estímulo, na configuração entre estímulos, ambientes e situações, selecionando, portanto, quais conteúdos serão ou não memorizados. O mal de Alzheimer tem o hipocampo como uma das áreas mais afetadas, pois a degeneração neuronal causada por doenças como o mal de Alzheimer afeta as sinapses, que não são processadas corretamente. Uma vez que as sinapses inadequadas da doença degenerativa prejudicam o funcionamento do hipocampo, a capacidade de comparar memórias preexistentes e de emitir informação referente à novidade ou não da situação ou do ambiente a outras estruturas prejudica o processo de evocação das memórias, que aparecem na sintomatologia clínica do Alzheimer como a perda das memórias de momentos importante do passado e como a dificuldade de se lembrar dos nomes de objetos que se usam no dia a dia ou de palavras comuns para descrever sentimentos e emoções. Sendo assim, no mal de Alzheimer, as bases biológicas da formação da memória ficam comprometidas em praticamente todas as frontes, causando a perda de memória declarativa, memória recente e memória semântica. Por isso, em situações de perda dessas faculdades da memória, o profissional pode usar o quadro como um norteador de diagnóstico e pedir exames neurobiológicos e psicopatológicos para guiar o curso de tratamento. \u200b\u200b\u200b\u200b\u200b\u200b\u200bb) O atendimento de pacientes com mal de Alzheimer, apesar de desafiador, pode se revelar uma poderosa arma terapêutica no início da doença, pois o profissional, por meio da escuta, possibilita que o paciente atribua significado ao momento que ele enfrenta, uma ressignificação de sua própria história e suas memórias pessoais, além de poder mostrar suas angústias em relação ao futuro com a patologia. Incluir a família nesse momento de atendimento, a fim de ajudar com que eles se expressem sobre as angústias do diagnóstico, pode também trazer bons resultados na compreensão da etapa de reabilitação cognitiva do paciente. O mal de Alzheimer não tem cura e é uma doença degenerativa, mas, levando em consideração o conceito de plasticidade, um conjunto de processos fisiológicos celulares permite a capacidade das células do sistema nervoso de mudar suas respostas de acordo com os estímulos determinados e se adaptar às mudanças. A reabilitação cognitiva tem demonstrado efeitos positivos no Alzheimer, pois, pela capacidade do sistema nervoso de se adaptar, alguma retenção de memórias pode ser conquistada, além de uma retardação das degenerações mais graves da doença poder ser alcançada. Sendo assim, o atendimento com paciente e familiares pode auxiliar nesse processo, visando ao cuidado com o paciente.
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